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Não quero
Não quero mais o silêncio da garganta fechada
silêncio.
forma.
Não quero mais este mundo dualista de bonito ou feio, de bom e ruim, de amor
e ódio.
Quero a mim!
Quero ser simplesmente o que sou e não me sentir culpada por isso.
SI
2
Versos in Si
PALAVRA
Aberta a boca não cala, alas que abres.
Que por vezes quentes esculpem pequenas crateras nos poros, rugas.
De(Re)forma o escudo frágil dos sentidos, palavra-espada que fere ou vangloria a batalha.
E como um parto, rompe a terra e se conduz à vida, presente (em todos os sentidos).
contemporizá-lo
contemplá-lo
contê-lo
E ser grato.
Parla-Si, 13/09/1999
3
Versos in Si
PARTE
Sou a ponte que une alguns portos e alguns pontos em espaços de várias dimensões
várias...
4
Versos in Si
O que apodrece
Sou a porfia pela porfia que tece e fia prece em forma de poesia
Um périplo de asfalto
Sou esta poeta quase parnasiana que fica brincando com as palavras prá poder brincar
um pouco e parcamente com a vida, com os seus olhos, e com o seu e o meu
repertório...
5
Versos in Si
Sou este parlatório que não cala e às vezes convence...Aparte disso, talvez eu seja um
todo.
6
Versos in Si
A NÃO POESIA
dos versos que não escrevi
nem a dor
nem amor
nem cor
nenhuma
vazio
nem indignação nem melancolia que me
7
Versos in Si
em mim
em poesia
decanta
8
Versos in Si
ferrenhas
íris
metamorfose em poesia
perdoem-me...
sem Si
18/10/98; 3:19 h.
9
Versos in Si
pia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da
cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia d
a cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia
da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cópia da cóp
...........
hasta
arrasta
e castra
a haste da origem
e a descoberta ˆblouáptica˜
de outros desenhos
para sabê−las...
10
Versos in Si
rachaduras e fendas por onde escorre uma espécie de sangue que envelhece
uma espécie de ácido, de veneno, de tinta que flui em dizeres por todos os
lados
ou diz apenas o que diz, mas se torna inaudível por sua presença
o que importa é que eu também trago outras formas e conteúdos sobre eles.
e formam cultura.
Nosso zeitgeist diz do nosso genis loci a todo tempo e em todo espaço.
copia−Si
21−5 / 04 / 1999
11
Versos in Si
Cá beco
Minha cabeça é um beco escuro e sonoro
Um lago imerso
De fluxos estrangeiros
consistentes, insistentes
insuperáveis
12
Versos in Si
SI
A leveza da existência
Recepção e contração
Concepção
e inconscientemente
13
CONTRAPONTO
sendo.
em dias cinzentos.
ENCANTA na costura
a trama da linha
lúdico e lúcido
na tinta.
na terra dura
fagulha de silêncio
que grita
Versos in Si
paradoxal.
presentes e
pressentidos
na mão da arte
semi etéreos
e héteros
elos profanos
do sonho do chão
que chama
Si. 1997
15
Flashes
Da janela de um ponto acima do chão
contatos
tatos
atos
Impulsos
pulsos
Impactos
pactos
felicidade?
cidade
das casas e das caras, todo tipo de hipocrisia ou conveniência, ou rara sinceridade
Milhares de carros
p a s s a m
Milhares de posses
Milhares de passos
..ânus..
17
Versos in Si
Há ar e risco
há risco na vida
o que você é.
há risco na consciência
que te esconde
exposto e nu
e o “sim” ao risco
e se eu tivesse medo
com medo
porque expressa
22/08/1999, 22:36 h.
18
Versos in Si
no mesmo espaço
cada índice
que faz o soro com o sal da idade - saudade da gente em outro tempo
19
Versos in Si
(ou se lança
ao que sente
e o espaço consola
20
Versos in Si
cidade.
E aí assim,
ssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssi
21
Versos in Si
Quase 1 ou tudo
Já fiz quase tudo
Às vezes quero tanto que me esqueço o que quero e que existo mais do que quero.
Ou no orgasmo
E não consigo
Ser... simplesmente ... uma mulher... segura... daquelas que são discretas, sutis,
22
Versos in Si
E as fórmulas então,
Nunca pulsará dentre meus neurônios submissos à esta eterna ditadura coronária
formulados?
Não!
23
Versos in Si
tudo
Ou quase.
24
Versos in Si
QUASE 2
O coração de palavra
A noite de insônia
E a alma de esperança
25
Versos in Si
26
Versos in Si
percurso tridimensional
inexistente
inclusive portas são janelas por onde passam os passos dos pés.
e fechados ˘ escuridão.
hiper−janelas
27
Versos in Si
imagem narcisa de si
a abstração
si1999
28
Versos in Si
Insinuando
Ando alinhando
Sinuosa aliança
Sino
De sina
Simão
Se não
Si
sempre
29
Versos in Si
Desencanto SCinéfilo
O dia passou
Desencantei-me.
SCi.
30
Versos in Si
Encanto SCinéfilo
Já tive um amigo americano que morava em Paris, Texas – não é tão longe,
entre eu e Hammett acabou além das nuvens do céu de Lisboa, mais para
Tokyo – Ga... Não sei... Um dia, a Alice nas cidades pelas quais passava, o
diante do pênalti. Achou estranhíssimo! Alice me disse que ele entrou numa
sobre cidades e vestimentas que ela carregava. Disse também que ele
acreditava que até o fim do mundo ia rolar o fim da violência na cidade dos
cidade. E mais, disse que ele vivia falando:” Wim Wenders e aprendenders”
– Que figura!
SCi
06/98
31
Versos in Si
Wenders à cidade
A cidade que Wenders filma, fala
sobre si mesma
sobre o cinema
suas Histórias
como signo
cada cena
suas entre-linhas
suas entre-cenas
suas entre-histórias
sua essencialidade
de hipersentido
abre-se
vai além
fere as fronteiras
32
Versos in Si
entranhas
estranhas
tramas
sem excesso
nem caos
apenas pensa-se
contempla-se
contemporiza-se
não é falsa
não é farsa
não é fantasia
não é fantoche
não é ficção
33
Versos in Si
busca-se
questiona-se
não é
fim
em si
é meio
História
Fica
Si
06/1998
34
Versos in Si
. . . V Ê . . .
V I D A
V O C Ê
V I R T U D E
S U A P E L E
e vinhos e orgasmos
D E V Í N C U L O S , V I R I L H A S E V I R G Í L I O S
V O N T A D E
35
Versos in Si
V O L Ú P I A
S I
1999
36
Versos in Si
CENTROS
Terra Universalis
Geléia Geral.
Locus intersection
dos que ficam, os que passam e os que estão ali por estar
sempre ou pouco
Quando a ordem do caos determinístico deixa de fazer parte apenas da esfera física e química do
Apenas mais uma forma diferente de buscar a sobrevivência em um ambiente hostil dos mais fortes
O lixo, poucas opções, impasses, materialidades que não combinam, o ar pesado, o fedor, a
velocidade, a fugacidade existencial dos carros que passam, ritual dos mitos e heróis sem nenhum
Mal(Bem)Dita Dialética
37
Versos in Si
Dos rostos, feições de várias etnias e mestiçagens inomináveis, ou máscaras que colaram.
Das entranhas, as estranhas estradas interiores, os extratos e substratos do que somos ou podemos
ser.
Da boca, um quase silêncio de palavras abafadas pelo stabilishment, pela pressa, pelo stress, pelo
cansaço e pelo cansaço de dizer e não ser ouvido, ou um quase silêncio de significado real de
palavras-publicidade.
Dos olhos, um vazio de horizonte e o cinza do céu refletido em olhares quase autômatos, friagem de
tempo em tempos que possuem um futuro duvidoso. Medo. Indignação controlada. Saudade.
Conformismo. Alienação.
desorientada, das arquiteturas ou vontades não projetadas ou projetadas como projéteis de pólvora
política.
38
Versos in Si
Droga que não dá barato e cobra caro a virtualidade de cada dia, ou a realidade de cada simulacro.
Lugar?
Urbe X Civitas.
Voilà?!
26.03.99, 23:33 h.
Central Si
39
Versos in Si
DO FUTEBOL
o gol
o orgasmo
a obra-prima
o conhecimento
ponto de inflexão
a gota d’água
a catarse-síntese
a sintonia cultural
e a bola na rede
40
Versos in Si
não é só o gol
é a integração sujeito-universo
Si
06/1998
41
Versos in Si
e n t r e
p o s T e s ,
p o $$es
e
p o $es
Cadáveres de árvores.
Vozes de duendes.
insana
42
Versos in Si
abatida pela dialética de saber que não é nada disso ou quase nada e que
liberta
Si. 1996
43
Versos in Si
Ouro Preto
e sob ela
flutuam
serpentinas
memoráveis
vãos
que se deformam
no espaço tortuoso
44
Versos in Si
os mais novos
e da nudez
o deleite abuso de
demorar-se
únicas
propriamente
45
Versos in Si
passam
deixa o encanto
em ecos silenciosos
de ofegantes vis-lumbres
e o passado
não passou
presente
do que nunca.
Si
1996
46
Versos in Si
Sidade
Sons incógnitos
ão
Sabores do amargo vômito das entranhas que definham e do doce incalculável do bomb
Sondas que nos enfiam pela garganta e as que nos conectam ao mundo inter relacionáv
el,
os),
47
Versos in Si
veis,
alsa
democracia
Solo Só.
Sofismo.
48
Versos in Si
da,
Saia, Salto, Salame, Salão, Salário, Samba, Sandália, Sandice, Sanduíche, Sardas, S
aque,
Sebo
a,
s,
smo,
Soberbia, Sobrecarga, Sobremesa, Soda limonada, Soda cáustica, Sodomia, Sofá, Sof
tware
49
Versos in Si
esso,
ncia.
ˆque Situação!˜
50
Versos in Si
tempos
Tenho vivido tempos privilegiados
Tenho conhecido mais do mundo que minha avó poderia supor que existisse.
Tenho honrado meu tempo num tempo em que a Honra tem múltiplos significados.
Tenho visto a lua da minha janela enquanto estou em minha cama de casal, com lençóis
limpos e perfumados, meu travesseiro fofinho, com meus sonhos delirantes, meus filmes,
51
Versos in Si
quase tudo, independentemente dos significados que foram dados a este quase antes que eu pudesse
vivenciá−lo. Tenho acreditado nas doutrinas mais diversas concomitantemente e sem seguir nenhuma,
Tenho conhecido tantas pessoas de tantas maneiras em tantos lugares, por tantas razões...
Tenho amado mais que os poetas românticos, com a vantagem de que não preciso escrever poemas
Tenho pensado mais que os filósofos do século passado, com a vantagem de que posso hoje lê−los e ler
os que os leram.
Tenho andado pelo mundo mais que Dom Quixote e seu fiel escudeiro, com a vantagem de que não preciso
Tenho sentido mais emoções que Roberto Carlos, com a vantagem de não ser decadente.
Tenho explorado de mim tudo o que quero, quase tudo o que posso e mais do que preciso.
Tenho vivido uma vida que posso chamar de minha, ou quase minha.
52
Versos in Si
enquanto tantos não têm. Se é que realmente não têm... Acham que não têm... ˆtodos têm, todos têm..˜,
Talvez seja uma questão de saber o tempo de ter. Ou talvez de conquistar o tempo. Ou aceitá−lo.
Talvez eu não tenha quase nada e se tanto tiver, ainda é muito pouco, mas é o suficiente,
com a vantagem de saber que sempre tudo está conforme seu próprio tempo.
53
Versos in Si
(IM)PRECISÕES
Ele me deixou e disse que precisava ser solteiro.
E me disse mais outras muitas coisas, mas as coisas que ele não disse, eu
posso dizer por ele pela ficção que me permite a palavra precisar.
E posso dizer porque embora nunca tenha precisado, eu já havia vivido, mas
conhecer-Si.
não específico.
depois esquecê-las.
nome.
54
Versos in Si
Precisava fazer de tudo isso algo que pudesse reafirmar sua masculinidade
Antes que todas as coisas que ele tanto precisava se tornassem muito
necessárias.
55
Versos in Si
Antes que o tempo passasse a sua frente sem que ele pudesse se dar o
Antes que me culpasse por todas as coisas que ele não havia vivido, sem
Precisa-Si
13/07/1999. 0:52 h.
56
Versos in Si
MULHERES!,
ao stabilishment...
NÃO!
Minha mãe é semi-analfabeta.
Minha avó foi cidadã a partir dos 50 anos, o que lhe conferiu um salário mínimo
Minha mãe teve mais de um parceiro sexual, e já leu alguma coisa sobre orgasmo,
Minha avó teve mais de um parceiro sexual, depois de viúva (é claro), mas do
orgasmo soube que era imoral. A ela o Amor sempre foi uma luta de
sobrevivência.
57
Versos in Si
Para minha tataravó sexo não existia. Existia ter filhos. A ela o Amor era coisa de se
ouvir falar.
E para minha tatataravó, o orgasmo não existia. A ela o Amor também não existia.
Estas mulheres não viviam em Atenas, não eram negras, e não foram perseguidas
por causas religiosas, nem políticas. Tinham a religião que lhe era imposta e eram
a-políticas. Eram pobres, extremamente pobres de uma miséria física que se alastra
econômica, miséria que não se controla e desvia seu caráter e dignidade, sua
certo o que vinha a ser mulher, nem mesmo em sua definição mais objetiva –
fêmea da espécie homo sapiens. Sua educação, sua cidadania e seu prazer
sempre foram tidos num descaso solene e cruel. Suas vidas foram guiadas, de uma
dos filhos, seus afazeres domésticos e pequenas atividades que lhes conferiam
épocas, que não variaram muito em seu teor patriarcal, machista, reacionário,
ditatorial e repressor.
58
Versos in Si
E ainda hoje existem mulheres que não sabem que as mulheres que as
antecederam eram assim também. Mas eu sei. E sei, entre outras coisas, pelo fato
de que alguns de seus genes formam o que eu sou e que ainda hoje sinto do
stabilishment , as mesmas cobranças. Hoje, posso dizer NÃO a ele, mas ele vai
continuar me cobrando altos preços – por não ser como elas e por ter adquirido o
direito de dizer NÃO. Ao stabilishment e a elas todas, hoje eu digo, a mim com
toda a honra que não lhes coube sentir, seja lá pelo que fosse, que sou mais que
alfabetizada; sou cidadã e tenho total ciência do que seja isso; sei perfeitamente
o que vem a ser o sexo, o orgasmo e o Amor, e já tive mais parceiros que qualquer
Don Juan tivera, mais do que qualquer homem de suas épocas (e da minha
hoje sinto e sei (e vou continuar procurando sentir e saber) o que a elas não lhes
coube sentir e saber. Por mim, por elas e pelo prazer de dizer NÃO ao
stabilishment.
Si: MULHER.
26.03.1999, 20:45 h.
59
Versos in Si
NÃO ME QUEREM
“Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
característico.
Porque sou grito metafísico que esbofeteia sem toque, nem retoque à maquiagem
60
Versos in Si
Submissa,
Subserviente
Subestimada
Subalterna
Subjugada
Subordinada
E principalmente subversiva
61
Versos in Si
Só que além de tudo, ainda faço versos, medíocres, mas ainda são versos,
Queriam-me morta...
Mas não!
62
Versos in Si
Querem-me as lágrimas
Queriam-me
A boca fechada
Os olhos vendados
E as mãos amarradas
Porque os reconheço.
63
Versos in Si
a febre e o frio
O sorriso se apaga
A coluna se curva
E o ventre se fecha
Feito morte,
mas é só o embate entre o frio do amor que se vai e a febre do amor que fi
ca.
mas é só a angústia.
mas é só o vício.
mas é só a saudade.
mas é só a ausência.
64
Versos in Si
O peito arde por dentro feito o centro da terra e a pele exala suores gélido
s feito orvalhos de
inverno
mas é só a tristeza.
mas é só a descrença.
mas é só o silêncio.
65
Versos in Si
meus sonhos.... ah! meus sonhos.... quando irão se realizar? se é que um dia vão......
tantos sacrifícios, tantas dores, suores, olheiras, cansaço.... tanto sangue que corre
66
Versos in Si
nem filhos
mas tem demorado tanto para que alguém justifique tudo o que existe
67
Versos in Si
animais domésticos
o vento levando para algum lugar longe da minha vista todas as minhas angústias
68
Versos in Si
si
07/04/2000
69
Versos in Si
tristonho
Mais um dia...
Descompasso-me
céus
70
Versos in Si
sonora
Você.
O tempo passa?
incompreensíveis
ser
No qual ouvi não sei mais ao certo que este amor duraria
71
Versos in Si
O dia de ontem já foi com o tempo que foi com a brisa que
foi
horizonte
passou
Mas não há o que leve sua imagem de traz dos meus olhos
72
Versos in Si
O seu.
voz
que passa...
E a crença cresça
73
Versos in Si
estou
No que existi
Si só
16.07.97
74
Versos in Si
Só
Não quero mais cantar a qualidade das coisas
E se fazê−lo (inevitável)
Conformando−as confortavelmente
Indistintamente
Boas, ruins, belas, horrendas, sensatas, infames, certas, erradas, adequadas ou inaceitáveis
Não importa!
Estou farta das metáforas, das entre−linhas, dos eufemismos, das regras, rédeas.
Quero importar apenas com o que eram antes que lhe dessem adjetivos
O substrato
A raiz
Só.
75
Versos in Si
solidão
semente infértil
não-existência funcional
negação da beleza
e impossibilidade construtiva
vazio
temporalidade
76
Versos in Si
espera?
não.
abandono.
silêncio?
não.
encontrar nada
nenhuma resposta
exponencialmente subjetivas
77
Versos in Si
Só Si , 19/10/1999, 23:41 h.
78
Versos in Si
sonho
sonho um sonho santo
um sonho sóbrio e só
ou um sonho sobrenatural
suor
79
Versos in Si
no compasso dos nossos passos sendo o som que se ouve quando se sonha
um sonho bom
80
Versos in Si
descontrole
paixão encalacrada
sujeito indeterminado
fissão incontida
estrangeiro no deserto
poesia dormente
define o presente
desarruma o passado
desorienta.
81
Versos in Si
azaração:
mas... um verso
mais um verso
e só.
o animal frio pode causar alguns problemas de indigestão, como azia, além das dores de
cabeça.
Si
1999
82
Versos in Si
Da Consolação ao Paraíso
Eu corria naquela manhã ao ritmo da metrópole
então fixou-se.
Em minha solidão, a esperança de deixá-la para trás como as imagens que passam
83
Versos in Si
Si
11.01.2000
84
Versos in Si
Da montanha à pérola
quero escrever o seu espírito que no meu inscreve-se
crava-se
sangra
e faz correr
impulsiona
não!
desgastam-se
cansam
lapidam-se
e incendeia o ânimo
seu corpo
ausente
85
Versos in Si
tanto a dor na carne da ostra pelo intruso-semente, que de ampla praia, quer ser lua diminuta
do-mar-de-amar-antomar
que mesmo em calmaria lhe salgava e que por vezes ao adentrar a firme rocha por entre suas
ondas
cada grão como uma célula-montanha tem ainda toda força dos séculos
no tempo em que estavam todos juntos e neste tempo ainda não havia
sentido nem a dor de esfacelar-se em grãos e ser milhões como o seu espírito transformado
seu espírito no meu me espreita e eu espero que este veneno-antídoto também me faça valer a
fora da ostra, se abrir e a pérola possa ser vista o grão que não consegue abrir a ostra
Sisolada, 10.07.97
86
Versos in Si
de-cantar-si
castelos de areia e tempo
e então jogar o rosto à brisa e o corpo ao mar e de um amar derramar-se por entre a água
que salga o lado avesso da inércia de não se espantar e adoça a alma em verso e então
antes era imagético ou ainda apenas preso a uma lembrança distante na consciência ainda
à margem de um mar sem praia e então saltar marginal e liberta rumo à textura
desconhecida do fundo disperso pela refração de uma luz mística de momento e mergulhar
aos tempos nos quais tudo era conosco uma só criatura feita de amar pelo simples fato de
reagir e do eterno reviver e então sentir aos pés os passos sobre algas acariciantes e
justapor as mãos sobre o quase plano pano de superfície calma do mar que abraça o
deslumbre e então paradoxal deixar a maciez e a ternura da água escorrer pela pele e
secar como um beijo que se acaba e descamba por aventurar-se mesmo que seguramente
por entre o rarefeito ar do crepúsculo e a areia povoada de estrelas mortas deste tempo
estrela de calcário que já viveu estrela que nunca brilhou sobre nossas cabeças mas que
referência humana que nos reflete o desejo de entregar-se à vida e então desafiar os
87
Versos in Si
sua fuga e temer também o medo e então desafinar as canções e os conceitos sobre a
existência concebendo-se como parte de uma natureza maior que o jardim da nossa casa
bem maior e melhor que o jardim e além e mais autenticamente a nossa casa. E então
retirar heroicamente o lixo da praia e jogá-lo ao lixo inverso da cidade cuja luxúria de
natureza ora artística ora metafísica ora política tantas vezes a nós mesmos já nos
lançamos sem remorso e então acreditar que dentro deste caos perfeito tudo está em
ordem e que não estamos sozinhos sobre a terra tão densamente crescente de ilhas que
se movem pelo mar de ruas e apartamentos camisas de força virtual da crise de um tempo
em crise porque além do desejar o mar existe um mar além que se pode compartilhar e
além deste existe um vivenciá-lo compartilhado que fez nascer um desejar amar um mar
além de uma praia feita de corpo onde as estrelas e crustáceos dançam e lutam na
ao mar e aos ventos como uma criança de quatro anos e desprender-se das forças e dos
tempos e deixar-se flácida e cálida declarar-se como uma adolescente um amor de lúdico
então jogar a palavra ao brilho dos seus olhos e o corpo ao desejo do seu e então
abrir o peito porto perplexo de amores vãos e saltar sobre o vão dos pensamentos e
aventura-me por entre os seus ainda que sobre a folha compartilhada que em palavra
cresce e então acreditar nas paisagens que existem além do mar que ainda se
88
Versos in Si
que acelera o pulso, desencadeia a produção de hormônios e move meus passos e olhos em sua
direção
destruindo os medos que escurecem os olhos, secam a garganta, enrugam a testa e deixam um
89
Versos in Si
Si, 27/10/1999,19:00 h.
90
Versos in Si
em comum
minha cabeça no seu ombro
nosso colchão
o quarto de estudos
nosso x-salada
o quase 2
nosso caminho
algum lugar
nossa música
91
Versos in Si
nossa dança
palco
nosso prazer
nosso brinde
e nossa cerveja
cinema e jornalismo
nossos sonhos
viagens
92
Versos in Si
mar e piscina
Sesc e Academia
espelhos e fotos
sobras e faltas
nosso amor
Si para K.
05/02/99, 12:05 h.
93
Versos in Si
le-nine
le-nine-le
nine-me
nine-me
le
ão
le
do
ão
que
navegue-me e nine-me le
e me mime le
nine-me leninemente
le-ia-me-le
Si
para Le
15/09/98
12:24 h.
94
Versos in Si
95
Versos in Si
O Meu Homem
Meu Homem tem um brilho malicioso no olhar. Um sorriso amigo.
Uma aura que mistura sua natureza animal e sua natureza cultural.
E sabe que pode chegar até lá e continuar vislumbrando horizontes sempre mais
bonitos.
Meu Homem me dá seu peito prá minha cabeça descansar, onde eu me sinto segura
Meu Homem fala a minha língua e é o meu sócio na descoberta de uma linguagem
única e Nossa.
Meu Homem é a fonte sagrada de onde meu espírito de Mulher bebe para que sua
A estrada e o farol.
96
Versos in Si
E na boca, nem o não, nem o sim, nem o talvez, mas o diálogo que leva ao consenso,
ao respeito e à consciência.
Meu Homem me beija com o espírito, sem receios, com verdade e convicção.
Meu Homem parte dizendo que volta e volta dizendo que fica.
Corre perigo, ousa, experimenta, insiste, teima, tenta e treme com meu toque.
É sensível, boa pinta, conta piadas inteligentes e está sorrindo quase sempre.
Sofre, se desilude, se indigna, cai e se ergue para dizer alguma coisa que possa
Acorda sempre em outro sonho comigo e faz amor no café da manhã, no final da
97
Versos in Si
98
Versos in Si
Caem poéticas
retina.
99
Versos in Si
ESTUPIDEZ
estupidamente resplandecido na minha
em cada gene.
feliz
Sistúpida, sempre
100
Versos in Si
inaudivelmente sonoro
a voz do surdo
e no mundo desatento
não houve
ou viu
a surdez
do que falta
si e tó
07.05.96
101
Versos in Si
NOVOS ARES
ares de mar em tempestade
ares de vulcão
relâmpagos
Si. 1998/9
102
Versos in Si
Sem tidos
O ronco do motor do trator
querem interferir
103
Versos in Si
Eu gosto.
104
Versos in Si
eu e isso
PREFÁCIO:
“Sem título”
fumei Rimbaut e
105
Versos in Si
ATO I OU INTRODUÇÃO:
a s m a i s p r ó x i m a s
São a senha que acessa essa percepção do outro e desta comunicação surgiu
o fato de existirmos
Primeira voz: Fazer o quê?
106
Versos in Si
ATO II ou DESENVOLVIMENTO:
“ Qual é o segredo???”
verdade de que a verdade que sobrevive é a mais forte. ... ou é mais forte
porque sobrevive???
pela verdade? Para que nos segue esta gana pela conquista de novos horizontes
para vislumbrar???
Terceira voz: E como “coisa” pode ser tudo: Por tudo. Ou por nada.
107
Versos in Si
“X”
ele numa cópula química. Estar absorto numa paisagem que lhe seduz. Ouvir
seus galanteios. Deixar-se tocar por sua luz. SENTIR o SABOR do SABER.
gratidão:
entranhas. Buscar-lhe
108
Versos in Si
que tece taras e que não são eu nem isso. Por isso:
109
Versos in Si
Segunda voz:e que sou poeta, olho nos olhos da vida com a expressão
ACEITO-ME
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Versos in Si
ACEITO ISSO.
Si.17.07.1998, 2:05 h.
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Versos in Si
Índice.
Não quero 02
Palavra 03
A parte 04
A não poesia 06
A cópia da cópia da 08
Cá beco 10
Contraponto 13
Há ar e risco 15
Investigação 16
Quase1 ou Tudo 18
Quase 2 20
Reflexos (in)versos, reflexões e (in)versões 21
Insinuando 23
Desencanto Scinéfilo 24
Encanto Scinéfilo 25
Wenders à cidade 26
...Vê... 28
Centros 29
Do futebol 31
Entre postes, posses e poses 32
Ouro Preto 34
Sidade 36
Tempos 38
(im)precisões 40
Mulheres!, ao stabilishment...não! 42
Não me querem 45
A febre e o frio 48
Limiar 49
Para que o tempo passa 52
Só 55
Solidão 56
Sonho 57
Descontrole 58
Azaração 59
Da Consolação ao Paraíso 60
Da Montanha à perola 61
De-Cantar-Si 63
Desejo chamado João 65
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Versos in Si
Em comum 66
Le-nine 68
O Meu Homem 69
Coisas que impressionam 71
Estupidez 72
Inaudivelmente sonoro 73
Novos Ares 74
Sem tidos 75
Eu e Isso 76
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