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A SEGURANÇA EM TRANSPORTE DE VALORES

2. PECULIARIDADES DO TRANSPORTE DE VALORES

Neste capítulo desenvolveremos alguns temas iniciais com a finalidade de


adaptação da linguagem própria, coloquial, mas com caráter técnico, para a segurança
em transporte de valores, não esgotaremos os temas relacionados apenas uma noção do
linguajar utilizado.

2.1. CONCEITO DE TRANSPORTE DE VALORES

Transporte de valores: atividade de transporte de numerário, bens ou valores,


mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais; ( Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF,
DE 10 de dezembro de 2012, art. 1º, § 3º, II)

2.2. O CARRO FORTE

Peça fundamental para a caracterização do transporte. É por meio dele que se


efetua a condução dos valores de um lugar para o outro. O veículo especial deverá ser
identificado e padronizado, contendo nome e logotipo da empresa, dotado de sistema que
permita a comunicação ininterrupta com a sede da empresa em cada unidade da
federação em que estiver autorizada, e atender às especificações técnicas de segurança.

2.3. A VIA PÚBLICA

É o elemento por onde trafega o carro-forte conduzido pelo motorista da guarnição.


O estado de conservação da via pública influi na maneira do carro-forte ser conduzido, daí
o conhecimento perfeito que a guarnição deve ter destas vias de trajeto.

2.4. OS ITINERÁRIOS

São chamados de “ROTAS” devem ser mantidos em segredo e serem apenas do


conhecimento da guarnição e da Central de Operações. Devem possuir códigos pelos
serão chamados, para evitar suas identificações por estranhos.

A escolha do itinerário a ser percorrido pela Viatura deve ser feita com
antecedência pelo Chefe da Equipe de Segurança, sempre com a alternativa de
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mudanças em casos de riscos, perigos ou ameaças.

2.4. OS VALORES

Em segurança consideramos valores como:

 Numerário em forma de cédulas, moedas ou cheques;

 Tickets restaurantes ou alimentação; vale-transporte ou pedágio;

 Ingressos para shows ou eventos;

 Ouro, joias ou metais preciosos;

 Obras de arte, coleções valiosas, peças raras de museus;

 Documentos importantes, como: processos judiciais, provas para concursos ou


vestibulares, processo seletivos;

 Qualquer outro patrimônio que deva ser transportado ou custodiado sob segurança
máxima, como: Apurações de Escolas de Samba no RJ e SP.

2.5. A GUARNIÇÃO

Pela portaria 3.322/12, a guarnição do carro-forte é composta quatro vigilantes:

 O Chefe da equipe, ( Fiel ou Abastecedor); responsável pela execução do serviço


por toda a guarnição.

 O Motorista; é o responsável pela condução do carro-forte, além de ser também


um vigilante.

 Dois vigilantes coberturas, ( Escopeteiros ou Guarda-valores); que são divididos


em um vigilante do carro-forte e outro vigilante auxiliar do chefe da equipe.

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2.6. A COMUNICAÇÃO

A comunicação entre o carro-forte e a Central de Operações é de capital


importância para o perfeito desempenho do serviço, por isto os aparelhos devem ter
manutenção preventiva e a empresa dever ter condições de rapidez nos possíveis
consertos.

A comunicação entre todos os elementos da guarnição deve ser levada em conta,


pois quando a guarnição desembarca, o motorista fica isolado, às vezes, sem saber o que
está acontecendo com os outros integrantes da equipe.

No capítulo da portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012, que


trata dos direitos do vigilante em seu art.º 163, IV, “Assegura-se aos vigilantes o direito da
utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de funcionamento;”

2.7. O ARMAMENTO

A portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012, no artigo nº 114 e


parágrafos, descreve qual os calibres que o vigilante de transporte de valores pode utilizar
de revólver calibre 32 ou 38, cassetete de madeira ou de borracha, e algemas, carabina
de repetição calibre 38, espingardas de uso permitido nos calibres 12, 16 ou 20, e pistolas
semi-automáticas calibre .380 e 7,65 mm.

Cada veículo de transporte de valores deve contar com uma arma curta para cada
vigilante e, no mínimo, uma arma longa para cada dois integrantes da guarnição. ( art.
114, § 8º, Portaria 3.322/12)

2.8. EQUIPAMENTOS MENOS LETAIS

Nas atividades de transporte de valores, as empresas poderão dotar seus


vigilantes das seguintes armas e munições não letais, de média distância, em até
cinquenta metros e outros produtos controlados: ( art. 114, § 11º, Portaria 3.322/12).

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 Espargidores de agentes químicos lacrimogêneos ortoclorobenzalmalononitrilo –


OC ( gás lacrimogêneo) ou Capsaicina- CS ( gás de pimenta ) de até 70 g, em solução
(líquido), espuma ou gel e outras substâncias de utilização similar;
 Arma de choque elétrico de contato direto e de lançamento de dardos energizados;
 Granadas fumígenas lacrimogêneas (ortoclorobenzalmalononitrilo – OC e
Capsaicina – CS) ou e fumígenas de sinalização;
 Munição no calibre 12 lacrimogêneas de jato direto;
 Munição no calibre 12 com projéteis de borracha ou plástico;
 Lançador de munição não letal no calibre 12;
 Máscara de proteção respiratória modelo facial completo;
 Filtros com proteção contra gases e aerodispersoides químicos e biológicos.

2.9. O TREINAMENTO

Para exercer a profissão de transporte de valores. A pessoa deve ser aprovada no


curso de formação de vigilante com carga horária de 200 h/a. Depois cursar o curso de
extensão de transporte de valores. A carga horária total do curso de transporte de valores
será de 50 h/a, podendo ocorrer diariamente no máximo 10 h/a. O curso conterá as
seguintes matérias: Legislação Aplicada, transporte de valores, resolução das situações
de emergência e armamento e tiro. ( Portaria 3.322/12 anexo III).

Nota-se que o treinamento para os vigilantes em transporte de valores


é mais exigente e a mesma preocupação deve ser com a seleção deste profissional.

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2.10. A METODOLOGIA OPERACIONAL

ATENÇÃO POSIÇÃO

POSTURA

a) ATENÇÃO: a segurança é prevenção. A melhor ação para a equipe de transporte de


valores é a prevenção. Uma observação bem criteriosa que devera ser realizada antes do
desembarque, ainda no interior do carro-forte. Tem por objetivo evitar o fator surpresa de
uma ação criminosa. É muito importante que todos procurem durante a observação
inicial, todo o vestígio que possa fundamentar uma ação criminosa. Por exemplo, é
importante que utilizem todo o sentimento no momento em que estiverem observando o
interior de um estabelecimento comercial ou bancário, avaliando o comportamento de
ambulantes e mendigos nas proximidades, analisando o comportamento de pessoas e
observando os veículos que estiverem estacionados nas proximidades do local a ser
operado. Todos devem acreditar e usar exaustivamente o sentimento de percepção, caso
fundamentem uma suspeita, a orientação é: “Não desembarquem”, “Não prossigam com a
operação”. Preserve o maior patrimônio sua vida.

b) POSTURA adequada. Os vigilantes de carro forte devem estar bem fardados e


com boa postura, transmitem uma impressão de que estão preparados e que são
organizados. Dessa forma, haverá uma sensação de segurança e demonstrando um
efeito dissuasivo, desestimulando a ação criminosa.

c) POSICÃO: O vigilante de transporte de valores deve sempre procurar posicionar-se em


pontos estratégicos, o que lhe permitira maior ângulo de visão, de modo que sua
retaguarda esteja sempre protegida, impedindo dessa forma que seja alvo dos
criminosos, que sempre se valem do efeito surpresa. O armamento curto sempre estará
no coldre. O coldre aberto, mão na arma e dedo fora do gatilho. 5
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2.11. O Desembarque/ Embarque

A preocupação com detalhes é realmente muito importante; são eles que nos
aproximam da perfeição. O embarque ou desembarque do carro-forte são momentos de
extrema importância e preocupação da guarnição. A porta do carro-forte não pode ficar
aberta por mais de três segundos. Sempre embarcar ou desembarcar olhando para o
horizonte, com a porta do blindado nas suas costas. Nunca entre de frente para a porta.
Demonstre força de presença e sensação de segurança, estando a porta exatamente a
sua retaguarda.

2.12 . A Visão Periférica

É uma observação bem detalhada da área. A visão periférica deve observar


critérios ainda mais rígidos de observação. Transmitir a sensação de segurança deve ser
considerado durante toda a observação. Desconfie de tudo e de todos. Se justamente no
momento da operação uma senhora está na janela regando uma planta, uma pessoa esta
atravessando a rua, um limpador de rua esta varrendo, uma pessoa está no telefone
publico, uma pessoa liga um veículo, um cachorro abana o rabo. Durante a visão
periférica o vigilante de transporte de valores deve estar atento aos mínimos detalhes e
nada deverá passar despercebido.

2.13 . Deslocamentos

O deslocamento deve ser realizado com naturalidade, mas sobretudo com bastante
cautela e atenção. É fundamental que os integrantes da guarnição compartilhem do
mesmo pensamento, tenham a mesma filosofia e principalmente, saibam trabalhar em
“equipe”. Durante o deslocamento é muito importante que o chefe da equipe esteja
protegido. Conhecer as fases da operação, confiar um no outro, respeitar as atribuições
de cada componente, são pontos essenciais para o sucesso da operação.

2.14 . Senhas e Contrassenhas


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É realmente muito importante que as senhas e contrassenhas que serão utilizadas


no decorrer da operação, estejam bem definidas e treinadas pela guarnição. Se forem
bem definidas, certamente contribuirão significativamente para a operação seja mais ágil
e mais segura.

De nada adiantará um enorme aparato de segurança, se o estabelecimento


bancário ou comercial, que a guarnição ira fazer a coleta ou descarregar, já tiver sido
tomado pelos bandidos. Será de suma importância o contato prévio com o vigilante
patrimonial, pois é ele que está no posto observando as pessoas e os veículos suspeitos,
antes do blindado encostar, todos devem estar imbuído na segurança. Segurança é
prevenção.

Na situação em que durante a troca da senha e contrassenha for negativa, o


operador deverá retornar ao carro-forte e comunicar a Central de Operações que a
passagem da senha e contrassenha foi negativa. O Departamento Operacional da
Empresa tomará as medidas necessárias para a operação.

2.15 . O campo visual

A estratégia mais utilizada no campo visual é a triangulação, é fundamental que


estejam conscientes do significado da palavra “equipe”. Todos devem fazer parte de um
contexto; é como se fossem uma única pessoa. As estatísticas nos mostram que quando
os vigilantes em transporte de valores fazem parte do mesmo contexto, isto é trabalham
em equipe, a sensação de segurança é muito maior e os riscos de uma ação criminosa
são automaticamente reduzidos.

O chefe de equipe deve conscientizar-se de que conduz o que é mais desejado


pelos assaltantes, portanto a sua pessoa é visada. Todos os vigilantes do transporte de
valores devem protegê-lo.

2.16. O homem para o transporte de valores

Por tudo o que nos vimos até agora pode-se concluir que o homem para a
segurança em transporte de valores deve ter:

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 Maior capacidade de percepção;

 Maior velocidade de raciocínio;

 Maior presteza nas decisões;

 Maior índice de habilidade no uso e emprego de armas letais e menos letais;

 Iniciativa;

 Responsabilidade;

Existe uma grande diferença entre o Vigilante em Transporte de Valores e a


Segurança Patrimonial.

No Transporte de Valores:

 O valor está em movimento;

 Os vigilantes utilizam-se de uma carro-forte;

 Os vigilantes possuem armamento especial;

 Enfrentam maiores riscos;

 Os itinerários apresentam riscos em potencial;

 O treinamento deve ser diário;

 A tensão nervosa é maior no executante;

 A todo instante apresentam-se novas situações;

 O vigilante esta sempre exigido e em movimento;

A Segurança Patrimonial:

 O bem patrimonial é estático; 5


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 O vigilante tem serviço rotineiro;

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