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A EDUCAÇÃO E OS IMPACTOS DA PANDEMIA NO EMOCIONAL

DOS ESTUDANTES

Em tempos de pandemia, a prioridade foi a sobrevivência à vida


humana, o vírus tomou conta de maneira drástica da vida das pessoas no
mundo todo. E como falar da Educação neste período? Esta palavra tão
singela e ao mesmo tempo com dimensões imensuráveis devido a sua
amplitude que se concretiza na própria existência humana, sua ação reporta-se
à todo ambiente social, e como um direito fundamental do ser humano, ela se
baseia diretamente no princípio da dignidade humana, condição essencial a
qual ficou submetida às condições da saúde pública, de modo a resguardar o
contato físico, de alguma forma interferiu nas atividades normais, mas não
anulou-se o direito aos estudantes, que se constitui condição muito importante
para que seja alcançada a justiça social. Assim, o dever, o respeito e proteção
do estado, comprometido com a promoção de condições do momento em
oferecer à princípio, o modo remoto na escolarização, utilizando os meios
tecnológicos para o funcionamento do ano letivo.
Ninguém esperava e nem imaginava viver em isolamento social, e
nesse momento controverso da pandemia as condições de saúde de todos
foram comprometidas, as pessoas sentem-se abaladas emocionalmente,
sendo acometidas pelo vírus direta ou indiretamente, através de seus familiares
ou amigos, mas é necessário vislumbrar algo de bom desse tempo que se
vivenciou e se tratando da educação é preocupante falar das condições de
estudo sem a condição plena de saúde do estudante, bem como a do educador
e dos que compõem esse fazer, gestores, professores, auxiliares, estes de
alguma forma sendo cobrados dentre as várias responsabilidades de dar conta
das atividades educacionais, carregaram neste período a carga que a
pandemia proporcionou, pode-se imaginar quanto o emocional se abateu,
necessitando de cuidados a não ser contaminado não só pelo vírus, mas por
todo um sistema neural.
Enfrentar encaminhamentos da Educação completamente diferente
das atividades normais de trabalho a continuar sua missão de ensinar a partir
de casa, utilizando seus próprios materiais, equipamentos e espaços da
intimidade de sua casa, a sala de aula que se for fazer a vontade da
necessidade, dificilmente é desativada, no entanto, deve-se cair na real que
existe outras coisas da vida a cuidar. Muitos esforços por parte do educador
foram feitos para encampar o ensinar, enfrentando o vírus, os trabalhos
redobrados, e com muitas responsabilidades, apesar da ausência dialógica
com a sociedade civil, devido as constantes trocas no Ministério da Educação,
que norteia o trabalho do magistério, mas os esforços não se esgotam, a luta
segue em todos os campos profissionais, a exemplo da aprovação do Novo
Fundeb para as garantias de recursos para a Educação de um modo geral.
Foram estabelecidas normativas advindas do órgão mantenedor da
Secretaria de Educação que orientou o ensino remoto, aos gestores a
formularem junto a sua comunidade escolar planos de trabalho, depois
selecionadas as competências necessárias a cada área de estudo com a
colaboração de prioridades
O professor, linha de frente do ensino e aprendizagem do aluno, em
meio a essa engrenagem sente muito o impacto das novas tecnologias, seu
uso e as variadas formas de utilização, instalação dos programas, plataformas
e aplicativos diversos para administrar os conteúdos, provedores de internet,
rede wi-fi e móvel, movimentam meios digitais, uma série de bancos de
pesquisas trazem muitas informações, mas o importante são os
encaminhamentos pedagógicos para que esses estudantes saibam filtrar bem
essas informações, o que pode favorecer ou desfavorecer suas necessidades.
Embora exista uma grande parcela que está à margem destas possibilidades, e
requer outros meios impressos que venham favorecer o processo do ensino e
da aprendizagem.
De um certo modo percebe-se a desvalorização da educação pública
quando transgride algumas condições que não dadas ao desenvolvimento do
processo educacional, precisa ser decente, tenha seu devido reconhecimento
salarial, professoras e professores assumem um compromisso social e político
na construção de um mundo melhor para todos, destaca-se a fala do Papa
Francisco no Seminário Educação e o Pacto Global: “Desejo, neste momento,
prestar homenagem também aos professores – os sempre mal pagos – porque,
diante do desafio da educação, eles vão adiante com coragem e perseverança”
(2020). A falta de condições tecnológicas tanto do aluno quanto do professor, a
dignidade da pessoa humana – transforma a nossa educação pública num
objeto de desprezo e desigualdade quando comparada à educação privada,
não tem nem como comparar por divergentes interesses a de mercado, e
diante das dificuldades, as imperfeições se sobressaem mais, escola mal vista
– as iniciativas e esforços dos professores muitas vezes ignoradas por pais e
até pelos próprios alunos que não cumprem seu papel de estudante.
Percebe-se nos meios de comunicação mais pela vertente do pânico,
do que de uma consciência centrada em reaproveitar o que lhe resta para viver
em harmonia, emocionalmente falando.
Feliz daquele que se percebe, e se depara, simplesmente com
o ar que respira, exercita e aproveita o que as plantas fornecem à própria
sobrevivência, exercícios para fortalecer o sistema respiratório, esse sistema é
o que está sendo mais afetado, por isso a importância de inspirar e soltar o ar
no seu ritmo de respiração; a água que se bebe, os alimentos dos quais estão
disponíveis, essas questões do corpo físico, favorece o fortalecimento da
imunidade, as questões da sociabilidade vem a favorecer o emocional, o
conforto de suas residências como um abrigo para estar na presença de
família e amigos, enfim, a Mãe Terra, com a qual sempre se está
absolutamente todos integrados e interligados.
Torna-se imprescindível aproveitar a conexão virtual para que as
pessoas possam estar interagindo, se comunicando, partilhando as emoções
do dia a dia e incentivar uns aos outros no bem comum.
Entre as escolas que fortaleceram esse vínculo com a escola, cita-se a
escola estadual Sebastiana Lenir, no bairro do Buritizal, que tem projeto de
prevenção à violência, e a cultura da paz evidencia o bem estar social e
emocional dos estudantes quando apresentam alguma necessidade que
interfere no seu aprendizado. Os docentes reconhecem a importância de tratar
assuntos referentes ao conflito, a violência, as emoções, acolhimento, pois o
nível de stress se desdobra ao medo, a ansiedade..
Sendo assim, existe um espaço de vivência onde os alunos podem
discutir os valores éticos e morais que constituem toda e qualquer ação de
cidadania.
Como os estudantes estão lidando com o confinamento? Como
aproveitar este confinamento e os manter nutridos a não se contaminar? Seja o
corpo físico, as células, o intelecto, o mental, a alma. E o exercício da
paciência, do amor? Onde ficam? Com essas perguntas se movimenta as
condições emocionais que as pessoas se encontram. O acolhimento mesmo
virtual representa um ganho ao cuidado emocional, o compartilhar as emoções,
possibilitar no aluno a auto empatia, reconhecer-se partícipe de seu
aprendizado, seu nível de stress, seus medos, sentir-se acolhido. Existem
outros campos a ser considerado, as energias de um querer cuidar-se através
do amor amplo. Mas é preciso respirar com consciência, coisa que está
distante de nossos hábitos, demos sempre muita atenção ao corpo físico, ao
cognitivo e pouco nos damos conta do que sentimos, do obscuro, das energias,
do emocional.
Quem sabe, se for aproveitado algum tempinho para atividades de
introspecção junto com os exercícios de respiração, reconhecendo os desejos
e dificuldades. Ao se atentar às questões emocionais, descobrem-se muitas
coisas que antes não percebíamos. Essa arte precisa ser experimentada,
muitas vezes tem a tendência a desequilibrar as emoções em um confinamento
solitário. O Equilíbrio emocional não tem como se alcançar sem que se mexa
nas emoções boas ou sombrias. E neste processo é preciso olhar o interno
para se movimentar no externo.
Uma das atividades administrativas da escola neste período para
conter a evasão dos estudantes, foi as ligações nos contatos da maioria dos
alunos para incentivar a realização das atividades escolares, dos quais foram
impossíveis finalizar os contatos devido a números de celular desatualizados,
mas é notório as reclamações com descontentamentos quanto às dadas
condições no período da pandemia, o qual estavam suspensas as atividades
presenciais da comunidade escolar, mas diante das manifestações dos pais
dos alunos, podemos tirar alguns relatos pertinentes que fogem das mais
comuns, percebidas em suas falas:
- O interesse na preocupação do andamento dos estudos de seus filhos;
- Houve alguns momentos de interação sobre as dificuldades nos estudos
e a importância das aulas presenciais;
- Feliz relato quando uma mãe mencionou ter aprendido com seu filho,
relembrando o tempo que estudava, agradeceu pela escola ter lembrado
de ligar;
- O interesse em puxar conversa sobre os problemas causados com o
distanciamento social;
- As dificuldades em acompanhar os filhos em baixar os aplicativos, pedir
ajuda para auxiliar de como enviar por e-mail;
- Aquisição e apropriação do celular para seu uso pedagógico.
As argumentações dos pais, os cônjuges que se manifestaram
referente aos interesses quanto aos rendimentos dos estudantes, mesmo
esses, já estando seja no ensino médio ou na EJA, fez com que buscassem a
participação de alguma forma no processo educacional dos mesmos, e isso a
pandemia mostrou ser imprescindível reconhecer a atuação e a importância do
professor que administra e investi na aprendizagem dos alunos, e se isso não
acontecer, os estudantes estarão totalmente fora do “sistema”, da preparação
ao mundo do Trabalho, não só em relação a escolarização, mas a todo um
contexto que se relaciona com a sua conduta educacional, quanto mais o aluno
estiver em contato com o conhecimento de forma significativa e reflexiva, o
aluno tem como enfrentar o mundo que o cerca, mesmo nas condições
adversas que os mesmo estão submetidos.
O enfoque nos prejuízos nos deixa atordoados, preocupados, e seria
mais apropriado focar nos benefícios que esta oportunidade pode estar nos
favorecendo. Somos levados a pensar somente no que não deixamos de fazer
normalmente, a tendência é focar nos prejuízos, não para o que se pode fazer
no momento. Essa resolução de melhoria se instala na própria pessoa. Uma
das atividades postas à juventude a vencer os desafios está a oportunidade de
contar sua história nesse período, assim como Anne Frank vítima do nazismo
escreveu em seu diário “Sei que haverá consolo para toda a tristeza em
qualquer da circunstância. Acredito firmemente que a natureza pode trazer
conforto a todos que sofrem”.
Sendo assim, o enfrentamento no campo educacional precisa ir além
do desenvolvimento do conhecimento cognitivo, alcançar os do socioemocional
no processo pedagógico, embora estas questões já incluídas ao currículo
escolar através da Base Curricular – BNCC, mas é a parte que poderia também
ser atendido com os devidos cuidados de outros profissionais disponibilizados
à escola, a realizar tratamentos psicoterápicos, terapias alternativas, visto que
tem questões referentes a outros campos científicos inerentes ao
autoconhecimento, as cargas de energias eletromagnéticas que também
quando trabalhadas melhoram o emocional.
As circunstâncias do mundo mudaram e a Educação pode contribuir
e muito como motor de mudanças, sendo o caminho para transformar
realidades. As boas iniciativas na prática pedagógica possibilitam não somente
a comunicação, mas interação que de forma recíproca todos se ajudam, no
repensar da própria educação em meio ao tempo pandêmico pode ser pensado
novas possibilidades como se refere o professor de filosofia César Nunes “A
educação inovadora trabalha com essa perspectiva: coloca o conhecimento a
serviço da felicidade e da justiça, faz da escola, primeiro, uma grande arena de
experiência humanizadora e ainda diz que não seja colonizada pelo mercado,
que coloque o conhecimento a serviço da felicidade e da justiça (NUNES,
2020).
Assim, o bem maior a ser preservado que seja a vida, um direito
inalienável, que seja o mais humanizado possível, as ações integrada com as
redes de apoio da vigilância sanitária, saúde, conselhos e vara da infância e
adolescência, auxiliem o recriar das relações pedagógicas durante o contexto
da pandemia e uma preparação ao pós pandemia, visto que, nada será a
mesma coisa.
Todavia, os conhecimentos específicos podem auxiliar na melhoria
das relações saudáveis, discernir o que mais importa para a saúde mental e
mesmo no virtual, é possível estabelecer um processo educacional, que
possibilite aos estudantes a reflexão de assuntos significativos e de auto
responsabilidade para o bem estar de todos, que sejam protagonistas de sua
própria história, alcance uma consciência planetária com princípios éticos,
democráticos, solidários e equilibrados.

Profa. Lucila Diniz Malcher


Mediadora/facilitadora das Práticas Restaurativas
Vice-coordenadora Centro Betânia – Paróquia Sagrado Coração de Jesus

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