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3 AS TRANSFORMAÇÕES DO LAZER EM VOLTA REDONDA

A reestruturação produtiva e territorial pela qual passa o município de Volta Redonda


e os novos investimentos realizados pela prefeitura induzem transformações nos
equipamentos e nas atividades de lazer. Para o estudo das transformações atuais, a
compreensão da história do lazer no município se faz necessária. Distinguem-se dois
momentos dessa: 1) a constituição e o desenvolvimento do lazer a partir das políticas sociais
empreendidas pela CSN enquanto empresa estatal; e 2) o aumento dos investimentos nas
políticas de lazer pelo poder público municipal após a privatização da CSN. Nesses dois
momentos, as atividades de lazer predominantes estiveram relacionadas às políticas sociais de
fomento a atividades/eventos culturais e esportivos.
Compreender o significado de políticas sociais e qual a importância destas dentro das
políticas públicas de lazer se faz necessário. De acordo com Reis e Starepravo (2008), são
estratégias do Estado que objetivam alcançar determinados resultados ou produzir efeitos no
que diz respeito a um problema ou setor da sociedade. Assim, sob orientação do poder
público, as políticas públicas desdobram-se em políticas sociais. Essas representam um modo
de intervenção tanto nas questões sociais quanto naquelas relacionadas especificamente à
garantia dos direitos sociais (alimentação, educação, saúde, trabalho, habitação, saneamento,
previdência, lazer, segurança e etc). Dessa forma, a ação governamental visa ao atendimento
da sociedade no que diz respeito a determinada demanda social, por meio de uma política
social.
As políticas públicas para o lazer passaram a ter uma importância crescente a partir de
1930, com a consolidação das bases políticas e sociais da industrialização brasileira e a
formação de uma classe média urbana. A formação da classe operária, a separação do trabalho
do não trabalho e a ampliação da classe média fomentaram o lazer e suas possibilidades no
país. Diante disso, o governo Getúlio Vargas colocou o lazer como uma política para reforçar
o regime e evitar a ociosidade, utilizando-se para isso a propaganda. Todas as atividades que
tratam diretamente do tempo do não trabalho tiveram papel ativo na formação da classe
trabalhadora, para a qual o governo dirigia mensagens de cunho nacional-patriótico, de forma
a enaltecer a nação e despertar na população o orgulho pela brasilidade. Aumentou-se a
produção cultural, desenvolveram-se os meios de comunicação e ampliou-se a prática
esportiva. Portanto, o desenvolvimento urbano e industrial no Estado Novo (1937-1945) foi
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primordial para forjar as bases políticas, econômicas, sociais e culturais do lazer brasileiro
(ALMEIDA e GUTIERREZ, 2006).
Mas políticas de lazer ganham destaque maior a partir da década de 1980, e a
Constituição de 1988 aumentou a sua importância ao deixar claro que o lazer é um direito
social tão importante quanto outros e que legalmente deve ser tratado com o mesmo nível de
interesse. As políticas públicas de lazer devem zelar pela saúde e pela qualidade de vida da
população, com a oferta de materiais e estrutura, disponibilidade de atividades não
excludentes, que atendam a todos. Assim, as políticas de lazer tiveram o dever de
democratizar as mais variadas formas e práticas de lazer existentes (REIS e STAREPRAVO,
2008).
Os equipamentos onde se realizam as atividades de lazer podem ser classificados
quanto ao seu uso em específicos ou não específicos. De acordo com Marcellino, Barbosa e
Mariano (2006), os equipamentos específicos são aqueles em que se priorizam atividades de
lazer, como cinema, teatros, clubes etc.; e os não-específicos (bar, casa, rua, escola dentre
outros) não são pensados em sua origem para serem espaços específicos para o lazer, mas
acabam também cumprindo essa função. Em relação ao tamanho, podem ser classificados em
micro, médio ou macroequipamentos. Podem ainda ser classificados como polivalentes ou de
uso único. Assim, a classificação dos equipamentos de lazer nas cidades é feita pela sua
dimensão física, pela capacidade de atendimento à população e pelas atividades e interesses
sociais/culturais/esportivos de lazer realizados nestes.
Com a implantação da CSN estatal na década de 1940, os direitos sociais dos
trabalhadores e suas famílias eram garantidos pela empresa; os residentes no município não
vinculados à empresa eram garantidos pelo poder público municipal. Dessa maneira, os
equipamentos urbanos construídos diretamente pela CSN ou através de entidades ligadas a ela
nas áreas de saúde, educação, esporte, cultura, só poderiam ser utilizados pelos trabalhadores
e seus familiares. O restante da população tinha suas necessidades e políticas sociais atendidas
pelo poder público municipal de forma precária, sobretudo naquele momento em que à falta
de capacidade de investimentos por parte da prefeitura se somava o crescimento populacional
– principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Mas essa situação muda com a privatização da
CSN na década de 1990, quando o poder público passa a assumir totalmente as
responsabilidades de fomentar as políticas sociais.
Paralelamente à construção e implantação da usina, a CSN mantinha investimentos
também na construção de equipamentos de uso coletivo, buscando completar as necessidades
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urbanas da cidade operária. As políticas sociais e de investimentos em equipamentos coletivos


envolviam principalmente os setores de saúde, educação, assistência social, cultura, esporte e
recreação, e estavam alicerçadas no modelo de gestão da força de trabalho por meio do
“paternalismo industrial”24. Parte das políticas sociais empreendidas pela empresa, direta ou
indiretamente, estava relacionada ao lazer. Tais políticas tinham foco no desenvolvimento de
atividades culturais e esportivas direcionadas para os trabalhadores e suas famílias. Com isso,
a CSN procurou estimular a criação de entidades que oferecessem opções de divertimento e
recreação a seus funcionários.
Assim, foram criados equipamentos de lazer como os clubes sociorrecreativos, os
cinemas, as entidades socioculturais e um estádio de futebol. Entre esses espaços, os clubes
sociorrecreativos foram os mais significativos, tanto em relação à quantidade de eventos que
realizavam (principalmente nas áreas culturais e esportivas) quanto à quantidade de pessoas
que os frequentavam. Por isso, este estudo concentrou-se nos clubes sociorrecreativos, mais
especificamente em dois que, dentro da análise, foram considerados os mais atuantes: o dos
“Funcionários da CSN” e o “Recreio do Trabalhador”. Foram analisadas as principais
características de cada clube, suas políticas culturais e esportivas, o perfil dos sócios e
frequentadores e a infraestrutura física, buscando compreender a importância da presença
desses espaços no tecido urbano do município.
Com a privatização da CSN e o seu afastamento definitivo do fomento de políticas
sociais, o poder público municipal teve de estabelecer um conjunto de intervenções no espaço
urbano para a recuperação da infraestrutura; por exemplo, a construção/reforma de
equipamentos urbanos e o aumento de investimentos nas áreas de saúde, educação, esporte e
lazer. No caso do esporte e lazer, o aumento dos investimentos se dá através da implantação e
ampliação de projetos/programas destinados à população, além da realização de mais eventos
esportivos no município.
A partir dessa nova realidade pós-privatização, este estudo busca analisar os
projetos/programas esportivos, eventos e a construção/reforma de equipamentos urbanos
destinados a tais atividades e eventos, com foco nos equipamentos esportivos, mais
especificamente no “Estádio da Cidadania” e no “Complexo da Ilha São João”, que, dentro do

24
A expressão “paternalismo industrial”, de acordo com Morel (1998, p. 18), “[...] designava as relações de
trabalho onde a estratégia patronal visava a recrutação e estabilização dos trabalhadores no modelo familiar em
que o patrão é visto como ‘pai’ provedor das necessidades operárias”.
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propósito da análise, foram considerados os mais significativos. Foram analisadas as


principais características e os principais usos de cada equipamento, bem como o perfil dos
programas/projetos e da população por eles atendida. No mais, foram investigados os tipos de
eventos que são realizados nesses locais.

3.1 A CSN e a políticas sociais de lazer para os trabalhadores: os clubes


sociorrecreativos.

O processo de industrialização a partir dos investimentos estatais nas décadas de 1930


e 1940 representava a construção de um projeto de caráter nacional-desenvolvimentista ligado
à ideologia de Getúlio Vargas, que procurava criar uma nova concepção de relação entre o
Estado e a classe trabalhadora. Como já demonstramos, esses ideais foram incorporados no
processo de criação e implantação da CSN. Assim, a empresa estava presente em todas as
esferas da vida de seus operários, inclusive no tempo do não trabalho, com a promoção de
atividades de lazer (MOREL, 1989).
Porém, de acordo com Lopes (2003), no plano original de Volta Redonda quase não
havia menção a equipamentos de lazer. Era previsto apenas um local de recreação (Parque
Ribeirão da Cachoeira), um cineteatro, um playground junto à escola e somente um conjunto
esportivo25. Todavia, no processo de consolidação da empresa e da cidade, os esportes e as
atividades culturais/artísticas foram amplamente difundidos através de diversas instalações
construídas ao longo das décadas de 1940 e 1950, como clubes sociorrecreativos, cinemas,
rádio e entidades artísticas e culturais. Com isso, a difusão das atividades físicas e culturais
promovidas pela empresa contribuiu para forjar uma identidade coletiva e subjetiva através do
entretenimento de massa e da propaganda do governo, promovendo a “família siderúrgica”26.
Para esse modelo de sociedade industrial-fordista, era necessário forjar o trabalhador

25
O cineteatro foi concretizado alguns anos depois. No local do playground foi construído um clube
sociorrecreativo. O local original para a construção do Parque Ribeirão da Cachoeira foi transformado em
praça. O conjunto esportivo foi concluído alguns anos depois.
26
Termo cunhado pela autora Regina Morel (1989) ao modelo de gestão aplicado no início de funcionamento da
empresa que diz respeito às várias esferas de atuação da companhia para além do trabalho (habitação, saúde,
educação, lazer, etc.), com o intuito de construir adesão e consenso dos trabalhadores em torno do projeto.
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adequado, e para tal era preciso pôr em ação elementos que permitissem uma conotação mais
positiva do trabalho industrial. Este passava então a possuir atributos morais como
honestidade, respeitabilidade e honradez. Algumas práticas do tempo do não trabalho
existentes eram desqualificadas, como os jogos de azar, as apostas, rinhas de animais, o
consumo de bebidas alcoólicas e tudo que era considerado excesso. Para aqueles que
cometiam excessos e se desviavam das normas, havia todo um aparato repressor pronto para
entrar em ação. Destaque-se aí a atuação da Polícia Política, que tinha o objetivo de entrever e
coibir comportamentos políticos divergentes, considerados capazes de comprometer a ordem
e a segurança pública.
No caso da CSN, o interesse da empresa era instituir uma ordem social no espaço
urbano criado por ela, utilizando-se para isso de inúmeros dispositivos que pudessem auxiliar
na contenção dos excessos e desvios de normas no tempo do não trabalho de seus
empregados. Neste contexto, pode-se citar a função que desempenharam os meios de
comunicação estabelecidos pela siderúrgica, como o jornal O Lingote, que começou a circular
em 1953 e a criação da Rádio Siderúrgica Nacional em 1955. Estes tinham a finalidade de
transmitir os valores da empresa para os funcionários e seus familiares. Além disso, havia a
polícia criada pela CSN, que ficava responsável por garantir a ordem na Companhia e na
cidade operária. Assim, de acordo com Moreira (2000, p. 55), a política social incluía:

[...] medidas de proteção à saúde física e mental do homem brasileiro, mas também
de incentivo à sua capacidade produtiva. Nesse sentido, a satisfação de necessidades
básicas como habitação, alimentação, saúde e educação, assim como o amparo à
família, acabariam por tornar-se pontos primordiais da política estadonovista de
proteção ao trabalhador e ao próprio progresso material do país.

Portanto, entre os elementos importantes estaria o desenvolvimento de atividades de


lazer. Nessa leitura/concepção, o lazer é visto como um recurso para condicionar corpos,
mentes e espíritos às exigências da nova civilização mecânica e colocá-los em sintonia com os
princípios e valores morais que regem a sociedade moderno-industrial de caráter fordista em
formação no país. Assim, as concepções de lazer no período industrial-fordista auxiliam na
compreensão da maneira como a CSN promovia o lazer de seus funcionários.
O lazer oferecido pela empresa tinha como objetivo recuperar os trabalhadores para o
trabalho vindouro e, além disso, compensar os desgastes originados nas atividades
obrigatórias. Dessa forma, se por um lado o ritmo de trabalho pesado na siderúrgica gerava o
cansaço, a fadiga, a alienação, por outro o lazer deveria proporcionar a recuperação, o
descanso e a compensação, sendo este visto pela empresa no seu aspecto compensatório e
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utilitarista. Assim, a empresa usava o tempo do não trabalho de seus funcionários com o
objetivo de promover a manutenção da força de trabalho.
Tendo em vista tais interesses, a empresa promovia uma série de atividades no tempo
do não trabalho, procurando imprimir seus valores e ideais também no tempo do lazer,
quando as influências coletivas e sociais procuravam ser mais fortes do que as individuais. O
incentivo aos esportes, principalmente os coletivos, e a promoção de atividades de
socialização, como bailes e shows musicais com a participação dos trabalhadores e seus
familiares, eram momentos em que a empresa fazia valer seus princípios e ideologia de modo
implícito. Em contrapartida, possibilitava a seus trabalhadores acesso a bens inatingíveis a
grande parte da sociedade brasileira no período.
Assim, a empresa procurava criar e fomentar uma variedade de atividades de lazer
para os funcionários e seus familiares. Destaca-se entre 1950 e 1960 os espetáculos teatrais e
musicais, realização de festas com apresentação de artistas conhecidos nacionalmente como,
por exemplo, Elizinha Coelho (1955), Pinxinginha (1957), Adelaide Chiozzo (1955), Jorge
Goulart (1955), Almirante (1957), Ângela Maria (1956), Ary Barroso (1954) entre outros,
além exibição de filmes nos cinemas, torneios esportivos, maratonas estudantis, entre outras
comemorações diversas. Essas atividades contavam com a participação da população
siderúrgica, e na maioria das vezes os eventos realizados procuravam atender a preferência
popular dos trabalhadores, certamente influenciada pelos meios de comunicação.
Entretanto, existia uma diferença no lazer praticado entre os trabalhadores mais
qualificados e aqueles com menor qualificação. As atividades destinadas aos trabalhadores
menos qualificados consistiam em peças de teatro amador, domingueiras dançantes, bailes de
cunho popular organizados pelos próprios trabalhadores ou pela Superintendência de Serviços
Sociais da CSN. Essas festas eram realizados no Círculo Operário de Volta Redonda, no
Cinema Santa Cecília, no Clube Náutico e Recreativo Santa Cecília e no Clube Recreio do
Trabalhador, além de utilizarem o refeitório dos engenheiros e o refeitório do acampamento
central. Já para a elite dos empregados da empresa e suas famílias, o Hotel Bela Vista cedia os
seus salões para os bailes e festas do Clube Funcionários da CSN e do Clube Umuarama –
que mais tarde passaram a organizar os bailes em suas próprias sedes.
Destacavam-se os bailes de carnaval, réveillon, festa junina e páscoa, além das festas
em feriados e datas cívicas, como dia do trabalhador, independência do Brasil e proclamação
da República. Entretanto, a data em que se organizavam as maiores festividades era o dia 9 de
abril, aniversário da CSN, quando eram realizadas competições, shows, bailes etc., além de
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ser também um momento de promoção do discurso da empresa que se comprometia


socialmente com seus funcionários – como mostra a figura 16 a seguir, no registro do
momento em que foram entregues distintivos, diplomas comemorativos de dez anos de
trabalho e chaves de novas residências a alguns trabalhadores. Todo o conjunto das atividades
de entretenimento realizadas objetivava preencher o tempo disponível do trabalhador, em
detrimento da liberdade que ele teria para realizar as atividades de lazer que gostaria.
Influenciados pela propaganda da empresa, eles participavam ativamente das atividades de
lazer oferecidas pela empresa.

Figura 16 – Entrega de distintivos, diplomas de 10 anos e chaves de novas residências no Ginásio do Recreio do
Trabalhador, durante as festividades em comemoração ao 15º aniversário da CSN, em 1956.
Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.

Em relação aos esportes, a principal associação que realizava competições atléticas era
a Liga de Desportos de Volta Redonda (LDVR), um órgão normativo criado em 1945 e que
tinha considerável apoio da CSN. O objetivo da Liga era, conforme seu estatuto,

[...] dirigir, difundir e incrementar, por intermédio das associações e agremiações


que lhe estão filiadas, os desportos de sua competência, com caráter amadorista ou
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profissional adiante especificados (...) e os que venham a reger no território do


município de sua jurisdição27.

De acordo com Bêde (2004), muitas competições atléticas foram promovidas pela
LDVR de forma altamente produtiva, em consonância com os objetivos da empresa, dando
ênfase aos esportes coletivos como o futebol, o vôlei e o basquete, tendo os clubes
sociorrecreativos como locais para a realização desses eventos esportivos. Essa importância
dada pela empresa aos esportes tinha como propósito “estimular um espírito associativo entre
os empregados da CSN e proporcionar-lhes um entretenimento sadio28”. Eventos ilustrativos
dessa ideologia são as “Olimpíadas Siderúrgicas” e os “Jogos Siderúrgicos” criados na década
de 1950.
No que tange às atividades socioculturais, era o Grêmio Artístico e Cultural Edmundo
de Macedo Soares e Silva (GACEMSS) a principal associação a realizar eventos, que eram
destinados principalmente aos funcionários mais graduados da CSN. O GACEMSS foi
fundado em 1945 a partir de um grupo de pessoas, sobretudo funcionários da CSN, que
desejavam construir em Volta Redonda um teatro para realização de peças, recitais e
concertos de música erudita. O apoio da CSN foi concretizado com a venda, a preço
simbólico, de um terreno para que o Grêmio pudesse construir a sua sede e o teatro. A
construção foi iniciada em 1961, e sua conclusão deu-se somente em 1987. O edifício possui,
ainda hoje, um teatro de 150 lugares e outro com 450, além de espaços para exposições de
artes29. Antes de sua sede ficar pronta, o GACEMSS realizava suas atividades no auditório do
Grupo Escolar Trajano de Medeiros30, no Cinema 9 de abril e nos clubes Umuarama e
Funcionários da CSN. Na época houve apresentação de peças teatrais vindas do Rio de
Janeiro, como “Natal na Praça”, que contava com a atuação de Tônia Carrero, Adolfo Celli e
Paulo Autran; além de teatro amador produzido pelo próprio Grêmio, como a peça “O Tempo
e os Conways”, com artistas como Maria Thereza Dutra Ponchio e Roberto Sanchez.

27
LIGA DE DESPORTOS DE VOLTA REDONDA, 2012. Informações retiradas no site da entidade:
http://www.ldvr.com.br/institucional.php
28
“Já Começou a Olimpíada Siderúrgica” Jornal O Lingote, ano II, Rio de Janeiro, 1954, nº 40, p. 11.
29
GRÊMIO ARTÍSTICO E CULTURAL EDMUNDO DE MACEDO SOARES E SILVA – GACEMSS, 2013.
Para mais informações, acessar: http://www.gacemss.com.br/v1/page/quemsomos.asp
30
O Grupo Escolar Trajano de Morais atualmente é o Instituto Estadual Manuel Marinho.
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Entretanto, de acordo com Bêde (2004), os operários também procuravam aproveitar


suas horas de lazer em animados “bate-papos”, jogos de damas e baralhos ou simplesmente
passeando com as famílias entre as áreas abertas e praças, onde vendedores de doces, salgados
e cachorro-quente circulavam. Com isso, os trabalhadores ocupavam o tempo do não trabalho
não somente nas atividades de lazer que eram oferecidas e estimuladas pela CSN, mas
também estabeleciam no seu cotidiano outros modos de diversão. Mas talvez isso esteja
relacionado com o fato de que, conforme apontamento feito pelo autor, as atividades
promovidas ou fomentadas pela CSN não contemplassem toda a população.
Sobre o oferecimento de atividades socioculturais e esportivas, o levantamento feito
no jornal O Lingote apontou uma grande quantidade delas na década de 1950. Mas se tratava
de atividades organizadas pela siderúrgica ou por entidades ligadas a ela, o que implicava que
não contemplavam a população total da cidade. Essa concentração de atividades restritas
corrobora com a constatação que Bêde faz que muitos moradores de Volta Redonda se
queixavam da falta de opções de lazer e entretenimento na cidade durante as décadas de 1950
e 1960, pois, fora os cinemas e as eventuais competições amadoras, não havia outras.
Assim, de acordo com Bêde (2004), o carnaval, o futebol e alguns bares, além das já
citadas competições esportivas e o cinema, foram as principais formas de diversão e
entretenimento encontrados pelos moradores, sendo aspectos culturais e sociais que
permitiram construir uma identidade comunitária para essas pessoas. As escolas de samba e
os times de futebol constituíram-se como as principais atividades de lazer dos moradores dos
bairros da “Cidade Velha”. Além disso, os jogos de malha, dominó, damas e cartas tornaram-
se alternativas de entretenimento (BEDÊ, 2004; COSTA, 2004).
Enquanto prática social, parte do lazer do operário estava vinculado à companhia,
contribuindo assim para a sua alienação. Enquanto prática social, parte do lazer do operário
estava vinculado à companhia, contribuindo assim para a sua alienação. Este era estimulado a
consumir mercadorias e serviços através da participação em atividades nos clubes
sociorrecreativos e nas entidades socioculturais. Assim, desenvolvia-se, por exemplo, um
comércio de artigos e equipamentos esportivos fomentado pela empresa. Ao mesmo tempo
produzia novas energias e necessidades. Dessa forma, o lazer acabava se firmando enquanto
valor utilizado pela empresa e que foi incorporado pelos trabalhadores. A CSN percebeu que,
aliado ao trabalho, o lazer poderia ser utilizado no sentido de formar uma unidade, de modo
que todos estivessem em prol de “um bem maior”, ou seja, da construção de um projeto de
Brasil moderno através do exemplo da empresa.
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Contudo, as atividades oferecidas e desenvolvidas pela empresa apresentavam


possibilidades de ampliação do universo cultural dos trabalhadores, pois permitiam o acesso a
um conjunto de experiências e de linguagens culturais socialmente valorizadas e que em geral
não faziam parte do cotidiano dos trabalhadores no período. O acesso a esse universo de
outros conhecimentos e linguagens representava também a oportunidade de ampliar a
compreensão sobre o mundo, fornecendo um conjunto de instrumentos para a reflexão da sua
condição de classe trabalhadora. Assim, entre o lazer oferecido pela empresa para a classe
trabalhadora e a forma como esta o utilizava existe uma distância que é permeada pela prática
cotidiana dos trabalhadores, que se reapropriam daquilo que lhes é oferecido/imposto de
acordo com suas vivências.
Conforme dissemos, a empresa procurava influenciar as horas de lazer do trabalhador
moldando seus gostos e atividades a partir da publicidade organizada por ela. Entretanto, não
podemos considerar que o tempo do não trabalho possua a mesma lógica que rege o tempo do
trabalho, pois não permite capturar a complexidade do lazer praticado pelo trabalhador da
empresa na “Cidade Operária”. O lazer pode ser um instrumento de dominação minimizando
ou anulando o conflito social como também, a partir de interesses contraditórios e
conflitantes, podem surgir elementos para a construção de uma proposta de lazer a serviço dos
interesses das classes trabalhadoras. As relações existentes entre os trabalhadores e a empresa
no oferecimento do lazer foram simultaneamente uma conquista da classe trabalhadora e
também instrumento de dominação e hegemonia por parte da siderúrgica
Estudos como o realizado por Bêde (2004) mostra como a empresa conseguia
imprimir uma dominação e hegemonia sobre os espaços tanto do trabalho como do não
trabalho de seus funcionários. O autor afirma que, por exemplo, uma briga dentro de um dos
clubes sociorrecreativos poderia refletir-se negativamente sobre o futuro profissional dos
envolvidos. Outro exemplo é que as atividades esportivas desenvolvidas nos clubes
sociorrecreativos estavam em consonância com os valores da empresa não havendo esportes
que poderiam incitar a violência, como o boxe e as artes marciais. Isso nos permite afirmar
que a empresa controlava os diversos e abre brechas para pensarmos que punições nos espaço
do trabalho implicaria também em punições no espaço do não trabalho e vice-versa.
Também ao longo das décadas de 1960 e 1970, outra mudança em relação ao lazer
ocorreu na cidade de Volta Redonda. Conforme dissemos no capítulo anterior, a CSN
transferiu seu patrimônio para a prefeitura a partir de 1967, e a diminuição dos investimentos
em infraestrutura urbana se refletiu também nos investimentos em lazer. Não há registro a
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partir dessa data de construções ou fomento de equipamentos de lazer pela CSN. A


Companhia passou a atribuir maiores funções à Fundação General Edmundo Macedo Soares e
Silva31 (FUGEMSS), que passou a prestar atendimento nas áreas de saúde, assistência social,
cultura, educação, treinamento profissional, centralizando também o desenvolvimento de
atividades de lazer. Sem contar com apoio direto da empresa, as entidades socioculturais e os
clubes sociorrecreativos procuraram estabelecer-se a partir de suas próprias estruturas para o
desenvolvimento de suas atividades.
Por isso, os principais equipamentos de lazer construídos durante as décadas de 1940 e
1950 e que apresentavam ligação com a CSN eram as entidades socioculturais e os clubes
sociorrecreativos. A tabela 1.0 permite a análise dos principais equipamentos de lazer, a
finalidade e as principais atividades realizadas em cada um. A figura 17 mostra a distribuição
dos equipamentos de lazer no espaço urbano. Assim, nota-se que os principais espaços
estavam localizados no bairro Vila Santa Cecília, na parte que, de acordo com a planta geral
da cidade operária, foi planejada para ser o centro comercial. Outros equipamentos de lazer
estão localizados nos bairros que faziam parte dos bairros planejados pela CSN.
Verifica-se na tabela 1.0 e na figura 17 que, no que se refere às políticas empreendidas
pela empresa, os equipamentos de lazer de maior destaque são os clubes sociorrecreativos.
Para a construção de suas sedes sociais e demais infraestruturas, eles contavam com o apoio
da CSN, que geralmente cedia o uso de terrenos mediante contrato de comodato com as
entidades32. Segundo informações de Silva (2008), a principal característica dos clubes
sociorrecreativos era possuir uma estrutura privada constituída especificamente para
oportunizar a um público restrito a prática ou fruição do lazer. As programações desses
espaços, bem como sua estrutura física, eram organizadas para contemplar um conjunto
diversificado de atividades artísticas, sociais, esportivas etc.

31
A Fundação General Edmundo Macedo Soares e Silva (FUGEMSS) foi implantada em Congonhas (MG), em
1961, como Escola Industrial General Edmundo Macedo Soares (EIGEMSS), destinada a formar profissionais
para atuarem na mineração. Convertida em FUGEMSS, passou a prestar atendimento nas áreas de saúde,
assistência social, cultura, educação, treinamento e recreação, e teve a sede transferida para Volta Redonda em
1990. Em 1998, a entidade passou a se chamar “Fundação CSN”, sendo a responsável pelas ações de
responsabilidade social da empresa, agora privatizada (FUNDAÇÃO CSN, 2013). Para mais informações,
acessar: http://www.csn.com.br/irj/portal/anonymous?guest_user=usr_fundacao_pt
32
Existem outros clubes sociorrecreativos no município de Volta Redonda, entretanto, neste trabalho analisamos
somente aqueles ligados à CSN e seus trabalhadores.
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Tabela 1 – Equipamentos que direta ou indiretamente eram utilizados para as atividades de lazer pelos trabalhadores da CSN.(continua)
Nome Tipo de equipamento Atividades de lazer existente
Clube Umuarama Clube sociorrecreativo O clube foi construído exclusivamente para engenheiros e técnicos,
principalmente americanos que vieram para a construção da CSN. Havia
atividades sociais e esportivas. Inaugurado em 1956.
Clube dos Funcionários da Clube sociorrecreativo Fundado em 1942 por iniciativa de um grupo de funcionários da CSN com o
CSN intuito de desenvolver atividades de lazer e recreação. Realizava eventos em
diversos locais até possuir sede própria, já na década de 1960.
Aero Clube Clube sociorrecreativo Criado em 1943 como clube aeronáutico com 250 sócios funcionários ou não da
Companhia. Tinha como objetivo formar pilotos civis e desenvolver a
aeronáutica brasileira. Sua sede social e toda infraestrutura foi construída em
terreno da CSN por comodato.
Clube Recreio do Trabalhador Clube sociorrecreativo Complexo Esportivo construído pela CSN com a finalidade de promover lazer e
esportes para os operários e suas famílias. Inaugurado em 1951.
Clube Náutico e Recreativo Clube sociorrecreativo Fundado em 1948 para atender os funcionários técnicos e de baixa qualificação.
Santa Cecília No local havia uma estrutura de madeira para promover entretenimento para os
funcionários da CSN e mais tarde passou a possuir sede própria.
Clube Laranjal Clube sociorrecreativo Foi fundado em 1965 por engenheiros, supervisores, gerentes e diretores da CSN
residentes no bairro. Ao longo dos anos construiu-se no terreno cedido pela
Companhia, além da sede social, toda uma infraestrutura de piscinas e campos de
futebol.
Cinema Santa Cecília Cinema (não existe Conhecido como “Poeirinha”, foi o primeiro cinema de Volta Redonda,
(Poeirinha) atualmente) funcionando a partir de 1946. Construído pela CSN para seus funcionários.
Cinema 9 de Abril Cinema Construído por iniciativa do Clube dos Funcionários da CSN e inaugurado em
1959. Possui capacidade para 1500 pessoas e teve por finalidade levar cultura e
entretenimento para os trabalhadores da empresa.
Clube Círculo Operário de Entidade sociocultural Fundado em 1946. Inicialmente Círculo Operário de Volta Redonda mais tarde
Volta Redonda (não existe atualmente) passou a chamar Círculo dos Trabalhadores Cristãos. Começou como um
barracão de madeira que proporcionava aos trabalhadores lazeres populares com
shows, peças de teatro e domingueiras dançantes.
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Tabela 1 – Equipamentos que direta ou indiretamente eram utilizados para as atividades de lazer pelos trabalhadores da CSN.(conclusão)

Rádio Siderúrgica Nacional Retransmissora de Inaugurada em 1955 e retirada do ar em 1980. Foi criada para proporcionar lazer
rádio e contribuir para a educação dos jovens a época, a maioria filhos dos
(não existe atualmente) funcionários da CSN além da função de reforçar valores e ideologias da
empresa. Tinham uma programação de valorização da música popular brasileira
e da música clássica com finalidade educacional e cultural.
Clube Foto-Filatético Entidade sociocultural Fundado em 1954 tem por finalidade difundir artes, fotografias, filatelia,
sem fins lucrativos numismática e cultura. Nas décadas de 1960 e 1970 era comum a participação
da entidade em eventos nacionais e internacionais. Hoje promove exposições e
cursos.
Teatro Santa Cecília Teatro Foi Fundado pela CSN, sendo inaugurado em 1955. Promovia espetáculos
teatrais e atividades de caráter educativo e social. Funcionou como escola
primária. Atualmente pertence à Igreja Católica, atendendo a comunidade
carente com diversas atividades.
Grêmio Artístico e Cultural Entidade sociocultural Fundada em 1945. Passou a ter sede própria na década de 1960 promovendo
Edmundo Macedo Soares e atividades culturais e artísticas como espetáculos teatrais, músicas, danças,
Silva recitais, concertos, exposições de artes, difusão cultural e artística entre outras.
Hotel Bela Vista Hotel Foi construído durante a década de 1940 sendo inaugurado por etapas. Nos seus
salões e áreas de lazer eram realizados shows e bailes para os funcionários mais
graduados da CSN.
Grupo Escolar Trajano de Escola Escola projetada pela CSN para atender filhos de funcionários de baixa
Medeiros qualificação, sendo inaugurada em 1946. Possui auditório com poltronas
adequadas para o público assistir a filmes, peças, shows, reuniões, possuindo
uma boa acústica e camarins para abrigar artistas.
Estádio Sylvio Raulino de Estádio de Futebol Foi construído no final dos anos 1940 pelo General Sylvio Raulino de Oliveira,
Oliveira então presidente da CSN, que o financiou. Em 1959, o General Raulino passou a
administração do estádio para Guarani Futebol Clube, através de comodato.
Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2012.
107

Figura 17 – Mapa com a localização dos equipamentos de lazer vinculados a CSN em Volta Redonda-RJ nas décadas de 1950 e 1960.
Fonte: O autor, 2013.
108

Por possuírem vinculação com a CSN, os clubes sociorrecreativos em Volta Redonda


se constituíram como clubes-empresas. Entre suas principais características estão: 1)
disponibilizar sede própria para a realização de programas de lazer; 2) ser administrado por
um grupo de profissionais eleito pelos votos dos associados, que despendem seu tempo livre
para dirigi-lo e ainda são responsáveis pelos aspectos estratégicos e pela filosofia da
instituição33; 3) ser associação jurídica privada sem fins lucrativos; 4) ofertar atividades
diversificadas de lazer (entretanto, há predominância significativa das atividades esportivas).
Os clubes sociorrecreativos eram assim considerados como instituições, espaços privados,
formalmente constituídos, planejados, construídos e destinados especificamente para a prática
do lazer, seja por meio de atividades esportivas, artísticas ou outras formas de manifestação
da cultura.
Assim, nota-se uma variedade de clubes sociorrecreativos ligados aos trabalhadores da
CSN. Havia os específicos para supervisores, diretores e gerentes; outros para engenheiros e
técnicos qualificados; e outros, ainda, para os operários não qualificados, assim como alguns
clubes se restringiam aos moradores de determinados bairros da cidade. Com isso, a
estratificação e segregação a partir da diferenciação dos trabalhadores, que influenciavam a
disposição das habitações e dos bairros no espaço urbano, também se refletiam no
funcionamento do clube e na sua localização. Diante disso, enquanto exemplos empíricos
foram estudados dois dos clubes sociorrecreativos mais significativos ligados aos
trabalhadores da CSN e que ainda mantêm suas atividades: o “Clube dos Funcionários da
CSN” e o “Clube Recreio do Trabalhador Getúlio Vargas”.

3.1.1 O Clube sociorrecreativo Funcionários da CSN

O primeiro dos clubes sociorrecreativos criados por empregados da empresa foi o


“Funcionários da CSN”. A iniciativa surgiu em 18 de fevereiro de 1942, quando um grupo de
funcionários da empresa de origem paulista decidiu criar um clube em Volta Redonda, à
época ainda distrito de Barra Mansa. Esses funcionários tinham sido impedidos de entrar no

33
Dos seis clubes sociorrecreativos vinculados aos trabalhadores da CSN, um continua sendo administrado
diretamente pela empresa, que é o clube “Recreio do Trabalhador Getúlio Vargas”.
109

baile de carnaval daquele ano no Clube Municipal de Barra Mansa, o principal da região na
época. Posteriormente, a data de aniversário do Clube ficou definida como 9 de abril, a
mesma data de inauguração e aniversário da CSN, o que evidencia a maneira como os
funcionários reforçavam a sua relação com a empresa. Inicialmente, o clube funcionou em um
barracão na área da usina e, ao longo dos anos, procurou-se construir uma infraestrutura
destinada aos seus associados – exclusivamente funcionários da CSN.
No início, no barracão dentro da obra eram realizadas as festas, reuniões sociais e
bailes. O objetivo era promover atividades sociais, culturais e esportivas em alto nível para
seus associados. Desde o primeiro instante, o clube era caracterizado como uma associação
destinada aos funcionários mais qualificados da empresa, que compunham os quadros de
diretores e associados. As atividades promovidas eram assim voltadas para um grupo seleto
dos funcionários, que exerciam os cargos mais elevados, como chefes de setor, engenheiros e
técnicos qualificados.
Com a inauguração do Hotel Bela Vista, no final da década de 1940, o clube passou a
organizar vários eventos, muitos em conjunto com o clube Umuarama, também destinado aos
trabalhadores mais qualificados. Destacavam-se os bailes de carnaval, as festividades em
homenagem à fundação da CSN, festas juninas, Natal e réveillon. As festas possuíam um alto
grau de sofisticação, como se pode observar na figura 18 e no anúncio da festa em
comemoração ao 13º aniversário da CSN, em 1954:

(o clube Funcionários) [...] oferecerá ao seu quadro social um grandioso baile no dia 10 de
abril que será abrilhantado pela Orquestra Bandeirante e seu melódicos, da Capital da
República. Na oportunidade serão distribuídos convites entre os componentes das Delegações
dos Setores que aqui estarão para os festejos comemorativos a mais um aniversário da CSN.
Traje – passeio completo34 (Programação dos Clubes, 1954. Jornal O Lingote, ano II, Rio de
Janeiro, nº 31, junho de 1954).

Em 1959, ainda sem ter sede própria, o clube construiu o Cinema 9 de abril, na Vila
Santa Cecília. De acordo com Diniz e Carneiro (2004), para a construção do cinema foram
apresentados diversos anteprojetos até a elaboração do definitivo, cujos responsáveis foram o
arquiteto Glauco do Couto Oliveira e o projetista Ricardo Tommasi. Entre a data da
aprovação, a construção e a inauguração passaram-se dois anos e meio, ao custo de 30
milhões de cruzeiros. Além da exibição de filmes, o local recebeu muitos espetáculos de

34
Traje passeio completo: o masculino inclui o uso completo do terno com gravata, meia social e sapatos; para
as mulheres, vestidos longos.
110

Figura 18 – Baile em homenagem à Rainha do Aço promovido pelo Clube dos Funcionários da CSN no Hotel
Bela Vista, em 1951.
Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.

teatro e shows. O cinema contava (e ainda conta) com capacidade para 1 500 pessoas, amplos
espaços e escadarias imponentes para a época. Os revestimentos dos pilares, das paredes,
pisos e tetos utilizavam cores e texturas que atestavam a apropriação do vocabulário
modernista em voga no contexto da construção de Brasília. Ao longo dos anos, o cinema
passou por obras de reforma, mas ainda preserva as características originais na fachada, como
pode ser observado na figura 19.
Durante as décadas de 1960 e 1970, sob a administração do clube Funcionários, o
cinema era frequentado pelas classes média e alta do município, com destaque para os
funcionários mais qualificados da empresa. A programação dos cinemas35 da cidade era
publicada quinzenalmente n’O Lingote, com destaque para as sessões do Cine 9 de Abril. As
sessões aos fins de semana eram concorridas, como se observa na figura 20. Nesta pode-se
observar também os trajes usados pelos presentes. Em algumas sessões, o uso de traje da gala

35
Além do Cine 9 de Abril, ligado ao Clube Funcionários da CSN, havia também o Cinema Santa Cecília
(construído pela CSN) e o Cinema Avenida.
111

Era obrigatório, mas, mesmo nas sessões abertas, parte dos frequentadores o usava, pois o
local era frequentado pela elite da cidade. Esta era, decerto, uma das diferenciações para os
outros dois cinemas existentes naquele período.

Figura 19 – Mosaico de fotos mostrando a fachada do Cinema 9 de Abril.


Fonte: CLUBE DOS FUNCIONÁRIOS DA CSN, 2013.

Atualmente o Cinema 9 de abril continua com a exibição de filmes e espetáculos


musicais e teatrais sob administração do clube. Considerados um dos maiores cinemas de rua
ainda em funcionamento no Brasil, ele é apresentado como um dos orgulhos do clube, como
pode ser observado na fala do presidente, Renato Santini:

[...] durante décadas o cinema foi o ponto de encontro da cidade. Aos fins de
semana, os homens vestiam ternos e as mulheres vestidos longos para assistir aos
filmes. Até hoje o cinema exibe os principais lançamentos da indústria
cinematográfica, e apresenta shows de teatro e música praticamente todas as
semanas36.

36
Entrevista concedida pelo presidente do Clube dos Funcionários CSN, Renato Santini durante as
comemorações dos 70 anos do clube. “Especial – 70 Anos de um Gigante do Interior” (CLUBE DOS
FUNCIONÁRIOS DA CSN, 2012).
112

Figura 20 – Sessão de cinema no 9 de Abril ao final da década de 1960.


Fonte: CLUBE FUNCIONÁRIOS DA CSN, 2013.

Em 1962, o clube inaugurou sua sede social ao lado do 9 de abril, em terreno cedido
pela CSN. Com a contribuição dos associados do clube e o objetivo de atendê-los, o prédio de
oito andares possuía um salão de festas com capacidade para 2 mil pessoas, salão de jogos e
salas comerciais (estrutura ainda mantida nos dias atuais). Possuindo sede social própria, o
clube passou a realizar um maior número de eventos para seus associados e convidados,
ocorrendo bailes e shows semanalmente. Tais eventos continuavam destinados a um público
restrito, que se resumia aos associados e alguns convidados. Os bailes eram sofisticados, o
salão especialmente ornamentado, e as pessoas portavam trajes finos (figura 21).
Em 1965, em uma área verde ao fundo do bairro Vila Santa Cecília, foi cedido pela
CSN, em comodato, o local para a construção da Praça de Esportes Tabajara. A empresa
contribuiu ainda cedendo máquinas, equipamentos e funcionários para que na área, de 158 mil
metros quadrados, fosse construído o complexo de esporte e lazer, levando o “Funcionários” a
ser considerado o maior clube sociorrecreativo existente no interior do estado do Rio de
Janeiro. Ao longo das décadas seguintes, uma série de obras foi realizada, como a construção
do parque aquático, a partir de 1972, e de um ginásio poliesportivo, construído em 1998.
113

Figura 21 – Baile na sede social dos Clubes dos Funcionários em 1965.


Fonte: CLUBE FUNCIONÁRIOS DA CSN, 2013.

Atualmente, o clube possui cinco quadras de tênis, três quadras poliesportivas, três
campos de futebol society, academia de ginástica, quadras de padel, futevôlei e peteca, parque
infantil, churrasqueiras, restaurante, lanchonetes, saunas e salões de festa. Possui ainda o
parque aquático, com quatro piscinas, sendo uma olímpica, e o ginásio poliesportivo, com
capacidade para 5200 pessoas, que, além de receber torneios esportivos, é um local onde
acontecem festas e bailes do clube. Essa infraestrutura pode ser observada na figura 22, assim
como parte do terreno.
De acordo com dados fornecidos pela secretaria, o clube possui 10 670 associados.
Nos dias atuais, para se associar não precisa mais ser funcionário da CSN, mas o clube ainda
mantém uma seletividade. Para tal, o pretendente deverá preencher uma proposta abonada por
um associado e deverá se comprometer a cumprir o estatuto do clube. A proposta passa por
uma triagem da direção, avalia-se se o candidato possui bom conceito na sociedade e, em
seguida, leva-se para apreciação e julgamento em reunião da diretoria.
O discurso da atual diretoria, com o slogan “faça do clube a sua casa”, é de
proporcionar uma vivência familiar, em que o associado pode participar dos eventos
promovidos com a tranquilidade, o prazer e a sensação de estar em sua própria casa. Para isso,
114

Figura 22 – Fotografia aérea da Praça de Esportes Tabajara – PET.


Fonte: GOOGLE EARTH, 2013.

o clube afirma que investe em eventos de alto nível. Esse discurso é uma das características
dos clubes sociorrecreativos; no caso do “Funcionários da CSN”, nota-se até uma semelhança
com o discurso da “família siderúrgica”
Assim, apesar das transformações na CSN e no município, o clube mantém uma
postura que se assemelha àquela dos tempos de sua fundação. O caráter de exclusividade para
os sócios, a restrição às visitas, a rigorosidade na seleção dos associados e o padrão destes –
majoritariamente classes média e média alta – contribuem para que se diferencie dos demais
espaços de lazer da cidade37. Um exemplo dessa postura pode ser visto nos critérios de
visitação, que restringe consideravelmente a visita de não sócios: cada associado pode levar
até três convidados durante o ano, e cada um desses convidados pode retornar às
dependências por no máximo mais duas vezes durante o ano; todas as vezes, mediante
pagamento de taxas. O fato de o clube se localizar no topo de uma colina, cercado por uma

37
Na visita, não foi permitido fotografar as dependências do clube; a secretaria recomendou a utilização das
fotos disponíveis no site.
115

área de floresta, num bairro de classe média alta, com casas de alto padrão inclusive na rua
que é o único acesso ao clube, contribui para essa “exclusividade” aos seus associados.
De acordo com a secretaria, o clube é uma entidade sem fins lucrativos com
orçamento anual de R$ 5,5 milhões, uma despesa mensal de cerca de R$ 440 mil e com
quadro de aproximadamente cem empregados. A mensalidade cobre cerca de 50% das
despesas, e a outra parte é coberta com aluguel das salas e lojas da sede social e dos espaços
alugados para festas e eventos. Lá também se promovem escolinhas em diversas modalidades
esportivas e dezenas de campeonatos e eventos esportivos regionais e nacionais durante o ano
todo. Isso contribuiu para que o clube fosse escolhido como local de aclimatação de equipes
estrangeiras para as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Com isso, novos investimentos
estão sendo planejados para os próximos anos, principalmente na melhoria da infraestrutura
visando ao atendimento do associado. Uma série de obras de modernização já está em
andamento, entre as quais a criação de novos espaços de esporte e lazer. Entre os objetivos
está também a construção de uma sede social na Praça de Esportes Tabajara e a modernização
do prédio da sede social ao lado do cinema.

3.1.2 O Clube sociorrecreativo Clube Recreio do Trabalhador

Conforme já mencionado, o Estado Novo tinha a preocupação de difundir as ideias


ligadas à imagem populista de Vargas, e nesse sentido empregaram-se meios de comunicação
de massa, eventos esportivos e manifestações culturais (música, cinema, teatro etc.). Assim,
durante a construção da siderúrgica e nos primeiros anos de funcionamento, foi instituído em
Volta Redonda o Serviço de Recreação Operária38 (SRO), que se destinava a organizar o lazer
dos trabalhadores e suas famílias. Com o intuito de construir um espaço para a prática dessas
atividades, reservou-se na planta geral da cidade operária um local para a construção de um
complexo esportivo e cultural, em um terreno plano na Vila Santa Cecília. Dando sequência
ao planejamento, no ano de 1951 foi inaugurado o Clube Recreio do Trabalhador (mais tarde

38
Subordinado à Comissão Técnica de Orientação Sindical do governo Getúlio Vargas (CTOS), o Serviço de
Recreação Operária destinava-se a organizar o lazer dos trabalhadores e de suas famílias e tinha o objetivo de
“coordenar os meios de recreação da classe operária, prestando aos sindicatos assistência e colaboração”
(BRETAS, 2011).
116

chamado Clube Recreio do Trabalhador Getúlio Vargas), numa área de 47 mil metros
quadrados – apresentada na figura 23 a seguir.

Figura 23 – Fotografia do Clube Recreio do Trabalhador, 1961.


Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.

O clube tinha como objetivo atender, preservar, recuperar e aumentar a capacidade de


produzir do trabalhador, sendo considerado pela empresa como um elemento importante do
programa de assistência social que ela dispensava aos seus empregados. O complexo
esportivo era composto de um ginásio coberto, com capacidade para 6 mil espectadores, e
uma piscina de dimensões olímpicas. Possuía ainda um estádio de futebol, pista de atletismo e
concha acústica.
Durante as obras do complexo, o discurso da CSN procurava exaltar sua significativa
importância e grandiosidade, que esta transformava a cidade, como se pode ler no trecho
extraído do jornal da empresa:

À medida que progridem as obras de construção do Recreio do Trabalhador, adquire


aspectos novos a cidade do aço. O primeiro edifício a modificar o panorama foi o
ginásio desportivo, cujas linhas arquitetônicas causaram desde o início a melhor
117

impressão. Agora, ultima-se a construção da piscina olímpica e uma feição diferente


toma o local (Aspecto Novo na Cidade do Aço, 1954. Jornal O Lingote, ano II, Rio
de Janeiro, nº 31, junho de 1954, p. 12).

O ginásio, inaugurado em 1954, foi considerado um marco arquitetônico da cidade,


pois, de acordo com Diniz e Carneiro (2004), a cobertura curva e as esquadrias laterais
possibilitavam a ventilação e favoreciam o conforto ambiental. Os pilares em arco podiam ser
observados externa e internamente, como mostram as figuras 24 e 25. Quando foi erguido, era
o único espaço coberto de grande porte na cidade, e a cobertura, aliada ao palco, possibilitava
também a utilização do espaço para apresentações culturais diversas, shows e solenidades
políticas.
Considerada a primeira de dimensões olímpicas no interior do país, a piscina do clube
foi inaugurada em 1955. A empresa utilizou a inauguração para apresentar a obra como um
marco de desenvolvimento da cidade, com aspectos arquitetônicos modernos e da política de
assistência social destinada aos trabalhadores. Além disso, procurou envolver a população na
participação nas festividades que envolveram a inauguração da obra. Observa-se esse discurso
na veiculação da nota de inauguração da obra:

Reunindo na cidade do aço mais de 20 mil pessoas, muitas das quais procedentes das
cidades vizinhas de Barra Mansa, Barra do Piraí e Resende, as festividades de
inauguração da piscina olímpica do Recreio do Trabalhador de Volta Redonda
constituíram um acontecimento de grande relevo, marcado pela mais vibrante e
entusiástica participação do povo. Apresentando belo aspecto arquitetônico, a nova
unidade esportiva está aparelhada com todos os recursos necessários às competições
de natação, inclusive trampolim de vários tipos para saltos ornamentais
apresentando, ainda todos os requisitos indispensáveis à garantia de rigorosa
higiene. (Mais de 20.000 Aplaudiram, 1955. Jornal O Lingote – Ano II – Rio de
janeiro, nº 44 – Janeiro de 1955, p. 12).

Conforme já dissemos, o clube era destinado somente aos trabalhadores da CSN e


suas famílias, mas era aberto a visitas. Para a utilização do Recreio do Trabalhador era
descontado um valor no contracheque do trabalhador, dando direito ao cônjuge e aos filhos de
usufruir a infraestrutura e as atividades oferecidas pelo clube, que possuía cerca de 30 mil
associados. Assim, com a institucionalização desse espaço de lazer, os trabalhadores
dispunham de uma referência espacial que condicionava formas de comportamento através de
atividades lúdicas, tipos de trajes, assuntos discutidos etc. Destacavam-se as atividades
esportivas, os shows e bailes realizados nas dependências do clube.
118

Figura 24 – Fotografia externa do ginásio do Clube Recreio do Trabalhador, 1954.


Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.

Figura 25 – Fotografia interna do ginásio do Recreio do Trabalhador, 1954.


Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.
119

De acordo com Fernandes (2001), nesse espaço era oferecido ao trabalhador todo tipo
de divertimento, desde torneios esportivos até festas, shows e maratonas estudantis. Ainda
conforme diz a autora, os trabalhadores guardam lembranças positivas do clube e do que
tiveram oportunidade de vivenciar nele, pois tiveram naquele contexto acesso a bens culturais
produzidos nos grandes centros e aos quais poucos trabalhadores, em poucas partes do país,
tinham acesso. Com isso, sentiam-se inseridos no mundo cultural dos principais centros
urbanos, firmando uma identidade local e original de uma cidade que, além de produzir aço,
era moderna e produzia vencedores em outras áreas da criação humana.
Nas décadas de 1950, 1960 e 1970 destacavam-se as atividades esportivas,
principalmente os esportes coletivos como futebol, basquete e vôlei. Essas modalidades
tinham equipes formadas por trabalhadores da CSN que disputavam campeonatos regionais e
nacionais (figura 26). Através das competições, destacavam e divulgavam não somente o
clube, mas também a empresa enquanto exemplo da “família siderúrgica”. Também nesse
período, no que diz respeito às festas e shows, destacavam-se os bailes de carnaval e a
apresentação de artistas da “Era do Rádio”, que faziam lotar o ginásio do clube (figura 27).
Recuperar, reabilitar e ocupar eram as palavras-chave dessa perspectiva funcionalista que
permeou as atividades de lazer oferecidas pela CSN, sendo o clube Recreio do Trabalhador
seu maior exemplo.
A partir do final da década de 1970 e início de 1980, os investimentos em lazer por
parte da CSN diminuem devido à crise e ao acúmulo de dívidas da empresa, refletindo na
administração do clube, que teve uma considerável diminuição de suas atividades esportivas e
também na realização de eventos culturais e artísticos. Em 1990, a CSN passa a administração
do Recreio para a FUGEMSS (mais tarde Fundação CSN), que promoveu uma série de
mudanças na administração e organização do clube. A partir de então, a associação passou a
ser aberta para pessoas que não possuíam vínculo com a empresa. Houve também um
aumento no valor das mensalidades, levando muitos a deixarem de se associar ao clube.
Segundo a reportagem do Jornal Aqui39, atividades pelas quais as pessoas pagavam R$ 13,50
passaram a custar R$ 45,00, fazendo com que muitos se associassem a outros clubes. De
acordo com informações passadas pelo clube, em 2006 eram 10 500 sócios e, atualmente
(2013), são 5 mil sócios e 1 700 alunos inscritos nas escolinhas esportivas.

39
“Não é Mais o Mesmo”, 2011. Jornal Aqui: http://www.jornalaqui.com.br/arquivo/2011/775/paginas/vr3.htm
120

Figura 26 – Mosaico de fotos de equipes no clube. No alto a direita “a Seleção de Futebol da CSN” no 37ª
aniversário da empresa no campo de futebol do clube em 1978. No alto a esquerda a “Equipe Masculina de
Basquete” de Volta Redonda em 1956 no ginásio do clube. Em baixo a direita a “Equipe Feminina de Vôlei” de
Volta Redonda em 1955 no ginásio do clube e em baixo a direita a “Equipe Masculina de Vôlei” de Volta
Redonda na disputa do VII Campeonato Fluminese de Vôlei em 1956 também no ginásio do clube.
Fonte: CLUBE RECREIO DO TRABALHADOR, 2012.

Figura 27 – Fotografia das comemorações do “Dia do Radialista” no ginásio do Recreio do Trabalhador, 1955.
Fonte: ARQUIVO CENTRAL DA CSN, 2013.
121

Na última década, foram feitos alguns investimentos, como a reforma, em 2002, que
transformou o campo de futebol em quadras de tênis, dois campos de futebol society (um de
grama sintética e outro de grama natural), quiosque com churrasqueira, duchas e uma
academia (figura 28). Apesar disso, muitos associados e ex-associados reclamam da falta de
investimentos em novas atividades esportivas e cultural-artísticas40. E não está programado,
de acordo com informações do clube, investimentos em infraestrutura para os próximos anos.
Atualmente, o clube é utilizado para projetos de inclusão social, principalmente
através do esporte, com a instituição do Programa Esportivo e Social (PES), criado com o
objetivo de contribuir para a inclusão de crianças e adolescentes do sul fluminense em
situação de vulnerabilidade social. Assim, a Fundação CSN, enquanto braço social da
empresa, agora privatizada, é responsável pelo cumprimento das ações sociais, utilizando para
isso, sobretudo, o clube.

Figura 28 – Fotografia aérea do Clube Recreio do Trabalhador, 2013.


Fonte: GOOGLE EARTH, 2013.

3.2 O poder público municipal e os novos investimentos em lazer: os eventos e


equipamentos esportivos

40
Por minha família ser associada ao clube e por frequentá-lo desde a minha infância, é perceptível a diminuição
dos investimentos nele a partir da década de 1990. Conversando com outros associados e ex-associados, a
mesma impressão foi passada, inclusive com alguns deles usando a palavra “abandono” para se referir ao
clube.
122

Visto que, após o golpe militar, a CSN promoveu mudanças significativas em seu
patrimônio urbano através da venda de casas e terrenos e transferindo seu patrimônio público
(ruas, praças, serviços urbanos, etc.) para a prefeitura, isso levou também a uma diminuição
de investimentos por parte da empresa em infraestrutura e nos investimentos de lazer. A partir
do final da década de 1960 e início da década de 1970 não houve mais criação de novos
equipamentos de lazer por parte da empresa. Com o forte crescimento urbano, teve início um
aumento dos investimentos da prefeitura em equipamentos e atividades de lazer para a
população da cidade, principalmente para os moradores não vinculados à siderúrgica.
Quando Volta Redonda tornou-se área de segurança nacional, em 1973, o primeiro
interventor, o engenheiro militar Georges Leonardos, deu início a alguns investimentos
relacionados ao lazer, como o princípio da construção do complexo de atividades Duque de
Caxias (o complexo “Ilha São João”) e a implantação de programas e projetos principalmente
esportivos. Estes investimentos estavam em consonância com o regime militar, que aumentou
significativamente investimentos na área esportiva. Entretanto, isso não se consolidou no
município, que sofreu duplamente a crise nos anos de 1980.
A crise do petróleo levou ao fim do “milagre econômico”, dando origem ao
desaquecimento da economia e a uma crise social no país – o que provocou também uma
diminuição dos investimentos por parte do governo, afetando a economia brasileira. No plano
local, a CSN entra em crise em função do acúmulo de dívidas, fato que também contribuiu
para a estagnação econômica do município.
Dessa forma, os investimentos em lazer em Volta Redonda ficaram estagnados durante
a década de 1980 e parte dos anos 1990, sendo retomados apenas com o governo do prefeito
Antônio Francisco Neto, ao final da última década do século XX. Nesta, o lazer já aparece,
em consonância com a Constituição Federal de 1988, como uma preocupação do poder
público municipal, constando na Lei Orgânica Municipal (VOLTA REDONDA-RJ, 1992) e
sendo reafirmada posteriormente no Plano Diretor (VOLTA REDONDA-RJ, 2008c). Na Lei
Orgânica, o compromisso do poder municipal é expresso da seguinte forma:

O município assegurará o exercício ao direito ao lazer, mediante a oferta de


equipamento e de área pública de lazer para fins de recreação, esportes e execução
de programas culturais e turísticos. O município proporcionará meios de recreação à
comunidade mediante reserva de espaços livres e verdes em forma de parques,
bosques e jardins. Os serviços municipais de esportes e recreação articular-se-ão
com atividades culturais do município (VOLTA REDONDA-RJ, 1992, p. 76).
123

Não só houve um aumento dos investimentos em infraestrutura e equipamentos de


lazer por parte do município como também o poder público municipal passou a incentivar e
fomentar o lazer de caráter privado, atraindo investimentos em lojas de departamentos,
shoppings centers, restaurantes, hotéis e bares, aliados a eventos e espetáculos, como shows,
concertos, exposições, eventos esportivos etc., direcionando o lazer para o consumo e para o
espetáculo. Foi nesse conjunto de investimentos (espaços e lugares de consumo) que se seguiu
o lazer na pós-privatização no município. As concepções de lazer no período pós-fordista,
conforme demonstramos nos capítulos anteriores, auxiliam na compreensão dos investimentos
que a prefeitura vem fazendo na atualidade.
A sociabilidade no espaço urbano do município se caracteriza por eventos que
ocorrem de maneira pontual no tecido urbano e de forma presenteísta. Portanto, o tempo do
não trabalho na cidade é marcado por esses eventos em que os moradores da cidade se
identificam cada vez mais com o discurso elaborado pela prefeitura de uma cidade com
qualidade de vida, com cidadania. Nesse sentido, para a compreensão do lazer na cidade é
necessário compreender o discurso da prefeitura, propagandeada de forma ostensiva em
outdoors espalhados na cidade.
É através de projetos/programas e eventos que a prefeitura apresenta Volta Redonda
como um município com qualidade de vida e cidadania, onde os moradores possuem acesso a
saúde, educação, habitação, lazer etc. – uma tentativa de recuperar a autoestima da população,
afetada pela crise gerada a partir da privatização. Nesse sentido, há uma espetacularização das
atividades de lazer na cidade, mas sempre com ativa participação da população. As
possibilidades de escolha de lazer ficam assim limitadas, seja pelas atividades privatizadas em
espaços ou lugares de consumo (como shopping centers, bares e restaurantes), seja por
aquelas oferecidas pela prefeitura. Cria-se assim uma cidade com boa qualidade de vida, com
cidadania e onde todos têm acesso a lazer de qualidade. Entretanto, esta cidade
propagandeada pelo poder público municipal não existe em sua realidade concreta sendo
apenas um simulacro, pois a prefeitura minimiza os problemas sociais e ambientais que a
cidade enfrenta como, por exemplo, destinação final do lixo, tratamento de esgoto, ilhas de
calor, falta de áreas verdes na cidade, além de questões relacionados ao trânsito, especulação
imobiliária que ocasionam uma sobrecarga na infra-estrutura do município.
Com investimentos em inúmeros projetos/programas destinados ao lazer (que, além de
variados, atendem desde crianças até a terceira idade), passando por centenas de eventos
anuais nas áreas culturais e esportivas, o tempo vivido e sua linearidade perdem sentido no
124

espaço urbano do município. Um exemplo é a quantidade de eventos culturais realizados


anualmente na cidade. A tabela 2.0 a seguir mostra a quantidade, os locais e a descrição dos
eventos programados para o ano de 2013.

Tabela 2.0 – Descrição e localização dos eventos programados pela Secretaria Municipal de
Cultura (SMC) para 2013.
Quantidade Localização Descrição dos eventos
de eventos
30 Memorial Zumbi Realização de shows musicais teatro e exposições.
Ex: “Freakshow”, “Roda de Samba”, “Dia da
Consciência Negra”.
200 Eventos nos bairros Duas apresentações semanais de espetáculos em
bairros da cidade. Ex: “Arena de Viola”, “Cinema
nos Bairros”, “Baile Popular”, “Seresta no Bairro”,
“Roda Musical” e “Palco Sobre Rodas”.
20 Espaço Zélia Arbex Exposições artísticas relacionadas à fotografia, artes
plásticas, entre outros. Ex: “Salão do Humor”, “Olhar
180º”.
50 Ilha São João Local para realização de grandes eventos e
exposições. Ex: “Volta Redonda do Rock”, “Feira da
Primavera”, “Folia de Reis”, “Feira Regional do
Livro“, “Encontro de Carros Antigos”.
90 Zoológico Apresentações de teatros infantis aos fins de semana.
Municipal
45 “Cultura para Apresentação gratuita de shows musicais com artistas
Todos” regionais e nacionais
90 Memorial Realização de eventos diversos. Ex: “Feira de
Getúlio Vargas Artesanato”, “Vila Cultural”, “Grito do Rock”,
“Banda Municipal”.
Fonte: Secretaria Municipal de Cultura, 2013.

A estimativa da prefeitura é que esses eventos reúnam neste ano cerca de 200 mil
pessoas. A Secretaria Municipal de Cultura (SMC) fez um planejamento para um aumento em
15% no número de eventos para o ano de 2017 (passando dos atuais 525 eventos anuais para
605), com previsão de gastar cerca de R$ 8 milhões de reais. Já em relação aos eventos
esportivos, houve um aumento nos últimos anos devido à ação da prefeitura, que tem
procurado atrair e incentivar a promoção destes41. São promovidos no município torneios
esportivos de futebol, basquete e vôlei, competições de natação, atletismo e ginástica artística,
torneios esportivos estudantis e para a

41
A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) não informou a quantidade de eventos esportivos previstas
para 2013.
125

terceira idade, além de competições para portadores de necessidades especiais, e ainda a


procura para a realização de eventos esportivos estaduais e nacionais42. A previsão de gastos
com esses eventos para 2013 é de R$ 3,7 milhões de reais; e a previsão é que sejam
aumentados o número de eventos esportivos e o montante de investimentos, que deverá ser
superior a R$ 7 milhões de reais em 2017.
Esse aumento dos investimentos na área esportiva refere-se tanto aos equipamentos
quanto aos programas e projetos. Tais investimentos estão voltados ao esporte de
desempenho, ao esporte-educação e ao esporte-lazer43. A maior parte dos programas/projetos
e da construção/reforma de equipamentos esportivos é desenvolvida pela Secretaria Municipal
de Esporte e Lazer (SMEL) através de recursos da prefeitura e de convênios44 com o governo
estadual e com o Ministério dos Esportes.
Nos últimos dez anos, Volta Redonda recebeu do Ministério do Esporte cerca de 30
milhões de reais para a realização de atividades ligadas ao esporte, sendo 12 milhões nos
últimos quatro anos. Foi o segundo maior número de convênios da prefeitura com a União,
perdendo apenas para o Ministério da Saúde, e o segundo maior volume, atrás somente do
Ministério das Cidades. Na tabela 3.0 podemos verificar a quantidade de verba recebida pela
prefeitura e seu destino, além da contrapartida realizada pelo poder público municipal.
A maior parte dos investimentos foi direcionada para a construção/reforma e aquisição
de equipamentos esportivos, soma que ultrapassa R$ 22 milhões. Em seguida está o
direcionamento dos investimentos para programas e projetos esportivos voltados para crianças
e adolescentes em vulnerabilidade social e para a terceira idade, totalizando mais de R$ 11
milhões.

42
Informações disponíveis no caderno informativo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL),
(VOLTA REDONDA-RJ, 2013).
43
Esporte de desempenho: é disputado obedecendo rigidamente às regras e códigos existentes específicos de
cada modalidade esportiva. É o esporte institucionalizado, do qual fazem parte federações internacionais e
nacionais que organizam competições em todo mundo. Esporte-educação: é a manifestação esportiva como
mais um processo educativo na formação dos jovens; uma preparação para o exercício da cidadania. Esporte-
lazer: apoia-se no princípio do prazer lúdico e na utilização construtiva do tempo livre e da liberdade,
promovendo o bem-estar dos seus participantes (TUBINO, 2006).
44
De acordo com a Procuradoria Geral da União, convênio é o instrumento que disciplina os compromissos que
devem reger as relações de dois ou mais participantes (Governo Federal e prefeitura, por exemplo) que tenham
interesse em atingir um objetivo comum, mediante a formação de uma parceria. (Portal da Transparência
GOVERNO FEDERAL, 2013). Os dados dos convênios estão disponíveis em:
http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios.
126

Tabela 3.0 – Repasses do Ministério dos Esportes para a prefeitura (1997-2013)


Nº Projetos Conveniados Valor do Convênio Valor da
registros Contrapartida
38 Construção e reforma de infraestrutura R$8.518.308,42 R$ 6.851.607,64
esportiva
18 Núcleos de esporte e lazer R$ 6.234.985,50 R$ 2.834.759,86
10 Programa “Esporte Solidário” R$ 1.469.321,57 R$ 1.264.269.54
15 Esporte paraolímpico R$ 2.061.805,05 R$ 1.045.328,68
7 Aquisição e confecção de material R$ 6.339.648,24 R$ 828.488,55
esportivo
4 Programa “Segundo Tempo” R$ 1.530.685,00 R$ 1.081.095,00
3 Projetos esportivos para terceira idade R$ 243.903,03 R$ 67.900,00
3 Núcleos esportivos intermunicipais R$ 3.954.642,00 R$ 749.878,00
Fonte: Tesouro Nacional, Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI). Disponível em:
http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios

Como contrapartida aos repasses recebidos do Ministério do Esporte, a prefeitura


gastou cerca de R$ 15 milhões. Com recursos próprios de seu orçamento, o município tem
aumentado seus investimentos em esportes e lazer. A tabela 4.0 mostra a evolução das
receitas orçamentárias da prefeitura e os gastos com esporte e lazer entre os anos de 2007 a
2011.
Tabela 4.0 – Evolução das despesas totais e de esporte e lazer da prefeitura (2007-
2011)
Ano Despesas totais por função Despesas de esporte e lazer
2007 R$ 426.016.500,00 R$ 7.495.200,00
2008 R$ 500.646.900,00 R$ 13.795.900,00
2009 R$ 582.812.800,00 R$ 18.915.100,00
2010 R$ 656.962.400,00 R$ 17.336.200,00
2011 R$ 776.757.000,00 R$ 25.814.000,00
Fonte: Tesouro Nacional, Dados Contábeis dos Municípios Brasileiros. 2010. Finanças do Brasil – FINBRA.
Disponível em: http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/estados_municipios/index.asp

Entre os anos de 2007 e 2011, as despesas totais por função no município aumentaram
cerca de 80%, enquanto as despesas em esporte e lazer aumentaram em 370%. De acordo com
os dados da prefeitura, para 2012 foram gastos R$ 23 milhões e a previsão para 2013 é que
sejam gastos cerca de R$ 25 milhões anuais em esporte e lazer. A previsão para 2017 é que os
gastos atinjam R$ 53,5 milhões, ou seja, mais que o dobro de 2013. No município, os gastos
com esporte e lazer são o 8º maior, estando atrás de gastos com administração direta,
assistência social, previdência social, saúde, educação, saneamento básico, energia e
transporte, e ficando à frente de gastos com segurança pública, infraestrutura urbana,
comunicações, habitação, cultura, trabalho, patrimônio, entre outros.
127

Esses investimentos esportivos propiciaram um aumento nos programas e projetos e


no número de equipamentos esportivos no município com o intuito de atender não somente o
esporte de desempenho, mas principalmente o esporte-educação e o esporte-lazer.
Atualmente, Volta Redonda possui diversos projetos/programas para o atendimento da
população, entre quais se destacam45:
- O programa “Segundo Tempo”, realizado em parceria com o Ministério do Esporte,
destinado a democratizar o acesso à prática esportiva por meio de atividades esportivas e de
lazer realizadas em horário complementar ao turno escolar. Tem a finalidade de colaborar
para a inclusão social, bem-estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento intelectual e
humano, e assegurar o exercício da cidadania com enfoque no esporte educacional. Inclui as
seguintes modalidades: futsal, vôlei, natação, basquete, ginástica de trampolim, handebol,
tênis, artes marciais e tênis de mesa. Atende mais de 9 mil alunos, com 226 profissionais em
90 núcleos na cidade.
- O “PELC-Vida Saudável” contempla atividades como caminhada orientada,
capoeira, dança, jogos de salão, ginástica localizada e artesanato como forma de inclusão e
integração social. Destina-se a adultos acima de 45 anos, especialmente idosos e pessoas com
deficiência, atendendo 400 pessoas em dois núcleos na cidade.
- O “Viva a Vida” atende 3 200 jovens a partir de 17 anos, com diversas atividades em
29 polos na cidade. Procura melhorar a qualidade de vida, assegurando aos jovens e adultos
direitos sociais, autonomia, integração social, saúde e bem estar.
- O “Esporte de Alto Rendimento” tem como objetivo formar atletas para competir em
várias modalidades em condições de igualdade com atletas de outros locais do país. De acordo
com informações da prefeitura, com profissionais qualificados para a prática de esporte em
alto nível, além de estrutura de treinamentos. Na cidade envolve três esportes: futebol, vôlei e
futsal.
- O “Programa Esporte e Lazer na Cidade” conta com 23 núcleos no município,
atendendo públicos variados – entre crianças a partir de 6 anos até a terceira idade, passando
por atividades direcionadas a jovens e adultos. As atividades vão de oficinas a esporte, aulas
de dança e de culinária, além de palestras diversas com o objetivo de fortalecer a integração

45
VOLTA REDONDA (RJ) Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Volta Redonda:
Cidade do Esporte. Vídeo Institucional da SMEL. O vídeo institucional produzido pela secretaria e a descrição
dos projetos pode ser encontrada em:
http://www.portalvr.com/smel/component/flippingbook/book/17?tmpl=component
128

comunitária em regiões carentes.


- O “Viva a Melhor Idade” é voltado para idosos acima de 50 anos, atendendo 15 mil
alunos em 32 polos no município, oferecendo atividades como: yoga, dança de salão,
musculação, ginástica, natação, hidroginástica e capoeira. Tem como objetivo aumentar a
expectativa de vida e diminuir os atendimentos médicos para pessoas acima de 50 anos.
Além desses programas há escolinhas de futebol, vôlei, badminton, remo, kart,
hipismo e ginástica artística e de trampolim, com a participação dos alunos em competições
nacionais e internacionais. Todos esses projetos são desenvolvidos em equipamentos
esportivos da prefeitura. Os equipamentos são: 14 ginásios poliesportivos, 254 quadras em
diferentes bairros (sendo 50 cobertas), 50 campos de futebol e futebol society. Há ainda o
parque aquático com piscina semiolímpica, o ginásio municipal de skate, o kartódromo, a
arena de hipismo, a sede náutica de remo e o estádio Raulino de Oliveira, com capacidade
para 25 mil pessoas46. A tabela 6.0 mostra o uso e o local dos principais equipamentos
esportivos de propriedade da prefeitura, e a figura 31 mostra a quantidade de equipamentos
localizados nos bairros da cidade. Podemos perceber uma concentração desses espaços junto à
curva do rio, perto de áreas urbanas não consolidadas – importante notar que a prefeitura não
construiu equipamentos esportivos nos bairros construídos pela CSN.
Assim, com o aumento dos investimentos em esportes nos últimos anos, o município
de Volta Redonda foi classificado em primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Esportivo
(IDE) criado pela Secretaria de Esporte e Lazer do estado do Rio de Janeiro (SEEL)47 como
pode ser observado na tabela 5.0. Essa pesquisa foi realizada pela Superintendência de
Desportos do estado (SUDERJ), que fez um diagnóstico dos 92 municípios fluminense a fim
de conhecer o nível de desenvolvimento esportivo.
O índice é composto de oito dimensões: recursos humanos no esporte; articulação
institucional; legislação municipal; recursos públicos; convênios e parcerias; ações,
programas e projetos esportivos; eventos esportivos; instalações e equipamentos. Com 91
projetos esportivos, Volta Redonda ficou em primeiro lugar, com pontuação de 3,58.

46
Dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) para o ano de 2013. Há outros
equipamentos esportivos no município, por exemplo, os pertencentes aos clubes sociorrecreativos de caráter
privado. O levantamento levou em consideração apenas os públicos municipais.
47
RIO DE JANEIRO (Estado). Secretaria de Esporte e Lazer. Índice de Desenvolvimento do Esporte (IDE). Rio
de Janeiro: SUDERJ, 2011. Disponível em: <http://www.suderj.rj.gov.br>.
129

Tabela 6.0 – Localização dos equipamentos esportivos e sua finalidade (continua)


Equipamento esportivo Localização Utilização
Ginásio Poliesportivo Darcise José de Rua Jaime Martins, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Carvalho nº 850, Santo Agostinho comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Vanecina Freitas Av. Presidente Kennedy, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Henrique Vicente nº 6090, Siderlândia comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Francisco Rua Cap. BL. Bragança, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Gomes do Nascimento nº 888, São Geraldo comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo José Alves Av. dos Ex-combatentes, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
“Zinho” s/nº, Santa Cruz comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Carlos Augusto Rua 43 c/ rua 35, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Haasis Filho Vila Rica (Jd. Tiradentes) comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Abraham Rua Triestes, s/nº, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Medina Ponte Alta comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Heth Lustoza Rua Érika Berbet, nº 3, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Bastos Vila Rica (Três Poços) comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Amaro Inácio Av. Antônio de Almeida Gama, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Retiro comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Nery Miglioly Rua Vereador Acácio da Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Rocha, nº 82, Açude I comunidade em geral. Atividades específicas para a terceira idade.
Ginásio Poliesportivo Gal. Euclydes Rua Alexandre Polastri Filho, Treinamento profissional e das categorias de base do vôlei masculino.
Figueiredo nº 761, Ilha São João Realização de torneios e jogos oficiais.
Ginásio Municipal de Skate Rua 848, s/n°, Jardim Atividades de treinamento. Atividades esportivas para crianças e
Fernando Schimdt Tiradentes adolescentes. Realização de torneios amadores.
Estádio Municipal Raulino de Oliveira Rua 539, s/n°, Jardim Paraíba Atividades de treinamento profissional de futebol masculino e
feminino.
Parque Aquático Municipal Rua Alexandre Polastri Filho, Atividades esportivas para crianças e adolescentes. Atividades
nº 791, Ilha São João recreativas para a comunidade em geral. Torneiros amadores de
natação.
130
Tabela 6.0 – Localização dos equipamentos esportivos e sua finalidade (conclusão)

Kartódromo Municipal de Volta Av. Ministro Salgado Filho, Atividades esportivas para criança e adolescentes. Treinamento e
Redonda s/nº, Aeroclube aperfeiçoamento profissional de pilotos. Realização de campeonatos
amadores e profissionais.
Complexo Esportivo Jornalista Oscar Av. Ministro Salgado Filho, Treinamento para as categorias de base de futebol feminino e
Cardoso s/nº, Aeroclube masculino. Treinamento profissional.
Centro de Artes Marciais Mestre Boa Rua 539, s/nº, Estádio Atividades esportivas para crianças e adolescentes. Treinamento
Viagem Municipal Raulino de Oliveira, semiprofissional. Realização de torneios amadores e profissionais.
Jardim Paraíba
Centro Municipal de Ginástica Rua 539, s/nº, Estádio Atividades esportivas para crianças e adolescentes. Realização de
Artística Municipal Raulino de Oliveira, torneios amadores.
Jardim Paraíba
Mini Estádio Edgar de Carvalho Rua Alexandre Polastri Filho, Atividades esportivas para crianças e adolescentes. Treinamento
nº 791, Ilha São João profissional. Realização de jogos e torneios profissionais.
Arena Esportiva Professor Paulo Praça Independência e Luz II, Atividades esportivas para crianças e adolescentes e para a
Camargo de Melo Aterrado comunidade em geral.
Tabela 6.0 – Equipamentos esportivos municipais levantados, respectivos endereços e principais usos. Fonte: Secretaria de Esporte e Lazer (SMEL) da Prefeitura Municipal
de Volta Redonda. Fonte: http://www.portalvr.com/smel/centrosesportivos.php
131

Tabela 5.0 – Índice de Desenvolvimento Esportivo (IDE) do estado do Rio de Janeiro


Class. IDE Município Class. IDE Município
1 3,58 Volta Redonda 11 3,00 Porto Real
2 3,16 Campos dos Goytacazes 12 2,97 Niterói
3 3,10 Resende 13 2,97 Paty dos Alferes
4 3,10 Santa Maria Madalena 14 2,97 Angra dos Reis
5 3,10 Barra Mansa 15 2,97 Mangaratiba
6 3,03 Cardoso Moreira 16 2,90 Conceição de Macabu
7 3,03 Macaé 17 2,90 São João da Barra
8 3,03 Macuco 18 2,90 Vassouras
9 3,03 Quissamã 19 2,87 Rio das Ostras
10 3,03 Rio das Flores 20 2,84 Barra do Piraí
Fonte: RIO DE JANEIRO (Estado). Secretaria de Esporte e Lazer. Índice de Desenvolvimento do Esporte (IDE).
Rio de Janeiro: SUDERJ, 2011. Disponível em: <http://www.suderj.rj.gov.br>.

Com isso, Volta Redonda anunciou novos investimentos esportivos para os próximos
anos. Está em construção da Vila Olímpica, que contará com um espaço de 35 mil metros
quadrados para a prática do atletismo em alto nível, com pistas para as provas de corrida, salto
e arremesso certificadas internacionalmente pela Associação Internacional de Federações de
Atletismo (IAAF), em convênio com o governo estadual no valor de R$ 12 milhões. Além
disso, está prevista a construção de um ginásio para a prática de ginástica artística no valor de
R$ 8 milhões de reais.
O objetivo desses novos investimentos é preparar a cidade para ser subsede da Copa
do Mundo de futebol, em 2014, e para os Jogos Olímpicos, em 2016. Depois de cumprir todas
as exigências do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a cidade conta agora com seis centros de
treinamento – destes, quatro são públicos – habilitados a receber delegações para aclimatação
dos jogos.
132

Figura 29 – Mapa da distribuição dos equipamentos esportivos da prefeitura municipal de Volta Redonda.
Fonte: O autor, 2013.
133

3.2.1 O Estádio da Cidadania

No final dos anos 1940, o general Sylvio Raulino de Oliveira, então presidente da
CSN, financiou com recursos da empresa a construção de um estádio de futebol, que foi
inaugurado em 1951. Mais tarde, o estádio passou a levar o nome de seu mentor. Com o
crescimento e a popularização do futebol, o objetivo da empresa era criar um espaço para que
os trabalhadores e suas famílias pudessem participar e assistir aos jogos. Em 1959, Raulino
passou a administração do estádio para o Guarani Futebol Clube, por meio de comodato com
duração de quatro anos. Na década de 1960, o então presidente da CSN Osvaldo Pinto da
Veiga determinou a implantação da iluminação no estádio.
Na década de 1970, houve a ideia da criação de um time próprio da cidade, e o prefeito
à época, Nelson Gonçalves, reformou o estádio a fim de ampliar sua capacidade, pois o novo
time teria partidas contra outras equipes do estado. Porém, o prefeito queria uma garantia de
que efetivamente este time seria criado. A partir de então, houve uma reunião entre a
prefeitura, a CSN e a Confederação Brasileira de Desportos (atual Confederação Brasileira de
Futebol – CBF) para a reforma do estádio e a criação do time, processo que durou sete meses.
Assim, em 1976, após a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, nasce o Volta
Redonda Futebol Clube, para a disputa do novo Campeonato Estadual de Futebol. Em 1976, o
prefeito desapropriou o estádio, pois o terreno pertencia à CSN48. O estádio possuía
capacidade para 25 mil pessoas, arquibancadas de madeira com estrutura metálica,
apresentando características simples.
De acordo com a prefeitura49, em 2001, o prefeito Antônio Francisco Neto acatou a
proposta do jornalista e assessor Oscar Cardoso e iniciou a reforma do estádio. Com recursos
próprios do município, na ordem de R$ 16 milhões, surge um novo estádio de arquitetura
moderna, após três anos de obras (figura 30). Com capacidade reduzida para 20 mil pessoas,
insere-se dentro das normas do “Estatuto do Torcedor” – de acordo com a prefeitura, o espaço
passa a oferecer mais conforto, beleza e segurança no seu interior.

48
VOLTA REDONDA (RJ) Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Estádio da
Cidadania. Volta Redonda, 2013b. Para mais informações, acessar:
http://www.portalvr.com/estadiodacidadania/index.php/o-estadio/comeco

49
Idem.
134

Figura 30 – Foto da entrada principal do “Estádio Municipal Sylvio Raulino de Oliveira”, 2013.
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA, 2013.

O estádio é considerado o primeiro do Brasil a abrigar em seu interior um complexo


de esportes, lazer, saúde e educação com acesso gratuito à população. Entretanto, sem contar
com um time profissional com grande torcida e que dispute os principais campeonatos de
futebol do Brasil, ele fica subutilizado no que concerne à realização de eventos esportivos,
fato que gera críticas por parte daqueles que consideram um grande investimento esportivo
que não traz retorno para o município.
Entretanto, a prefeitura alega que o movimento proporcionado pelas partidas de
futebol no município, principalmente das grandes equipes da capital traz diversos benefícios
para a economia da cidade. Em dias de jogos, os serviços e comércios recebem um grande
fluxo de turistas que vêm assistir os jogos. Além disso, há a divulgação da imagem da cidade
em todo território nacional e também no exterior, com a transmissão das partidas pela
televisão. Está previsto para 2013 o investimento de R$ 150 mil em melhorias e manutenção
do estádio, como recapeamento, pinturas da pista de acesso ao estádio e nas dependências e
melhoria nos vestiários. Além disso, a operacionalização e manutenção do estádio custarão,
de acordo com a prefeitura, cerca de R$ 250 mil reais.
135

Na opinião de Carlos Roberto Parente, o Betinho, administrador do Estádio da


Cidadania, Volta Redonda mostra, através da organização desses jogos de futebol, que tem
condições estruturais de receber grandes eventos esportivos, devido ao “[...] movimento
financeiro que a cidade recebe, com a vinda de torcedores. Já no aspecto de divulgação, os
jogos ajudam na publicidade de uma imagem positiva da cidade e do Estádio da Cidadania”50.
Outro argumento utilizado é a escolha do estádio como subsede da Copa do Mundo de
2014. Em 2012, ele foi alvo de uma inspeção por parte da Federação Internacional de Futebol
(FIFA), que vistoriou todas as instalações e selecionou 54 que foram aprovadas como Centros
de Treinamentos de Seleções (CTS), que serão utilizados pelas seleções de futebol
classificadas para a Copa do Mundo. Com isso, o Ministério do Esporte, em convênio com a
prefeitura, liberou R$ 800 mil para realização de obras de reparos gerais e modernização,
além de obras para melhorar a acessibilidade51. A partir de outros convênios, a prefeitura
espera um aumento nos investimentos no estádio com um montante de mais de R$ 1 milhão s
serem gastos em 2014.
Com os jogos, o que se vê são milhares de visitantes, o que deixa o trânsito no entorno
do estádio bastante complicado. Muitos ônibus e vans estacionam ao redor de praças e ruas
em torno dele, tumultuando ainda mais o fluxo de veículos. A maioria vem de cidades
vizinhas e da capital do estado. Assim, os estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes e
lojas) ficam cheios, e as pessoas têm de enfrentar filas e muito tempo de espera. Mas, apesar
dos problemas mencionados, o prefeito Antônio Francisco Neto acredita que a organização
desses jogos e eventos demonstra que a cidade já está preparada para servir como centro de
treinamento e receber seleções estrangeiras:

Gostaria de ressaltar que a divulgação da cidade até para o exterior foi um dos
principais benefícios. Volta Redonda sempre foi considerada a Cidade do Aço e nos
orgulhamos disso. Mas com essa publicidade podemos nos mostrar como a cidade
do esporte, da saúde e da cultura também52.

O administrador do estádio explicou que, a cada jogo, o custo operacional gira em


torno de R$ 15 mil – com cerca de 200 funcionários terceirizados, entre limpeza, bilheteiro,

50
Reportagem do jornal Diário do Vale: “Jogos em Volta Redonda trazem visibilidade”, 2013. Disponível em:
http://diariodovale.uol.com.br/noticias/1,72947,Jogos-em-VR-trazem-visibilidade.html#ixzz2Ylg7XnQF.
51
Reportagem do jornal Diário do Vale “Aprovação da FIFA rende R$ 800 mil a Volta Redonda”, 2013
Disponível em: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/6,71529,Aprovacao-da-Fifa-rende-R$-800-mil-a-Volta-
Redonda.html#ixzz2Ylj1lwxu
52
Idem.
136

roleteiro e apoio. Conforme veiculado no jornal Diário do Vale53, para Jessé Holanda,
secretário de Turismo, a vinda de jogos para a região trouxe visibilidade para Volta Redonda,
além de movimentar hotéis, bares e restaurantes, e isso não só pela vinda de torcedores, mas
também pelas delegações e jornalistas que vêm para cobrir as partidas. Para o presidente do
Sindicato do Comércio Varejista de Volta Redonda (Sicomércio), Antônio Luzia Borges,
eventos que promovem o movimento de pessoas e o aumento da circulação de dinheiro
beneficiam o comércio da cidade.
Por ser um estádio que concentra atividades não somente ligadas ao esporte, mas
também à saúde, lazer e educação para a população do município, este passou a ser chamado
pela prefeitura de “Estádio da Cidadania”, configurando-se num exemplo da reestruturação
territorial. Assim, prefeitura procura apagar a memória do passado ligado à “Cidade do Aço”
e reconstruir uma nova imagem para a cidade, dotando-a de novos significados, como a
cidadania, por exemplo. Um dos principais instrumentos utilizados pela prefeitura nesse
sentido é o discurso, uma vez que este tem uma dimensão muito maior do que as ações de fato
realizadas em termos de políticas públicas. Entretanto, a população que deveria protagonizar o
papel de agente da história do município, muitas vezes se acomoda a expectadora, receptora
das benesses concedidas pela prefeitura.
O “Estádio da Cidadania” é um marco na construção da cidade após os anos de crise
vividos com a privatização da CSN. A prefeitura enaltece uma cidadania que é passiva, em
que o cidadão contenta-se em ter direitos civis e políticos tutelados pela intervenção do poder
público municipal, através de um forte processo de regulação. Os eventos e espetáculos
teoricamente acessíveis a todos constroem junto à população essa ideia de cidadania. Além
disso, tal imagem se baseia nas ideias de um desenvolvimento sustentado em outras bases que
não apenas a indústria, mas também atraindo investimentos nos setores de comércios e de
serviços, nos quais aparecem como destaques os eventos esportivos e culturais, visando o
aumento de empregos e da arrecadação tributária. (OLIVEIRA e MASCARENHAS, 2007).

3.2.2 O Complexo Ilha São João

53
Idem.
137

O complexo da Ilha São João, cujo nome oficial é Complexo de Atividades Duque de
Caxias, foi criado pelo primeiro prefeito nomeado quando da transformação da cidade em
área de segurança nacional, durante a ditadura militar – o engenheiro Georges Leonardo, em
1973. A prefeitura desapropriou as ilhas do complexo com o intuito de tornar a área um local
voltado para cultura, esporte e lazer para a população da cidade. O local pertencera antes à
antiga Fazenda São João Batista. Com a diminuição dos investimentos em lazer por parte da
CSN, a prefeitura considerou necessária a instalação de um equipamento de lazer com
atividades culturais e esportivas voltado para a população.
O complexo é formado por duas ilhas: São João e Pequena. A área, com cerca de 180
mil metros quadrados, possui ginásio coberto, quadra aberta e quadra de areia, pista de
caminhada, pavilhão de atividades múltiplas, centro de exposições, miniestádio, escola de
hipismo, minicidade do trânsito, posto médico, sede da Secretaria Municipal de Lazer, da
Guarda Municipal e da Defesa Civil, além de um espaço do Departamento Estadual de
trânsito do Rio de Janeiro (DETRAN-RJ). A planta do local (figura 31) mostra as duas ilhas e
a localização de cada um desses espaços.

Figura 31- Planta da Ilha São João e da Ilha Pequena, 2013.


Fonte: SECRETARIA MUNICIPAL DE ESPORTE E LAZER (SMEL, 2013).
138

Os principais eventos realizados anualmente estão ligados a eventos esportivos, feiras


de negócios e exposições culturais e artísticas, como a Expo-VR, Expo Agro, FEIMMERJ,
Feira Estadual da Indústria Metal Mecânica, Médio Paraíba Negócios, Feira da Primavera,
Festa do Peão Boiadeiro, Carnaval, VR Folia, Encontro de Motoqueiros, Encontro de Carros
Antigos, Encontro Nacional de Evangélicos, Olimpíadas dos Portadores de Necessidades
Especiais , Jogos Estudantis e Copa Regional Diarinho do Vale.
A Ilha Pequena possui uma área de 25 mil metros quadrados, onde situam-se as
instalações da Escola Municipal de Remo e do Parque Aquático, ambos administrados pela
prefeitura através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. A Escola Municipal de Remo
foi inaugurada em 2011, junto com as raias de treinamento e competição localizadas no rio
Paraíba do Sul, junto à Defesa Civil. A escola promove atividades de iniciação à modalidade
esportiva de remo e atividades educativas sobre meio ambiente e recursos hídricos, tendo
como público-alvo jovens em idade escolar e matriculados regularmente na rede pública de
ensino.
O parque aquático foi construído em 1981, com o objetivo de incluir as faixas sociais
carentes ao lazer e desenvolvimento do esporte aquático no município, sendo desativado em
1986 e depois reformado e reativado em 1997; mas somente em 2001 passou a funcionar
plenamente. A figura 32 mostra a festa de comemoração dos dez anos de funcionamento do
parque.
O local possui uma estrutura física com 11.300m², distribuídos entre três piscinas
(uma de tamanho olímpico destinado a esportes aquáticos, uma infantil e outra para
recreação), cantinas, vestiários, secretaria, sala de professores e uma arquibancada para 500
espectadores. De acordo com a prefeitura, são oferecidos gratuitamente à população de Volta
Redonda cursos de natação, hidroginástica e polo aquático. Uma das premissas para ter acesso
ao parque aquático e aos cursos é comprovar a residência na cidade. Assim, são atendidos
diariamente cerca de 3 mil pessoas em atividades recreativas e o local possui no total5 480
alunos matriculados nos cursos com 11 professores e seis estagiários. No total, o espaço conta
com 60 mil associados.
Os investimentos da prefeitura direcionados à manutenção e operacionalização do
parque aquático para o ano de 2013 são estimados em R$ 1,5 milhão. Com a escolha do local
para aclimatação de delegações para as Olimpíadas, a prefeitura pretende investir anualmente
R$ 1,5 milhão, através de convênios com o Ministério de Esportes, para recuperação e
revitalização do local a fim de adequar-se às exigências do Comitê Olímpico Internacional
139

(COI). Além desses interesses, o parque aquático é apresentado pela prefeitura como um local
que visa a uma melhor qualidade de vida para os cidadãos de Volta Redonda:

O Parque Aquático Municipal proporciona gratuitamente à população de Volta


Redonda esporte e lazer, através da prática de atividades aquáticas. Com espaço
físico privilegiado por sua estrutura e beleza natural, o Parque Aquático Municipal de
Volta Redonda oferece uma excelente opção de lazer, recreação e convívio social
buscando, com isso, melhor qualidade de vida aos cidadãos do município54.

Figura 32 - Foto de comemoração aos 10 anos de funcionamento do parque aquático, 2011.


Fonte: “DIÁRIO DO VALE”, 2011.

O ginásio coberto poliesportivo General Euclydes Figueiredo, inaugurado em 1982,


tem capacidade para 6 mil pessoas. O local, além de realizar atividades esportivas através de
programas/projetos voltados para a população, tem como característica principal a realização
de eventos esportivos de alto nível ligados a esportes profissionais. A figura 33 mostra a
infraestrutura do ginásio como parte da arquibancada, iluminação e o painel eletrônico.
O local ainda possui uma pista de caminhada de 800 metros de extensão e um centro
esportivo – o Oscar de Carvalho, inaugurado em 2004 – que conta com quadra de futebol
society, sala de administração, quatro cantinas, quatro vestiários, tribuna de honra e
arquibancada para 5 mil pessoas. Ainda há no local a escola municipal de hipismo, criada em

54
Retirado do site: http://www.portalvr.com/smel/parqueaquatico.php
140

Figura 33 – Fotografia da parte interna do ginásio mostrando a quadra e parte da arquibancada, 2013.
Fonte: SECRETARIA MUNICIOAL DE ESPORTE E LAZER (SMEL, 2013).

2003 para ensinar crianças com até 14 anos, com todas as despesas custeadas pela prefeitura.
A imagem das duas ilhas e de toda sua infraestrutura pode ser observada na figura 34.

Figura 34 – Vista aérea do complexo com a Ilha São João e Ilha Pequena, 2013.
Fonte: GOOGLE EARTH, 2013.
141

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após as análises e discussões apresentadas constatamos que a reestruturação produtiva


e territorial por qual passa o município de Volta Redonda promoveu alterações nos
equipamentos e atividades de lazer com consequências para a dinâmica urbana. Compreender
essas mudanças significa refletir sobre o papel da CSN enquanto empresa estatal
promovedora do lazer para seus funcionários e familiares dentro do contexto industrial-
fordista. Significa também entender que após a privatização há uma diminuição dos
investimentos por parte da empresa e um aumento dos investimentos e oferecimento de lazer
por parte do poder público municipal através do desenvolvimento de atividades esportivas e
culturais.
Na época da CSN estatal, o lazer sustentado pela empresa destinava-se somente aos
seus funcionários e de maneira estratificada. Dessa forma, havia um lazer diferenciado de
acordo com as faixas salariais e os cargos dos trabalhadores. Aqueles que não trabalhavam na
CSN não podiam utilizar os equipamentos de lazer a ela vinculados. Diante disso, os
comerciantes e os profissionais liberais estabeleciam seu próprio lazer; assim como a
população de baixa renda do município, que praticava o lazer de forma precária ou
simplesmente não tinham acesso.
As características do lazer vinculado à empresa objetivava construir um novo
trabalhador, condicionando seu corpo, mente e espírito às exigências da nova civilização
mecânica e com os valores morais na criação de uma sociedade urbano-industrial de caráter
fordista em formação no país. O entendimento dessas características de lazer ocorre sobre a
perspectiva funcionalista em consonância com os valores industriais fordistas. Assim,
Dumazedier (1973,1979) e Parker (1976) foram fundamentais na compreensão do lazer
durante esse período pois suas obras identificam que o lazer ganha cada vez mais centralidade
constituindo-se em uma preocupação, pois são um conjunto de atividades que divergem das
atividades produtivas, ligadas ao trabalho e das obrigações sociais. A empresa,
compreendendo esse processo, procura desenvolver atividades para preencher o tempo de
não-trabalho de seus funcionários.
O objetivo principal do lazer para a empresa era recuperar os trabalhadores e
compensar os desgastes originados nas atividades obrigatórias, além de controlar o tempo de
não trabalho de seus funcionários. Assim, buscava uma “paz social” através da
142

instrumentalização do lazer. O lazer industrial é fonte de valores éticos onde a siderúrgica


procura estabelecer influências coletivas sociais mais fortes que as individuais. Com isso, há o
controle por parte da empresa dos espaços de lazer dos trabalhadores onde estes só poderiam
praticar atividades de lazer em consonância com os valores da empresa.
Assim, verificamos que dentre os equipamentos de lazer vinculados a empresa, os
clubes sociorrecreativos são os mais significativos devido à quantidade de associados, às
inúmeras atividades desenvolvidas e ao tamanho de suas infraestruturas. Cada clube possuía
características próprias para atender determinado perfil de trabalhador e suas demandas. Com
isso, dois exemplos foram significativos: o Clube Recreio do Trabalhador, administrado
diretamente pela usina e voltado para o quadro geral de seus trabalhadores, principalmente
aqueles de faixas salariais mais baixas e que exerciam profissões mais simples; e o Clube dos
Funcionários da CSN, administrado diretamente pelos trabalhadores e voltado para um
conjunto daqueles mais específicos, com faixas salariais mais altas e que ocupavam
principalmente cargos de chefia.
Contudo, diante da diminuição dos investimentos sociais da empresa a partir da
década de 1970, entre as quais o lazer, e após a sua privatização não há mais investimentos
nessa área. Assim, as políticas desse setor não se vinculam mais diretamente à empresa, com
gradual aumento da presença da prefeitura em investimentos neste setor. Com isso, a partir
desse momento houve um aumento da atuação do poder público municipal no oferecimento
do lazer para a população, com investimentos direcionados para a construção/reforma de
equipamentos de lazer na promoção de atividades através de programas/projetos,
principalmente na área esportiva.
O aumento da atuação do poder público municipal pode ser comprovado pelo grande
número de eventos esportivos e culturais realizados anualmente na cidade. O lazer insere-se
no conjunto de políticas do poder público municipal, onde há uma tentativa de desvincular a
imagem da cidade em relação a siderúrgica. Entretanto, os elementos simbólicos ligados a
“Cidade do Aço” mostram-se muito presentes, como a toponímia das ruas e praças e os
equipamentos urbanos da cidade carregados pelo contexto do aço. O conjunto de ações
visando à transformação na imagem do município é relativamente recente, com parte das
famílias tendo suas histórias de vida relacionadas direta ou indiretamente à usina ou ao
contexto de sua criação, ou seja, à cidade siderúrgica.
Através do discurso, dos investimentos e da recuperação/criação de novos símbolos na
cidade (como os exemplos estudados, o “Estádio da Cidadania” e o “Complexo da Ilha São
143

João”), o poder público municipal procura mudar o paradigma do município para uma cidade
de “qualidade de vida” baseada na “cidadania”. Para tanto se utiliza de recursos materiais
(como estruturas e equipamentos) e imateriais (os serviços e sobretudo os discursos) para
realçar novas virtudes por meio de símbolos elaborados para produzir uma nova imagem para
o lugar e utilizá-la para atração de novos investimentos. Essa questão é discutida por Milton
Santos (2004), segundo o qual essa busca dos lugares para se diferenciar com objetivo de
atrair novos investimentos é chamada “guerra dos lugares”.
Esses investimentos em lazer trazem benefícios para a população; entretanto, precisam
ser questionados, pois o lazer da cidade se inscreve no modelo capitalista com a produção da
imagem de cidade com boa qualidade de vida e com cidadania, um discurso que
paulatinamente ganha legitimidade junto à população, assim como a crença de que a
prefeitura é responsável por todos os problemas existentes no município. Assim, a população
vive naquilo que Baudrillad (1981) chama de simulacro, onde tudo parece estar em perfeita
harmonia com o retorno do orgulho de uma cidade enquanto exemplo para o país: se antes era
pelo fato de ser uma cidade moderna-industrial por causa da CSN, atualmente é pelo fato de
ser uma cidade que promove cidadania para toda sua população.
Assim, a reforma/construção de equipamentos urbanos modernos, entre eles aqueles
destinados ao lazer, são apresentados através de inúmeras propagandas tornando-os mais
atraentes ao agora “cidadão” do que o próprio objeto em sua realidade. Através de uma série
de atividades e eventos de lazer, com destaque para os esportivos, o município passa a se
configurar enquanto um exemplo de sociedade espetacularizada que para Débord (1998) leva
os indivíduos a contemplar e a consumir passivamente as imagens, que nesse caso é
fortemente veiculado pela prefeitura, onde se perde o sentido da vivência do espaço urbano.
Com isso, é possível afirmar que as mudanças do lazer na cidade impactou a dinâmica
urbana do município com alteração no fomento da prática dos lazeres. Enquanto a empresa
visava ao lazer com características dentro de um contexto fordista, o fomentando pela
prefeitura atualmente apresenta aspectos diferenciados, ligado ao contexto atual da cidade
pós-fordista. Entretanto, as maiores mudanças não foram nas práticas das atividades de lazer,
pois se antes os principais eventos e atividades eram os socioculturais e esportivos,
atualmente estes ainda apresentam grande relevância. A mudança significativa foi na função
do lazer, posto que antes a principal característica era o aspecto funcionalista e utilitarista por
parte da empresa para seus funcionários, hoje o lazer apresenta-se como um simulacro e
espetacularizado por parte da prefeitura para os cidadãos.
144

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