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DOI: 10.1590/1413-812320152110.

18352016 3017

Índice de Funcionalidade Brasileiro: percepções de profissionais

ARTIGO ARTICLE
e pessoas com deficiência no contexto da LC 142/2013

The Brazilian Functionality Index:


perceptions of professionals and persons with disabilities
in the context of Complementary Law 142/2013

Éverton Luís Pereira 1


Livia Barbosa 1

Abstract This article derives from a study con- Resumo O artigo resulta de estudo realizado na
ducted on the validation of the Brazilian Func- validação do Índice de Funcionalidade Brasileiro,
tionality Index (IF-BrA) applied to the granting aplicado para fins de concessão da aposentadoria
of retirement benefits to disabled persons. The da pessoa com deficiência (IFBrA). A aposenta-
retirement of persons with disabilities is regulat- doria é regulamentada pela Lei Complementar
ed by Complementary Law 142 of May 8, 2013. 142/2013. O objetivo é discutir como os sujeitos
The aim is to discuss how the individuals involved envolvidos na aplicação do instrumento fazem uso
in application of the instrument perceive the con- do conceito de deficiência e as possíveis implicações
cept of disability and the possible implications for para a garantia do direito à aposentadoria. Foram
ensuring the right to retirement. Eleven agencies visitadas 11 agências do Instituto Nacional do Se-
of the National Social Security Institute (INSS) guro Social (INSS), onde foram entrevistados 16
were visited and 16 physicians, 16 social work- peritos médicos, 16 assistentes sociais e 40 pessoas
ers and 40 persons with disabilities were inter- com deficiência, além de observadas a avaliação
viewed. The evaluation and assessment process e a perícia. Os resultados indicam tensões con-
was also observed. The results indicate that there ceituais entre a perspectiva sobre deficiência dos
are conceptual tensions between the perspective profissionais e os conceitos do IFBrA. Assistentes
on disability of the professionals and the IF-BrA sociais e médicos são desafiados em suas especia-
concepts. Social workers and physicians are chal- lidades técnicas na aplicação do instrumento. As
lenged in their technical specialties in the appli- pessoas com deficiência nem sempre se identificam
cation of the instrument. Persons with disabilities assim em suas vidas diárias. A deficiência ora é co-
do not always consider themselves to be disabled locada como uma descrição política dos corpos em
in their daily lives. Disability is either presented consonância com o modelo social da deficiência,
as a political description of the body in accordance ora é descrita como uma dificuldade pontual que
with the social model of disability, or it is described justifica a busca pela aposentadoria.
as a specific difficulty justifying the right to seek Palavras-chave Índice de Funcionalidade Brasi-
retirement. leiro, Lei Complementar 142/2013, Aposentado-
1
Departamento de Saúde
Coletiva, Universidade Key words Brazilian Functionality Index, Com- ria, Pessoas com deficiência, Estudos sobre defici-
de Brasília. Campus plementary Law 142/2013, Retirement, Persons ência
Universitário Darcy Ribeiro with disabilities, Disability studies
s/n, Asa Norte. 70910-900
Brasília DF Brasil.
everton.epereira@gmail.com
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Pereira EL, Barbosa L

Introdução ciais foram desafiadas a se adequar ao texto então


constitucional por meio da revisão progressiva
O artigo é resultado de pesquisa realizada no dos seus marcos normativos.
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) du- Dentre os desafios colocados na Convenção,
rante a implementação da Lei Complementar ganha notoriedade o debate sobre a definição de
142 de 2013, que institui a aposentadoria de deficiência. Pauta controversa dos chamados es-
pessoas com deficiência pelo Regime Geral da tudos sobre deficiência (disability studies), a de-
Previdência. A pesquisa trata da validação do Ín- finição transita entre, pelo menos, dois modelos
dice de Funcionalidade Brasileiro aplicado para – um biomédico e um social – que apresentam
fins de aposentadoria da pessoa com deficiência explicações e soluções distintas para a desigual-
(IFBrA), instrumento destinado a identificar os dade entre pessoas com e sem deficiência.
sujeitos elegíveis a aposentadoria. O objetivo do No modelo médico é o corpo individual que
artigo é discutir as formas como os sujeitos en- deve ser cuidado e tratado por meio de técnicas
volvidos na aplicação do Índice (assistentes so- de reabilitação. Nesse modelo, a deficiência é uma
ciais, peritos médicos e segurados) fazem uso do tragédia pessoal. Estatísticas são utilizadas para
conceito de deficiência e quais são as possíveis demonstrar o quão distante da curva de norma-
implicações para a garantia do direito à aposen- lidade essas pessoas se encontram e a doença é a
tadoria da pessoa com deficiência para aqueles maneira de explicar a deficiência3.
que a procuram. No Brasil, desde 2013, as pessoas O modelo social coloca em xeque o predomí-
com deficiência podem se aposentar dois, seis ou nio biomédico na explicação da deficiência4. Para
dez anos mais cedo do que as demais a depender os autores que se dedicam a esse marco concei-
do grau de deficiência (leve, moderada ou gra- tual, a deficiência não é uma questão meramente
ve), este atribuído em conjunto com médicos e biomédica, mas social3-7. O argumento é de que a
assistentes sociais do INSS por meio do uso do deficiência não é apenas corporal, mas resultado
IFBrA1. Esse direito está previsto no § 1o do art. da interação entre o corpo com impedimentos e
201 da Constituição Federal e foi regulamentado a sociedade que o desconsidera para a construção
por meio da LC 142/2013. das dimensões da vida social8. Assim, a deficiên-
Fazemos uso das teorias oriundas dos estu- cia é um produto sócio-histórico da interação
dos da deficiência. Neste campo, a deficiência é entre um corpo diverso e uma sociedade pouco
definida como uma forma de opressão. Podemos aberta e pouco preparada para a diversidade.
dizer que ela sempre esteve presente nas agendas Para a Convenção, deficiência é um concei-
das políticas públicas das sociedades contempo- to dinâmico e permeável pelas determinações
râneas. As pessoas com deficiência foram histori- sociais e diz respeito às restrições de participa-
camente excluídas de várias esferas da vida social, ção sofridas por pessoas com impedimentos
exigindo formas distintas de atenção coletiva. A corporais em ambientes com barreiras. Assim,
partir de meados do século XX, ganham força as deficiência é assumida como um desafio de jus-
demandas deste segmento, especialmente pela tiça como paridade participativa, e as barreiras
sistematização e formalização de suas pautas po- foram identificadas como a principal causa das
líticas. O debate sobre a deficiência emerge em desigualdades sofridas. A Convenção descreve a
resposta às dificuldades das ações disponíveis em discriminação por motivo de deficiência como
enfrentar desigualdades sofridas por este grupo qualquer diferenciação que prejudique o reco-
populacional. O desafio da intervenção pública nhecimento, o desfrute ou o exercício da igual-
em matéria de deficiência passa a ser pauta com- dade de oportunidades ou de direitos das pessoas
partilhada entre militância política, investigação com deficiência em qualquer âmbito da vida so-
acadêmica e gestão social. cial2.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas Para fazer frente às demandas colocadas pela
com Deficiência é considerada um marco po- Convenção, a Secretaria de Direitos Humanos da
lítico e jurídico importante no que diz respeito Presidência da República providenciou a cons-
aos direitos das pessoas com deficiência2. Adota- trução de um instrumento para a identificação
da pelas Nações Unidas em 2006, passa a ser um das pessoas com deficiência para os fins da pro-
documento estruturante e referência para os pa- teção social no país. O Instituto de Estudos do
íses signatários. O Brasil ratificou a Convenção Trabalho e Sociedade, da UFRJ, elaborou o referi-
em 2007 e conferiu status constitucional ao seu do instrumento, que passou a ser conhecido pelo
texto em 2008. Com a entrada da Convenção no nome de Índice de Funcionalidade Brasileiro ou
ordenamento jurídico brasileiro, as políticas so- IFBr9.
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Índice de Funcionalidade Brasileiro (IFBr) perícia médica e da avaliação social e entrevistas
individuais com os sujeitos participantes dessas
É um instrumento que lista 41 atividades dis- cenas, configurando assim a triangulação meto-
tribuídas entre sete domínios. Cada atividade do dológica12-14.
instrumento é avaliada por pontuações que con- A coleta dos dados foi realizada em, pelo me-
sideram a dependência dos sujeitos avaliados em nos, duas agências do INSS de cada uma das re-
relação a outras pessoas ou a produtos e tecnolo- giões brasileiras, sendo uma na capital e outra no
gias no seu desempenho. As atividades são basea- interior, uma de grande porte e outra de pequeno
das na Classificação Internacional de Funcionali- ou médio porte, de acordo com as definições e
dade, Incapacidade e Saúde (CIF), e a pontuação configurações próprias da instituição. O critério
é uma adaptação da Medida de Independência de seleção foi a concentração dos agendamentos
Funcional (MIF), documentos reconhecidos in- para atendimento das pessoas com deficiência.
ternacionalmente para a discussão sobre defici- O projeto foi aprovado pelo CEP da Faculda-
ência e saúde coletiva. de de Ciências da Saúde da UnB. Foi preservado
A avaliação de cada atividade é realizada por o anonimato de todos os participantes e garan-
meio de quatro pontuações (100, 75, 50 e 25) em tido a cada um o direito de não participação ou
que 100 representa a completa independência desistência em qualquer etapa da pesquisa. Foi
funcional e 25 a não execução da atividade ou aplicado o Termo de Consentimento Livre e Es-
a completa dependência de terceiros. As pontu- clarecido para todos, conforme previsto na Reso-
ações intermediárias são 75, atribuída aos sujei- lução CNS 466/12.
tos que executam as atividades com o auxílio de Foram entrevistados 16 peritos médicos, 16
tecnologias assistivas ou de forma diferente da assistentes sociais e 40 pessoas com deficiên-
considerada usual; e 50, conferida quando é ne- cia que pleiteavam a aposentadoria em todas as
cessário o auxílio, a supervisão ou a preparação regiões do Brasil. Foram utilizados roteiros se-
de alguma etapa da atividade por terceiros. miestruturados específicos para cada tipo social,
A Lei 13.146, de 6 de julho de 2015 (Lei Bra- divididos em blocos que buscaram compreender
sileira de Inclusão), exige que o executivo pro- as trajetórias individuais, as concepções sobre de-
mulgue instrumento específico para identifica- ficiência e a LC 142/2013 e as percepções sobre o
ção dos sujeitos com deficiência para todas as IFBrA e sua aplicação.
políticas sociais no Brasil. O IFBr tem o poten- As entrevistas foram analisadas de forma a
cial de ser o instrumento base para a construção contemplar as categorias emergentes nos discur-
do modelo unificado, de forma que deverá ser sos dos sujeitos da pesquisa, utilizando a teoria
apropriado e adequado a cada política social até fundamentada nos dados15. Essa proposta de
janeiro de 201810. Os dados deste artigo se refe- análise se produz pela revisão do material cole-
rem ao primeiro processo de validação do IFBr, tado em campo e na identificação de elementos
que foi adequado à política de previdência e ao importantes para os participantes, possibilitando
seu público-alvo cuja versão adaptada chama-se a construção de teorias por meio dos dados.
IFBrA11. O instrumento original, no entanto, de-
verá passar por validações internas a cada política
pública. Resultados e discussão

A proposta é apresentar as considerações iniciais


Métodos obtidas nas entrevistas com os sujeitos envol-
vidos na LC 142/2013, especialmente sobre as
Os resultados apresentados são parte da pesquisa concepções de deficiência e os seus impactos na
de Validação do IFBrA. A validação do instru- aplicação e compreensão do IFBrA. Serão reali-
mento ocorreu em três fases (conteúdo, face e zadas discussões sobre cada um dos tipos sociais
acurácia) e os dados apresentados dizem respei- entrevistados de forma particular, peritos médi-
to à segunda fase, correspondente à validação de cos, assistentes sociais e pessoas com deficiência.
face do instrumento. O objetivo da pesquisa foi Cada uma das categorias profissionais apre-
analisar os cenários da perícia médica e da avalia- sentou particularidades nas concepções de defi-
ção social que identificam o sujeito com deficiên- ciência. Visto que o propósito deste artigo é de
cia para fins de elegibilidade para a LC 142/2013. reconhecer como os conceitos são instrumentali-
Para tanto, foi utilizada a combinação de duas zados na aplicação do IFBrA, as entrevistas servi-
técnicas de pesquisa: a observação das cenas da ram como elementos para o reconhecimento das
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formas como cada categoria utiliza essas questões tentes sociais, têm dificuldade para separar, na
em seus cotidianos. avaliação social, a restrição de participação de-
Os três tipos sociais que serão detalhados a vida à deficiência de restrições de outras ordens,
seguir foram igualmente importantes para o ar- como classe e gênero. Os profissionais entrevis-
gumento do artigo, justamente por serem atores tados sentem-se compelidos pelo IFBrA a iso-
chave no uso do instrumento. Os dois primeiros, lar a opressão pela deficiência de outras formas
assistentes sociais e peritos médicos, são res- de opressão e sentem desconforto em realizar
ponsáveis pela tarefa da realização da avaliação tal empreendimento. Segundo as instruções do
do segurado. São eles que utilizam o IFBrA. As IFBrA, o aplicador deve pontuar cada uma das 41
pessoas com deficiência, por outro lado, são sub- atividades com uma escala de valores a depender
metidas às avaliações e realizam reflexões sobre o do desempenho do sujeito. Tal escala considera a
momento pericial e sobre a importância do ins- dependência ou a independência para realizar a
trumento na definição de deficiência. atividade. Para os assistentes sociais, no entanto,
Os resultados indicam que há tensão entre além dos impedimentos corporais e as barreiras
os conceitos sociais e biomédicos sobre a defi- direcionadas para eles, diferentes fatores influen-
ciência entre os profissionais entre si e com os ciam a realização das atividades e a independên-
conceitos presentes no instrumento. As pessoas cia do segurado, conforme detalharemos a seguir.
com deficiência, por sua vez, muitas vezes não se Para os assistentes sociais, restrição de parti-
identificam como “pessoas com deficiência” em cipação é um conceito multifacetado. As pessoas
suas vidas diárias. As análises aqui realizadas evi- sofrem restrição de participação de várias ordens:
denciam essas tensões e apontam desafios para a econômica, racial, de gênero, etc. Tais formas de
avaliação da deficiência para a aposentadoria no opressão, para eles, tanto agravam o desempenho
Brasil. das atividades no contexto da deficiência como
podem compor a própria condição de pessoa
Assistentes sociais com deficiência. Consideram, assim, desafiador
determinar como cada forma específica de opres-
A experiência do Serviço Social do INSS com são contribuiu ao longo da vida, ou no presente,
o debate da deficiência ganha força com a publi- para a independência das pessoas na realização
cação do Decreto 6214/2007, que regulamenta o das atividades listadas pelo IFBrA.
Benefício de Prestação Continuada da Assistên- As barreiras sociais colocadas para a defici-
cia Social (BPC)16,17. A demanda normativa da ência, para os assistentes sociais entrevistados,
avaliação social desafiou o Serviço Social da Pre- são frequentemente agravadas ou reforçadas por
vidência no que diz respeito aos debates sobre a outras condições de desigualdade. Um dos casos
deficiência, de forma que este se tornou aos pou- acompanhados, de uma mulher de 50 anos com
cos um grupo com reconhecida expertise nes- visão monocular, é bastante paradigmático para
te campo. Após 2009, o Serviço Social do INSS compreender esse ponto. Há uma disputa no de-
promoveu ativamente discussões e capacitações, bate acadêmico e jurídico sobre se a visão mono-
auxiliando, inclusive, juntamente com a equipe cular deveria ou não ser considerada deficiência19.
médica da instituição, na produção do próprio A visão monocular ocorre quando a visão de um
instrumento que avalia a deficiência para fins do olho está preservada20. No caso acompanhado,
BPC, em parceria com o Ministério do Desenvol- Maria, que trabalhou a maior parte da vida como
vimento Social e Combate à Fome18. vendedora, considerava que as múltiplas barrei-
A aproximação desses profissionais com a ras que enfrentou eram resultado de sua defici-
avaliação requerida pela LC 142/2013 acontece ência. Maria não havia conseguido estudar pois
com protagonismo. Os desafios e as reflexões a família a “achava burra, ainda mais com o olho
dos estudos sobre deficiência, ainda escassos no com problema” (sic). Seu esposo e filha eram
contexto nacional, são parte do cotidiano desses impacientes e insatisfeitos com sua performance
profissionais desde a implementação da avaliação nos serviços domésticos – ainda que nenhum dos
social. Isso é notório, especialmente ao se consi- dois participasse desses serviços. Desempregada,
derar o fato de que o INSS é uma das primeiras ela acreditava que não conseguia mais empregos
instituições no Brasil a ser desafiada a implemen- em lojas porque era “feia e velha” (sic).
tar em escala nacional a Convenção. No atendimento observado, Maria acreditava
Os resultados da pesquisa mostram que os que todas essas barreiras deviam-se a sua defici-
profissionais que se dedicam a uma abordagem ência: não estudar por falta de apoio familiar, re-
social da deficiência, como é o caso dos assis- alizar serviços domésticos insatisfatórios (segun-
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do ela, porque não enxergava direito), e não con- limites de comunicação podem se dar por algum
seguir emprego por sua idade e pela aparência fí- impedimento intelectual. Os assistentes sociais,
sica que acreditava ter. Era uma pessoa que, ape- no entanto, se esforçam por ampliar o conceito
sar de possuir uma deficiência considerada leve de deficiência e restrição de participação e ten-
para muitos especialistas, sofria severa restrição dem a considerar que os limites de compreensão
de participação. Todos esses fatores, na verdade, gerados por baixa escolaridade podem fazer par-
possuíam forte componente da discriminação de te da avaliação.
gênero. Não ser inteligente para estudar, realizar Mesmo no que diz respeito às barreiras que
solitariamente os serviços domésticos e estar in- se colocam diretamente ao corpo com impedi-
satisfeita com a própria imagem são característi- mentos, os assistentes sociais buscam explorar ao
cas frequentemente atribuídas a mulheres, sendo máximo o contexto dessas barreiras. A aquisição
elas pessoas com ou sem deficiência21. de uma prótese ou outra forma de adaptação
Para efeitos da avaliação, o profissional ana- para realizar uma atividade determinada não é
lisou que tais formas de discriminação deveriam identificada como um correspondente imediato
ser consideradas como barreiras para a participa- a pontuação indicada no Manual do IFBrA (75),
ção igualitária de Maria e, portanto, agravantes cuja orientação diz “Realiza a atividade de forma
para a deficiência. Ou ainda, a deficiência provo- adaptada, sendo necessário algum tipo de modifi-
cou uma autoimagem tão negativa que todas as cação ou realiza a atividade de forma diferente da
críticas e barreiras sofridas eram aceitas sempre habitual ou mais lentamente”23. Para os assisten-
como justas. A formação da autorrepresentação tes sociais, tanto a aquisição, a disponibilidade e
depreciativa de Maria, provocada pela família, a utilização dos recursos de acessibilidade devem
apareciam no seu discurso como o resultado ser contextualizados no momento da avaliação.
natural de seu impedimento corporal. Sua visão O conceito de deficiência dos assistentes so-
monocular indesejada justificaria as opressões: as ciais desafia as compreensões de restrição de
barreiras eram o resultado natural dos seus impe- participação que possam ser vistas como relacio-
dimentos. Não havia espaço para a crítica de gê- nadas exclusivamente ao corpo com impedimen-
nero diante da desvantagem autoevidente da sua tos. Para eles, o esforço em isolar a deficiência de
visão monocular e, portanto, havia ainda menor outras formas de opressão, muitas vezes, carece
espaço para a construção de qualquer resistência de sentido.
a essas barreiras. Uma autoimagem positiva es-
tava fora de seu alcance dada a desvantagem que Peritos médicos
sentia no ponto de partida.
Assim como nas questões de gênero, a baixa A avaliação da deficiência sob a égide da Con-
escolaridade, independente de ter sido ou não venção, conforme apresentado, não é uma novi-
causada pela deficiência, foi considerada desafia- dade para a perícia médica da previdência social.
dora pelos assistentes sociais. Pessoas com defici- A perícia médica do INSS avalia a deficiência
ência com baixa escolaridade tendem a enfrentar para fins do BPC desde 1996 e acompanhou na
mais barreiras que pessoas sem deficiência com a prática suas mudanças conceituais no Brasil mais
mesma escolaridade22. do que qualquer outra categoria profissional. Em
Como exemplo, os assistentes sociais entre- 2009, já em trabalho conjunto com o Serviço So-
vistados indicaram o item do IFBrA Comunicar- cial, os médicos passaram a atuar desafiados pelo
se/Recepção de mensagens. Segundo o Manual modelo social da deficiência assumindo o pro-
de aplicação, o profissional deve considerar que tagonismo das discussões de forma que, mesmo
tal atividade é responsável por “Compreender antes das mudanças normativas, estudos já mos-
as mensagens (significados literais e implícitos) travam os reflexos das discussões internacionais
– Exemplos: compreender mensagens transmiti- na sua prática profissional. Estudos recentes com
das por fala, escrita, gestos, sinais, símbolos, de- os peritos médicos do INSS mostraram um van-
senhos, fotografias, libras e comunicação tátil”9. guardismo no que diz respeito à avaliação da de-
Uma interpretação literal do manual sugere que ficiência para o BPC23,24. Apesar da medicina ser
as dificuldades de comunicação a serem pontu- uma área do conhecimento que historicamente
adas se devem a algum impedimento sensorial tendeu a categorizar os corpos25 e a traduzir a
(visão ou audição) no que diz respeito à acessi- deficiência como sinônimo dos impedimentos
bilidade, seja de adaptação de livros e imagens ou corporais, os médicos do INSS mostraram-se de-
no domínio da sua forma prioritária de sua lin- safiados diante de situações em que o sujeito ava-
guagem por seus pares. O Manual sugere que os liado possuía um impedimento que, embora não
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fosse tradicionalmente identificado como corres- pedimento do sujeito. Estabelecer uma relação de
pondente a uma deficiência, era alvo de restrições causalidade entre o impedimento e a diversidade
de participação24. na realização das atividades listadas é um desafio
Os dados desta pesquisa mostram que os de- constante para os profissionais. Os médicos rela-
safios identificados nos estudos sobre a perícia tam que muitas vezes as barreiras são evidentes,
médica para o BPC são similares no caso da apo- como no caso em que os sujeitos poderiam ter
sentadoria das pessoas com deficiência. Os mé- uma funcionalidade incrementada com o acesso
dicos se consideram desafiados na avaliação da a uma prótese ou a recursos de melhor qualidade.
deficiência, que tensiona com sua formação cujo Mas, em geral, entendem que enxergar as barrei-
enfoque reside nos impedimentos corporais. Nos ras nos casos apresentados são demandas coloca-
novos modelos de avaliação, a deficiência é com- das pela política que ainda constituem entraves
preendida como restrição de participação em na avaliação.
ambientes com barreiras. Assim, os impedimen- Há um esforço dos peritos para adequar seu
tos corporais, especialidade biomédica, não são olhar para uma concepção de deficiência mais
compreendidos como determinantes da deficiên- próxima do modelo social. Mas, para além da for-
cia e não se confundem com ela25,26. Os peritos mação biomédica, há elementos institucionais que
médicos do INSS entrevistados se esforçam para desafiam esses profissionais, como o tempo dispo-
compreender a deficiência como restrição de nível para a avaliação e outras frentes de trabalho
participação, mas tensionam permanentemente que não adotam a mesma concepção de deficiên-
com os determinantes dessa restrição. cia. Como o INSS é a instituição responsável pelas
Como o instrumento lista 41 atividades a se- perícias que conferem também as aposentadorias
rem preenchidas considerando-se a performance e os benefícios por incapacidade, os médicos al-
do sujeito em cada uma, analisar restrição de par- ternam seus turnos entre a avaliação de sujeitos
ticipação é considerado inevitável pelos médicos com deficiência que trabalham e sujeitos com e
entrevistados. Nesse sentido, o IFBrA foi bem re- sem deficiência incapazes para o trabalho. Nesse
cebido pelos profissionais, uma vez que direciona sentido, a metáfora do interruptor é trazida por
o olhar dos avaliadores para as dimensões da vida vários dos profissionais entrevistados: sentem que
que importam para considerar a restrição de par- precisam ligar e desligar o conceito de deficiência
ticipação correspondente à deficiência. a depender do objetivo da perícia a ser realizada.
Há uma clareza para os peritos médicos en- Essa variedade de conceitos operacionaliza-
trevistados de que deficiência é um conceito dos nos diferentes momentos da perícia médica
multifacetado. A apropriação dos vários determi- pode gerar uma tensão nas cenas da avaliação
nantes da deficiência, no entanto, acontece res- executada na LC 142/2013. Para além da tendên-
peitando as tensões conceituais que se ancoram cia vinda da formação médica de classificar os
na formação biomédica dos profissionais. Para corpos, a tarefa dos médicos no INSS tem sido
acomodar elementos do modelo social, os médi- há vários anos aferir a capacidade/incapacidade
cos descrevem os parâmetros da avaliação como para o trabalho dos candidatos a aposentadoria e
subjetivos e objetivos. Quanto mais a avaliação outros benefícios.
se aproxima do conceito biomédico, como o uso
dos laudos e pareceres para a determinação do Pessoas com deficiência
início da deficiência, mais os médicos se decla-
ram confortáveis com a atuação e confiantes na Apesar da existência de uma definição oficial
sua avaliação pericial. Por outro lado, nos casos de deficiência, o trabalho de campo procurou co-
em que o instrumento demanda uma leitura nhecer mais sobre como os segurados que foram
contextual das atividades do periciando, como buscar a LC 142/2013 entendem este conceito.
atividades vinculadas a escolarização ou vida co- Os dados mostram um conjunto complexo de
munitária, os médicos acreditam estar avaliando elementos que apontam para diversas compreen-
uma dimensão subjetiva da deficiência e se dizem sões. O conceito de deficiência é instrumentaliza-
menos confortáveis e confiantes para a tarefa. do pelos segurados de acordo com suas histórias
Mas, embora os peritos médicos relatem des- de vida e não seguem, necessariamente, a lógica
conforto em avaliar a deficiência como restrição definida pela Lei e pela Convenção. O uso do ter-
de participação, na prática atrelam invariavel- mo deficiência aparece como forma de justificar
mente seu julgamento a isso. Durante a avaliação, a busca pela aposentadoria, mas a forma como
os médicos se sentem compelidos a considerar a esse conceito é utilizado não corresponde ao seu
restrição de participação como resultado do im- significado normativo.
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Da mesma forma que o conceito de defici- da deficiência apresentam um conhecimento
ência é utilizado de acordo com os pressupostos mais específico da LC 142 e dos instrumentos
individuais dos participantes, ele é influenciado correlatos. Nesse sentido, grande parte deles já
por, pelo menos, mais dois elementos fundamen- conhecia o IFBrA. Esse conhecimento prévio faz
tais: a vivência da deficiência, vista aqui como com que os mesmos tragam reflexões elaboradas
elemento politizador da experiência; e a experi- sobre o conteúdo e a aplicação do instrumento
ência do sofrimento, que aponta para elementos pelos técnicos do INSS.
de outras ordens, para além da racionalização da No que se refere ao conteúdo, os segurados
deficiência como elemento diacrítico. questionam os objetivos das perguntas realizadas
A deficiência, assim, pode ser apreendida pelos profissionais. Não há indícios de oposição
pelos seguintes pontos de vista: um que leva em às perguntas, entretanto, tecem alguns questio-
consideração as nomeações e as designações da- namentos sobre as necessidades do conjunto de
das por outrem com base em um conceito; outro questões. Uma das possíveis interpretações desses
que faz com que determinada experiência seja questionamentos vem com a reflexão da intera-
construída em torno de uma designação particu- ção tensa entre os diferentes modelos de defici-
lar, que sugere identificação grupal. O primeiro ência em disputa na contemporaneidade. Por um
seria dado pelos diferentes processos de nome- lado, o conceito biomédico de deficiência pon-
ação e identificação criados pelo Estado ou por tua no corpo as definições, por outro, o IFBrA
outras fontes de hegemonia discursiva. O IFBrA, traz questões sobre a vida em sociedade de uma
nesse sentido, é um dos responsáveis por dizer forma ampla, e não apenas baseado nos impedi-
quem é a pessoa com deficiência. O segundo, mentos corporais de um sujeito específico.
mais importante para a análise aqui realizada, Porém, alguns segurados entrevistados ques-
aparece quando a pessoa racionaliza sua história tionam elementos que não estão expressos no
e conta sua trajetória com base na ideia de defi- IFBrA. Esse questionamento vem ao encontro
ciência. Ou seja, quando a categoria deficiência da definição da Convenção e faz sentido quando
passa a fazer sentido na narração dos eventos que analisado à luz do modelo social da deficiência.
seguem – o que pode ser chamado de politização Mesmo com a visão ampla proposta pelo IFBrA,
da deficiência. elementos da ordem das restrições possíveis, que
Politização da deficiência é o fenômeno por englobam atividades não realizadas em função
meio do qual as pessoas se intitulam como “pes- da deficiência, não são levados em consideração.
soas com deficiência”. Politiza no sentido de trazer Os segurados não trazem críticas ao instrumen-
leituras de realidade que levem em consideração to, apenas apontam questões que poderiam ser
as inúmeras dificuldades vivenciadas e, acima de melhor trabalhadas para contemplar as restri-
tudo, pontua as dificuldades “na deficiência”. Ou ções de participação trazidas pela deficiência. É
seja, para politizar o discurso sobre a deficiência, importante ressaltar que esse tipo de discurso faz
é necessário que o sujeito leia o mundo sob uma parte do grupo de pessoas que estão engajadas
ótica específica, que demonstre que as restrições na vivência da deficiência e estabelecem relações
causadas pela deficiência tiveram impacto signi- diversas entre aspectos de ordem corporal e so-
ficativo em sua rotina de vida e em sua história. cioestrutural. Alguns segurados ressaltam, ainda,
Os segurados entrevistados expressam dife- a necessidade da escuta das pessoas com defici-
rentes processos de politização da deficiência. O ência por parte dos gestores e dos elaboradores
que é comum entre aqueles que se identificam dos instrumentos de avaliação do INSS. Um dos
como pessoas com deficiência é o reconhecimen- argumentos é de que o instrumento também
to histórico, social e político de que viveram histó- precisa levar em consideração a expectativa das
rias singulares em função da interação entre seus pessoas com deficiência.
impedimentos corporais e as estruturas sociais O segundo grupo de segurados busca a apo-
pouco propícias para o pleno desenvolvimento. sentadoria por diferentes razões. O que eles têm
Este reconhecimento ou releitura de realidade em comum é o fato de não construírem um dis-
de pessoa com deficiência traz consigo maior curso específico sobre a deficiência, inserindo-a
confiança na busca pelos direitos. Não apenas as em um conjunto de sofrimentos que os levaram
pessoas buscam pela aposentadoria especial, mas à busca pela LC 142/2013. Os segurados não se
também reforçam que este benefício é um direito definem, necessariamente, como pessoas com de-
adquirido por aquelas com deficiência. ficiência e, assim, apresentam relações com a Lei
Os segurados que fazem parte do grupo que e com o IFBrA distintas daquela dos sujeitos que
vivencia ou vivenciou o processo de politização vivenciaram a politização da deficiência.
3024
Pereira EL, Barbosa L

As narrativas usadas pelos segurados deste Conclusão


grupo são compostas por sofrimentos que fazem
com que a busca pela aposentadoria seja neces- As reflexões aqui apresentadas trazem questões
sária. A necessidade se dá pela impossibilidade sobre as formas como peritos médicos, assis-
de continuar a exercer as tarefas pelas quais eram tentes sociais e segurados do INSS que se can-
responsáveis no dia a dia. A busca pela aposen- didataram a aposentadoria e foram avaliados
tadoria é posta como um caminho inevitável em segundo o IFBrA utilizam o instrumento e/ou o
função das condições de saúde, que, na sua gran- percebem na interação. Tais reflexões fazem parte
de maioria, são relatadas como tendo pioras su- de um movimento maior de validação e preten-
cessivas ao longo do tempo, chegando a estados dem contribuir para reflexões globais sobre a LC
incontroláveis. 142/2013 e seus impactos na sociedade brasileira.
Esse é outro ponto comum dos segurados Os resultados da pesquisa mostram uma
que fazem parte desse grupo: eles não elaboram tensão constante entre o conceito de deficiência
uma distinção evidente entre deficiência e doen- dos profissionais e das pessoas com deficiência e
ça. Em diferentes narrativas podemos perceber o conceito que compreendem ser operacionali-
um vínculo estabelecido pelos segurados entre as zado pela Lei. De um lado, temos um conjunto
dificuldades vividas em função de determinada de elementos que estão dispostos nas normativas
patologia e as limitações em seu corpo e no de- oficiais. Por outro, temos profissionais instru-
sempenho de suas atividades. Da mesma forma, mentalizando esses conceitos e temos pessoas se
esses são os casos que desafiam as avaliações clás- apropriando de diferentes concepções e fazendo
sicas sobre deficiência. Eles não acionam para a uso em contextos particulares e diversos.
reflexão apenas os tipos mais comuns de defici- Foram identificadas dificuldades e desafios
ência (física, auditiva, sensorial, visual, etc.), mas na instrumentalização dos conceitos trazidos
trabalham com outros impedimentos corporais pela Convenção por meio do IFBrA. Os assisten-
que também podem causar restrição de partici- tes sociais e os peritos médicos relataram dificul-
pação, como as doenças crônicas27. Falamos aqui, dades variadas na utilização do instrumento e os
por exemplo, dos segurados que buscavam a segurados que foram em busca dos seus direitos
aposentadoria da LC 142 em função de hérnia de fazem uso de uma complexidade de formas de
disco, mal de Parkinson, HIV ou diferentes tipos expressão da deficiência que, muitas vezes, não é
de cânceres. captada na avaliação social ou na perícia médica.
Entretanto, mesmo buscando a Lei Comple- O contexto da aplicação do IFBrA apareceu
mentar, esses segurados não se nomeiam ou não como um elemento importante e que poderá ser
referem a si mesmos como pessoas com defici- melhor explorado futuramente. Os tempos e as
ência. A deficiência aparece como um fenômeno rotinas do INSS, bem como as diversas demandas
corporal que prejudica o desempenho de suas a que os profissionais são submetidos, produzem
atividades e não como um conceito chave para impacto na aplicação do instrumento e na con-
a compreensão de suas experiências vividas e/ou sequente assimilação de alguns de seus objetivos.
de suas mudanças de rotina. E mais, os segura- Os segurados, por sua vez, vivenciam situações
dos fazem uso de narrativas que apontam para diversas que também são consequências do con-
os problemas ocasionados por esta questões es- texto no qual o IFBrA é aplicado.
pecialmente na esfera do trabalho. Geralmente, Outra questão particularmente relevante que
as histórias contadas neste sentido são pontua- emergiu com os dados da pesquisa foi a impor-
das no tempo: a partir de um evento específico, tância das experiências pessoais das pessoas com
o sofrimento começou a imperar e exigiu que deficiência e da formação dos profissionais para
alternativas financeiras ao trabalho que estava as definições de deficiência. As formas como os
sendo realizado fossem procuradas. Por esse mo- diferentes sujeitos se posicionam sobre o IFBrA
tivo, nem sempre fenômenos de tempos passados e sobre a LC 142/2013 são influenciadas pelo
e distantes temporalmente são levados em con- conjunto de informações ou vivências trazidas
sideração pelos segurados. O que está em jogo, em histórias particulares. Esse é outro ponto que
segundo esse conjunto de segurados, são os fenô- pode ter impacto na aplicação e aceitabilidade do
menos que aconteceram que dificultam o exercí- instrumento.
cio o trabalho.
3025

Ciência & Saúde Coletiva, 21(10):3017-3026, 2016


O terceiro ponto, que parece ser um dos cen-
trais para o presente artigo, diz respeito à difi-
culdade na instrumentalização do conceito de
deficiência. Em grande medida, essa dificuldade
se dá em função das experiências e expectativas
diferenciadas que cada sujeito carrega quando
da reflexão sobre deficiência. Em outro sentido,
pode ser pensada também como consequência da
disputa conceitual em voga, que pondera entre
pelo menos dois modelos concorrentes e, muitas
vezes, antagônicos.

Colaboradores

EL Pereira e L Barbosa participaram igualmente


da coleta e sistematização dos dados e da redação
do artigo.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos professores Daniela


da Silva Rodrigues, Heleno Rodrigues Corrêa
Filho, Edgar Merchan-Hamman, Maria da Gra-
ça Höefel e William Rosa Souza e aos estudantes
que auxiliaram na pesquisa de campo: Ana Paula
do Nascimento Barros, Gisele Boaventura, Felipe
Xavier, Ana Carolina Castro da Cunha, Camila
Nogueira, Ellen Furtado e João Armando Alves.
Por fim, agradecem o financiamento da pesquisa
pelo Ministério da Previdência Social e a Funda-
ção de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal.
3026
Pereira EL, Barbosa L

Referências

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Regulamenta o § 1º do art. 201 da Constituição Fede- Regulamenta o benefício de prestação continuada da
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ência segurada do Regime Geral de Previdência Social idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro
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