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CENTRO UNIVERSITARIO DE GOIATUBA

ENGENHARIA CIVIL

IGOR GARCIA MARCELINO

ATAQUE POR SULFATO NO CONCRETO ARMADO


Tipos, formação, auxiliadores e tratamento.

GOIATUBA - GO
2021
IGOR GARCIA MARCELINO

ATAQUE POR SULFATO NO CONCRETO ARMADO


Tipos, formação, auxiliadores e tratamento.

Trabalho solicitado pelo professor PLINIO PIRES,


da disciplina de Patologia das Construções, do curso
de engenharia civil, turno noturno, da instituição
Centro Universitário de Goiatuba.

GOIATUBA - GO
2021
ATAQUE POR SULFATO NO CONCRETO ARMADO

Igor Garcia Marcelino


Alunos da instituição Centro Universitário de Goiatuba
E-mail: IGMlabor@gmail.com

1. Introdução

O ataque por sulfato é o termo comumente utilizado para descrever reações


químicas entre os íons sulfato e os componentes do concreto endurecido, especialmente a
pasta de cimento, como mostram diversas pesquisas realizadas em todo o mundo. Essa
degradação é a deterioração do concreto por expansão, por fonte interna ou externa de sulfato,
geralmente sobre influência dos componentes do ambiente inserido, esse que ocorre na
argamassa do betão, agindo com os elementos formados, como o aluminato tri cálcio e a agua,
para a formação de elementos expansivos, como o gesso, etringita e a taumasita. Enquanto os
primeiros dependem de uma fonte de alúmina, a segunda depende de uma fonte de sílica e
carbonato. A deterioração atinge seu nível de maior periculosidade quando ocorre a exposição
da armadura, essa que descoberta tem maior taxa de perda por oxidação.
2. Mecanismo de formação de gesso e etringita
As primeiras patologias que apareceram em betões atacados por sulfatos
estiveram sempre associadas à formação de gesso e etringita, e são quase tão antigas como o
descobrimento do próprio cimento Portland por Smeaton [1].
Sabe-se com base em estudos de campo e laboratório que há uma forte correlação
entre o conteúdo de aluminato tricálcico ( C3A) do cimento Portland e a expansão provocada
pelo ataque por sulfatos . A entrada de sulfato no betão produz uma sulfatação, ou seja,
produz sulfato cálcico a partir da portlandite(CH) existente no cimento hidratado do betão que
juntamente com água provoca a formação de gesso:
(Portlandite + sulfato + água → gesso)
O sulfato de cálcio, associada com o aluminato tricálcico hidratado, forma o
monosulfo aluminato cálcico hidratado:
(Aluminato tricálcico + gesso + água → monosulfato)
O monosulfato com gesso provoca a formação da etringita (tri-sulfo-aluminato
cálcico hidratado):
(Monosulfato + gesso + água → etringita)
Estas reações são as que provocam a expansão causando a aparição de lascas na
superfície de uma argamassa ou betão na presença de sulfato. Estas reações ocorrem nas
argamassas ou betões desde o momento em que a água entra em reação com o cimento anidro
na formação da pasta durante as primeiras 48 horas. Enquanto a pasta ainda não está rígida ela
consegue absorver os esforços resultantes do aumento do volume sem provocar danos.
3. Mecanismo de formação de taumasita
Existem duas hipóteses para explicar a aparição da taumasita. A primeira,
conhecida como Formação de Taumasita (TF) defende que a taumasita aparece devido a uma
evolução da etringita. Esta hipótese e a formação de etringita não são consideradas como
muito graves, no entanto cabe salientar que pode evoluir para a segunda hipótese de formação
de taumasita, a Taumasita como Forma de Ataque por Sulfatos (TSA), que é muito mais
agressiva que a primeira. A transferência de íons de Al3 + > Si4+ como substituição, e a
presença de CO2-/3 como adição, explica esta primeira hipótese de formação:

A ação destrutiva na primeira hipótese é similar ao mecanismo expansivo do


gesso e da etringita. A taumasita tal como a etringita pode precipitar nos espaços vazios e
fissuras sem a necessidade de provocar qualquer dano.
A segunda hipótese é muito mais agressiva que a primeira e menos compreendida.
A formação de taumasita está dependente de um maior provimento de C-S-H (silicatos
cálcicos hidratados) e não do conteúdo de C3A como acontecia com a etringita, portanto os
chamados Cimentos Portland Resistentes aos Sulfatos (CP -RS), que são cimentos com baixos
conteúdos de C3A, não inibem a formação de taumasita.
Um betão tem aproximadamente o pH no interior dos seus poros de 13 ou mais.
Durante a sua vida útil o contato com sulfatos provenientes do exterior altera a composição
dos fluidos nos poros e as fases líquidas em equilíbrio, os íons sulfato que venham do exterior
reagem com o C-S-H existente para formar etringita e enquanto existir alumina a etringita
continuará a se formar. Quando a etringita parar de se formar, e se continuarem as entradas de
íons sulfato, estes serão forçados a encontrar um novo hóspede. 8 A portlandita (CH) terá
estado a reagir com os íons sulfato para formar gesso, mas na presença de íons carbonato ou
bicarbonato disponíveis, a taumasita formar-se-á em vez da etringita. A taumasita forma-se
com valores de pH que variam entre 10,5 a 13 e qualquer íon magnésio que se encontre no
fluido dos poros precipitar-se-á na forma de brucita   2 Mg OH .
4. Fatores que influenciam o ataque por sulfatos
a) A quantidade e natureza do sulfato presente (quanto maior a concentração
de sulfatos no solo ou na água subterrânea, mais severo será o ataque);
b) O nível da água e sua variação sazonal;
c) O fluxo da água subterrânea e a porosidade do solo;
d) A forma da construção;
e) A qualidade do concreto.
5. Medidas Protetivas
Algumas medidas podem e devem ser tomadas evitando ou diminuindo o
problema da agressão por sulfatos, medidas essas que devem ser empregadas sobre os
parâmetros que governam todo o processo. Uma sugestão seria a diminuição da agressividade
do ambiente através da redução da quantidade de íons agressivos ou de água disponível que
possibilite essa agressão, entretanto esse controle é normalmente impraticável. Uma opção
também discutida seria a modificação das características do concreto, tornando-o menos
suscetível a degradação, porém, nesse caso seria necessária a utilização de um cimento com
baixo teor de C3A ou a incorporação de adições.
Pode-se procurar retardar as condições de acesso do agente agressor ao concreto,
buscando isolar o material do ambiente agressivo ou torná-lo impermeável. As possíveis
medidas poderiam ser a utilização de uma impermeabilização ou a realização de uma cura
cuidadosa no intuito de reduzir a permeabilidade do concreto.
O CEB (1992) sugere inúmeras medidas referentes a cada nível de agressão
sofrido pelo meio ambiente, como citado na Tabela 1. Verificando-a, percebe-se que sempre é
sugerida a utilização de um cimento resistente a sulfatos para melhorar a resistência aos
mesmos, no entanto, como já foi mencionado, o uso de um cimento com adições pode
substituir, sem perda de desempenho, o cimento resistente a sulfatos.
Um ponto importante, para ataques severos, o CEB não indica nenhum
tratamento, admitindo que a degradação vá ser muito forte. Desta maneira, a medida
proporcionaria o melhor efeito seria a impermeabilização, como vai ser discutido logo mais.

Tabela 1 – Recomendações para incrementar a resistência do concreto ao ataque de sulfatos.


A utilização de uma película impermeável, sob forma de uma pintura ou de um
hidrofugante também seria outra forma de bloqueio. Essa proteção se torna importante
principalmente em ambientes muito agressivos, onde é necessário impedir o contato do
concreto com esse meio. Os tratamentos superficiais protetores em quarto tipos, são eles:
 Impregnação com hidrofugante - neste caso as paredes dos poros são
impregnadas com um agente repelente de água, através de um
procedimento de secagem e sucção. Em sua maioria são utilizados Silanos,
Siloxanos ou Resinas a base de silicone. Esse tipo de tratamento reduz
bastante a absorção, pois dificulta a sucção capilar, mas não tem efeito
sobre a difusão de gases, como o vapor de água.
 Impregnação com preenchimento parcial dos poros - neste caso a
superfície do concreto é pintada com um agente que penetra nos poros,
usualmente por absorção. Em alguns casos o agente pode reagir
quimicamente com os compostos do concreto. São utilizados Silicatos de
Sódio ou Potássio dissolvidos em água, ésteres de Silício e Fluorsilicatos,
além de polímeros como o polimetilmetacrilato.
 Impregnação com preenchimento total dos poros (Selamento) –
Semelhante ao anterior, porém com bloqueio completo dos poros
superficiais.
 Aplicação de camada superficial de proteção – Neste caso a proteção se dá
através da formação de uma barreira superficial contínua. Neste grupo se
incluem as películas de tinta convencional e, especificamente, as tinas de
baixa permeabilidade, à base de epóxi, poliuretano, polimetilmetacrilato,
etc. Em alguns casos pode-se fazer uso de argamassa especial.
Para efeitos positivos no uso de material pozolanico no Concreto temos as
seguintes melhorias:
 Diminuição relativa do conteúdo de C3A, devido à redução na quantidade
de clínquer;
 Remoção do hidróxido de cálcio pela formação de CSH secundário devido
ao efeito pozolânico;
 Decréscimo da porosidade acarretada pela formação secundária de CSH
nos poros, o que dificulta a movimentação da água e dos íons, protegendo
os compostos que são suscetíveis a instabilidade em ambientes sulfatados;
 Favorecimento da formação de etringita na solução dos poros, sem
expansão
No caso dos sulfatos a melhor maneira de tratamento é a própria prevenção, com o
melhoramento do cimento por adição de compostos auxiliadores e o próprio controle
tecnológico na prevenção de patologias que sustentariam ainda mais ataques pelo meio
exterior.
Caso o ataque já fora feito, o tratamento consiste na retirada da camada superficial
do concreto, o preenchimento de trincas e fissuras presente, além da adição de matérias de
melhoria na capacidade de regeneração, além da adição de camadas de concreto que já
estejam sobre influência de matérias hidrofulgantes.

Considerações finais
O estudo das patologias ocorrentes em estruturas de concreto armado é de suma
importância para que a vida útil definida em projeto seja seguida e que sejam evitadas assim
interferências extremas.
A durabilidade e o desempenho dos produtos e sistemas, construídos e em
desenvolvimento, tem se tornado questões preocupantes em vários setores da construção civil,
e para isso, os estudos e pesquisas se tornam mais intensos acerca das manifestações
patológicas e da durabilidade das estruturas.
Para isso ao se verificar os efeitos degradantes, suas causas e consequências, é
essencial que conceitos como o de durabilidade sejam postos em prática e estruturas possam
se manter em serviço.
Mesmo com estudos, pesquisas e o consequente acúmulo de conhecimento,
diversos fatores têm sido presenciados nas construções que implicam na perda da durabilidade
e qualidade das obras correntes. Para isso a verificação das experiências coletadas em
trabalhos de pesquisa passados e atuais, nos leva a instaurar um novo nível de conhecimento,
como também, apresentar as falhas neles contidas, fazendo com que desta forma, os casos
com problemas não resolvidos sejam visados com mais atenção, buscando assim, o interesse
para um melhor entendimento onde muitas vezes, suas soluções, possam servir para certos
propósitos tecnológicos.
Importância do estudo, do incentivo ao desenvolvimento de novos ensaios e testes
referentes ao ataque de sulfatos. Visto a necessidade de maiores pesquisas para a criação de
novas formas e materiais mais econômicos e sustentáveis e de melhor rendimento para a
proteção do concreto em ambientes susceptíveis a ataque de sulfatos.
Referências Bibliográficas
PONTES, VICTOR. EFEITOS DOS SULFATOS NA DEGRADAÇÃO DO
CONCRETO. UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, Joao Pessoa, p. 1-123, 10 dez.
2019. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/17082/1/VCPP21102019.pdf. Acesso
em: 8 nov. 2021.

DA SILVA, Anne; CABRAL, Fiori; OLIVEIRA, Romilde. ATAQUE FÍSICO E QUÍMICO


EM FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS: MECANISMOS E DANOS. Universidade Católica de
Pernambuco, Universidade Católica de Pernambuco, p. 1-10, 31 ago. 2017.

ATAQUE por sulfato. DA SILVA, Anne; CABRAL, Fiori; OLIVEIRA, Romilde. ATAQUE
FÍSICO E QUÍMICO EM FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS: MECANISMOS E DANOS.
Universidade Católica de Pernambuco, Universidade Católica de Pernambuco, p. 1-10, 31
ago. 2017., Sao Paulo, p. 1-13, 5 fev. 2001. Disponível em:
http://www.deecc.ufc.br/Download/TB819_Patologia_e_Recuperacao_de_Estruturas_de_Con
creto/ATAKSulfato.pdf. Acesso em: 8 nov. 2021.

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