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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

Apresentação

CAPÍTULO 1 – ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDO NA UNIVERSIDADE


1.1. Como estudar
1.2. Como tomar os apontamentos
1.2.1. Como sublinhar
1.2.2. Como resumir
1.3.Como ler melhor e mais rápido
1.3.1.Tipologias de leitura
1.3.2. Características de um bom leitor
1.4. Noções de biblioteconomia
1.4.1. Identificação da obra na biblioteca

CAPÍTULO 2- Planeamento da investigação

2.1. Escolha e delimitação do tema


2.2. Formulação do problema
2.3.Justificativa e a viabilidade da pesquisa
2.4. Objectivos da investigação
2.4.1. As questões da investigação
2.5. Hipóteses da Investigação
2.6. Variaveis da Investigação
2.7. A revisão da literatura e o levantamento bibliográfico
2.8. Metologia da investigação
2.8.1. Tipos de Metodologia
2.8.2. Tipo de investigação
2.8.3. População e selecção da amostra
2.8.4. Procedimentos da investigação
2.8.5. Técnicas ou Instrumentos da investigação
2.8.6. Análise de dados

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2.9. Calculo do tempo e custo do projecto


2.9.1. Dimensão Administrativa da Investigação
2.9.2. Cronograma da Investigação
2.9.3. Orçamento da Investigação
2.8. Elaboração do projecto de investigação
2.8.1. Dimensões de um projecto de pesquisa

CAPÍTULO 3 – ESQUEMAS METODOLÓGICOS DO TRABALHO CIENTÍFICO

3.1.O trabalho científico


3.2. O Projecto de pesquisa Científica/anteprojecto
3.3.Elementos constitutivos de uma pesquisa científica
3.4. O Trabalho Científico
3.5. Citações e éticas do projecto de pesquisa
3.5.1.Norma Portuguesa (NP 405)
3.5.2.Formato APA
3.5.3. Norma Brasileira (ABNT)
3.5.4.Citação no texto

CAPÍTULO 4 – CIÊNCIA, PROPRIEDADES, OBJECTIVOS E FUNÇÕES

4.1.Conceito de ciência
4.2. Características da investigação científica
4.3. O conhecimento científico
4.4. O conhecimento popular, vulgar, empírico ou do senso comum
4.5.O conhecimento filosófico
4.6. O conhecimento religioso/Teológico

Referências bibliográficas
Apêndice/Anexos

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CADEIRA: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

ANO ACADÉMICO: 2020

CURSOS: ENFERMAGEM

I ANOS

HORAS SEMANAIS: 2

TIPOS DE AULAS: TEÓRICAS E PRÁTICA

REGIME: S/2020

PERÍODO: DIURNO

DOCENTE DA CADEIRA: ADÃO MBINGUILA

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Apresentação

Metodologia – na origem do termo, significa estudo dos caminhos, dos instrumentos


utilizados para fazer ciência ou alcançar uma meta.

A Metodologia de Investigação Científica é uma ferramenta indispensável para a


vida do estudante, principalmente o universitário, pois ajuda-o a ampliar o seu
horizonte do saber e capacita-o a esgravatar as fontes da verdade sobre o
conhecimento científico.

Quer dizer que ela é a disciplina científica que proporciona ao investigador uma série
de conceitos, princípios e leis que lhe permitem encaminhar o estudo
verdadeiramente científico do objecto da ciência e de um modo eficiente.

É uma disciplina ao serviço da pesquisa que visa conhecer os caminhos do


processo científico, mas que também problematiza criticamente no sentido de
indagar os limites da ciência, seja em relação à capacidade de conhecer, como a de
investigar na realidade.

Objecto de estudo

O objecto de estudo da M.I.C é o processo de investigação científica, suas


características, regularidades, métodos de aquisição do conhecimento e
transformação da realidade.

Objectivo da disciplina

De forma geral a disciplina tem como objectivo, o cumprimento daquilo que se


estabelece nos currículos académicos das Instituições de Ensino Superior e fornece
um leque de fundamentos teóricos necessários para incentivar a reflexão sobre os
aspectos vinculados à arquitectura da pesquisa científica bem como munir o
estudante de recursos teóricos, metodológicos e práticos para enfrentar
cientificamente os múltiplos problemas que o desenvolvimento social da sua prática
o exige.

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Objectivos do Estado para o Ensino Superior

1. O Estado deve assegurar as condições materiais e culturais de criação e


investigação científica.

2. Nas Instituições de Ensino Superior serão criadas as condições para a promoção


da investigação científica e para a realização de actividades de investigação e
desenvolvimento.

3. A investigação científica no Ensino Superior deve ter em conta os objectivos


predominantes da Instituição (...) em função do progresso, do saber e da resolução
dos problemas postos pelo desenvolvimento social, económico e cultural do País.

4. Devem garantir-se as condições de publicação dos trabalhos científicos e facilitar-


se a divulgação dos novos conhecimentos e perspectivas do pensamento científico,
dos avanços tecnológicos e da criação cultural.

É missão do Ensino Superior:

 Promover a investigação que possa contribuir para a resolução dos problemas do


país em geral e da região onde se insere, em particular.

 Contribuir, igualmente, e de forma decisiva para uma melhor qualificação


profissional dos seus diplomados e, consequentemente para o desenvolvimento e
crescimento económico do país.

As actividades de investigação desenvolvidas a todos os níveis traduzem-se:

 Na produção de novos conhecimentos e aprofundamento dos existentes;

 No fomento e na apreensão de novos conceitos;

 Na promoção de uma atitude dinâmica e de curiosidade, fomentando a criatividade


individual e o desenvolvimento de novas estruturas intelectuais.

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Metodologia de ensino

Todas as aulas serão expositivas e discutidas ao longo das exposições, sendo o


debate aberto a todos os intervenientes (estudantes). Ao longo das sessões faremos
alguns trabalhos de aplicação prática de certos temas.

Avaliação

A média final será a média aritmética das médias atribuídas às avaliações parciais
não sendo parte exclusiva a participação nas discussões das aulas.

Haverá duas avaliações contínuas, cuja soma equivalerá à média da primeira prova
parcelar, elaboração de um projecto de investigação em grupo (segunda prova
parcelar) e, finalmente, um projecto de investigação individual que servirá de exame
final, sendo a média anual determinada da seguinte forma:

1ª PP (prova parcelar) + 2ª PP (prova parcelar) /2 * 0,4 + EF (exame Final) *0,6.

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CAPÍTULO 1 – ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDO NA UNIVERSIDADE

Ao dar início a essa nova etapa da formação académica, a etapa do Ensino


Superior, o estudante perceberá que se encontra diante de exigências específicas
para a continuidade da sua vida de estudos. Logo, enfrentará novas tarefas e novos
desafios. Daí, a necessidade de assumir prontamente essa nova situação e de
tomar medidas apropriadas para enfrentá-la (Santos, 2004).
Em primeiro lugar, é preciso que o estudante se consciencialize de que doravante o
resultado dos seus estudos depende fundamentalmente dele mesmo, seja pelo seu
próprio desenvolvimento psíquico e intelectual, seja pela própria natureza do
processo educativo desse nível. As condições de aprendizagem transformam-se no
sentido de exigir do estudante maior autonomia na efectivação da aprendizagem,
maior independência em relação aos subsídios da estrutura do ensino e dos
recursos institucionais que ainda continuam sendo oferecidos (ibidem).

O aprofundamento da vida científica passa a exigir do estudante uma postura de


auto-actividade académica, que deve ser crítica e rigorosa.

Em segundo lugar, em função da especificidade do tipo de ensino (superior), o


estudante deve empenhar-se num projecto de trabalho altamente individualizado,
apoiado no domínio e na manipulação de uma série de instrumentos (material
didáctico ou biblioteca) que devem estar permanentemente ao seu alcance.

É com auxílio desses instrumentos que o estudante se organiza na sua vida de


estudos e de pesquisa científica. Este material didáctico e científico serve de base
para o estudo pessoal e complementa os elementos adquiridos no decurso do
processo de aprendizagem nas aulas (Vergagara, 2010).

Dado o novo estilo de vida a ser inaugurado pela vida universitária, a assimilação
dos conteúdos já não pode ser feita de maneira passiva e mecânica como se faz nos
níveis anteriores.

A presença física e o cumprimento de tarefas mecânicas não são os factores


primordiais para a pesquisa na Universidade, é indispensável dispor de um material
de trabalho específico à sua área de formação e explorá-lo adequadamente.

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1.1. Como estudar

Estudar é uma das actividades mais importantes na vida do ser humano. Para
muitos é apenas uma actividade passageira que se confina aos anos de estudantes.
Para outros, o estudo é uma actividade contínua que felizmente não termina com a
vida de estudante, já que prossegue ao longo de toda a vida intelectual. O estudo é
uma actividade fundamental na vida de um indivíduo. É um dos factores básicos do
nosso valor pessoal. Como actividade intelectual pressupõe um grau suficiente
inteligência, para se poder obter êxito (Kapitiya, 1999).

A actividade universitária deve ser sempre acompanhada de actividades práticas, de


laboratório, de campo, cuja finalidade é o fornecimento de habilidades profissionais
próprias de cada área.

Ao dar início à sua vida universitária, o estudante precisa começar a formar a sua
biblioteca pessoal, comprando paulatinamente os manuais mas de maneira bem
sistemática. Deve comprar os livros fundamentais para o desenvolvimento do seu
estudo. Essa biblioteca deve ser especializada e qualificada. Há obras que serão
encontradas nas bibliotecas públicas, das universidades e, no devido momento o
estudante tem de explorá-las adequadamente.

O estudante precisa munir-se de textos básicos relacionados à sua área de estudos,


tais como dicionários técnicos, revistas especializadas, monografias. Estes manuais
ajudam na pesquisa, desenvolvem o processo de aprendizagem, assim como a
maturação do próprio pensamento. Todo o material que estiver ao alcance do
estudante deve ser explorado sempre que precisar de algum dado para os seus
trabalhos ou para formação e informação (Silva & Silveira, 2008).

Ao fazer o curso superior, o estudante é levado a tomar conhecimento de todas as


aquisições da Ciência da sua especialidade, obtida durante toda a sua formação.
Esse acervo cultural acumulado, porém, continua a se desenvolver dinamicamente.

No seio dos universitários deve ser estimulado, de maneira incisiva, a participação


em acontecimentos extra-escolares, tais como: conferências, palestras, congressos,
encontros, jornadas científicas, etc.
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Em virtude dos estudantes angolanos na sua maioria disporem de pouco tempo para
seus cursos e exercerem funções profissionais concomitantemente ao curso
superior, exige-se dela organização sistemática do pouco tempo disponível para o
estudo em casa, indispensável para um aproveitamento mais inteligente do seu
curso de graduação.

Não se trata de estabelecer uma rigorosa divisão do horário de estudo: o essencial é


aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma ordenação de prioridades.

É necessário que o estudante faça um levantamento do seu tempo, elaborando um


horário para o estudo em casa. Uma vez estabelecido o horário, deve começar a
cumpri-lo rigorosamente, mantendo um ritmo de estudo. A outra forma de organizar
os estudos é a preparação em grupo. Uma vez reunidos e com o horário combinado,
os elementos do grupo devem executar o trabalho aproveitando o tempo disponível,
definindo-se as várias tarefas, as várias etapas a serem vencidas e as várias formas
de procedimento. Quando o período de trabalhos ultrapassar 2 horas, faz-se em
geral um intervalo de 30 minutos.

Recomenda-se distribuir um tempo de estudo para os vários dias da semana, com o


objectivo de revisar a matéria ou preparar as aulas das várias cadeiras nos períodos
imediatamente mais próximos às suas aulas.

Não é recomendável fazer estudos imediatamente depois de uma refeição pesada.

1.2.Como tomar os apontamentos

Fazer apontamentos ao longo das aulas é um acto essencial, já que fornece os


documentos de base que servem para os estudos posteriores (Kapitiya, 1999).

a) Quando existe um texto de apoio ou um manual devem ser distribuídos com


antecedência para que sejam lidos ou explorados antes da aula. Assim, o estudante
será capaz de fazer perguntas, fazer os apontamentos que achar importante.

b) Quando não existe um texto de apoio ou um manual, deve-se fazer os


apontamentos com muita cautela e exactidão e de forma sistemática a fim de facilitar
a recapitulação dos conteúdos. Os apontamentos devem ser feitos com maior

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precisão possível, as frases devem ser curtas, os exemplos apresentados devem


figurar nos apontamentos.

Para os estudantes universitários, os docentes têm o dever de entregar os


programas lectivos, semestrais ou anuais, recomendar as fontes aconselhadas e
darem as suas conferências. Para a nossa realidade, por carência de recursos
bibliográficos e não só, os professores elaboram textos de apoio, mas não substitui
tudo que o docente tem para abordar.

Os apontamentos que se tiram nas aulas são importantes para pesquisas


posteriores e para preparação dos exames, requerendo do estudante a participação
activa nas aulas e atenção selectiva.

 Sugere-se que o estudante crie formas de abreviaturas para facilitar as suas


anotações.
 Deve-se revisar constantemente as anotações para não esquecer as pretensões.
 Apontar o que achar indispensável para o seu estudo.

As técnicas de registo das informações do professor têm um duplo objectivo:

►Captar o essencial das novas informações fornecidas pelo professor;

►Organizar essas informações, numa estrutura coerente, facilmente memorável,


compreensível e usando as suas próprias palavras.

É indispensável o uso sistemático de abreviações, senão se tornaria impossível o


ritmo normal da aula. Podem-se usar sinais, símbolos, sublinhar as frases
importantes, anotar os pontos sublinhados pelo docente.

Esse exercício é bastante difícil nos primeiros momentos do curso universitário, mas
nos momentos ulteriores o estudante familiariza-se com o novo estilo de vida que
adoptou.

Depois das aulas devem-se revisar todas as notas com um colega a fim de
completar os espaços vazios e fazer uma interpretação profunda dos apontamentos.

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1.2.1. Como sublinhar

É comum um estudante, um intelectual realizar o estudo ou investigação


sublinhando as partes mais importantes, as definições, conceitos, e outros
pormenores fundamentais do texto. Quem souber distinguir estas partes dentro de
um texto significa que está atento à leitura.

Sublinhar é uma arte que um académico não pode dispensar. Criar este espírito,
pressupõe o gosto e o desejo de querer chegar mais longe (Kapitiya, 1999).

O estudante deve saber identificar as ideias principais e secundárias, sublinhando


ou fazendo anotações na margem do texto. Mas atenção: estas práticas assim
como algumas que sugerimos abaixo, devem ser feitas quando o livro é pessoal.
Para os livros emprestados ou de uma biblioteca, o estudante deve tomar
apontamentos num bloco de notas sem esquecer os procedimentos metodológicos
(usar a ficha de leitura com as devidas citações).

Apontamos aqui algumas regras sugeridas por pessoas credenciadas:

1. “Sublinhar apenas as ideias principais e detalhes importantes;


2. Não sublinhar por ocasião da primeira leitura;
3. Sublinhar com dois traços as palavras-chave das ideias principais e com um único
traço pormenores importantes;
4. Assinalar com uma linha vertical na margem do texto, as passagens mais
significativas,
5. Assinalar com um ponto de interrogação na margem os pontos de discordância”.

1.2.2. Como resumir

O resumo é uma apresentação sintética e selectiva das ideias de um texto,


ressaltando a progressão e a articulação entre elas. Resumir não é cópia, não é
substituição de um termo ou outro, não é inversão da ordem da frase. Por fim, ele
não deve apresentar crítica, pois, nesse caso, tornar-se-ia uma resenha ou recensão
(Medeiros, 2000).

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O acto de sublinhar faz parte da nossa vida académica. Assim sendo, o resumo
consiste no trabalho de condensação de um texto capaz de reduzi-lo a seus
elementos de maior importância.

O estudante tenta estabelecer o difícil equilíbrio entre a fidelidade absoluta à sua


fonte e determinada autonomia pessoal que colhe e distingue o que é importante e o
que é secundário.

Observe as regras estabelecidas por Adelino Torres (1990).

1. Não pretender resumir antes de ler, de esclarecer todo o texto, de sublinhar, antes
de fazer breves anotações na margem do texto;
2. Ser breve e compreensível;
3. Recorrer especialmente às palavras sublinhadas e anotadas no texto;
4. Nos casos de transcrição textual, usar aspas e fazer referência à fonte;
5. Juntar especialmente no final, ideias integradas, referências bibliográficas e críticas
de carácter pessoal.

1.3.Como ler melhor e mais rápido

Os maiores problemas do estudo e da aprendizagem estão directamente


relacionados com as dificuldades que os estudantes encontram na compreensão
adequada dos textos teóricos e práticos.

Vindos de um percurso diferente do universitário, os estudantes ao se defrontarem


com textos científicos encontram dificuldades na interpretação dos mesmos. Na
realidade, esses textos muitas vezes apresentam obstáculos específicos, mas
possíveis de serem ultrapassados.

Quando os estudantes se deparam com textos dessa natureza devem


automaticamente procurar entender a ideia principal transmitida pelo autor. Nesse
caso, conta-se somente com a razão reflexiva que exige muita disciplina intelectual
para que a ideia possa ser compreendida com o devido proveito e para que a leitura
se torne agradável e fácil.

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Existe um método próprio para se fazer uma leitura eficaz? Não. Mas infelizmente a
maior parte dos adultos lê ainda como criança, sem utilizar sua inteligência. Ler bem,
com inteligência, não significa ler tudo (Kapitiya, 1999).

Os estudos do Professor Robinson da Força Aérea Norte Americana sugerem o


seguinte:

A. Leitura rápida: é uma visão de conjunto efectuada rapidamente, um sobrevoo no


decorrer da leitura onde são procurados o plano, as ideias gerais e centrais do texto,
os pormenores são desprezados. Aqui a compreensão é global, é uma preparação
mental. Não se deve ler linha por linha, através do sobrevoo da leitura fixam-se
apenas as frases essenciais.

B. Perguntas: antes de começar a ler é preciso que o leitor questione sobre o que
espera do livro ou do texto. As perguntas permitem a ler em pormenor.

C. Leitura activa: aqui o estudante está preparado para uma leitura activa, sabe o
que quer. Não vai ler palavra por palavra, devem-se procurar factos ou ideias. O
estudante reage ao longo da leitura e começa a interpretar o que lê. Se o livro ou o
texto forem pessoais sublinhe as frases importantes ou use uma ficha de leitura.

D. Recitar: essa leitura é feita segundo as palavras e o modo de pensar do leitor. É


mais difícil assimilar conteúdos pesquisados por outrem, por isso, torna-se
necessário traduzir as palavras e o pensamento do autor para as próprias palavras
do estudante, o seu modo de pensar e tudo o que acabou de ler.

E. Reler rapidamente salientando as ideias chaves: a velocidade de leitura é


essencial para um universitário. Um leitor médio deve obrigatoriamente ler 200
palavras por minuto, ao passo que uma pessoa treinada para uma leitura rápida e
eficaz atinge ou ultrapassa 500 palavras incluindo a compreensão.

A leitura rápida deve ser baseada nos seguintes elementos:

1. Ler grupos de palavras e não palavras isoladas. Uma palavra isolada não tem um
sentido em si, depende do contexto da proposição ou da frase. Não pronunciar as
palavras porque conduz à soletração e diminui a velocidade da leitura.

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2. Controlar o movimento dos olhos e não movimentar a cabeça ao longo da leitura.


O movimento dos olhos do sujeito que lê deve ser regular, os olhos efectuam
movimentos curtos e rápidos, param, recomeçam, etc. Um movimento regular sem
recuo desnecessário para que se ganhe tempo.

3. O estudante deve variar voluntariamente a velocidade da leitura segundo o grau


de dificuldade do texto. Um texto científico possui mais dificuldades que um
romance, um artigo de jornal, etc.

Se o estudante universitário programar o seu horário doméstico e pessoal com


hábito de leitura rápida todas as tardes ou mesmo de madrugada, com uma duração
de pelo menos uma hora ou 50 minutos, rapidamente constatará durante um mês os
resultados e os novos hábitos adquiridos.

1.3.1.Tipologias de leitura

Para (Santos, 2004), Existem três espécies essenciais de leitura:

a) Leitura de Distracção ou Entretenimento – também chamada leitura de


passatempo, de lazer, ou de divertimento, o sujeito leitor não se preocupa com
aspectos do saber;
b) Leitura de cultura geral ou informativa – o seu objectivo é de tomar
conhecimento, saber o que ocorre no mundo através de livros, jornais, revistas, etc;
c) Leitura de aproveitamento ou formativa – tem como finalidade aprender algo de
novo e aprofundar os conhecimentos anteriores ou amplia-los. Esta, exige do leitor a
concentração e atenção no que se lê, devendo ser feita em livros e revistas
especializadas (Lakatos & Marconi, 2008).

1.3.2. Características de um bom leitor

Segundo Salomon, o bom leitor é aquele que:

- Lê com objectivo determinado;

- Lê unidades de pensamento;

- Tem vários padrões de velocidade;

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- Sabe quando deve ler o livro até ao fim e quando deve interromper a leitura;

- Discute frequentemente o que lê com os colegas;

- Adquire livros com frequência e cuida-os para formar a sua biblioteca particular;

- Lê muito e gosta de ler vários assuntos.

Quais as fases da leitura formativa?

Santos (2004),considera cinco fases de leitura que são:

1. De reconhecimento ou de sobrevoo;
2. Exploratória ou pré-leitura;
3. Leitura selectiva;
4. Leitura reflexiva;
5. Leitura crítica.

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1.4. Noções de biblioteconomia

Centro de documentação: é uma biblioteca especializada destinada a um público


específico e restrito, interessado em aprofundar e actualizar os seus conhecimentos
em determinadas áreas. O Centro de Documentação Geralmente está ligado a uma
Empresa ou Instituição(Sakamoto & Silveira, 2014).

Arquivo: é um local onde se guardam e conservam, devidamente acautelados,


classificados e ordenados, quaisquer documentos de interesse para um país,
Instituição ou indivíduo. Pode ser também o conjunto de documentos recebidos ou
constituídos por uma pessoa ou por uma Entidade pública ou privada, resultante da
sua actividade e conservados com o objectivo de serem utilizados em futuras
consultas, (Quindai, 2013).

Biblioteca: é a colecção de documentos bibliográficos (livros, revistas, periódicos…)


e não bibliográficos (gravuras, mapas, filmes, discos, pendrives…) organizada e
administrada por uma pessoa experiente e visa a formação, consulta e recreação do
público ou de determinada categoria de pesquisadores ou investigadores (Da Silva &
da Silveira 2008).

Existem dois grandes tipos de bibliotecas:

a) Bibliotecas Públicas - como o próprio nome indica, são aquelas frequentadas pelo
público em geral, sem excepção de algum grupo.
b) Bibliotecas Escolares são aquelas que existem nas escolas, quer seja de nível
básico, médio ou superior e servem principalmente aos estudantes. O seu acervo
versa principalmente sobre assuntos didácticos.

Na biblioteca é importante houver silêncio para que todos os leitores se possam


concentrar nos trabalhos de leitura. É indispensável uma postura correcta e termos
em consideração os demais leitores, já que é um local público. Não se deve falar,
nem conversar, nem ler em voz alta.

Numa biblioteca deve existir todo o tipo de obras. Existem obras de referência como
os dicionários técnicos, as enciclopédias, as publicações periódicas e não
periódicas.
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As publicações periódicas são aquelas que têm uma certa periodicidade: revistas,
jornais, etc. A periodicidade pode ser anual, semestral, trimestral, mensal, quinzenal,
semanal, bissemanal e diária, (Santos, 2004).

As publicações não periódicas são aquelas que não têm periodicidade como os
livros, relatórios, monografias, dissertações, teses, seriados e separatas.

Os seriados são as publicações que se apresentam sob forma de série. Ex: o Diário
da República.

As separatas são publicações que têm edições a parte, em volume, artigos


publicados, as revistas científicas, etc.

1.5.1. Identificação da obra na biblioteca

Numa biblioteca, cada obra tem a sua identidade, que consta numa ficha
devidamente elaborada, na qual consta o nome do autor, o título completo da obra,
local de edição (local onde foi editado o livro) editor, (quem editou ou o responsável
pela publicação), data (ano em que a publicação foi editada), a série e o volume, se
for seriado ou separata.Estes dados são retirados de uma página no início de uma
publicação chamada Folha de rosto ou frontispício.

O conjunto de todas as fichas das obras constantes na biblioteca, arrumadas e


organizadas em ordem alfabética, por autores, títulos ou assuntos numa gaveta ou
numa estante, chama-se Ficheiro.

Quando se tiram esses dados para as fichas está a se catalogar os livros. Em


Angola usamos as regras de catalogação portuguesa, mas existem as formas de
catalogação francesa, inglesa que não usamos, têm semelhanças mas com ligeiras
diferenças técnicas.

Existem em geral, quatro tipos de ficheiros:

 Ficheiro Onomástico ou de autores – quando as fichas são ordenadas


alfabeticamente por intermédio dos nomes dos autores das obras, ou seja, sobressai
o nome do autor.

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 Ficheiro Didascálio ou de Títulos – quando é organizado alfabeticamente segundo


o título das publicações.

 Ficheiro Sistemático, Temático ou de Assuntos – quando é organizado


alfabeticamente por assuntos ou temas.

 Ficheiro Topográfico ou Geográfico – organizado alfabeticamente por áreas


geográficas ou por países. Poucas bibliotecas têm esse tipo de ficheiro.

Na biblioteca depois da classificação e arrumação das obras nas estantes atribui-se


uma cota que se coloca por trás do livro (a parte que fica visível ao leitor). Cota é o
conjunto de letras, algarismos, ou sinais que indicam o lugar de arrumação de uma
obra na estante, armário ou gaveta. Na biblioteca nacional assinala-se na cota o
número da estante, da prateleira e o número de ordem na prateleira.

Ex.: Se o livro Noções fundamentais de Marketing tiver a cota 2.5.16, quer dizer que
se encontra na estante Nº2, prateleira 5, e é o 16º livro da prateleira, arrumado da
esquerda para a direita.

CAPÍTULO 2- PLANEAMENTO DA INVESTIGAÇÃO

2.1. Escolha e delimitação do tema

Antes da formulação do problema o investigador/pesquisador deve fazer a escolha


do tema. O tema de investigação é um assunto que se deseja provar ou desenvolver
e deve ser seleccionado de acordo com os interesses do
investigador/pesquisador e com a sua experiência de vida. A selecção do tema
pode estar condicionada pelas circunstâncias instiucionais.

O tema seleccionado deve referir-se a um assunto pertinente, ou seja, actual, de


interesse geral, de acordo com o tempo e o espaço em causa e relativo ao
quotidiano, bem como evitar assuntos fáceis, com pouco interesse ou temas
extraidos já dos livros existentes. A esolha do tema deve ser original e de autoria do
investigador/pesquisador.Deve desviar-se de assuntos pouco específicos, que não
despertem a atenção nem o interesse do público, assim como assuntos cuja
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informação seja escassa. O investigador não deve utilizar temas sobrepostos de


trabalhos inovadores e recentes, e também não deve abordar um tema demasiado
explícito, evitando assim temas saturados( Sousa & Baptista, 2011).

Deve ainda considerar-se factores como: os recursos económicos existentes, que


devem estar dentro das possibilidades financeiras do investigador/pesquisador ou
dentro do orçamento definido; os recursos bibliográficos e o tempo, respeitando a
data limite para a conclusão do trablho.

Assim, temos os seguintes critérios para a definição do tema ou objecto de estudo:


 Familiaridade como objecto de estudo: é vantajoso que o trabalho a
desenvolver se enraíze na experiência anterior do
investigador/pesquisador. Caso isso não acontença, podem existir
vários obstáculos para o desenvolvimento do assunto. É importante
escolher um tema que pensamos apresentar com o mínimo grau de
dificuldade possível;
 Afectividade: a selecção do tema e do campo específico deve ser
fruto de uma motivação pessoal. Ninguém é capaz de investigar bem
um tema/assunto que não goste;
Recursos: é inerente à visão prévia de facilidades de aquisição dos meios
necessários à investigação pretendida (livros, internet, revistas científicas, artigos,
meios financeiros, etc, Sousa & Baptista, 2011).

Depois de feito o estudo sobre a disponibilidade da informação e do tempo, pode-se


começar por definir o que se quer investigar. É preciso saber O QUÊ, QUANDO E
ONDE SE VAI INVESTIGAR.

Não se deve fazer a recolha de dados e informações sem a delimitação da


investigação. A delimitação do objecto de estudo resulta numa pesquisa bem
sucedida e com um grau reduzido de dificuldades.

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Para uma investigação eficiente e eficaz deve-se pôr em evidência os seguintes


pressupostos:

a) A constituição prévia de um número de perguntas ou de um conjunto de


hipóteses que delimitem, com progressiva clareza, o objecto de estudo,
fucionando como referências para posterior definição dos rumos da
investigação/pesquisa;
b) A definição de estratégias de recolha de informação, orientadas pelas
perguntas e hipóteses (metodologia da pesquisa);
c) Uma definição rigorosa e clara das intenções da investigação traduzidas num
discurso simples (objectivos).

As vezes aconselha-se a escolha de um tema/título provisório que ajudará a


focalizar a direcção da investigação. Geralmente, o título/tema pode sofrer
alterações/modificações ao longo do processo de investigação/pesquisa.

A fim de se verificar a viabilidade da investigação/pesquisa em função da escolha do


tema deve-se colocar as seguintes questões:

 Será possível a investigação no tempo previsto, com os recursos


disponíveis e acesso à informação?
 O tópico desperta algum interesse ao público e académicos?
 Serão os resultados interessantes para outros (leitores, público em
geral ou investigadores)?
 Haverá possibilidade de publicação na área?
 Será que o estudo vai preencher um vazio, replicar, aprofundar ou
desenvolver novas abordagens na área?
 Será que a investigação irá contribuir para os meus objectivos
profissionais?

2.2. A formulação do problema

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Para a formulação do problema da pesquisa são fundamentais três elementos: os


objectivos da pesquisa, as questões da pesquisa e a justificativa da pesquisa.
O problema de investigação pode ser formulado com uma pergunta ou proposição.
O Problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido
o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que
será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa, Gil (2011).

Continuando afirma, que em geral um bom problema de pesquisa, atende a cinco


características:

 Deve ser formulado com uma pergunta;


 Deve ser claro e preciso;
 Deve ser empírico;
 Deve ser susceptível de solução;
 Deve ser limitado a uma dimensão viável.

Geralmente o problema de investigação deve ser formulado por intermédio de uma


pergunta.

 Maneira simples e directa da formulação;


 Facilita a identificação;
 O tema não é o problema.

O problema de pesquisa deve ser claro e preciso

 Se a formulação for vaga ou imprecisa, como pode ser resolvido;


 Não deve conter termos com definição incerta ou ambígua;
 Complemento: definição operacional;
 Indica como o fenómeno é medido.

O problema de pesquisa deve ser empírico

 Problema de pesquisa, não devem se referir a valores morais;


 Não devem conduzir a consideração subjectivas ou julgamento morais;
 Problemas sobre “melhor/pior”, “bom/mau”, devem ser reformulados;
 Referencias a factos empíricos e não a percepção pessoais.

O problema de investigação deve ter horizonte de solução

 Deve-se ter alguma ideia de como o problema poderá ser resolvido;


 Não adianta propor um bem formulado se não houver como colectar dados
que levem a (ou demonstrarem) sua solução;
 Requer domínio da tecnologia adequada a sua solução.

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O problema de investigação deve ser delimitado

 Quanto tempo será necessário para colectar as informações que levem à


solução do problema?
 A delimitação do escopo permite trabalhar de maneira focada, obtendo dados
relevantes dentro do tempo delimitado para execução da investigação.

E depois?

O investigador deverá oferecer uma solução possível para o problema proposto;

O investigador deverá colectar dados e os analisar;

Confirmação das hipóteses: problema solucionado;

Se os dados não levarem a conclusões precisas: o problema não foi solucionado.

Na realidade o que é formular o problema de pesquisa?


Uma vez concebida a ideia de pesquisa, depois do pesquisador, estudante ou
especialista ter apronfudado o tema em questão, é o momento de formular o
problema da pesquisa. Formular o problema é aperfeiçoar e estruturar mais
formalmente a ideia da pesquisa. É a delimitação da pesquisa/investigação. A
formulação do problema faz-se por intermédio de uma pergunta e deve estar
directamente ligada ao tema de investigação.

Sampieri et al. (2006, p.34) refere que “a etapa que se dá entre a ideia e a
formulação do problema algumas vezes pode ser imediata, quase automática, ou
pode levar um considerável período de tempo; isso depende de quão familiarizado
com o tema a ser tratado esteja o pesquisador, a compelxidade da ideia, a
exsitência de estudos anteriores, o empenho do pesquisador, o enfoque escolhido
(quantitativo, qualitativo ou misto) e as habilidades pessoais”.

A escolha do problema deve ser feita de acordo com o interesse pessoal do


investigador/pesquisador, tendo de ser um tópico com significação, ou seja, tem de
ser algo inovador, tem de ter um sentido de oportunidade e um valor académico
prático. Este problema deve ser apresentado de acordo com as capacidades do
investigador. As fontes para a definição do problema deverão ser do interesse e da

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experiência do investigador, a vontade de testar a aplicação de uma teoria a um


problema real, (Sousa & Baptista, 2011).

O problema tem cinco funções básicas numa investigação:

 Organiza o projecto, dando-lhe direcção e coerência;


 Delimita-o, mostrando as suas fronteiras;
 Focaliza o investigador para a problemática do estudo;
 Fornece um referencial para a redacção do projecto;
 Aponta os dados que será necessário obter.

O facto de dividir ou ideia não dá possibilidade directa e imediata ao pesquisador de


seleccionar que tipo de metodologia vai utilizar ou como vai colectar os dados, é
preciso formular um problema específico em termos concretos e explícitos, de
maneira que a pesquisa se adeque aos procedimentos científicos.

Um problema formulado correctamente está em parte resolvido; quanto maior a


exactidão, maiores as possiblidades de obter uma soluçãosatisfstória. O
pesquisador deve ter a capcidade de conceituar o problema, explicá-lo de forma
verbal e clara, precisa e acessível. O pesquisador deve saber o que deseja fazer,
fazer um esforço maior para traduzir o seu pensamento em termos compreensíveis,
pois actualmente a maioria das pesquisas exige a colaboração de muitas pessoas
(Ackphh, 1967 citado por Sampieri et al., 2006).

Para a formulação do problema deve-se ter em conta os seguintes critérios:

 O problema deve expressar uma relação entre duas ou mais variáveis (nos estudos
qualitativos esse não é o requisito);
 O problema deve estar formulado claramente sem ambiguidade em forma de uma
pergunta (por exemplo, qual é o efeito?, em que condições…? Qual é a
probabilidade de…? Como se relaciona com…?). O problema deve ser formualdo
com clareza, evitando a ambiguidade.
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 A formulação deve implicar a possibilidade de realizar um teste empírico (enfoque


quantitativo) ou uma colecta de dados (enfoque qualitativo), ou seja, a viabilidade de
observação na realidade ou em seu meio. Por exemplo, se alguém pensa em
estudar quão sublime é a alma dos adolescentes, está formulando um problema que
não pode ser testado empiricamente, pois, o “sublime e a alma” não são
observáveis”. De acordo com o exemplo (que pode ser considerado extremo),
devemo-nos lembrar que as ciências trabalham com aspectos observáveis e
mensuráveis da realidade ou de determinado ambiente.

Voltemos a recordar que a formulação de um problema deve possuir os seguintes


elementos: os objectivos que se pretendem alcançar, as questões de pesquisa e a
justificativa do estudo.

2.3.Justificativa e viabilidade da pesquisa


Além dos objectivos e das questões de pesquisa, é indispensável justificar o
estudoexplicando as razões da sua escolha. Toda e qualquer pesquisa é efectuada
com um objectivo definido e não por um simples capricho do pesquisador. Esse
objectivo deve ser suficientemente forte para que se justifique a sua realização e, é
sempre aconselhável explicar porquê é conveniente realizar a pesquisa e quais são
os benefícios que resultarão dela: deve-se fundamentar academicamente o valor da
pesquisa que se pretende realizar, as recompensas que virão deste estudo. Ao
propor o tema ao tutor ou professor, o interessado (pesquisador) deverá explicar as
razões para a sua utilidade(Sampieri et al., 2006).

Como a própria expressão indica, a justificativa do projecto de investigação diz


respeito aos argumentos que envolvem a relevância do assunto, ou seja, nela o
investigador apresenta motivos convincentes que conferem ao projecto de
investigação, uma valoração científica e social que sustenta a realização do estudo,
(Sacamoto& Silveira, 2014).

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Para que haja um adequado convencimento acerca da importância da investigação,


o investigador deverá apontar os ganhos intelectuais que o estudo representa para
si, para a sociedade e para o universo académico, o que sem dúvida oferece apoio
essencial a seu projecto para que seja aceite aceite no programa de iniciação
científica, Ibid.

Já para (Da Silva & Da Silveira 2007), esclarecem que a justificativa é a «exposição
dos motivos para a execução da investigação, da relevância/importância de se
investigar o tema escolhido e da contribuição do projecto ao tema escolhido e ao
campo de estudos onde está inserido».

A justificativa da pesquisa deve ser seguida da sua relevância. A pesquisa pode ser
relevante por diversos motiovs: pode ajudar a resolver um problema social, a
construir uma nova teoria ou a produzir questões da pesquisa.

Pode-se analisar os seguintes aspectos quanto a justificativa e relevância do estudo:

 Conveniência: quão coveniente é a pesquisa? Isto é, para que serve?


 Relevância social: qual é a sua transcendência para a sociedade? A
quem vai beneficiar a pesquisa? De que modo? Em resumo, qual o
alcance social?
 Implicações práticas: a pesquisa ajudará a resolver um problema
real? Tem implicações que transcendem para uma ampla gama de
problemas práticos?
 Valor teórico: com esta pesquisa, vai se contribuir para para
preencher algum vazio nessa área? Os resulatado poderão ser
extrapolados (generalizados) para princípios mais amplos? A
informação obtida pode servir para comentar, desenvolver ou apoiar
uma teoria? Podem surgir ideias, recomendações ou hipóteses para
estudos futuros?

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 Utilidade metodológica: a pesquisa pode ajudar a criar um novo


instrumento para colectar e analisar dados? Ajuda a definir um
conceito, ambiente, contexto? Sugere como estudar mais
adequadamente uma população? Pode ajudar a coexistência de
ambos os enfoques quantitativo e qualitativo e para enriquecer a busca
do conhecimento? (Sampieri et al., 2006).

A viabilidade da pesquisa é a possibilidade da realização de um estudo em relação à


disponibilidade dos recursos.Assim, devemos levar em consideração a
disponibilidade de recursos financeiro, humanos e materiais que ajudam a
determinar o tipo de pesquisa. É importante que o pesquisador se faça as seguintes
questões: é viável realizar esta pesquisa? Quanto tempo será necessário para
realizá-la? Estas questões são importantes para o sucesso da pesquisa, sobretudo
quando sabemos que os recursos são escassos.

2.4.Os objectivos da pesquisa

É indispensável prognosticar o que a pesquisa/investigação pretende ou quais são


os seus objectivos.

Os objectivos da pesquisa têm a finalidade de mostrar o que se deseja da pesquisa


e devem ser expressos com clareza, pois são as orietações do estudo.Sampieri et
al. (2006, p.35) defendem que “existem pesquisas que buscam, empricamente,
contribuir para a solução de um problema especial (neste caso, é preciso mencionar
qual é esse problema e de que maneira se acredita que oestudo ajudará a resolvê-
lo), e outras que têm como objectivo principal testar uma teoria ou relatar evidências
empíricas a favor dela. Também existem estudos que, como resultado final,
pretendem gerar uma formulação do problema ou induzir o conhecimento (em
especial os qualitatitvos)”.

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Tendo estabelecido o problema da pesquisa, surgi a necessidade de definição de


um novo elemento do projecto que diz respeito ao propósito da investigação, que se
mostra associado ao conhecimento. O objectivo da pesquisa define o que se
pretende alcançar com o estudo, quais os motivos que orientam o projecto da
investigação.

O objectivo é o que se pretende atingir. O processo de conhecimento abarca


algumas dimensões tais como: a do conhecimento, da avaliação, da aplicação, da
análise, da compreensão e da síntese (Santos, 2004 citado por Da Silva & da
Silveira 2008).

Os objectivos devem ser eldorado de acordo com essas dimensões, privilegiando-se


uma delas. O objectivo geral é o fio condutor da investigação, enquanto o específico
é o desdobramento do geral. Os objectivos específicos podem ser vistos também
como as acções indispensáveis para se atingir o objectivo geral.

Há que se observar que os objectivos específicos podem ser transformados em


futuros capítulos da monografia, dissertação ou tese e existem níveis adequados
dos verbos na elaboração dos objectivos gerais e suas decomposições para os
objectivos específicos (Santos, 2004).

Eis alguns exemplos:

 Conhecer (conhecimento): apontar, enunciar sublinhar, relatar, definir, etc.


 Compreender (compreensão): descrever, discutir, esclarecer, explicar, etc.
 Aplicar (aplicação): empregar, traçar, praticar, interpretar, etc.
 Analisar: comparar, examinar, experimentar, comparar, etc.
 Realizar (Síntese): compor, construir, coordenar, propor, etc.
 Avaliar (avaliação): avaliar, medir, ordenar, valorizar, etc.

É preciso cuidado na escolha dos objectivos: eles devem ser adequados à pesquisa.

É preciso expressar os objectivos com clareza para evitar possíveis desvios no


processo de pesquisa; e tais objectivos devem ser possíveis de alcançar; são as
orientações do estudo e é preciso tê-los em mente durante todo o seu

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desenvolvimento. Certamente, os objectivos especificados no projecto de pesquisa


devem ter algum nexo entre si.

Dentro de uma pesquisa/investigação devem figurar os objectivos gerais e os


específicos. O objectivo geral indica a principal intenção de um projecto, ou seja,
corresponde ao produto final que o projecto quer atingir, mencionando o que se quer
alcançar na investigação a longo prazo, ultrapassando o tempo e a duração do
projecto. O projecto não pode ser encarado como um fim em si mesmo, mas como
um meio para alcançar o fim maior.

Os objectivos específicos permitem o acesso gradual e progressivo aos resultados


finais. Demonstram o objectivo geral, pelo que terão de se formular em termos
operativos, o que deixará avaliar a sua concretização. Serão susceptíveis de serem
atingidos a curto prazo e o seu enunciado não dará lugar a ambiguidade de
interpretação, sendo, sempre que possível, quantificados, (Sousa & Baptista, 2011).

2.4.1. As questões da pesquisa

Além de formular os objectivos concretos da pesquisa, é aconselhável formular, por


meio da várias questões/perguntas o problema a ser estudado. Formular as
perguntas tem a vantagem de apresentar o problema de maneira directa,
minimizando a distorção ou controvérsia.

Estas perguntas estão relacionadas com as hipóteses do trabalho que são uma
resposta prévia ao problema proposto, e habitualmente são desenvolvidas com base
em estudos anteriores realizados de acordo com o tema escolhido. Por vezes são
teses predefinidas pelo autor, baseadas no senso comum, antes do início da
investigação. São suposições admissíveis que tentam solucionar a pergunta de
partida e ajudam a compreender o tema e, podem não ser necessariamente

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verdadeiras, pois as mesmas são formuladas para que no final da investigação


sejam consideradas verdadeiras ou falsas, (Sousa & Baptista, 2011).

As questões da investigação devem ser bem elaboradas e devem constiuir as ideias


iniciais que precisam ser refinadas e delimitadas para orientar o começo do estudo
de maneira eficiente.

Analise a seguinte questão para um trabalho: Como estão relacionados os meios


de comunicação de massa com o voto? Esta questão, por exemplo, não está
delimitada porque a expressão “meios de comunicação de massa” abrange a
rádio, televisão, os jornais, as publicaçõe, o cinema, os anúncios publicitários, etc.
Do mesmo modo, o “voto” é mencionado sem especificar o tipo, o contexto, ou
sistema social (se se trata de uma eleição pública em âmbito nacional ou local,
sindical, religiosa, para escolher um representante de uma câmara ou outro
funcionário, (Sampieri et al., 2006, Sousa & Baptista, 2011).

As questões devem ser mais precisas, sobretudo para os estudantes que inciam
uma pesquisa. Todos os estudos versam sobre questões mais específicas e
limitadas.
2.5. Hipótese da investigação

Hipóteses são respostas provisórias que associamos ao problema de investigação.


Trata-se de uma solução possível considerada para o problema levantado, que
podemos elaborar a partir da observação. O investigador, a partir, do que ele já sabe
sobre o assunto estabelece uma explicação provisória para o problema escolhido
(Sacamoto& Silveira, 2014).

A hipótese é vista como uma solução provisória para o problema, além de ter uma
consistência lógica para que possa ser submetida à verificação, a fim de ser
comprovada (Lakatos & Marconi, 2000).

“A formulação das hipóteses, nesse sentido, parte do que chamamos de repertório do


investigador, da observação que ele faz da realidade do conhecimento do contexto em
que está inserido seu objecto de estudo. A investigação quando colocada em prática,
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irá verificar a validade das hipóteses a fim de confirmá-la ou negá-la; por isso,
diferentemente do problema de investigação, que é uma questão interrogativa, a
hipótese deve ser formulada de forma afirmativa” (Sacamoto& Silveira, 2014, p. 24).

2.6. Variáveis da investigação

Classicamente define-se como variável tudo aquilo que pode assumir diferentes
valores numéricos, como, por exemplo: temperatura, idade, renda familiar e número
de filhos de um casal. Mas para fins de pesquisa pode-se entender variável como
qualquer coisa capaz de ser classificada em duas ou mais categorias (Gil, 2010).

Segundo(Silva & Da Silveira, 2008), as variáveis podem ser:

Empíricas – estes tipos variáveis podem ser medidas ou observadas imediatamente


(por exemplo a renda económica);

Gerais – não podem ser Directamente observadas (por exemplo, a educação como
factor de diminuição da assimetria socioeconómica);

Nominais – referem-se a distintas categorias como sexo, idade, educação;

Variáveis intervalares – variam em função de algum tipo de medida (por exemplo,


faixa etária);

Independentes – determinam outras variáveis chamadas de dependentes. Por


exemplo numa pesquisa sobre o impacto económico dos hábitos de consumo, o
câmbio pode ser considerado uma variável independente;

Dependentes – determinadas pela variável independente. O pesquisador pode


alterar e controlar as variáveis com a função de comparar grupos ou testar as
hipóteses lançadas. Por exemplo as classes C e D estão consumindo mais biscoitos
por considerarem-no elemento de prestígio. No caso a variável é o produto
“biscoito”, correlacionado a sua aceitação como indicador de prestígio social.

2.7. A revisão da literatura e o levantamento bibliográfico

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A revisão da literatura consite em identificar, obter e consultar a bibliografia e outros


materiais que sejam úteis para os objectivos do estudo, do qual se deve extrair e
recompilar a informação relevante e necessário sobre o problema de pesquisa.
Essa revisão deve ser selectiva, poisa cada ano em diversas partes do mundo
milhares de artigos são publicados em revistas, jornais, livros ou outros tipos de
materiais nas áreas de conhecimento. Se, ao revisar a literatura, constatamos há
possivelmente dez mil referências na área de interesse do estudo, é evidente que
será preciso seleccionar as mais importantes e recentes e, que tenham abordado o
tema com enfoque similar ao nosso (ainda que sigamos um enfoque quantitativo, por
exemplo, é conveniente dar uma olhada aos estudos qualitativos que se referem ao
problema ou tópico de pesquisa, Sampieri et al., 2006).

Sousa e Baptista (2011, p.33) explicam que “a revisão da literatura tem como
objectivo a consulta e recolha de informação pertinente relativa à área de
investigação em geral e à problemática da investigação em particular. (…) Tem
como objectivo a aquisição de conhecimento científico na área da investigação, que
seja relevante e que permita “ajudar” a encontrar as respostas para a problemática
em estudo. (…) Qualquer investigação, seja qual for a sua dimensão, implica a
leitura do que os outros indivíduos já escreveram sobre a área de interesse. Implica
a recolha de informação que fundamentem os seus arguemntos e a redacção das
suas conclusões. Esta revisão permite-nos saber o estudo do conhecimento (state-
of- the- art, na nomenclatura anglo-saxónica) em que se econtra a nossa
investigação, (Sampieri et al., 2006, Sousa & Baptista, 2011).

A revisão da literatura é inerente ao levantemnto bibliográfico (Sampieri et al., 2006,


p.54, citando Danhke, 1989) dsitinguem três tipos básicos de fontes para realizar a
revisão da literarura:

A. Fontes primárias (directas): constituem o objectivo da pesquisa bibliográfica


ou revisão da literatura e fornecem dados de primeira mão. Como exemplo,
temos os livros, antologias, artigos de periódicos, monografias, dissertações e
teses, documentos oficiais e relatórios de associações, trabalhos

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apresentados em congressos ou seminários, artigos de jornais, testemunhos


de especialistas, filmes, documentários, vídeos, fóruns e páginas da internet,
etc.
B. Fontes secundárias: são compilações, resumos e listas de referência
publicadas em determinada área de conhecimento (são listas de fontes
primárias) ou seja, processam informações em primeira mão. Por exemplo: há
organizações que publicam anualmente feitos e breves comentários de vários
artigos, livros e teses, dissertações eoutros documentos relevantes.

C. Fontes terciárias: trata-se de documentos com nomes e títulos de revistas e


outras publicações periódicas, bem como nomes de boletins, congressos e
simpósios, sites da web, empresas associações industriais e de diversos
serviços, como por exemplo, empresas que se dedicam a questões de
recursos humanos, marketing e publicidade, opinião pública. Títulos de
relatórios com informações governamentais, catálogos de livros bãsicos que
contêm referências e dados bibliográficos; nomes de instituições nacionais e
internacionais a serviço da pesquisa. São úteis para detectar fontes não
documentais, tais como organizaçãoes que realizam ou financiam estudos,
membros de associações científicas (que podem assessorar), Instiuições de
Ensino Superior. Agências de informação e departamentos de governos que
realizam pesquisa, (Sampieri et al., 2006, p.55).

A principal diferença entre fontes secundárias e as fontes terciárias está no facto de


que uma fonte secundária resume as fontes de primeira mão (fontes primárias) e,
uma fonte terciária reúne fontes em segunda mão (fontes secundárias).

Portanto, para identificar a literatura de interesse que servirá para elaborar o marco
teórico, podemos:

a) Buscar directamente as fontes primárias ou originais, quando se conhece


bem a área de conhecimento em questão;

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b) Consultar especialistas na área que orientem olevantamento da literatura


pertinente e de fontes secundáris, para localizar as fontes primárias , que é a
estratégia mais comum do levantamento de refrências;
c) Revisar fontes terciárias para localizar as fontes secundárias e lugares aonde
obter informações, para detectar através delas as fontes primárias de
interesse;
d) Utilizar sites de busca na Internet, directórios, bancos de dados e páginas de
especialistas no tema (muitas vezes estão indicadas nas páginas das
universidade, Sampieri et al., 2006, p.).

2.8. Metodologia da investigação

A metodologia pode ser definida como o conjunto de critérios e métodos utilizados


para se construir um saber seguro e válido (Silva & Da Silveira, 2008).

A Metodologia da pesquisa define a maneira como o estudo se desenvolverá para


buscar alcançar uma resposta ao problema de pesquisa, (SaKamoto & SilVeira,
2014).

2. 8.1. Tipos de Metodologia

A maior parte das literaturas concordacom(Sampieri, Collado, & Lucio, 2006).


Quanto afirmam que existe dois tipos de Metodologias:

1º Metodologia Quantitativa – usa colecta e analise de dados para responder às


questões de pesquisa e testar as hipóteses estabelecidas previamente, confia na
medição numérica, na contagem e frequentemente no uso de estatística para
estabelecer com exactidão os padrões de comportamento de uma população.

2º Metodologia Qualitativa – em geral, é utilizado sobretudo para descobrir e refinar


as questões de pesquisa.Com frequênciaesse enfoqueestá baseado em métodos de
colecta de dados sem medição numérica, como as descrições e as
observações.Regularmente, questões hipóteses surgem como parte do processo de
pesquisa, que é flexível e se move entre os eventos e sua interpretação, entre as

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respostas e o desenvolvimento da teoria. Seu propósito consiste em “reconstruir” a


realidade, tal como é observada pelos atores de um sistema social predefinido.
Muitas vezes é chamado de “holístico”, porque considera o “todo”, sem reduzi-lo ao
estudo de suas partes.

Nota importante: os dois modelos podem convergir ou fazer fusão das metodologias de
pesquisa quantitativa e qualitativa (triangulação).
A Triangulação é uma estratégia de pesquisa baseada na utilização de mais de um
método para investigar um mesmo fenómeno”, (Vergagara, 2010, p. 242).

2.8.2. Tipo de investigação ou Estudo


Segundo Danhke (1989), citado por Sampieri, Collado& Lúcio (2006), consideram
quatro tipos de investigação:

1º Investigação ou Estudos Exploratórios – sucedem normalmente quando o


objectivo é examinar um tema ou problema de investigação/pesquisa pouco
estudado, do qual se tem muitas dúvidas ou não foi abordado antes. Em outras
palavras, quando a revisão da literatura revela que a temas não pesquisados e
ideias vagamente relacionadas com o problema de estudo; ou seja se desejarmos
investigar sobre alguns temas e objectos com base em novas perspectivas e ampliar
os estudos já existentes. Por exemplo, pesquisar a opinião dos habitantes de uma
cidade sobre o novo governador, e como ele pretende resolver os seus principais
problemas.

2º Investigação ou Estudos Descritivos – procuram especificar as propriedades,


as características e os perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou
qualquer outro fenómeno que se submeta à dimensões ou componentes do
fenómeno a ser investigado. Do ponto de vista científico, descrever é colectar dados
(para os pesquisadores quantitativos, medir; para os qualitativos, colectar
informações). Isto é, em um estudo descritivo selecciona-se uma série de questões
e mede-se ou colecta-se informação sobre cada uma delas, para assim (vale a
redundância) descrever o que se pesquisa.

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3º Investigação ou Estudos correlacionais – têm como objectivo avaliar a relação


entre duas ou mais variáveis ou conceitos. Em certas ocasiões só se analisa a
relação entre duas variáveis, o que poderia ser representado como
X_______________Y, mas frequentemente se encontram no estudo relação entre
três variáveis, o que poderia ser representado assim: X _____Y; outras vezes estão
incluídas.

A correlação pode ser positiva ou negativa. Se for positiva significa que os indivíduos
com altos valores em uma variável tenderão a mostrar altos valores em outra
variável. Por exemplo, quem estuda mais tempo para o exame de estatística tende a
obter uma nota mais alta no exame. Se for negativa, significa que o indivíduo com
altos valores em uma variável tende a ter baixos valores em outra variável. Por
exemplo, quem estuda mais tempo para o exame tende a ter uma nota mais baixo.

4º Investigação ou Estudo Explicativa – os estudos explicativos vão além da


descrição de conceitos ou fenómenos ou do estabelecimento de relações entre
conceitos, estão destinados a responder as causas dos acontecimentos, estão
destinados a responder as causas dos acontecimentos, factos, fenómenos físicos ou
sociais. Como o nome indica, seu interesse está em responder por que ocorre um
fenómeno e em quais condições ou por que duas ou mais variáveis estão
relacionadas.

Exemplo, conhecer as intenções do eleitorado é uma actividade descritiva (indicar,


segundo uma pesquisa de opinião antes do início da eleição, quantas pessoas
votarão nos candidatos concorrentes é um estudo descritivo) e relacionar tais
intenções com conceitos, como idade e sexo dos eleitores, eficiência da propaganda
nos meios de comunicação de massa dos partidos dos candidatos e os resultados
da eleição anterior (estudo correlacional) é diferente de apontar por que alguém
votara no candidato1 e outra nos demais candidatos (estudo explicativo).

2.8.3. A população e a selecção da amostra


Geralmente quando se deseja colher informações sobre um ou mais aspectos de um
grupo numeroso, torna-se, muitas vezes impossível fazer o seu levantamento. Daí a

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necessidade de se investigar apenas uma parte dessa população ou universo. A


finalidade da amostragem é, portanto, escolher uma parte (ou amostra), de maneira
que ela seja representativa de todo o grupo e, a partir dos resultados obtidos na
pesquisa poder extrapolar para toda a população.

Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que


apresentam pelo menos uma característica em comum. Sendo No número total de
elementos do universo ou população, ele pode ser representado pela letra latina
maiúscula X, tal que XN=X1; X2;…;XN, (Marconi &Lakatos, 2008, p.27). Pode ser
pessoas, lojas, empresas, produtos, etc.

Por exemplo, se o investigador quiser estudar o comportamento dos funcionários


públicos do Governo provincial do Cuanza Norte e que neste Governo trabalham
800 funcionários, assim afirma-se que a dimensão do universo ou da população é
800.

Amostra: é uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada do universo ou


população; é um subconjunto do universo). Sendo n o número de elementos da
amostra, esta pode ser representada pela letra latina minúscula x, tal que xn=x;
x1,..;x2, onde xn<XN e n < N, (Marconi &Lakatos, 2008, p.27).

Por exemplo, dos 800 funcionários do Governo Provincial do Cuanza Norte


escolhemos apenas 350 funcionários para o nosso estudo, afirmamos que a amostra
do estudo é de 350.

O universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a ser investigado, e


a amostra é obtida ou determinada por uma técnica específica de amostragem.

2.8.4. Tipos de amostra

Os tipos de amostragem são casual ou probabilística e não casual ou não


probabilística.
Segundo Hill e Hill (2012, p.45) “os métodos de amostragem casual são preferíveis
quando o investigador pretende extrapolar (generalizar) com confiaça para o

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universo os resultados obtidos a partir da amostra”. A utilização destes métodos tem


duas grandes vantagens:

1. É possível demonstrar a representatividade da amostra;


2. É possível estimar (estatisticamente) o grau de confiança com o qual as
conclusões tiradas da amostra se aplicam ao universo”.
As técnicas mais conhecidas de amostragem casual/probabilística são:

a) Amostragem aleatória simples


Para (Gil, 2008), a amostragem aliatória simples é o procedimento básico da
amostragem científica. Pode-se dizer mesmo que todos os outros procedimentos
adotados para compor amostras são variações deste.
Amostragem aleatória simples consiste em atribuir a cada elemento da população
um número único para depois selecionar alguns destes elementos de forma casual.
Para se garantir que a escolha desta amostra seja dividida realmente ao acaso,
podem se utilizar tábuas de números aliatórios. Estas tábuas são construidas por
números apresentados em colunas, em páginas concecutivas, ibid.

b) Amostragem sistemática
A amostragem sistematica é uma variação da amostragem aleatória simples. Sua
aplicação requer que a população seja ordenada de modo tal que cada um de seus
elementos possa ser unicamente identificado pela posição. Apresentam condições
para satisfação desse requesito uma população identificada apartir de uma lista que
englobe todos os seus elementos, uma fila de elementos, uma fila de pessoas ou
conjunto de candidatos a um concurso, identificados pela ficha de inscrição.
Para efectuar a escolha da amostra, procede-se à selecção de um ponto de partida
aleatória entre 1 e o intero mais próximo à razão da amostragem. A composição da
amostra por este processo é bastante simples. Deve ficar claro que, é só aplicavel
nos casos em que possa previamente identificar a posição de cada elemento num
sistema de ordenação da população.

c) Amostragem estratificada

37
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Enfermagem

A amostragem estratificada caracteriza-se pela selecção de uma amostra de cada


subgrupo da população considerada. O fundamento para delimitar os subgrupos ou
estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou classe social.
Muitas vezes estas propriedades são combinadas, o que exige uma matriz de
classificação. Por exemplo quando se cumbina homem e mulher com “mair de 18
anos” e “menor de 18 anos”, resultam quatro estratos: “homem menor de 18 anos”,
“mulher maior de 18 anos”, “mulher maior de 18 anos”.

d) Amostragem por clusters


Este método é útil quando o Universo é grande mas os casos estão agrupados em
unidades ou « clusters». O método consiste essencialmente em aplicar a
amostragem aleatória de unidades. Por outras palavras, o investigador começa por
extrair uma amostra aleatório de unidades e depois utiliza todos os casos dessas
unidades. (Hill & Hill, 2012, p.49 ).

Por exemplo, suponho quepretendiamos estudar a relação entre a ausência


voluntária ao emprego e a satisfação dos trabalhadores dos hotés de três estrlas
existentes em Lisboa. Neste caso o Universo, há gruposou «clusters» de casos – o
conjunto de trabalhadores em cada um dos hotés forma um «clusters».
Para escolher uma amostra por clusters devemos seguir os seguintes passos:
1. Encontrar uma lista dos hotés de três em Lisboa;
2. Decidir qual a fracção de de amostragem, ou seja qual o múmeiro de hotés
sobre os quais a investigação vai ser aplicada ( Por exemplo, 10% do
universo;
3. Escolher 10% dos hotés por amostragem aleatória;
4. Efectuar a investigação sobre todos o trabalhadores dos hotés que
constituem a amostra de 10%.

A amostragem não casual/não probabilística


Este tipo de amostra também se denomina de amostra dirigida, é um procedimento
de seleção informal e um pouco arbitrário. A eleição de elementos não depende da

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Enfermagem

probabilidade, no entanto de causas relaccionada com as características do


investigador, (González, Fernandéz, & Camargo, 2014).
Esta amostragem pode ser definida em:

e) Amostragem por conveniência


As amostras são seleccionadas seguindo um critério de acessibilidade ou
comodidade. É utilizada frequentemente em espaços com alto fluxo de pessoas,
como centros comerciais, praças, estações aeroportos ou lugares de grandes
enfluencias públicas. O objectivo é conseguir o maior número possível de
questionário completados de forma rápida e económica. É adequada na pesquisa
exploratória, que sempre lhe sigla uma pesquisa adicional da qual se obtenha uma
amostra probabilística.

f) Amostragem por quotas


Esta amostra, tem por objectivo garantir que os diversos subgrupos de uma
população sejam representados na amostra conforme as características pertinentes
da amostra, e na proporção exata desejada pelo investigador. A selecção acidental
de sujeitos pode produzir preconceitos. Dessa forma, a agilidade na colecta de
dados, os custos mais baixos e a comodidade são as suas principais vantagens
sobre a amostragem probabilistica. Pode ser muito adequada nos casos em que o
investigador sabe que o mais provável é que um determinado grupo demográfico
recusa-se a cooperar com uma pesquisa.
Portanto, essas técnicas de amostragem são mais utilizadas nas metodologias
qualitativa, quantitativa e mista.

2.8.5. Procedimentos da pesquisa

Os procedimentos de pesquisa são os passos dados no encaminhamento da colecta


de dados; consiste no conjunto dos cuidados detalhados e tarefas imprescindíveis
que estão envolvidos na concretização do planeamento metodológico(Sacamoto &
Silveira, 2014).

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Enfermagem

Os autores acrescentam ainda que: descrever os procedimentos de um projecto de


investigação implica relatar todas as acções que são necessárias para garantir a
colecta de dados.

No caso da pesquisa realizada com Materiais, definir os procedimentos significa


descrever a ida aos locais da colecta de dados. No caso da pesquisa com pessoas,
requer a descrição do convite aos sujeitos e das demais actividades que são
necessárias para obtenção das informações oferecidas pelos participantes do
estudo, tais como a entrega da carta de informação ao sujeito sobre a investigação e
a solicitação de assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

2.8.6. Técnicas ou instrumentos da investigação

As técnicas ou os instrumentos destinados a colecta de dados na pesquisa são


enumeras e devem se adequar ao resultado que se pretende alcançar. São eles: a
observação, o Questionário, a Entrevista, o Depoimento, a história de vida, o grupo
focal (Sakamoto & Silveira, 2014).

A Observação é uma técnica presente em todo e qualquer estudo, pois fornece


informações de inúmeras perspectivas e qualidades. A observação depende do
olhar sensível e curioso do pesquisador que mantem uma postura aberta ao
observado, procurando não influenciar sua percepção e seu registo, pois deve estar
livre de interpretações e ater-se à finalidade da descrição da realidade, mais fiel
possível.

O Questionário é um instrumento estruturado em forma de formulário, no qual são


apresentadas questões sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar
informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vista a conhecer a
opinião dos mesmos sobre o assunto em estudo.

As questões podem ser abertas (quando o pesquisado pode expor livremente o seu
pensamento) ou fechadas (quando o pesquisado deve escolher uma ou mais
respostas já identificadas no formulário). As perguntas devem ser apresentadas de
modo objectivo para evitar respostas duvidosas, ambíguas ou lacónicas, que
dificultarão o entendimento do pesquisador sobre o pensamento do sujeito de
pesquisa.
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A Entrevista é uma técnica bastante utilizada em Ciências Humanas Sociais e


define-se como uma situação de interacção entre pesquisador e pesquisado. Essa
técnica possibilita variações de acordo com o modo como a entrevista é estruturada:
ela pode ser desestruturada ou livre, permitindo que o participante fale livremente
sem ser interrompido ou inquerido sobre aspectos especificados; pode ser
semiestruturada ou semidirigida, o que supõe uma participação parcial do
pesquisador que pode interferir em alguns momentos, introduzindo questões
específicas durante a conversação; pode ser estruturada ou dirigida de modo que o
pesquisador mantenha a direcção da situação, apresentando as questões em uma
ordem preestabelecida.

As entrevistas semidirigida e dirigida são realizadas mediante um roteiro de


perguntas que são mencionadas no projecto de pesquisa, em seu anexo. As
questões apresentadas na entrevista podem ser modificadas (em relação ao roteiro
elaborado) durante a sua realização, mediante novos dados que venham surgir na
comunicação.

O Depoimento é um recurso em que o investigador recolhe, junto ao investigado,


um texto escrito ou uma comunicação oral de uma situação vivida que esteja
relacionada ao objecto estudado.

A Técnica da História de vida refere-se à pesquisa de informações da vida pessoal


de um ou vários informantes que podem estar relacionadas a autobiografia,
memorial, crónicas em que se possa expressar as trajectórias pessoais dos sujeitos.

O Grupo Focal é recurso metodológico criado na segunda Guerra Mundial para


avaliar a influência de programas de rádio junto a soldados americanos e que vem
sendo bastante utilizado nas Ciências Sociais aplicadas. Consiste em reunir um
grupo de pessoas que partilha uma discussão dirigida a um tema ou foco
preestabelecido e tem como moderador da situação, o pesquisador. O objectivo do
Grupo Focal é obter a pluralidade de ideias, e não e consenso, baseada na
interacção grupal que favorece a emergência de dados.

2.8.7. Análise de dados

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Após a colecta de dados, passa-se a sua análise que é constituída


fundamentalmente pelo processo de codificação (Gil, 2010).

Este processo abrange três etapas:

1. Codificação aberta – é a primeira etapa do processo de análise que tem


como finalidade identificar conceitos a partir das ideias centras contidas nos
dados. Os conceitos são rótulos dados ao evento, objectos ou acções que se
manifestam nos dados.

Para realizar a codificação aberta procede-se a transcrição de todo matéria


colectada, a análise cuidadosa de cada frase ou sentença, a selecção da palavra-
chave e a determinação de um tipo ou código que represente um parágrafo ou
unidade de ideias. Para facilitar esse processo, podem ser utilizadas questões como:
O que esta a acontecendo? O que significa isto? O que esta pessoa esta fazendo
aqui? E fala a respeito de que?

2. Codificação axial: é o processo de relacionar categorias as sua


subcategorias. É denominada axial por que ocorre em torno do eixo de uma
categoria, associados ao nível de propriedades e dimensões. Essa fase é
requerida em virtude do grande número de conceitos que geralmente são
obtidos na codificação aberta. Seu propósito é reorganizar os dados com
vistas a aprimorar um modelo capaz de identificar uma ideia central e suas
subordinações.

Como na codificação aberta, o processo de trabalho nessa etapa consiste em fazer


comparações e perguntas a cerca dos dados, só que de maneira mas focalizada.
Muitas vezes torna-se necessário voltar a campo para aumentar os elementos de
análise. Assim as categorias já formadas são analisadas comparativamente, a luz
dos novos dados que estão chegando, com vista a identificar as mas significativas.
Esse processo reduz, por tanto, o número de categorias posto que estas vão se
tornando mas organizadas.

3. Codificação selectiva: é a última etapa da análise de dados e pode ser


definida como processo de íntegra e refinar categorias. É um processo que a
rigor inicia-se com a primeira parte da análise e só se conclui com a redacção
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final. O primeiro passo na integração é identificar a categoria central, que


representa o tema principal da pesquisa. Essa categoria emerge ao final da
análise e constitui o tema central ao redor da qual giram todas as outras
categorias.

Essa categoria central deve estar relacionada a todas as outras categorias


importantes da pesquisa. Ela deve a parecer frequentemente nos dados, o que
significa que em quase todos os casos a indicador deste conceito. As relações com
as outras categorias devem ser lógicas e consistentes. O nome ou frase usada para
descrever deve ser suficientemente abstracto para que possa ser utilizado para
realização de pesquisas em outras áreas, levando ao desenvolvimento de uma
teoria ma geral.

A identificação da categoria central requer capacidade de abstracção e de


discernimento. É comum pesquisadoriniciante ou mal preparados ficar tão atolados
nos dados que não conseguem obter a distância necessária para se comprometer
com a ideia central. Por essa razão, convém utilizar algumas técnicas para facilitar a
identificação da categoria central e a integração dos conceitos. Dentre elas estão: A
redacção do enredo, o uso de diagramas e a revisão e organização de memorandos.

Obs.: o processo de análise de dados pode ser facilitado com o uso de programas
de computadores. O mais utilizado é o ATLAS/ti, (Gil A. C., 2010), Já para o nosso
caso ESPOL/CN, utiliza-se nos trabalhos de enfoque quantitativos, o programa
SPSS.

2.9.Cálculo do tempo e Custo do projecto

2.9.1. Dimensão Administrativa da investigação

É muito frequente encontrarem-se obras de Metodologias que tratam


exclusivamente dos aspectos científicos da pesquisa, deixando de lado os aspectos
administrativos, tais como o tempo e os custos. Todavia o melhor que seja a
preparação metodológica, pouca probabilidade de viabilização tem um projecto que
não considere esses aspectos. Como qualquer actividade humana,
pesquisa/investigação implica tempo e dinheiro. E mesmo que a investigação não

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exija financiamento externo, é necessário que o projecto envolva considerações


acerca do cronograma e do orçamento da investigação. Sem isso, o investigador
corre o risco de perder o controlo do projecto (Santos, 2004).

2.9.2.Cronograma da investigação

Para Gil (2010, p. 163), como a pesquisa se desenvolve em várias etapas, é


necessário fazer a previsão do tempo necessário para se passar de uma fase para
outra. Como, também determinadas fases são desenvolvidas simultaneamente, é
necessário ter a indicação de quando isso ocorre. Para tanto, convém definir um
cronograma que indique com clareza o tempo de execução previsto para as diversas
fases, bem como os momentos em que estas se interpõem. Esse cronograma, numa
representação bastante prática (conhecida como gráfico de Gannt), é constituído por
linhas, que indicam as fases da pesquisa, e por colunas, que indicam o tempo
previsto.

Exemplo de um cronograma

Actividade Jan.2016 Fev.201Mar.2016 Abr. 2016Ma.2016 Jun. 2016


6
Delimitação tema e doX
levantamento das fontes
Revisãoda literatura X
X X
Eleboração questionário e
Recolha de dados
X
Análise e interpretação X
dos resultados
Entrega do trabalho X
Defesa da monografia X

2.9.3.Orçamento da investigação

Para estimar os gastos com a investigação, convém elaborar um orçamento. Para ser
adequado, este deverá considerar os custos referentes a cada etapa da investigação,
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segundo os itens de despesa. Neste orçamento deverão ser discriminados os itens de


despesa, com a indicação das quantidades, do custo unitário e do custo total, Ibid.

Convém que os itens sejam agrupados em secções, como:

a) Materiais permanentes – são aqueles que tem durabilidade prolongada e


permanecem a pós o encerramento do projecto. Podem ser: computadores,
impressoras, móveis, livros etc.
b) Material de consumo – são aqueles materiais que não tem durabilidade
prolongada. Normalmente são consumidos durante a realização da investigação.
Podem ser: papel, tinteiro, canetas, material para fotografia e filmagem, material
de proteção, material de limpeza, combustível, etc.
c) Diárias – despesas com alimentação e pousada do pessoal envolvido no
projecto.
d) Passagens e dispesas com locomução. Despesas com aquisição de passagens
e taxa de embarque.
e) Outros serviços de terceiros. Podem incluir fretes e carretos, conservação e
adaptação de bens imóveis; serviços de comunicação e divulgação; despesas
com congressos, simpósios, conferencias ou exposições etc.

Material permanente
Descrição Quantidade Preço Unitário Total
Computador 1 80.000,00
Impressora 1 25.000,00
Modem 2 16.000,00
Pen driv 2 6.000,00
Discos virgens 7 2.100,00
Livros 30 120.000,00
Beca 1 30000,00
Total
Material de Consumo
Resmas de papelfolhas A4 5 4.000,00
Tinteiros 20 60.000,00
Cartão da mediateca 1 1000,00
Lapiseiras 10 1000,00
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Despesas com locomoções


Outros custos ----------------- 100.000,00
Total 70 424.100,00

CAPÍTULO 3 – ESQUEMAS METODOLÓGICOS DO TRABALHO CIENTÍFICO

3.1. O trabalho científico

“Os Livros, monografias, dissertações, teses artigos, etc., dactilografados ou


impressos, são trabalhos científicos desde que obedeçam às exigências científicas e
as normas oficiais.” (Capitiya, 2006).
“Uma dissertação ou uma tese é o resultado de um projecto de investigação e, por
isso, um documento prospectivo. Difere do relatório, cujo carácter é retrospectivo”.
(Carvalho, 2009, p.149).
“A primeira tarefa do investigador na elaboração do seu trabalho é demonstrar que o
mesmo mostra regras científicas na sua elaboração.” (Ibid.)
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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

O aluno deve saber: o que é uma Tese, o que é uma dissertação, o que é uma
monografia e o que é um artigo científico.
A elaboração do trabalho científico desenha a sua trajectória num projecto de
pesquisa científica.

3.2. O Projecto de pesquisa científica/anteprojecto

Um projecto de pesquisa constitui a síntese de múltiplos esforços intelectuais que se


compõem: de abstracção teórica-conceptual e de conexão com a realidade empírica,
de exaustividade e síntese, de inclusão e recortes, que surge, e, sobretudo de rigor
e criatividade. Quem duvida que as vistas cansam, as costas ardem, e a coluna dói
depois de longos dias em frente a um computador ou a uma pilha de livros?
Ao falarmos de projecto de pesquisa, devíamos talvez pensar nas metáforas de
algumas ferramentas-guia, tais como o astrolábio e o sextante, instrumentos
utilizados pelos antigos navegadores para se lançarem em mares desconhecidos,
desafiadores e fascinantes.

3.2.1.Dimensões de um projecto de pesquisa

Quando escrevemos um projecto, estamos definindo uma cartografia de escolha


para abordar a realidade. Isto porque o projecto científico trabalha como um objecto
construído e não como um objecto percebido, nem como objecto real (Bruyne,
Herman&Schoutheete, 1977).
A pesquisa científica busca ultrapassar o senso comum (que por si é uma
reconstrução da realidade) através do método científico social seja reconstruído
enquanto objecto do conhecimento, através de um processo de categorização
(possuidor de características específicas) que une dialecticamente o teórico e o
empírico (baseado na experiência vulgar; não metódica).

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Enfermagem

3.3. Elementos constitutivos de uma pesquisa científica


O projecto de pesquisa deve fundamentalmente responder as seguintes perguntas
(Barros&Lehfeld, 1986; Gil, 1991; Rúdio, 2000):
 O que pesquisar? (Definição do problema, hipótese, base teórica e conceptual.)
 Para que pesquisar? (Propósitos do estudo, seus objectivos.)
 Porquê pesquisar? (Justificativa da escolha do problema.)
 Como pesquisar? (Metodologia)
 Por quanto tempo pesquisar? (Cronograma de execução)
 Com que recursos? (Orçamento.)
 A partir de que fontes? (Referências).

3.4. O trabalho científico


O carácter estrutural do trabalho científico é universal a partir dos seus elementos
constitutivos (elementos pré – textuais, textuais e pós – textuais).
 “Elementos pré – textuais: capa, folha de rosto ou frontispício, resumo, abstract
dedicatória, agradecimentos, abreviaturas, termo de aprovação, ficha cartográfica,
epígrafe, sumário, etc.

O artigo 10º do Regulamento para Elaboração de Trabalhos Científicos das Escolas


Superiores e adoptado à Escola Superior Politécnica do Cuanza Norte (RETCES)
recomenda a seguinte configuração:
Índice; resumo; introdução; desenvolvimento (corpo do trabalho); conclusão;
recomendações incluídas na parte final das conclusões; anexos e bibliografia.
(construção pormenorizada em seminários ou estágios (3º ano).
Na figura seguinte apresentam-se exemplos de capas para trabalhos científicos.

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Enfermagem

 Elementos textuais: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Na óptica de muitos estudantes, a introdução é um dos elementos mais complexos


na construção de um trabalho académico ou de pesquisa científica mais aturada.
Normalmente, ela é construída a partir dos seguintes moldes: 1ª faz-se a justificação
do assunto em questão ou da escolha do tema em caso de trabalhos científicos; 2º
apresentam-se as razões que motivaram a elaborar o trabalho, que seja profissional
ou pessoal; 3º apresentação sucinta da sequência do trabalho; 4º apresentação de
chave de leitura.

 Elementos pós-textuais: referências bibliográficas, anexos, apêndices.


Os índices podem ser: onomásticos, toponímicos (ou geográficos) e índice
ideográficos (Sousa, 2005).

Em trabalhos científicos, o índice pode fazer parte dos elementos pré-textuais ou


dos elementos pós-textuais, atendendo forma usual de cada país, editora ou
universidade.

3.5. Citações, éticas do projecto de pesquisa e formas de citar

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Enfermagem

“Num projecto científico, muitos autores e dados são citados. Há uma enorme
variedade de fontes que um projecto pode utilizar: livros, capítulo de livros, artigos
de revistas científicas, jornais, … banco de dados, entre outros” (Sousa, Deslandes&
Gomes, 1993).

As Citações segundo Rampazo, 2002; Azevedo, 2004, apud. Kapitiya, 2006, P.82),
“são elementos retirados dos documentos pesquisados durante a leitura de
documentações e que se revelaram úteis para corroborar as ideias desenvolvidas
pelo autor no decorrer do seu raciocínio. Elas, expõem a doutrina, ideias de autores
em que nos apoiamos ou refutamos”.

CKauark, Manhães e Sousa (2010, p. 41) defendem que existem três tipos de
Citações:

1º Citação directa – é quando transcrevemos o texto, utilizando as próprias palavras


do autor. A transcrição literal virá entre “aspas”.

Exemplo:

Segundo Vieira (1998, p.5) o valor da informação está “directamente ligado a


maneira como ela ajuda os tomadores de decisões a atingirem as metas da
organização”.

2º Citação Indirecta – é a reprodução de ideias do autor. É uma citação livre, usando


as próprias palavras para dizer o mesmo que o autor disse no texto. Contudo, a ideia
expressa continua sendo de autoria do autor que você consultou, por isso é
necessário citar a fonte, dar crédito ao autor da ideia.

Exemplo:

O valor da informação está relacionado com o poder de ajuda aos tomadores de


decisões a atingirem os objectivos da empresa (VIEIRA, 1998).

3º Citação de Citação – é a menção de um documento ao qual você não teve


acesso, porém tomou conhecimento por citação em outro trabalho. A vez usa-se a

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Enfermagem

expressão latina apud (“citado por”) para indicar a obra de onde foi retirada a
citação. Sobrenome (s) auto (s) original (is) (apud Sobrenome (s) do (s) Autor (es) da
obra de que retiramos a citação, ano de publicação da qual retiramos a citação). É
uma citação indirecta.

Exemplo:

Porter (apud CARVALHO e SOUSA, 1999, p, 74) considera que “a vantagem


competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para
seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pelas empresas”.

 Apresentação das citações no texto – até tês linhas: aparece fazendo


parte normalmente do texto.

Exemplo:

Porter (apud Carvalho & Sousa, 1999, p. 74) considera que “a vantagem competitiva
surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus
compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pelas empresas”.

 Mais de três linhas: recuo de 4 cm para todas as linhas, a partir da margem


esquerda, com letra menor (fonte 10) que a do texto utilizado e sem aspas.

Exemplo:

Drucker (1997, p. xvi) chama a nova sociedade de sociedade capitalista.

“Nesta nova sociedade, o recurso económico básico – os meios de produção, para


usar uma expressão dos economistas – não é mais o capital, nem os recursos
naturais (a terra dos economistas), nem mão-de-obra; ele será o conhecimento. As
actividades centrais de criação de riqueza não serão nem a alocação de capital para
usos produtivos, nem a mão-de-obra – os dois pólos da teoria económica dos
séculos dezanove e vinte, quer ela seja clássica”.

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Enfermagem

No nosso caso, “Escola Superior Politécnica do Cuanza Norte, em conformidade


com a Universidade Kimpa Vita”, utilizamos o modelo APA. Associação Americana
de Psicologia como se vê adiante em anexo.

É comum observarmos nalguns textos, depois do trecho citado, parágrafos que


culminam com os termos: Ibid.Ibidem.

Segundo o Grande Dicionário da Língua Portuguesa (2004) os referidos termos


traduzem o seguinte:
 Ibid – abreviatura de ibidem, indicando que o que se refere no presente
parágrafo foi retirado no lugar que se retirou a citação anterior.
 Ibidem – indica que o que se cita é do mesmo livro ou do mesmo autor citado
anteriormente. Do latim ibidem, “aí mesmo, no mesmo lugar”

Vimos também as abreviaturas cf.oucfr. Cujo sinónimo é «vide», «confronte»,


«confira» ou «conforme».
A opção por escrever “cf”./“cfr”. ou“vide”, uma ou outra dependerá de questões
de coerência da apresentação de um texto.
A teia de âmbito mundial, através da conhecida internet, também dispõe de dados
favoráveis a pesquisa científica. “É possível entrar virtualmente nas bibliotecas das
principais universidades … de outros países e assim saberem … o que oferecem
neste acervo virtual”.

Op. Cit. “OpusCitatum”, tal como os anteriores, é um termo latino – Para referenciar
“obra citada”, quando por exemplo fizemos menção de uma obra citada e para
evitarmos a repetição evidenciamos. Exemplo: cf. Gomes (1993, p. 50). Quando
apresentarmos imediatamente outro trecho da mesma fonte, podemos expressar
“Op. cit.”(p. 53); o que significa, da obra anteriormente citada.
É muito frequente aparecerem, excepto o termo apud, em nota de rodapé.
Angola ainda não apresenta uma regra uniforme de citação a exemplo da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que existe desde 1940, a Norma
Portuguesa (NP 405) aliada com a norma ISSO 690, a Associação Americana de
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Enfermagem

Psicologia (APA) e outras normas ou associações existentes nos diversos países do


mundo. Não se sabe ainda de alguma harmonização com uma norma conhecida. A
população académica angolana usa as regras consoante os cursos, outros de
acordo as abordagens do docente de M.I.C.

“As regras da Associação Americana de Psicologia constituem uma referência para


a psicologia em particular e, de modo geral, para as ciências sociais nos países de
língua inglesa. O chamado Chicago Style, produzido pela universidade de Chicago,
é referência para a área de História” (Neto 2002; Sousa, Deslandes&Omes, 1993, p.
51).

“O projecto de pesquisa tem em sua redacção compromissos em não ferir a ética da


elaboração de textos científicos. Um dos comportamentos antiéticos mais comum é
a prática de plágio, isto é, usar ideias, expressões, dados de outros autores sem
citar a fonte de onde se originam.
Outra espécie de procedimento antiético é a fraude, ou seja, quando o pesquisador
inventa deliberadamente dados inexistentes a fim de justificar ou embaçar suas
propostas.

“Além da elaboração do texto em si, o projecto da pesquisa também deve ter a


preocupação de não causar malefícios aos sujeitos envolvidos no estudo,
preservando sua autonomia em participar ou não do estudo e garantindo seu
anonimato. Algumas áreas de conhecimento instituem que o projecto antes de ser
realizado deva ser submetido a um comité de ética em pesquisa” (Sousa,
Deslandes&Gomes, 199, p. 56).

3.5.1.Norma Portuguesa (NP 405)


Nesta norma, o trabalho científico (livro) obedece seis critérios:
a) Apelido do autor, em letras maiúsculas;
b) Iniciais do nome próprio ou do nome por extenso;
c) Título exacto da obra, em itálico ou sublinhado;
d) Local da edição;

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e) Nome do(a) editor(a);


f) Ano de edição.

Exemplo: CARVALHO, J. Eduardo. Metodologia do Trabalho Científico, Lisboa,


Escolar Editora. 2009.

Se a obra tem mais de dois autores, indica-se o nome do primeiro seguindo da


menção et all (e outros) ou mesmo e outros, sendo a primeira formula a mais
corrente. Também se utiliza numa obra colectiva de mais de três autores escrever
apenas VVAA (vários autores).

1. Referência de artigos

Na referência de artigo a ideia geral é a mesma, mas é necessário acrescentar as


referências da revista que contém o artigo.
a) Apelido do autor em letra maiúscula;
b) Iniciais do nome próprio ou o nome por extenso;
c) Título do artigo, em itálico ou sublinhado;
d) Nome da revista em itálico;
e) Ano da edição;
f) Número da revista, entre parênteses;
g) Página do início e do fim do artigo.

Exemplo: CARVALHO, J. Eduardo, Educação e investigação: especificidade da


ciência Económica, in Lusíada – Economia e Empresa, 2003 (2/3), p.p. 9-39.
A citação de livro, no texto, pode assumir três formas: directa, indirecta e citação de
citação. A citação directa é a transcrição do texto utilizando as próprias palavras do
autor; a transcrição literal é colocada entre «aspas»:
Exemplo: segundo carvalho (2009, p. 45) é sabido que «a ciência deve
fundamentalmente, tratar dos fenómenos objectivamente observáveis».

54
ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

A citação indirecta corresponde a reprodução de ideias do autor. É uma citação livre,


usando as suas palavras para dizer o mesmo que o autor disse no texto. Contudo, a
ideia expressa continua pertença do autor consultado, sendo por isso necessário
citar a fonte, dando crédito ao autor da ideia.
Exemplo: A ciência deve, fundamentalmente tratar dos fenómenos objectivamente
observáveis (Carvalho, 2009).

A citação de citação é a menção de um documento ao qual se teve acesso e que se


tomou conhecimento por meio de citação em outro trabalho. É uma citação indirecta.
Usa a abreviatura ap(expressão latina apud, «segundo», «citado por») para indicar a
obra de onde foi retirada a citação.

Exemplo: Lopes (apud Carvalho, 2009, p. 45) refere que «ciência deve,
fundamentalmente, tratar dos fenómenos objectivamente observáveis».
A referência a um documento electrónico, disponível na internet, conte os seguintes
elementos:

a) Apelido do autor em letra maiúscula;


b) Iniciais do nome próprio ou o nome por extenso;
c) Título da Publicação, em itálico;
d) Tipo de suporte: deve escrever-se a expressão [em linha], que aparece antes do
ponto final que termina o título da publicação;
e) Local da edição;
f) Nome do autor;
g) Data e actualização: tem o formato «Consult. dia mês ano»
h) Data de consulta: tem o formato «disponível na WWW: <URL: http://url>», em que a
expressão url contem o endereço electrónico da publicação.
Exemplo: PINTO, M. João. Orientação bibliográfica [em linha]. Porto: Escola
Superior Biotecnologia, actual. 24 Jul. 1997. [consult. 2 Abr. 2002]. Disponível na
internet: <URL: http://www.esb.ucp.pt/biblio/ori_bib.htm>.

3.5.2. Formato APA

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Enfermagem

Os Periódicos ANPAD utilizam para citações e referências as normas da


AmericanPsychologicalAssociation [APA]. Desse modo, abaixo encontra-se breve
resumo e exemplificações dessas normas para orientação dos autores de artigos a
serem submetidos.

Citação

O método empregado pelas Normas APA é autor-data, isto é, o sobrenome do autor


e o ano de publicação. O texto deve ser documentado citando o autor e a data de
publicação dos trabalhos pesquisados e consultados. Todos os autores citados no
texto, e apenas eles, devem estar presentes nas referências com as informações
completas. Este procedimento é obrigatório.

Referências

A lista de referências completa deve ser apresentada no final do texto e por ordem
alfabética pelo sobrenome do primeiro autor.

A referência bibliográfica de um livro fornece seis informações:


a) Apelido do autor, com a inicial maiúscula;
b) Iniciais do nome próprio ou nome por extenso;
c) Ano de edição, entre parênteses, terminado com ponto final;
d) Título exacto da obra, em itálico ou entre aspas;
e) Local da edição;
f) Nome do editor.

Exemplo: Carvalho, J. E. (2009). Metodologia do trabalho científico. Lisboa: Escolar


editora.

Quando o número de autores esteja compreendido entre dois e seis, inclusive,


devem citar-se todos os autores. Os nomes dos diversos autores são separados por
vírgulas, sendo o último precedido do carácter &. Sendo o número de autores

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

superior a seis, deve citar-se apenas o primeiro autor seguido de uma vírgula e da
expressão “et all”.

Na referência de um artigo a ideia geral é a mesma, mas é necessário acrescentar


as referências da revista que contem o artigo:
a) Apelido do autor, em letras maiúsculas;
b) Iniciais do nome próprio ou o nome por extenso;
c) Ano da edição;
d) Título do artigo, em itálico ou entre aspas;
e) Nome da revista em itálico;
f) Número da revista;
g) Página do início e do fim da revista.

Exemplo: Carvalho, J.E. (2003). Educação e investigação: especificidade da Ciência


económica. Lusíada – economia &empresa, 3(6), 9-39.
A citação de livro no texto utiliza vulgarmente no texto utiliza vulgarmente o sistema
autor-data com seguinte fundamento:
a) Apelido do autor;
b) Ano da publicação;
c) Número das páginas.
Exemplo: é sabido que «a ciência deve, fundamentalmente, tratar dos fenómenos
objectivamente observáveis» (Carvalho, 2009, p.45).
A citação de documento electrónico, disponível na internet, conte os seguintes
elementos:
a) Autor;
b) Data entre parênteses;
c) Título;
d) Consultado em «empresa, agência, instituição hospedeira»: «URL».
Exemplo: Pinto. M. João (2000). Orientaçãobibliográfica. Consultado em 22 de Abril
de 2002, em Escola Superior de Biotecnologia:
http//www.esb.ucp.pt/biblio/ori_bib.htm>.
Se o autor não for identificado, inicia-se com o título do documento.

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

3.5.3. Norma Brasileira (ABNT)


A norma em referência não difere tanto das anteriores. Tal como nos casos
anteriores, “ No corpo do projecto, as citações directas, quando necessárias, devem
ser breves para que possibilitem maior agilização da leitura. Se a citação exigir até
três linhas ela é incorporada na própria frase, sendo citação tal qual no texto original
e entre aspas duplas mencionando o nome do autor, o ano da obra e a página citada
como no exemplo a seguir:

De acordo com Neto (2002, p.206) “a concepção de que o conhecimento é colectivo


é a principal justificativa da necessidade de referência”.

Se a citação ultrapassar três linhas deve também identificar autor-ano-página, mas


deve ser apresentada com destaque de um recuo de 4cm da margem esquerda,
com uma letra menor que a do texto e sem aspas. Assim:
[…] o sobre nome do autor e o título do documento têm um destaque gráfico, ou seja,
o sobrenome do autor que abre a referência deve vir em maiúsculas ou caixa alta,
enquanto o título principal deve vir em itálico (grifado, quando o texto é
dactilografado [sic]) [grifos do autor].

Notemos que na citação acima houve o corte do começo da frase, assim usamos os
colchetes para avisar ao leitor. E a expressão “grifos do autor” é para indicar que os
destaques em itálico foram feitos pelo próprio autor citado.

As citações de trechos de entrevista também obedecem ao mesmo critério de


destaque quanto ao número de linhas.

As citações indirectas são ideias ou informações extraídas de outros autores, mas


expressas com as nossas próprias palavras. Elas devem fazer sempre menção ao
texto original, colocando entre parêntesis o nome do autor em caixa alta e a data da
obra. Por exemplo: A bibliografia a compor a lista de referência de um trabalho é
apenas aquela que o pesquisador utilizou directamente (Laville, Dione, 1999).

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

As citações de citação são designadas pela expressão latina “apud” (junto a). O
pesquisador deve usar sempre esta expressão. Exemplo: segundo a ABNT (2002,
apud Santos, 2004).

As referências a autores e a obras mencionados podem incluir várias citações:


a) Citação com mais de três autores
Mencionamos apenas o primeiro autor, seguido da expressão “et al.”Ex: (Minayoet
al., 2005).

b) Citação de vários autores


Citamos as referências obedecendo à ordem alfabética dos sobrenomes dos autores
ou segundo a data das publicações.

c) Citação de autores com o mesmo sobrenome


Citar as iniciais dos prenomes dos autores. Ex.: A violência é um problema de saúde
pública (Souza, 2004; Souza, 2005).
d) Citação de um mesmo autor com datas de publicações diferentes
Mencionar o nome separado por vírgulas e os anos em ordem crescente. Ex.:
(Souza, 2004, 2005, 2006).
e) Citação de um mesmo autor com mesmas data de publicação
(Souza, 2004a, 2004b)
f) Citação cujo autor é uma instituição
Coloca-se o nome da instituição no lugar do autor. Ex.: FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS. Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: FGV, 1987.
g) Citação de fontes informais (aulas, conferências, palestras, etc.)
Indicar, entre parêntesis a expressão citada, definindo melhor os dados disponíveis,
em nota de rodapé (ABNT)
Ex.: o Ministério da saúde publicou recentemente uma portaria que normaliza a
notificação de violência contra as mulheres.
No rodapé da página:

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Enfermagem

¹ Notícia fornecida pelo professor (nome) em palestra na escola nacional de Saúde


Pública em Novembro de 2006.

h) Citação de textos extraídos dehomepage ou Web site


São usados os mesmos padrões de citação anteriormente descritos segundo cada
caso. Quando compor a lista de referências deve-se colocar a instituição como
sendo o autor e data, o título da matéria acrescido das expressões “Disponível em:
(nome do site) ” e “Acesso em: dia/mês/ano”.

Exemplo no campo do texto: A ABNT define como normalização “a actividade que


estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições
destinadas à utilização comum e repetitiva com vista a obtenção do grau óptimo de
ordem em um dado contexto” (www.abnt.org.br).

 Na lista de referências: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2006. O que é


normalização. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em 18 dez. 2006.
i) Referências completas de um livro
Seguimos a ordem como está grafada a seguir: AUTOR. Título. Edição. Local:
Editora, data.

SANTOS, António Raimundo dos. Metodologia científica. 6ª ed. Revisada. Rio de


Janeiro: DP&A, 2004.
j) Referência de um capítulo de livro
Seguimos a ordem: AUTOR. Título do capítulo. In: Metodologia científica na era da
informática. São Paulo: Saraiva, 2002,p.200-225.
Sousaet al., Projecto de Pesquisa como exercício científico e artesanato intelectual.
In: Pesquisa Social. Teorias Métodos e Criatividade. 27ª ed. Vozes. Petropoles, Rio
de Janeiro. 1993, p.50-55.

3.5.4.Modos de Citação no texto

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Enfermagem

De acordo com Carvalho (2009), “existem várias formas de apresentar as citações e


referências bibliográficas, mas, escolhida uma, importa respeita-la num mesmo
trabalho, quer para os livros, teses, monografias, artigos, etc.”
Assim, apresentamos os três modos comummente usados na nossa comunidade
académica que são: a NP 405 aliada com a ISSO 690 APA e ABNT.

EX.: Segundo Carneiro (não publicado), todo comportamento humano decorre da


concepção que nós temos da realidade e nessa realidade existem três polos
distintos: nós e aquilo que nós somos, nós e aquilo que nos cerca, nós e as outras
pessoas. Nossa postura na vida depende do modo como estabelecemos esta
relação.

OBS: No caso de o texto estar redigido em inglês, utiliza-se a expressão" in


thepress".

Omissões em citações são permitidas quando não alteram o sentido do texto. São
indicadas pelo uso de reticências no inicio ou no final da citação.Quando houver
omissões, no meio da citação, usam-se reticências entre colchetes. As reticências
indicam interrupção de um pensamento ou omissão intencional de algo que se devia
ou que podia dizer e que apenas se sugere, por estar facilmente subentendido.

EX.: No início da citação: "...alguns dos piores erros na construção organizacional


tem sido cometidos pela imposição de um modelo mecanicista de organização ideal"
ou "universal" a uma empresa viva" (Castro, 1976, p.41).

No meio da citação: “O poder tributário [...] é à base de aplicação de qualquer


categoria de tributos" (Fourouge, 1973, p. 41).

No final da citação: "Em relação a este tema Muraro (1983) no seu estudo com
mulheres brasileiras da classe burguesa, afirma que uma das preocupações mais
importantes destas mulheres centrava-se na própria aceitação...” (Universidade
Metodista de São Paulo, Norma para Elaboração e Apresentação de Trabalho
Académico em: www.metodista.br/biblioteca/abnt/ e acesso em 14 de Junho de
2011).

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Enfermagem

CAPÍTULO 4 – CIÊNCIA, PROPRIEDADES, OBJECTIVOS E FUNÇÕES

Na origem do termo, Metodologia significa estudo dos caminhos, dos instrumentos


usados para fazer ciência. É uma cadeira ao serviço da pesquisa, que visa conhecer
os caminhos do processo científico, mas que também problematiza criticamente, no
sentido de indagar os limites da ciência, comprovar a veracidade dos factos, seja em
relação à capacidade de conhecer, como a de intervir na realidade.

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

A Metodologia de Investigação é a disciplina científica que proporciona ao


investigador uma série de conceitos, princípios e leis que lhe permitem encaminhar o
estudo verdadeiramente científico do objecto da ciência de um modo eficiente.

Na realidade, o que estuda a Metodologia de Investigação Científica? Qual é o seu


objecto de estudo? O objecto de estudo da Metodologia é o Processo de
Investigação Científica suas características, regularidades, métodos de aquisição do
conhecimento e transformação da realidade.

Aceitando o carácter problematizante da metodologia, torna-se necessário aceitar


que tudo em ciência é discutível, sobretudo em ciência sociais. Não há teoria final,
cabal, prática, intocável, dado evidente. Isto é uma característica, não uma fraqueza,
o que fundamenta a necessidade inacabável da pesquisa, seja porque nunca
esgotamos a realidade, ou porque as maneiras como as tratamos podem ser sempre
questionadas.

Alguns entendem por pesquisa o trabalho de colectar dados, sistematizá-los e, a


partir daí fazer uma descrição da realidade. Outros fixam-se no patamar teórico e
entendem por pesquisa o estudo e a produção de quadros teóricos de referência,
que estariam na origem da explicação da realidade. Descrever restringe-se a
constatar o que existe na realidade. Explicar corresponde a desvendar por que
existe. Ainda outros acreditam que pesquisar inclui teoria e prática, porque
compreender a realidade e nela intervir formam um todo.

É primordial que se estude a cadeira de MIC para:

 Compreender melhor a complexidade do processo científico-investigativo dos


fenómenos sociais;

 Estimular, reflectir e analisar criticamente a investigação científica que realiza ou


impele na busca de novas e melhores alternativas para aperfeiçoar o seu trabalho;

 Ser capaz de elaborar um projecto de investigação científica aplicando os


pressupostos teóricos e metodológicos abordados ao longo das aulas.

4.1.Conceito de ciência

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Enfermagem

A palavra Ciência vem do latim scientia, derivado de scire «saber», diz respeito ao
conhecimento científico positivo que se apoia nos critérios precisos de verificação
permitindo uma objectividade dos resultados.

O conceito de ciência tem evoluído de acordo com as condições histórico-concretas.

A Ciência é o resultado da elaboração intelectual, que resume o conhecimento do


homem sobre o mundo que lhe rodeia e que surge do seu trabalho conjunto no seio
da sociedade.

Por outras palavras, a Ciência é o sistema de conhecimentos que se adquire como


resultado do processo de investigação científica acerca da natureza, da sociedade e
do pensamento.

A Ciência só deve ser considerada como tal quando possuir um método, objectivo
e objecto de estudo.

Desde o paradigma empírico-analítico à ciência lhe são atribuídas determinadas


propriedades, a saber:

 Generalização: Os conhecimentos passam por um processo lógico segundo o qual


se transita do singular ao geral e os resultados se convertem em leis e teorias com
um grau de generalização em correspondência com a natureza do objecto de
estudo.

 Objectividade: Os conhecimentos científicos vinculam-se a objectos, processos e


fenómenos da natureza, sociedade e pensamento.

 Metodicidade: Adquire-se mediante a aplicação consciente de métodos com uma


base científica, ou seja, procedimentos regulares, explícitos e repetitíveis para
alcançar o conhecimento da verdade como reflexo fiel da realidade no pensamento.

 Comprobabilidade: Os conhecimentos devem ser comprovados e é a prática social


do seu principal critério valorativo.

O objectivo fundamental da Ciência é o desenvolvimento do conhecimento, quer


dizer, aprofundar as propriedades e leis essenciais da realidade natural e social,

64
ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

para transformá-la. O desenvolvimento científico está estreitamente relacionado com


os problemas que existem na sociedade; mas como forma de consciência social
apresenta simultaneamente a sua própria lógica de desenvolvimento intrínseco.

No decurso do desenvolvimento da ciência ela gera os seus próprios problemas


cognitivos, cuja solução não apresenta, em muitas oportunidades, uma aplicação
imediata às necessidade práticas e produtivas. A solução dos problemas científicos
é uma condição necessária para continuar a aprofundar a realidade para poder
propiciar o desenvolvimento progressivo da ciência.

Do objectivo geral da Ciência seguem-se as suas funções:

 Descrever a realidade;

 Explicar a realidade, isto é, reflectir mediante generalizações teóricas (princípios,


leis, conceitos) as propriedades e regularidades essenciais e estáveis dos
fenómenos, assim como os factores causais que os determinam;

 Predizer os comportamentos futuros dos fenómenos, quer dizer, estabelecer


prognósticos dentro de determinado limite de probabilidade;

 Transformar a realidade em correspondência com as necessidades e exigências da


sociedade. Devemos destacar que é justamente esta última função prática e utilitária
de controlar, dirigir e transformar os processos produtivos, sociais, educacionais, etc,
atendendo às necessidades e objectivos da sociedade, a que determina e justifica a
existência e o desenvolvimento da ciência como forma especial de conhecimento.

Qual é a diferença entre investigação científica, pensamento especulativo e o


conhecimento empírico espontâneo?

4.2. Características da investigação científica

A investigação científica é um processo social, de carácter criativo e inovador que


se desenvolve com o propósito de dar soluções, de carácter essencial e
transcendente, a problemas teóricos, tecnológicos, metodológicos que se
apresentam na natureza, sociedade e pensamento, com a qual se incorporam novos

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

conhecimentos que enriquecem a cultura da humanidade e se transforma à


realidade.

A investigação científica é, portanto, uma forma especial do conhecimento que


apresenta uma série de características que a diferenciam de outras formas de
abordar a realidade, como sejam o conhecimento empírico espontâneo e o
raciocínio especulativo.

O conhecimento empírico espontâneo está intimamente vinculado à actividade


produtiva do homem, constituído pelo conjunto de conhecimentos que os homens
adquirem espontaneamente no processo da prática social, de transformar a
realidade, com vista a satisfazer as suas necessidades, enquanto o raciocínio
especulativo está afastado da prática social, sendo o resultado do pensamento e da
imaginação dos homens.

O conhecimento empírico espontâneointervém no processo produtivo e nas


diferentes esferas da vida do homem, é capaz de cumprir as funções antes
assinaladas num âmbito muito limitado, isto é, apenas em relação àqueles
objectivos, instrumentos, fenómenos que estão inseridos dentro da actividade laboral
e social das pessoas, das quais reflecte as suas propriedades observáveis
directamente sem aprofundar em suas leis e qualidades essenciais. Exemplo disso
constatou nos variados conhecimentos empíricos e intuitivos que vão adquirindo as
pessoas ao longo da sua vida no processo do trabalho, actividades culturais,
recreativas e outras actividades sociais.

Por seu lado, o conhecimento especulativo, embora em certas ocasiões tem


proporcionado intuições geniais sobre a realidade, na maioria das vezes proporciona
um reflexo mistificado da realidade, o que obstaculiza o verdadeiro processo do
conhecimento.

Analisemos duas questões que nos possam servir de exemplo:

1-Desde a Antiguidade até aos nossos dias, um camponês analfabeto e desprovido


de conhecimentos, sabe o momento certo da sementeira, a época da colheita, a
necessidade da utilização de adubos (mesmo rudimentar), as providências a serem

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas, pragas e o tipo de solo
adequado para as diferentes culturas. Tem também o conhecimento de que o cultivo
no mesmo solo durante muitos anos esgota o mesmo.

No período feudal o cultivo era por épocas: duas culturas consecutivas no mesmo
solo, não se faziam a terceira de maneira que o terreno entrasse em repouso.

2- Hoje, utilizam-se meios e métodos sofisticados para as práticas agrícolas, como a


selecção de sementes, de adubos químicos, produtos defensores contra as pragas,
até faz-se o controlo biológico de insectos parasitas.

 O primeiro conhecimento é o popular, vulgar ou empírico,geralmente típico do


camponês ou de pessoas iletradas transmitido de geração em geração por meio da
educação informal, baseado na imitação e experiência pessoal. No entanto, é
empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, da causa do
desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos
insectos.

 O segundo conhecimento é o científico transmitido por intermédio de treinamento


apropriado, é obtido de modo racional conduzido por meio de procedimentos
científicos. Visa explicar “porquê e como” os fenómenos ocorrem, na tentativa de
evidenciar os factos que estão correlacionados, numa visão mais global do que a
relacionada com uma simples experiência aprendida.

Além do conhecimento popular e científico acima demonstrados temos outros tipos


de conhecimentos como o filosófico e o religioso.

4.3. O Conhecimento científico

O conhecimento científico deve ser diferenciado dos outros tipos de conhecimentos


existentes.

O conhecimento científico é real (factual) porque lida com factos ou ocorrências


verídicos. As proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida
através da experimentação e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento
filosófico.

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Enfermagem

É sistemático, já que se trata de um saber lógico e ordenado, formando um sistema


de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a
característica de verificabilidade a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não
podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.

É também considerado conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo,


absoluto oi final, já que se diz que a ciência é um produto não concluído. O que é
considerada tese científica hoje não pode ser amanhã.

Portanto, devemos sempre ter em mente que o conhecimento científicoé resultante


do estudo, investigação metódica e sistemática da realidade. Procura a apreensão
dos fenómenos para além da sua constatação e descrição; as suas causas, as leis
que os regem, determinam e influenciam. O método de apreensão é sistemático,
controlado e assenta na noção da verdade objectiva. É verificável por demonstração
ou experimentação, como tal, origina a ciência (Sousa e Baptista et al., 2011).

4.4.O conhecimento popular, vulgar, empírico ou do senso comum

Adquire-se por intermédio da experiência. É reflexivo mas limitado pela familiaridade


com o objecto, por isso torna-se assistemático baseando-se na organização das
ideias.

É falível e inexacto pois se conforma com a aparência ou com o que se ouviu dizer a
respeito do objecto, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de
fenómenos situados além das percepções objectivas. É muito semelhante ao
conhecimento especulativo.

Portanto, devemos sempre recordar que o conhecimento empírico está associado ao


senso comum provindo da experiência vulgar, quotidiana, resultante de observações
e racionalizações pessoais ou transmitidas socialmente. É caracterizado pela falta
de rigor, método e sistematização, não possuindo regras de validação ou de
aferição. Como tal, não é científico, (Sousa e Baptista et al., 2011).

4.5.O conhecimento filosófico

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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

Este tipo de conhecimento consiste em hipóteses que não são submetidas à


aprovação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, assim, o
conhecimento filosófico não é verificável, já os enunciados das hipóteses filosóficas
não podem ser confirmados, nem refutados ou infirmados.

É um conhecimento racional porque consiste num conjunto de enunciados


logicamente correlacionados. É sistemático, infalível e exacto busca a realidade
capaz de abranger todas as outras, define o instrumento capaz de apreender a
realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não sendo submetidos ao
decisivo teste de observação (experimentação).

O conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para


questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado,
recorrendo unicamente à própria razão humana.

O objecto de análise da Filosofia são as ideias, relações conceptuais, exigências


lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são
passíveis de observação sensorial directa ou indirecta (por instrumentos), como a
que é exigida pela ciência experimental.

Enquanto a ciência é experimental, a Filosofia emprega o método racional, no qual


prevalece a experiência, não exige confirmação experimental, somente coerência
lógica.

Portanto, o conhecimento filosófico é resultante da reflexão e da investigação do


saber filosófico, isto é, a problematização da realidade. A verdade deste
conhecimento é uma busca constante e não um fim em si mesmo. Não pretende
gerar ciência, mas sim reflexões filosóficas que buscam a apreensão do fenómeno
abstractos e gerais do universo, superando os limites formais da ciência, (Sousa e
Baptista et al., 2011).

4.6. O conhecimento religioso/teológico

O conhecimento religioso é também chamado teológico que se apoia em doutrinas


que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo
sobrenatural. Tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exactas.
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ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino)


como obra de um criador divino e suas evidências não são verificadas: está sempre
implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.Assim, o
conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas
são infalíveis e indiscutíveis por se constituírem em revelações divinas. A adesão
das pessoas a esse tipo de conhecimento passa a ser um acto de fé, pois a visão
sistemática do mundo é interpretada como decorrente do acto de um criador divino,
cujas evidências não são postas em dúvida nem se quer verificáveis.

O conhecimento teológico sobre o aparecimento das espécies principalmente a


origem do homem tem o seu fundamento na utilização de textos sagrados,
contrariamente ao conhecimento científico faz as suas pesquisas através de factos
concretos capazes de comprovar ou refutar suas hipóteses.

No entanto, o conhecimento religioso/teológico é suportado em entidades divinas e


na fé humana. Como tal, não se comprova, nem se demonstra dado que o seu
objectiva incomensurável. Assenta na noção de realidade divina e,
fundamentalmente apresenta respostas para questões não resolvidas pelos
anteriores tipos de conhecimento, (Sousa e Baptista et al., 2011).

Portanto, essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um


cientista que se dedica ao estudo da Sociologia, pode ser crente ou praticante de
uma determinada religião, pode estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos
aspectos de sua vida quotidiana age segundo conhecimentos provenientes do senso
comum.

Referências bibliográficas

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Da Silveira, J. M.& Da Silva, E. S. (2008). Apresentação de Trabalhos Académicos,
São Paulo: Vozes.

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Martins, G.A., Theóphilo, C.R.(2009). Metodologia da Investigação Científica para
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Ruiz, J.A. (2010). Metodologia Científica. Guia para Eficiência nos Estudos, 6ª Ed.
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Sacamato, C. K. & Silveira, I. O. (2014). Como Fazer Projecto de iniciação Científica.
São Paulo: Paulus.

Sampieri, R.H., Collado, C.F., Pilar, B.L. (2006). Metodologia de Pesquisa, 3ª Ed.
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Santos, A. R. (2004). Metodologia Científica, a construção do conhecimento. Rio de
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Sousa, M.J, Baptista, C.S. (2011). Como Fazer investigação, Dissertações, Teses e
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Sylvia, C. V. (2010). Metodologia de Pesquisa em Administração, São Paulo: Atlas.

Vicente, P. (2012). Estudos de Mercado e de Opinião. Lisboa: Sílabo.

APÊNDICE

71
ISIA-MALANJE , Metodologia de Investigação Científica Adão Mbinguila

Enfermagem

Exemplo de ficha de leitura:

FICHA DE LEITURA

NOME: Ildebrando Miguel Lourenço

INSTITUIÇÃO: ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO K. NORTE

TEMA A SER PESQUISADO: A importância do fomento do empreendedorismo na cidade de


Ndalatando. (2011-2013)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: DUARTE, C., ESPERANÇA, J.P. (2012). Empreendedorismo e


Planeamento Financeiro. Lisboa: Sílabo.

GASPAR, F. (2010). O processo empreendedor e a criação de empresas de sucesso, 2ª Ed. Lisboa:


Sílabo.

CONTEÚDO

ANEXOS

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