Você está na página 1de 13

DIREITO CIVIL II

MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES:


OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA E
INCERTA

Professor Rodrigo Fróes


Email: rodplural@gmail.com
Obrigação de Dar

Amplitude: pode equivaler à entrega da posse ou detenção sobre um bem,


bem como à transferência ou restituição da propriedade sobre ele.

Equivale a direito de crédito: ainda não há direito real sobre a coisa; o


credor pode somente exigir do devedor que cumpra com a prestação, mas
ainda não tem posse ou propriedade.
Ex.: Comprador de imóvel que não o leva a registro e, antes disso, devedor
de má-fé o vende a terceiro, que o registra e passa a ter a propriedade,
restando ao comprador original somente reclamar perdas e danos.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

 Objeto determinado e
individualizado! Ex.: Imóveis em
locação, compra e venda, doação,
comodato.

 Daí exsurge o comando do CC,


313: O credor NÃO é obrigado
a receber prestação diversa da
que lhe é devida, ainda que
mais valiosa.

 Pode ser presente ou futuro – ex.:


compra e venda de safra futura de
grãos.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

1) Obrigações de Entregar ou Transferir (= Obrigs. De Dar


Propriamente Ditas)

 CC, 233: Obrigação de dar coisa certa abrange, via de regra, os acessórios
[frutos, produtos, benfeitorias] da coisa - Princípio da acessoriedade
(gravitação jurídica)!

 CC, 94: Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação
de vontade, ou das circunstâncias do caso.

 CC, 237: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos
[ex.: benfeitorias] e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço
[vedação ao enriquecimento sem causa]; se o credor não anuir, poderá o
devedor resolver a obrigação.

Parágrafo Único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os


pendentes. – Regra: até a tradição (= entrega) da coisa, esta pertencerá ao
devedor.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

1) Obrigações de Entregar ou Transferir


(= Obrigs. De Dar Propriamente
Ditas) – CC, 233 a 237
 Perda ou deterioração da coisa:
 Perda: destruição/inutilização
completa da coisa;

CC, 234. Se, no caso do artigo


antecedente, a coisa se perder,
sem culpa do devedor, antes
da tradição, ou pendente a
condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para
ambas as partes; se a perda
resultar de culpa do devedor,
responderá este pelo
equivalente e mais perdas e
danos.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

1) Obrigações de Entregar ou Transferir (= Obrigs. De Dar Propriamente Ditas) –


CC, 233 a 237
 Perda ou deterioração da coisa:
 Deterioração: danificação parcial, que diminui o valor econômico do bem. Os artigos
abaixo a situam no momento anterior à tradição, ou seja, quando a coisa ainda
pertence ao devedor:

CC, 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver
a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.

CC, 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a
coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso,
indenização das perdas e danos.

 DIRETRIZ: o princípio geral do direito que diz que a coisa perece para o seu dono (res
perit domino), ou seja, arca com as responsabilidades da perda/deterioração aquele
que detém a propriedade do bem!
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

2) Obrigações de Restituir – CC, 238 a


242:
 Perda ou deterioração da coisa:

 Perda - CC, 238. Se a


obrigação for de restituir
coisa certa, e esta, sem culpa
do devedor, se perder antes
da tradição, sofrerá o credor
a perda, e a obrigação se
resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.

CC, 239. Se a coisa se perder


por culpa do devedor,
responderá este pelo
equivalente, mais perdas e
danos.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

2) Obrigações de Restituir – CC, 238 a 242:


 Perda ou deterioração da coisa:
 Deterioração - CC, 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do
devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a
indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art.
239 [, mantendo-se a possibilidade de o credor ficar com a coisa
danificada!].

 DIRETRIZ: novamente, a coisa perece para o seu dono (res perit domino) –
aqui, o dono será o credor a quem a coisa deve ser entregue pelo
devedor; logo, não havendo responsabilidade deste pela perda ou
deterioração, o credor arcará sozinho com os prejuízos.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

2) Obrigações de Restituir – CC, 238 a 242:


 Melhorias [Benfeitorias] e
Acréscimos [Frutos]:
 Melhorias - CC, 242, caput. Se
para o melhoramento, ou aumento,
empregou o devedor trabalho ou
dispêndio, o caso se regulará
pelas normas deste Código
atinentes às benfeitorias
realizadas pelo possuidor de boa-
fé ou de má-fé.

CC, 1.219. O possuidor de boa-fé


tem direito à indenização das
benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias,
se não lhe forem pagas, a levantá-
las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias
e úteis.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

2) Obrigações de Restituir – CC, 238 a


242:

 Melhorias [Benfeitorias] e
Acréscimos [Frutos]:

 Melhorias [Cont.] - CC, 1.220.


Ao possuidor de má-fé serão
ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela
importância destas, nem o de
levantar as voluptuárias.
Obrigação de Dar Coisa Certa (CC, 233 a 242)

2) Obrigações de Restituir – CC, 238 a 242:

 Melhorias [Benfeitorias] e Acréscimos [Frutos]:


 Acréscimos - CC, 242, parágrafo único. Quanto aos frutos
percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste
Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.

CC, 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela


durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a


boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas
da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos
colhidos com antecipação.

CC, 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos


colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou
de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.
Obrigação de Dar Coisa Incerta (CC, 243 a 246)

 CC, 243: coisa indeterminada (mas


determinável*), definida somente pelo
gênero e pela quantidade!
 A coisa indeterminada será determinável
pois, em um momento posterior, haverá a
escolha que a individualizará. Este
momento é chamado de concentração do
débito:
CC, 244. Nas coisas determinadas pelo
gênero e pela quantidade, a escolha
pertence ao devedor, se o contrário
não resultar do título da obrigação;
mas não poderá dar a coisa pior, nem
será obrigado a prestar a melhor. –
Princípio do Meio-Termo: a busca pela
razoabilidade, observando os padrões
de qualidade eventualmente firmados
entre as partes no caso concreto.
CC, 245. Cientificado da escolha o
credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente = torna-se obrigação de
dar coisa certa!
Obrigação de Dar Coisa Incerta (CC, 243 a 246)

 Perda ou deterioração: CC, 246.


Antes da escolha, NÃO poderá
o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda
que por força maior ou caso
fortuito.
 Princípios gerais: a coisa
perece para o dono e o
gênero não perece (genius
nunquam perit). Logo, o
devedor segue obrigado,
salvo particularidades do
caso concreto (ex.: gêneros
feitos em quantidade
limitada, como vinhos raros).

Você também pode gostar