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DIREITO ADMINISTRATIVO 1

RESUMO: AULAS 2/3


(ATENÇÃO: Este material destina-se ao acompanhamento em sala de aula,
para melhor compreensão é necessária a utilização do texto constitucional e legislação em
vigor, além da doutrina indicada e a jurisprudência)

Princípios Constitucionais da Administração Pública: (art. 37,


Caput)
Introdução: Princípios são ferramentas de interpretação jurídica,
possuem uma natureza difusa, genérica e abstrata. Sendo assim,
necessita de uma apuração mais trabalhosa por parte do intérprete.
Por outro lado, as normas são concretas e determinantes. As normas
impõem uma conduta definida. O Neoconstitucionalismo tem uma
posição mais preponderante para os princípios e entende que estes se
sobrepõem às normas, afastando a ideia clássica de que princípios
seriam apenas para suprir lacunas. Atualmente, os princípios também
são considerados como normas jurídicas, em face de sua força
normativa.

Art. 37.(CF/88) A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

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- Os princípios são para Administração Pública como fundamentos que
asseguram a compreensão e a interpretação das normas jurídicas.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA
1. Princípios Básicos (explícitos):
- Legalidade;
- Impessoalidade;
- Moralidade;
- Publicidade;
- Eficiência. (este introduzido pela E.C.nº 19/98)
2. Princípios Reconhecidos (implícitos):
- Princípio da Supremacia do Interesse Público;
- Princípios da Tutela e  da  Autotutela; etc.

PRINCÍPIOS BÁSICOS: (*LIMPE)

1) Princípio da Legalidade:
Este princípio é o fundamento do Estado de Direito, a sua base
genérica está inserta na norma do Art. 5º, inciso II da CF/88. O
Princípio da legalidade alcança tanto os particulares quanto a
administração pública.
A) Relações privadas: prevalece a autonomia da vontade, o indivíduo
pode fazer tudo que a lei não proíbe.
B) Relações da Administração Pública: prevalece o entendimento
da observância da lei, o agente público só pode fazer o que a lei
permite. A legalidade também pode ser compreendida com o
Princípio da Submissão da Administração Pública ao Direito.
Atenção:
Deve receber um destaque a diferenciação entre a Reserva Legal
Absoluta e a Reserva Legal Relativa. A Reserva Legal é Absoluta
quando a matéria prevista na Constituição somente pode ser tratada
por lei (ato normativo primário) e, temos a Reserva legal relativa
quando a matéria apesar de exigir a lei formal, estabelece que esta,
apenas fixe parâmetros para a atuação do administrador público, que
ao editar o ato normativo infralegal irá complementar a norma legal (ato
normativo secundário).
O sistema constitucional vigente impede que os atos secundários
editados pelos Chefes de Poder Executivo, no exercício de suas
atribuições, criem ou modifiquem direitos e obrigações.
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Ver o Art. 84, IV e o Art. 49, V da CF/88
Ver também a Medida Provisória – art. 62 da CF/88.

2) Princípio da Impessoalidade:
O interesse público, que também é um princípio reconhecido na
Administração Pública, estabelece que o agente público, na prática de
seus atos, não poderá usar a máquina administrativa para alcançar os
seus interesses pessoais, inclusive o de terceiros.
Para muitas escolas a impessoalidade é uma forma de se dizer
finalidade (Hely L. Meirelles). Entretanto, a Prof. Maria Sylvia Z. Di
Pietro entende que a impessoalidade está relacionada com a finalidade
e com a teoria da imputação ou do órgão. Os órgãos públicos exercem,
através de seus agentes as funções públicas e portanto acarretam
responsabilidades para as pessoas jurídicas que representam (Teoria
da imputação).

Ver o Art. 37, § 1º da CF/88


§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

3) Princípio da Moralidade e Probidade administrativa:


A moralidade administrativa não é simplesmente uma compreensão
do que é o conceito de moral (aquilo que é produzido por um
comportamento individual espontâneo e aceito pela coletividade), a
moralidade amdinistrativa requer mais, ou seja, um ritual de condutas e
práticas fundamentadas pela ética, boa-fé, lealdade e uma conduta
honesta, aquilo que o cidadão espera de comportamento na atuação e
no exercício da função pública.
No direito romano se afirmava “ nem tudo que é legal é honesto”
(nom omne quod licet honestum est).Os princípios constitucionais
existem como determinantes para a conduta administrativa e não como
determinada por elas.
A colocação do princípio da moralidade como um princípio reitor da
administração pública foi inserido para dar ao intérprete o direito de
exigir do agente público não apenas o comportamento legal

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(legalidade), mas também, o comportamento ético e honesto
(moralidade amdinistrativa).
A conduta do administrador público que viola a moralidade
administrati implica nas sanções previstas na Lei 8429/92, que
regulamenta o Art. 37, §4º da CF/88.
“...§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível...”
Súmula Vinculante nº13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafo único do art. 1º da Lei nº


13.145/1997 do Estado de Goiás. Criação de exceções ao óbice da prática de atos de
nepotismo. Vício material. Ofensa aos princípios da impessoalidade, da eficiência, da
igualdade e da moralidade. Procedência da ação. 1. A matéria tratada nesta ação direta
de inconstitucionalidade foi objeto de deliberação por este Supremo Tribunal em
diversos casos, disso resultando a edição da Súmula Vinculante nº 13. 2. A teor do
assentado no julgamento da ADC nº 12/DF, em decorrência direta da aplicação dos
princípios da impessoalidade, da eficiência, da igualdade e da moralidade, a cláusula
vedadora da prática de nepotismo no seio da Administração Pública, ou de qualquer dos
Poderes da República, tem incidência verticalizada e imediata, independentemente de
previsão expressa em diploma legislativo. Precedentes. 3. A previsão impugnada, ao
permitir (excepcionar), relativamente a cargos em comissão ou funções gratificadas, a
nomeação, a admissão ou a permanência de até dois parentes das autoridades
mencionadas no caput do art. 1º da Lei estadual nº 13.145/1997 e do cônjuge do chefe do
Poder Executivo, além de subverter o intuito moralizador inicial da norma, ofende
irremediavelmente a Constituição Federal. 4. Ação julgada procedente. (ADI 3745,
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 15/05/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-148 DIVULG 31-07-2013 PUBLIC 01-08-2013)  

4) Princípio da Publicidade:
A publicidade está diretamente ligada ao estudo do estado
republicano e democrático, inspirado pela norma explícita no Art. 1º,
parágrafo-único da CF/88.
“...Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição...“
A razão decorre do entendimento da coisa pública (res public) e da
titutlaridade do poder (povo – democracia). Assim, a publicidade dos
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atos e manifestações se coadunam com a exig~encia de atividade
administrativa transparente. A obediência ao Princípio da Publicidade
se dá em dois níveis:
A) Direito dos administrados ao acesso às informações,
principalmente aquelas de interesse coletivo.
B) Dever da Administração Pública de garantir a publicidade de seus
atos e contratos administrativos.

“... todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações


de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado;...(art. 5º, XXXIII da CF/88)”

Portanto, não se admite como regra, a exigência de demonstração


por parte do administrado que ele prove o seu direito pessoal direto
sobre aquilo que pretenda obter no acesso às informações de
manifestações da administração pública.

*Atenção: Ver a Lei 12527/11 art.24 (atos classificados de segurança


imprescindível da sociedade ou do Estado)

5) Princípio da Eficiência:
O Princípio da Eficiência foi introduzido por Emenda Constitucional
(EC19/98).
A eficiência impõe ao administrador público a necessidade de
produzir resultados que sejam satisfatórios na realização de seus atos
e manifestações. Hely L Meirelles afirmava que a eficiência decorre da
presteza, da perfeição e do rendimento funcional.
Na avaliação do desempenho da atividade sempre analisa-se a
eficiência e a eficácia produzida pelos atos. A eficiência está
diretamente ligada aos recursos utilizados e a eficácia aos resultados
produzidos.

“...Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os


servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

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§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa.  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)”

PRINCÍPIOS RECONHECIDOS:

Princípio da Supremacia do Interesse Público:


- Interesse público é aquele atribuído à comunidade como
um todo e não a cada indivíduo, isoladamente considerado. A
supremacia do interesse público sobre o interesse privado
determina que, no conflito entre esses interesses, o primeiro
deve prevalecer. Essa supremacia não é absoluta, pois sempre
deve ser respeitado o núcleo essencial dos direitos individuais.
Ex.: na desapropriação, a regra determina que a indenização do
desapropriado deve ser paga previamente e em dinheiro;
respeita-se, assim, o direito de propriedade.

Princípio da Tutela e  da  Autotutela:


- O poder de tutela sempre foi denominado de supervisão
ministerial e abrange o controle finalístico dos atos da
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Administração Indireta. Já o princípio da autotutela administrativa
representa que a Administração Pública tem o poder-dever de
controlar seus próprios atos, revendo-os e anulando-os.

Princípio da Isonomia ou da Igualdade de tratamento:


-  O princípio da isonomia encontra-se previsto em nossa
Carta Magna como um dos direitos fundamentais dos
cidadãos, alcançado por relevante esforço daqueles que,
anos e anos atrás lutaram em busca da igualdade e da
aplicação da verdadeira democracia preconizada no Estado
Democrático de direito.

Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:


- Este princípio reconhece a necessidade do serviço público
não parar, ou seja, a atividade administrativa do Estado, em
regra, não pode ser interrompida. A razão está no fato de a
atividade adiministrativa decorrer de funções essenciais e
necessárias. A restrição ao direito de greve dos servidores
públicos, bem como, as cláusulas exorbitantes dos contratos
administrativos, garantem a continuidade, ainda que, do outro
lado, tanhamos a possibilidade da “exceptio nom adimpleti
contractus”.

Princípio da Razoabilidade:
- A razoabilidade exige a harmonização da norma geral com o
caso individual.
- A razão do princípio reside, entre outros fatores, no
equilíbrio entre o meio e o fim. Também devemos ressaltar o
sacrifício imposto a alguns e a vantagem geral obtida,
evitando a onerosidade excessiva, sob pena de ilegalidade do
ato.
- Razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado e
variável.

Princípio da Proporcionalidade:
- a) adequação: o ato administrativo deve ser efetivamente
capaz de atingir os objetivos pretendidos;
- b) necessidade: o ato administrativo utilizado deve ser, de
todos os meios existentes, o menos restritivo aos direitos
individuais;
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- c) proporcionalidade em sentido estrito: deve haver uma
proporção adequada entre os meios utilizados e os fins
desejados. Proíbe não só o excesso (exagerada utilização de
meios em relação ao objetivo almejado), mas também a
insuficiência de proteção (os meios utilizados estão aquém do
necessário para alcançar a finalidade do ato).
*Este princípio funciona como limitador da
discricionariedade administrativa.

Princípio da Motivação:
- A motivação representa que o administrador deve indicar os
fundamentos de fato e de direito que o levam a adotar
qualquer decisão.
- Motivo são os fundamentos de fato e de direito do ato
administrativo. Todos os atos administrativos requerem um
motivo lícito. Motivação é a exposição do motivo.

Princípio da Segurança Jurídica:


-Trata-se de um megaprincípio que preserva situações
consolidadas (como direito adquirido, coisa julgada e ato
jurídico perfeito), mesmo que tenham sido originadas de atos
ilícitos (se os beneficiários estiverem de boa-fé, o ato é
convalidado depois de cinco anos); e impede a manutenção
indefinida de situações pendentes (com a utilização dos
institutos da prescrição e da decadência). Não se confunde
com imutabilidade.

CASO – DEBATE - VIDA PREGRESSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA


DEFESA (ART. 37, II ao IV)
• Concurso público. Inscrição. Vida pregressa. Contraditório e
ampla defesa.
O que se contém no inciso LV do art. 5º da CF, a pressupor litígio
ou acusação, não tem pertinência à hipótese em que analisado o
atendimento de requisitos referentes à inscrição de candidato a
concurso público. O levantamento ético-social dispensa o
contraditório, não se podendo cogitar quer da existência de litígio,
quer de acusação que vise à determinada sanção. (NÃO HÁ

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LITÍGIO, NÃO HÁ ACUSAÇÃO, LOGO NÃO HÁ VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO)
(RE 156.400, rel. min. Marco Aurélio, j. 5-6-1995, 2ª T, DJ de 15-9-
1995.=RE 233.303, rel. min. Menezes Direito, j. 27-5-2008, 2ª T, DJE
de 1º-8-2008)
* (Constituição Anotada do STF)

BIBLIOGRAFIA:
1. Meirelles, Hely L. – Curso de Direito Administrativo – Ed. Malheiros.
2. Knoplock, Gustavo M. – Manual de Direito Administrativo – Ed.
Campus
3. Di Pietro, Maria S.Z.– Direito Administrativo – Ed. Atlas.
4. Mello, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo.
22ª ed., Ed.Malheiros, 2007.
5. Irene Patrícia Nohara – Direito Administrativo – 7ª Ed., Ed. Atlas/Gen
- 2017
Pesquisa internet:
www.planalto.gov.br
www.stf.jus.br

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