Relação Jurídica – Síntese Explicativa

ISEG, ano letivo 2016/2017

Turmas R11 e M13

A RELAÇÃO JURÍDICA – SÍNTESE EXPLICATIVA

1.ª PARTE – IDENTIFICAR OS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DA RELAÇÃO JURÍDICA

1. SUJEITOS

a) A relação jurídica envolve quantas pessoas?

b) São pessoas singulares ou coletivas?

2. OBJETO

a) Objeto imediato: quais são os direitos (subjetivos) e as obrigações que decorrem

para ambas as partes?
Exemplo: A compra a B uma televisão. Trata-se de uma relação jurídica que se
traduz num contrato de compra e venda, em que A é o comprador e B é o vendedor.
O objeto imediato desta relação jurídica será os direitos e as obrigações que decorrem
deste contrato de compra e venda: artigos 874.º e 879.º CC. Assim:
§ A tem o direito de receber a televisão, mas a obrigação de pagar a
B o preço dessa televisão;
§ B tem o direito de receber de A o preço da televisão, mas tem a
obrigação de lhe entregar essa mesma televisão.

b) Objeto mediato: a realidade (física) em que se traduzem os direitos e as obrigações

identificadas em a). Quais são os comportamentos que as partes devem adotar para
cumprir os direitos e as obrigações?
No exemplo dado acima, para que A e B cumprissem os seus direitos e obrigações
era necessário:
§ Que B entregasse uma coisa móvel – a televisão;
Artigo 397.º CC
§ Que A pagasse o preço da televisão.

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Neste caso, o objeto mediato desta relação jurídica será uma prestação de entrega de uma
coisa móvel: da televisão e do dinheiro.

3. FACTO JURÍDICO

a) Qual é o acontecimento/situação que é capaz de produzir efeitos e ter consequências

jurídicas, criando, modificando ou extinguindo relações jurídicas?
Será sempre aquilo que liga os sujeitos da relação jurídica, nomeadamente um contrato.
Assim, no exemplo dado acima, o facto jurídico é o contrato de compra e venda.

4. GARANTIA

É a possibilidade que a parte da relação jurídica que, em cada momento, ocupa a

posição ativa (isto é, que é detentora de direitos) tem de se proteger coativamente
contra eventuais violações dos seus direitos. Será sempre:

a) Geral - traduzida na possibilidade de as partes da relação jurídica

recorrerem aos Tribunais para que assim os direitos e obrigações sejam
cumpridos de forma coativa, no caso de estes estarem a ser violados ou
não cumpridos;
b) Especial, nomeadamente das obrigações – possibilidade de fazer
apreender (penhorar) e vender o património do devedor.

Assim, no exemplo dado acima, se A pagasse o preço da televisão, mas B não fizesse
a sua entrega, então A poderia recorrer aos Tribunais, para que estes obrigassem B a entregar a
referida televisão.
Se, porventura, B tivesse entregado a A a televisão, mas este não a tivesse pago
porque dizia que não tinha dinheiro, B poderia recorrer aos tribunais para que estes
ordenassem a apreensão e venda de bens de A, até que essa venda perfizesse o valor da televisão.

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Casos Práticos:

1. A compra a B uma casa pelo preço de 50.000€.

a) Sujeitos – A e B, ambas pessoas singulares;

b) Objeto imediato – os direitos e obrigações que decorrem deste contrato de compra
e venda (874.º e 879.º CC);
c) Objeto mediato – prestação de entrega de uma coisa imóvel (a casa) e móvel (o dinheiro
correspondente ao preço da casa);
d) Facto jurídico – o contrato de compra e venda;
e) Garantia – possibilidade de recurso aos Tribunais, tendo em vista o cumprimento
coercivo dos direitos e das obrigações, bem como a garantia especial típica deste
contrato obrigacional (v., ponto 4, b))

2. A obriga-se perante B a construir uma casa pelo preço de 50.000€

a) Sujeitos – A e B, ambas pessoas singulares;

b) Objeto imediato – direitos e obrigações decorrentes do contrato de empreitada (por
exemplo: direito a executar a obra em conformidade com o que foi acordado; direito
de os materiais serem fornecidos pelo empreiteiro; e os correspondentes deveres);
c) Objeto mediato – prestação de facto positivo (A tem de construir uma casa para B)
e prestação de entrega da coisa (B tem de pagar a A 50.000€);
d) Facto jurídico – contrato de empreitada (artigo 1207.º CC);
e) Garantia – a referida no caso anterior.