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PREZADOS(AS) ASSOCIADOS(AS)

Em função da decisão monocrática da lavra da Ministro Edson Fachin nos autos


do recurso extraordinário com agravo 1.309.755 - São Paulo, onde reconhecida a
inconstitucionalidade da cobrança da contribuição previdenciária estabelecida nos
termos da Lei 13.954/2019, e a repercussão do tema nas redes sociais, reuniram-se em
plataforma de videoconferência, sob a presidência de Cabo Wilson Morais, a Diretoria
Executiva da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo
(ACSPMESP), representantes do Conselho Fiscal e presidentes e representantes de
todas as regionais e núcleos representativos da entidade para tomada de decisão sobre
as medidas a serem adotadas pela associação.
Na oportunidade, após ponderações introdutórias do Diretor do Departamento
Jurídico, Marcelo Camargo, aspectos técnico-jurídicos relacionados ao tema foram
analisados pelos Drs. Ronaldo Tovani, Eliezer Pereira Martins e Wellington Negri.
Após, manifestaram-se todos os presentes expondo suas reflexões, vivências,
dúvidas e preocupações relacionadas ao tema.
Ao final, prevaleceu por maioria expressiva a diretriz segundo a qual a
ACSPMESP não ajuizará ações coletivas que importem na declaração de
inconstitucionalidade total ou parcial do Sistema de Proteção Social dos Militares
instituída pela Lei 13.954/2019.
Ao revés, a ACSPMESP adotará medidas junto às entidades de representação
nacional das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares a que filiada, para que
sejam intentadas todas as medidas judiciais cabíveis (ADPFs, ADIs, atuações como
amicus curiae), em defesa do regime de financiamento do Sistema de Proteção Social dos
Militares instituída pela Lei 13.954/2019 e do Sistema como um todo, por ser
inquestionavelmente mais vantajoso para os integrantes ativos, inativos e pensionistas
da PMESP.
Chegou-se à conclusão em apreço com o cotejo entre aspectos da Sistema de
Proteção Social dos Militares (SPSM da Lei 13.954/2019) e o Regime Próprio de
Previdência dos Servidores Públicos instituído no Estado de São Paulo (RPPSP da Lei
Complementar nº 1.354, de 06 de março de 2020), tomada essa última como referência
das diretrizes de futura reforma da previdência dos militares do Estado de São Paulo.
Foi considerado no ponto também a realidade do Estado do Rio Grande do Sul
(governo do PSDB), onde promovida reforma previdenciária para os militares do
Estado, com afastamento dos critérios de financiamento SPSM da Lei 13.954/2019,
adotando-se alíquotas progressivas inspiradas na lógica de equiparação de critérios
entre os servidores públicos civis e os militares do Estado, desconsiderando-se as
peculiaridades da carreira militar, culminando ao final em regime mais gravoso para os
“brigadianos” (sendo essa a lógica que certamente prevalecerá em São Paulo na hipótese
de afastamento dos critérios do SPSM da Lei 13.954/2019).
O quadro comparativo abaixo, sem esgotar o tema, de forma objetiva destaca os
pontos que distinguem o SPSM da Lei 13.954/2019 e o RPPSP da Lei Complementar nº
1.354, de 06 de março de 2020 (aplicável aos servidores civis do Estado e matriz
conceitual da reforma da previdência dos militares do Estado).
PONTO DE SPSM (Lei 13.954/2019) RPPSP (Lei DETALHAMENTO
CONFRONTO Complementar nº
1.354, de 06 de
março de 2020)
GARANTIA DA ASSEGURADAS AOS INEXISTENTE NO RPPSP NÃO ESTÁ
INTEGRALIDADE E MILITARES E PREVISTA A PARIDADE E
PARIDADE PENSIONISTAS INTEGRALIDADE
HAVENDO CRITÉRIOS
QUE REDUZEM OS
BENEFÍCIOS DE
APOSENTADORIA E
PENSÕES SEM
GARANTIAS DE
REAJUSTES
REGIME DE RETRIBUTIVO CONTRIBUTIVO NO RPPSP O
CONTRIBUIÇÃO BENEFICIÁRIO SOFRE
AUMENTOS DE
CONTRIBUIÇÃO FACE AO
DÉFICT ATUARIAL - NO
SPSM NÃO – O ESTADO
PAGA O DÉFICIT
REGIME DE PENSÃO INTEGRAL PROPORCIONAL NO SPSM OS
BENEFICIÁRIOS DE
PENSÃO RECEBEM O
VALOR INTEGRAL DOS
VENCIMENTOS/PROVENT
OS DO INSTITUDOR - NO
RPPSP 50% (CINQUENTA
POR CENTO) DO VALOR
DA APOSENTADORIA
RECEBIDA PELO
SERVIDOR OU DAQUELA
A QUE TERIA DIREITO SE
FOSSE APOSENTADO POR
INCAPACIDADE
PERMANENTE NA DATA
DO ÓBITO, ACRESCIDA
DE COTAS DE 10 (DEZ)
PONTOS PERCENTUAIS
POR DEPENDENTE, ATÉ O
MÁXIMO DE 100% (CEM
POR CENTO).
VIGÊNCIA DA VITALÍCIA ESCALONADA NO NO RPPSP A VIGÊNCIA É
PENSÃO POR TEMPO POR DETERMINADA PELO
MORTE CRITÉRIO DE IDADE TEMPO DE
DO BENEFICIÁRIO CONTRIBUIÇÃO DO
INSTITUIDOR DA
PENSÃO E PELA IDADE
DO BENEFICIÁRIO
PERCENTUAL DA 10,5% ATÉ 2025 PROGRESSIVA A EXPERIÊNCIA DO RIO
CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O ENTRE 11 E 16% GRANDE DO SUL
VALOR TOTAL DOS SOBRE O QUE PROVOU QUE O
VENCIMENTOS/PROVENT EXCEDER AO TETO CRITÉRIO PROGRESSIVO
OS DA PREVIDÊNCIA, MAJOROU OS VALORES
PORÉM, DE CONTRIBUIÇÃO EM
DECRETADO O RELAÇÃO AO SPSM,
DÉFICIT ATUARIAL, MORMENTE QUANDO
INCIDE SOBRE 1 DECRETADO O DÉFICT
SALÁRIO MÍNIMO
ALTERABILIDADE FIXADA ATÉ 2025 E, APÓS, ENTREGUE À AUSÊNCIA DE
DA CONTRIBUIÇÃO OBEDIENTE AOS DISCRICIONARIEDA SEGURANÇA SOBRE OS
PARÂMETROS FIXADOS DE DOS CRITÉRIOS AS SEREM
PELO GOVERNO GOVERNADORES FIXADOS PARA OS
FEDERAL MILITARES EM FUTURA
REFORMA DA
“PREVIDÊNCIA MILITAR”
PROTEÇÃO EM PENSÃO PROPORCIONAL INEXISTENTE NO SPSM ADOTA-SE O
CASO DE AOS DEPENDENTES DE CRITÉRIO DA MORTE
EXPULSÃO/DEMISS INSTITUIDORES COM FICTA OU CIVIL – NO
MAIS DE 10 ANOS DE RPPSP OS DEPENDENTES
ÃO
SERVIÇO DO EX-SERVIDOR FICAM
AO DESAMPARO
SIMETRIA COM AS SEMPRE QUE HOUVER INEXISTENTE NO SPSM PRESTIGOU-SE
FORÇAS ARMADAS ALTERAÇÃO NAS REGRA SIMÉTRICA QUE
REGRAS DOS MILITARES GARANTE O QUADROS
DAS FORÇAS ARMADAS, MÍNIMO DE DIREITOS E
AS NORMAS GERAIS DE GARANTIAS DE
INATIVIDADE E PENSÃO INATIVIDADE E PENSÕES
MILITAR DOS MILITARES DOS POLICIAIS
DOS ESTADOS, DO MILITARES, AFASTANDO-
DISTRITO FEDERAL E DOS SE OS HUMORES E
TERRITÓRIOS, DEVEM INTERESSES, INCLUSIVE
SER AJUSTADAS PARA IDEOLÓGICOS DOS
MANUTENÇÃO DA GOVERNOS DOS
SIMETRIA, VEDADA A ESTADOS.
INSTITUIÇÃO DE
DISPOSIÇÕES
DIVERGENTES QUE
TENHAM REPERCUSSÃO
NA INATIVIDADE OU NA
PENSÃO MILITAR.

Assim, meticulosamente analisada a disciplina de cada tópico atinente ao


conjunto de aspectos financiados pela contribuição previdenciária dos militares do
Estado, resulta a certeza de que o regime instituído pelo SPSM da Lei 13.954/2019 é mais
vantajoso do que a regência atual do conjunto normativo formado pelo Decreto-lei nº
260, de 29 de maio de 1970, c/c a Lei n. 452, de 2 de outubro de 1974 com as alterações da
Lei Complementar nº 1.013, de 06 de julho de 2007.
Resta também a certeza de que a futura reforma do regime previdenciário dos
militares do Estado (que inevitavelmente acontecerá, ou para adequação às disposições
do SPSM, ou para superá-lo), certamente não replicará o conjunto de direitos e
garantidas assegurados pelo SPSM da Lei 13.954/2019, inclusive pelas dificuldades
fiscais do Estado com tendência de agravamento por razões diversas.
Deste modo, apoiada em fundamentos técnicos, a ACSPMESP por seus órgãos
diretivos firma posição pela constitucionalidade do sistema de financiamento
introduzido pelo SPSM da Lei 13.954/2019, porquanto é o que melhor atende aos
interesses dos militares ativos, inativos e pensionistas da PMESP.
No ponto a ACSPMESP conclama todos os seus associados (e mesmo aos não
associados irmãos na farda) para que se abstenham de, pela via judicial, provocarem
decisões que afirmem a inconstitucionalidade total ou parcial do SPSM da Lei
13.954/2019, para o bem de todos, ativos, inativos e pensionistas e, inclusive das futuras
gerações de integrantes da corporação.
Inobstante o quanto decidido e justificado na presente nota, a ACSPMESP
respeita os entendimentos divergentes e, por dever estatutário atenderá e patrocinará
por intermédio dos escritórios contratados a todos os associados que, inobstante todas
as ponderações aqui feitas, optem pelo ajuizamento para retorno à regência de
contribuições previdenciárias do regime próprio dos servidores do Estado, fazendo-o
individualmente mediante subscrição de termo de ciência dos possíveis e quase-
certos efeitos deletérios decorrentes da opção.
Cumpre lembrar que o conjunto de regras do Sistema de Proteção Social dos
Militares foi cuidadosamente concebido para atendimentos das Forças Armadas
(Marinha, Exército e Aeronáutica), cuja realidade remuneratória não discrepa muito do
conjunto das Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares do país.
Assim é que o Sistema de Proteção Social dos Militares foi longamente debatido
pelas forças militares federais e seus órgãos de inteligência tendo sempre em mira a
maior extensão de garantias, e a consideração dos rigores próprios da carreira a
justificarem proteção especial.
Depois de construído, o SPSM foi estendido às Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros de todo o país como fruto do árduo trabalho das entidades representativas
nacionais e locais e de parlamentares amigos, porquanto superior a todos os regimes
previdenciários de servidores públicos de todo o país.
Caminhar na linha da afirmação da inconstitucionalidade total ou parcial do
SPSM da Lei 13.954/2019, é a um só tempo subestimar a inteligência militar de todo o
país e “voltar as costas” para todos aqueles que com devoção lutaram para que os
Policiais e Bombeiros Militares e seus dependentes não tenham quadro de direitos na
inatividade diversos dos correlatos das Forças Armadas e, portanto, reduzidos,
amesquinhados e aviltados por governos locais.
Os que proclamam nas redes sociais que numa futura reforma do regime
previdenciário dos militares do Estado restará incólume o binômio
integralidade/paridade, o fazem na linha da pura especulação e num esforço de
“futurologia” — no mínimo ilógicos —, porquanto não faz sentido abandonar-se a
certeza das garantias em apreço já presentes no SPSM, para uma aposta de que “talvez
permaneça assim”, tudo por uma redução momentânea de valores de contribuição cuja
mantença é ainda mais incerta, dada a tendência de estabelecimento nos regimes
próprios de alíquotas progressivas (já adotada para os servidores civis de São Paulo e
para os civis e militares do Rio Grande do Sul, onde todos sofreram acréscimo em relação
ao devido ao regime do SPSM).
Cumpre lembrar que em relação a regime jurídico de agentes públicos não há
“direito adquirido”, e, portanto, tudo pode ser alterado, inclusive no âmbito da
Constituição da República, tal como se deu com o início da exigência de contribuições
previdenciárias de inativos e pensionistas que “nunca antes na história desse país”
haviam pago tais exações.
Os inativos e pensionistas cujas remunerações estão na faixa de
aproximadamente R$ 6.000,00, inequivocamente experimentaram acréscimos pesados
de contribuição, mas como contrapartida imediata ganharam a previsão legal da
integralidade das pensões, próxima frente de luta contra a Fazenda do Estado e SPPREV
para que prevaleça o regramento do SPSM no ponto.
Os militares da ativa da faixa remuneratória em apreço também foram
duramente afetados, porém, passaram a se beneficiar da previsão de pensão
proporcional para seus dependentes nas hipóteses de demissão ou expulsão, desde que
contem com pelo menos 10 (dez) anos de serviço na corporação, previsão legal do SPSM
que certamente será objeto de resistência do Estado, mas cujo comando e fundamentos
acabarão por prevalecer por expressarem solução de Justiça em relação às contribuições
recolhidas por quem não se inativará no Estado.
Assim, a ocasião exige cautela em relação aos oportunistas de momento, aos
imediatistas, aos argentários e a toda a sorte de descompromissados com os direitos,
garantias, bem estar e felicidade dos Policiais Militares.
Aplica-se no ponto a máxima de experiência que afirma que “não há nada de
ruim que não possa ser piorado”. A alternativa ao Sistema de Proteção Social dos
Militares é a “reforma da previdência dos militares do Estado” onde prevalecerá — uma
vez “derrubado” o SPSM —, a vontade do governante de momento, sem
condicionamentos e limitações em quadro onde certamente prevalecerão exações mais
onerosas e redução de direitos e garantias, como apontam os precedentes de Estados que
infelizmente caminharam nessa direção, a exemplo do Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Mais uma vez com desassombro e tendo no horizonte apenas o melhor para seus
associados e, reflexamente para toda a família policial militar, a ACSPMESP toma
posição pondo de lado tudo aquilo que possa beneficiá-la, mas prejudicar direta ou
indiretamente aos Policiais Militares ativos, inativos e pensionistas da Gloriosa Polícia
Militar do Estado de São Paulo no curto, médio e longo prazos.

CABO WILSON DE OLIVEIRA MORAIS

Presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar do Estado de


São Paulo
Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional das entidades
representativas de Policiais Militares e Bombeiros Militares - ANERMB
Deputado Estadual na 14ª legislatura (1999-2003)

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