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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

NIEGE LUISA DE OLIVEIRA

TÉCNICA PARA ABREVIAR A DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA NO


PROCESSO DE COMPOSTAGEM.

Palmas – Paraná
2019
NIEGE LUISA DE OLIVEIRA

TÉCNICA PARA ABREVIAR A DEGRADAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA NO


PROCESSO DE COMPOSTAGEM

Monografia exposta ao Curso Superior de Licenciatura em


Ciências Biológicas do Instituto Federal do Paraná – Campus
Palmas, como requisito parcial para obtenção do título de
Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientadora: Professora. Dra. Mariana Da Silva Azevedo


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao criador, pela oportunidade inigualável de viver, e


de me proporcionar cada dia mais discernimento para enfrentar os desafios da vida
e aprender com eles.
Aos meus pais, pelo incentivo e amor incondicional, por me criarem para ser
um ser ímpar e significante na vida de outras pessoas.
Ao Bhrendon, pelo amor e companheirismo dedicados a mim, do início à
concretização de cada fase da Licenciatura em Ciências Biológicas, e da vida.
Ao Instituto Federal do Paraná – Campus Palmas, pelas experiências de
valor incomparável.
Aos professores desta Instituição, que desempenham seu papel com
extrema qualidade, profissionalismo e excelência, transpondo o melhor de si para
formação de novos docentes do curso.
Aos responsáveis pelo Colégio Estadual Monsenhor Eduardo, especialmente
Diretores e Pedagogas, por abrirem as portas a mim, no período de estágio, me
dando a oportunidade de ressignificar à minha forma o ensino de Ciências e Biologia,
no Período de Estágio.
As Professoras Regina e Márcia, supervisoras do meu estágio, que me
fizeram amadurecer de forma significativa, demonstrando valores que devo ou não
seguir como Docente de Ciências Biológicas.
A Professora Verginia Andriola, que durante todo o período de minha
formação, como acadêmica de Ciências Biológicas, coordenou, lecionou e auxiliou
de forma única colaborando para que chegasse grandiosamente a conclusão dos
estágios e curso.
A professora Mariana Azevedo, corresponsável para concretização do
Trabalho de Conclusão de Curso e por todo apoio e conhecimento exposto de forma
expressiva a mim.
Aos colegas de aula, que durante estes cinco anos, me proporcionaram
experiências apreciáveis no processo de ensino pessoal e profissional, dos quais em
específico lembrarei das amizades aqui formadas e de grande importância, Elidiane
Deufrazio e Ana Cristina Tesseroli.
Aos demais, que de alguma forma fizeram parte da concretização desse
sonho de forma indireta ou direta e que aqui não foram citadas.
RESUMO
A compostagem é um dos processos utilizados para o aproveitamento total da
matéria orgânica consumida pelos seres humanos, a qual pode ser executada de
maneiras diferentes, obtendo o mesmo desfecho: a degradação total dos resíduos
orgânicos e sua posterior transformação em adubo e biofertilizante. O crescente
aumento da população nas últimas décadas proporciona, consequentemente, maior
demanda da produção alimentícia. Portanto, pode-se presumir que o acúmulo de
matéria orgânica em lixões e aterros sanitários cresce na mesma proporção,
chegando a compor-se de até 60% (sessenta por cento) do total de lixo no Brasil. A
proposta principal deste trabalho é abreviar a degradação da matéria orgânica no
uso da compostagem doméstica que, atualmente, é positivamente difundida devido
à preocupação ambiental que abrange uma parcela da população. Este processo é
possível através da trituração de alguns alimentos sólidos que são destinados ao
descarte, podendo diminuir o seu período de decomposição completa.

Palavras-chave: Minhocário; Resíduo Orgânico; Composteira Doméstica;


Biofertilizante; Vermicompostagem;
ABSTRACT

Composting is one process used for the full use of organic matter consumed by
humans, which can be performed in different ways, achieving the same outcome: the
total degradation of organic waste and its subsequent transformation into fertilizer
and bio-fertilizer. The population increase in the last decades and consequently
provides a greater demand for food production. Therefore, it can be assumed that the
accumulation of organic matter in dumps and landfills grows in the same proportion,
reaching up to 60% (sixty percent) of the total waste in Brazil. The aim of this work is
to abbreviate the degradation of organic matter in using domestic compost, which is
positively widespread for the environmental concern that covers a portion of the
population. This process is possible through the crushing of some solid foods that are
destined for disposal and may shorten their complete decomposition period.

Keywords: Earthworm; Organic waste; Domestic Composer; Biofertilizer;


Vermicomposting;
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
PROBLEMA .............................................................................................................................. 3
HIPÓTESE ................................................................................................................................. 4
JUSTIFICATIVA ....................................................................................................................... 5
OBJETIVOS ............................................................................................................................... 7
OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 7
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 7
MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................................ 8
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................... 13
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 25
INTRODUÇÃO
A compostagem é um processo natural no qual decompõe-se a matéria
orgânica, seja ela de origem animal, vegetal ou industrial, como definido pelas
ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas:
Essa ação é efetuada por organismos diversificados em aerobiose e outros
parâmetros, a qual é posteriormente, caso ocorra de forma correta, promove
a “reciclagem” ou também chamada digestão de todo material depositado,
transformadando-o em adubo. (NBR 13.951, mar.96)

De acordo com Max Gimenez Ribeiro (2012, p.70) “a compostagem leva


de 9 a 16 semanas, dependendo do material orgânico utilizado, das condições
ambientais (no verão é mais rápido) e do cuidado no revolvimento constante e
uniforme da leira.” Isso significa que em condições de temperatura entre 40 e 60ºC e
ambiente favorável, o processo de compostagem demorará cerca de dois a quatro
meses (RIBEIRO et al., 2012).
No método tradicional de compostagem com minhocas, conhecido
também como vermicompostagem, são inseridos na terra alimentos (resíduos
orgânicos), inteiros ou divididos em metades. Com o auxílio de minhocas, fungos e
bactérias, esses resíduos são degradados após serem cobertos com matéria seca,
tais como, folhas e cascas de árvore. Como resultado do processo de degradação é
gerado o biofertilizante líquido e o abudo orgânico.
“O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia, onde 76% são
depositados a céu aberto, em lixões, 13% são depositados em aterros
controlados, 10% em usinas de reciclagem e 0,1% são incinerados. Do total
do lixo urbano, 60% é composto por resíduos orgânicos que podem se
transformar em excelentes fontes de nutrientes para as plantas. (OLIVEIRA,
AQUINO E CASTRO NETO, 2005 p.1)

Se respeitarmos a pesquisa definida e defendida por Mavropoulos (2015 p.5 ),


a qual nos alerta quanto aos riscos à saúde humana, causados pela exposição a lixo
em lixões e aterros, a estimativa é que no período de 2005 a 2025, em todo o mundo,
os restos de alimentos aumentem até 44%, aumentando de 8 a 10%, comparado
aos dias atuais. Quando analisamos estes fatos e a forma como é tratada a gestão
desses resíduos, ressalta-se a importância das consequências negativas dessa
deposição a longo prazo.
Sabendo-se disso, é preciso começar a agir buscando a destinação correta
e eficaz desses insumos. Entre os efeitos da má destinação do lixo doméstico
podem ser destacados o acúmulo de resíduos inorgânicos e, principalmente,

1
orgânicos, relacionados também com o desperdício alimentar em aterros sanitários e
lixões. Esses resíduos contribuem para a proliferação de animais vetores e para a
propagação de doenças, riscos de contaminação humana, do solo, ar e leitos de
água.
Além disso, há a probabilidade de os lixões conterem compostos altamente
perigosos resultantes da produção industrial, por exemplo, chumbo e
amianto. Estudos epidemiológicos constataram que duas consequências
importantes sobre a saúde – câncer e malformações congênitas – estão
estatisticamente associadas à exposição aos resíduos nos lixões.
(MAVROPOULOS, A. 2015 p.43)

Destaca-se também que são necessárias grandes áreas para que se


consiga “acomodar” todos os tipos de resíduos produzidos pelas populações. Por
outro lado, esses locais poderiam ser mais bem aproveitados para outros fins, já que
segundo dados disponibilizados pela ABRALPE (2015), dos lixões mundialmente
distribuídos, grande parte estão a menos de 10 km de recursos naturais e
assentamentos.
Dos fatores positivos para que a compostagem fosse aderida como
processo de “eliminação” do lixo orgânico doméstico, pode-se evidenciar que em
uma escala menor de tempo, o acúmulo de resíduos nos aterros e lixões poderia ser
reduzido de forma considerável, além das subsequentes diminuições dos riscos de
contaminações, eliminação do mal cheiro e da fonte de alimento dos animais vetores
doenças. Contribuindo positivamente, para a melhor manutenção ambiental.
O trabalho aqui descrito tem como propósito principal averiguar o efeito
do aumento da superfície de contato, entre a matéria orgânica, a terra e as
minhocas, através da redução do tamanho dos resíduos orgânicos. Este objetivo
parte da premissa de que, quanto maior a superfície de contato maior a absorção e
menor o tempo para a degradação dos resíduos. Para isto, criou-se a hipótese de
que a trituração do composto, transformando-o em um produto pastoso, quase
líquido, reduziria o tempo necessário para a degradação da matéria orgânica.

2
PROBLEMA
O risco eminente a saúde relacionado aos despejos de materiais em lixões e
aterros sanitários, representa um dos problemas nessa pesquisa.
O primeiro e mais óbvio problema de o lixo orgânico ser mandado
diretamente para aterros sanitários ou lixões é que ele atrai animais vetores
de doenças. Atraí-los para os lixões e alimentá-los ameaça a nossa saúde!
(Chiabi L. 2017).

Não somente os vetores, mas também a poluição e contaminação do ar, do


solo, dos rios e do afluentes tornam-se consequências inevitáveis nesses locais e
nos arredores. Outro fator relevante é a geração do chorume, líquido extremamente
tóxico de odor desagradável, produzido através da deposição e decomposição de
matérias, rejeitos sólidos e água. “Nestes ambientes, o chorume polui o solo em que
está diretamente em contato e, ao infiltrar-se neste, pode alcançar lençóis freáticos e
poluir as águas.” (Queiroz T, 2010).
Além destes, ainda deve-se ressaltar que com o aumento exponencial da
população mundial, há o aumento da necessidade de produção de alimentos para
manter a sociedade, e, consequentemente, também ocorre a maior deposição de
resíduos nos locais de descarte. Ou seja, quanto maior a produção de alimentos,
maior a geração de resíduos orgânicos e maior o acúmulo destes.
Completando os anteriores, é preciso atentar-se também ao desperdício
alimentar, praticado tanto de forma individual, em casa, quanto de forma ‘coletiva’
nos setores alimentícios, estando então, diretamente relacionado a quantidade de
descarte orgânico que chega aos aterros e lixões. Como citado por Queiroz (2010),
cerca de 60% dos resíduos orgânicos é resultante do desperdício praticado
diariamente.

3
HIPÓTESE

A alta proporção em que se vê a deposição de resíduos orgânicos em locais


impróprios para descarte leva a indagação de se não haveria uma forma mais
prática e acelerada para a destinação desse material, buscando causar impactos
ambientais menos abrasivos e permanentes.
Diminuir o tempo de degradação ou digestão da matéria orgânica através da
trituração dela é o que fundamenta este trabalho. Pois, obtendo-se sucesso,
poderão ser promovidas campanhas para a conscientização social, elevando-se a
preocupação sobre a sobrecarga promovida pelo descarte, não somente incorreto,
mas também excessivo no ambiente. Conjuntamente, explanar sobre as possíveis
formas de se diminuir a poluição ambiental, nos diferentes parâmetros (ar, solo,
água).
Visto que já é reconhecida a eficácia em diminuir o tamanho do material para
decomposição, como cita Monteiro (2016), em que mais fácil será a degradação
pelos agentes decompositores, quanto menores forem os pedaços, reduzir ainda
mais seu tamanho, tornando-o pastoso, pode resultar em um processo ainda mais
ágil.
Além disso, pode-se através da aplicação da técnica proposta, fechar o ciclo
dos resíduos sólidos alimentares mais rapidamente, diminuindo expressivamente o
tempo necessário para digestão da matéria orgânica. Correlacionado a isto, pode-se
propor a viabilidade no processo de compostagem e a contribuição favorável do
projeto para a instalação deste em usinas de compostagem. Ainda assim, incentivar
a utilização da proposta para aqueles resíduos orgânicos destinados a aterros
sanitários, aumentando a ‘vida útil’ e melhor aproveitamento do espaço destinado ao
descarte.

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JUSTIFICATIVA

O impacto gerado devido à alta produção alimentícia para suprir o


crescimento populacional, e, em contrapartida, o exagerado desperdício, são fatores
intrigantes e de certa forma assustadores. Vê-se o tamanho desequilíbrio causado
levando-se em consideração e comparando-se, principalmente, a disparidade na
distribuição de alimentos pelo mundo e a quantidade de alimentos que são
desperdiçados.
A preocupação com o destino ambiental mundial impulsionado pelo aumento
dos desastres ambientais atuais, provocados pelo ser humano, como por exemplo:
“O oceano de plástico”, é algo que afeta uma parcela significativa da população.
Entretanto, seria preciso que mais atitudes sustentáveis se concluíssem,
implementando à cultura social menor geração de resíduos, e, consequentemente,
menor desperdício. Além disso, são necessárias políticas positivas quanto a
reciclagem a nível global, consumo consciente, dentre outras atitudes.
Definitivamente, promover ações para fechar os ciclos das matérias de
forma a aproveitar 100% do seu potencial, assim como ocorre de forma pura na
natureza, são necessárias e substanciais para a manutenção da vida na Terra, mas,
sabe-se que não é o que ocorre atualmente. Em resposta ao estilo de vida
estabelecido na sociedade atual, o ser humano de modo geral tem explorado seu
habitat sem ponderar as consequências, gerando danos ao ambiente e a longo
prazo a seu bem-estar, podendo sofrer ainda mais com os resultados de suas ações
futuramente.
Dentre as metas Ambientais da Secretária do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos -SEMA, para Resíduos Vegetais do Estado do Paraná está descrito o
interesse em: “Desenvolver Processos de Compostagem em parceria com
Universidades e afins, visando o aprimoramento das tecnologias, revertendo seu uso
em locais apropriados dentro do próprio município”, pois sabe-se que o prejuízo é
não somente ambiental, mas também econômico.
Este trabalho refere-se ao fechamento do ciclo da matéria orgânica através
da abreviação da sua decomposição, em uma composteira doméstica. Permitindo

5
assim, a diminuição de forma expressiva da quantidade de resíduo orgânico
despejado nos aterros e lixões.
Por todas as razões delimitadas acima, prevê-se a necessidade em pesquisar,
aprofundar e incentivar estudos como este, para melhorar a destinação e o
aproveitamento dos resíduos orgânicos.

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OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL

Propõe-se verificar se após a trituração, ou seja, aumento da superfície


de contato entre a matéria orgânica, o substrato e os micro-organismos, diminui-se o
tempo para total decomposição, quando comparado a forma tradicional de
compostagem, na qual os alimentos são expostos em seu tamanho ‘natural’.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para alcançar o objetivo geral descrito acima, busca-se atingir os seguintes objetivos
específicos:
• Construção de seis composteiras para análise do tempo de degradação da
matéria orgânica, onde cada trio de composteiras conterá alimentos em
tamanhos diferentes da sua forma não processada previamente;
• Análise e diferenciação dos dias necessários para a conclusão da
decomposição dos alimentos em cada trio de composteiras.

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MATERIAL E MÉTODOS
As composteiras estavam situadas no município de Palmas no estado do
Paraná, Brasil (Figura 1). Por este critério, deve-se analisar que a temperatura média
anual é particular (Figura 2) e pode afetar a degradação da matéria orgânica, pois é
preferível ambientes mais quentes para o favorecimento da degradação dos
resíduos, como citado anteriormente por Max Gimenez (2012). Além disso, as
composteiras foram dispostas em local com pouca iluminação, para que assim como
de forma orgânica, as minhocas fiquem no escuro, simulando seu habitat, o solo,
para que não interferisse no processo de compostagem.

Figura 1 - Localização de Palmas – PR – Brasil. Disponível em:


(https://pt.wikipedia.org/wiki/Palmas_(Paran%C3%A1)#/media/Ficheiro:Parana_Municip_Palmas.svg.)

Figura 2 - Dados Climatológicos para Palmas disponível em: https://pt.climate-data.org/america-do-


sul/brasil/parana/palmas-43639.

Inicialmente, para a elaboração do projeto, utilizou-se para a confecção


das composteiras, dezoito caixas retangulares, medindo 20 cm x 25 cm x 15 cm,

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apresentando capacidade de 5L, com tampas. Posteriormente, estas caixas foram
separadas em trios, compondo então seis composteiras. Em doze dessas dezoito
caixas foram feitos furos em sua base, com auxílio de furadeira e broca número seis
(6), para permitir o deslocamento das minhocas entre os solos e escoamento do
líquido produzido. Na parte superior das laterais de cada caixa, também foram feitos
furos para entrada e saída de gases.
Nas seis caixas que compuseram a base do minhocário, foi feito um furo
em cada, em uma das laterais da caixa, visando a colocação da torneira pela qual
escorre o líquido liberado após a decomposição do material orgânico (biofertilizante).
Essas caixas foram então denominadas como caixas coletoras. As tampas das
caixas digestoras superiores permaneceram sem alteração, já as das caixas
intermediárias e coletoras foram cortadas no centro, deixando somente as laterais,
para que sirvam apenas de apoio/encaixe para empilhar as caixas formando o trio.
Após a confecção, as caixas ficaram empilhadas em trios, compondo os
minhocários, como representado na Figura 3. Para suprir a capacidade das caixas
digestoras, um total 130 (cento e trinta) minhocas foram acomodas em cada
composteira. Além disso, foi inserido húmus de minhoca, serragem e substrato para
plantas. As caixas coletoras são necessárias apenas para a obtenção do
biofetilizante.

Figura 3 - Esquema representativo de uma composteira. (Disponível em:


https://www.homify.com.br/foto/1731666).

Após confeccionados, os trios de caixas foram previamente separados e


numerados de um a seis em suas laterais, para facilitar a identificação e posterior

9
adição dos compostos vegetais, de acordo com seus tamanhos em ordem
decrescente, como descrito abaixo:
• Composteira 1: alimentos com mais de 6 cm;
• Composteira 2: alimentos de 5 a 6 cm;
• Composteira 3: alimentos de 4 a 5 cm;
• Composteira 4: alimentos de 3 a 4 cm;
• Composteira 5: alimentos de 2 a 3 cm;
• Composteira 6: alimentos triturados no liquidificador;
Assim, no trio de caixas enumeradas com um (1), foram inseridos
alimentos em seu tamanho natural e, nas demais caixas, gradativamente, houve a
redução dos tamanhos dos resíduos até o trio de caixas seis (6), o qual eram
inseridos somente os compostos pastosos, gerados após trituração.
Para a ativação da composteira foram usados 4,800 kg de solo, divididos
e distribuídos nas seis caixas digestoras superiores, totalizando em cada uma delas,
800 g de solo. Misturadas a este, foram inclusas 130 minhocas californianas
vermelhas por caixa, e acima dessa junção foram depositados cerca de 2 cm de
serragem limpa, para que promovesse a proteção e evitasse o aumento da umidade
na. As análises ocorreram entre os meses de abril e outubro de 2019, totalizando
seis meses.
A colocação de resíduos alimentares começou após o terceiro dia, tempo
destinado para adaptação das minhocas no novo ambiente. Para pesagem e
agregação dos resíduos orgânicos nas caixas digestoras, foram feitas medições
feitas com auxílio de uma régua. Além das medições entre os alimentos descartados,
também foram aferidos a quantidade em quilogramas (kg) (Tabela 1), utilizando
balança digital, a cada inserção nas caixas.
Já para a trituração dos alimentos, foi utilizado o liquidificador
convencional. Neste, eram adicionados os alimentos destinados ao descarte
previamente pesados (Tabela 1), adicionando-se 100 ml de água potável para
auxiliar na movimentação da hélice e, consequentemente, na melhor maceração do
produto, em todas as inserções somente do trio de caixas (6).
Para o uso e manutenção das composteiras foram necessários luvas,
ferramentas de jardim e peneira, todos os citados anteriormente, responsáveis por

10
separar as minhocas e alguns materiais orgânicos ainda não digeridos do substrato.
Todas as vezes que foram inseridos novos alimentos nas caixas digestoras, também
houve a deposição de serragem natural, para que funcionasse como matéria seca,
contribuindo ao não aumento da umidade e desbalanceamento do pH do minhocário.

Tabela 1: Pesagem de Matéria Orgânica nas composteiras – Abril a Outubro 2019.


PESAGEM DA MATÉRIA ORGÂNICA INSERIDA NAS COMPOSTEIRAS
– ABRIL À OUTUBRO 2019
DATA COMP. 1 COMP.2 COMP.3 COMP.4 COMP.5 COMP.6
03 abril 215 g 215 g 215 g 215 g 215 g 215 g
24 abril 350 g 350 g 350 g 350 g 350 g 350 g
15 maio 280 g 280 g 280 g 280 g 280 g 280 g
05 junho 195 g 195 g 195 g 195 g 195 g 195 g
26 junho 310 g 310 g 310 g 310 g 310 g 310 g
17 julho 300 g 300 g 300 g 300 g 300 g 300 g
07 agosto 360 g 360 g 360 g 360 g 360 g 360 g
28 agosto 245 g 245 g 245 g 245 g 245 g 245 g
18 setembro 290 g 290 g 290 g 290 g 290 g 290 g
09 outubro 280 g 280 g 280 g 280 g 280 g 280 g

A cada quadro semanas, promovia-se o revolvimento do composto


orgânico em processo de maturação e minhocas entre caixas digestoras, o qual
consiste basicamente na movimentação da terra, misturando os resíduos, o
substrato e a serragem. Esse fator é necessário para que haja a degradação total da
matéria orgânica, pois promove a oxigenação.
Conjuntamente ao processo anterior, eram inseridos nas caixas
superiores de todos os trios de composteiras, tanto os resíduos orgânicos da nova
pesagem, quantos os peneirados. Nas caixas intermediárias, encontrava-se
somente o substrato resultante da digestão das minhocas – húmus de minhoca. Ao
fim do primeiro mês de atividade do minhocário, com o processo de aeração, as
minhocas e os restos dos resíduos orgânicos foram separados para a caixa

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digestora superior, deixando assim parte do húmus produzido na caixa do meio, do
trio.
Dos resíduos orgânicos destinados ao descarte, utilizou-se somente
cascas de frutas e verduras, filtro de passar café, casca de ovos, talos e raízes de
vegetais. Não foram utilizadas as cascas de alimentos cítricos, alimentos cozidos ou
temperados e sementes, os quais podem contribuir negativamente para a conclusão
da digestão dos resíduos, uma vez que alteram as circunstâncias essenciais para
manutenção da composteira.
Para a conclusão do projeto foram feitas análises, através da comparação
entre a quantidade de resíduos inseridos e a quantidade “digerida” (visível a olho nú).
Para essa classificação, houve a peneiração dos resíduos e pesagem, entre as
inserções. Outra análise promovida foi a contagem de minhocas, comparando a
quantidade inserida no início do trabalho e a quantidade encontrada no final da
pesquisa. Quanto a produção de biofertilizante, esta foi medida em mililitros.

12
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A compostagem, como cita o Ministério do Meio Ambiente (2016), é uma das
atividades que podem ser utilizadas para a manutenção ecológica ambiental. É uma
proposta que tem como objetivo, recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos
descartados e levá-los de volta ao ciclo natural, fechando o próprio ciclo da matéria,
tornando-se opção por exemplo, para o enriquecendo do solo na agricultura.
“No Brasil, 60% da composição dos resíduos é matéria orgânica passível de
reciclagem por meio do processo de compostagem, um método simplificado e sem
custos elevados para o seu tratamento sanitariamente adequado.” (Ministério do
Meio Ambiente, 2016). Fazendo inferência a este dado, ter mais que a metade em
porcentagem dos descartes orgânicos promovidos pelos indivíduos, revela a alta
capacidade de adesão do projeto proposto pois o insumo necessário, é exorbitante.
“O processo de compostagem aeróbica (na presença de O 2) é preferido em
relação ao anaeróbico, atualmente utilizado em lixões e aterros sanitários, pois
reduz consideravelmente a emissão de gás metano no ambiente […]”. (Cardoso.
2016, p.27). Sendo assim o uso da compostagem, seja ela a nível empresarial em
pátios de compostagem, ou seja, de uso doméstico, é considerado válido, viável e
vantajoso.
Em contrapartida, é preciso manifestar a preocupação relacionada a fatores
que agem de forma negativa quanto a saúde pública do país, por exemplo: o
aumento do índice de proliferação de animais vetores de doenças aos seres
humanos que está diretamente relacionado aos acúmulos provocados pelo descarte
incorreto do lixo nas cidades. Nessas circunstâncias, promovem condições
extremamente favoráveis, com refúgio, alimento e manutenção da vida dos vetores,
hospedeiros de doenças consideradas graves ao ser humano, além até mesmo:
[...]entre eles a própria compostagem tradicional (a céu aberto) que
necessita de grandes espaços físicos, longo tempo para obtenção do
produto final, necessidade de revolvimento do material, tratamento do
chorume, dentre outras desvantagens. (PIRES, A. B. 2011 p.57)

Outro fator negativo consequente da atual situação de deposição incorreta


do lixo, é o chorume que é responsável pela contaminação do solo, leitos e
mananciais de água:

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O chorume pode conter altas concentrações de sólidos suspensos, metais
pesados, compostos orgânicos originados da degradação de substâncias
que facilmente são metabolizadas como carboidratos, proteínas e gorduras.
(SERAFIM et.al, 2003 p.2)
Entretanto, existem inúmeras formas passíveis de se promover a
consolidação da economia circular da matéria orgânica, visando em todas elas o
aproveitamento em 100% (cem por cento) do resíduo discriminado,

Dois processos para a estabilização de materiais orgânicos, que


visam sua posterior disposição agrícola, são mundialmente conhecidos e
utilizados: a compostagem, realizada exclusivamente por microrganismos, e
a vermicompostagem, realizada por uma simbiose entre minhocas e
microrganismos que vivem em seu trato digestivo. (SILVA, P.R.D.,2013 p.1)

Mas para uma concreta mudança e real diminuição de descartes dos


resíduos, torna-se substancial que haja uma mobilização total da sociedade,
estimulando a correta destinação, seja orgânico ou inorgânica, como dito na Lei nº
12.305/10, da Política Nacional de Resíduos Sólidos:
“Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos
fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares
de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa
dos resíduos e embalagens pós-consumo e pós-consumo.” (Lei:12.305/10,
PNRS)

Contudo, é conveniente que unido a esta nova postura, também se adote a


consciência da promoção da economia circular, que visa fechar ciclos de todas as
matérias. “Assim, a economia circular divide dois grupos de materiais, os biológicos,
que são desenhados para reinserção na natureza e os técnicos, que exigem
investimento em inovação para serem desmontados e recuperados.” (Azevedo,2015
p.2)
Aliado a este, é preciso incentivar também o consumo adequado e a prática
de menos desperdícios uma vez que, o acúmulo evidenciado no presente trabalho
está também diretamente relacionado a esta causa. Destaca-se também que ao
longo dos anos, com o avanço da tecnologia e globalização geradas pelo crescente
aumento da população, maior é a necessidade de produção de alimentos para
suprimi-los, induzindo a maior acúmulo de resíduos.
O desperdício de alimento não se resume apenas ao uso ineficiente dos
serviços de ecossistema e dos recursos em combustíveis fósseis usados
em sua produção, mas igualmente contribui significativamente para o efeito
estufa ao chegar aos aterros sanitários. (Revista Cidadania e Meio
Ambiente.2009 p. 9)

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Associado aos cidadãos, de maneira geral, o estado também deve
encarregar-se de fazer a devida acomodação e direcionamento dos resíduos, como
prevê a Lei n°12.305/2010- Art 3º/VII, que trata da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), propiciando então:
Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que
inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o
aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos
competentes[...]; (Brasil, 2010).
Abordando também outro aspecto voltado para uma questão importante,
relacionada ao impacto na saúde populacional levando em consideração o uso de
adubos sintéticos, o biofertilizante resultante da compostagem que pode ser,
doméstica, alia-se de forma favorável:
Diferentemente dos adubos sintéticos (tipo NPK) que são industrializados a
partir de derivados de petróleo, o uso agrícola do composto orgânico não
ocasiona prejuízos ambientais, não queima as plantas e não intoxica o solo,
mesmo se usado em quantidade e concentração maior do que a ideal. [...],
proporcionando ao mesmo tempo a restauração dos solos e produção
abundante em cada residência, de frutas, verduras, legumes e hortaliças
orgânicas, saudáveis, livres de agrotóxicos. (MONTEIRO J.A.V. 2016 p.3).

Entre as Metas Ambientais da SEMA (Secretária Estadual do Meio Ambiente


-Paraná) para Resíduos Vegetais, está: “Implementar Programas visando estimular a
população a reativar a prática da adubação orgânica e a vermicompostagem nos
pequenos municípios paranaenses.” desenvolvendo dessa forma, o incentivo para
melhor aproveitamento da matéria. E ainda ressalta:
“Embora a minhoca seja frágil, ela pode remover material (terra) em
quantidade de até 60 vezes o seu próprio peso. Esse movimento torna o
solo mais poroso, permeável, macio, arejado, solto e leve, e melhora
fisicamente a sua estrutura e a sua composição, tornando mais fácil o seu
manejo para cultivo.” (SEMA, ago 2019).
Optada por consolidar o projeto, foram usadas as Minhocas Californianas
Vermelhas,
Uma das minhocas mais recomendadas para reciclagem de lixo orgânico
são as Eisenia Andrei conhecidas como Minhocas Californianas (vermelhas),
porém existem outras espécies que se adaptam bem no lixo orgânico que
são as Eudrillus Eugeniae conhecida como Africanas Gigantes e a Perionyx
excavatus conhecida com Violeta do Himalaia.(Fernandes, et.al, 2018 p.12)
Levando em consideração o fato de que para que este projeto alie-se a
sustentabilidade, é preciso que o lado Social, Ambiental e Econômico estejam
emparelhados, e pensando no lado econômico é fundamental ressaltar que, existe
uma ampla demanda para compra dos produtos resultantes da compostagem com
minhocas:

15
A comercialização do húmus é muito lucrativa para as empresas. A
preocupação com o meio ambiente e com o desenvolvimento sustentável
aumenta a procura por produtos ecologicamente correto. As organizações
que ofertam esses produtos estão se destacando no mercado.
(Vermicompostagem,2019)
Dados de pesquisa da Abralpe (2019), baseado na produção de lixo em
2018 o Brasil produz em média 79 millhões de toneladas de lixo, tornando o maior
gerador de lixo da América Latina, podendo chegar a 2030 a uma geração anual de
100 milhões de toneladas, originadas de dois fatores: aumento da população e uso
indiscriminado dos materiais.
Como apresentado pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano, é reconhecido que em países com gestão ambiental avançada, o
aproveitamento energético, promovido pela biodigestão dos resíduos sólidos é
empregado de forma expressiva. O que não acontece ainda no Brasil que:
No quesito tratamento, apesar da massa de resíduos sólidos urbanos
apresentar alto percentual de matéria orgânica, as experiências de
compostagem, no Brasil, são ainda incipientes. O resíduo orgânico, por não
ser coletado separadamente, acaba sendo encaminhado para disposição
final, gerando despesas que poderiam ser evitadas caso a matéria orgânica
fosse separada na fonte e encaminhada para um tratamento específico, por
exemplo, via compostagem (SRHU/MMA - Guia para elaboração dos
Planos de Gestão de Resíduos Sólidos,2011)
Apesar desses inúmeros dados, de acordo com o Ministério do Meio
Ambiente – Gestão de Resíduos Orgânicos, a reciclagem orgânica, corresponde
atualmente a menos de 2% dos resíduos sólidos urbanos, destinadas a
compostagem. Aproveitar este enorme potencial de nutrientes para devolver
fertilidade para os solos brasileiros está entre os maiores desafios para a
implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
No município de Palmas – Paraná existem empresas discriminadas para o
acolhimento e destinação correta do lixo urbano produzido na cidade, além disso,
conta-se com uma equipe de coletores de materiais recicláveis que também
colaboram para melhor destinação dos resíduos da cidade.
A geração média diária de Resíduos sólidos da Cidade de Palmas/PR
aumentou nos últimos 3 anos, de acordo com o Plano Municipal de
Resíduos sólidos urbanos em 2009 o peso médio diário de resíduos sólidos
urbanos era de 16,5 ton/dia e em 2012 o peso médio diário é de 17,43
ton/dia. […].O aterro sanitário possui capacidade para atendimento até o
ano de 2037, a partir desta data a solução será ampliar a área utilizada.
(RONQUIM, J. et.al. 2012 p.5).

16
O que fundamenta a elaboração desta pesquisa está diretamente
relacionado a granulometria (dimensão das partículas) destinada a composteira, pois
defende-se que possa interferir no processo de aceleração da decomposição dos
resíduos orgânicos.
A decomposição da matéria orgânica é um fenômeno microbiológico cuja
intensidade está relacionada à superfície específica do material a ser
compostado, sendo que quanto menor a granulometria, das partículas,
maior será a área que poderá ser atacada e digerida pelos microrganismos,
acelerando o processo de decomposição (Kiehl, 1985; Keener e Das, 1996;
Fernandes e Silva, 1999) (apud VALENTE, 1993, p. 94)
Outra pesquisa defendida quanto a aceleração no processo de
compostagem, adotando condições especiais, como, por exemplo, adição de
enzimas, aeração forçada e revolvimento mecânico, voltado para fins, de coletas
urbanas principalmente, revela praticidade quanto a adesão de projetos como este:

Diante de todo o exposto pode-se observar, através da revisão de estudos


realizados sobre o tema, que utilizando um processo como o de
compostagem acelerada, sem adição de qualquer produto poderá se
produzir um composto orgânico em até 40 dias, solucionando os problemas
gerados por outros tratamentos de resíduos sólidos urbanos,[...] (PIRES, A.
B. 2011 p.57)

Pode-se destacar também, que o uso da composteira doméstica pode ser


adotado nas residências dos cidadãos, também promovendo a contribuição para
fechar ciclos biológicos naturais, diminuindo relativamente o acúmulo em locais de
descarte, entretanto de forma individual, em cada casa, sendo de consumo próprio o
biofertilizante e o adubo consequente da vermicompostagem.

17
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Durante todo o período de análise não houve detecção de mal cheiro,


moscas e insetos, revelando que durante todo o tempo, o processo ocorreu de forma
correta, gerando o resultado esperado: produção de húmus e digestão completa da
matéria orgânica.
Nos três (3) primeiros meses de observação não foi observada a produção
de biofertilizante em nenhuma das composteiras. Acredita-se que este fato esteja
fortemente associado ao tamanho das composteiras, relacionando-o com a pequena
quantidade de matéria orgânica inserida e a temperatura do ambiente em que foram
mantidas, como já explicado por Max Gimenez Ribeiro (2012, p.70), o qual detalha
que a compostagem pode levar de 9 a 16 semanas, variando quanto aos materiais
orgânicos e das condições ambientais.
Foram catalogadas e inseridas nas composteiras, inicialmente, um total de
130 (cento e trinta) minhocas californianas vermelhas, para dar-se início a pesquisa,
para a conclusão do projeto foram novamente catalogadas como mostrado abaixo
(Tabela 2).

Tabela 2: Quantidade de Minhocas Californianas Catalogadas


-------------------------------- Quantidade de Minhocas
Trio de Composteiras 1 2 3 4 5 6
Inseridas em Abril 130 130 130 130 130 130
Catalogadas em Outubro 90 95 112 125 63 20

Na Tabela 2, representa-se a quantidade de minhocas inseridas no início da


pesquisa (abril) e a quantidade de minhocas catalogadas no fim das análises
(outubro). Dos dados apresentados, considera-se que dentre as possíveis causas do
decréscimo no número de minhocas, constatou-se que: nas caixas coletoras 1, 2 e 4,
um total de 12 minhocas durante todo o período de observação, vivas e assim que
descobertas foram ‘devolvidas’ para as caixas digestoras. Evento relativamente
normal, pois acontece devido a transição das minhocas entre as caixas que compõe
a composteira.
Das 110 (cento e dez) minhocas que não foram catalogadas ao final do
processo no trio de caixas seis (6), cerca de 48 foram encontradas fora da

18
composteira, no chão ao redor de onde foram colocadas (Figura 4). O mesmo
ocorreu com o trio cinco (5), entretanto, foram contabilizadas cerca de 22 minhocas
fora do minhocário. Além disso, notou-se a presença de lodo (Figura 5) nas laterais
do trio de caixas digestoras 5 e 6. A presença desse lodo se dá pelo o excesso de
umidade e consequentemente, pelo desbalanceamento do pH da composteira como
já estudado:
A umidade tem, portanto, juntamente com a aeração, o pH, a
relação C/N, a granulometria do material e as dimensões das leiras,
um efeito direto sobre o desenvolvimento de microrganismos e
indireto sobre a temperatura do processo de compostagem, sendo
que a considerada ótima varia em função do tipo de material a ser
compostado e do material celulósico utilizado.(VALENTE, et.al. p.58)

Figura 4 - Registro de umidade na composteira 6.

Outro fator que pode ter contribuído para que os trios de caixas digestoras 5
e 6 não tenham reagido da forma esperada é a granulometria dos resíduos, a qual
está relacionada ao aumento da umidade, como já citado anteriormente por
(VALENTE, et.al. p.58). Relacionada às possíveis mortes das minhocas pode estar a
necessidade de um maior número de inserções de resíduos orgânicos, em menor
intervalo de tempo, tendo em vista que a digestão do material orgânico tenha

19
ocorrido de forma tão rápida, a ponto de faltar material para suprimir a necessidade
das minhocas.

Figura 5 - Exemplo da granulometria usada para alimentar as caixas digestoras.

Ressalta-se, também, que outro possível fator que possa vir a colaborar para
a presença excessiva da umidade é a necessidade de um maior número de
revolvimentos por semana, trazendo assim mais oxigenação para a compostagem,
como explica Garcez:
[…] a aeração é o fator mais importante a ser considerado, sendo que
quanto mais úmidas estiverem as matérias-primas mais deficientes será sua
oxigenação, determinando que providências sejam tomadas para reduzir a
umidade. (GARCEZ, T.B. et.al. 2008, p.5).

Também foi possível observar que as minhocas nos trios de composteiras, 2,


3 e 4 permaneceram mais ativas, ao contrário do observado nas caixas,1, 5 e 6. Isto
está associado ao bem-estar das minhocas, pois quando ocorre algum
desbalanceamento no ambiente em que vivem, elas podem ficar mais lentas, mais
finas e podem morrer.
No quesito quantidade de dias necessários para total digestão da matéria
inserida (perceptível a olho nu) (Figura 6), constatou-se que nas composteiras 1 e 2
houve sobrecarga de resíduos, na maioria das observações. Esse processo foi
desencadeado, porque o período entre as inserções não era suficiente para

20
degradar totalmente o material orgânico. A granulatura dos resíduos (maior que 6
cm) também colaborou para isto.
Em contraponto, nos minhocários 5 e, principalmente, 6, a digestão total da
matéria orgânica ocorria de forma mais rápida, pois já não era possível observar
presença de resíduos nas composteiras ao fazer a nova inserção. Nas composteiras
3 e 4 ocorria a degradação de forma contínua, podendo-se observar alguns restos
de resíduos.

Figura 6 - Resíduos orgânicos ainda não digeridos. Exemplo caixa digestora 2.

Todas as observações acima descritas foram analisadas quando se


promovia a inserção de novos resíduos nas caixas digestoras, e, para isso, eram
feitas antes a aeração/oxigenação da terra e a peneiração de transposição de
resíduos entre as caixas digestoras, visando garantir a manutenção correta do
processo de compostagem.
A peneiração tornou-se necessária nessa pesquisa, principalmente para
que fossem pesadas as quantidades de resíduos orgânicos que ‘sobravam’, ou seja,
que foram parcialmente digeridos (Tabela 3). Esses dados foram necessários para
que houvesse comparações entre a quantidade de resíduos que eram inseridos e a
quantidade de resíduos coletadas (Figura 7).

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Como exemplificado no gráfico acima, temos a comparação entre as médias
dos resíduos orgânicos inseridos e coletados durante os meses de abril a outubro de
2019. Nas análises feitas a partir da pesagem entre os processos, pode-se concluir
que: durante todos os meses foram inseridas a mesma quantidade de resíduo
orgânico em todas as composteiras. Entretanto pode-se observar que não foram
digeridas na mesma proporção. É possível associar, quanto aos resultados obtidos e
comparados no gráfico que, quanto menor a superfície de contato maior degradação
do material. Nota-se então a necessidade de salientar que, não somente a
diminuição dos resíduos orgânicos, mas também, a boa manutenção das
composteiras devem ser levadas em consideração, para que colabore uma boa
manutenção da composteira e bem estar para as minhocas.

Tabela 3: Pesagem de Matéria Orgânica Coletadas nas composteiras – abril a outubro 2019.

PESAGEM DA MATÉRIA ORGÂNICA COLETADAS NAS COMPOSTEIRAS


– ABRIL À OUTUBRO 2019
DATA COMP. 1 COMP.2 COMP.3 COMP.4 COMP.5 COMP.6
03 abril 120 g 96 g 74 g 54 g 22 g 10 g
24 abril 124 g 99 g 87 g 56 g 55 g 33 g
15 maio 132 g 120 g 76 g 62 g 43 g 35 g
05 junho 128 g 111 g 70 g 51 g 55 g 24 g
26 junho 142 g 102 g 85 g 55 g 58 g 36 g
17 julho 190 g 120 g 89 g 68 g 90 g 60 g
07 agosto 165 g 99 g 76 g 59 g 54 g 47 g
28 agosto 155 g 115 g 82 g 61 g 83 g 33 g
18 setembro 136 g 111 g 81 g 60 g 66 g 44 g
09 outubro 140 g 102 g 79 g 55 g 48 g 37 g

22
Figura 7 - Gráfico - médias de resíduos orgânicos inseridos e coletados.

Em suma, apesar de observarmos a maior digestão dos materiais inseridos


nas composteiras com menor granulatura, a quantidade de minhocas diminuiu
significativamente, principalmente na composteira 6. Subentende-se então que a
composteira não reagiu de forma vantajosa.

23
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto a construção, manutenção e adesão das composteiras domésticas


de uso contínuo, constata-se que é positivamente acessível, desde que se busque a
manutenção das condições mínimas necessárias, incluindo a deposição de resíduos
com até 2 cm de espessura (granulatura).

Com relação a trituração dos resíduos orgânicos até chegar a um produto


pastoso, visando a aceleração no processo de compostagem, o qual era o principal
objetivo que fundamentava a elaboração deste trabalho, resultou negativamente
para a aceleração no processo de compostagem doméstica com a utilização de
minhocas.

Validado, diante das informações resultantes da presente pesquisa, pode-se


concluir que não necessariamente ao diminuir a superfície de contato do material
destinado a digestão, a ponto de torná-lo um produto pastoso, ocasionará no
sucesso quanto a aceleração da compostagem.

O que é afirmativo é que a trituração dos alimentos e a adição destes a


composteira promove excesso de umidade, ocasionando um alto índice de
mortalidade das minhocas, prejudicando a consolidação da digestão do resíduo
orgânico, e consequentemente a técnica de vermicompostagem.

24
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