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Conclusão: A perspectiva da Pedagogia

Histórico-Crítica diante dos problemas da


educação brasileira no contexto da
sociedade atual
Dermeval SAVIANI (Unicamp)

(Slide n. 01)

17/12/2020
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
A aula de abertura

Na primeira aula, após apresentar as cinco principais concepções de


educação desdobradas em três níveis: o da filosofia da educação; da
teoria da educação (pedagogia); e da prática educativa situando a
pedagogia histórico-crítica na Concepção Dialética ou Histórico-Crítica,
abordamos os antecedentes, origem e identidade da PHC, concluindo
com os seguintes esclarecimentos complementares: a) sobre o
conceito de síncrese; b) sobre “momentos versus passos” na
formulação do método da PHC; c) sobre a relação Prática social-
Prática educativa observando não ser apropriado falar em “Prática
Social Final” nem em “Retorno à Prática Social”.
(Slide n. 02)
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PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
As aulas subsequentes

Lançando um olhar sobre a programação da disciplina podemos


constatar que as aulas subsequentes realizaram a análise dos
aspectos mais recorrentes que caracterizam o funcionamento das
escolas, contando com a contribuição de vários colegas considerados
como aqueles com maior conhecimento, experiência e familiaridade
em cada um dos referidos aspectos e, por isso, foram convidados e
encarregados de trazer suas contribuições específicas

(Slide n. 03)
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diante dos problemas da educação brasileira no contexto da sociedade atual
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
Caminhando para uma síntese

O que foi desenvolvido da segunda à penúltima aula corresponde ao


momento analítico em que cada um dos aspectos foi abordado na sua
especificidade. Mas quando estamos atuando em determinada escola
ou numa rede de escolas de um município ou de um estado ou de todo
o país, todos esses aspectos estarão em funcionamento, sendo
conduzidos por um conjunto de professores que concorrem, na
especificidade de cada aspecto, para a formação integral dos alunos.
Daí, a importância do trabalho coletivo entendido como aquele em que
cada um tem plena clareza de sua própria atividade, mas também do
significado e importância das atividades de todos os demais membros
da equipe.
(Slide n. 04)
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PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
O propósito da PHC de transformação da prática
social
Considerada a Pedagogia Histórico-Crítica cuja finalidade é promover o
pleno desenvolvimento dos indivíduos visando assegurar sua inserção
ativa e crítica na prática social; que, para atingir essa finalidade, se
empenha em propiciar às crianças e jovens o domínio das objetivações
humanas produzidas historicamente selecionadas e organizadas de
maneira a viabilizar sua assimilação; cuja proposta metodológica toma a
prática social como ponto de partida e de chegada pela mediação do
trabalho pedagógico que opera por meio da problematização,
instrumentação e catarse; e que busca fazer avançar o processo de
educação das massas trabalhadoras, pergunta-se: quais as perspectivas
de realização, pela Pedagogia Histórico-Crítica, da prática transformadora
no atual contexto brasileiro? (Slide n. 05)
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Possibilidade da prática transformadora da PHC na
atualidade

Para examinar a possibilidade de realização da prática


transformadora da PHC nas condições atuais é que se indicou a
abordagem da relação entre educação e contemporaneidade no
quadro das transformações do capitalismo e o paradoxo da
educação escolar, tendo como pano de fundo a luta de classes
na educação escolar.

(Slide n. 06)
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Educação e contemporaneidade

Educação = antítese da contemporaneidade


Assim, numa primeira abordagem da relação entre educação e
contemporaneidade chegamos ao seguinte resultado: a
educação, especificamente na sua expressão escolar, que é a
forma principal, dominante e generalizada de educação na
atualidade, se comporta como uma verdadeira antítese diante
da contemporaneidade

(Slide n. 07)
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diante dos problemas da educação brasileira no contexto da sociedade atual
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Educação e contemporaneidade

Educação = celebração da contemporaneidade


Nessa segunda abordagem da relação entre educação e
contemporaneidade chegamos a um resultado oposto ao
primeiro. Em lugar de negação da contemporaneidade a
educação aparece, agora, como celebração da
contemporaneidade. Nossa análise fenomênica nos conduziu,
portanto, a um paradoxo: ao mesmo tempo em que lhe volta as
costas, a escola abraça a contemporaneidade; ao mesmo tempo
em que a nega, a escola a ela adere entusiasticamente.
(Slide n. 08)
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A PHC diante da relação escola-atualidade

A relação entre escola e atualidade é marcada por uma


contradição: a escola é vista, ao mesmo tempo, como negação
da atualidade e como celebração da atualidade. A PHC desvela
e supera essa contradição revelando o vínculo orgânico entre
escola e atualidade.

(Slide n. 09)
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A PHC diante dos paradoxos da educação escolar

Esclarecendo os paradoxos da educação escolar por meio de


exemplos:
a) O paradoxo da escola cidadã: autonomia ou submissão?
b) O paradoxo da escola imparcial: justiça ou injustiça?
c) O paradoxo da escola igualitária: igualdade ou desigualdade?
d) O paradoxo da escola equalizadora: equidade ou ini(e)quidade?

A PHC busca responder à pergunta: qual a razão dessa tendência da


educação em gerar, na sociedade atual, expectativas contraditórias
sobre o papel da escola?
(Slide n. 10)
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Desvelando o segredo dos paradoxos da
educação escolar
Descrevemos o paradoxo das expectativas contraditórias depositadas
na escola e identificamos sua base na estrutura da sociedade de
classes capitalista assentada no fetichismo da mercadoria que introduz
a opacidade na relação social impedindo que esta se manifeste
exatamente como é.

Desvendado o segredo do fetichismo da mercadoria desvela-se a


impossibilidade da sociedade capitalista realizar as expectativas que
ela própria proclama. Evidencia-se, assim, a impossibilidade da
universalização efetiva da escola; a impossibilidade do acesso de
todos ao saber; a impossibilidade de uma educação unificada.
(Slide n. 11)
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PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
A PHC e a contradição escola-capitalismo

O desenvolvimento da escola pública entra em contradição com as


exigências inerentes à sociedade capitalista. Esta, ao mesmo tempo
em que exige a universalização da escola, não a pode realizar porque
isso implicaria a sua própria superação. O desafio posto pela
sociedade capitalista à educação pública só poderá, pois, ser
enfrentado radicalmente, com a superação dessa forma de sociedade.
A luta da PHC no âmbito da educação pública coincide, portanto, com
a luta pelo socialismo que, socializando os meios de produção,
socializa o saber viabilizando sua apropriação pelos trabalhadores, isto
é, pelo conjunto da população.
(Slide n. 12)
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A PHC e a solução radical do paradoxo escolar

Eis aí o caminho pelo qual será possível resolver o paradoxo da


educação escolar e superar as expectativas contraditórias depositadas
na escola. Aí, então, será possível uma escola que forme para a
cidadania superando todo tipo de submissão; que forme para a justiça,
superando as injustiças quaisquer que elas sejam; que forme para a
igualdade, superando toda forma de desigualdade. É essa, enfim, a
razão de ser da prática transformadora da Pedagogia Histórico-Crítica.

(Slide n. 13)
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Conceito de transformação

O significado de “forma” que se fixou nas várias línguas ocidentais remonta ao


είδος platônico, constitutivo do mundo das ideias entendidas como a
verdadeira realidade. Transposta por Aristóteles ao mundo sensível, a forma
(μορφή) passou a ser entendida como a essência necessária ou a substância
das coisas, isto é, aquilo que faz com que uma coisa seja aquilo que é.
Distingue-se da matéria com a qual se compõe para formar tudo o que existe,
como se explicita na teoria do hilemorfismo (de ΰλη, matéria + μορφή, forma)
derivada de Aristóteles. Esse significado de “forma” manteve-se na escolástica
sendo retrabalhado no tomismo e se prolongou na época moderna. Para
Bacon a forma é o objeto próprio da ciência natural, devendo ser apreendida
pela indução experimental .
(Slide n. 14)
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diante dos problemas da educação brasileira no contexto da sociedade atual
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E PRÁTICA TRANSFORMADORA
Em que consiste o trabalho coletivo

O que se exige é que cada um tenha plena clareza dos fins a atingir e
também de que para isso, não apenas sua tarefa é necessária, mas as
de todos os demais integrantes do coletivo; e mais: cada um deverá ter
clareza, também, do significado e importância dos conteúdos
desenvolvidos pelos demais integrantes para se atingir a finalidade que
move o conjunto das ações, não sendo necessário, obviamente, que
cada um tenha pleno domínio das particularidades envolvidas nas
tarefas realizadas pelos demais membros do coletivo.

(Slide n. 15)
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diante dos problemas da educação brasileira no contexto da sociedade atual
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Conclusão

As possibilidades da realização da prática transformadora por parte da PHC


tendo em vista a solução dos problemas da educação brasileira no contexto da
sociedade atual estão condicionadas pela situação objetiva mas dependem,
fundamentalmente, da consciência dessa necessidade assumida
coletivamente e da decisão de efetivar essa intervenção. Já as perspectivas de
êxito, ainda que tenazmente buscadas subjetivamente, estarão determinadas
objetivamente pela correlação de forças na dura luta de classes que compõe o
cenário internacional e nacional na atualidade.

(Slide n. 16)
Conclusão: A perspectiva da pedagogia histórico-crítica
diante dos problemas da educação brasileira no contexto da sociedade atual

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