Você está na página 1de 15

A Modernização Urbana

do Centro de Vitória (ES):


considerações preliminares sobre
a geografia do passado de uma
cidade
Eduardo Rodrigues Gomes
Doutorando Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG) - UFF

1. INTRODUÇÃO [...] ao examinarmos a cidade sob um prisma


histórico, evidenciam-se nos diferentes
segmentos de tempo transformações de
Esse artigo baseia-se na pesquisa que está toda ordem. Quando nos referimos às
sendo desenvolvida no PPGG da UFF, transformações espaciais e à criação de
e visa estudar a urbanização do Centro sistemas de infra-estruturas e serviços
da cidade de Vitória na primeira metade coletivos que tornam moderna a cidade
do século XX, dentro da perspectiva da tradicional, medieval ou colonial, falamos
de modernização urbana.
geografia histórica urbana. O Centro da
cidade de Vitória (Figura 1) assim como
o de outras cidades brasileiras passou
por grandes transformações urbanas na
2. BREVE FUNDAMENTAÇÃO
primeira metade do século XX.
TEÓRICA

Para vários autores que retrataram as


Utilizando-se das palavras de Villar
transformações urbanas na primeira
(2002, p. 2) sobre o Centro de Aracaju,
metade do século XX em algumas cidades
podemos dizer que o ocorrido na capital
brasileiras, existem dois períodos que
sergipana também ocorreu em Vitória
caracterizam de maneira geral essas
nas primeiras décadas do século XX, ou
transformações. O primeiro inicia-se
seja, “o centro se confundia com a cidade
nas últimas décadas do século XIX
e a cidade praticamente se limitava ao 1- Dissertação de mestrado
indo até a década de 1920. O outro teve
centro”. defendida em março de 2004 no
início com a Revolução de 1930, fase Instituto de Geografia (IGEO)
da história brasileira marcada pelo fim da Universidade Federal de
Durante a pesquisa de mestrado1 constatamos Uberlândia (UFU), intitulada:
da Primeira República e a chegada de
que o Centro de Vitória passou por significativas “O Processo de Verticalização
Getúlio Vargas à presidência. Leme Litorânea em Vitória (ES): um
alterações no seu espaço urbano, na primeira estudo de caso do bairro Praia do
(1999) na sua pesquisa sobre a formação
metade do século XX. Essas alterações Canto (1970-2000)”.
de pensamento urbanístico no Brasil
serão analisadas como sendo um processo
de 1895 a 1965, aponta que o período
de modernização urbana, pois segundo Vaz A modernização urabana
entre 1895 a 1930 representa o início do centro de Vitória(ES):
(1991, p. 136): considerações preliminares sobre
das intervenções urbanas em algumas a Geografia do passado de uma
cidade
cidades brasileiras. De acordo com
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 73
Figura 1 – Localização do Centro da Cidade de Vitória

essa autora, esse período (1895-1930) ocorreram no período de 1870-1930. Nas


é caracterizado pelas epidemias que palavras do autor “a luta pela salubridade
assolavam as cidades, sendo o problema das cidades” permeou esse período,
da falta de saneamento um ponto central, sendo que a partir do final do século
cabendo aos engenheiros – com destaque XIX as intervenções urbanas nas cidades
para Saturnino de Brito, Theodoro foram marcadas pelo tripé sanitarismo-
Sampaio, Lourenço Baeta Neves – o circulação-estética. Segundo o autor
papel de propor soluções relacionadas (Abreu 2001, p. 40-41) “[...] diversos
ao tema saneamento. Outro ponto planos de melhoramentos começaram
ressaltado por Leme (1999, p. 22-23) era então a ser formulados todos dando
o embelezamento e o melhoramento das devido destaque ao saneamento (visto,
áreas centrais dessas cidades, conforme sobretudo em termos de drenagem urbana)
podemos constatar a seguir: e as redes de infra-estrutura (circulação,
iluminação pública, abastecimento de
A ênfase central está na técnica e na estética água, esgotos sanitários, etc.)”. O papel
presente em alguns projetos, em particular,
do engenheiro torna-se fundamental para
naqueles realizados para as áreas centrais
atingir tais objetivos e, dentro desse
das cidades. O termo utilizado nos textos é
contexto, Saturnino de Brito torna-se a
melhoramento designando questões diversas,
“[...] figura central do pensamento urbano
tanto aquelas relativas ao projeto e à construção
de obras de infra-estruturas, projetos e brasileiro” (Abreu, 2001, p. 41). Foi na
ajardinamento de parques e de praças, como cidade do Rio de Janeiro, de acordo com
a elaboração de uma legislação urbanística. o referido autor, com a Reforma Passos
(1902-1906), que a engenharia demonstrou
Para Abreu (2001) as mais importantes estar a serviço da sociedade. “O efeito-
transformações nas cidades brasileiras demonstração da reforma carioca foi
Eduardo Rodrigues Gomes

74 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
então enorme: num curto espaço de tempo, Com o desmonte do berço histórico da
outras cidades deram início a seus ciclos cidade, praticamente desapareciam todos
de reformas, todas centradas no tripé os marcos da fundação do Rio e do seu
sanitarismo-circulação-estética” (Abreu, primeiro século de existência, além de
2001, p. 41). uma enorme e tradicional área residencial”
(Silveira, 1998, p. 13). O prefeito Carlos
Essa questão da modernização urbana Sampaio “[...] empreende o arrasamento
proporcionada pelas reformas realizadas do Morro do Castelo, justificando-o pela
em várias cidades e iniciadas nas primeiras melhoria das condições de aeração e
décadas do século XX, coincide com as higiene” (Rezende, 1999, p. 50).
transformações urbanas no próprio Centro
das cidades, conforme podemos observar A capital paulista, a partir das primeiras
na passagem abaixo, extraída de Campos décadas do século XX, também foi
(2004, p. 7): marcada pelo mesmo processo de
modernização urbana que modificou
Os núcleos antigos, que seguiam reunindo profundamente a cidade do Rio de
atividades administrativas, comerciais e Janeiro, e em particular o seu centro.
religiosas, passavam, a partir do final do
Durante a primeira gestão da prefeitura
século XIX, a exercer o papel de centro da
de São Paulo no século XX, é possível
cidade. Ao mesmo tempo em que deixavam
de ser preferidos para uso residencial verificar como a questão da modernização
pelas camadas sociais privilegiadas, suas da cidade tornou-se fundamental para o
casas antigas, subdivididas como cortiços, prefeito Antônio Prado. “Durante a sua
passavam a abrigar a população mais longa administração (1899-1910), vários
pobre. Assim estabeleceram-se os temas
melhoramentos urbanos e a política de
da diferenciação e da deterioração, que
maquiagem embelezadora da cidade
balizariam a partir de então a trajetória
das áreas centrais nas cidades brasileiras. foram concretizados” (Moraes, 1994, p.
Percebe-se como a temática do centro, que 52). Em outro trabalho, Campos (2003,
propiciava a multiplicação dessas expressões, p. 4) sintetiza o que ocorreu com o
se impunha com as reformas urbanísticas da centro principal paulistano, no período
época: a Avenida Central e a Reforma Passos,
que caracterizou como sendo o de sua
no Rio de Janeiro, e as obras de remodelação
formação, ou seja, de 1870 a 1930:
da área central, em São Paulo.

Este [o centro tradicional] ganhava o


A reforma de Pereira Passos no Rio de aspecto “europeu” considerado indispensável
Janeiro no início do século XX configurou- para legitimar os espaços dominantes. A
se em um paradigma, pois, conforme configuração de instrumentos de controle
lembra Abreu (1995, p. 126), representou urbanístico se amparou em argumentos
“[...] a maior transformação já verificada sanitaristas, em uma postura disciplinadora
e segregadora em relação às moradias
no espaço urbano até aquele momento: um
populares, na atração de usos comerciais e
verdadeiro programa de reforma urbana”. institucionais “nobres”, e na busca de uma
Essa reforma modificou profundamente remodelação edilícia e dos logradouros
a estrutura urbana da área central da públicos à européia”, procurando conformar
capital do país. “Dentre as obras públicas espaços centrais elitizados, esteticamente
realizadas, a abertura da Avenida Central qualificados. Estimulou-se a substituição
do casario colonial existente por prédios
(depois Barão do Rio Branco) era a obra
comerciais de poucos andares e arquitetura
mais importante do projeto” (Moraes, eclética.
1994, p. 58). Ainda no Rio de Janeiro,
na administração de Carlos Sampaio O processo de modernização urbana
(1920-1922) “[...] nova intervenção também se refletiu em outras cidades
A modernização urabana
do centro de Vitória(ES):
radical incidiu sobre o tecido urbano: brasileiras, sendo capitais de estados ou considerações preliminares sobre
a Geografia do passado de uma
o arrasamento do Morro do Castelo. não, a partir da Proclamação da República cidade

GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 75
(1889) e no decorrer das primeiras décadas estudo sobre o urbanismo modernizador
do século XX. Souza (1999, p. 85) aponta e a modernização da cidade de Natal –
que “[...] a república, de maneira geral, aponta que as obras desse plano “[...]
marcou uma nova fase para as cidades pretendiam superar o seu passado
brasileiras e, em especial, para as cidades colonial símbolo de atraso para as suas
gaúchas”. A autora, em seu trabalho sobre elites, retirando-a do século XVIII e
a cidade de Porto Alegre, descreve que colocando-a no século XX” (p. 2). Para
a capital do Estado foi administrada de esta autora esse Plano “[...] transformou-
1897 a 1924 pelo mesmo governante, José se no símbolo maior das intervenções
Montaury de Aguiar Leitão. Conforme urbanísticas durante as três primeiras
Souza (1999, p. 86), o referido governante décadas do século XX” (p. 06). A cidade
“[...] articulou uma política de reformas de Salvador – no período estudado
visando adequar a cidade aos novos por Almeida (2000) que compreende
tempos”, pois “[...] a cidade tinha que a República Velha (1890-1930) – foi
parecer moderna, estava no ideário da fortemente influenciada pelo discurso
época”. Para atingir tais objetivos o higienista, que acabou sendo responsável
prefeito “[...] contratou a elaboração do pelo processo de modernização do
primeiro plano de urbanismo da cidade, seu espaço urbano. Esse discurso é
o chamado ‘Plano de Melhoramentos’, propagado pelo desenvolvimento da
concebido em 1914 pelo engenheiro- medicina social que pretende, através de
arquiteto João Moreira Maciel, tendo intervenções urbanas, “sanear” a cidade.
como uma de suas principais preocupações “A construção da cidade moderna, ou
os trabalhos de reforma e ampliação do pelo menos, de uma imagem moderna
porto” (p. 86). da cidade, é moldada, assim, sobre o
discurso médico que ora, implícita, ora
É importante frisar que não foram somente as explicitamente, informa a ação do Estado
cidades das regiões Sudeste e Sul do país que sobre o espaço urbano” (Almeida, 2000,
conheceram o processo de modernização em p. 05).
seus espaços urbanos. No Nordeste algumas
cidades – principalmente as capitais estaduais A Revolução de 1930 representou uma
– também foram marcadas por esse processo. nova fase de transformações nas cidades
O trabalho de Moreira (1999, p. 142) mostra brasileiras. “Com a instauração do novo
que “[...] a exemplo do que ocorreu nas regime, e com a afirmação do novo pacto
principais capitais brasileiras, o Recife passou de forças que ele trouxe, as cidades e as
por uma ampla reforma urbana que resultou populações urbanas assumiram um grau
na remodelação completa do bairro portuário, de importância nunca antes verificado”
denominado Bairro do Recife, entre 1909 e (Abreu, 2001, p. 44). Esse autor, em
1914”. Mais à frente o autor segue dizendo outro trabalho em que propôs pensar
que “[...] esta intervenção procurou extirpar a cidade no Brasil do passado, lembra
a imagem do Recife como cidade colonial e que foi na “[...] organização interna das
prover uma imagem de cidade bela, próspera cidades, e especialmente das grandes
e civilizada” (p. 143). cidades, que as mudanças foram mais
rápidas e mais gritantes” (Abreu, 1996,
Na cidade de Natal (RN) também ocorreu p. 175). Já Leme (1999), em seu estudo
– principalmente na década de 1920 – um comentado anteriormente, destaca que o
significativo processo de modernização período entre 1930 a 1950 é marcado pela
urbana, destacadamente na gestão do elaboração de planos “[...] que propõem a
prefeito Omar O´Grady (1924-1930), articulação entre os bairros, o centro e a
quando é implementado o Plano Geral extensão das cidades através de sistemas
de Sistematização em 1929. O trabalho de vias e sistemas de transportes” (p. 25).
Eduardo Rodrigues Gomes
de Ferreira (1999) – que propôs um
76 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
No caso da cidade de São Paulo, Silva decide pela aceitação de suas propostas
(2004, p. 7) observa que “[...] o período com modificações”. Em 1930, a primeira
de 1930 a 1945 foi crucial não só pelo comissão do Plano da Cidade é criada,
volume de obras empreendidas, mas mas sendo em 1931 “[...] extinta pelo
também porque essas obras delinearam Prefeito Pedro Ernesto ao mesmo tempo
o modelo de desenvolvimento urbano que o Plano Agache é descartado” (p. 2).
adotado pela cidade, nas décadas É somente no início da gestão do prefeito
seguintes”. E o exemplo maior desse Henrique Dodsworth em 1937, que a
modelo, caracterizado pelas obras comissão do Plano da Cidade é recriada.
na estrutura urbana (com destaque O objetivo do plano é a modificação do
para o sistema viário) é o Plano de Centro da cidade,
Avenidas, realizado na gestão do prefeito
Prestes Maia (1938-1945). Para Silva [...] pelo estabelecimento racional de outras
(2004, p. 8) “[...] Prestes Maia era vias que, traçadas respeitando o sistema em
xadrez, permitiriam resolver os problemas
totalmente alinhado com os ideais de
de tráfego. A urbanização da área do Morro
desenvolvimento urbano rodoviarista, do Castelo é retomada nessa época, e seu
expansionista e liberalizante em relação desmonte é finalmente concluído. [...] Junto
aos interesses da promoção imobiliária”. com a urbanização do Castelo, a Comissão
Na visão de Leme (1992, p. 74) o do Plano da Cidade marca, no centro da
objetivo central de Prestes Maia era “[...] cidade, uma das obras que melhor reflete
a capacidade de execução da Prefeitura à
formular o projeto da cidade moderna,
época, a abertura da Av. Presidente Vargas
industrial. Do Plano de Avenidas emerge (REZENDE E ALVES, 2004, p. 6-7).
a cidade fluidez, da comunicação. Nela o
automóvel ganha e domina o espaço da Na passagem abaixo podemos perceber
cidade”. É importante frisar que as obras o significado da abertura da Avenida
de Prestes Maia estavam focadas na área Presidente Vargas – inaugurada em 1944
central de São Paulo, conforme podemos – para o Rio de Janeiro:
perceber nas palavras de Diêgoli (1999,
p. 44): “A grande quantidade de novos Na década de 1940, na administração do
projetos para a área central da cidade de prefeito Henrique Dodsworth - que abrangeu
São Paulo comprova que Prestes Maia todo o período do Estado Novo (1937-1945)
não pensava em criar um novo centro; - quando a população do Rio de Janeiro
já ultrapassava 1.700.000 habitantes,
ao contrário, por meio dos projetos
outra profunda intervenção urbana abriu
demonstra sua intenção de reafirmar uma via monumental de acesso ao centro:
a importância dessa região como o a Avenida Presidente Vargas. Mais uma
‘coração’ da cidade”. obra de inspiração haussmaniana, mais
uma evidência de uma política urbana
O pós-1930 também modificou o espaço nitidamente intervencionista, a construção
da Presidente Vargas, acarretou a derrubada
urbano da capital do país (Rio de
de uma seqüência de quarteirões antigos
Janeiro), principalmente no período do e centenas de casas e prédios (SILVEIRA,
Estado Novo (1937-1945). É importante 1998, p. 13).
comentar que no final da década de 1920
o urbanista francês Donat Alfred Agache Outras cidades brasileiras, além de São
foi contratado para desenvolver o Plano Paulo e Rio de Janeiro, foram marcadas
de Remodelação e Embelezamento da entre 1930 a 1950 por transformações
cidade (o Plano Agache). Mas Rezende urbanas relevantes, em função de
e Alves (2004, p. 02) apontaram que planos elaborados nesse período. Em
“[...] a conclusão do Plano Agache Porto Alegre, na gestão do prefeito A modernização urabana
coincide com a Revolução de 30 e a José Loureiro da Silva (1938-1943), do centro de Vitória(ES):
considerações preliminares sobre
descontinuidade administrativa acarreta é desenvolvido o Plano de Diretor ou a Geografia do passado de uma
cidade
a sua avaliação por uma comissão que
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 77
2 - “The Growth of the City: de Urbanização pelo arquiteto Arnaldo clássicos que apesar de não analisar
Na Introduction to Research
P r o j e c t ” , Publication of the
Gladosh, “[...] que havia trabalhado com especificamente a Área Central dessas
American Sociological Society, 18 Agache na elaboração do plano do Rio de cidades, são contribuições pioneiras na
(1924), pp. 85-97. Janeiro, em 1930” (Souza, 1999, p. 94). geografia. O primeiro é o trabalho de
3 - “Centrifugal and centripetal Na cidade de Natal, em 1935, é elaborado Charles C. Colby 3 de 1933, que analisou
in urban geography”. In: pelo escritório de Saturnino de Brito o como dois tipos de forças (centrífugas e
Mayer, H. & Kohn, C. F.
(Orgs.) Readings in urban Plano Geral de Obras, que “[...] abrangia centrípetas) interferem na constituição
geography. Chicago. The aspectos relacionados ao abastecimento dos padrões de organização interna
University of Chicago Press,
1933. d’água, esgotamento sanitário, anteprojeto da cidade. O trabalho de Malcolm
de melhoramentos urbanos e aberturas de J. Proudfoot4 é outra contribuição
4 - ”City Retail Structure”. In: In:
Mayer, H. & Kohn, C. F. (Orgs.)
avenidas e construção de praças” (Costa, fundamental elaborado pela geografia
Readings in urban geography. Chicago. 2000, p. 63). Já a cidade de Recife, nas urbana norte-americana na década de
The University of Chicago Press, 1958. décadas de 1930 e 1940 “[...] foi objeto de 1930. “Malcolm Proudfoot foi o pioneiro
(publicado originalmente em Economic
Geography, XIII, October, 1937, Clark uma série de estudos, planos, pareceres e no estudo dos padrões gerais do comércio
University, Worcester, Mass). formulações do urbanismo moderno, em de varejo e dos serviços dentro das áreas
5 - “Delimiting the CBD”. Economic suma, foi objeto de um discurso específico urbanas” (Mayer, 1976, p. 89). O estudo
Geography, 1954, 30(3). sobre a questão urbana que procurava de Malcolm Proudfoot, realizado em
6 - Horwood, E. M. & Boyce, R. R. conduzi-la à tão almejada modernidade” nove cidades norte-americanas, propôs
Studies of the central business district (Moreira, 1999, p. 153). uma classificação da estrutura varejista
and urban freeway development.
em cinco tipos considerados ideais:
Seattle, University of Washington,
1959. Outra questão teórica, além do processo de Distrito Central de Negócios (Central
modernização urbana, é pertinente de ser Business District), Centro Periférico de
discutida no presente trabalho. Trata-se do Negócios, Eixos Principais de Negócio
conceito de Área Central. e Rua do Comércio do Bairro, e Grupo
de Lojas Isoladas.
Esse conceito é um tema relevante dentro
da análise epistemológica da geografia Conforme ressalta Motta (2001, p. 9)
urbana, mas é importante esclarecer “[...] o primeiro artigo preocupado
que os estudos pioneiros relacionados exclusivamente com a área central é de
à Área Central têm origem na Escola 1954”, trata-se do trabalho de Raymond
de Chicago, corrente da sociologia Murphy e James Vance 5 que tinha como
urbana norte-americana, na década principal preocupação à delimitação do
de 1920. Dentre esses mencionamos distrito central de negócio da Área Central
o estudo de Ernest W. Burguess 2 de da grande cidade norte-americana. Um dos
1923, sobre as zonas concêntricas, na atributos fundamentais observados nos
qual propõe uma classificação, para as estudos sobre esse tema está relacionado
cidades norte-americanas, pautada em com a sua segmentação em: núcleo
cinco zonas: Distrito Comercial Central, central, também conhecido como core,
Zona de Transição, Zona Residencial ou Central Business District (CBD); e a
Independente, Zona de Boas Residências, zona periférica do centro, também conhecida
Zonas dos Rotinizadores (Burgess 1923, como frame, zona em transição ou zona de
apud Schnore, 1976). obsolescência.

Na década de 1930, se desenvolve as Corrêa (1989), baseado em Horwood


primeiras pesquisas de geógrafos sobre & Boyce 6 , destaca que os principais
o espaço urbano das grandes cidades aspectos característicos do núcleo
norte-americanas, mas Motta (2001, central na segunda metade do século
p. 9) ressalva que “[...] essas análises metade XX, são: uso intensivo do
geográficas não estão concentradas na solo, ampla escala vertical, limitada
área central, mas sim no espaço urbano escala horizontal, limitado crescimento
Eduardo Rodrigues Gomes
geral”. Podemos citar dois estudos horizontal, concentração diurna de
78 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
população, foco de transportes intra- sobre a Área Central ocorreram na década 7 - The zone in transition: a study
of urban use patterns. Economic
urbanos e área de decisões. O estudo de 1950, com o destaque para a tese Geography. 42(3): p. 236-260. 1966.
de Beaujeu-Garnier (1980), apesar de Milton Santos 8 publicada em 1959
8 - “O Centro da Cidade de Salvador:
de não tratar especificamente de Área sobre o Centro da cidade de Salvador e o
estudos de geografia urbana”, Salvador,
Central e sim de “centro de negócios”, trabalho de Lecocq-Müller 9 – publicada Universidade da Bahia.
de certa forma ratifica o que foi descrito em 1958 – que estudou a Área Central de
9 - O trabalho, “A área central da
anteriormente, ou seja, esse centro de São Paulo, onde o Centro dessa cidade cidade”, faz parte do Volume III
negócios (correspondendo ao núcleo foi delimitado pela autora em três áreas a (“Aspectos da Metrópole Paulista”)
da publicação “A Cidade de São
central) “[...] é a própria expressão partir de um critério funcional: o centro Paulo: estudos de geografia urbana”,
do poder urbano, o coração vivo da propriamente dito, as áreas periféricas do organizada pela Associação de
cidade” (p. 339), o local “[...] onde se centro e as zonas de transição. Na década Geógrafos Brasileiros (Seção Regional
de São Paulo), sob a direção do geógrafo
desenvolvem todos os recursos do setor de 1960, o trabalho organizado por Aroldo de Azevedo em 1958.
terciário mais sofisticado quanto aos Aluízio C. Duarte 10 e publicado em 1967
10 - “Área Central da cidade do Rio de
serviços pessoais” (p. 340). O outro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Janeiro”, Rio de Janeiro, IBGE.
setor da Área Central, a zona periférica Estatística (IBGE), sobre a Área Central
do centro, apresenta as seguintes da cidade do Rio de Janeiro, constitui
características principais, de acordo com outra contribuição relevante. No final
Corrêa (1989): uso semi-intensivo do da década de 1970, a Área Central
solo, ampla escala horizontal, limitado de São Paulo é novamente objeto de
crescimento horizontal, área residencial estudo da geografia urbana, no trabalho
de baixo status social e foco de transportes desenvolvido por Helena K. Cordeiro
inter-regionais. Com a proposta de uma e publicado em 1980, pelo Instituto de
revisão bibliográfica sobre esse setor, Geografia da Universidade de São Paulo.
Strohaecker (1988) analisa as principais Esses dois trabalhos – Duarte (1967)
contribuições de vários autores sobre e Cordeiro (1980) – são considerados
a zona periférica – passando pelos por Corrêa (1989) “obras de referência
trabalhos clássicos já citados de Burgess, básica” para o estudo da Área Central em
Horwood e Boyce, Colby – desde a sua cidades brasileiras.
gênese até os padrões espaciais estudados
por R. Preston 7 (1966) característicos
desse setor. 3. A MODERNIZAÇÃO URBANA
E A FORMAÇÃO DA ÁREA
Dentro da temática do presente projeto – a CENTRAL DE VITÓRIA
modernização do centro urbano – o caso
da cidade do Rio de Janeiro no início do A cidade de Vitória, particularmente o
século XX, com a sua reforma urbana, seu Centro, também passou por profundas
demonstra que na sua gênese, a Área transformações em seu espaço na primeira
Central carioca foi segmentada no CBD e metade do século XX, transformações
na zona periférica, conforme verificamos essas que denominaremos como sendo
nas palavras de Silveira (1998, p. 1): um processo de modernização urbana,
culminando com a formação de sua
A Reforma Passos representa um marco na Área Central. Essa modernização urbana
configuração territorial da Área Central da de Vitória, que nas primeiras décadas
cidade, isto é, na construção de uma área
do século passado coincidia com a
constituída de duas porções: o distrito central
de negócios, eixo preferencial de negócios modernização do seu Centro, ocorreu
basicamente localizado na Avenida Central, de forma significativa na administração
e a sua zona periférica, expressa, sobretudo, de três governos estaduais. “Jerônimo
no restante da ‘cidade velha’. Monteiro (1908-1912), Florentino Avidos A modernização urabana
(1924-1928) e Jones Santos Neves do centro de Vitória(ES):
considerações preliminares sobre
No Brasil, os primeiros estudos (1951-1954) foram os governantes que, a Geografia do passado de uma
cidade
desenvolvidos na geografia, estritamente favorecidos por condições financeiras
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 79
ímpares, promoveram as maiores e a abertura de outras ruas novas,
transformações urbanas de Vitória das modificando completamente o mau
primeiras cinco décadas do século XX” aspecto da capital” (Almeida, 1992, p.
(Campos Jr., 1993, p. 73). 85). Esse novo arruamento, proposto
na Planta Cadastral, pretendia “[...] dar
Esses governantes também promoveram a capital um novo desenho, abrindo,
investimentos em outros bairros da capital alargando e corrigindo o alinhamento
capixaba, bem como em outros municípios, das ruas, criando espaços e perspectivas,
mas foi no Centro de Vitória que ocorreu inspirado nas obras de Pereira Passos
as maiores intervenções urbanas, por parte na capital federal” (Abe, 1999, p. 315).
desses governos. É relevante destacar que Essas obras de Jerônimo Monteiro
consideramos a gestão de Jones Santos Neves foram executadas predominantemente
(1951-1954) dentro do recorte temporal do no Centro da cidade. Outra medida que
presente trabalho (primeira metade do século visava sanear as áreas alagadas do Centro
XX), pois o início da década de 1950 ainda e também conquistar do mar terrenos
é caracterizado por influências urbanísticas para uma futura ocupação urbana foi
do final da década de 1940, conforme à realização de aterros. De acordo
demonstraremos posteriormente. com Campos Jr. (1993, p. 74), “[...] o
primeiro aterro que marcou a urbanização
O governo de Jerônimo de Souza Monteiro de Vitória ocorreu na administração
(1908-1912) é lembrado por autores como Jerônimo Monteiro (1908-1912)”. Este
aquele que deu início a modernização de aterro ocorreu em uma área do Centro
Vitória principalmente no Centro, ou seja, foi chamada de Campinho, que representava
nessa gestão que de acordo com Martins (1993, naquele momento “[...] o principal foco
p. 91) ocorreu “[...] a transição mais efetiva da de infecções miasmáticas” e também
cidade colonial, para Vitória Moderna”. No “sinaliza a continuidade da higiene entre
início do século XX, Vitória apresentava uma os discursos que norteiam o processo de
configuração urbana marcada por contradições, modernização de Vitória” (Almeida”,
pois, “[...] a cidade que queria ser nova e a 1992, p. 88). Com a área aterrada do
antiga conviviam no mesmo espaço, no centro; Campinho, teve início o processo de
em Vitória existia a necessidade de romper com urbanização do local, com a formação da
o passado colonial” (Botechia, 2001, p. 37). O Vila Moscoso, onde foram construídas
Centro da capital capixaba, em função do seu vinte e oito casas para funcionários
traçado colonial, possuía no início do século públicos, e o início da construção do
passado precárias condições de salubridade, e Parque Moscoso em 1912. A construção
com a chegada de Monteiro ao poder, grandes do referido parque no Centro vai “ [...]
transformações de infra-estrutura urbana são contribuir para a renovação dos hábitos
realizadas visando resolver esses problemas. sociais da época, além de conferir um
“A cidade foi equipada com serviços até então caráter moderno ao ambiente urbano
inexistentes: água encanada, rede de esgoto, de Vitória; vai também inaugurar nova
energia elétrica, bondes elétricos, construção área de expansão na cidade e iniciar o
de novos prédios públicos, início da construção processo de valorização do entorno ao
do Porto e a reforma do ensino” (Martins, transformar radicalmente o insalubre
1993, p. 91). local (Mendonça, 2000, p. 3).

O governo de Jerônimo Monteiro Os serviços de melhoramentos do Porto de


elaborou o “Plano de Melhoramentos Vitória, localizado no Centro da cidade,
e Embelezamento de Vitória”, e dentro foram outro grande empreendimento
desse novo plano é produzida a Planta realizado por Jerônimo Monteiro em sua
Cadastral da Cidade que define “[...] o gestão. O Porto, naquele momento, era
Eduardo Rodrigues Gomes
alargamento de ruas e praças existentes na verdade um ancoradouro de madeira,
80 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
por onde se escoavam as mercadorias dominantes da cidade, de transformar o
para o exterior, principalmente o café. Centro de Vitória numa praça comercial
Essa movimentação de mercadorias e num corredor de exportação” (Miranda,
“[...] necessitava de melhores condições 2000, p. 44). Outros autores também
de funcionamento, o que implicava na destacam as transformações ocorridas
ampliação das instalações portuárias durante a década de 1920, no Centro de
para atender ao crescimento do comércio Vitória, principalmente no governo de
exportador que se anunciava” (Gonring, Florentino Avidos (1924 a 1928). De
2003, p. 32). Em seu estudo sobre o acordo com Martins (1993, p. 96) “[...]
desenvolvimento do Porto de Vitória, foi na década de 1920, com a valorização
entre 1870-1940, Siqueira (1995, p. 80) do café, que o Centro de Vitória sofreu
afirma que “[...] em 12 de maio de 1910, em ritmo acelerado e caótico sua maior
a companhia Porto de Vitória assinou transformação urbanística”. Esse autor,
contrato com a firma C.H. Walker & citado anteriormente, também descreve
Cia, para execução das obras do porto”, que nessa década foi criado o Plano
com os trabalhos de construção do de Melhoramentos da Capital, que
porto iniciados em 12 de dezembro de vigorou de 1920 a 1928. O Plano
1911 por essa companhia. As obras no visava solucionar alguns problemas da
Porto prosseguiram até agosto de 1914, cidade naquele momento – a questão
quando foram interrompidas devidas habitacional, ampliar os serviços de água,
as crises financeiras provocadas pela esgoto, energia elétrica e transportes –
Primeira Guerra Mundial, e “[...] durante e promover a expansão da cidade em
o decorrer de dez anos que se seguiram, direção aos novos bairros que estavam
nada mais foi feito no porto” (Siqueira, em formação.
1995, p. 82).
O Plano de Melhoramentos da Capital, que
A modernização urbana no Centro de Vitória alguns autores chamam de “Serviços de
realizada por Jerônimo Monteiro, teve Melhoramentos de Vitória”, foi elaborado
sequência na gestão de Florentino Avidos, no início do governo de Nestor Gomes
durante a década de 1920. A passagem abaixo, (1920-1924) e teve a participação direta
extraída do trabalho de Siqueira (1995, p. 79), de Florentino Avidos, que durante a gestão
confirma essa continuidade de um governo de Gomes “[...] chefiou o recém-criado
para o outro, mesmo existindo, de uma Serviço de Melhoramentos de Vitória, que
administração para outra, uma diferença de introduziu normas técnicas que marcaram
mais de dez anos: novas diretrizes de projetar e construir em
Vitória” (Martins, 1993, p. 98). Almeida
A cidade só perdeu este aspecto colonial ao (1992, p. 180) chama atenção para o fato
iniciar o governo de Jerônimo Monteiro de que “[...] ao assumir o governo em
(1908-1912), que teve como meta à
1924, Florentino Avidos dá continuidade
urbanização de Vitória, incluindo as obras
de melhoramento do porto. [...] Monteiro ao Plano que iniciara como engenheiro no
elaborou os primeiros processos urbanos governo anterior, acelerando as obras que
ocorridos em Vitória e preparou a cidade considera indispensáveis”. No Centro de
para a urbanização moderna ocorrida Vitória, “[...] as ruas estreitas e tortuosas
posteriormente no governo Florentino Avidos foram alargadas, retificadas, drenadas e
(1924-1928).
pavimentadas. [...] Foram construídas
escadarias de acesso à Cidade Alta, além
Na década de 1920 ocorreu uma
de praças e jardins” (Martins, 1993,
diversificação da produção e uma
p. 99). A inauguração da Praça Costa A modernização urabana
reorganização do espaço capixaba,
Pereira em 1926 foi outra importante obra do centro de Vitória(ES):
em função da economia cafeeira “[...] considerações preliminares sobre
concluída na gestão de Avidos, “[...] um a Geografia do passado de uma
que viabilizava a política das famílias cidade
dos marcos do processo de modernização
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 81
desse período” (Gonçalves e Prado, e o processo de urbanização de Vitória
1995, p. 76), e que se transformou, ocorreu, até a década de 50, de maneira
juntamente com o Parque Moscoso, em mais lenta do que no período anterior”. No
uma área de intensa sociabilidade para os período de 1930 a 1943, quando o estado
moradores do Centro na primeira metade é governado pelo interventor federal
do século XX. Outra realização expressiva João Punaro Bley, realiza-se no Centro
no Centro foi à abertura da Avenida de Vitória, “[...] um pequeno aterro para
Jerônimo Monteiro, que para Botechia a construção de armazéns e abertura de
(2001, p. 180) “[...] foi símbolo do rua em frente ao Palácio do Governo”
desenvolvimento urbano, rompendo com (Campos Jr., 1993, p. 76).
a imagem de cidade tortuosa e atrasada”.
Por último, cabe ressaltar a retomada das Na década de 1940, a urbanização
obras do Porto que ocorreram na gestão de Vitória – principalmente no Centro –
(1924-1928) de Avidos: ganha novo fôlego com a elaboração de
um plano urbanístico para cidade, em
O contrato que determinava o reinício das 1947, e segundo Almeida (1986, p. 109)
obras do Porto de Vitória entrou em vigor “[...] consta desse plano, uma série de
em 1925, durante o governo de Florentino
pequenas intervenções que terminam com
Avidos. Segundo as normas desse documento,
foi mantida a mesma estrutura projetada os últimos resquícios da Vitória antiga”.
pela Companhia Porto de Vitória, havendo Esse plano que ficou conhecido como
mudanças apenas nas condições da ponte Plano Agache por ser supervisionado
destinada a ligar a ilha ao continente, pelo urbanista francês Donat A. Agache,
além do posicionamento desta ponte em “[...] serviu de referência para grande
relação a sua situação no projeto anterior
parte das intervenções no início dos anos
(GONRING, 2003, p. 35).
50, sobretudo na Esplanada da Capixaba”
(Miranda, 2000, p. 49). Ao lado das
A ponte, que representou a primeira
pequenas intervenções na cidade, o
ligação de Vitória com o continente
Plano Agache também propôs um novo
ao sul, foi totalmente construída com
aterro junto à baía de Vitória, na área
estrutura metálica e inaugurada em 1928,
da Esplanada da Capixaba. Com isso
com o nome de Ponte Florentino Avidos,
incorpora-se ao Centro da Cidade uma
sendo popularmente conhecida como
área de cerca de 96.000 m 2, que favorece
Cinco Pontes. Em relação ao porto e à
a ampliação tanto do porto como das áreas
ponte construída sobre a baía de Vitória,
edificáveis em Vitória. O aterro previsto nesse
Siqueira (1995, p. 116) enfatiza que:
Plano realiza-se plenamente no governo de
“[...] o porto mudou o sítio primitivo
Jones Santos Neves (1951-1954). “A época
da cidade, principalmente a partir do
de Jones foi radical na ampliação vertical e
Governo de Florentino Avidos (1924-
em extensão de Vitória. O aterro de mangues,
1928) quando a morfologia da cidade foi
em menos de dois anos (51-53), apropriou-se
radicalmente alterada. O cais do porto e
do dobro de áreas conquistadas em outros
a ponte sobre a baía deram a Vitória uma
períodos” (Miranda, 2000, p. 49).
nova fisionomia urbana, intimamente
relacionados com os serviços portuários”.
O governo de Jones dos Santos Neves –
apesar de realizar inúmeras obras públicas
Ao final da década de 1920 houve uma
em todo o estado, pautado no “Plano de
mudança na urbanização de Vitória,
Valorização Econômica”, que visava
conforme pode ser observado nas palavras
o desenvolvimento de todo o Espírito
de Mendonça (1985, p. 39): [...] como
Santo – transformou de forma expressiva
conseqüência da queda do café, após a
o Centro de Vitória, quando executa esse
crise de 1929, as obras de melhoramentos
grande aterro no início da década de 1950,
Eduardo Rodrigues Gomes
iniciadas na capital foram interrompidas
na área conhecida como a Esplanada da
82 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
Capixaba 11. primeira vez em Vitória um zoneamento 11 - Alguns autores chamam essa área
de “Esplanada Capixaba”, outros de
urbanístico para a cidade, descreve a “Esplanada da Capixaba”. Para efeito
O Plano de Valorização Econômica de Esplanada da Capixaba como sendo o de padronização, consideraremos
Neves tinha como objetivo com o aterro, “[...] aterro caracterizado como Bairro no presente trabalho a segunda
a conquista para a cidade de uma área denominação.
Comercial Especial, cuja forma de
edificável que desse continuidade à zona
comercial de Vitória. Observe-se que neste ocupação foi estabelecida em plantas
momento além da necessidade de correção específicas, recebeu o maior gabarito
das águas da bacia de evolução do Porto, previsto, entre oito e doze pavimentos”
surge uma outra necessidade: a de uma (Mendonça, 2001, p. 56).
zona comercial de suporte às atividades
portuárias decorrentes de seu crescimento.
Os dois autores citados anteriormente
Assim, o Porto aparece, novamente, como a
principal personagem na justificativa desta também descreveram a importância
área de aterro. [...] Por certo, o aterro da do aterro da Esplanada para o
Capixaba atinge seu objetivo de incrementar desenvolvimento da verticalização no
as atividades comerciais no centro de Vitória Centro. Campos Jr. (1993, p. 76) destaca
que se desdobram em congestionamentos que o aterro da Esplanada tornou-se
das funções comerciais administrativas e
“[...] mais significativo, não só pelo
residenciais (FREITAS, 2004, p. 5-6).
tamanho da área anexada à cidade, mas
fundamentalmente em razão de sua
Acreditamos que com essa zona comercial
localização ser central. Abriu novas
que surge na área da Esplanada da
oportunidades de edificações no Centro
Capixaba, ocorre a formação da Área
antes que a ocupação urbana fosse para
Central de Vitória – baseado nas definições
as praias, no outro extremo da ilha”.
abordadas anteriormente –, ou seja, a área
Na visão de Mendonça (2001, p. 44), a
da Esplanada torna-se o núcleo central
criação da área da Esplanada, “[...] com
(o CBD) e os espaços fora desse setor
infra-estrutura urbana e programada para
tornam-se a zona periférica do centro.
verticalização, vai reter a preferência
Outro exemplo que confirma a Esplanada
pela construção de edifícios no Centro
da Capixaba como sendo o CBD da Área
e evitar a intensificação do processo já
Central de Vitória, é citado no trabalho
iniciado no sentido leste”.
de Campos Jr. (1993, p. 76-77):

Foram construídos nas décadas posteriores


os seguintes prédios nesta área [a Esplanada 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
da Capixaba]: ed. Fábio Ruschi (pertencente
a CVRD, hoje propriedade do governo Os trabalhos acadêmicos – principalmente
estadual), Banco do Brasil, três prédios as dissertações e teses – que estudaram
para a Caixa Econômica Federal e sua
as temáticas urbanas em Vitória e, de
administração, a sede do Ministério da
Fazenda, dentre outros construídos em forma particular, o seu Centro, não se
terrenos doados a diferentes associações de preocuparam em entender como ocorreu
servidores públicos. à formação do que chamamos de “Área
Central” (como o seu CBD e a zona
A área da Esplanada foi também periférica) de Vitória. O importante
responsável pela materialização do é ressaltar que esses trabalhos não
processo de verticalização iniciado no abordaram e não pretendiam abordar
Centro da cidade, durante a década de a noção de Área Central a partir do
1940, com a construção dos primeiros temário tratado na geografia urbana.
edifícios mais altos. A legislação Por isso concordamos com Reis (2001,
urbanística também incentivou a p. 32) quando afirma: “[...] não se A modernização urabana
verticalização na Esplanada, a partir da está requisitando que as abordagens do centro de Vitória(ES):
considerações preliminares sobre
criação do Código Municipal de Vitória, do sociólogo ou do urbanista sejam a Geografia do passado de uma
cidade
em 1954. Esse código, que propôs pela orientadas sob o mesmo referencial
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 83
teórico-metodológico do geógrafo”. Os 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
trabalhos sobre Vitória que destacam
o Centro da cidade, ou as noções
ABE, A. T. Grande Vitória, ES: crescimento
correlacionadas a esse termo, como
e metropolização. 1999. 526 f. Tese (Doutorado
centro tradicional, centro principal,
em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e
centro histórico, núcleo principal, núcleo
Urbanismo, Universidade de São Paulo, São
central, núcleo histórico ou simplesmente
Paulo, 1999.
centro, analisaram, principalmente dentro
da ótica do urbanismo, as transformações ABREU, M. A. Habitação popular, forma
urbanas ocorridas nessa área, a partir urbana e transição para o capitalismo: o caso do
da urbanização da cidade como um Rio de Janeiro. In: BECKER, B. et all (orgs.).
todo. Podemos citar como exemplos, a Geografia e Meio Ambiente no Brasil. São
dissertação de Almeida (1992) e as teses Paulo: Hucitec, 1995.
de Campos Jr (1993) – que estudou a
______. Pensando a cidade no Brasil do
formas de construção imobiliária em
passado. In: CASTRO, I. et all. (Orgs.).
Vitória, iniciada no Centro, durante
Brasil: questões atuais da reorganização
a década de 1950 – e a de Mendonça
do território, Rio de Janeiro: Bertrand
(2001) sobre o percurso do processo
Brasil, 1996.
de verticalização iniciado também no
Centro da cidade. ______. Cidade brasileira: 1870-1930. In:
SPOSITO, M. E. B. (Org.). Urbanização e
Com alguns exemplos desses trabalhos Cidades: perspectivas geográficas. Presidente
acadêmicos na área de arquitetura Prudente: UNESP, FCT, 2001.
e urbanismo, sobre Vitória e seu
Centro, entendemos que a forma de ALMEIDA, M. do C. E. de A. “E a Bahia
pesquisar a Área Central dessa cidade Civiliza-se...”: o saber urbanístico &
pode apresentar-se com um caráter saber médico em Salvador na Primeira
interdisciplinar, variando também a forma República (1890-1930). In: SEMINÁRIO
de analisar de cada pesquisador, por isso DA HISTÓRIA DA CIDADE E DO
acreditamos que a geografia urbana, URBANISMO, 6, 2000, Natal. Anais...
dentro de uma perspectiva histórica, Natal: UFRN, 2000, 1 CD-ROM.
pode contribuir para o entendimento da
ALMEIDA, R. H. Centro de Vitória: pela
formação/configuração da Área Central
apropriação dos espaços. 1986. 171 f. Projeto
de Vitória, a partir de sua modernização.
de Graduação – Faculdade de Arquitetura e
Embora seja inegável a contribuição
Urbanismo, Universidade Federal do Espírito
que os estudos citados anteriormente,
Santo, Vitória, 1986.
prestaram ao entendimento da formação
do Centro de Vitória, a pesquisa sobre ______. Modernização e Classes Populares:
a sua modernização urbana, a partir as transformações urbanas e seu avesso na
da análise de sua segmentação entre cidade de Vitória (1890-1930). 1992. 205
CBD e zona periférica, permanece f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura)
inexplorada. Sugere-se que existe uma – Faculdade de Arquitetura, Universidade
contribuição passível de ser desenvolvida Federal da Bahia, Salvador, 1992.
sobre o tema Área Central, a partir do
enfoque tradicionalmente pesquisado BEAUJEAU-GARNIER, J. Geografia
pela Geografia Urbana. Urbana. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1980.

BOTECHIA, F. R. Áreas Centrais em


Transformação: os tempos e os espaços
no centro tradicional de Vitória (ES).
Eduardo Rodrigues Gomes

84 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
2001. 161 f. Dissertação (Mestrado em FREITAS, J. F. B. Aterros e decisões políticas
Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura, no município de Vitória: efeito cascata. In:
Universidade Federal de Minas Gerais, SEMINÁRIO DA HISTÓRIA DA CIDADE E
Belo Horizonte, 2001. DO URBANISMO, 8, 2004, Niterói. Anais...
Niterói: UFF, 2004, 1 CD-ROM.
CAMPOS, C. M. Construção e
desconstrução do centro paulistano. In: GONÇALVES, C. S.; PRADO, M. M.
ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, Viver Vitória: proposta para o resgate da
10, 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo identidade cultural da cidade por meio da
Horizonte: ANPUR, maio, 2003. 1 CD- ROM, memória. 1995. 260 f. Projeto de Graduação
ST4. – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal do Espírito Santo,
______. Da praça à centralidade: evolução
Vitória, 1995.
da idéia de centro na cidade brasileira.
In: SEMINÁRIO DA HISTÓRIA DA GONRING, R. Cidade e Porto: café e
CIDADE E DO URBANISMO, 8, 2004, minério na configuração dos limites urbanos de
Niterói. Anais... Niterói: UFF, 2004, 1 CD- Vitória. 2003. 105 f. Monografia (Graduação)
ROM. – Departamento de Geografia, Universidade
Federal do Espírito Santo, Vitória, 2003.
CAMPOS JR, C. T. O capitalismo se
apropria do espaço: a construção civil em LEME, M. C. da S. A formação do
Vitória. 1993. 219 f. Tese (Doutorado em pensamento urbanístico no Brasil, 1895-
Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e 1965. In: LEME, M. C. da S. (Org.).
Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Urbanismo no Brasil. 1895-1965. São Paulo:
Paulo, 1993. Studio Nobel, FUPAM, 1999. p. 20-38.

CASTRO. A. E. de. WEB Vitória: divulgação ______. O Plano de Avenidas e a Formação do


da evolução urbana e da arquitetura do centro pensamento urbanístico em São Paulo nas três
de Vitória na internet. 1998. 1 CD-ROM. primeiras décadas do século XX. In: Cidade &
Monografia (Graduação) – Faculdade de História: modernização das cidades brasileiras
Arquitetura e Urbanismo, Universidade nos séculos XIX e XX.. FERNANDES, A,
Federal do Espírito Santo, Vitória, 1998. e GOMES, M. A. de F. Salvador: UFBA,
ANPUR, 1992.
CORRÊA, R. L. O espaço urbano. São Paulo:
Ática, 1989. MAYER, H. M. Perspectiva da geografia
urbana. In: HAUSER P. & SCHNORE, L. F.
COSTA, A. A. O Contexto Histórico da
(orgs.). Estudos de Urbanização. São Paulo:
Expansão Urbana de Natal. Sociedade e
Pioneira, 1976.
Território. Natal, v. 14, n. 1, p. 57-70, jan/
jun, 2000. MARTINS, J de B. A cidade reconstruída. In:
VASCONCELLOS, J. G. M. (Org.). Vitória:
DIÊGOLI, L. R. Prestes Maia e seus
trajetórias de uma cidade. Vitória: Instituto
projetos de cenografia urbana. Cidades.
Histórico e Geográfico do Espírito Santo,
Pesquisa em História. Programa de Estudos
1993, p. 61-102.
Pós-graduados em História, PUC/SP. São
Paulo, n.1, p. 33-53, 1999. MENDONÇA, E. M. S. Uma descrição
cronológica do desenvolvimento urbano de
FERREIRA, A. L. de A. O urbanismo
Vitória. Revista do Instituto Jones Santos
modernizador e a modernização: Natal na
Neves. Vitória, ano IV, n. 1, p. 38-40, abr/
encruzilhada dos ares. In: ENCONTRO
jun, 1985.
NACIONAL DA ANPUR, 8, 1999. Porto
A modernização urabana
Alegre. Anais... Porto Alegre: ANPUR, 1999, ______. O campinho e o novo arrabalde de do centro de Vitória(ES):
considerações preliminares sobre
p. 1-18. 1 CD-ROM. Vitória (ES): relações e transferências desde a a Geografia do passado de uma
cidade
origem. In: SEMINÁRIO DA HISTÓRIA DA
GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 85
CIDADE E DO URBANISMO, 6, 2000, Natal. DA CIDADE E DO URBANISMO, 8, 2004,
Anais... Natal: UFRN, 2000, 1 CD-ROM. Niterói. Anais... Niterói: UFF, 2004, 1 CD-
ROM.
______. Transferência de interesse no
percurso da verticalização de construções SCHNORE, L. F. Sobre a estrutura espacial
em Vitória (ES). 2001.197 f. Tese (Doutorado das cidades nas duas américas. In: HAUSER
em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de P. & SCHNORE, L. F. (orgs.). Estudos de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Urbanização. São Paulo: Pioneira, 1976.
Paulo, São Paulo, 2001.
SILVA, L. O. da. São Paulo de 1930 de 1945:
MIRANDA, C. L. Arquiteturas de Vitória, da verticalização, expansão horizontal e grandes
Cidade Capital à Cidade Funcional. In: 465 obras viárias. In: SEMINÁRIO DA HISTÓRIA
Anos de Colonização do Espírito Santo nos DA CIDADE E DO URBANISMO, 8, 2004,
500 anos de Brasil: sob o ponto de vista urbano Niterói. Anais... Niterói: UFF, 2004, 1 CD-
e arquitetônico. Revista Imagem Urbana. ROM.
Vitória, ano II, n. 04, p. 32-55, abr, 2000.
SILVEIRA, C. B. Formação e Transformação
MORAES, J. G. V. de. Cidade e cultura da Área Central – notas sobre a cidade do Rio
urbana na Primeira República. São Paulo: de Janeiro. In: SEMINÁRIO DA HISTÓRIA
Atual, 1994. DA CIDADE E DO URBANISMO, 5, 1998,
Campinas. Anais... Campinas: Puccampinas,
MOREIRA, F. D. A aventura do
1998, p. 1-32. 1 CD-ROM.
urbanismo moderno na cidade do Recife,
1900-1965. In: LEME, M. C. da S. SIQUEIRA, M. da P. S. O desenvolvimento
(Org.). Urbanismo no Brasil. 1895-1965. do porto de Vitória – 1870-1930. Vitória:
São Paulo: Studio Nobel, FUPAM, 1999. p. CODESA, 1995.
141-163.
SOUZA. C. F. Trajetórias do urbanismo em
MOTTA, M. P. O centro da cidade do Porto Alegre, 1900-1945. In: LEME, M. C. da
Rio de Janeiro no século XIX: reflexões S. (Org.). Urbanismo no Brasil. 1895-1965.
sobre a noção de Área Central na cidade do São Paulo: Studio Nobel, FUPAM, 1999. p.
passado. 2001. 130 f. Dissertação (Mestrado 20-35.
em Geografia) – Departamento de Geografia,
STROHAECKER, T. M. A zona periférica
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
ao centro: uma revisão bibliográfica. Revista
de Janeiro, 2001.
Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, v.
REIS, L. C. T. O processo de descentralização 50, n. 4, p. 171-183, out/dez, 1988.
das atividades varejistas em Vitória: um
VAZ, L. F. Moradia em tempos modernos.
estudo de caso – a Praia do Canto. 2001.
In: PIQUET, R. e RIBEIRO, A. C. T. Brasil,
192 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)
território da desigualdade: descaminhos da
– Departamento de Geografia, Universidade
modernização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
1991.
2001.
VILLAR, J. W. C. A velha e nova centralidade
REZENDE, V. F. Evolução urbanística e a
intraurbana de Aracaju – SE. In: ENCONTRO
expansão da cidade do Rio de Janeiro (1900-
NACIONAL DE GEÓGRAFOS, 13., 2002,
1950-1965). In: LEME, M. C. da S. (Org.).
João Pessoa. Contribuições Científicas. João
Urbanismo no Brasil. 1895-1965. São Paulo:
Pessoa: Associação dos Geógrafos Brasileiros
Studio Nobel, FUPAM, 1999. p. 39-64.
(AGB), julho, 2002, p. 1-8, 1 CD-ROM.
REZENDE, V. F. e ALVES, G. A. A comissão
do plano da cidade, reflexões sobre um
modelo e sua contribuição à cidade do Rio
Eduardo Rodrigues Gomes de Janeiro. In: SEMINÁRIO DA HISTÓRIA
86 • GEOGRAFARES, nº 6, 2008
RESUMO
No final da primeira década (governo
Jerônimo Monteiro) do século XX têm
início no Centro a s ua urbanização,
que modificaram as suas características
coloniais com alterações na organização
espacial do núcleo urbano da cidade. A
década de 1920 é outro período marcado
por significativas transformações
urbanas no Centro, com destaque
para a administração de Florentino
Avidos. No final da década de 1940 é
elaborado o Plano Agache que propôs um
grande aterro na baía de Vitória, que se
concretizou somente no início da década
de 1950, no governo de Jones dos Santos
Neves. A partir desse aterro materializa-
se o processo de verticalização do Centro,
consolidando com isso a formação da
Área Central de Vitória.

ABSTRACT:
At the end of the first decade (government
Jerônimo Monteiro) of the twentieth
century are beginning Centre in its
urbanization, which changed its colonial
characteristics with changes in spatial
organization of the urban core of the
city. The decade of 1920 is another
period marked by significant changes
in the urban centre, with emphasis
on the administration of Florentino
Avidos. At the end of the decade of
1940 is formulating the plan Agache
which proposed a large landfill in the
Bay of Victoria, which has resulted
only the early 1950, the government
of Jones dos Santos Neves. From that
landfill materialized up the process
of verticalization of the Centre,
consolidating it with the formation of
the Central Area of Victoria.

A modernização urabana
do centro de Vitória(ES):
considerações preliminares sobre
a Geografia do passado de uma
cidade

GEOGRAFARES, nº 6, 2008 • 87

Você também pode gostar