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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Campus Jabaquara
Pós Graduação em Gestão Ambiental

Ana Carolina Soubihe de Pinho


Márcia Evangelista Costa
Rogéria Conrado de Oliveira
Sirlene Maria Cheriato

Projeto Piloto de Gestão de Resíduo Domiciliar Reciclável no


Condomínio Vargem Grande – São Paulo – SP

São Paulo
2011
ANA CAROLINA SOUBIHE DE PINHO
MÁRCIA EVANGELISTA COSTA
ROGÉRIA CONRADO DE OLIVEIRA
SIRLENE MARIA CHERIATO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário
Senac – Campus Jabaquara, como
exigência parcial para obtenção de
grau de Especialista em Gestão
Ambiental.
Orientador: Eduardo Trani

São Paulo
2011
Pinho, Ana Carolina Soubihe de
Evangelista, Márcia Costa
Oliveira, Rogéria Conrado de
Cheriato, Sirlene Maria
Projeto Projeto Piloto de Gestão de Resíduo Domiciliar Reciclável do
Condomínio Vargem Grande – São Paulo (SP) / Ana Carolina Soubihe de
Pinho, Márcia Costa Evangelista, Sirlene Maria Cheriato. -- São Paulo :
Centro Universitário Senac, 2011. 132 folhas
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Trani
Trabalho de Conclusão de Curso Pós-Graduação em Gestão
Ambiental (Pós-Graduação), do Centro Universitário Senac – Campus
Jabaquara, São Paulo, 2010.
1. resíduos urbanos 2. Coleta Seletiva 3. Educação Ambiental I. Pinho, Ana
Carolina Soubihe de, Evangelista, Márcia Costa, Oliveira, Rogéria Conrado
de , Cheriato, Sirlene Maria. Trani, Eduardo. Centro Universitário SENAC, II
Projeto Projeto Piloto de Gestão de Resíduo Domiciliar Reciclável do
Condomínio Vargem Grande – São Paulo (SP)
Ana Carolina Soubihe de Pinho
Márcia Evangelista Costa
Rogéria Conrado de Oliveira
Sirlene Maria Cheriato

Projeto Piloto de Gestão de Resíduo Domiciliar Reciclável do


Condomínio Vargem Grande – São Paulo – SP

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário
Senac – Campus Jabaquara, como
exigência parcial para obtenção de
grau Especialista de Gestão
Ambiental.
Orientador: Eduardo Trani
Dedicamos este trabalho à nossa família e à população de Vargem
Grande, Município de São Paulo, e em especial àqueles que têm se dedicado,
heroicamente, à coleta de resíduos para reciclagem nesta região, à revelia de
todas as dificuldades
AGRADECIMENTOS

ACHAVE
Arquiteta Adriana Levisky
Ecourbs
Prefeitura Municipal de São Paulo - Secretaria de Habitação – Superintendência de
Habitação Popular – Elisabete França, Violêta Kubrusly e Ricardo Sampaio
Prefeitura Municipal de São Paulo – Secretaria de Serviços Urbanos - Limpurb
Maria Lúcia Bellenzani e Léo Malagoni – Conselho Gestor da APA Capivari-Monos
Secretaria de Desenvolvimento Urbano – Geógrafa Olga Gross
Professores do Senac-SP - Campus Jabaquara – Curso de Especialização em Gestão
Ambiental
Professor-Orientador Eduardo Trani
CDHU / Projeto Pantanal
RESUMO

O desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial, o consumo


desenfreado, e a alta complexidade da destinação dos Resíduos Sólidos
Urbanos, em específico os Resíduos Domiciliares, somando à mudança de
hábitos de consumo vem causando grande impacto ao Meio Ambiente. O
presente trabalho tem por finalidade propor um Projeto de Gestão Integrada de
Resíduo Domiciliar Reciclável no Condomínio Vargem Grande, localizado no
bairro de Parelheiros, zona sul no município de São Paulo, desenvolvendo
programas de coleta seletiva através da Educação ambiental visando à
conscientização e a responsabilidade na geração de resíduos bem como respeito
ao Meio Ambiente e a instalação de uma Central de Triagem para separação
desses resíduos, gerando renda para a comunidade local.

Palavras-chave: 1. Reciclagem 2. Resíduos Sólidos Urbanos


ABSTRACT

The technological development, industrial growth, rampant consumption,


and high complexity of the allocation of Urban Solid Residues, in particular
household waste, adding to the change in consumption habits has caused large
impact to the environment. This study aims to propose a project on Integrated
Management of Household Waste Recycling in Vargem Grande Condominium,
located in the neighborhood of Parelheiros, in the southern city of Sao Paulo,
developing selective collection programs through environmental education aimed
at raising awareness and responsibility in generation of waste and respecting the
environment and the installation of a Central Screening for separation of waste,
generating income for the local community.

Keywords: 1. Recycling 2. Urban Solid Residues


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 11
1.1. Contexto – Cidade e Meio Ambiente ........................................................ 11
1.2. Introdução à História da Ocupação Urbana nos Mananciais das Represas
Guarapiranga e Billings ............................................................................ 25
1.2.1. Introdução à Historia do Loteamento Vargem Grande ............................. 33
1.2.2. Programa de Recuperação de Interesse Social ....................................... 44
2. OBJETIVO ................................................................................................ 47
3. DESENVOLVIMENTO.............................................................................. 48
3.1. Vargem Grande ........................................................................................ 48
3.1.1. Programa Mananciais............................................................................... 49
3.1.2. APA-Capivari-Monos. ............................................................................... 52
3.1.3. Cratera da Colônia ................................................................................... 55
3.1.4. Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia ..................................... 56
3.1.5. Composição Geológica e Drenagem ........................................................ 58
3.1.6. Intervenção Urbanística-Ambiental – Projeto Básico................................ 67
3.1.7. Do Projeto Básico ao PRIS – O Projeto Urbanístico ................................ 70
3.1.8. Aspectos Jurídicos, Zoneamento e Licenciamento .................................. 78
3.2.1. Resíduos Sólidos Urbanos - Conceitos e Definições ............................... 82
3.2.2. Resíduos Sólidos Urbanos – Classificação .............................................. 84
3.2.3. Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos e Danos ao Meio Ambiente.... 85
3.2.4. Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei nº 12.305, de 02 de
agosto de 2010 ......................................................................................... 88
3.2.5. Problemas com Resíduos Sólidos Urbanos ............................................. 89
3.3. Projeto de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ................................... 91
3.3.1. Experiência Jardim Pantanal .................................................................... 91
3.3.2. A escolha do local do Projeto ................................................................... 92
3.3.3. Objetivo do Projeto ................................................................................... 94
3.3.4. Logística ................................................................................................... 95
3.3.5. Público Alvo .............................................................................................. 97
3.3.6. Metas........................................................................................................ 97
3.3.6.1. Metas Qualitativas .................................................................................... 97
3.3.6.2. Metas Quantitativas .................................................................................. 98
3.3.7. Organização do Processo de Avaliação do Projeto.................................. 98
3.3.8. Recursos Humanos .................................................................................. 98
3.3.9. Cronograma de Execução ........................................................................ 99
3.3.10. Custo de construção da Central de Triagem ............................................ 99
3.3.11. Captação de recursos ............................................................................ 101
3.3.12. Documentações necessárias ................................................................. 102
3.4. Educação Ambiental............................................................................... 102
3.4.1. Importância da implantação do Programa de Educação Ambiental: ...... 104
3.4.2. Plano de trabalho ................................................................................... 105
3.4.3. Propostas de educação ambiental ......................................................... 106
3.4.4. O Projeto Social:..................................................................................... 106
3.4.5. Envolvimento Comunitário ...................................................................... 106
3.4.5.1. Estímulo à Participação Comunitária...................................................... 107
3.4.5.2. Educação Ambiental............................................................................... 107
3.4.5.3. Desenvolvimento Comunitário e Exercício da Cidadania: ...................... 107
3.4.6. Metodologia do trabalho de campo: ....................................................... 108
3.4.6.1. Estratégias para a implantação do projeto ............................................. 109
4. CONCLUSÃO ......................................................................................... 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 113
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 121
ANEXOS ............................................................................................................. 126
ANEXO A - Entrevista Ecourbis .......................................................................... 126
ANEXO B - Entrevista Projeto Pantanal .............................................................. 128
ANEXO C - PAC Resíduos Sólidos..................................................................... 129
ANEXO C - PAC Resíduos Sólidos..................................................................... 129
ANEXO D - Cartilha Coleta Seletiva nas Escolas ............................................... 130
ANEXO E - Cartilha Agricultura Urbana na Prática ............................................. 131
ANEXO F - Cartilha Semeando um Mundo melhor ............................................. 132
ANEXO G – Áreas de Intervenção – APRM-B e G ............................................. 133
11
 

1. INTRODUÇÃO

Dois objetivos são buscados neste território de complexidade inédita: a


preservação dos mananciais para abastecimento hídrico da RMSP e a
manutenção das condições operacionais de seus sistemas, bem como o
controle e ordenamento da ocupação do território e ao mesmo tempo, a
melhoria da qualidade de vida da população residente, particularmente no
que diz respeito à implantação de redes de infraestrutura básicas e
essenciais, como sistemas adequados de esgotamento sanitário, assim
como coleta e disposição de resíduos sólidos. Trata-se de buscar a um só
tempo a correção e o controle dos problemas de poluição existentes (de
fontes domésticas ou não), com urbanização e gestão ambiental
adequadas, para a recuperação da qualidade, seja das águas
represadas, seja da vida da população. No caso das áreas ocupadas de
forma irregular, trata-se de manter ou introduzir, quando for o caso, padrões
de qualidade de uso que signifiquem níveis aceitáveis de cargas poluidoras
atingindo o sistema natural. Isto quer dizer que o controle da poluição
hídrica e qualidade de vida da população residente devem ser considerados
variáveis interligadas e indissociáveis. Implícita está, também, a
consideração de que a remoção de população para fora dos mananciais é o
recurso de última instância, dados os vultosos custos econômicos e sociais
que representa. Paralelamente às ações de correção, existe ainda, o
necessário e imprescindível controle da ocupação que deve ser buscado
por intermédio de ações eficazes de monitoramento e fiscalização e,
principalmente, pela gestão ativa do território, com a promoção de formas
adequadas de ocupação, compatíveis com a condição de manancial hídrico.
(FRANÇA, 2009, p. 151, grifos nossos)

1.1. Contexto – Cidade e Meio Ambiente

Esta pesquisa insere-se como parte de um tema mais amplo, porém


impossível de ser adequadamente trabalhado no âmbito de um Trabalho de
Conclusão de Curso, que é a Urbanização Sustentável em áreas ambiental e
12
 

socialmente vulneráveis ou Ecourbanismo de Interesse Social1. Extremamente novo


e complexo, este tema abrange várias ciências e campos de conhecimento, como a
Arquitetura, Urbanismo, Engenharias (principalmente a Hidráulica, a Ambiental e a
Civil) e outras ciências sociais aplicadas; Saúde Pública, Ecologia, Biologia,
Geologia e outras ciências da Natureza; Política e Administração Pública,
Assistência Social, Direito, Geografia, Educação e outras ciências humanísticas.
Uma plêiade de saberes que colocam em cheque o modelo científico cartesiano
determinístico, que até os nossos dias, lamentavelmente se mantém na
fragmentação do conhecimento, dos interesses e das ações sobre o meio em que
vivemos, seja ele, rural ou urbano, natural ou artificial. Estas fronteiras estão a cair
por terra igualmente a cada catástrofe ambiental ou a cada solução urbana a ser
equacionada, e principalmente ao final de diversos diagnósticos sobre os problemas
das ações humanas sobre o meio. Há ainda muita dificuldade em sabermos
desenvolver eficientemente a gestão das cidades, que demanda multi, inter e
transdiciplinaridade, que por sua vez, requer ampla e incansável capacidade
dialógica. Tal capacidade tem sido, nos últimos séculos, e ainda é, o grande desafio
da instauração e do desenvolvimento da Democracia. O diálogo, como base
fundamental da existência das cidades, desde sempre, confronta-se com as
estruturas de produção e funcionamento das cidades industriais - desenvolvidas
como suporte às Revoluções Industriais - e coloca-se num ponto de inflexão em
nosso tempo. Definitivamente este modelo de cidade, construída com e para os
interesses do fluxo de capitais, basicamente produzida pelos mercados imobiliários
formais e informais, como mercadoria, evidencia-se insustentável e altamente
vulnerabilizadora de enormes contingentes populacionais, assim como do meio
ambiente direto ou indireto a ele relacionado. As provas disso estão no assustador
aumento das favelas em toda a periferia do mundo capitalista; na persistência
irracional de regimes autoritários; na escravidão e tráfico de humanos e animais
silvestres; na exploração destrutiva e inconseqüente de porções territoriais cujos

                                                            
1
Termo proposto por este trabalho para designar a urbanização sustentável para população de baixa-
renda, no contexto das Áreas de Preservação e Recuperação de Mananciais das Bacias
Hidrográficas das Represas Guarapiranga e Billings, no Estado de São Paulo, junto ao Programa
Mananciais – de urbanização de favelas e loteamentos irregulares nestas áreas, com vistas à
regularização fundiária. Contempla processos de urbanização de baixo impacto ambiental, com
perspectiva de melhoramento socioambiental contínuo, manutenção em longo-prazo, e custos
compatíveis com a produção habitacional e urbanística voltada para este público.
13
 

patrimônios em biodiversidade são ainda cientificamente intocados; no aumento de


doenças ocasionadas pela insalubridade dos ambientes urbanos e de trabalho; no
aumento do número de desastres ambientais e no aquecimento global.
Na essência de tudo isso, persistem ainda as forças que geram a
desigualdade entre as nações e as desigualdades locais – alicerces sobre os quais
nasce e tenta se desenvolver e transformar o próprio sistema capitalista, em si
mesmo, insustentável, necessitando periodicamente de reelaborações em suas
estruturas produtivas, para que não recaia mais uma vez em colapso. Ocorre que
vivemos um tempo em que possivelmente outros colapsos talvez sejam mais rápidos
que o do capital ou de suas crises periódicas.
A situação se configurou assim: se não se anularem as garantias sociais e o
poder de pressão dos sindicatos e associações civis, os quais insistem em
defender salários, direitos contratuais, condições de trabalho e cautelas
ecológicas, a alternativa é a evasão pura e simples das empresas, o
desemprego e o conseqüente colapso de um Estado sobrecarregado,
incapaz tanto de pagar suas dívidas como de atender às demandas
sociais. As grandes empresas podem, desse modo, obrigar o Estado a
atuar contra a sociedade, submetendo ambos, Estado e sociedade, aos
seus interesses e ao seu exclusivo benefício.
A excepcional capacidade de mobilidade, de instalações, recursos, pessoal,
informações e transações é tal, que uma mesma empresa pode ter sua
sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de
produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros
são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é a
mais elevada. Em todos esses casos, as sociedades e os Estados por
onde se distribuem essas diferentes dimensões da empresa saem
perdendo. É um jogo desigual, cuja dinâmica só tende a multiplicar
desemprego, destituição, desigualdade e injustiça. A tradução prática dessa
receita é o aumento da marginalidade, da violência, o declínio do espaço
público e da convivência democrática. (SEVCENKO, 2001, p. 32, grifos
nossos)
Reitera-se há décadas os alertas e provas científicas que antevêem um
horizonte futuro tenebroso, senão um futuro impossível, caso drásticas
transformações civilizatórias não sejam efetivamente postas em prática corrente em
todo o mundo. Muito se tem feito e tem sido descoberto, embora pontualmente, no
entanto muito mais ainda está por fazer. Acredita-se que o Ecourbanismo de
Interesse Social seja uma contribuição necessária, uma vez que as partes mais
14
 

insustentáveis das cidades concentram a população mais empobrecida (injustiças


sociais aliadas a restrito desenvolvimento econômico)2, o meio ambiente urbano
mais destrutivamente modificado e poluído, assim como os territórios que
historicamente tem sofrido a ação planejada e meticulosa de duas forças que
concentram sob seus interesses a produção da cidade: o mercado imobiliário, formal
e informal, assim como políticas públicas assistencial-populistas. Territórios, cada
dia mais dominados por grupos criminosos – autoritários e violentos. Autoridade e
violência possíveis, dada a enorme lucratividade comercial ilícita das drogas, unida à
cumplicidade policial, à ineficiência do Poder Judiciário, e à fragilidade sócio-
cultural3, econômica (baixos salários, desemprego, precarização, informalidade) e
política4 da população trabalhadora, vítima cotidiana destas mazelas.
Na cidade de São Paulo, há uma série de excelentes oportunidades de
pesquisa e trabalho, assim como de urgente necessidade de implantação do que
podemos chamar aqui de Ecourbanismo de Interesse Social – a construção e
reconstrução de estruturas urbanas ambientalmente menos impactantes e mais
universalizadoras dos direitos humanos e de moradia. Cabe salientar, porém, que o
espaço físico da cidade e da moradia revelam-se cada vez mais como a
materialização das forças sociais, políticas e econômicas que regem o
funcionamento de sua produção, e que as transformações no espaço físico são
insuficientes para a superação da vulnerabilidade socioambiental, se as mudanças
                                                            
2
Ou desenvolvimento econômico desigual - típico modelo de capitalismo tardio desenvolvido nos
países da chamada periferia do mundo capitalista, onde a economia liberal ainda trava grandes
conflitos com as políticas autoritárias de poderosas oligarquias, fundamentalmente rurais,
interessadas na manutenção do modelo atual – intensamente exploratório do meio ambiente e das
populações pobres - matéria prima e mão de obra muito barata – no qual mantém sob seus domínios,
enormes proporções territoriais e hegemonia – subjugação ideológica somada à coerção fisicamente
violenta; ao lado de grandes Corporações multinacionais, detentoras de enormes mercados –
financeiro, de trabalho e de produtos/commodities/energia(petróleo).
3
Baixa escolaridade; precariedade na assistência de saúde, de trabalho e desestruturação familiar,
exacerbada pela ausência de políticas de planejamento familiar e de controle da violência familiar e
pela cultura do consumo – estruturada na superficialização e espetacularização do mundo (muitos
estudiosos têm aprofundado este assunto, de Guy Debord (A Sociedade do Espetáculo) à Pierre
Bourdieu, David Harvey, Noam Chomsky e Edgar Morin.
4
Referência aos chamados currais eleitorais, formadores de conflitos e de disputas de lideranças
locais. Ocorrência freqüente e herdeira da cultura do pater familis ibérico, tem sido o domínio de
determinados partidos políticos em comunidades vulneráveis, para comprometimento da população
contra ou a favor da gestão local, conforme os interesses políticos destes partidos, e não
necessariamente a favor dos interesses da comunidade local ou do interesse público e sócio-
ambiental mais amplo. Referência também à condição em que se encontra a maior parte dos partidos
no Brasil, senão todos, de condicionar suas ações de maneira fisiologista e mercadológica, e não
mais por ideais políticos, isto é, em outras palavras, uma crônica crise de representação, em vários
níveis.
15
 

sociais, políticas e econômicas não as acompanham. Uma família removida de uma


área de risco perigosa e insalubre, e reassentada em uma habitação de interesse
social, por mais que tenha sido subsidiada pelo poder público e requeira desta
família um investimento mínimo; por mais que as instituições públicas de habitação
forneçam a esta família, de educação condominial à títulos de posse, se esta família
não realizar mudanças educacionais/profissionalizantes, se não tiver melhores
condições de transporte, assistência social e tratamentos médicos-hospitalares5, e
principalmente, se não tiver aumentos significativos na sua renda, correrá severo
risco de se ver obrigada a voltar a custear uma moradia informal6, possivelmente
periférica, insalubre e em risco ambiental – cuja desvalorização imobiliária lhe coloca
um preço compatível com a sua renda7. Por esta razão defende-se que, a integração
de políticas públicas de diversos órgãos e instâncias do poder público esteja na base
do trabalho a ser desenvolvido com urbanização de favelas e construção de
habitações de interesse social em áreas ambientalmente frágeis. E quanto mais
eficiente esta integração, com melhores soluções para abarcar a complexidade
socioambiental destas áreas, maiores serão as possibilidades de que efetivamente
exista alguma sustentabilidade destas ações no tempo.
Seja por força de legislação ou por conscientização, esforços estão sendo
executados no sentido de melhorar as estatísticas nacionais na área de
saneamento básico. O aquecimento do setor da construção civil – em
habitação e infraestrutura – têm sido a força motriz de desenvolvimento,
com tecnologias e sistemas mais eficientes de captação e tratamento de
água e posterior reúso da água tratada, o que oferece ganhos às pessoas,
ao ambiente e à economia.

                                                            
5
Os problemas na assistência de saúde física e mental (alcoolismo, violência familiar, depressão,
desassistência à criança, adolescente e idoso, e dependência química (adicção, drogadicção)), nas
populações mais pobres são muitas vezes a razão pela qual há instabilidade e desagregação familiar,
assim como conflitos de vizinhança, que ocasionam o fenômeno do retorno de famílias já moradoras
de favelas, removidas e reassentadas em conjuntos habitacionais, e que saem destes conjuntos para
voltar a morar em outras favelas. Há também outra situação muito comum, que é a transformação do
conjunto habitacional para o qual foi reassentada uma determinada população, anteriormente
moradora de favela, à uma condição considerada “degradada”, “deteriorada” – o que na verdade
reflete que os custos de manutenção (condomínio exige trabalhos especializados de limpeza e
zeladoria) do conjunto não podem ser arcados por esta população. Questões culturais também estão
relacionadas.
6
Há que se considerar também a enorme quantidade de pessoas vivendo nas ruas ou que passaram
a viver nesta condição em função dos problemas anteriormente apontados.
7
Não se trata aqui apenas do custo do imóvel em si, ou do preço do lote de terra, mas da somatória
de gastos com a infraestrutura (água, luz, gás, esgoto, lixo, telefone, condomínio, mobiliário, etc) e a
manutenção de sua condição em moradia formal.
16
 

Para se ter uma idéia, estudos do Instituto Trata Brasil, em conjunto com a
Fundação Getúlio Vargas – cujos resultados embasaram as estatísticas a
seguir -, indicam que a redução dos casos de infecção intestinal causada
pela falta de água tratada e esgoto no Brasil possibilitaria uma economia de
R$ 745 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) ao longo dos anos. As
empresas, em um ano, economizariam R$ 547 milhões em horas não
trabalhadas por funcionários ausentes devido a problemas intestinais.
Com mais saúde, mais condições as pessoas terão para se desenvolver,
gerando ganhos físicos e econômicos. Estima-se que a melhora da
qualidade de vida, promovida pelo acesso à coleta de esgoto, aumente em
13,3% a produtividade e em 3,8% a renda do trabalhador. Além disso, a
universalização dos serviços de esgoto pode proporcionar uma valorização
média de até 18% dos imóveis. Com isso, eleva-se a arrecadação de
impostos e mais recursos para investimentos, num ciclo virtuoso de
aquecimento econômico. (TOLEDO, 2011)
Se considerarmos apenas as questões de saneamento, os imóveis tendem a
se valorizar mais que a renda do trabalhador (18% > 3,8%), e seja pela
impossibilidade de custear a vida em um novo padrão, seja pelos “apelos” da
especulação imobiliária informal, em muitos casos, as famílias tendem a voltar ao
padrão antigo ou apenas um pouco melhor que antes, pois a venda de um imóvel
melhor (mais caro) e compra de um pior (mais barato), gera recursos que podem
estar faltando às famílias para custear a saúde e educação de seus filhos e pais
mais velhos, por exemplo.
Mudanças institucionais, no âmbito do poder público e da iniciativa privada
também são necessárias e devem ser constantes, integradas e atualizáveis com as
descobertas e estudos científicos em andamento. No que concerne ao poder
público: temos desde o melhor equacionamento das contas públicas para gerar um
aporte maior de subsídios urbano-habitacionais, com desenvolvimento das políticas
de bem estar social, até questões pertinentes à reforma política e tributária8; temos
desde a necessária aplicação de técnicas mais eficientes de gestão pública até a
continuada qualificação profissional dos técnicos e servidores; da desburocratização

                                                            
8
Reformas que concentrem mais recursos para os municípios – administradores diretos das
deficiências urbanas locais. Reformas que beneficiem as populações mais empobrecidas e
redistribuam renda; que cumpram diretrizes constitucionais que até o momento não foram colocadas
em prática, como os impostos sobre grandes patrimônios. Reformas que enfrentem a crise de
representatividade política, seja com mais universalismo jurídico no combate à corrupção, seja com
mais comprometimento com o bem comum, por parte dos políticos. Reformas que coloquem
definitivamente o interesse social e público acima dos interesses particulares.
17
 

à formação da cultura da manutenção do patrimônio e equipamentos públicos. Este


último fator, em especial, é peça-chave para a sustentabilidade dos equipamentos
urbanos implantados – de determinação de espaços apropriados para este trabalho
(manutenção) nas redes de esgoto e drenagem à gestão adequada de Unidades de
Conservação e parques (Recursos Humanos e Financeiros, e não “boas intenções”
ecológicas). Incluir a manutenção periódica e qualificada, e também espaço para
futuras ampliações e reformas nos elementos que compõem a infraestrutura e os
equipamentos públicos, requer mudanças de projeto, requer mudanças na educação
dos profissionais que desenham e executam estes projetos, requer que estas
estruturas e equipamentos deixem de ser construídos com materiais de baixíssimo
tempo de obsolescência, requer mudanças no projeto destes materiais, tornando-os
mais resistentes ao tempo e à possível restrita manutenção (sem que seu custo
aumente demais, o que os inviabilizaria para as populações empobrecidas), o que
requer mudanças na engenharia de produção industrial, atualmente organizada sob
a lógica da acumulação flexível do capital9, que impõe, entre outras diretrizes, as
terceirizações; a fragmentação da planta produtiva, como visto acima na citação de
Sevcenko; o just in time10, e a obsolescência programada e perceptiva; e a altíssima
lucratividade.
O professor Ulrick Beck, da Universidade Ludwig-Maxmillian, de Munique,
caracteriza a nova situação da seguinte forma: Os homens de negócio
descobriram o mapa do tesouro. A nova fórmula mágica é: capitalismo sem
trabalhadores e capitalismo sem impostos. Entre 1989 e 1993, os impostos
coletados sobre os lucros das grandes empresas caíram cerca de 18,6 por
cento e reduziram-se a cerca de metade do total da renda fiscal dos
Estados”. (grifos do original)
Seu colega André Gorz formula um quadro ainda mais completo e
detalhado da nova situação:
(...) Nos últimos vinte anos, os países da União Européia se tornaram entre
cinqüenta e setenta por cento mais ricos. A economia cresceu muito mais
rápido que a população. Ainda assim, a União Européia tem agora 20
milhões de desempregados, 50 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha
de pobreza e 5 milhões de sem-teto vivendo nas ruas. O que aconteceu
                                                            
9
Vide HARVEY, David. Condição pós moderna – Uma pesquisa sobre as origens da mudança
cultural. São Paulo: Loyola, 1992. E, do mesmo autor, A produção capitalista do espaço. São
Paulo: Annablume, 2005.
10
Redução do tamanho ou ausência de estoques, entre outros fatores, com a contínua ampliação da
variabilidade de produtos.
18
 

então com aquele excedente de riqueza obtido nesse período?


Comparando com os Estados Unidos, nós sabemos que estão no topo da
lista de riqueza. Esses dez por cento se apropriaram de 96 por cento de
toda riqueza adicional gerada no período. As coisas não estão tão mal
assim na Europa, mas também não estão muito melhores. (...) Na
Alemanha, desde 1979, o lucro das empresas subiu cerca de noventa
por cento, mas os salários apenas seis por cento. Por outro lado, o
montante obtido com o imposto de renda dobrou nos últimos dez anos, ao
passo que a quantia obtida com o imposto sobre o lucro das empresas
caiu pela metade. O imposto sobre as empresas contribui atualmente com
menos treze por cento para o total das rendas do Estado (...)”
(SEVCENKO, 2001, p. 32-4, grifos nossos)11
O controle do uso e da valorização da terra urbana nas mãos do Estado
talvez seja, no entanto, a mudança fundamental, sobre a qual todas as anteriores
poderão se desenvolver – mudança esta na relação entre o poder público e as
empresas, principalmente empresas do mercado imobiliário e da construção civil, no
que diz respeito à produção urbana; e verdadeiramente todas as empresas, no que
diz respeito às questões socioambientais, questões que constroem o significado
mais básico da sustentabilidade: maiores salários e condições de trabalho (justiça
social), menores índices de expropriação predatória dos recursos naturais (justiça
ambiental) e maior responsabilização das empresas pelos custos da manutenção da
reprodução social do trabalho, como moradia, saúde e educação continuada, e dos
prejuízos ambientais de seus produtos, pós-consumo - tidos até bem pouco tempo,
como “externalidades” a serem transferidas para o Estado (justiça econômica). Ora,
tudo isso requer das empresas menores margens de lucro para seus acionistas, um
Estado mais forte e menos apegado à “contenção de gastos públicos” quando estes
se direcionam às políticas sociais12; e uma população organizada com acirrado
senso de accountability13. Isto é, uma democracia mais ampla, legítima e igualitária.
Tudo isso requer a prática da sustentabilidade como alicerce civilizatório.

                                                            
11
As referências do autor é: BECK, Ulrich. What is Globalization?. Cambridge, Policy Press, 2000.
p. 4-8, na qual há entrevista com André Gorz exposto na p. 5-6. Entrevista realizada em 1 de agosto
de 1997 no Frankfurter Allgemeine.
12
Quando estes gastos são direcionados à produção de espetáculos de toda espécie, como eventos
esportivos internacionais ou pontes de estruturas caríssimas para compor os “cenários urbanos” das
elites, ou mesmo para os aumentos abusivos dos salários do legislativo e judiciário – os arautos da
“economia dos gastos públicos” não se manifestam.
13
Controle da sociedade sobre o Estado.
19
 

Enquanto mudanças estruturais maiores como estas não são conseguidas,


“obsoletos” continuam sendo uma enorme proporção populacional, que sobrevive no
fio da navalha entre a informalidade e a ilegalidade, de moradia e de trabalho;
obsoletos continuam se tornando as construções habitacionais e estruturas urbanas
de saneamento que ainda se conformam sob padrões e modelos absolutamente
ultrapassados e insustentáveis; e obsoletos continuam se tornando todos os
produtos industriais, compostos de substâncias químicas que não são exatamente
pensadas para tornar o produto mais durável, ou ambientalmente menos impactante
ao ser descartado, já que tão rapidamente descartados, mas produtos cujas
interações com o meio ambiente e com o corpo humano ainda são estrategicamente
pouco pesquisados e divulgados, mas poluem e contaminam todos os dias, águas
subterrâneas e corpos d´água, que abastecem represas, cuja água é tratada por
empresas que possuem praticamente o monopólio do tratamento e do
abastecimento público, e é bebida pela população, todos os dias.
Uma das características do grande salto tecnológico e de produtividade
obtido após a Segunda Guerra Mundial foi o desenvolvimento de uma gama
de produtos químicos sintéticos. Atualmente existem mais de 100 mil
produtos em circulação, sendo que mais de mil fórmulas novas são
introduzidas a cada ano que passa. Como são todos de criação
relativamente recente, pouco se sabe sobre seu efeito de longo prazo nos
seres humanos ou na natureza. Um dos tipos mais preocupantes dentre
esses produtos são os chamados pesticidas, na medida em que sua
característica é a de serem mais eficazes quanto mais tóxicos são e quanto
mais conseguem interagir com estruturas biológicas variadas. (...) pesquisas
feitas pela equipe da bióloga Theo Colbon, reunindo dados colhidos em
sessenta estudos realizados em diferentes pontos do globo (...) procuraram
observar os efeitos tóxicos causados por produtos químicos industriais e o
seu impacto sobre o sistema hormonal de diferentes animais e de seres
humanos. Seus estudos se concentram sobre os mais comuns – o DDT, os
PCBs e a dioxina - , mas deixaram bem claro que existem cerca de
cinqüenta outros produtos que atacam o sistema endócrino,
acumulando-se no corpo ao longo da vida e sendo transmitidos de
pais para filhos. Esses produtos estão em toda a parte e são presenças
banais no cotidiano das pessoas: detergentes, desinfetantes e outros
produtos de limpeza, plásticos, sprays e assim por diante. (SEVCENKO,
2001, p. 95-8, grifos nossos).
20
 

Cabe comentar que ainda é possível ouvir em sala de aula, em disciplinas de


controle da poluição hídrica, que produtos de limpeza e higiene em geral (mais
materiais inorgânicos que orgânicos), que seguem junto aos efluentes sanitários
(material orgânico) se apresentam em quantidades tão reduzidas, que não são
tratados efetivamente, ou seja, não existe, nas ETEs ou ETAs14, tratamento
específico para retirar da água, estas substâncias nela diluídas. Visão mais
aterradora se apresenta em trecho visivelmente poluído do Rio Tietê é justamente a
região na qual enormes espumas são formadas em sua superfície – espumas que ali
ao menos, não parecem estar “reduzidas”.
Algumas pesquisas nacionais15 tem sido realizadas, com excelentes, porém
trágicos resultados, pouco divulgados e praticamente sem nenhum instrumento
jurídico que regulamente esta questão dos chamados disruptores endócrinos. Outras
pesquisas, porém, com maiores resultados práticos, ações políticas e instrumentos
jurídicos, dizem respeito ao chamado por Cunha (2008, p. 80) de “Hipótese
Tundisi”16 de colapso no abastecimento de água na Região Metropolitano de São
Paulo (RMSP), em função, dentre outras questões, da

                                                            
14
Estações de Tratamento de Esgoto e Estações de Tratamento de Água. Os tratamentos mais
convencionais procuram eliminar os materiais particulados e materiais orgânicos. Para o tratamento
da água, a Sabesp informa que os processos são: “Pré-cloração – adição de cloro - facilita a retirada
de matéria orgânica e metais. Pré-alcalinização – adição de cal ou soda - ajuste do pH aos valores
exigidos nas fases seguintes do tratamento. Coagulação – adição de sulfato de alumínio, cloreto
férrico ou outro coagulante, seguido de uma agitação violenta da água. Assim, as partículas de
sujeira ficam eletricamente desestabilizadas e mais fáceis de agregar. Floculação – mistura lenta da
água para formação de flocos com as partículas. Decantação – a água passa por grandes tanques
para separar os flocos de sujeira formados na etapa anterior. Filtração – a água atravessa tanques
formados por pedras, areia e carvão antracito o retenção da sujeira que restou. Pós-alcalinização –
correção final do pH da água, para evitar a corrosão ou incrustação das tubulações. Desinfecção –
última adição de cloro. Fluoretação – O flúor também é adicionado à agua. A substância ajuda a
prevenir cáries.” (SABESP, Disponível em:
http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=47>. Acesso em 30 maio 2010, grifos
nossos). No próprio Portal da sabesp em ambiente virtual é informada que tipo de análise é realizada
sempre sobre a qualidade da água, e os únicos elementos contaminantes que são investigados são
coliformes fecais totais e termotolerantes (oriundo de fezes). Mais nenhum outro contaminante é
investigado.
Materiais e substâncias inorgânicas diluídas na água permanecem – em pequenas quantidades, mas
a longo prazo, no corpo humano, funcionam como hormônios (daí o nome de interferentes ou
disruptosres endócrinos) e causam uma série de doenças – hereditárias inclusive – o que torna a
insustentabilidade definitivamente destruidora de qualquer futuro, seja através do meio ambiente
externo ao ser humano - inviável para a vida, seja através do meio ambiente que faz parte e compõe
o ser humano - 70% água, e o resto é composto por ar, sólidos orgânicos e inorgânicos (outros seres
vivos também) e calor animados pela vida.
15
Vide SILVA, 2009; e GHISELLI, JARDIM, 2007, entre outros.
16
Professor José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, foi
presidente do CNPq, e éprofessor titular da Universidade Feevale. Apresentou esta hipótese no
21
 

(...) floração excepcionalmente vigorosa de algas, em virtude do excesso


de nutrientes disponíveis nas águas por despejos de poluição17. Tal
episódio poderia ultrapassar a capacidade instalada de tratamento e
levar à interrupção do abastecimento de água para numerosa população
que depende do sistema Guarapiranga.
Seja por excesso de nutrientes orgânicos, seja pelo acúmulo dos interferentes
endócrinos, pesticidas e outros contaminantes nas águas das represas
Guarapiranga e Billings18, que abastecem 54% da RMSP e 5,5 milhões de pessoas

                                                                                                                                                                                          
Seminário organizado pelo Instituto Socioambiental: “Mananciais: uma nova realidade”, realizado nos
dias 13 e 14 de maio de 1008.
17
Condição chamada de eutrofização.
18
A Represa Billings é o maior reservatório de água da RMSP. Seu espelho d´água corresponde a
18% da área total de sua bacia hidrográfica, que ocupa um território de 582,8 km², localizado na
porção sudeste da RMSP, fazendo limite, a oeste, com a Bacia Hidrográfica da Guarapiranga e, ao
sul, com a Sub-bacia Capivari-Monos e a Serra do Mar. Sua área de drenagem abrange
integralmente o município de Rio Grande da Serra e parcialmente os municípios de Diadema,
Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo. A Mata Atlântica densa primária e
secundária nos estágios médio e avançado de regeneração é o tipo de cobertura vegetal que mais foi
atingida pelo desmatamento. Estima-se que, entre 1989 e 1999, a Billings tenha sofrido crescimento
urbano da ordem de 31,7%. Mais de 45% da ocupação urbana registrada nos seis municípios
paulistanos da bacia se deu em áreas com sérias ou severas restrições ao assentamento. São
encostas íngremes, regiões de aluvião ou de várzea que exigem cuidados especiais para implantação
de qualquer tipo de ocupação urbana. Apenas 11,8% da mancha urbana se deu em áreas
consideradas favoráveis. “(...) Em 2000, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, a população
residente na região é de 863 mil, distribuídos nos seis municípios nela inseridos, principalmente em
São Paulo e São Bernardo. (...) A partir dos levantamentos realizados junto aos órgãos
governamentais, foram identificados 90 processos de mineração cadastrados dentro da área da Bacia
Hidrográfica da Billings. Embora apenas sete estejam licenciados, abrangendo uma área total de
2.079,01 ha, outros 13.076,38 ha estão sendo requeridos para pesquisa. Sendo assim, caso todos os
processos atualmente em tramitação cheguem à etapa de concessão de lavra ou regime de
licenciamento, a Bacia Hidrográfica da Billings terá 26,16% de sua área sob algum tipo de exploração
mineral. Outro aspecto que contribui para agravar o quadro é que a qualidade da água na represa
Billings encontra-se bastante comprometida. Além da poluição proveniente do bombeamento do
Tietê/Pinheiros, alguns braços apresentam situação crítica de eutrofização devido à grande
quantidade de esgoto provenientes da ocupação em suas sub-bacias formadoras. (...) Histórico:
A área ocupada atualmente pela Represa Billings foi inundada a partir de 1927, com a construção da
Barragem de Pedreira, no curso do Rio Grande, também denominado Rio Jurubatuba. O projeto foi
implementado pela antiga Light - "The São Paulo Tramway, Light and Power Company, Limited", hoje
Eletropaulo, com o intuito de aproveitar as águas da Bacia do Alto Tietê para gerar energia elétrica na
Usina Hidrelétrica (UHE) de Henry Borden, em Cubatão, aproveitando-se do desnível da Serra do
Mar. No início dos anos 40, iniciou-se o desvio de parte da água do Rio Tietê e seus afluentes para o
reservatório Billings, a fim de aumentar a vazão da represa e, conseqüentemente, ampliar a
capacidade de geração de energia (...). Este processo foi viabilizado graças à reversão do curso do
rio Pinheiros, através da construção das Usinas Elevatórias de Pedreira e Traição, ambas em seu
leito. Esta operação, que objetivava o aumento da produção de energia elétrica, também mostrou-se
útil para as ações de controle das enchentes e de afastamento dos efluentes industriais e do
esgoto gerado pela cidade em crescimento. (...) O crescimento da cidade de São Paulo e a falta
de coleta e tratamento de esgotos levou à intensificação da poluição do Tietê e seus afluentes que,
por sua vez, passaram a comprometer a qualidade da água da Billings. (...) Em 1982, devido à
grande quantidade de esgotos, que resultaram em sérios problemas de contaminação por algas
cianofíceas, algumas potencialmente tóxicas, surge a necessidade de interceptação total do Braço do
Rio Grande, através da construção da Barragem Anchieta, para garantir o abastecimento de água do
22
 

na capital (GONZALES, 2009) de água considerada potável, o que tem sido


revelado é que a “capacidade” (recursos, tecnologias, custos19, etc) de tratamento
de águas poluídas para abastecimento público é ainda muito restrita e que, em
regiões como a RMSP, de baixíssima disponibilidade hídrica por habitante20, as
reservas que existem precisam urgentemente ser recuperadas e mantidas, sem as
quais, num futuro não muito distante, o custo da água potável se tornará
incompatível com o desenvolvimento, “sustentável” ou insustentável, que tanto
almejam os arautos do “progresso” econômico. Foi justamente por esta razão que

Fig. 01 Eurofização na Represa Guarapiranga. Foto de Josá Luis da Conceição/AE – Blog Olhar sobre o mundo.
O Estado de São Paulo. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/represa-
guarapiranga/>. Acesso em 29 mar. 2011.

(...) na década de 1970, diante de uma crise de abastecimento decorrente


da eutrofização dos reservatórios foi promulgada a Lei de Proteção aos

                                                                                                                                                                                          
ABC, iniciado em 1958. (...)”. (DE OLHO NOS MANANCIAIS – dados de 2000, Seminário Billings de
2002, grifos nossos)
19
Os custos do tratamento aumentaram em torno de 100% (WHATELY, 2009, p.35). Segundo
Geraque (2010), o custo tem sido 3 vezes mais caro que o realizado no sistema Cantareira, que é
bem menos sujo.
20
Considera-se equiparável às regiões desérticas. Isso se dá pela elevada densidade demográfica (a
RMSP é o maior aglomerado urbano do país, segundo da América Latina) e por estar numa região de
cabeceira. A Zona Norte, pro exemplo, precisa ser abastecida pelo Sistema Cantareira – uma
reversão do Rio Piracicaba. (ITIKAWA, ALVIM, 2008.
23
 

Mananciais (LPM)21. A partir de estudos sobre absorção, drenagem e


capacidade de depuração, foram definidas densidades de ocupação
compatíveis com a manutenção dos mananciais em boas condições de
preservação. As densidades foram traduzidas em índices de uso e
ocupação e com essas referências a lei foi estabelecida, impondo restrições
ao parcelamento e ao uso e ocupação do solo nas áreas envoltórias das
represas. É assim uma lei com objetivos ambientais, mas que adota
instrumentos de controle urbanístico. (MARTINS, 2006, p. 51)

Fig. 03. Maior represa de SP sofre com poluição. A Nova


Era do Conhecimento. Disponível em:
<http://jaribeiroo07.blogspot.com/2010/12/maior-represa-
de-sp-sofre-com-poluicao.html>. Acesso em 28 mar. 2011.

Fig. 02 Represa Billings completa 84 anos a espera Fig. 04: Participante da expedição fotografa sujeira na
de recuperação, 27 março 2009. Sindicato dos Billings. Foto: Kiko Ferrite. De olho nos Mananciais.
Metalúrgicos do ABC. Disponível em: < Disponível em:
http://www.smabc.org.br/smabc/materia.asp?id_CON <http://www.mananciais.org.br/blog/?cat=3&paged=2>.
=13216>. Acesso em 27 mar. 2011. Acesso em 27 mar. 2011.

A política de proteção de mananciais, e consequentemente as LPM, foram


formuladas como um dos instrumentos do Plano Metropolitano de Desenvolvimento
Integrado (PMDI, de 1971) que, ao mesmo tempo, se pautava em discussões

                                                            
21
Leis Estaduais no 898 de 1975 e no 1.172 de 1976.
24
 

internacionais sobre a necessária proteção do meio ambiente, buscava maneiras de


integrar e fortalecer a região metropolitana, reunindo os municípios vizinhos, para
favorecer a industrialização, nesta época, em plena expansão – trata-se do “milagre
econômico” junto às rédeas do Autoritarismo Militar. No entanto, nem os militares
conseguiram impedir a expansão urbana nos mananciais das represas
Guarapiranga e Billings, e a sua estrondosa poluição hídrica, da pior maneira - com
altíssimos custos socioambientais.
É justamente aí, em uma localidade específica, que esta pesquisa se
debruça. A poluição nas Represas é oriunda de efluentes líquidos e resíduos sólidos
despejados nos córregos e rios, que correm para as mesmas, inclusive do Rio Tietê
e Pinheiros, cujas águas fédidas e lamacentas são bombeadas para as mesmas22.
São despejados pela ausência ou ineficiência de infraestrutura e serviços de
saneamento básico, dentre os quais se inclui a crucial questão dos resíduos sólidos
urbanos (RSU).

                                                            
22
Não foram encontrados dados absolutamente precisos, em pesquisa sucinta sobre este assunto,
sobre a quantidade de esgoto industrial e doméstico despejado nos Rios Tietê e Pinheiros. Inúmeras
reportagens, no entanto, comentam despejos oficiais e clandestinos (vide BERGAMIM JR., 2011) de
várias regiões do Município de São Paulo e outras cidades da RMSP, como Guarulhos, por exemplo
(mais de 90% do esgoto despejado no Rio Tietê sem tratamento). Segundo Fundação SOS Mata
Atlântica (2002), cerca de 90% de toda sua poluição tem origem industrial. E embora desde 1992, o
bombeamento destes rios para a Represa Billings só ocorra em situações de emergência (para
escoar águas de chuvas intensas dos rios e diminuir o grau das enchentes nas Marginais), Oliveira
(2011), em reportagem sobre os 86 anos da Represa Billings diz: “SP pode sujar Represa Billings
para resolver enchentes - O governo de São Paulo quer aumentar de 12 para 15 o número de
equipamentos que bombeiam água dos rios Tietê e Pinheiros para a Represa Billings. Hoje os
existentes nas Usinas Elevatórias de Traição e Pedreira jogam 675 metros cúbicos por segundo. O
plano é aumentar em 200 metros cúbicos por segundo. Mas essa alternativa da administração
estadual para minimizar enchentes na capital desperta polêmica: além de ineficaz, especialistas
dizem que ela pode aumentar o volume de sujeira no manancial que abastece quase 30% da região
metropolitana de São Paulo”. Já há alguns anos, observa-se em São Paulo que não são necessárias
muitas horas de chuvas para que uma “situação de emergência” se estabeleça. A periodicidade,
portanto, deste bombeamento pode estar aumentando. O sistema de flotação instalado para
despoluição do Rio Pinheiros, embora tenha mostrado resultados nos últimos anos, ainda enfrenta
seus próprios desafios e, assim como os tratamentos convencionais de água e esgoto, concentram-
se na retirada de material particulado e substâncias orgânicas, o que permite a manutenção de uma
série de substâncias químicas tóxicas diluídas na água – não analisadas, porque legitimadas por uma
legislação (Portaria 518) já obsoleta com relação à qualidade integral da água potável.
25
 

1.2. Introdução à História da Ocupação Urbana nos Mananciais


das Represas Guarapiranga e Billings

Quando, na década de 1970, a função principal da Represa Guarapiranga


passou a ser a de abastecimento, e o Governo do Estado promulgou a Lei
de Proteção aos Mananciais, congelando a utilização do potencial dos
terrenos, os proprietários se sentiram desestimulados frente à
impossibilidade de realizar os negócios imobiliários previstos, e alguns
abandonaram suas áreas sem interesse na utilização e, outros, entregaram
a responsabilidade da guarda desse patrimônio a pessoas que loteavam as
áreas em pequenos lotes e os vendiam irregularmente para pessoas de
baixa renda. Ao mesmo tempo em que essa parte considerável do território
paulistano se transformava em zona de proteção aos mananciais, também
na década de 1970 era estimulada a construção de indústrias ao longo da
Marginal Pinheiros, abrindo novos postos de trabalho que atraíram uma
população considerável para a região. A situação fundiária à época era por
si só conflituosa - por um lado, os proprietários das glebas localizadas na
área de proteção do manancial Guarapiranga estavam diante da
desvalorização do seu patrimônio e por outro, um contingente de
trabalhadores das novas fábricas buscava local para morar perto do
trabalho e evitar grandes deslocamentos. A procura por áreas para as
moradias dos trabalhadores encontrou oferta no território do manancial
quando começaram a ser vendidos os lotes irregulares e ilegais a preços
acessíveis e sem fiscalização do Estado. Começaram a ser construídas
milhares de novas unidades em lotes mínimos que se caracterizavam pela
precariedade construtiva e ausência de infraestrutura básica. O resultado
mais tangível dessa ocupação ocorreu na qualidade da água da represa.
Milhares de fontes poluidoras difusas jogavam o esgoto doméstico em
canais de drenagem, redes clandestinas, a céu aberto, que chegavam aos
córregos contribuintes da represa, concentrando em suas águas, altos
níveis de poluição. (FRANÇA, 2009, p. 149-50)

No século XIX, a região sul do Município de São Paulo já era o verdejante


“caminho para o mar”, no início do século XX com a construção das represas, se
transformou num verdadeiro sonho de amenidades balneárias para as elites e
classes médias emergentes, que ali construíam suas chácaras, ou mesmo casas
abastadas – sempre tudo com coeficientes de aproveitamento bem pequenos, i.e.
26
 

Fig. 5 Projetada pelo canadense Asa Billings, a usina de Cubatão começou a operar em 1936. Foto: reprodução,
publicada no jornal A Tribuna em 9/4/1998, caderno especial Cubatão 49 anos. Histórias e Lendas de Cubatão.
Billings & Borden. Jornal Eletrônico Novo Milênio. Cubatão. Disponível em:
<http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/ch007.htm>. Acesso em 12 fev. 2011.

Fig. 6 “Projeto Billings”. Rio Pinheiros Vivo. Disponível em:


<http://aguasclarasdoriopinheiros.org.br/expedicao/wp-content/uploads/2011/04/figura21.png>. Acesso em 07
abr. 2011.
27
 

Fig. 07 (acima) e 08 (ao lado – detalhe). Planta do Loteamento


Cidade Ipava, do final da década de 1950. Ao lado, detalhe
evidencia o caminho até o bairro a ser implantado - do marco do
Centro de São Paulo (o Edifício “Banespa”) às amenidades da
região da Represa – morros, rios, pontes, natureza e ambiente de
o
praia. P.A. n 1978-0.004.900-0. 11º CRI.

Fig.09. Represa Guarapiranga nos anos 1930. Gentilmente cedida


pela Secretária Adjunta de Habitação da Prefeitura de São Paulo,
Elisabete França, de sua Tese de Doutorado, 2009, p. 155.

pouca área construída em meio a um enorme lote, geralmente vegetado, o que em


termos “ecourbanísticos” significa baixa densidade edificada e populacional, baixos
níveis de impermeabilização, com drenagens pluvial e fluvial mantidas praticamente
em seus cursos próprios; ou seja, baixos impactos ambientais ocasionados por esta
urbanização, permitindo ao manancial altos índices de auto-depuração e
regeneração frente aos poluentes, já que em pequenas quantidades. Nas décadas
de 1940, 50 e 60, o boom econômico paulista aumentou inúmeras vezes a entrada
de migrantes trabalhadores de outros Estados, mais empobrecidos, ou mesmo
pessoas do próprio Estado, em busca do sonho da cidade que “nunca dorme”, da
“cidade que não pode parar” – muito bom para os negócios, e como sempre até
então, muito ruim para o meio ambiente, cuja proteção era negligenciada em nome
28
 

do “progresso”, que precisava de muitos recursos naturais abundantes a serem


explorados pelo menor preço possível. Exemplo mais claro está em 93% de mata
atlântica desaparecida ao longo de 5 séculos de exploração e desmatamento. Ainda
há quem diz que vivemos, apenas contemporaneamente, um momento em que o
meio ambiente passa a ocupar espaço na ordem econômica do país23, na tentativa
de “esquecer” (ou engrossar o caldo ideológico) que uma das maiores motivações
dos colonialismos europeus era, é e continuará sendo, a exploração dos recursos
socioambientais, se possível, de graça (escravidão, desbravamentos, extrativismos),
senão com custo muito reduzido (trabalho assalariado; ausência de direitos
trabalhistas, empoderamento político das elites econômicas para construção de leis
permissivas, etc, etc). Enquanto, nestas décadas, toda a metrópole crescia
alegremente, a situação habitacional dos trabalhadores urbanos continuava
“esquecida”, ora pelos industriais (e as vilas operárias viraram Patrimônio, de tão
raras); ora pelo mercado privado pela Lei do Inquilinado e por, de fato, não ser
amplamente lucrativa e segura a construção de moradia popular para
incorporadores e construtoras, uma vez que esta classe ainda enfrenta enorme
insegurança e baixos salários (possibilidade de inadimplência); ora pelo Estado:
Para atender uma necessidade básica de reprodução da força de trabalho,
sem pressionar as taxas de acumulação do capital, o Estado abriu mão do
seu poder de controle sobre a produção do espaço urbano e passou a
ignorar a impressionante expansão da auto-construção da casa
própria, pelo trabalhador, em loteamentos periféricos, irregulares,
clandestinos e precários. Em outras palavras, os trabalhadores, mesmo
aqueles empregados no setor formal, não tiveram seus salários regulados
pelas necessidades de sua reprodução, as quais deveriam incluir os gastos
com a moradia. (MARICATO, 2001, apud, ISA, 2008, p. 04, grifos nossos e
24
do autor)
A história da cidade moderna é muito ampla e complexa e aqui não cabe
aprofundar muito mais que isso. No entanto, há que se ressaltar que não está, de
forma alguma, separada da história das idéias ambientalistas e preocupadas com
“os limites do crescimento” – ao contrário disso - as relações entre campo e cidade,
e entre Estado e mercado, são de fundamental relevância para a compreensão do
                                                            
23
“Após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ficou mais que evidente que o meio
ambiente passou a ocupar seu espaço na ordem econômica do país.”(GUIMARÃES, DORIA, 2011)
24
A referência dos autores é: MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades, alternativas para a crise urbana.
Petrópolis: Vozes, 2001.
29
 

status quo contemporâneo, uma vez que extremamente interdependentes em suas


raízes históricas, cujas características gerais começam a se transformar a partir de
meados da década de 1990, por pressões cada vez maiores, seja dos movimentos
populares por moradia, seja por mudanças políticas (abertura democrática) e de
gestão (administrações mais preocupadas com as políticas sociais) e financiamento
internacional nesta área, seja em função do esgotamento dos recursos naturais
somada aos passivos da urbanização informal, como a multiplicação de áreas de
risco de inundação e desabamentos, que de tempos em tempos leva à óbito famílias
inteiras, assim como o aumento de uma série de problemas de saúde desta
população, ocasionados pela insalubridade da ausência de infraestrutura de
saneamento básico, inchando a demanda do insuficiente sistema público de saúde.
Ainda na década de 1970, as soluções adotadas pelo Estado para conter a
expansão urbana se restringiram à elaboração de leis, como as LPM, que proibiam a
implantação de infraestrutura e colocavam uma série de impeditivos para a
ocupação formal, sem nenhuma ação concreta que pudesse inverter a lógica da
irregularidade.
Quanto à provisão de infraestrutura nos loteamentos, desenrolou-se desde
a década de 1930 uma disputa entre duas visões: uma favorável às maiores
exigências de investimento por parte do loteador, e outra que defendia a
simplificação das exigências técnicas e urbanísticas25. A primeira posição
prevaleceu na formulação da lei de parcelamento do solo de 1972, na
qual o empreendedor deveria implantar infraestrutura completa no
loteamento. Por outro lado, o loteamento clandestino seria fiscalizado e o
loteador penalizado com a proibição de instalação de energia elétrica nas
ruas clandestinas.
“Essa legislação marca a adoção de uma linha conservadora no sentido da
contenção da expansão urbana, resumida na frase “São Paulo precisa
parar”, do então prefeito Figueiredo Ferraz26, fundada na crença de que
essa contenção seria técnica e politicamente viável. Essa nova linha, que
destila o autoritarismo vigente durante o Regime Militar, compõe-se com as

                                                            
25
Esta é uma questão crucial, pois a implantação de infraestrutura pelo poder público “dinamiza” o
mercado imobiliário, i.e. aumenta o preço dos imóveis, lotes ou edificações, e tem um custo para o
poder público que não é para o mesmo repassado, e sim, beneficia o loteador. Se este é obrigado a
implantar infraestrutura, seus custos aumentarão e seus negócios imobiliários serão viáveis se, e
somente se, conseguir vender seus lotes por preços que resgatem os custos com a infraestrutura, o
que inviabiliza o loteamento para as classes populares.
26
Frase que prejudicou muito a carreira política do ex-prefeito.
30
 

diretrizes do PMDI de 1971 com a edição da Legislação de Proteção aos


Mananciais de 1975/76.” (Filardo, 2004, p.187).27
A segunda posição, favorável à redução de exigências, resultaria, em 1981,
na introdução a figura do loteamento popular na Lei Municipal no 9.413/81,
com menores exigências de dimensões de lotes e de provisão de infra-
estrutura pelo empreendedor.
“Àquela altura, a cidade contava com 3.567 loteamentos irregulares ou
clandestinos, totalizando 31.147 ha, dos quais 138 em zona rural,
totalizando 4.650 ha. Nas Administrações Regionais do Campo Limpo e de
Santo Amaro, que continham porções das bacias hidrográficas da Billings e
do Guarapiranga, havia um total de 56 em zona rural, totalizando 1.198 ha.”
(WHATELY, SANTORO, FERRARA, 2009, p. 107, grifos nossos)
A Lei de 1972, supracitada, é a Lei de n° 7.805, de zoneamento do solo, e
teve desdobramentos, como a Lei 8.769 de 1978, que criou as zonas de uso Z14,
Z15 e Z16, para as áreas de mananciais, e segue na mesma ineficácia das leis de
Proteção aos Mananciais, de 1975 e 76 (898 e 1172), contribuindo para realizar o
contrário de seus objetivos, como é comentado por Nery Jr. (2002, p. 300-2, grifos
nossos):

Fig. 10 –. Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais. WHATELY, DINIZ, 2009, p. 18.

                                                            
27
A referência das autoras organizadoras é: FILARDO, Ângelo. Externalidade e gestão dos valores
do ambiente: considerações teóricas e uma aplicação ao caso do Programa Guarapiranga (1991-
2000). Tese de doutorado. São Paulo: FAUUSP, 2004.
31
 

Essa visão puramente técnica da cidade acreditava que a Lei era mais
forte do que o mercado imobiliário, no sentido de que aquela poderia
atender a objetivos do planejamento urbano, mesmo se ela contrariasse as
regras do mercado. A lei de zoneamento, que instituiu as zonas de uso Z14,
Z15 e Z16, para proteção das áreas de mananciais, na zona Sul do
Município, mostrou como o zoneamento pode até produzir um efeito
contrário ao objetivo que o planejamento urbano almejava. Os
parâmetros urbanísticos estabelecidos para estas zonas de uso foram
extremamente restritivos, os quais buscavam assegurar uma baixíssima
densidade populacional, que somente seria alcançada por uma ocupação
predominantemente residencial de alta renda. Entretanto,
simultaneamente ao zoneamento, não foram adotadas outras políticas
públicas que valorizassem tais áreas, que as qualificassem como atrativas
para a população de elevado poder aquisitivo, como, por exemplo, a
construção de vias, inclusive expressas, que propiciassem uma boa
acessibilidade aos centros de consumo das elites. A política urbana,
notadamente, a legislação urbanística, ao invés de valorizar aquelas áreas,
provocou o inverso, desvalorizando-as. Dessa forma, a produção imobiliária
naquelas áreas voltou-se, principalmente, para o mercado informal de
lotes em loteamentos irregulares, destinados a uma clientela de baixo
poder aquisitivo. Como resultado dessa política equivocada para as áreas
de proteção aos mananciais, verificou-se sua ocupação por assentamentos
com alta densidade populacional, os quais não possuem, até hoje, dentre
os serviços urbanos básicos, um sistema de esgotamento sanitário
adequado, o que vem comprometendo a qualidade da água dos
reservatórios Guarapiranga e Billings. (...) Os urbanistas, os técnicos
municipais e as lideranças dos movimentos sociais urbanos têm um papel
fundamental na construção de um novo modelo de regulação urbanística
para São Paulo, cujo paradigma não pode ignorar a existência, a dinâmica e
as tendência do mercado imobiliário. Isso, porém, não significa que essa
política urbana deva se submeter aos interesses do mercado imobiliário. Ao
contrário, indica que os instrumentos urbanísticos devem ter como objetivo
o controle público do mercado de terra, de forma que a sociedade
paulistana consiga responder a essa enorme desigualdade, que existe na
cidade, intervindo no mercado imobiliário. É claro que a desigualdade
espacial está diretamente relacionada com a desigualdade de renda
entre a população mas, certamente, se os instrumentos urbanísticos
estiverem direcionados para romper com a segregação espacial, já seria um
grande passo.
32
 

Não resta dúvida que as relações entre o poder público e o mercado


imobiliário são decisivas para caracterizar a produção da cidade, inclusive a
produção da informalidade urbana. No entanto, cabe mencionar outros fatores de
enorme relevância para compreensão da “ineficiência” do planejamento urbano
brasileiro, que estão fundamentados em questões da cultura política nacional, como
a utilização do planejamento como ideologia, tese defendida pelo Professor Flávio
Villaça28, no qual temos que o planejamento, na verdade, tem sido absolutamente
negligenciado em sua essência científica, e sua necessária vinculação à políticas de
Estado, de longo-prazo e intimamente relacionadas à construção do bem-comum e
das liberdades individuais, postulados liberais que até os dias de hoje se
engalfinham aos interesses oligárquicos de uma elite político-econômica que
continua a se utilizar de seu poder na esfera pública para defender seus interesses
privados. De gestão em gestão, em todos os âmbitos (União, Estados, Municípios)
verifica-se na história política brasileira, a construção de leis e planos que após
determinado período são abandonados e substituídos por outros, de autoria do
“donos do poder” do momento.
O mais lamentável é que essa forma de administração dos problemas a
serem enfrentados na Gestão Pública Municipal tem sido recorrente ao
longo dos últimos anos – substituiu-se o planejamento, que, por sua própria
natureza, refere-se a ações de longo prazo, pela solução de curto prazo, e
ao sabor de leis feitas na hora para um presente imediato. (FRANÇA, 2009,
p. 112)
Outra questão de grande relevância, que também diz respeito ao atraso, ou,
às rédeas patrimonialistas rurais que estão nas raízes das forças políticas
retrógradas, compõe-se de faces opostas de uma mesma moeda - de um lado, o
excesso de formalidade cartorial, de burocracia e de legislações concorrentes e
confusas, e de outro, um excesso de corrupção verificável em todos os níveis
políticos, mas também e fundamentalmente nas relações econômicas civis, sobre as
quais o poder de polícia e o poder judiciário são também ineficientes.

                                                            
28
Vide VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil. in:
DEAK, Csaba. SCHIFFER, Sueli (orgs.). O processo de urbanização no Brasil. São Paulo: Edusp,
1999.
33
 

1.2.1. Introdução à Historia do Loteamento Vargem Grande

A Lei Federal de parcelamento do solo nº 6766/79 definiu o loteamento


clandestino como crime contra a administração pública, prevendo penas de
prisão ao loteador. Essa legislação mudou um pouco a forma de produção
da clandestinidade a partir da década de 80. O loteamento clandestino
passou a ser resultado de invasão de gleba, posteriormente adquirida pelos
invasores ou subdividida por eles. Assim a figura do loteador clandestino
passou a recair sobre associações de moradores constituídas para
equacionar a questão jurídica da terra. No entanto, não se pode dizer
que os proprietários anteriores não tem responsabilidade sobre a
venda do parcelamento irregular. No caso das áreas de mananciais, foi
freqüente o uso de associações de moradores ou imobiliárias, como
forma de revender lotes. Nos últimos anos, nas ações civis públicas de
loteamentos irregulares, o Ministério Público tem responsabilizado todos os
envolvidos no loteamento irregular, desde o proprietário, associação de
moradores, imobiliárias, até a prefeitura e estado, por omissão que permitiu
a implantação do loteamento. (ISA, 2008a, p. 25)
É assim que em março de 1989, 1.200 famílias da Associação de moradores
UNIFAG – União dos Favelados do Grajaú, sob presidência de Maria Sipriana
Henrique, adquire de João Rimsa, empresário do mercado de capitais, e sua
esposa, Paulina Bieleskevicate Rimsa29, o terreno de 2.832.100 m2, pelo valor de
300 mil cruzados novos30 pagos à vista, tendo sido redigido Escritura de Compra e
Venda desta negociação (14º Tabelião de Notas)31, sem no entanto, ter sido
registrada no 11º Cartório de Registros de Imóveis (Cartório da Região), nem ter
obtido qualquer aprovação nos órgãos públicos, em função de sua irregularidade32.
                                                            
29
Matrículas no 28.419 e 33.365, ainda sob o nome de João Rimsa e esposa (falecidos). Processo
Administrativo no: 1989-0.000.530-8. Fonte: Habisp, e Pesquisa Fundiária realizada no âmbito da
elaboração do Programa Mananciais – Prefeitura Municipal de São Paulo - e do Programa de
Recuperação de Interesse Social.
30
cerca de R$ 1,4 milhão em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE), segundo AMARAL, 2010a.
31
Lamentavelmente, uma maneira que muitos loteadores têm de enganar as pessoas mais simples e
não conhecedoras das leis e procedimentos burocráticos da legalidade, é dizer que esta Escritura
(Notas-Negócios) vale para que sejam proprietários efetivos, o que não corresponde à verdade.
32
Sua irregularidade refere-se há transgressões contra várias leis: 1. Lei Municipal 9.412 de 1981,
que proíbe o parcelamento de terras na Zona Rural, a não ser que, nesta área específica
(zoneamento: Z8-100/4) os lotes fossem de 10.000 m2. 2. Leis Estaduais de Proteção dos Mananciais
(1.172 de 1976 e 898 de 1975). 3. Código Florestal – Lei Federal 4.771 de 1965, e 4. Lei Federal
34
 

Fig. 11 –Vista aérea do Condomínio Vargem Grande na Zona sul de São Paulo. Gentilmente cedida pela Arq.
Adriana Levisky.

Esta área, a partir deste ano passa a ser loteada33, ocupada e chamada de
Condomínio Vargem Grande, área-objeto de estudo desta pesquisa.
O Loteamento compõe-se atualmente de cerca de 7.000 famílias
(JNS/Hagaplan, 2001), aproximadamente 45 mil pessoas (BRESSANE, 2010)34, em
5.586 lotes (Arq. Adriana Levisky), e muitos estabelecimentos comerciais (cerca de
55, segundo Amaral, 2010). Desde 1996, está sob a diretoria do ACHAVE –
Associação dos Moradores de Vargem Grande, que substitui a UNIFAG. Vargem
Grande,

Ocupa a margem esquerda do Reservatório Billings, distante cerca de 60


km do centro da cidade de São Paulo, tendo como principais vias de acesso

                                                                                                                                                                                          
6.766 de 1979 (Art. 51). E ainda contra as determinações de tombamento da Cratera pelo
CONPRESP (Resolução n.4 de 1995), assim como pelo CONDEPHAT, também de 1995. No entanto,
segundo alega o parecer jurídico de RESOLO – Departamento de Regularização e Parcelamento do
Solo da Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de São Paulo, de 11 de agosto de 2009 (PA:
1989-0.000.530-8), o loteamento é regularizável, nos termos da Lei Municipal 11.775 de 1995, com
as alterações introduzidas pela Lei 13.428 de 2002, desde que obedeça seu Art. 30, que reza: “O
parcelador deverá atender, quando for o caso, os requisitos previstos na legislação estadual para as
áreas de proteção aos mananciais, de proteção ambiental e ao patrimônio histórico, requerendo, junto
ao órgão competente, o licenciamento ou a adaptação do parcelamento a regularizar”.
33
Através do “Instrumento de Cessão de Posse de Fração Ideal”, mas com lotes de 250 m2, em
quadras de 45 por 150 m.
34
Há controvérsias sobre o número exato da população de Vargem Grande. Há quem mencione 35
mil. Levantamentos mais precisos ainda não foram feitos em todo o Loteamento.
35
 

Fig. 12 – Vargem Grande. Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa, para levantamento
fotográfico com a Arquiteta Adriana Levisky. Gentilmente cedidas.

a Avenida Senador Teotônio Vilela, Avenida Sadamu Inoue, Estrada


Colônia e Estrada Vargem Grande. A comunidade Vargem Grande com
cerca de 6.885 famílias, e uma área de aproximadamente 2.468.921m²,
apresenta uma ocupação significativamente adensada. (...) É composta
predominantemente por moradias de alvenaria, de vários pavimentos. (JNS-
HAGAPLAN, 2001).
Possui atualmente um Posto de Saúde, um Posto Comunitário de Polícia,
uma Escola Municipal e duas Estaduais. Possui também pavimentação asfáltica nas
principais ruas, pelas quais transitam os ônibus. A área realmente ocupada pela
população (1.948.370 m2, segundo a Arq. Adriana Levisky) é menor que a área total
adquirida (2.832.100 m2), provavelmente pelo fato de que boa porção sul da
totalidade da gleba se encontra em plena várzea do Ribeirão Vermelho, e mais
próximo ao centro da Cratera, dificultando muito a ocupação em solo extremamente
macio e úmido. No entanto, é possível que a população tenha ocupado áreas que
não estavam contempladas na escritura de compra e venda, ou ainda que João
Rimsa tenha vendido à UNIFAG, porções das glebas correspodentes às matrículas
33.365; 33.366 e 28.419, que já haviam sido desapropriadas pela Fazenda do
Estado de São Paulo35, em 1986, por ocasião da construção do Centro de Detenção
Provisória Joaquim Fonseca Lopes, à sudoeste do loteamento. Os remanescentes
das áreas desapropriadas precisam ser mapeados e dimensionados, a fim de se
comprovar as hipóteses acima e conhecer o quanto foi invadido ou “negociado”36

                                                            
35
Matrícula aberta sob no 368.153 (Pronotação no 6763, 11º Registro de Imóveis de São Paulo). Foi
desapropriada uma área total de 414.526 m2 (parte da matricula 33.365 e parte da 33.366).
36
Embora a desapropriação não seja exatamente um “negócio”, João Rimsa, caso tenha realmente
vendido à UNIFAG, o que já estava desapropriado, ele teria vendido o que não era mais dele. Há
36
 

Fig. 13 e 14– Vargem Grande – vistas aéreas – acima, vista do Presídio e abaixo, lote informalmente utilizado
como Central de Triagem. Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa, para levantamento
fotográfico com a Arquiteta Adriana Levisky. Gentilmente cedidas.

                                                                                                                                                                                          
indícios de que o pagamento por parte do Governo do Estado teria atrasado, o que o teria incentivado
a vender para a UNIFAG. Pesquisa fundiária mais aprofundada e precisa está em curso.
37
 

duas vezes. Na averbação 4 da matrícula 33.366, e na av. 2 da 33.365, e na av. 2


da 28.419, de 1995 consta que “ no remanescente do imóvel desta matrícula foi
implantado loteamento irregular sem denominação especial”.
Na paisagem verde a perder de vista, ninguém duvidava que finalmente
teria um pedaço de terra para criar os filhos sem medo da expulsão que
marcava suas vidas – primeiro, pela seca do sertão nordestino, onde a
maioria deles havia nascido; depois pelas máquinas que destruíram seus
barracos a mando da Justiça37. (...) Dona Lucima Galdino Barbosa, 70 anos,
exibe a cópia da escritura ao contar a história que a levou até ali. Cearense
criada na roça, chegou aos 10 anos de idade (...). No interior do estado,
trabalharam na colheita de café, onde ela ficou até se casar (...). O casal
mudou com a filhinha de 22 dias – ela para trabalhar na casa dos donos da
fazenda na capital e ele para tomar conta da granja. Foram alojados em
um galinheiro “raspado e pintado” para servir de residência. Quando a
segunda filha nasceu (...) o casal juntou as economias para comprar um
lote onde hoje está o Shopping Interlagos. “A gente era meio bobo e não
sabia ver documento. Logo descobrimos que era tudo falso, a prefeitura nos
tirou de lá e os donos da imobiliária fugiram.” (...) Daí se uniu ao povo da
Unifag. (...) “No começo foi uma folia! Aqui era tão lindo, tinha macaquinho,
veado, passarinho que não acabava mais”, conta. “A gente foi comprando
os tijolos lá no bairro alemão e trazendo nas costas ou no carrinho de mão.
(AMARAL, 2010).
Fundamental se faz relembrar que de 1986 a 1988, justamente o período
imediatamente anterior à formação da UNIFAG, o município de São Paulo é
administrado pelo então Prefeito Jânio Quadros, defensor ferrenho da remoção pura
e simples, para não dizer violenta e lucrativa aos cofres privados, dos moradores de
favelas de seus barracos, com a seguida demolição dos mesmos, para alegria geral
das classes médias e altas em regiões “nobres”, nas quais as favelas eram fator de
enorme desvalorização imobiliária, como ainda é até os dias atuais, porém as
vantagens não estavam apenas em levar para longe dos olhos os “indesejáveis” da
cidade, estava em poder construir com parâmetros urbanísticos privilegiados38, em
troca de recursos para construção de novas unidades habitacionais populares,
através da chamada na época, Lei do Desfavelamento, que a posteriori se

                                                            
37
Consta que teria sofrido um despejo em 1986, segundo o mesmo artigo (AMARAL, 2010).
38
No sentido estrito da palavra PRIVILÉGIO – lei privada.
38
 

Fig. 15 – Cartaz de Propaganda do Prefeito Jânio Quadros, “vangloriando-se” de maneira quase infantil sobre o
que foi chamado por ele de “vitória contra a favela”. Gentilmente cedida pela Secretária Adjunta de Habitação da
Prefeitura de São Paulo, Elisabete França, de sua Tese de Doutorado, 2009, p. 43.

desenvolve e transforma na Lei das Operações Interligadas, cuja problemática ainda


hoje é debatida39. Jânio removeu um total de 4,3 mil domicílios de favelas
(BONDUKI; ANDRADE; ROSSETTO, 1993, apud FRANÇA, 2009, p. 120)40 ao longo
de sua gestão de 2 anos. Neste tempo, a região do Grajaú (Subprefeitura de Capela
do Socorro/Micro-bacia do Ribeirão Cocaia) já estava densamente ocupada por
                                                            
39
Vide pesquisas realizadas por Mariana Fix.
40
a referência da autora é: BONDUKI, N. (Ed.); ANDRADE, C.R.M.; BONDUKI, N.; ROSSETTO, R.
(Org.). Arquitetura & Habitação Social em São Paulo 1989-1992. São Carlos: USP, Escola de
Engenharia de São Carlos, Departamento de Arquitetura e Planejamento, 1993.
39
 

favelas, e embora pesquisa mais detalhada não tenha sido feita a este respeito
(origem das famílias da UNIFAG), muito possivelmente tenham sido removidas nesta
gestão. Todo este processo é ricamente historicizado por Elisabete França (2009),
atual secretária adjunta de Habitação da Prefeitura Municipal de São Paulo, e uma
das principais responsáveis pelas mudanças de paradigma que têm ocorrido na
atuação do poder público municipal para o equacionamento das questões
habitacionais, com alta qualidade de edificação e urbanização, com justiça social e
ampliação do debate e participação pública nestas questões.
O primeiro passo dado pelo prefeito Jânio Quadros nessa direção foi o
envio de um projeto de lei à Câmara Municipal, em março de 1986, com o
objetivo de alavancar recursos não orçamentários para a construção de
moradias populares. O artigo 1 do Projeto de Lei estabelecia: “os
proprietários de terrenos ocupados por favelas ou núcleos poderão requerer
à Prefeitura de São Paulo a modificação dos índices e características de
uso e ocupação do solo do próprio terreno ocupado pela favela”, no entanto
para usufruir tal benefício deverão “construir e doar ao poder público,
habitações de interesse social para a população favelada”. No final desse
mesmo ano, por decurso de prazo, o projeto foi transformado na Lei n.
10.209, que ficou conhecida como Lei das Operações Interligadas. (...)
Em 1987, continuava o debate sobre o projeto de “desfavelamento” do
prefeito Jânio Quadros, fortalecido, ao menos com referência à mídia, pela
remoção da favela Cidade Jardim. Apesar de pequena em relação ao
número de famílias, a favela estava no imaginário de todos os que
circulavam pela região e, portanto, em termos midiáticos, Jânio alcançou
grande sucesso ao atender as aspirações de determinada camada da
população que não queria ver a favela por perto. Enquanto o então
prefeito defendia o fim das favelas na cidade, garantindo que ia acabar com
a favela de Paraisópolis em 40 dias, (FSP. 28/04/1988) dados da Secretaria
Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano apontavam para um
crescimento do número de favelas, indicando a desfaçatez do discurso
assumido nessa gestão sobre uma possível eliminação do problema. (...) a
remoção era uma iniciativa sem condições de atingir os resultados
previstos, dado os números que apontavam para o crescimento de favelas
e famílias moradoras. (...)
A política do desfavelamento adotada pelo prefeito Jânio Quadros estava na
contramão da história. Em 1988, era aprovada a nova Constituição do país,
trazendo uma série de novos instrumentos de controle do uso e ocupação
do solo e a garantia da moradia como direito social. (...)
40
 

Apesar das “boas intenções” da Lei das Operações Interligadas e dos


resultados alcançados ao longo do seu período de vigência como forma de
superar a limitação de recursos para a solução do problema habitacional, o
que pode ser observado é que, até 1988, não se assumiu o problema
habitacional como um dos grandes temas da cidade, ao lado da
educação, saúde e transporte. A criação de novos instrumentos
jurídicos que possibilitem a entrada de novos recursos financeiros
lastreados na criação de solo ou potencial de uso, não foi e nunca será
o caminho para a solução de um problema que atinge 30% da
população da cidade. (FRANÇA, 2009, p.41 e 43-4 e p.120, grifos nossos)
Solução que deve, definitivamente, se fundamentar sobre a ciência – a fim de
orientar a produção da cidade não como a produção de qualquer outro produto
comercial, mas como produção de cidadania e dignidade civilizatória a todas as
pessoas. Não a ciência comprada pelos agentes dos interesses econômicos, mas
construída com isenção científica, com ética e atrelada aos interesses do bem-
comum, do interesse público e social. As regiões das cidades que se encontram sem
condições de habitabilidade e salubridade devem ser reformadas, recuperadas,
reconstruídas, administradas de maneiras mais comprometidas com o interesse da
maioria da população, principalmente se esta se encontra em necessidade. E a
população residente nestas localidades precisam igualmente de transformação nas
condições que as levaram a residir as mesmas – e esta recuperação de cidadania
inclui aumento de renda, e melhoria na qualidade de sua educação, cultura e
desenvolvimento de habilidades e competências profissionais. População
empobrecida e meio ambiente poluído são também faces de uma mesma moeda – a
da exploração irrestrita – e suas necessidades precisam sair da categoria de
externalidade para a de prioridade. Precisam ser reconhecidos em suas
especificidades, para que não se repitam soluções “mágicas”, generalistas e por
conseqüência, insatisfatórias, insuficientes e ineficientes.
É neste sentido que a Lei Estadual 9.866 de 1997 surge, a fim de substituir
gradativamente a legislação dos anos 1970, determinando a formulação de Leis
Específicas para cada região hidrográfica dos mananciais paulistanos, ou das
chamadas APRMs - Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais,
estabelecendo basicamente 3 categorias de áreas, chamadas de áreas de
intervenção, na medida em que são verdadeiramente uma espécie de zoneamento
ambiental-urbano. Sendo elas: as AROs, AODs e ARAs, respectivamente Áreas de
41
 

Fig. 16 – Quadro-síntese. WHATELY, Marussia; SANTORO Paula Freire; TAGNIN, Renato Arnaldo.
Contribuições para a elaboração de leis específicas de mananciais: o exemplo da Billings. São Paulo:
Instituto Socioambiental, 2008. Disponível em: <http://www.mananciais.org.br/upload_/billings-2008.pdf>. Acesso
em 03 out. 2009.

Restrição à Ocupação; de Ocupação Dirigida e de Recuperação Ambiental – cada


qual com características, permissividade quantos aos parâmetros urbanísticos e
diretrizes de planejamento diferenciadas. A Lei Específica nº 13.579, de 13 de julho
de 2009 e seu Decreto Regulamentador nº 55.342, de 13 de janeiro de 2010,
referentes à APRM-Billings, onde se localiza o Condomínio Vargem Grande, tem
como um dos principais e inovadores instrumentos de gestão para as ARAs-1 –
Áreas de Recuperação Ambiental-1, o Programa de Recuperação de Interesse
Social – PRIS. Sendo eles:
As Áreas de Recuperação Ambiental - ARA são ocorrências de usos e
ocupações que estejam comprometendo a quantidade e a qualidade da
água, exigindo intervenções urgentes de caráter corretivo. (Seção III, Artigo
31 da Lei 13.579/09). As ARA 1 são ocorrências de assentamentos
habitacionais de interesse social pré-existentes, desprovidas total ou
parcialmente de infraestrutura de saneamento ambiental, onde o Poder
Público deverá promover programas de recuperação urbana e ambiental.
(Seção III, Art. 32, § 1º da Lei 13.579/09).
42
 

As Área de Recuperação Ambiental 1 são áreas ocupadas por assentamentos


precários – favelas e loteamentos irregulares, com carência total ou parcial de
infraestrutura de saneamento ambiental. Equivale41 ao zoneamento municipal de
interesse social-1 (ZEIS-1), oriundo do Plano Diretor Estratégico do Município de
São Paulo – PDE-SP, Lei nº 13.430, de 13 de setembro de 2002. O Decreto
Estadual nº 55.342/10 em seu artigo 3°, inciso I, define como Programa de
Recuperação de Interesse Social – PRIS, o conjunto de medidas e intervenções de
caráter corretivo de situações degradacionais existentes e de recuperação ambiental
e urbanística, previamente identificado pelo poder público municipal, com objetivo de
melhoria das condições de saneamento ambiental e regularização fundiária dos
locais enquadrados na categoria de ARA-1, nos termos do previsto no inciso III do
artigo 3° deste mesmo Decreto. Os PRIS são elaborados e implantados sob
responsabilidade dos órgãos e entidades do Poder Público das três esferas de
Governo, podendo ter parceria com agentes privados e mediante responsabilidade
compartilhada com as comunidades locais, organizadas em associação de
moradores ou outras associações civis, bem como com o responsável pelo
parcelamento e/ou proprietário da área. Cabe ao Setor de Apoio e Proteção aos
Mananciais (LAPM) da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB,
composto por 4 profissionais, a análise, aprovação e licenciamento dos PRIS, e por
ser ainda muito recente, não se tem notícia de nenhum PRIS que tenha sido
aprovado. O órgão técnico do Sistema de Planejamento e Gestão da APRM-B42,
com um Escritório Regional voltado a subsidiar tecnicamente os trabalhos referentes
ao cumprimento desta Lei, ainda não foi criado, e boa parte de suas incumbências

                                                            
41
Equivale em função de sua caracterização, mas lamentavelmente não coincidem, pela já
desatualização do PDE-SP. É justamente este o caso do Loteamento Vargem Grande, que no
Zoneamento Municipal não é demarcado como ZEIS-1, mas possui todas as características de uma.
A revisão do PDE é um assunto extremamente polêmico, que tem se estendido ao longo de vários
anos e evidencia que a disputa intensa de interesses diferentes (basicamente entre representantes
dos interesses do mercado imobiliário versus representantes dos interesses sociais). O PDE de 2002
foi um dos primeiros documentos a colocar na esfera municipal, princípios do Estatuto das Cidades,
de 2001. Seu relator, o arquiteto, professor da USP, ex-vereador e ex-Superintendente de Habitação
Popular, Nabil Bonduki, é desde há muito tempo, ferrenho defensor da Reforma Urbana e da
ampliação das políticas sociais no âmbito dos direitos à moradia e ao meio ambiente saudável.
42
O Sistema de Planejamento e Gestão da APRM-B deveria ter sido criado no prazo no máximo de
13 de julho de 2010 (12 meses após a publicação da Lei 13.579, de 13 de julho de 2009), e deve ser
composto por um órgão técnico, cujas funções são descritas no Art. 7 da lei 13.579/09, e também um
órgão colegiado, este existente – o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT), que pode
delegar suas atribuições ao Subcomitê Billings-Tamanduateí.
43
 

foram transferidas também para o LAPM-CETESB43. Este teria a função, dentre


outras, de emitir, antes do Licenciamento (necessariamente órgão da administração
estadual, ou municipal que tenha estabelecido convênio para este fim), um parecer
prévio sobre a viabilidade de PRIS através da análise do que é chamado de
“justificativa de enquadramento do assentamento como PRIS”, composto dos
seguintes itens, segundo Art. 78 da Lei 13.579/09:
I - caracterização da ocupação e condição socioeconômica da população;
II - risco ambiental e sanitário em relação ao manancial;
III - condição e viabilidade de implantação de sistemas de saneamento
ambiental;
IV - cronograma físico da intervenção, com respectivo orçamento estimativo;
V - indicação dos agentes executores do PRIS.
Defende-se aqui que a ausência da criação do órgão técnico, assim como o
reduzido número de recursos humanos da Cetesb para estas funções são de
gravíssima relevância, na medida em que se colocam como entraves ao
encaminhamento dos PRIS, ou seja, das obras empreendidas pelas prefeituras,
obras urgentes que precisam ficar aguardando todo o processo de licenciamento –
extenso, complexo e carregado de contradições, como exigências que não se
encontram na letra da Lei e vão, muitas vezes, contra ao próprio espírito da mesma.
Analisa-se aqui uma situação reiterada pela história das políticas públicas no
Brasil – excesso de burocracia, redução dos recursos humanos, obsolescência dos
instrumentos técnicos (equipamentos, tecnologias) – elementos de desqualificação
dos serviços do poder público – pois os profissionais técnicos e servidores públicos
acabam por se tornar sobrecarregados e enfrentam muitas vezes, dificuldades de
ordem básica, como a ausência de capacitação ou de equipamentos de trabalho.
Heróicos, os servidores públicos não aparecem muito nos palanques ou nas mídias,
nem fazem promessas eleitorais, mas perdem a própria saúde, todos os dias, em
nome dos esforços empreendidos na realização de seu dever.
A dinâmica da produção da cidade é definitivamente esmagadora frente à
lentidão que o poder público demonstra em implantar, com eficiência, as leis

                                                            
43
A Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo possui também Setores de
Projetos Especiais, dentre os quais encontra-se um voltado para os Mananciais, cuja
coordenadora/assessora, a arquiteta Márcia do Nascimento, merece menção por seu mérito em
defender, divulgar e estabelecer diálogos de extrema importância para que as Leis Específicas
possam ser aplicadas eficientemente. Seu Setor tem sido incumbido de várias tarefas que, segundo a
letra da Lei, caberia ao Órgão Técnico, como o desenvolvimento do PDPA – Plano de
Desenvolvimento e Proteção Ambiental da APRM-B.
44
 

produzidas por eles mesmos. Esta situação é evidenciada no relato do professor


Orsini44 sobre suas experiências na Itália, nas cidades de Milão e Veneza45, nas
quais os Planos Integrados de Despoluição e Requalificação Urbanas, além de se
distanciarem das normas e procedimentos feitos para uma “cidade ideal”,
aproximando-se mais das tecnologias de ponta (fitodepuração em wetlands, entre
outras) e das urgências da cidade real, provocaram nele (em sua percepção) um
enorme impacto contrastante da realidade brasileira, pelo fato de que, para a
realização destes Planos, foram mobilizadas, capacitadas e organizadas inúmeras
equipes de profissionais de diversas áreas, em edifício e instalações próprios.
Obviamente tudo isso custou enormes quantias de recursos financeiros, no entanto,
ao que parece pelo seu relato, menores que as sanções cobradas pelo Governo
Italiano, às municipalidades, consideradas culpadas pela situação a que chegou o
Rio Pó e a Laguna de Veneza. Menores também que os prejuízos futuros pelo
desprestígio turístico ou os problemas de saúde pública ocasionados pela
insustentabilidade e insistência em modelos ultrapassados de gestão.

1.2.2. Programa de Recuperação de Interesse Social

O PRIS compõe-se basicamente de diagnósticos sobre o assentamento a ser


recuperado, sob os aspectos sociais, ambientais46 e urbanísticos (levantamentos
fundamentais para a realização dos planos e projetos), anteriormente enquadrado
como ARA-1, e portanto, com ocupação anterior ao ano de 2006, e planos e projetos
integrados que envolvem a implantação de infraestrutura de saneamento básico,
transporte e serviços públicos, com ênfase sobre a contenção de riscos ambientais,
sobre a despoluição e renaturalização dos corpos hídricos, com programado plano

                                                            
44
Professor Luiz Fernando Orsini Yasaki, Engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, Líder de
Projetos da Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, no Seminário sobre Drenagem Urbana
organizado pelo Grupo de Projetos da Superintendência de Habitação Popular, realizado no dia 27 de
julho de 2010.
45
Vide YAZAKI, 2008, p. 296-309.
46
Com destaque para o necessário mapeamento da flora existente, assim como indicação da
necessidade ou não da supressão e transplante de vegetação, com a quantificação, identificação e a
descrição da fisionomia das espécies atingidas.
45
 

de remoção de população, demolição de edificações irregulares em áreas


inapropriadas (em risco ou em ARO), em conjunto com os respectivos planos de
reassentamento, com construção de empreendimentos habitacionais de interesse
social, atrelados ao PRIS. O art. 79 da lei 13.579/09 expõe precisamente todos os
componentes do chamado Plano de Urbanização pelo PRIS requerido, os quais
podem ser listados da seguinte maneira:
 Projeto básico de parcelamento do solo para fins de urbanização,
abrangendo a localização, definição e descrição do sistema viário, áreas
públicas, institucionais, verdes livres, lotes e quadras.
 Projetos Básicos de Implantação de:
 obras e serviços de terraplenagem,
 obras e serviços de contenção de encostas, consolidação e controle
de riscos geotécnicos, indicação das áreas de empréstimo se
necessário
 sistema de drenagem de águas pluviais, fluviais e controle de
inundações
 sistema de abastecimento de água
 sistema de coleta, tratamento e destinação de esgotos domésticos
(Projeto de Implantação de Rede Coletora de Esgotos)
 rede pública de energia elétrica
 paisagismo e arborização de áreas verdes e permeáveis
 pavimentação contemplando estudo de permeabilidade,
considerando o disposto no
 solução de coleta regular dos resíduos sólidos domésticos, e
outros resíduos, caso exista implantação de equipamentos
institucionais de saúde, como UBS ou Hospital (RSS – Resíduos
dos Serviços de Saúde ou Lixo Hospitalar), Escola, etc.
 solução para resíduos sólidos inertes gerados durante a intervenção
(demolição e obras)
 pontos, terminais e circulação de transporte coletivo
 Memorial Descritivo com justificativa dos parâmetros urbanísticos
específicos para definição de lotes, implantação de novas edificações e
mudanças de uso do solo.
46
 

 Proposta de Ação Social e de Educação Ambiental, com a indicação das


ações a serem realizadas antes, durante e após a execução das obras.
 Proposta e Estratégia de Recuperação Ambiental da área, em especial as
áreas diagnosticadas como áreas de risco, áreas verdes livres, áreas que
serão desocupadas pela intervenção, com especificação e mapeamento
das ações a serem realizadas nas APPs;
 Proposta de recuperação de áreas degradadas (remediação no caso de
áreas contaminadas) e daquelas não passíveis de regularização.
 Proposta de mecanismos de controle de expansão, adensamento e
manutenção das intervenções, notadamente quando da ocupação em
ARO.
 Estratégia de Regularização Fundiária a ser adotada com a especificação
dos instrumentos e medidas a serem adotados, dos responsáveis pela
sua execução e dos condicionantes.
Após aprovado o PRIS, o processo de regularização fundiária poderá ter
início concomitante à execução das obras e ações urbanísticas ambientais. O
término da regularização fundiária fica condicionado à comprovação pelo órgão
técnico regional da APRM-B (CETESB), de que as condições urbanísticas e
socioambientais estabelecidas pelo respectivo PRIS foram efetivamente mantidas
durante um prazo mínimo de 2 anos, contados a partir do término da execução das
intervenções, com a participação da população local beneficiada.
Temos, portanto, acima o providencial requerimento de soluções que
envolvam a gestão mais integrada dos resíduos sólidos das localidades em
recuperação – resíduos que devem ser distanciados dos mananciais, como os
RSS47, os RCC (chamados inertes, oriundos da Construção Civil e gerados pela
Intervenção), assim como os efluentes líquidos domésticos, via esgotamento
sanitário. No entanto, temos que, para os resíduos recicláveis, com todas as
precauções devidas e adequadas, a melhor solução é a profissionalização de parte
da população residente nesta promissora área, que é a Indústria da Reciclagem.

                                                            
47
Nos quais é possível incluir-se resíduos oriundos de produtos químicos gerados pelos inúmeros
salões de beleza, que se multiplicam indefinidamente em toda a cidade. Neste caso, mesmo os
efluentes líquidos contaminados com estas substâncias químicas (muitas delas, patogênicas),
segundo a análise desta pesquisa, deveria ter esgotamento sanitário específico.
47
 

2. OBJETIVO

Propor um Plano Piloto de Gestão de Resíduos Recicláveis, junto à


comunidade do Loteamento Irregular chamado de Condomínio Vargem Grande, na
Subprefeitura de Parelheiros, sul do Município de São Paulo, concentrado sobre
ações de Educação Ambiental para capacitação de pessoas da comunidade que
possam se interessar em desenvolver Cooperativa de Reciclagem vinculada ao
Programa de Recuperação de Interesse Social – PRIS, promovido pelo Programa
Mananciais, a fim de gerar renda à população local e contribuir para a necessária
diminuição da poluição da Represa Billings por resíduos sólidos.
48
 

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Vargem Grande

Fig. 17 Situação do Condomínio Vargem Grande na Zona sul de São Paulo. Fonte: JNS/Hagaplan/Programa
Mananciais
49
 

A comunidade do Loteamento Irregular chamado de Condomínio Vargem


Grande está localizada no extremo sul do município de São Paulo, pertence à Sub-
Prefeitura de Parelheiros e à Unidade de Conservação - Área de Proteção Ambiental
Municipal chamada de APA-Capivari-Monos. Faz parte da 2ª Fase do Programa
Mananciais (Núcleo Vargem Grande – Área 231).

3.1.1. Programa Mananciais


 

Fig. 18 – Área de Intervenção no 231 da 2ª Fase do Programa Mananciais.

O Programa Mananciais, ou o Programa de Saneamento, Proteção Ambiental


e Recuperação da Qualidade das Águas em Áreas Degradadas de Manancial
Hídrico das Bacias Guarapiranga e Billings, nasce como Programa Guarapiranga, ou
Programa de Saneamento Ambiental da Bacia Guarapiranga, em dezembro de
1992, coordenado pela Secretaria Estadual de Energia e Saneamento e
financiamento do Banco Mundial. Este teve seu nome modificado posteriormente
(2004), a fim de abarcar, além da Bacia da Represa Guarapiranga, também a Bacia
da Represa Billings, com os mesmos objetivos de controlar a poluição hídrica e
melhorar as condições de vida da população ali residente, através de intervenções
urbanísticas de infraestrutura voltadas para a recuperação socioambiental das
APRMs – Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais. São intervenções que
priorizam a instalação de sistemas de saneamento básico, pavimentação, com
50
 

planos de remoção e reassentamento habitacional, para os moradores em áreas de


risco ou áreas de restrição à ocupação, com objetivo final de regularização fundiária
para estas famílias.
Esse Programa [Guarapiranga] começou a ser desenhado no início dos
anos 1990, por iniciativa do governo estadual, sendo que, desde sua
estruturação, a Prefeitura de São Paulo participou como organismo executor
das futuras ações que viriam a ser implantadas. Em 1991, a RMSP
conheceu uma experiência diferenciada, com o Sistema Integrado de
Fiscalização (SOS Mananciais), programa do qual participavam o Governo
do Estado e as prefeituras, cujos territórios faziam parte da Bacia do
Guarapiranga, e que tinha como objetivo fiscalizar, proteger e recuperar
áreas de mananciais. Considerando a experiência da ação integrada
positiva, iniciou-se, em 1991, a preparação de um programa de atividades
com o objetivo central de recuperação da qualidade das águas do
manancial para o abastecimento público. Nessa época, a poluição dos
recursos hídricos também integrava a agenda do Governo Federal também,
tendo em vista os problemas de abastecimento que a contaminação de
bacias hidrográficas de caráter metropolitano poderiam apresentar em um
futuro não tão distante, como, por exemplo, as bacias do Alto-Tietê (SP), do
Alto Iguaçu (PR), do Paraíba do Sul (RJ; SP), do Piracicaba (SP), entre
outras. (FRANÇA, 2009, p. 174)
As ações do Programa Mananciais, até dezembro de 2007 beneficiaram
diretamente 38.371 famílias, sendo 16.283 moradoras de favelas e 22.088
moradoras de loteamentos irregulares de baixa renda. Nesses totais, estão inclusas
as construções de 1.057 unidades habitacionais novas em favelas, e o
reassentamento de 2.061 famílias, para conjuntos habitacionais fora dos
mananciais. Na Fase 1 foram construídas no total: 91.000 m de rede de esgotos
sanitários; 48.000 m de rede de distribuição de água potável; 8.864 m de
canalização de córregos; 80.000 m² de praças, espaços de lazer e esportes;
401.000 m² de pavimentação; 1.571 unidades habitacionais novas. As ações do
Programa Mananciais Fase 2 prevêem beneficiar diretamente 60.042 famílias,
divididas em 81 áreas de intervenções, sendo 28.581 moradoras de favelas e 31.461
moradoras de loteamentos irregulares de baixa renda. Atuando prioritariamente em
áreas de risco iminente indicadas inclusive no Plano Emergencial, áreas objeto de
Ações Civis Públicas e áreas remanescentes das obras das Fase 1 do Programa.
Estas 81 áreas de intervenção estão divididas em 8 Lotes de obras, já licitadas,
51
 

Fig. 19 – Mapa da 2ª Fase do Programa Mananciais. Disponível em:


<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/noticias/?p=18123>. Acesso em 27 fev. 2011.
52
 

totalizando cerca de R$ 1,08 bilhões em investimentos. Destas 81 áreas, 45


contarão com recursos provenientes da União através do PAC – Plano de
Aceleração do Crescimento48.
O Programa atualmente conta com recursos das 3 instâncias do Poder
Público e do BIRD - , tem coordenação geral na Secretaria de Saneamento e
Recursos Hídricos do Governo do Estado de São Paulo, e conta com a Prefeitura
Municipal de São Paulo como executora das intervenções, entre outras prefeituras, e
o envolvimento de empresas estatais como a Sabesp, a Eletropaulo, o DAEE
(Departamento de Águas e Energia Elétrica) e o CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional Urbano).

3.1.2. APA-Capivari-Monos.

A APA-Capivari-Monos é uma área ambientalmente protegida que abrange


três sub-bacias hidrográficas: Guarapiranga, Billings e Capivari-Monos, assim como
todo o Distrito de Marsilac e a região sul do Distrito de Parelheiros (75% da Sub-
Prefeitura de Parelheiros). Sua criação remonta vários anos de deliberações na
década de 1990 sobre a necessária ordenação territorial de porções significativas
dos Mananciais paulistanos, a fim de estabelecer alguma segurança com relação à
sua manutenção enquanto região de manancial de abastecimento hídrico à
população. É a primeira UC Municipal, está delimitada pelo perímetro da cidade de
São Paulo à leste e oeste, possui 251 km² (1/6 do território municipal) e mais de 65
mil habitantes, entre eles populações indígenas relevantes como os Guaranis (Terra
Indígena da Barragem; e a Terra Indígena Krucutu)49. Deste total, cerca de 50%
compõem a população de Vargem Grande. Há grande biodiversidade, animais em
risco de extinção, como a onça parda, e significativos remanescentes de mata
atlântica, e rios ainda de águas cristalinas, embora dois, dos três tributários da
Represa Billings, o Ribeirão Vermelho, próximo à Vargem Grande, e o Rio

                                                            
48
Dados gentilmente fornecidos pela JNS/Hagaplan – Gerenciadora de Projetos do Programa
Mananciais no Município de São Paulo.
49
Decretos presidenciais que homologam a demarcação destas terras indígenas, da Barragem:
Decreto nº 94223/87; e Krucutu: Decreto nº 94222/87. (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO,
Cratera da Colônia, s/d)
53
 

Fig. 20 – Olhando de Longe. Município de São Fig.21 – Olhando de perto: Barco passa próximo ao lixo e
Paulo, APRMs / Situação - APA Capivari-Monos, esgoto nas margens da represa Billings, um dos maiores e
no interior da qual está Vargem Grande – mais importantes reservatórios de água da Região
proximidade ao Braço Taquacetuba. Fonte: Metropolitana de São Paulo (SP). Fonte:
Embrapa. Disponível em< UOL NOTÍCIAS. No Brasil, 13 milhões de pessoas não
http://www.apacapivari.cnpm.embrapa.br/localiza. possuem banheiro em casa; país é 9° em "ranking mundial
html>. Acesso em 12 maio 2010. da vergonha". 27 jul. 2010. Disponível em:
<http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/07/27/no-brasil-13-
milhoes-de-pessoas-nao-possuem-banheiro-em-casa-pais-
e-9-em-ranking-mundial-da-vergonha.jhtm>. Acesso em 24
out. 2010.

Taquacetuba50, segundo monitoramento da SABESP, são apontados com


altos índices de coliformes fecais oriundos principalmente do esgoto neles lançado.
Em especial o Ribeirão Vermelho, que deságua no Braço Taquacetuba da Represas
Billings - justamente de onde a SABESP transfere as águas desta para a Represa
Guarapiranga, de onde esta empresa capta diariamente as águas as serem tratadas
e distribuídas para boa parte da metrópole.
A APA Capivari-Monos está inserida na área considerada pela UNESCO
como Reserva da Biosfera do Cinturão Verde do Município de São Paulo e é gerido
por um Conselho Gestor tripartite, que por sua vez, concentra altíssima importância

                                                            
50
O terceiro tributário é o Rio Kurucutu, menos poluído.
54
 

Fig. 22 – APA Capivari-Monos – Carta Geotécnica. Fonte: Embrapa. Disponível em:


<http://www.apacapivari.cnpm.embrapa.br/mapas.html>. Acesso em 12 nov. 2010.

Fig. 23 – APA Capivari-Monos – Mapeamento de Uso do Solo. Fonte: Embrapa. Disponível em: <
http://www.apacapivari.cnpm.embrapa.br/mapas.html>. Acesso em 12 nov. 2010.

como instrumento de integração entre as diferentes esferas de interesses e de


busca por soluções para os conflitos entre as mesmas. É espaço e instrumento
55
 

Fig. 24 e 25 – Belezas cênicas da APA Fontes: Blog Parelheiros – Portal das Águas – Amazônia Paulistana –
patrimônio Natural de São Paulo. Disponível em:
http://parelheirosportaldasaguas.blogspot.com/2007_08_01_archive.html>. E Blog Extremo Sul de São Paulo.
Disponível em: <http://extremosulsp.blogspot.com/2010/05/apa-capivari-monos.html>. Aceso em 03 fev. 2011.

também e sobretudo, de preservação do patrimônio ambiental e cultural da cidade,


assim como de deliberação e organização das ações de recuperação ambiental e
urbanística, assim como de conciliação entre a preservação, a recuperação e o
desenvolvimento econômico da região através do apoio à atividades mais
coerentemente adequadas para esta região, como o ecoturismo, por exemplo.51

3.1.3. Cratera da Colônia

A Cratera da Colônia é considerada Sítio Geológico Nacional e constitui área


tombada pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Res. SC 60 de
20/08/2003) e em processo de tombamento pelo CONPRESP - Conselho Municipal
de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São
Paulo (Resolução 04/95) por ser testemunho da queda impactante de um corpo
celeste (meteorito ou cometa) há cerca de 36,3 milhões de anos atrás (Período
Terciário), causando o que é chamado de astroblema (RICCOMINI, 1989) – uma
formação geológica circular, de extremidades colinosas e interior aplainado aluvial.
                                                            
51
vide JACINTHO, 2003; BELLENZZANI, s/d; PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, APA
Capivari-Monos, s/d; ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL CAPIVARI-MONOS (SP). s/d.
56
 

Fig. 26 – Configuração topográfica da Cratera da Colònia e bacia do Ribeirão Vermelho. Fonte: Prefeitura
Municipal de São Paulo – Secretaria de Desenvolvimento Urbano – gentilmente fornecido por Olga Gross.

Este astroblema possui 3.640 metros de diâmetro com alturas que variam na
ordem de 80 a 125 m entre as colinas circulares externas e o centro, no entanto,
estima-se que a profundidade original da cratera tenha sido, por ocasião do impacto,
de cerca de 900 m, que foram sendo aos poucos preenchidos de sedimentos. O
Ribeirão Vermelho, Vargem Grande e o Parque Natural Municipal da Cratera de
Colônia estão localizados em seu interior (JACINTHO, 2003, AMPLA - PROJETOS E
SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE LTDA, 2009)

3.1.4. Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia

O Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia52 é uma Unidade de Conservação


de Proteção Integral criada em 2007 com recursos advindos de Furnas Centrais
Elétricas S.A., em cumprimento ao Termo de Compromisso de Ajustamento de
Conduta–TAC, assinado em 2000 entre Ministério Público Federal, IBAMA e a
empresa mencionada, como compensação aos impactos negativos causados pela

                                                            
52 Lei nº 14.164, de 29 de maio de 2006 e Decreto nº 48.423 de junho de 2007.
57
 

Fig. 27. Localização do Loteamento na Cratera e vista geral do mesmo. Gentilmente cedida pela Arquiteta
Adriana Levisky.

passagem do Linhão no território da APA Capivari-Monos. Ocupa uma área de


530.000 m² ao sul do Loteamento, contemplando o Ribeirão Vermelho e extensa
várzea, com solo turfoso e vegetação típica e com importante função depuradora da
poluição do Ribeirão Vermelho. Sua gestão cabe à Municipalidade (SVMA –
Secretaria do Verde e Meio Ambiente), deve constituir seu próprio Conselho Gestor
Tripartite e produzir um Plano de Manejo em breve, porém já se estabelece que em
seu território são permitidos apenas os usos de EA (Educação Ambiental) e
pesquisas científicas, mediante autorização.
58
 

3.1.5. Composição Geológica e Drenagem

Embora o loteamento tenha uma parte (norte) situada na região colinosa da


Cratera (cota aproximada de 820 m), toda sua área sul e sudeste encontra-se em
terreno de planície aluvial53 e pantanosa (cota de 750 m aproximadamente), em
queda na direção do centro da Cratera, no qual se acumulam água, sedimentos, e
materiais orgânicos, que forma as chamadas turfas, solos argilosos nos quais
encontram-se muitos restos de plantas como xaxins e samabaiaçus, que possuem
comportamento de esponjas capazes de absorver grandes quantidades de água,
filtrando-as até o interior do terreno. A compartimentação geotécnica realizada em
2009, que fez parte dos levantamentos necessários ao Projeto Urbanístico Final da
área levanta também que foi encontrado solo coluvial, sedimentar, resultante de
ambientes fluviais que contribuíram para a formação dos aluviões centrais. Estes
solos, no entanto, sofreram processo de ressecamento pela retirada da vegetação
ciliar e aterramentos – procedimentos próprios da implantação da malha urbana em
questão. É grande a diferença entre a região sul e norte do loteamento, também no
que diz respeito à taxa de ocupação e o padrão edilício das habitações – ao sul, a
taxa é bem menor, com casas menores construídas de materiais mais precários, ao
norte, o contrário disso. (AMPLA - PROJETOS E SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE
LTDA, 2009; PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, Cratera da Colônia, s/d;
JACINTHO, 2003)
A topografia do loteamento tem seu ponto mais alto (divisor de águas) na região
colinosa, dividindo o mesmo aproximadamente em seu terço médio (1/3 ao norte;
2/3 ao sul), como pode ser observado na imagem abaixo. A drenagem das águas
pluviais ocorre portanto, em duas frentes, a primeira dirige-se ao Ribeirão da Colônia
ao norte e o segundo, a maior porção do bairro, segue para o Ribeirão Vermelho,
mas de maneira mais lenta, pois nesta parte a declividade é menor.
Em função da baixa capacidade de suporte dos terrenos coluviais e aluviais
(altíssimo grau de umidade, com altura do lençol freático em torno de 1 m da
                                                            
53
As planícies aluviais são formações geológicas compostas com aluviões em áreas planas.
“Aluvião:- s.m. ou f.- Depósitos recentes de sedimento inconsolidado que se forma ao longo das
margens dos rios e nas desembocaduras dos cursos d'água com alguma massa de água parada
(lago, laguna ou mar. O acúmulo de aluvião nas margens dos cursos d'água dá origem às várzeas,
locais tradicionalmente procurados para agricultura, pois aliam fertilidade à presença d'água”
(Dicionário Livre de Ciências. Disponível em:
<http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Aluvi%C3%A3o>. Acesso em 25 março de 2011.)
59
 

Fig. 28 – Mapa de Localização dos Pontos de Sondagem e Perfis. Gentilmente cedido pela Prefeitura Municipal
de São Paulo. Secretaria de Habitação. Superintendência de Habitação Popular e Construtora Camargo Corrêa
(contratante da Ampla Projetos e Serviços em Meio Ambiente).
60
 
61
 

Fig. 29: Perfis Geotécnicos. Gentilmente cedidas pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Secretaria de
Habitação. Superintendência de Habitação Popular e Construtora Camargo Corrêa (contratante da Ampla
Projetos e Serviços em Meio Ambiente).
62
 

superfície do terreno), estes se tornam impróprios para a implantação de edificações


de qualquer tipo, especialmente habitacionais populares54, e até mesmo para
construção viária que necessite de capacidade de suporte (para comportar veículos
pesados, como caminhões de lixo, por exemplo). Dentre os principais problemas
apontados pela Compartimentação Geotécnica estão:
 Inundação nos lotes e edificações
(...) durante os eventos de chuvas mais intensas e que resultam (...) de
características próprias de um setor da área ocupada, constituída por
terrenos de muito baixa declividade, o que dificulta o escoamento das águas
pluviais, potencializado pela inadequação das intervenções realizadas
para a implantação do arruamento e das próprias edificações nos lotes
(AMPLA - PROJETOS E SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE LTDA, 2009,
grifos nossos)
Dentre estas inadequações, a excessiva impermeabilização do solo pelas
edificações, os aterros que modificaram o relevo e ausência de um sistema de
drenagem das águas pluviais e fluviais, que pudessem concentrar e disciplinar o
transporte e a necessária infiltração destas águas até o Ribeirão Vermelho,
aumentaram a vazão das águas pluviais, que ao chegar em terrenos mais planos,
onde as vias, em muitos casos está em um nível mais alto que a do lote, invadem
seu interior, muitas vezes chegando a inundar o interior da habitação.
Para viabilizar o tráfego nas vias, estas foram implantadas com a execução
de aterros com materiais diversos, como entulhos de construção, por
exemplo, passando a constituir, em boa parte deste setor de terrenos baixos
e planos, a superfície mais elevada. Esta situação, associada à não
execução de aterros nos lotes com altura suficiente para torná-los mais
altos em relação à via adjacente e ao lançamento dos esgotos sanitários
diretamente nos precários sistemas de canaletas pluviais configurou um
quadro propício ao desenvolvimento de inundações nos lotes e no interior
das moradias. Nestas, as águas entram através das tubulações de esgoto
desde as canaletas nas vias, ressurgindo nas privadas. (AMPLA -
PROJETOS E SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE LTDA, 2009, grifos
nossos)

                                                            
54 Construir em terrenos alagadiços ou mesmo alagados é possível, mas os custos de fundação,
estrutura e materiais são elevadíssimos, inviáveis para construções populares, e os riscos podem ser
grandes, tanto para as edificações e seus usuários, quanto para o ecossistema, que tende a ser
sistematicamente modificado.
63
 

Fig. 30 – Zoneamento Geotécnico. Gentilmente cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo. Secretaria de
Habitação. Superintendência de Habitação Popular e Construtora Camargo Corrêa (contratante da Ampla
Projetos e Serviços em Meio Ambiente).
64
 

Fig. 31 – Locais com Recomendações Ambientais. Gentilmente cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo.
Secretaria de Habitação. Superintendência de Habitação Popular e Construtora Camargo Corrêa (contratante da
Ampla Projetos e Serviços em Meio Ambiente).
65
 

Fig. 32– Vargem Grande – vista aérea da região sul. Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo
Corrêa, para levantamento fotográfico com a Arquiteta Adriana Levisky. Gentilmente cedidas.

 Infiltração nas edificações - umidade excessiva vinda do solo,


principalmente nas regiões mais baixas, onde o nível do lençol freático é
menor que 1m da superfície e o grau de impermeabilização do piso não é
suficientemente alto, e também em função da ausência de um sistema
adequado de drenagem, que causam uma série de patologias edilícias, como
desestabilização, rachaduras, formação de fungos, etc.
 Recalques excessivos ou diferenciais (deformações nos pavimentos),
em função da baixa capacidade de suporte do terreno e dos aterros, que
chegam à profundidade de 6m da superfície.
Mesmo em estruturas onde esses processos não tenham provocado danos,
estes podem se desenvolver, tanto como conseqüência de construção de
novos pavimentos, como em razão de intervenções em terrenos vizinhos –
por interação de cargas na fundação – ou por rebaixamento temporário
ou permanente do nível freático decorrente de obras de infraestrutura,
como redes subterrâneas de saneamento ou troca de solo do subleito de
pavimentos viários ou mesmo por sistemas de recalque de águas
subterrâneas de estruturas como garagem subterrâneas. (AMPLA -
PROJETOS E SERVIÇOS EM MEIO AMBIENTE LTDA, 2009, grifos
nossos)
66
 

 Erosão dos solos e escorregamentos. Rupturas, sulcos e ravinas podem vir


a se desenvolver nas regiões com maior declividade (ao norte), de solo
laterítico (também chamado de saprolíticos, de textura siltosa e baixa coesão
– formação rochosa de embasamento cristalino) se a camada superficial do
mesmo for retirada e o solo exposto; ou mesmo em função de áreas
inadequadamente aterradas sem confinamento (sem contenção, arrimo e
estabilização).
Para descrição das recomendações feitas pelo Laudo geotécnico temos o
loteamento dividido em 6 partes, com 6 pontos em especial de indicação,
conforme Fig. 29:
• Ponto 1: refere-se ao trecho da drenagem urbana atual que interliga dois
segmentos de cursos d’água preservados em sua fisiografia, a montante,
com o segmento pouco alterado a jusante. Neste trecho recomenda-se a
reconfiguração de um canal fluvial e a implantação das APPs
correspondentes, de acordo com a legislação ambiental.
• Ponto 2: situação similar ao Ponto 1. As águas fluviais neste trecho
seguem atualmente por um sistema de canaletas junto ao meio fio do
sistema viário, em condições precárias e com risco de extravasamento e
inundação das moradias adjacentes. Recomenda-se reconstruir este
trecho em canal fluvial e respectivas APPs, ajustando-se o seu traçado
de forma reduzir o impacto em termos de remoção das moradias atuais.
• Ponto 3: no referido mapa da Emplasa (1974) este segmento de
drenagem é marcado como curso d’água perene. As verificações de campo,
no entanto, não evidenciam a sua presença anteriormente à ocupação do
Bairro, não se identificando a ocorrência de nascentes ou fluxos
permanentes de origem fluvial junto aos sistemas de drenagem construída.
Recomenda-se, portanto, a não implantação de sistema fluvial,
mantendo-se apenas o projeto de drenagem pluvial.
• Ponto 4: refere-se ao possível traçado do canal fluvial que conduzia as
águas provenientes de nascente localizada na área de mata a montante. As
verificações de campo confirmaram a presença de um curso d’água a
montante e que, ao alcançar a área urbanizada – nas proximidades do Poço
4 da Sabesp – foi desviado por meio de um canal implantado junto ao seu
limite oeste, até a várzea do ribeirão Vermelho. Ao longo do traçado original
não foram identificadas feições de entalhe do canal fluvial, possivelmente
obliteradas por aterramento nos lotes ali localizados. Não foram
identificadas, tampouco, evidências de concentração de fluxos superficiais
ao longo desse traçado, o que leva à recomendação de não se restituir o
67
 

canal em seu traçado original, uma vez que o sistema de drenagem


pluvial proposto será suficiente para coletar e conduzir as águas
superficiais do trecho considerado. Recomenda-se, adicionalmente,
implantar melhorias no canal no trecho desviado, principalmente o seu
redimensionamento de forma a comportar as vazões de cheias e evitar o
seu extravasamento e a conseqüente inundação das moradias lindeiras.
• Ponto 5: a linha demarcada constitui um sistema precário de drenagem
das águas pluviais e de esgotos sanitários que passa no meio de quadras
ocupadas, ora em canal aberto, ora em galerias e até com edificações
sobrepostas. No trecho final a jusante, as águas correm em vala simples,
escavada em solo, até alcançar o canal da rua Magnólia. Após a
implantação do sistema de drenagem pluvial proposto e da interligação dos
esgotos dos domicílios ao sistema já implantado pela Sabesp, este sistema
precário não será mais necessário, o que deverá resultar na plena
ocupação dos lotes ao longo do seu traçado atual.
• Ponto 6: são demarcados os pontos de lançamento das águas superficiais
na planície do ribeirão Vermelho e que demandarão a instalação de
dispositivos de contenção de sedimentos e de resíduos e de dispersão
das águas, restituindo o escoamento difuso das águas que caracteriza
a dinâmica natural neste área. (AMPLA - PROJETOS E SERVIÇOS EM
MEIO AMBIENTE LTDA, 2009, grifos nossos)

3.1.6. Intervenção Urbanística-Ambiental – Projeto Básico

No final da década de 1990, houve a implantação do sistema de


abastecimento de água (Sabesp), de coleta de resíduos sólidos (PMSP), de sistema
de iluminação pública (Eletropaulo) no âmbito do Plano Emergencial dos
Mananciais55. Por ocasião do estudo prévio para o Projeto Básico56, a Gerenciadora
JNS/Hagaplan indica os principais problemas do loteamento:

                                                            
55
Art. 1º, Parágrafo 2º do Decreto Estadual 43.022 de 07 de abril de 1998. Ainda no âmbito do Plano
Emergencial, a Sabesp tem trabalhado na implantação do esgotamento sanitário, que pelo fato de ter
que ser levado para tratamento em Barueri, estas obras ainda não estão finalizadas. É muito grande
a distância entre Barueri e Vargem Grande – distância que tem requerido obras como a construção
de estações elevatórias, dentre outras, que levam muito tempo.
56
Datado de 2007, Projeto Básico de Adequação da Infraestrutura Urbana e Urbanização de Favelas
foi realizado pelo Consórcio JNS/Hagaplan (Gerenciadora dos Projetos do Programa Mananciais, no
âmbito do Contrato SEHAB 002/2001) para a licitação da obra, ganha pela Construtora Camargo
Corrêa. Como o próprio nome diz, trata-se de um conjunto de determinações preliminares a respeito
das características, necessidades e soluções a serem implantadas pela intervenção urbanística.
68
 

Fig. 33– Vargem Grande – vista aérea das obras da Estação Elevatória da Sabesp na região sul do Loteamento.
Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa, para levantamento fotográfico com a Arquiteta
Adriana Levisky.  

 Dificuldade ao trânsito de pedestres devido à inexistência de


calçadas e de rampas ou escadarias nos caminhos.
 Dificuldade ao trânsito de veículos devido aos leitos carroçáveis sem
base apropriada para circulação de veículos (sem pavimentação); à
inexistência de balão de retorno em vias sem saída.
 Carência de áreas livres para lazer e arborização nas ruas,
inclusive infantil; o que consequentemente estabelece o desconforto
térmico causado por inexistência de áreas de sombra nas calçadas;
 Risco de instabilidade em taludes localizados;
 Lançamento de águas servidas e esgoto na via pública e sistema
superficial de drenagem de águas pluviais, em processo de
 assoreamento, pelo carreamento de sólidos e detritos por ocasião da
ocorrência de enxurradas;
 Inexistência de estruturas apropriadas para condução das águas
pluviais em talvegues;
69
 

Fig. 34 e 35– Vargem Grande – vista aérea. Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa, para
levantamento fotográfico com a Arquiteta Adriana Levisky. Gentilmente cedidas. 

 Inexistência de manutenção preventiva e corretiva no sistema de


drenagem superficial.
70
 

As soluções para estes problemas podem ser resumidamente listados em:


 Implantação de equipamentos de lazer e recreação (campo de futebol,
duas quadras poliesportivas, playground,
 Pavimentação com o semi-permeáveis e hierarquização das vias para
trânsito de veículos, e reformas (redução ou ampliação) do leito
carroçável, com construção de dois binários57 principais.
 Construção de calçadas com pavimentação semi-pemeável e
arborização, em todas as vias.
 Construção de 3 escadarias de 14, 17 e 16 m de desnível
(respectivamente nas ruas Cardeal, Picharro e Primavera) para
pedestres nestas vias muito íngremes, e outras escadarias menores
em vielas.
 Recuperação da mata ciliar junto às nascentes e aos córregos
existentes.
 Ausência da necessidade de remoção de famílias e demolição de
edificações, a não ser em função do projeto de drenagem.
 Obras de consolidação geotécnica em diversos taludes
 Macro e micro-drenagem superficial (sarjetas e sarjetões) e em alguns
casos, bocas de lobo e poço de visita

3.1.7. Do Projeto Básico ao PRIS – O Projeto Urbanístico

Por determinação do parágrafo 2º do Art. 14 da Lei 13.136 de 2001, que cria a


APA Capivari-Monos58, em 04 de junho de 2008 foi apresentado ao Conselho Gestor
desta, a proposta preliminar de intervenção no Loteamento Vargem Grande, e sobre
esta proposta foi emitido um parecer, construído com argumentações deliberadas
em reuniões realizadas no final de junho e início de agosto do mesmo ano, com
representantes de várias secretarias municipais, a subprefeitura de Parelheiros,
                                                            
57
Binários são sistemas de trânsito formados por duas vias paralelas que operam em sentidos
opostos, têm por objetivo aumentar a capacidade do eixo formado pelas duas vias, garantir melhor
fluidez de tráfego de veículos, diminuir os pontos de conflito, como conversões à esquerda e, com
isso, oferecer mais segurança no trânsito.
58
“Qualquer plano de recuperação de parcelamentos de solo já implantados será objeto de
licenciamento, ouvido o Conselho Gestor”. (grifos nossos)
71
 

representantes da Comunidade pela ACHAVE – Associação Comunitária e


Habitacional Vargem Grande, o Instituto Socioambiental (ISA) e as empresas
encarregadas respectivamente pelo gerenciamento do projeto e da execução da
obra, o Consórcio JNS/Hagaplan e a Construtora Camargo Corrêa. O parágrafo I, do
Art. 13 da Lei acima citada, já estabelecia que um Plano de Recuperação deveria
ser realizado para a área natural da Cratera da Colônia, e seu Art. 14 definia os
parâmetros para este Plano, tais como a implantação de sistema de abastecimento
de água, de pavimentação permeável ou semi-permeável; de sistema de
saneamento ambiental (esgotamento sanitário, coleta, transporte e destinação
adequada dos resíduos sólidos, drenagem pluvial); de processos de recomposição
vegetal em área de APP e áreas que tivessem sido terraplenadas, assim como
proíbe a supressão vegetal e exige a remoção das edificações nestas mesmas
áreas (APPs, ou seja, margens dos corpos d´água, áreas de alta declividade), assim
como em outras áreas de risco.
O parecer estabelece algumas diretrizes de orientação para o
desenvolvimento do Projeto Básico para o Projeto Urbanístico a ser realizado. Estas
diretrizes solicitam documentos, estudos e procedimentos, que podem ser
resumidos na seguinte listagem:
 estudo e proposta de remoções necessárias e reassentamento
habitacional (no local ou preferencialmente próximos – ZEIS-4), para
curto e médio prazos, lembrando que as remoções devem ser feitas
nas regiões impróprias (em risco, em APPs e na região mais alagadiça
do loteamento)
 utilização de pavimentos permeáveis
 apresentação dos levantamentos básicos necessários: topografia;
sistema viário; identificação dos fluxos de drenagens já estabelecidas e
da vegetação existente; altimetria, caracterização geotécnica, e APPs,
conforme Levantamento Aerofogramétrico 80/81, Folha 3215- Colônia
– do Sistema Cartográfico Metropolitano (anos 1970), assim como
definição das áreas de primeira e segunda categorias.59

                                                            
59
Há que se ressaltar que em 2008, ocasião da emissão deste parecer, a Lei Específica da Área de
Proteção e Recuperação dos Mananciais da Represa Billings (APRM-B), Lei 13.579 de 2009, ainda
não tinha sido promulgado. As chamadas áreas de primeira e segunda categorias são áreas
72
 

Fig. 36 – Projeto Urbanístico Final para Recuperação de Interesse Social do Condomínio Vargem Grande.
Projeto Levisky Arquitetos Associados. Arq. Adriana Levisky. Planta. Todas imagens gentilmente cedidas.

Fig. 37 – Projeto Urbanístico Final para Recuperação de Interesse Social do Condomínio Vargem Grande.
Projeto Levisky Arquitetos Associados. Arq. Adriana Levisky. Vista 3D de uma das calçadas e vias a serem

                                                                                                                                                                                          
estabelecidas pela Lei de Proteção aos Mananciais (LPM) de 1976, e são substituídas pelas
chamadas Áreas de Intervenção ARA, ARO e AOD.
73
 

implantadas.

Fig. 38 - Projeto Urbanístico Final para Recuperação de Interesse Social do Condomínio Vargem Grande. Projeto
Levisky Arquitetos Associados. Arq. Adriana Levisky. Planta com localização das remoções.

A partir de então reuniões periódicas foram realizadas entre profissionais da


Secretaria do Verde e Meio Ambiente e da Secretaria de Habitação da Prefeitura de
São Paulo, junto a outros profissionais convidados, como o Professor Tundisi, a
equipe do estudo geotécnico realizado, e equipes contratadas pela Construtora
Camargo Corrêa, a fim de dar andamento ao processo de construção do Projeto
Urbanístico, de maneira a satisfazer todos os requisitos e possibilidades
necessárias, abarcando sugestões de todos os envolvidos.
O Projeto Urbanístico, de autoria da Arquiteta Adriana Levisky, contratada da
Construtora Camargo Corrêa, intitula-se “Museu Aberto Cratera da Colônia”, e se
constitui de 4 parques interligados por mirantes, portais, praças, passeios peatonais
e ciclovias. Integra-se a um projeto específico de drenagem de águas pluviais e
fluviais, que ora estão separados, ora se integram, a fim de filtrar a poluição difusa
antes que as mesmas sejam encaminhadas para o Ribeirão Vermelho. O projeto de
drenagem respeita o desenho dos corpos d´água existentes e suas nascentes, e
estabelece, com o Projeto Urbanístico, a integração necessária para que os canais
abertos, possam compor, junto aos passeios e ciclovias, um conjunto harmônico,
74
 

Fig. 39 – Projeto Urbanístico Final para Recuperação de Interesse Social do Condomínio Vargem Grande.
Projeto Levisky Arquitetos Associados. Arq. Adriana Levisky. Vista 3D do Parque do Canal.

Fig. 40 – Vargem Grande – a mesma vista da imagem anterior, do projeto, com destaque para o corpo d´água
que drena do Loteamente para o Ribeirão Vermelho, atualmente, esgoto, águas pluviais e fluviais. Fonte:
Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa, para levantamento fotográfico com a Arquiteta Adriana
Levisky. Gentilmente cedidas.
75
 

Fig. 41 e 42 – Do mesmo sobrevôo, destaque para os corpos d´água com resíduos sólidos flutuando e
acumulados.

próprio de Parque. O título busca resgatar a beleza cênica da Cratera, assim como a
própria memória do lugar. A região sul, mais alagadiça, é a que mais sofre a
necessidade de remoções das famílias para demolição das moradias aí construídas,
uma vez que nesta região (Parque Verde), se estabelece a região de amortecimento
entre o loteamento e a várzea.
São reconstituídos cerca de 360 mil m2 de novas áreas verdes em todo o
loteamento, com a recuperação total de todos os corpos d´água averiguados pela
análise geotécnica. Esta pôde certificar todos os envolvidos que um dos corpos
d´água presentes no Mapa da Emplasa de 1974, não existe, o que reafirma o valor
desta prática (análise geotécnica) como imprescindível para os novos PRIS nas
APRMs. É possível que este corpo d´água já tenha existido, mas em um tempo tão
anterior às transformações advindas da ocupação, que atualmente, não se faz
possível sua regeneração (renaturalização), uma vez que nem mesmo sua nascente
foi encontrada.
Houve hierarquização das vias, para que uma área sempre maior possível de
pavimentos semi-permeáveis (o intertravado é o mais utilizado) pudesse ser
implantada, e que aterramentos fossem feitos apenas nas ruas que necessitem de
maior capacidade de suporte para trânsito pesado. Os pavimentos semi-permeáveis,
no entanto, demandam maior manutenção, possuem baixa capacidade de suporte e
não se comportam bem em declividades, de maneira que exigem uma série de
76
 

cuidados pós-urbanização, que terá que se efetivar, caso contrário, se deteriorará


rapidamente. Esta é uma questão de grande impasse ainda no conflito entre a
urbanização clássica e o ecourbanismo – a impermeabilização. O asfalto ou o
pavimento impermeabilizante é, no gosto popular, muito mais aceito que as
alternativas semi-permeáveis e é também mais barato, o que torna a obra mais
viável social e economicamente. E por ser mais duradouro que o piso intertravado é
também mais sustentável no tempo. Ocorre que a impermeabilização aumenta o
escoamento superficial das águas pluviais, carregando maior quantidade de poluição
difusa para o sistema de drenagem, para os corpos d´ água e para a própria
Represa Billings. A poluição difusa é um dos grandes vilões da poluição da Represa,
uma vez que, de difícil controle. O aumento do escoamento superficial também
acarreta maiores possibilidades de enchentes, principalmente em regiões de
mananciais, dado a pouca profundidade das águas subterrâneas. Muitos problemas
são relatados na execução deste tipo de pavimento, sobre a compactação da base
de areia, que acaba por tornar o pavimento menos permeável do que deveria. Neste
quesito ainda há necessidade de novas alternativas tecnológicas de baixo-custo,
fácil manutenção e também maior grau de permeabilidade.
Há implantação de calçadas, iluminação e arborização pública junto a estas;
recuperação e valorização da Praça Central, com manutenção da arborização hoje
existente e implantação de decks e equipamentos de lazer, bicicletário,
estacionamento e também o melhoramento do campo de futebol ao lado da Escola.
O custo total para execução deste Projeto é em torno de 300 milhões de reais até o
final do ano de 2013.
Estudos já estão sendo feitos para os Planos de Remoção e Reassentamento
na ZEIS-4 próxima. Diferentemente do Projeto Básico, o Plano Urbanístico da
Arquiteta Adriana Levisky, em conformidade às exigências da legislação incidente,
considera remover 789 moradias em lotes que estejam em APP (Área de
Preservação Permanente dos corpos d´água e também ARO – Área de Restrição à
Ocupação, conforme a Lei Específica), ou em área considerada de risco de
enchente, como toda a região ao sul do loteamento. Como foi dito anteriormente, na
região sul, há casas mais simples, com uma população que já sofre em época de
chuva com as enchentes e não se colocam contra a remoção, uma vez que
reconhecem ser favorecidos pela possibilidade de morar em uma apartamento novo
e subsidiado. O mesmo não ocorre, porém, com as famílias que precisam ser
77
 

Fig. 43 – Vargem Grande – ZEIS-4 próxima, com destaque para os coros d´aágua próximo e a área de APP
interna á ZEIS-4.

Fig. 44 e 45– Vargem Grande – vistas aéreas. Fonte: Sobrevôo realizado pela Construtora Camargo Corrêa,
para levantamento fotográfico com a Arquiteta Adriana Levisky. Gentilmente cedidas. 
78
 

removidas de casas auto-construídas em lotes de 250 m2, em terreno razoavelmente


estável, muitas vezes, de dois andares e excelentes acabamentos, que se
encontram ao longo das APPs que darão lugar aos Parques Linear, do Canal e
Diagonal. Nestes casos, a recusa e a revolta são muito grandes. As reuniões já
realizadas para apresentação do projeto contaram com problemas sérios de
representatividade dos moradores, uma vez que muitas informações são depois
distorcidas pelas próprias lideranças, em suas disputas internas. Maiores bases de
diálogo precisam ser efetivamente acionadas junto à população e também às
lideranças, para que estes problemas se equacionem.

3.1.8. Aspectos Jurídicos, Zoneamento e Licenciamento

Para o geógrafo Márcio Ackermann, a revisão da lei de proteção aos


mananciais através da Lei Específica da Billings é um avanço, visto a
expectativa de recuperação das margens da represa ocupadas mediante
regularização urbanística ambiental, o que é previsto na lei específica,
porém, o governo estadual não está tratando o assunto como deveria. “O
governo do Estado está pelo menos um ano atrasado nas demandas
correlatas à lei específica. Destaco o atraso em relação aos passos que
devem ser seguidos a fim de atender o que estabelece a Lei Específica,
como também merece ressaltar que faz mais de 4 anos que o Comitê
Estadual de Recursos Hídricos aponta a ausência do plano de gestão dos
recursos hídricos. Ou seja, tanto a Lei Específica da Billings, quanto a
política estadual de recursos hídricos contam com significativos atrasos em
suas deliberações. Atrasos esses cometidos principalmente pelo Estado –
Secretaria Estadual de Meio Ambiente – CETESB e também Secretaria
Estadual de Recursos Hídricos”, fala. Ele lista o que é preciso fazer pela
Represa Billings e que, até agora, ninguém fez. “Quanto ao que temos de
necessário a ser feito se refere ao problema referente à contaminação por
metais pesados e outros contaminantes depositados no fundo do
reservatório, bem como, nas águas subsuperficiais. A CETESB deve
solicitar a EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), responsável
pelo reservatório, Laudo de Avaliação de Passivos Ambientais, a fim de
79
 

Fig. 46 – Áreas de Intervenção – Zoneamento urbano-ambiental na APRM-B. PDPA em andamento. Cobrape.


Disponível em: <http://www.cobrape.com.br/det_portfolio.php?id=149>. Acesso em 06 jun. 2010. Em rosa, SUCt
– Sub-Área de Urabnização Controlada; em Laranja SOE - Sub-área de Ocupação Especial (ZEIS-4); em ocre,
SBD - Sub-área Baixa Densidade,e em verde, SCA- Sub-área de Consservação Ambiental – Todas Áreas de
Ocupação Dirigida - AOD. Vide Anexo G- Áreas de Intervenção – APRM-B

detalhar aspectos correlatos a contaminação, bem como definir um plano de


remediação pertinente, se convier. Inclusive o Ministério Público do Estado
de São Paulo pode apoiar essa questão, visto a importância estratégica
para conservação do reservatório”. (OLIVEIRA, 2011, grifos nossos)

No zoneamento geo-ambiental da APA Capivari-Monos (Lei 13.706 de 2004)


está enquadrado como ZEPAC – Zona Especial de Proteção e Recuperação do
Patrimônio Ambiental. No zoneamento urbano municipal e no Plano Regional
Estratégico da Subprefeitura de Parelheiros é categorizado como ZMp – Zona Mista
de Proteção Ambiental, que faz parte de uma zona maior, chamada de Macroárea
de Conservação e Recuperação; embora tenha todas as características de ZEIS-1 –
Zona de Especial Interesse Social-1.
80
 

No zoneamento ambiental do Estado (Lei 13.579 de 2009 e Decreto 55.342


de 2010) está em processo de enquadramento como ARA-1 – Área de Recuperação
Ambiental 1, categoria que se sobrepõe a uma AOD – Área de Ocupação Dirigida,
chamada de SUCt – Sub-área de Urbanização Controlada.
Zona Referente / Base Condicionantes
legal
ZEPAC APA Capivari-Monos  a preservação de preenchimento sedimentar, com
Lei 13.706 de 2004 – profundidade estimada de 430,00 (quatrocentos e trinta) metros,
Art. 23 portadora de evidências dos paleoclimas com significativo valor
científico para o estudo do Período Quaternário e das oscilações
globais;
 preservação da estrutura geomorfológica circular da
depressão, correspondente à planície central e às colinas
circundantes;
 recuperação e preservação dos cursos d’água que
compõem a drenagem da cratera e
 recuperação e a preservação da várzea do Ribeirão
Vermelho da Billings, tributário do braço Taquacetuba;
ZMp / Município de São  melhoramento dos loteamentos regulares e das áreas com
ZEIS-4 Paulo ocupação por usos urbanos mais antigos;
Plano Diretor  regularização dos loteamentos irregulares, respeitada a
Estratégico, Lei legislação estadual de proteção aos mananciais;
13.430 de 2002 -  promoção de gestões para o atendimento das áreas
e quanto à coleta de lixo, à iluminação pública, ao abastecimento
Anexo XX – Livro XX de água e ao saneamento básico inclusive rede coletora de
do Plano Regional esgoto;
Estratégico da  promoção de gestões junto ao INCRA para incluir as áreas
Subprefeitura de com usos urbanos no Cadastro do IPTU, especialmente nas
Parelheiros - Art. 34, Centralidades de Parelheiros e da Colônia, para maior controle e
35 e 36. E Art. 172 monitoramento da ocupação por usos urbanos;
(ZEIS-4)  conservação da permeabilidade do solo por meio de
pavimentação drenante das vias públicas;
 controle e monitoramento da expansão dos loteamentos
existentes, bem como de seu adensamento.
 gabarito de 9 m para ZEIS-4 (“Nas ZEIS 4, o
parcelamento, uso e ocupação do solo, bem como os planos de
urbanização, deverão observar a legislação estadual pertinente e,
quando houver, as Leis Específicas das Áreas de Proteção e
Recuperação dos Mananciais, aplicando-se no que couber as
disposições estabelecidas nesta lei para as ZEIS 2 e vedadas a
ultrapassagem do gabarito de 9 (nove) metros e do coeficiente de
aproveitamento básico para qualquer edificação”)
ARA-1 Estado de São  Objeto de Programa de Recuperação de Interesse Social –
Sobrep Paulo/APRM-B PRIS
osta à Lei 13.579 de 2009 –  Isenção dos parâmetros urbanísticos impostos à Subárea
SUCt60 Art. 78, 79 de Urbanização Controlada (SUCt) no caso de construção de HIS
e Decreto 55.342 de vinculado à PRIS – e em ARA-1.
2010 - Art. 14  taxa de permeabilidade de, no mínimo, 5%
 gabarito de 20 m
 aprovação do projeto de regularização das obras e
intervenções previstas no PRIS deverá ocorrer mediante
licenciamento estadual (CETESB)
                                                            
60
 A ARA‐1 é demarcada pelo poder público municipal e é sobreposto à demarcação original (ARO ou AOD e 
suas sub‐áreas). É uma área de intervenção (ou zoneamento urbano‐ambiental) temporário, uma vez que, após 
a recuperação (urbanização/regularização) deverá seguir as diretrizes de planejamento, no caso de Vargem 
Grande, da SUCt. 
81
 

Fig. 47 – Polícia começa a retirar carcaças de carros de represa em São Paulo. O Dia. 29 out. 2010. Disponível
em:
<http://odia.terra.com.br/portal/brasil/html/2010/10/policia_comeca_a_retirar_carcacas_de_carros_de_represa_e
m_sao_paulo_120652.html>. Acesso em 12 nov. 2010.

Dada a escassez de áreas disponíveis para implantação de HIS nas APRMs,


um dos maiores ganhos da formulação da Lei Específica da APRM-B foi o aumento
do gabarito dos edifícios para HIS, de 9 m (comparando-se com a Lei Específica da
APRM-G) para 20 m, permitindo um ganho efetivo em número de unidades, com
menores índices de impermeabilização, pois com maior verticalização, o
adensamento horizontalizado e impermeabilizante tende a diminuir, dados os
condicionantes de maiores índices de permeabilidade. No entanto, ainda não foi feita
a compatibilização do zoneamento municipal com o estadual, o que significa mais
um entrave para o Licenciamento, na medida que a aprovação nos órgãos
municipais ficam comprometidos. Além disso, para a regularização fundiária, que é o
objetivo final de todo o processo, é necessário que se comprove a diminuição da
poluição hídrica na Represa, porém, a poluição desta não pode ser medida apenas
pela quantidade de esgoto ou materiais orgânicos nela depositados, uma vez que
muitas outras fontes de poluição mais severa certamente ocorre, como é salientado
acima, geógrafo Márcio Ackermann.
113
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amar Natureza - Jornal da Associação de Defesa do Meio Ambiente Araucária. Investimento nas
cooperativas de reciclagem. Disponível em <http://amarnatureza.org.br/site/investimento-nas-
cooperativas-de-reciclagem,69019/>. Acesso em 12 abr. 2011.

AMARAL. Marina. A saga do povo da cratera. Revista do Brasil (on line), ed. 53 – 12 nov. 2010a.
Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/53/a-saga-do-povo-da-cratera>. Acesso
em 24 fev. 2011.

AMARAL. Marina. Uma cratera de milhões de anos tornou-se o lar de milhares de famílias. Brasil
Atual SP (on line), 29 dez. 2010b. Disponível em: < http://www.redebrasilatual.com.br/jornais/jba-sao-
paulo/uma-cratera-de-milhoes-de-anos-tornou-se-o-lar-de-milhares-de-familias>. Acesso em 24 fev.
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