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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................3

CONSTRUÇÃO DA DEFINIÇÃO DE GESTÃO SOCIAl .............................4

INSTRUMENTOS DE GESTÃO .................................................................6

3.1 Plano de Assistência Social .................................................................6

3.2 Orçamento de Assistência Social .........................................................8

3.3 Gestão da informação, monitoramento e avaliação .............................9

3.4 Relatório de gestão ............................................................................ 12

PLANEJAMENTO SOCIAL ....................................................................... 13

PROJETOS SOCIAIS ............................................................................... 16

POR QUE PROJETOS SOCIAIS? ............................................................ 18

6.1 Elaboração de Projetos Sociais .......................................................... 22

A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL ....................................................... 26

RESPONSABILIDADE SOCIAL E EMPRESARIAL .................................. 29

DIAGNÓSTICO DE REALIDADES SOCIAIS DENTRO DA PERSPECTIVA


DO SERVIÇO SOCIAL .............................................................................................. 34

9.1 Abrangência do diagnóstico social ..................................................... 36

9.2 Objetivos do diagnóstico social .......................................................... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 39

SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 43
INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
CONSTRUÇÃO DA DEFINIÇÃO DE GESTÃO SOCIAL

Fonte: eseag.pt

A expressão Gestão Social foi criada para designar variadas práticas sociais,
entre organizações de origem governamental, na sociedade civil, em movimentos
sociais e empresariais – relacionada às noções de cidadania corporativa ou de
responsabilidade social.
Tenório (1998) entende a gestão social enquanto um processo gerencial que
se dá de maneira dialógica, em que a autoridade para a tomada de decisões é
partilhada por todos (as) aqueles (as) que participam da ação, aonde quer que esta
ocorra, seja em organizações públicas, privadas ou organizações não-
governamentais.
De acordo com o mesmo autor, a construção do conceito acontece,
inicialmente, pela análise dos pares de palavras Estado-sociedade e capital-trabalho,
que são invertidas na sua ordem para sociedade-Estado e trabalho-capital,
ressaltando a importância da sociedade e do trabalho como protagonistas destas
relações. Ampliando a discussão, insere-se o par de palavras sociedade-mercado,
que representa o processo de interação da sociedade civil organizada com o mercado,
onde também a sociedade deve ser protagonista.
No Brasil, o termo Gestão Social encontra-se ainda em fase de construção. Por
outro lado, a Gestão Social tem se consolidado enquanto prática, sem ainda o
consenso sobre o conceito (PINHO, 2010).
Fischer (2002, p.29) apresenta a gestão social como gestão do
desenvolvimento social, definido pela autora como um espaço reflexivo das práticas
e do conhecimento constituído por múltiplas disciplinas. A gestão social, no ponto de
vista da autora, seria ainda uma proposta pré-paradigmática que vem recebendo a
atenção de muitos centros de pesquisa no Brasil e no exterior.

Fonte: cafealtoburitis

Nota-se que a gestão social tem o condão de buscar uma aproximação entre a
administração pública e a comunidade, inserindo, interesses uníssonos aprimorados
e aprofundados através de avanços democráticos significativos, contribuindo para a
consolidação dos princípios constitucionais estabelecidos pela constituição cidadã de
1988, garantidora e protetora dos direitos do povo.

[...] pensar em gestão social, é pensar além da gestão de políticas públicas,


mas sim estabelecer as articulações entre ações de intervenção e de
transformação do campo social, que é uma noção mais ampla, e que não se
restringe à esfera público-governamental, como vemos a exemplos das
ações de responsabilidade social e do crescimento do terceiro setor. (Gomes
2008, apud, Pereira 2011, p.03)

Nota-se que a gestão social tem o condão de buscar uma aproximação entre a
administração pública e a comunidade, inserindo, interesses uníssonos aprimorados
e aprofundados através de avanços democráticos significativos, contribuindo para a
consolidação dos princípios constitucionais estabelecidos pela constituição cidadã de
1988, garantidora e protetora dos direitos do povo.
Para tanto urge que a administração pública possa avançar na direção de
políticas e práticas de gestão mais congruentes com os novos paradigmas de
prestação do serviço público, atendendo às demandas e movimentos sociais para a
construção da democracia. Assim, temos como objetivo: examinar a Gestão Social
como uma possibilidade de inovação no campo da gestão pública.

INSTRUMENTOS DE GESTÃO

Fonte: bridgeconsulting.com.br

Os principais instrumentos de gestão da assistência social são: Plano de


Assistência Social; Orçamento de Assistência Social; Gestão da Informação,
Monitoramento e Avaliação; e Relatório de Gestão. Trata da organização e gestão da
assistência social e apresenta elementos do sistema descentralizado e participativo
da assistência social: Conselhos, Planos, Fundos e Conferências de Assistência
Social.

3.1 Plano de Assistência Social

No processo de habilitação no Sistema Único de Assistência Social – SUAS,


cada município deve atender os requisitos necessários à habilitação em um dos Níveis
de Gestão – Inicial, básica e Plena, de acordo com a Norma Operacional Básica –
NOB/SUAS/2005.
O SUAS, constitui-se na regulação e organização em todo o território nacional
das ações sócio--assistenciais. Os serviços, programas, projetos e benefícios
têm como foco prioritário a atenção às famílias, seus membros e indivíduos
e o território como base de organização, que passam a ser definidos pelas
funções que desempenham, pelo número de pessoas que deles necessitam
e pela sua complexidade. Pressupõe, ainda, gestão compartilhada, co-
financiamento da política pelas três esferas de governo e definição clara das
competências técnico-políticas da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, e estes têm
o papel efetivo na sua implantação e implementação. (PNAS/2004, apud
QUINONERO 2013, p. 55).

A diretriz relacionada à centralidade da família estabelecida na PNAS/2004


para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos,
traduz a importância da família no contexto da vida social, conforme também afirmado
na Constituição Federal quando institui que a “família, base da sociedade, tem
especial proteção do Estado”
Dentre as exigências legalmente estabelecidas, encontram-se: a efetiva
instituição e funcionamento do Conselho Municipal de Assistência Social e
composição representativa e paritária entre governo e sociedade civil; a criação e
funcionamento do Fundo de Assistência Social, sob a orientação e controle dos
Conselhos; e a apresentação do Plano Municipal de Assistência Social – PMAS.
O PMAS deve propor, orientar e acompanhar a execução da Política de
Assistência Social no município, na perspectiva do SUAS – Sistema único de
Assistência Social, contemplando as ações prioritárias, os serviços, os programas,
projetos e benefícios a serem prestados para a população usuária da Assistência
Social.
O Plano não é apenas uma ferramenta técnica, mas também um instrumento
essencialmente político que não deve ficar restrito ao âmbito do órgão gestor, mas
sim ser incluído na agenda pública local, de maneira que seja compreendido como
instrumento de afirmação do compromisso público da gestão municipal com o
atendimento às necessidade e prioridades da população usuária da Assistência
Social.
O Plano é um processo contínuo, dinâmico, flexível, que exige postura
estratégica, tendo em vista a consecução dos objetivos e metas definidos, bem como
a avaliação do Plano ao longo de sua implementação, viabilizando a adoção de
reajustes que possibilitem o alcance de resultados esperados.
3.2 Orçamento de Assistência Social

O Orçamento Público é um Planejamento que gera um compromisso de um


governo em relação às políticas públicas. Ele reflete a direção, os compromissos e as
prioridades de um governo. É regulamentado por Legislação Federal, Estadual e
Municipal. A estrutura da peça orçamentária deve respeitar os níveis de Proteção
Social Básica e Proteção Social Especial.
O Plano Plurianual (PPA) é elaborado no primeiro ano de mandato municipal,
para o período de quatro anos – do 2º ano de gestão até o 1º ano da próxima gestão.
Ele deve definir, com clareza, as metas e prioridades da administração, bem como os
resultados esperados. Deve ainda organizar, em Programas, as ações de que resulte
oferta de bens ou serviços que atendam demandas da sociedade.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é feito com base no PPA, com
objetivo de elaborar, anualmente, diretrizes e metas da administração. Dispõe sobre
as alterações na legislação tributária e orienta a elaboração da Lei Orçamentária
Anual (LOA).
A Lei Orçamentária Anual (LOA) é feita com base na LDO e define receitas
(origem dos recursos públicos) e despesas (destinação dos recursos públicos). A
elaboração da proposta orçamentária é exclusiva do Poder Executivo. Ao Poder
Legislativo cabe alterar a proposta original, por meio de emendas, ou apenas ratificá-
la por meio do voto.
Requisitos para a Elaboração da Peça Orçamentária da Assistência Social:
I – A definição de diretrizes, objetivos e metas;
II – A previsão da organização das ações;
III – A provisão de recursos;
IV – A definição da forma de acompanhamento das ações; e
V – A revisão crítica das propostas, dos processos e dos resultados.
3.3 Gestão da informação, monitoramento e avaliação

Fonte:brazip.com.br

A partir da PNAS/2004 a estruturação de um Sistema de Informação,


Monitoramento e Avaliação tornou-se uma obrigatoriedade, por ser um caminho
necessário para o acompanhamento, a avaliação e o aperfeiçoamento dos projetos
existentes. É dessa forma que o monitoramento e avaliação devem ser apreendidos,
como exercício permanente comprometido com as repercussões da Política de
Assistência Social. A formulação e a implantação de um sistema de monitoramento e
avaliação e um Sistema de Informação em Assistência Social são providências
urgentes e ferramentas essenciais a serem desencadeadas para a consolidação da
Política Nacional de Assistência Social e para a implementação do Sistema Único de
Assistência Social.
A avaliação não pode ser entendida enquanto mero instrumento comparativo
entre objetivos propostos e objetivos alcançados, mas como um processo avaliativo,
capaz de contextualizar a atividade desde o seu processo de formulação e
implementação, e também capaz de oferecer elementos de aperfeiçoamento
sistemático.

“O monitoramento, embora se relacione com a avaliação, é uma atividade


gerencial que visa o controle de entrega de insumos de acordo com as metas
e manutenção de calendário de trabalho. Nesse sentido, o monitoramento,
seguimento ou acompanhamento, é um exame contínuo efetuado, em todos
os níveis hierárquicos, pela administração do programa, para verificar como
estão sendo executadas as atividades. Visa o desenvolvimento dos trabalhos
conforme planejado, caracterizando-se, portanto, como uma atividade interna
realizada durante a execução do Programa. Pode-se ainda dizer que a
preocupação central do monitoramento é com o funcionamento do programa,
sendo seus objetivos: auxiliar na execução do programa; melhorar a função
gerencial; assegurar eficiência e produtividade de um programa; organizar
fluxos de informações sobre o programa e auxiliar o processo de avaliação,
constituindo fonte de informação para o pessoal do planejamento e da
execução, bem como da avaliação. ” (SILVA, 2001, apud, TOLEDO 2011,
p.07)

Embora o monitoramento e a avaliação sejam atividades inter-relacionadas,


não podem ser consideradas a mesma coisa. A principal articulação da avaliação com
o monitoramento é que a avaliação utiliza extensivamente os dados gerados pelo
sistema de monitoramento. O monitoramento e a avaliação são complementares, no
entanto sem monitoramento a avaliação não pode ser realizada. O monitoramento
facilita a avaliação, mas não é o suficiente, pois são necessárias outras informações
de outras fontes.
A Política Nacional de Assistência Social de 2004 determina a realização de
políticas estratégicas de Monitoramento e Avaliação, com o intuito de aferir e
aperfeiçoar os projetos existentes, aprimorar o conhecimento sobre os componentes
que perfazem a política e sua execução, e contribuir para seu planejamento futuro,
tendo como pano de fundo sua contribuição aos escopos institucionais.
Frente a isso, deve-se levar em consideração na avaliação de serviços,
programas e projetos assistenciais, o eixo de Proteção no qual está inserido, se básica
ou especial, de média ou alta complexidade, e elencar indicadores avaliativos
condizentes com o eixo de proteção que será avaliado.
A Tecnologia da Informação torna-se um instrumento de suma importância na
gestão do SUAS, por ser um recurso organizacional estratégico que atua como
suporte para o desenvolvimento do Sistema de Informação do Sistema Único de
Assistência Social.
A informação e sua gestão são consideradas, por meio de ferramentas
tecnológicas, como uma mediação lógica, indispensável e estratégica no contexto das
políticas governamentais, assim como de outras organizações, visando à agilização
de seus processos, ao acompanhamento e ao monitoramento de suas ações.
Diante da diversidade de instrumentos tecnológicos, pode-se afirmar que a
REDE SUAS disponibiliza à sociedade os mecanismos de agilidade e transparência,
sendo que estes constituem de forma inédita, uma ferramenta de gestão coletiva para
o desenvolvimento da política pública de Assistência Social, que precisa ser
efetivamente implantada e utilizada em toda sua capacidade, por todos os Estados e
Municípios. A implantação de um sistema de monitoramento é condição necessária
para que o sistema seja alimentado, e produza as informações necessárias.

O monitoramento, embora se relacione com a avaliação, é uma atividade


gerencial que visa o controle de entrega de insumos de acordo com as metas
e manutenção de calendário de trabalho. (SILVA, 2001, apud, GARCIA,2013,
p.81)

Nesse sentido, o monitoramento, seguimento ou acompanhamento, é um


exame contínuo efetuado, em todos os níveis hierárquicos, pela administração do
programa, para verificar como estão sendo executadas as atividades. Visa o
desenvolvimento dos trabalhos conforme planejado, caracterizando-se, portanto,
como uma atividade interna realizada durante a execução do Programa. Embora o
monitoramento e a avaliação sejam atividades inter-relacionadas, elas são diferentes.
A principal articulação da avaliação com o monitoramento é que a avaliação utiliza
extensivamente os dados gerados pelo sistema de monitoramento. Desse modo, sem
um bom monitoramento ou registro das informações sobre recursos, atividades,
produtos e ocorrências na implementação é muito difícil efetuar uma boa avaliação da
política e dos programas desenvolvidos.
Eficiência, eficácia e efetividade são considerados critérios básicos de
avaliação, usualmente propostos para avaliação de políticas públicas, e funcionam ao
mesmo tempo como indicadores de avaliação. A eficiência e eficácia são
interdependentes, uma pressupõe a outra em termos processuais, pois a eficácia
maximiza a eficiência em função do resultado esperado. A eficiência diz respeito às
qualidades de um programa, examinada sob os parâmetros técnicos de tempo e de
custos. A eficácia é um indicador de grande importância que busca a relação entre as
metas previstas, a aplicação de recursos e o realizado, também é um indicador de
produtividade das ações desenvolvidas.
Já a efetividade é entendida como exame da relação entre a implementação de
um determinado programa e seus impactos e/ou resultados, isto é, seu sucesso ou
fracasso, em termos de uma efetiva mudança nas condições sociais prévias da vida
das populações atingidas pelo programa sob avaliação.
Fonte: sapodavez.blogspot.com.br

3.4 Relatório de gestão

Fonte: agenciar8.com.br

QUESTÃO 7
O Relatório de Gestão é um instrumento que:
Demonstra as realizações, os resultados ou os produtos obtidos em função das
metas prioritárias estabelecidas no Plano Plurianual de Assistência Social;demonstra
a aplicação dos recursos e os resultados obtidos; revela os avanços e/ou obstáculos
que dificultaram a execução das ações.
O Relatório de Gestão deve ser elaborado anualmente, logo após o
encerramento das atividades do exercício pelos estados e por todos os municípios
habilitados na Gestão Municipal, independente de terem ou não recebido recursos
financeiros federais no exercício. Deverá ser apreciado pelo Conselho
Estadual/Municipal de Assistência Social, para manifestação de aprovação por
Resolução, a ser publicada no Diário Oficial do Estado e anexada ao Relatório de
Gestão. Serve, ainda, como prestação de contas dos recursos financeiros repassados
pelo Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos Estaduais e Municipais de
Assistência Social.
O Relatório é composto das seguintes partes: identificação, apresentação,
análise avaliativa, síntese físico-financeira e fluxo de encaminhamento.

PLANEJAMENTO SOCIAL

Fonte: agestaosocial.pt

O planejamento pode ser entendido como um processo de trabalho, que


permite transformar a realidade numa direção escolhida; organizar a própria ação;
implantar um processo de intervenção na realidade; agir de forma racional; dar clareza
e precisão à própria ação; explicitar os fundamentos da ação; pôr em ação um
conjunto de técnicas para operacionalizar a ação; e realizar um conjunto orgânico de
ações, a fim de aproximar realidade do ideal.

[...] refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e


científica de questões que se colocam no mundo social. Enquanto processo
permanente supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações
em um determinado momento histórico. Como processo metódico de
abordagem racional e científica, supõe uma sequência de atos decisórios,
ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos teóricos,
científicos e técnicos” (BAPTISTA, 2003, apud CARRARO, 2011, p.3).
O planejamento social está voltado para a organização de intervenções no
contexto social. Tem como foco transformar determinada realidade, portanto, surge a
partir de um problema social, uma indagação que pode ser estabelecida pelas práticas
cotidianas.
Tendo como base as questões sociais e o próprio cotidiano, o planejamento
social é organizado com vistas à superação dos problemas por meio do cumprimento
de etapas específicas que foram previamente pensadas e determinadas em um
processo que reconhecemos como planejamento.
Esse processo está presente em todas as Políticas Públicas que
reconhecemos no contexto social. Todas elas estão organizadas com objetivos
determinados e metas a serem cumpridas, evidenciando a transformação social.
Um elemento importante no planejamento social é a operacionalização, onde
são relacionadas as atividades necessárias para efetuar as decisões tomadas. Nessa
fase, o planejador social (o assistente social) deve acompanhar a implantação, o
controle e a avaliação do planejamento do projeto social que o mesmo for implantar
em determinada instituição pública ou privada.
O planejamento social é sempre vinculado a uma política que, por sua vez, é
constituída das tensões entre forças sociais presentes numa dada realidade concreta.
É sustentado pelos eixos, prioridades, estratégias e direcionado para
atenção/superação das demandas próprias àquela política, sem prescindir das suas
inelimináveis interfaces.
Tem como matéria prima a questão social, em particular aquelas expressões
que manifestam uma necessidade coletiva não atendida, constituindo-se em objeto
da política, a qual precisa ser reconhecida e incluída.
O planejamento é um processo intelectual que envolve análise reflexiva,
participação, previsão e decisão. Devendo ser encarado como um processo, que
possui várias fases e que permanece em constante transformação, tendo
resumidamente na fase inicial a preparação do que se pretende fazer e alcançar;
seguido da observação e correção da ação durante o curso e por último a análise dos
resultados após o término da ação.
Fonte: slideplayer.com.br

O processo contínuo e dinâmico chamado de planejamento consiste em um


conjunto de ações intencionais, unidas e dirigidas para tornar realidade um futuro
desejado, possibilitando que as decisões sejam tomadas previamente. Essas ações
devem ser moldadas considerando aspectos como o prazo, custos, qualidade,
execução.
O planejamento deve envolver todos os sujeitos: funcionários e gestores,
tratando de forma clara quais são os propósitos, os valores e a missão da
organização/instituição, devendo ainda ser administrados os possíveis conflitos
advindos dos diferentes posicionamentos e opiniões. Buscando, desta forma, um
maior comprometimento de todos, para que através das opiniões, controle e
interatividade, possam identificar as prioridades, alinhando as ações aos recursos
disponíveis, possibilitando tomar as melhores decisões no caminho para a
concretização dos objetivos e metas organizacionais previamente determinados.
O planejamento ideal deve contar com o envolvimento da comunidade, com
seus sujeitos pensantes participando da sua elaboração e acompanhando a execução
e avaliação dos projetos, não como espectadores, mas como integrantes de um
processo que visa não só o desenvolvimento individual, mas principalmente o coletivo.
Sendo este, uma forma de trabalho que valoriza a contribuição individual e o trabalho
em grupo, onde cada pessoa propõe ações e sistematiza os princípios de suas
atuações com o objetivo de construir um bem coletivo para o grupo social envolvido.
PROJETOS SOCIAIS

Primeiramente vamos definir o que são projetos.


De acordo com o Dicionário Aurélio, um projeto é uma ideia de executar ou
realizar algo no futuro. Um plano. Um empreendimento a ser realizado dentro de
determinado esquema. Já a palavra social é definida como da sociedade ou relativo
à sociedade, comunidade ou agremiação. Logo, um projeto social é uma ideia, um
plano a ser executado para o benefício da sociedade, comunidade, agremiação etc.

Fonte: empresasvalesjc.com.br

Apesar de o termo projeto implicar necessariamente ideias propostas para uma


ação futura, convencionou-se, entre os especialistas da área, chamar de projeto tanto
o esquema de planejamento como a própria execução das ações planejadas. Assim,
se você consultar mais de uma publicação sobre o assunto, encontrará diversas
definições, na verdade semelhantes e de certa forma complementares, nas quais os
projetos sociais são tratados como meios, empreendimentos, atividades. Ficam,
portanto, bem claros alguns pontos relativos a projetos:
 Têm a intenção de provocar mudanças; têm limites de tempo e recursos;
 Visam a melhorar as condições de vida dos beneficiários; são ações
planejadas e coerentes entre si.
A escola continua tendo o papel central no processo educativo, mas pode
partilhar responsabilidade criando um espaço de corresponsabilidade em ações que
visem a aprofundar o que já está sendo ensinado. Mas por que trabalhar com
projetos?
Quando um grupo de voluntários decide aliar-se à escola para estabelecer uma
parceria, nada mais justo e conveniente do que partir dos desafios existentes e, numa
atuação solidária e cooperativa, colocar mãos à obra. Aí entra o projeto que é o
planejamento das ações a serem desenvolvidas para fazer frente às necessidades
detectadas – num levantamento prévio – pela comunidade escolar e pelos próprios
voluntários.

Fonte: girasp.com.br

O projeto tem, então, o propósito de costurar ações e participações,


direcionando-as para um objetivo comum que se pretende alcançar. Somam-se forças
e maximizam-se resultados sempre que se tem um horizonte único, tarefas integradas
e definição clara do papel a ser desempenhado por cada uma das partes envolvidas.
E, até que se estabeleça uma relação de confiança e de cooperação entre escola e
voluntários é prudente ir se aproximando aos poucos.
Transparência e compromisso dos voluntários com a proposta são fatores que
reforçam a credibilidade e abrem portas. Por outro lado, uma reunião, uma oficina,
atividades recreativas, entre tantas outras possibilidades, são ações pontuais que
abrem espaço para se pensar e realizar um projeto coletivo.
Por esse caminho é possível saber mais a respeito da realidade e das
necessidades das crianças e jovens brasileiros e definir metas e passos do projeto. É
por aí, também, que se consegue maior envolvimento e, com isso, maior probabilidade
de sucesso.
POR QUE PROJETOS SOCIAIS?

Fonte: stakeholdernews.com.br

Com o objetivo de dar uma resposta à questão social, políticas sociais são
criadas em todo mundo a fim de provocar mudanças sociais, mas a questão social
não é inerte e tão pouco se apresenta de maneira comum a todas as sociedades. Em
cada sociedade ela se determina de um modo, de uma maneira que cada qual deve
ser tratada de acordo com suas particularidades. Dessa forma,

A questão pode ser entendida como tudo aquilo que põe em risco a
integração da sociedade: a pobreza, a estratificação social, o desemprego, a
concentração de poder e renda, entre outros. A determinação do que será
tratado como questão social, dependerá das convenções formadas
socialmente. A cada diagnóstico e a cada forma 8 de concepção e
enfrentamento dos riscos sociais estará manifestada determinada maneira
pela qual a sociedade busca entender e enfrentar a questão da sua coesão
(MOREIRA, 2011, apud DAMASIO, 2015, p.7).

Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos


são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de
um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma
determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para um outro
mundo possível. Uma boa definição é formulada por Domingos Armani: Um projeto é
uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades,
baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo (Armani, 2000:18).
Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de negociação
entre nossas utopias pessoais e coletivas – o desejo de mudar as coisas –, e as
possibilidades concretas que temos para realizar estas mudanças – a realidade.
A elaboração de um projeto implica em diagnosticar uma realidade social,
identificar contextos sócio históricos, compreender relações institucionais, grupais e
comunitárias e, finalmente, planejar uma intervenção, considerando os limites e as
oportunidades para a transformação social.
Os projetos sociais não são realizações isoladas, ou seja, não mudam o mundo
sozinhos. Estão sempre interagindo, através de diferentes modalidades de relação,
com políticas e programas voltados para o desenvolvimento social. Um projeto não é
uma ilha. Neste sentido, os projetos sociais podem tanto ser indutores de novas
políticas públicas, pelo seu caráter demonstrativo de boas práticas sociais, quanto
atuarem na gestão e execução de políticas já existentes.

[...] é necessário lembrar que os projetos só podem ser ferramentas úteis para
a ação social na medida em que não se tornem ‘camisas-de-força’, que não
enrijeçam as práticas, pois os projetos sociais são como a vida: nunca podem
ser totalmente organizados. Eles devem ser conduzidos de forma maleável,
ser constantemente monitorados e avaliados e estar abertos para a
incorporação de atualizações e modificações que sejam propostas a qualquer
momento pelos atores envolvidos (CARVALHO, apud DAMASIO 2015 p. 09).

Além de ser um instrumento do Serviço social e de várias outras profissões,


que contribuem para a redução das desigualdades sociais, os projetos sociais são um
exercício de cidadania, no qual vários atores sociais estão envolvidos. Eles são uma
forma de estimular também uma maior conscientização do indivíduo para o papel que
desempenha na sociedade.

Se um projeto social contribuir de forma relevante para fazer brilhar a luz


interior de cada indivíduo no processo de constituição de novos sujeitos
coletivos, então ele terá promovido o resgate da dignidade humana, em
suma, terá sido exitoso (ARMANI, 2001 apud CARVALHO, 2003 p. 6).

Políticas públicas devem ser ações continuadas no tempo, financiadas


principalmente com recursos públicos, voltadas para o atendimento das necessidades
coletivas. Resultam de diferentes formas de articulação entre Estado e sociedade. A
tomada de decisão quanto à direção das ações de desenvolvimento, sua estruturação
em programas e procedimentos específicos, bem como a dotação de recursos, é
sancionada por intermédio de atores governamentais. Num modelo de gestão
participativa, é desejável que estas políticas resultem de uma boa articulação da
sociedade civil com o Estado, permitindo que a sociedade civil compartilhe não
apenas a execução, mas, sobretudo, os espaços de tomada de decisão, atuando no
planejamento, monitoramento e avaliação destas políticas.
O desafio das políticas públicas é assegurar uma relação de participação e boa
articulação entre os setores sociais envolvidos nas instâncias de gestão
compartilhada. Este é o caso dos conselhos gestores que vêm se estabelecendo em
várias áreas das políticas sociais tendo como finalidade um modelo de gestão
participativa. Um projeto social é uma unidade menor do que uma política e a
estratégia de desenvolvimento social que esta implementa.
Os projetos contribuem para transformação de uma problemática social, a partir
de uma ação geralmente mais localizada no tempo e focalizada em seus resultados.
A política pública envolve um conjunto de ações diversificadas e continuadas no
tempo, voltadas para manter e regular a oferta de um determinado bem ou serviço,
envolvendo entre estas ações projetos sociais específicos.
Finalmente, vale lembrar que há também muitos projetos sociais que não estão
diretamente ligados a uma política pública governamental. Operam com recursos
públicos e privados provenientes de agências de cooperação internacional. Mas,
ainda assim, nestes casos, os projetos estarão ocupando um espaço de mediação e
interlocução com as políticas públicas nacionais no campo do desenvolvimento social.
Ou seja, também são públicos.
 Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais?
 Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação social
acontecem em forma de projetos?
 Por que, de forma crescente, os mais variados tipos de instituições vêm
exigindo a apresentação de projetos?
Fonte: valormercado.com.br

Os projetos sociais são uma importante ferramenta de ação, amplamente


utilizada pelo Estado e pela Sociedade Civil. Para entender porque os projetos sociais
tornaram-se esta ferramenta tão difundida, é necessário perceber as mudanças
ocorridas nas últimas décadas, tanto nas esferas estatais como na Sociedade Civil
brasileira. Tais mudanças apontam para formas alternativas de implementação das
políticas sociais.
Em outras palavras, houve uma democratização em aspectos fundamentais da
intervenção do Estado na sociedade, tais como eleições livres e diretas,
descentralização, formação de mecanismos mais amplos de comunicação e de
controle social, implementação de instrumentos de governança com maior
visibilidade, além de novas formas de participação na elaboração dos orçamentos e
das políticas públicas.
Estamos falando de orçamentos participativos, conselhos de direitos,
elaboração de estatutos de cidadania, fóruns, entre outras formas de democratização
das atividades do Estado. Ao mesmo tempo em que a Sociedade Civil, com sua
heterogeneidade, vem se fortalecendo e desenvolvendo novas formas de
organizações (não governamentais, redes, entre outras), ela se converte em
protagonista da ação social.
Isto quer dizer que vem atuando de forma direta nas questões sociais e também
participando ativamente na elaboração de políticas públicas. Atualmente, um amplo
conjunto de organizações sociais consegue uma melhor articulação entre si e com o
Estado no desenvolvimento de agendas de ação conjunta.
Fonte: escolaobedeedom.com.br

6.1 Elaboração de Projetos Sociais

Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto é,


antes de qualquer coisa, contribuir para a solução de problemas, transformando
IDEIAS em AÇÕES. O documento chamado projeto é o resultado obtido ao se
projetar no papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto
de atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão utilizados
para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e como serão
avaliados os resultados.

Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de


atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos
específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo
dados. (PROCHONW, 1999 apud ONU, 1984 p. 01).

A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o trabalho


em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer alcançar,
identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis falhas durante a
execução das atividades previstas. Alguns itens devem ser observados na
formulação de projetos:
 Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação
aos fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve ser
mensurável.
 Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o
problema, buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do projeto;
 Busca adequada de fontes de financiamento.
1. Roteiro básico para apresentação de projetos:
Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto
relacionam-se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de
uma etapa necessariamente leva à outra. Apresentação de um projeto deve
conter os seguintes itens:
a) Título do projeto
Deve dar uma ideia clara e concisa do(s) objetivo(s) do projeto.
b) Caracterização do problema e justificativa
A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos
resolver, ou transformar. De suma importância, geralmente é um dos elementos
que contribui mais diretamente na aprovação do projeto pela (s) entidade (s)
financiadora (s).
Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado
problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade
proponente.
Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto,
o diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição dos
antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em curso para
resolvê-lo.
A justificativa deve apresentar respostas a questão por quê?
Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado?
Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão:
 Qual a importância desse problema/questão para a comunidade?
 Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa região ou
nessa temática?
 Qual a possível relação e atividades semelhantes ou complementares entre
eles e o projeto proposto?
 Quais os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados pela
comunidade e os resultados para a região?
c) Objetivos
A especificação do objetivo responde as questões: para que? e para quem?
A formulação do objetivo de um projeto pode considerar de alguma maneira a
reformulação futura, positiva das atuais condições negativas do problema.
Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um problema e
o aproveitamento de uma oportunidade. Estes objetivos são mais genéricos e não
podem ser assegurados somente pelo sucesso do projeto, dependem de outras
condicionantes.
Importante distinguir dois tipos de objetivos:
Objetivo Geral: Corresponde ao produto final que o projeto quer atingir. Deve
expressar o que se quer alcançar na região em longo prazo, ultrapassando inclusive
o tempo de duração do projeto. O projeto não pode ser visto como fim em si mesmo,
mas como um meio para alcançar um fim maior.
Objetivos específicos: Corresponde às ações que se propõe a executar
dentro de um determinado período de tempo. Também podem ser chamados de
resultados esperados e devem se realizar até o final do projeto.
d) Metas
A metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos, são
os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante
concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou QUANTO será
feito. A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é conveniente
para avaliar os avanços.
Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para
que o queremos? Quando o queremos?
Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um
determinado tipo de organização, devemos descrevê-los adequadamente. Por
exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o sexo,
a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos referindo.
Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor
dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão
evidenciar seu alcance.
Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos
específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma forma ou outra.
e) Metodologia
A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para
executar o projeto.
A especificação da metodologia do projeto é a que abrange número de itens,
pois respondem, a um só tempo, as questões COMO? COM QUE? ONDE?
QUANTO?
A Metodologia deve corresponder às seguintes questões:
 Como o projeto vai atingir seus objetivos?
 Como começarão as atividades?
 Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?
 Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do
grupo social?
Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico,
intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.)
serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.
É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos
semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno
mencionar as referências bibliográficas.
Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem
definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores, a certeza de que o
objetivo do projeto realmente tem condições de serem alcançados. Portanto este item
deve merecer atenção especial por parte das instituições que elaborarem projetos.
Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão participativa, o
acompanhamento técnico sistemático e continuado e o desenvolvimento de ações de
disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida.
f) Cronograma
O cronograma responde à pergunta quando?
Os projetos, como já foram comentados, são temporalmente bem definidos
quando possuem datas de início e término preestabelecidas. As atividades que serão
desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo.
O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão se
dar e permite uma rápida visualização da sequência em que devem acontecer.
g) Orçamento
Respondendo à questão com quanto? O orçamento é um resumo ou
cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando serão gastos
os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-se observar que
existem diferentes tipos de despesas que podem ser agrupadas de forma homogênea
como, por exemplo: material de consumo; custos administrativos, equipe permanente;
serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos, máquinas e equipamentos;
obras e instalações.
No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no
entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição detalhada
de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.
h) Revisão Bibliográfica
Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de
base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao
financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos ao
nível conceitual/teórico.

A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL

Segundo Antoninho Marmo Trevisan, apesar de todas as dificuldades que


enfrenta no seu dia-a-dia, o empresariado nacional percebeu a sua função de
protagonista no contexto das mudanças sociais. A responsabilidade social
empresarial é descrita como a forma de gestão que se define pela relação ética e
transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais.

Para uma empresa vir a ser socialmente responsável deve-se conciliar os


diferentes interesses e interessados envolvidos (acionistas, funcionários,
prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e
preservação do meio ambiente) incorporando-os ao planejamento estratégico
de suas atividades (AZEVEDO, 2008, apud BITELLI, 2015, p.5).

Atualmente discute-se muito qual a verdadeira função da empresa diante da


responsabilidade social. Até que ponto ela deve ser responsável por seus
colaboradores, e pela VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de
Administração – www.convibra.com.br sociedade em que está inserida e quais são
suas reais obrigações como empresa. Schermerhorn (1999) cita duas visões
contrastantes da responsabilidade social corporativa: A visão clássica, na qual alguns
autores sustentam que a única responsabilidade da empresa é maximizar os lucros,
e a visão socioeconômica, que afirma que qualquer organização deve se preocupar
com o bem-estar social mais amplo, e não apenas para os lucros da corporação.
O Estado não tem condições de oferecer respostas tão ágeis e rápidas aos
problemas da população como as empresas, que em tempos de alta competitividade,
estão acostumadas a atuarem com mais eficiência no seu dia-a-dia.
Assim, o setor privado tomou consciência de que precisa ter uma participação
maciça no ambiente social e comunitário porque é parte integrante dele, e, portanto,
depende de seu correto funcionamento.

Fonte: nutriceler.com

Os resultados obtidos por diversas empresas no âmbito social indicam que o


empresariado é também parte modificadora desse ambiente. As empresas estão
assumindo a sua responsabilidade social e promovendo uma verdadeira revolução
cívica. Segundo pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, com 2.830
empresas que já se preocupam com sua atuação social, são investidos cerca de R$
98 mil por empresa em média por ano em projetos que beneficiam aproximadamente
37 milhões de pessoas.
Além disso, 67% dos funcionários dessas empresas atuam de forma voluntária
em projetos sociais. Pode-se dizer também, que quem investe em empresas que
respeitam o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior retorno. Recente estudo
feito pelo Finance Institute for Global Sustentability (Figs), uma entidade que mapeia
o desempenho de meia centena de fundos de investimento éticos, indica que três
quartos desse tipo de investimento teve um retorno superior à média, em 2.000.
Esses fundos são chamados éticos porque favorecem empresas social e
ambientalmente corretas. Há dois anos o Figs encontrou apenas dois fundos desse
tipo. No final do ano passado já eram 60 fundos que movimentavam US$ 15 bilhões
de dólares.
Um fato que chama a atenção definitivamente para o avanço da
responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último congresso anual
dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais da área examinaram pela primeira
vez o papel social do contador. Certamente, há alguns anos, um tema desse tipo não
atrairia mais que uma dezena de contadores.

Fonte: msarh.com.br

A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar os problemas


sociais ao invés de deixá-los para o Estado. Assim, impõe-se às empresas uma
mudança no processo de condução desses assuntos, que assumem uma posição
mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa. Vale lembrar que
os brasileiros estão cada vez mais predispostos a punirem empresas que não sejam
socialmente responsáveis.
A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas
sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava.
Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um caráter prático porque colocam
as pessoas, e não a instituição estatal, em contato direto com a problemática social
dos nossos tempos.
RESPONSABILIDADE SOCIAL E EMPRESARIAL

A responsabilidade social é uma nova consciência do contexto social e cultural


no qual se inserem as empresas e os cidadãos. Ela pode ser entendida como a
contribuição direta destes para o desenvolvimento social, e a criação de uma
sociedade mais justa e igualitária, por meio da condução correta de seus negócios ou
de suas ações pessoais. É a postura de uma empresa que por livre e espontânea
vontade, decide praticar comportamentos e ações que gerem o benefício coletivo, seja
e esse para o seu público interno (funcionários, acionistas etc), assim como para o
público externo (clientes, fornecedores, sociedade em geral). Ações estas tomadas
voluntariamente e que não estão ligadas a benefícios ou obrigações promovidas pela
legislação ou a sociedade a qual está inserida.
A responsabilidade social empresarial pode ser percebida em dois âmbitos
distintos: interno e externo. No âmbito interno são considerados parceiros nas
atividades empresariais: acionistas, investidores, administradores e funcionários. Já
no âmbito externo estão incluídas todas as relações com terceiros, tais como
credores, fornecedores, consumidores, concorrentes, comunidade, governo e meio
ambiente. Assim, a conduta na administração dos negócios deve ser permeada pelo
comprometimento, integração e colaboração com a comunidade. As
responsabilidades sociais são as obrigações da entidade para com a sociedade em
que opera. Ou, de acordo com a Comissão das Comunidades Europeias (2001),

“[...]a responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um conceito


segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para
uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo”. (DRUCKER,
2002, apud, GOMES 2006, p.138)

O significado de responsabilidade social pode ser explicado da seguinte forma:

Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma


organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e
atitudes que a afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma
comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no
que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas
para com ela. (ASHLEY, 2003, apud, GOMES 2006, p.139)

Dessa forma a responsabilidade social nas empresas na forma pela qual está sendo
estudada apresenta três definições distintas, mas que em uma visão generalista
acabam por serem sinônimas, Responsabilidade Social Corporativa (RSC),
Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Responsabilidade Social Ambiental
(RSA). A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) é o conceito mais utilizado pelos
estudiosos para definir a responsabilidade social das grandes empresas, empresas
que geralmente praticam ações sociais observando o seu público interno ou ambiente
de negócio. Entre os principais princípios que norteiam a RSC destacam-se o de ação
social, auditoria social, código de conduta, código de bom governo, desenvolvimento
sustentável empresa cidadã, ética empresarial, gestão ambiental e sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é o conceito mais popular de
responsabilidade social praticada pelas empresas, considerada por muitos um
sinônimo de RSC, ela tem um diferencial facilmente perceptível, foca em ações
destinadas aos diversos envolvidos. A Responsabilidade Social Ambiental (RSA) é o
conceito mais atual de responsabilidade social e talvez o mais abrangente, foca em
ações socioambientais além das questões comumente tratadas em relação às
pessoas (internas e externas)
As transformações socioeconômicas dos últimos 20 anos têm afetado
profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e
exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais
lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande
poder, vem grande responsabilidade.
Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e
humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social. A ideia
de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente
recente.
Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos
negócios, empresas se veem forçadas a adotar uma postura mais responsável em
suas ações.
Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, mas as
razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem-estar social, mas
também envolvem melhor performance nos negócios e, consequentemente, maior
lucratividade.
Fonte:repositorio.ual.pt
A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as seguintes
características:
 É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito
pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia,
ao governo, ao setor não governamental e ambiental e, por fim, às
comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos
parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo
não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas
também significa maior legitimidade social.
 É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se
aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado
por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e,
portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo.
Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus
fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e
serviços usados ao longo de seus processos produtivos.
 É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito
de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao
ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas
também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento
sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de
parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim
leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza
preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos
ambientais ou processos judiciais.
 É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não
mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente
obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas
atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de
acidentes.
 Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde
seu desempenho é aferido nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas
empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos preveem que relatórios
socioambientais serão compulsórios num futuro próximo. Muito do debate
sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora,
mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor
e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado.
Sendo contra ou a favor, achando certo ou errado, responsabilidade social
corporativa é um tema cada vez popular e para o qual devemos dar a devida
importância. As empresas precisam se conscientizar que a comunidade espera
delas mais do que apenas seguir as normas da legislação. Cidadãos buscam
nas organizações privadas o apoio que não encontram em seus governantes.

Todas as organizações devem assumir a responsabilidade pelo seu impacto


nos trabalhadores, no ambiente, nos clientes e em quem - ou no que - quer
que tenha contato. Isso é responsabilidade social. Também sabemos que a
sociedade irá cada vez mais procurar grandes organizações, com fins
lucrativos e sem fins lucrativos, para solucionar os grandes males sociais. É
melhor que estejamos atentos, porque as boas intenções nem sempre são
socialmente responsáveis. É irresponsável da parte de uma organização
aceitar responsabilidades que possam travar a sua capacidade para
desempenhar a sua principal função e missão ou para agir nos domínios onde
não tenha competência para tal (DRUCKER, 1995; apud MACIARIELLO
2004, p. 72).

O conceito de Responsabilidade Social Corporativa está intimamente atrelado


aos valores da ética e transparência na gestão dos negócios, indo muito além do
simples cumprimento da legislação imposta as organizações. Atitudes e decisões
relacionadas ao ambiente externo, no que tange a sociedade organizada, clientes,
fornecedores, colaboradores e a própria concorrência devem ser tratadas em
igualdade com os valores da organização, sob pena da mesma ficar isolada e
comprometer seu futuro.
O tema responsabilidade social se apresenta como um tema cada vez mais
relevante quando se trata do comportamento empresarial, organizações que aderem
essa ideia têm auxilio no foco dos objetivos, nas estratégias de mercado e na própria
definição da empresa, além de beneficiar a sociedade, quando aplicada corretamente.
A palavra responsabilidade é derivada do latim respondere, responder. Segundo o
dicionário Michaellis, responsabilidade é “a qualidade de responsável”, que “responde
por atos próprios ou de outrem”, que “deve satisfazer os seus compromissos ou de
outrem.

Entende-se por responsabilidade social o conjunto de obrigações inerentes à


evolução de um estado ou condição com força ainda não reconhecidas pelo
ordenamento jurídico positivo ou desconhecidas parcialmente, mas cuja força
que se vincula e sua prévia tipificação procedem da íntima convicção social
de que não segui-la constitui uma transgressão da norma da cultura. (FLETA
1995, apud, SILVA 2012 p.13).

Essa definição nota que os compromissos sociais pertencem aos valores


morais e aos princípios da humanidade e são determinados pelo conjunto de
obrigações, independentemente de ser ou não reconhecida pelas regras jurídicas. Ser
socialmente responsável consiste na decisão de participar diretamente das ações
sociais na região em que atua e amenizar prováveis estragos ambientais causados
pela atividade executada pela mesma.

No contexto de responsabilidade social, a ética trata essencialmente das


relações entre pessoas. Se cada um deve tratar os outros como gostaria de
ser tratado, o mesmo vale para as organizações. Ética, portanto, é uma
questão de qualidade das relações humanas e indicador do estágio de
desenvolvimento social. (MAXIMIANO 2007, apud SILVA 2012 p.14).

Construir uma sociedade íntegra é a principal proposta da Responsabilidade


Social, onde: a comunidade, o governo e as empresas privadas promovem juntas a
cidadania e a responsabilidade, diminuindo a exclusão social e os estragos ambientais
oriundos da atual globalização capitalista. Mas, esse propósito de envolver a
comunidade nas práticas de negócios não é tão atual assim, ela existe desde a
Grande Depressão Americana nos anos 30. Porém, apenas em 1998 que surgiu a
primeira importante abordagem à responsabilidade social das grandes organizações.
DIAGNÓSTICO DE REALIDADES SOCIAIS DENTRO DA PERSPECTIVA DO
SERVIÇO SOCIAL

Fonte: camara.leg.br

Nesta seção de estudo, vamos dialogar sobre o diagnóstico social sob a


perspectiva do Serviço Social. Como ponto de partida de nossa reflexão, chamamos
a atenção para a citação acima, da qual destacamos que, ao realizarmos o
diagnóstico social, temos como objeto de investigação e estudo os fenômenos
sociais, os quais são inerentemente complexos.

Os diagnósticos, por mais abrangentes que sejam, são retratos parciais e


enviesados da realidade, espelham aquilo que a visão do mundo e a
formação teórica dos técnicos de planejamento permitem ver ou priorizam
enxergar. Assim, as soluções visualizadas e as especificações dos
programas estão determinadas, a priori, pelas limitações do diagnóstico e,
em última instância pelas limitações dos conhecimentos científicos aportados
pelas diferentes disciplinas acerca dos fenômenos sociais, fenômenos
inerentemente complexos (JANNUZZI, 2002, apud, MACIEL, 2014, p.64).

Portanto, todo trabalho precisa partir desse entendimento e do reconhecimento


que sempre haverá limites para a compreensão de uma determinada realidade, daí a
importância de que esse processo aconteça a partir de uma sólida pesquisa em dados
e fontes variadas e de forma participativa, envolvendo diferentes visões e apreensões,
de maneira que as ações a serem implementadas a partir desse diagnóstico atinjam
seus objetivos a atendam as expectativas e demandas. O termo diagnóstico provém
do adjetivo grego diagnostikós, que significa “capaz de distinguir”. Dessa forma,
podemos entender o diagnóstico como sendo o conhecimento necessário para
discernir ou distinguir. Assim o diagnóstico consiste na descrição interpretativa, na
compreensão e na explicação de uma determinada situação entendida como
problema. Parte do processo de planejamento se caracteriza pela investigação e
reflexão, tendo fins operativos e sentido programático. O diagnóstico, pode ser
definido como:

O aprofundamento das dinâmicas de mudança, potencialidades e obstáculos


de uma determinada situação, sendo um permanente e sempre participado,
pelo que está sempre inacabado. No entanto, vai tendo intensidades
diferentes sendo inevitavelmente mais aprofundado –e mais extenso- na fase
inicial de lançamento de um projecto e de definição do seu desenho para um
horizonte determinado. (MTS/SEEF, 1999, apud SANTOS, 2012, p. 5).

Entendendo o diagnóstico como parte do fazer profissional, afirma que esse se


configura como:

[...] um conjunto de informações, constantemente alimentadas e


processadas, as quais se constituem em subsídios permanentes não apenas
para decisões referentes às situações enfrentadas, mas também para ampliar
a capacidade argumentativa da equipe em sua interlocução com as diferentes
instâncias de poder abrangidas por sua ação (BAPTISTA, apud, MACIEL,
2014 p. 65).

O diagnóstico possibilita aproximações e a incorporação de novos elementos,


permitindo novas descobertas. Assim, a realidade, que é dinâmica e em constante
movimento, vai se tornando mais rica, mais complexa, mais viva, atingindo novos
patamares de compreensão. O diagnóstico na dimensão social e comunitária envolve
um processo concertado, permanente e dinâmico. As visões sobre as necessidades
e expectativas diferem, e somente um diagnóstico que envolva a participação e a
busca de convergência de diferentes olhares e saberes poderá atender às diversas
demandas. Esse é um processo dinâmico, porque a reflexão e as ações partilhadas
de diversos atores podem levar a uma compreensão diferente da que tinha no início.
Sobre a participação no processo de elaboração do diagnóstico trata-se de um
processo diferenciado de relacionamento humano, de construção partilhada de
conhecimento entre agentes externos e grupos sociais em torno de um
empreendimento. O propósito primeiro não é a obtenção de um dado
academicamente tratado, mas sim o processo de aprendizado que esse venha a gerar
entre os envolvidos, despertando-os para valorizarem o que já sabem e descobrindo
o que podem aprender.
Deve-se ir fazendo e aprendendo, com um espírito aberto e não possessivo,
até que as habilidades dos grupos sociais se aprimorem para o
autodiagnostico, a capacitação técnica, o conhecimento partilhado, o respeito
entre as organizações e pessoas e o resgate da autoestima dos grupos
sociais. (GOMES, 2001, apud, MACIEL, 2014, p.65).

9.1 Abrangência do diagnóstico social

Considerando a dinâmica da realidade, chama a atenção para a necessidade


de que se estabeleça uma delimitação no escopo de estudo e análise do diagnóstico.
Afirma que se faz necessária a demarcação dos aspectos a serem analisados,
priorizando aqueles considerados básicos para a compreensão da problemática e
para a ação. Essa escolha perpassa pelo conhecimento das relações de poder e das
diferenças ideológicas entre os que planejam, e ainda devem ser considerados fatores
como: a competência de quem executa a ação, de quem planeja e de quem financia;
o volume e qualidade dos recursos disponíveis e dos prazos para a ação; e, por fim,
a matriz teórica que norteará a análise.
No entanto, um planejamento que busque promover mudanças significativas e
abrangentes precisa iniciar de um diagnóstico elaborado a partir de uma visão não
reducionista, na qual o objeto do planejamento não é tratado de maneira isolada do
seu contexto social, gerando propostas que contornem tanto estruturas parciais como
também que impliquem e se articulem com propostas que tragam mudanças na
sociedade. O diagnóstico deve contornar a análise do contexto social, econômico,
cultural e ambiental onde se localiza o problema, devendo abranger também as
potencialidades e os mecanismos de mudanças, bem como as expectativas e
demandas dos vários grupos sociais frente ao problema e sua evolução.
Consideremos:

O nível geral de vida e de desenvolvimento social da população, bem como


as suas principais deficiências, distorções e desigualdades; As demandas e
expectativas, sendo priorizadas aquelas ligadas às populações em situação
de vulnerabilidade social; Os problemas sociais mais importantes, mais
urgentes e mais prementes; Os fatores determinantes, sejam os de caráter
demográfico, ecológico, econômico, psicológico, cultural e estrutural, que
influenciam o problema e a sua evolução; A identificação das principais
necessidades ou deficiências das ações já empreendidas; A evolução dos
diversos aspectos estudados, as temáticas dominantes e a previsibilidade de
suas consequências. (SANTOS, 2012, apud, MACIEL, 2014, p.67).
9.2 Objetivos do diagnóstico social

A manutenção de uma visão mais abrangente na realização do diagnóstico


acontece desde que ele tenha como objetivos:
 Organizar o padrão de situações e seus antecedentes, acompanhadas
de uma análise compreensiva e explicativa de suas determinações;
 Identificar de forma sistemática e contínua as áreas críticas e
necessidades, oportunidades e ameaças;
 Determinar os elementos que permitam justificar a ação sobre o objeto;
 Estabelecer prioridades para a ação;
 Analisar e definir os instrumentos e técnicas que poderão ser úteis à
ação;
 Indicar as alternativas de intervenção;
 Ser operacionalizado por equipes multidisciplinares, garantindo a
diversidade de visões e apreensões.
Dessa forma, o diagnóstico deve ser considerado sob a perspectiva de:

[...]um conjunto dinâmico de informações constantemente alimentado durante


o processo. Esse conjunto de informações deverá se constituir em insumos
permanentes para o planejamento da ação: para localizar, compreender,
controlar e prever tendências da situação como um todo e de cada um de
seus aspectos; para fornecer elementos de juízo que permitam esboçar
hipóteses alternativas de intervenção. (BAPTISTA, 2002, apud, MACIEL,
2014, p. 69).

O diagnóstico tem como objetivos:


 Documentar o estado atual das ações face ao problema
identificado;
 Determinar a magnitude e importância dos problemas e as suas
causalidades potenciais;
 Identificar as questões-chave em torno das quais se podem
formular os objetivos de mudança.

Partindo desses objetivos, o diagnóstico demonstra que uma intervenção


eficaz em uma determinada realidade sempre dependerá da coleta e análise
adequada de dados, os quais devem partir de fontes de informações
diversificadas, pois “um bom diagnóstico garante a adequabilidade das
respostas às necessidades locais, bem como da eficácia de qualquer projeto
de intervenção”. (MTS/SEEF, 1999, apud SANTOS 2012, p. 6)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso ambiente de ação profissional, por excelência e compromisso, desafia-


os cotidianamente. Trabalhamos, na maioria das vezes, com excesso de demandas
e escassez de recursos, por outro lado, com a necessidade de sermos eticamente
comprometidos com a construção de uma sociedade justa e cidadã para todos. Esta
situação paradoxal nos leva à busca de soluções inovadoras, de saídas diante dos
impasses que envolvem diretamente a dignidade e a vida de pessoas e comunidades,
e o exercício ético e profissional. Conduz-nos e direciona no sentido de revermos
nossa pratica à medida que realizamos o movimento ação/ reflexão e percebemos o
quanto precisamos voltar aos pressupostos teóricos metodológicos, investigando,
propondo novas visões, dialogando e discutindo em torno de uma ação profissional
relevante e efetiva. Por fim, você deve ter percebido que, ao longo de nosso estudo,
mantivemos a ênfase em dois posicionamentos, os quais consideramos basilares
quando se trata da gestão de organizações, planos, programas e projetos sociais: a
conquista e a manutenção da efetiva participação de todos os envolvidos na ação e,
consequentemente, a construção de relações transparentes em todos os processos.
Esses configuram os maiores desafios e as maiores conquistas quando nos
envolvemos com a construção de uma sociedade justa, cidadã e democrática. Sempre
serão nosso “chão” e nossos maiores desafios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Rio de Janeiro, 2002.
ARMANI, D. Como elaborar projetos? – Guia Prático para Elaboração e Gestão
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BAPTISTA, M. V. Planejamento: introdução à metodologia do planejamento
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