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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................5
2
6.1 Fatores Intrínsecos e Extrínsecos .................................................... 44
8 SAÚDE DO ADOLESCENTE.................................................................. 67
3
8.12 Avaliação nutricional de adolescentes .......................................... 89
4
1 INTRODUÇÃO
Bons estudos!
5
2 A CRIANÇA NO CONTEXTO SOCIAL
Fonte: revistacrescer.globo.com
6
quando não abandonadas em casas de caridade ou hospitais. (apud
ARAÚJO et al., 2014)
Para Silva, Christoffel e Souza (2005 apud SILVA, 2013), as crianças eram
submetidas à indiferença e crueldades e como se não bastasse, as condições
sanitárias e sociais eram precárias, colaborando com o processo de adoecimento.
Muitas dessas crianças viviam em um único cômodo, sem arejamento ou sol e, como
consequência, o quadro da morbimortalidade infantil tornava-se ainda mais crítico.
As precárias condições nutricionais e de vestimenta a que as crianças eram
submetidas, era outro agravante. A alimentação e o vestuário adulto eram prioritários
entre as comunidades da época. E isso colaborava para agravar o processo de
adoecimento infantil e, quando isso acontecia, as crianças eram levadas tardiamente
aos médicos. (ARAÚJO et al., 2014).
Somente no século XVII que a criança começou a ocupar espaço no âmbito
social, pois é neste período que as famílias demonstraram sentimentos de carinho e
amor ao infante. A sociedade passou a perceber que a criança representava o centro
para as famílias, inclusive plausível de mudanças físicas e mentais. Nessa mesma
época foram encontrados os primeiros registros da linguagem infantil. (ARIÉS, 2011
apud ARAÚJO et al., 2014).
7
Para efeitos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança
(PNAISC), o Ministério da Saúde considera criança, a pessoa na faixa etária de 0 a
9 anos, ou seja, até completar os 10 anos, sendo que a Primeira Infância, é
considerada aquela de 0 a 5 anos, também, até completar 6 anos. (BRASIL, 2015b,
art. 3º).
De acordo com Brasil (2016), a definição de primeira infância está alinhada
com o Marco Legal da Primeira Infância, Lei n. º 13.257, de 8 de março de 2016.
Para atendimento em serviços de Pediatria no SUS, a Política abrange
“crianças e adolescentes de zero a 15 anos, ou seja, até completarem 16 anos ou
192 meses, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as normas
e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento. ” (BRASIL,
2015b apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
A divisão em ciclos de vida, adotada pelo Ministério da Saúde (MS), visa a
atender às especificidades nas fases de crescimento e desenvolvimento da criança
e o início da puberdade (UNA-SUS/UFSC, 2013 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2018).
Trata-se de uma conquista para os adolescentes nos serviços de Pediatria da
rede de saúde do País, pela possibilidade de eles continuarem a usufruir do vínculo
já construído com estes serviços e seus profissionais, especialmente quando se trata
de adolescentes com doenças crônicas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) define como campo de atuação do
pediatra o ser humano entre zero e 20 anos. No entanto, considerando que não
existiam parâmetros definidos pelo MS anteriormente, entendeu-se que, no atual
momento, diante do perfil de formação dos pediatras e da estrutura dos serviços
pediátricos do país, não seria viável responsabilizá-los por faixa etária a partir de 16
anos. (BRASIL, 2016a apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,2018).
8
Pesquisas realizadas durante o período 1970 – 2000 por diversos órgãos,
como IBGE e Ministério da Saúde, apontam questões sobre os determinantes da
redução da mortalidade infantil no Brasil. Há diferentes fatores socioeconômicos
determinantes na diminuição da taxa de mortalidade infantil que varia de acordo com
a região geográfica e o tempo.
Entre os anos de 1980 e 2000, a mortalidade de crianças com menos de um
ano de idade reduziu-se em um ritmo bastante acelerado. Alguns programas e ações
adotados neste período como: Programas de Atenção Integral à Saúde da Mulher,
Terapia de Reidratação Oral, Programa Nacional de Imunização e atenção ao pré-
natal, contribuíram para o declínio acentuado dos óbitos infantis. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2004 apud PAIXÃO e FERREIRA, 2012).
As ações no sentido de diminuir significativamente a mortalidade infantil estão
muito ligadas à atuação de políticas públicas como saneamento básico, educação,
acesso aos recursos da saúde e outros componentes de condições de vida.
De acordo com Oliveira et al. (2004), a taxa de mortalidade infantil tem a
seguinte definição:
9
renda per capita, gastos com saúde e saneamento. Para os autores, a inclusão social
a partir do acesso à educação, saneamento, saúde e programas de planejamento
familiar confirmam a necessidade de uma ação governamental para diminuir as taxas
de mortalidade infantil para a região. (PAIXÃO e FERREIRA, 2012 apud SOUSA e
MAIA, 2014)
Um estudo realizado em 2008, por Irffi et al, para identificar os fatores que
determinam a diminuição da mortalidade infantil, na região do Nordeste, identificou
que os fatores determinantes foram: a educação e em seguida o nível de renda.
Como ponto de grande importância, os autores do estudo focaram as políticas de
melhoria que visem o aumento do nível de educação e no aumento da renda para o
combate à taxa de mortalidade infantil na região. (PAIXÃO e FERREIRA, 2012).
Com o intuito de diminuir a taxa de mortalidade infantil, o Brasil assumiu, na
Constituição Federal de 1988, a garantia do direito universal à saúde, com a criação
do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1990, a proteção integral da criança, com
o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Além disso, ratificou os mais importantes pactos, tratados e convenções
internacionais sobre os direitos humanos da criança. Desde então, a saúde da
criança vem apresentando melhora significativa.
O País conquistou grande diminuição nas taxas de mortalidade infantil
(menores de 1 ano) e de mortalidade na infância (menores de 5 anos), tendo com
isso cumprido o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM) número quatro para
2015, com três anos de antecedência e com redução de 77%, uma das maiores do
mundo. Também se observa admirável controle da morbimortalidade por doenças
imunopreveníveis e diarreia, grande diminuição dos índices de desnutrição e
melhora crescente nos indicadores de aleitamento materno.
10
Fonte: estudopratico.com.br
11
crianças indígenas, quilombolas, ribeirinhas, com deficiências e as com
doenças raras, além de garantir não só a sobrevivência, mas o
desenvolvimento integral de todas as crianças, condição essencial para o
exercício da cidadania e a garantia do desenvolvimento nacional, bem como
para o cumprimento dos compromissos do País diante das metas dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2015-2030 (ODS).
Fonte: primeirainfancia.org.br
12
Fonte: pscriancaeadolescente.blogspot.com
13
4 PNAISC – POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA
Fonte: slideshare.net
14
4.1 Eixos da PNAISC
Fonte: slideplayer.com.br
15
da mulher neste processo, contrapondo-se à abordagem predominante de
medicalização com intervenções excessivas e, muitas vezes, prejudiciais para a
saúde da mulher e do bebê. Deve incluir situações especiais como atenção às
mulheres em situação de violência, a prevenção e abordagem da gravidez não
planejada e a de alto risco, a assistência à infertilidade e atenção diferenciada a
situações de risco, as doenças ou problemas com identificação e os tratamentos
oportunos para prevenção de complicações. (BRASIL, 1984 apud BRASIL, 2018).
De acordo com Ministério da Saúde (2015, art. 7º) da PNAISC, são ações
estratégicas do eixo de atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao
nascimento e ao recém-nascido:
16
2) Eixo Estratégico II – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar
Saudável
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3) Eixo Estratégico III – Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do
Desenvolvimento Integral
Consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da
criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI) ”, pela Atenção
Básica à saúde, conforme as orientações da Caderneta de Saúde da Criança,
incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares
(BRASIL, 2015b, art. 6º, item III apud BRASIL, 2018).
Este eixo estratégico da Pnaisc constitui uma das preocupações mais
tradicionais da saúde pública nacional quando se trata da saúde da criança.
Segundo Brasil (2018):
18
Consiste em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do manejo
de doenças prevalentes na infância e ações de prevenção de doenças crônicas e de
cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e internação domiciliar
sempre que possível (BRASIL, 2015b, art. 6º, item IV apud BRASIL, 2018).
Nas últimas décadas, tem-se observado importante mudança no perfil de
morbimortalidade da população brasileira, denominada de “transição
epidemiológica”, caracterizada pela redução das doenças infectocontagiosas,
aumento das doenças crônicas não transmissíveis e, mais recentemente, o aumento
de casos de anomalias congênitas. A transição epidemiológica ocorre devido a
fatores como a urbanização, o acesso aos serviços de saúde, os meios de
diagnóstico e as mudanças culturais expressivas.
No Brasil, porém, esta transição apresenta características particulares,
decorrentes das diferenças sociais, econômicas e regionais, e o envelhecimento da
população, apresentando assim um modelo de transição onde ainda temos
significativa ocorrência de agravos causados por doenças infectocontagiosas e, ao
mesmo tempo, o crescimento da morbimortalidade por doenças crônicas não
transmissíveis.
Tais mudanças criaram novas demandas para o sistema de saúde, que
precisa assistir as crianças que apresentam condições crônicas de saúde com uma
gama variada de etiologias e prevalências distintas, que vão desde doenças como
problemas alérgicos, obesidade, diabetes, hipertensão, distúrbios neurológicos,
câncer e problemas de saúde mental até doenças raras como síndromes genéticas
e metabólicas, lembrando ainda, que as condições crônicas de saúde apresentam
um largo espectro de gravidade (MOREIRA; GOMES; SÁ, 2014).
São ações estratégicas do eixo de atenção integral a crianças com doenças
crônicas: (BRASIL, 2015b, art. 10 apud BRASIL, 2018)
19
Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância – Aidpi
A estratégia “Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância” (Aidpi)
tem por objetivo diminuir a morbidade e mortalidade de crianças entre zero a 5 anos
de idade, por meio da melhoria da qualidade da atenção prestada à criança por
profissionais de saúde, em especial na Atenção Básica à Saúde, promovendo ações
de promoção e prevenção em saúde infantil, diminuindo a mortalidade por estas
doenças, não apenas investindo na sobrevivência das crianças, mas também no seu
pleno desenvolvimento infantil (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE,
2005 apud BRASIL, 2018).
Trata-se de uma abordagem da Atenção Integral à Saúde da Criança,
desenvolvida originalmente pela Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) e pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), que teve início no Brasil no ano 1996.
Caracteriza-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de
doenças de maior prevalência na infância, em vez do enfoque tradicional que busca
abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais
doenças que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida.
Segundo o Ministério da Saúde (2018), o Aidpi:
20
Para efeito da política, considera-se como violência “quaisquer atos ou
omissões dos pais, responsáveis, instituições e, em última instância da sociedade
em geral, que redundam em dano físico, emocional, sexual e moral” (BRASIL, 2010d,
p. 28), abrangendo ainda a negligência e/ou abandono.
O termo acidente é consagrado pelo uso, contudo, podemos assumir que tais
eventos são, em maior ou menor grau, previsíveis e preveníveis, retirando-lhes,
assim, a conotação fortuita e casual que lhe pode ser atribuída (BRASIL, 2001a).
Para ambos os agravos, tanto os acidentes como as violências, devem-se
investir em ações de prevenção e de promoção da cultura de paz, considerando-se
que são eventos evitáveis.
As medidas normativas, especialmente o Estatuto da Criança e do
Adolescente, repudiam a violência, definindo, no Art. 5º da Lei, que “Nenhuma
criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. ” (BRASIL, 1990).
De acordo com a Lei n. º 13.010, de 26 de junho de 2014, “A criança e o
adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
ou qualquer outro pretexto [...] ” (BRASIL, 2014).
A Pnaisc define como ações estratégicas do eixo de atenção integral à criança
em situação de violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz:
(BRASIL, 2015b, art. 11 apud BRASIL, 2018)
21
Destacam-se ações a serem desenvolvidas, nas três esferas de gestão do
SUS, para o estímulo à cultura de paz, a direitos humanos e a não violência:
22
São consideradas crianças em situações específicas as crianças indígenas,
quilombolas, do campo e da floresta, ribeirinhas e/ou das águas, entre outras. Em
situação de vulnerabilidade as crianças em serviços de acolhimento institucional,
filhos e filhas de mães privadas de liberdade (com atenção especial para as mães
adolescentes), em situação de rua (incluindo famílias com crianças, mulheres e
adolescentes gestantes), famílias e crianças em áreas de risco de desastres.
O trabalho infantil, um grave problema social, expõe a criança às mais
diversas situações de vulnerabilidade, que afetam o seu desenvolvimento biológico,
social e psicológico.
A atenção à saúde de crianças com Deficiência ou em Situações Específicas
e de Vulnerabilidade dispõe das seguintes ações estratégicas: (BRASIL, 2015b, art.
12 apud BRASIL,2018)
23
Por meio de suas múltiplas etapas possibilita ainda a avaliação das ações e
dos serviços de saúde e contribui no processo formativo permanente dos
profissionais envolvidos por meio de ações de sensibilização e estudos de caso.
A vigilância do óbito infantil, fetal e materno é de responsabilidade do gestor
municipal e deve ser realizada pela equipe de Atenção Básica para levantamento
dos possíveis problemas que envolveram a morte de uma mulher, um feto ou uma
criança por causa evitável na sua área de responsabilidade, considerado evento-
sentinela. Também deve ser feita pelas maternidades e hospitais onde são
realizados partos. Possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção
de óbitos evitáveis pelos serviços de saúde e redução da mortalidade materna,
infantil e perinatal. (BRASIL, 2008a, 2010b apud BRASIL, 2018)
A interface entre a vigilância do óbito infantil, fetal e materno se faz necessária,
na medida em que os problemas relacionados a estes óbitos são semelhantes e as
ações de prevenção podem beneficiar a mulher e a criança. Ainda, é importante
destacar a repercussão de um óbito materno sobre a vida da criança que sobrevive
(BRASIL, 2008a, 2010b apud BRASIL, 2018).
Devem ser realizadas:
Identificação, levantamento dos dados da atenção ambulatorial, urgência e
hospitalar, entrevista domiciliar e análise dos óbitos de mulheres em idade
fértil e óbitos maternos, fetais e infantis da área de abrangência da
unidade/município/regional/estado; utilização dos instrumentos
recomendados pelo MS.
Análise da evitabilidade dos óbitos maternos fetais e infantis, em reuniões
locais, e identificação das medidas necessárias para prevenção de novas
ocorrências.
24
5 SAÚDE DA CRIANÇA NA ATENÇÃO BÁSICA – PROGRAMAS DE ATENÇÃO
À SAÚDE DA CRIANÇA.
Fonte: atarde.uol.com.br
25
considerando as especificidades locorregionais. (BRASIL, 2012f apud BRASIL,
2018)
O Ministério da Saúde (2018) discorre sobre os problemas de saúde das
crianças atendidas na atenção básica:
26
5.1 Programa Nacional de Imunização – PNI
Fonte: agrolandia.sc.gov.br
27
administração, o registro e o descarte dos resíduos das atividades de vacinação. A
vacinação segura é fator determinante para o sucesso dessa iniciativa e todos os
possíveis eventos adversos devem ser notificados para possibilitar a avaliação e a
investigação de suas causas.
O PNI disponibiliza Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais
(CRIE) distribuídos nas 27 unidades federadas, com infraestrutura e logística
específica, profissionais especializados e destinados ao atendimento de pessoas
com quadros clínicos especiais, ou seja, grupos populacionais com condições que
justificam a utilização dos imunobiológicos especiais, como por exemplo, os recém-
nascidos, especialmente prematuros, crianças com imunodeficiências congênitas,
crianças expostas ou infectadas pelo HIV e outras crianças em situações específicas.
(BRASIL, 2006b apud BRASIL, 2018)
Fonte: educacao.rs.gov.br
28
As Políticas de Saúde e de Educação investiram no Programa Saúde na
Escola (PSE), instituído pelo Decreto Presidencial n. º 6.286, de 5 de dezembro de
2007 (BRASIL, 2007c apud BRASIL, 2018), tendo como principais desafios o uso de
estratégias pedagógicas coerentes com a produção de educação e saúde integral,
fundamental para produzir autocuidado, autonomia e participação dos escolares de
acordo com a idade que se encontram.
A organização das ações do PSE, por meio das equipes das Unidades
Básicas de Saúde e das escolas, está estruturada de forma intersetorial, segundo os
seguintes componentes: avaliação das condições de saúde, promoção da saúde e
prevenção de doenças e agravos, e formação de profissionais de saúde e educação.
A gestão do PSE é centrada em ações intersetoriais, que requerem a
articulação das redes de Saúde, de Educação e dos demais setores, por meio de
Grupos de Trabalho Intersetorial (GTI), nas três esferas de governo: federal, estadual
e municipal.
Fonte: ptnosenado.org.br
29
direcionadas à mulher e à criança, com o objetivo de promover a qualidade de vida
desse público, por meio das ações de promoção, prevenção, cuidado, qualificação e
vigilância em saúde (BRASIL, 2004a apud BRASIL, 2018).
O acesso à saúde bucal deve ter início no pré-natal e será incorporado no
acompanhamento do crescimento e no desenvolvimento da criança. A equipe de
saúde deve trabalhar de forma articulada, encaminhando a gestante para a consulta
odontológica ao iniciar o pré-natal. Deve-se garantir ao menos uma consulta
odontológica durante o pré-natal, com agendamento das demais consultas,
conforme as necessidades individuais da gestante. A equipe de Saúde Bucal deverá
efetuar os registros das ações realizadas nas Cadernetas de Saúde da Criança e da
Gestante (BRASIL, 2004a, 2008b apud BRASIL, 2018).
Nas ações de saúde direcionadas à criança, recomenda-se que todos os
profissionais da equipe de saúde incorporem, em sua rotina, o exame da cavidade
bucal das crianças e orientações aos pais e responsáveis sobre prevenção de
doenças e agravos e de promoção da saúde bucal, enfatizando a importância do
acompanhamento da saúde bucal e direcionando a criança para as consultas
odontológicas periódicas, evitando assim que o acesso ocorra tardiamente devido à
doença já instalada (COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS
DA SAÚDE apud 2008BRASIL, 2018).
O ambiente escolar é também um espaço eficiente para o desenvolvimento
de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde bucal, desenvolvido
pelo Programa Saúde na Escola (PSE).
Os profissionais de saúde devem desenvolver, com os educandos, atividades
de escovação supervisionada, aplicação de flúor nos casos necessários e atividades
educativas em sala de aula, com o envolvimento de outros temas de saúde
(alimentação saudável, autoestima, autocuidado, entre outros) e no próprio território,
além da realização anual da avaliação da saúde bucal dos escolares (BRASIL,
2004a, 2012h apud BRASIL, 2018).
30
de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade
do cuidado. Reúne um conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis
de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da
assistência à saúde, em consonância com as diretrizes para a organização da RAS,
no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL,2010).
A Portaria n. º 4.279, de 30 de dezembro de 2010, “Estabelece diretrizes para
a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). ” São atributos da RAS, essenciais ao seu funcionamento, de acordo com a
portaria:
31
Participação social ampla.
Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico.
Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com
incentivos pelo alcance de metas da rede.
Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede,
com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem
étnica e outras variáveis pertinentes.
Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da
rede.
Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade
em saúde.
Gestão baseada em resultados.
Fonte: PNAISC, 2018
32
5.5 Saúde da Criança na Rede de Atenção Materna, Neonatal e Infantil – Rede
Cegonha
Fonte: redehumanizasus.net
33
Do ponto de vista da criança, a Rede Cegonha tem por objetivo a promoção
da gravidez saudável e do respeito à fisiologia dos processos da transição da vida
intra para a vida extrauterina, às suas necessidades de maturação, ao seu tempo e
à sua capacidade de desenvolvimento pleno. Incentiva a preservação desta fisiologia
humana em que o trabalho de parto exerce influências profundas e positivas sobre
o bebê:
A liberação de ocitocina endógena e cortisol da mãe que promove a
maturação final da criança, do sistema nervoso e respiratório;
A liberação de líquidos pulmonares pela passagem pelo canal de parto e a
colonização bacteriana que estimula o sistema imunológico e aponta
associação com menor redução de risco de obesidade, diabetes,
hipertensão, asma e autismo, maior interação mãe-filho e melhores
resultados perinatais de forma geral.
34
planejamento, a avaliação e a tomada de decisão transparente e
participativa, envolvendo os diversos atores.
Fonte: edisciplinas.usp.br
35
5.7 A Organização dos Pontos de Atenção da RUE para o Cuidado com a
Criança
36
hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com outros serviços de
atenção à saúde, por meio de fluxos lógicos e efetivos de referência e contra
referência, ordenados pelas Centrais de Regulação Médica de Urgências e
complexos reguladores instalados na região (BRASIL, 2013u; BRASIL, 2013s apud
BRASIL, 2018).
Atenção/Internação Domiciliar: Tem importante papel, no sentido de
abreviar o período de observação ou internação de crianças em situação de U/E, já
estabilizadas, mas que ainda demandam cuidados. Produz impactos na
humanização do atendimento à criança, no seu lar, com a sua família, o que traz
conhecidos benefícios à sua recuperação, bem como favorece a disponibilização de
leitos nas portas de urgências.
A Rede também é integrada por outros serviços de urgência 24 horas, do
componente hospitalar: portas hospitalares de urgência, leitos clínicos de
retaguarda, leitos de UTI, unidades de cuidados prolongados e tranversalizada por
uma linha do cuidado em trauma.
37
anátomo-fisiológicas do cérebro nos primeiros anos de vida e o papel
fundamental das experiências de vida de um bebê, para o funcionamento
das conexões neuronais e para a constituição psicossocial, tornam este
período um momento sensível e privilegiado para intervenções.
Nas ações de assistência materna e infantil da Atenção Básica, por
exemplo, as equipes profissionais são importantes na tarefa de
identificação de sinais iniciais de problemas de desenvolvimento.
Assim, em toda visita domiciliar ou atendimento da criança, a equipe de
saúde deve estar atenta a alguns sinais de alerta, como atraso nas
aquisições neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e
repetitivos, apatia frente a estímulos do ambiente, dificuldade em fixar
visualmente o rosto da mãe e objetos do ambiente, ausência de resposta
aos estímulos sonoros, entre outros.
Outro importante ponto a ser considerado são os casos de violência e/ou
negligência. Tendo em vista que mulheres e meninas com deficiência
estão frequentemente expostas a maiores riscos, tanto no lar como fora
dele, de sofrer tratamento negligente, violência física, psicológica e sexual.
Para o enfrentamento desse tipo de situação é fundamental o preparo da
equipe na identificação, na notificação e na comunicação ao Conselho
Tutelar, além da intervenção e cuidados terapêuticos e/ou psicossociais
para a criança e orientação às famílias. Para saber mais, consultar o eixo
estratégico, sobre a Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de
Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violências.
Fonte: PNAISC, 2018
38
Atenção Especializada: Estabelecimentos de saúde habilitados em apenas
uma das modalidades de reabilitação; os Centros Especializados em Reabilitação
(CER); Oficinas Ortopédicas e Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
Centro Especializado em Reabilitação (CER): É um ponto de atenção
ambulatorial, especializado em reabilitação, que realiza diagnóstico, tratamento,
concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em
referência para a Rede de Atenção à Saúde no território. Com 4 modalidades
diferentes – física, intelectual, auditiva e visual – que indicam o porte do CER, tipo II,
III ou IV, classificado a depender do número de modalidades que atende.
Oficina Ortopédica: Constitui serviço de dispensação, confecção, adaptação
e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção (OPM), e têm
como referência um serviço habilitado em reabilitação física integrando a Rede de
Cuidados da Pessoa com Deficiência no Estado.
Centro Especializado em Odontologia (CEO): É o estabelecimento de
saúde que oferta atendimento especializado odontológico e ao integrar a Rede PCD
recebe qualificação para o atendimento da pessoa com deficiência.
39
de vida saudáveis, vacinação, prevenção de doenças e agravos, provendo o cuidado
em tempo oportuno.
As ações de cuidado para crianças no campo específico da atenção à saúde
mental devem seguir as diretrizes operacionais pautadas pelo reconhecimento e
acolhimento da demanda de cada um, com Projeto Terapêutico Singular (PTS),
levando em conta (BRASIL, 2005b apud BRASIL, 2018):
5.10 Saúde da Criança na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas
40
e à atenção do SUS, de articulação em rede, da ampla gama de serviços e
profissionais necessários para seu cuidado integral.
A Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, instituída
pela Portaria n. º 483, de 1º de abril de 2014 (BRASIL, 2014d apud BRASIL, 2018),
tem como finalidade realizar a atenção de forma integral às pessoas, neste caso às
crianças com doenças crônicas, em todos os pontos de atenção, com oferta de ações
e serviços de promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico,
tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde.
O objetivo dessa rede é fomentar a mudança do modelo de atenção, com
fortalecimento da Atenção Básica, por meio da qualificação da atenção integral às
crianças com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para promoção da
saúde e para prevenção do desenvolvimento dessas doenças e suas complicações,
entre elas o câncer, que dispõe de uma Política Nacional de Prevenção e Controle
do Câncer, segundo a Portaria n.º 874, de 16 de maio de 2013 (BRASIL, 2013b),
bem como de critérios e parâmetros para habilitação de estabelecimentos de saúde
especializados em Oncologia, inclusive Oncologia Pediátrica, redefinidos na Portaria
n.º 140, de 27 de fevereiro de 2014 (BRASIL, 2014b apud BRASIL, 2018).
Para superar os desafios das doenças crônicas no Brasil, no ano de 2013 o
MS definiu as “Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas
redes de atenção à saúde”. Alguns atributos são indispensáveis na organização dos
processos de trabalho, voltados para o cuidado da criança com doença crônica,
ressaltando: o acolhimento, a atenção centrada na criança e na família, o cuidado
continuado e a atenção programada, a equipe interdisciplinar, o Projeto Terapêutico
Singular e o fomento do autocuidado.
Tal organização dos serviços precisa se dar por regiões de saúde, entre outros
motivos, pelo fato da maior parte dos municípios brasileiros ser de pequeno porte,
possuindo apenas serviços de Atenção Básica, havendo a necessidade de se
organizar a Rede de Atenção à Saúde (RAS) na região, com definição de serviços
de referência regionais.
Inclusive, sempre que possível, com a estruturação destes serviços em locais
de vazio assistencial, ampliando a cobertura populacional de atenção especializada
para as doenças crônicas. Os diferentes níveis de cuidado devem ter uma efetiva
organização regionalizada, para ampliar acesso e relação solidária de profissionais
da Atenção Básica e de especialistas, facilitando a prestação de serviços de saúde
41
de qualidade, definição de responsabilidades, comunicação e a transferência segura
quando necessária.
42
como contribuição ao processo terapêutico, socioafetivo e educativo, de acordo com
a faixa etária. Esses estabelecimentos devem dispor de brinquedotecas nas suas
dependências de acordo com a Lei n. º 11.104, de 21 de março de 2005, espaços
de lazer e de convivência da criança com a família, conforme a RDC n. º 50, de 21
de fevereiro de 2002, e a RDC n. º 307, de 14 de novembro de 2002 (BRASIL, 2002a;
2002b; 2005e apud BRASIL, 2018).
A Atenção Domiciliar constitui oferta essencial na Rede de Atenção à Saúde
para se garantir uma atenção integral e humanizada às crianças com agravos
crônicos que dificultam sua mobilização do domicílio ou, muitas vezes, até do leito,
seja aquela atenção realizada pelas equipes de Atenção Básica/equipes de Saúde
da Família, com apoio, se necessário, por profissionais dos Nasfs, seja aquela de
maior complexidade, cujo cuidado é feito por Equipes Multidisciplinares de Atenção
Domiciliar (Emad).
No caso de crianças acometidas por doenças crônicas complexas, como
aquelas que, em grande número, ainda ocupam leitos de UTI/UCI Neonatal ou UTI/
UCI Pediátrica pelo País, seja em longas internações, ou mesmo por tempo
indeterminado, como “moradoras”, a Atenção Domiciliar, substituindo a Internação
Hospitalar, constitui importante alternativa a ser perseguida, considerando a
humanização do atendimento à criança, no seu lar, junto a sua família, o que traz
conhecidos benefícios à sua recuperação. Além disso, favorece a disponibilização
de caros e frequentemente disputados leitos intensivos ou semi-intensivos, com
significativa diminuição de custos da assistência final.
43
Fonte: minutocrianca.com
44
6.2 O Crescimento Pós-neonatal
Fonte: ufpel.edu.br
45
Fonte: slideshare.net
46
Fonte: Caderno Crescimento e Desenvolvimento NESCON
47
Padrão céfalo-podálico: demonstra que o desenvolvimento segue o sentido
cabeça para os pés. Primeiro a criança sustenta a cabeça, para depois sustentar
o tronco.
Padrão proximal-distal: de perto para longe, da região proximal para a distal, ou
seja, primeiro controla os ombros, para depois controlar os braços; primeiro pega
um objeto com toda a mão, para depois pegar um objeto com o polegar e o
indicador (movimento de pinça).
Padrão da diferenciação: das atividades mais simples para as mais complexas.
Primeiro brinca sozinha, para depois socializar a brincadeira.
48
saúde logo após o nascimento, como infecções ou icterícia, se precisou
ficar internada no berçário ou UTI neonatal.
49
Fonte: Caderno de Atenção Básica, nº11. MS
50
O enfermeiro é membro essencial da Equipe de Saúde da Família. Suas
atribuições são complexas e demandam conhecimento científico acerca das várias
interfaces que permeiam a Estratégia Saúde da Família. Diante de tantas atribuições,
sejam estas comuns a todos os membros da equipe, sejam específicas do
enfermeiro, sempre é necessário planejar a assistência.
O uso do SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem, é essencial
para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro no acompanhamento pueril,
sendo necessário, muitas vezes, recorrer às terminologias empregadas em
enfermagem e sua incorporação na prática profissional.
Um exemplo de como seria as intervenções, no diagnóstico de enfermagem:
desenvolvimento inadequado de uma criança:
Intervenções Responsável
Brincar com a criança Usuário
Conversar com a criança Usuário
Demonstrar carinho à criança durante os cuidados Usuário
Encaminhar para consulta médica Enfermeiro
Esclarecer mãe/cuidador sobre as fases do desenvolvimento Enfermeiro
de acordo com a idade da criança
Estimular a criança a movimentar-se livremente Usuário
Estimular mãe/cuidador a demonstrar carinho durante os Enfermeiro
contatos com a criança
Investigar a expectativa da mãe/cuidador frente ao Enfermeiro
desenvolvimento da criança em relação à idade
Investigar possibilidade de negligência à criança Enfermeiro
Orientar mãe/cuidador a conversar com a criança Enfermeiro
Programar monitoramento domiciliar Enfermeiro
Retornar no dia e horário agendados Usuário
51
6.6 Alimentação da criança
Fonte: saudebrasil.saude.gov.br
52
6.7 Aleitamento Materno
53
definição de aleitamento materno exclusivo, desde que utilizados em volumes
reduzidos, de forma a não concorrer com o leite materno.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde
recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até
os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares
antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois
a introdução precoce de outros alimentos está associada a:
Maior número de episódios de diarreia;
Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem
nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo,
quando os alimentos são muito diluídos;
Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o
ferro e o zinco;
Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
Menor duração do aleitamento materno.
Para que a amamentação seja eficaz, é preciso que o bebê consiga a pega
adequada. Caso isso não ocorra, ele não ficará saciado, e a mãe poderá apresentar
várias intercorrências que podem culminar com o fim da amamentação, como por
exemplo, o ingurgitamento mamário, fissura mamilar, mastite. Erros na pega podem
determinar o sucesso ou insucesso na amamentação, por isso, os profissionais de
saúde devem estar atentos em orientar e ajudar a mãe em relação ao
posicionamento correto.
Os sinais que indicam que a pega está adequada são os que seguem:
54
Boca do bebê abocanhando toda a aréola e não apenas o mamilo;
Barriga do bebê encostada na barriga da mãe;
Lábios bem abertos, lábio inferior voltado para fora (boca de peixinho);
Queixo do bebê encostado no seio da mãe.
Fonte: sophiederam.com
55
recebendo leite materno e terá a complementação de outros alimentos a fim de suprir
suas necessidades em relação às proteínas, sais minerais, energia, vitaminas, água
e gordura. É fundamental que seja respeitado o hábito alimentar da família e que os
alimentos sejam oferecidos com segurança.
A introdução de alimentos complementares após o sexto mês de vida deve
ser gradual, respeitando-se a aceitação da criança. Quando uma criança não aceita
determinado alimento, é necessário oferecê-lo até dez vezes para se ter certeza de
que ela não aprova aquele sabor. Mesmo que não o aceite, é importante colocá-lo
no prato, pois isso pode estimulá-la a comê-lo, principalmente se outros membros da
família o fazem.
As frutas devem ser amassadas ou raspadas e não devem ter adição de
açúcar. Os sucos devem ser naturais e não artificiais e não devem substituir uma
refeição, mas sim atuar como um complemento. O consumo de frutas da estação
deve ser estimulado, principalmente devido à facilidade de acesso em relação à
disponibilidade e preço.
A refeição salgada deve conter tubérculos, cereais, verduras e carne,
principalmente a vermelha. Nunca deve ser batida no liquidificador ou passada pela
peneira. Os alimentos devem ser cozidos com água sufi ciente para cobri-los. Após
o seu cozimento, devem ser amassados com um garfo. A consistência correta é a
de purê e não de sopa.
A criança pode também, nesta idade, receber duas papas de frutas (uma no
intervalo da manhã e outra no intervalo da tarde) e uma papa salgada no almoço. O
leite materno deve continuar sendo oferecido no restante do período.
A partir dos sete meses a criança recebe também a papa salgada no jantar e,
aos oito meses, a consistência do alimento já pode ser semelhante à dos alimentos
da família para que, aos doze meses, a criança já possa se alimentar com a mesma
refeição ofertada às pessoas que convivem com ela.
56
Pode começar precocemente na vida intrauterina (baixo peso ao nascer) e,
frequentemente, cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do
aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos
primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da
vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas como a diarreia e
infecções respiratórias agudas (BRASIL, 2005).
Entende-se que a desnutrição é multifatorial, pois não ocorre apenas devido
à falta de alimento, ela pode ser causada por várias razões, como por exemplo: falta
de alimentos, oferta de alimentos de baixa qualidade, doenças que dificultam a
absorção, processos infecciosos de repetição, vínculo fraco entre mãe e filho. As
crianças que não são adequadamente nutridas podem ter carências específicas
como a hipovitaminose A e a carência de ferro. A deficiência de vitamina A pode
levar a criança ao risco de cegueira (cegueira noturna, xeroftalmia ou
queratomalácia).
A vitamina A protege a visão, evita a diarreia e diminui o risco de sarampo. Já
a deficiência de ferro é a causadora da anemia ferropriva, que acomete muitas
crianças brasileiras.
Crianças com idade entre 6 a 12 meses merecem cuidado especial em relação
à ingesta de alimentos que contenham ferro. Na falta deste, a criança fica vulnerável
ao desenvolvimento de anemia por deficiência desse micronutriente, o que prejudica
o seu crescimento e desenvolvimento. O consumo diário de carne, miúdos (no
mínimo uma vez por semana) e suco de fruta natural, fonte de vitamina C, após o
almoço e jantar, aumenta a absorção do ferro não heme.
Crianças de 6 a 18 meses devem receber o suplemento de ferro disponível
nas Unidades Básicas de Saúde e de Saúde da Família de forma preventiva. A
criança com desnutrição grave pode apresentar características muito peculiares,
como o emagrecimento acentuado visível, quando os ossos ficam aparentes, o
abdômen proeminente, os cabelos quebradiços e sem brilho e o glúteo e pernas com
“sinal da calça larga”, ou seja, a gordura corporal desaparece, e a pele fica enrugada
como se a criança estivesse vestindo uma calça larga. O edema também indica
desnutrição grave, embora a criança possa apresentar uma aparência física de estar
mais gordinha.
De acordo com a estratégia da AIDPI, o enfermeiro, mediante avaliação da
criança, pode realizar as seguintes classificações:
57
Classificação para crianças de 2 meses a menor de 5 anos de idade:
Marasmo
O marasmo, tipo de desnutrição mais comum no Brasil, é decorrente da falta
total de alimentos, levando ao quadro de desnutrição proteico-calórica. Nesse caso
a criança apresenta os sinais de emagrecimento acentuado visível. Quando a
desnutrição se dá devido às condições precárias de vida, como a falta do alimento,
por exemplo, é possível que toda a família da criança esteja desnutrida. O marasmo
58
é sinal de miséria. É muito triste ver uma família nessa situação. O apetite da criança
é preservado no marasmo.
Kwashiorkor
O kwashiorkor também é um tipo de desnutrição grave e caracteriza-se
principalmente pelo edema em ambos os pés da criança. Está relacionado à defi
ciência proteica. Nesse caso, o cabelo é fi no e ralo, a pele é ressecada e a criança
tem um olhar triste, conhecido como olhar de miséria. O apetite da criança é
diminuído no kwashiorkor. Utilizamos o termo “Desnutrição” quando o caso é
considerado grave pela estratégia AIDPI (Marasmo ou Kwashiorkor); nas demais
classificações, utilizaremos os termos Baixo Peso, Muito Baixo Peso.
59
6.11 PNI – Programa Nacional de Imunização
Fonte: portalarquivos.saude.gov.br
60
A consolidação da missão do PNI ocorre nas salas de vacinas que dependem
dos processos logísticos aplicados à conservação dos imunobiológicos,
disponibilizados nacionalmente na Rede de Frio do PNI.
As Centrais de Rede de Frio (CRF) são as estruturas físicas que
proporcionam efetivamente as condições adequadas à manutenção da Cadeia de
Frio, têm foco na segurança e na qualidade dos processos de armazenamento,
distribuição e transporte. Organizam-se nas três esferas, dispõem de estruturas
físicas similares, com fluxos operacionais semelhantes, variando seus
dimensionamentos em função do perfil epidemiológico e da consequente demanda
onde se inserem.
Prevenir a doença é melhor do que tratá-la. E a vacinação é uma das medidas
mais importantes e eficazes de prevenção. A vacina estimula o sistema imunológico
a produzir anticorpos que destroem os micro-organismos invasores (bactérias ou
vírus) tornando a pessoa, assim, imunizada. A Secretaria da Saúde do Ceará reforça
a importância de a população ficar atenta ao calendário vacinal e manter a rotina de
imunização, atualizando a caderneta de vacinação.
Cada faixa etária tem sua vacina específica e todas as vacinas, com exceção
da Influenza, ficam disponíveis fora do período de campanhas. Quanto mais pessoas
são imunizadas, mais comunidades são protegidas contra doenças e menor é a
chance de contaminar outras pessoas. Conforme o Calendário Nacional de
Vacinação, as vacinas estão disponíveis para crianças, adolescentes, adultos,
idosos e gestantes.
61
Calendário nacional de vacinação de 2019
Idade Vacinas
62
– Tetra viral (Tríplice Viral 2ª dose
+ Varicela)
– Influenza (1 ou 2 doses anuais)
63
7 A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES – SAÚDE
MENTAL
Fonte: educacao.estadao.com.br
64
singularidade, ou seja, não é possível pensar em tratamentos e abordagens
terapêuticas de forma homogênea e prescritiva, pois vale a máxima de que
“cada caso é um caso”. Nessa linha, é preciso reconhecer voz e escuta de
cada criança e adolescente. Cumpre alertar que, mesmo na ausência de
pais ou responsáveis, crianças e adolescentes têm direito ao atendimento
eventual ou não eventual.
B) Acolhimento universal: significa que as portas dos serviços devem
estar abertas a todos aqueles que chegam com alguma necessidade de
saúde e de saúde mental. É bastante comum neste campo da atenção à
saúde mental infanto-juvenil que os profissionais do serviço não se sintam
aptos a realizar o atendimento com base na alegação de que um
determinado tipo de paciente “não tem perfil” para tal serviço (sobretudo
quando se trata de usuários de álcool e outras drogas e ainda mais tendo
cometido algum ato infracional). É preciso reconhecer as resistências e
dificuldades dos profissionais de saúde em atender esta clientela e pensar
em estratégias para superá-las, mas é imprescindível que se garanta o
acolhimento da demanda (que deve ser recebida, ouvida e respondida).
O acolhimento universal não significa que os serviços de saúde e de saúde
mental tenham que atender e acompanhar todos os casos que até ali
chegam, mas deve fazer uma abordagem para identificar as necessidades
de cada situação, propor alguma intervenção inicial e, quando couber,
oferecer outras estratégias e lugares de tratamento.
C) Encaminhamento implicado e corresponsável: no caso de haver
outro serviço que melhor se ajuste às necessidades do usuário, os
profissionais que fizeram o acolhimento devem, de maneira implicada e
corresponsável, promover o acompanhamento do caso até a sua inclusão
e o seu atendimento em outro serviço (muito diferente de um procedimento
administrativo e burocrático de preencher uma guia de encaminhamento
para outro serviço). Muitas vezes, é preciso fazer um trabalho conjunto entre
os serviços para o melhor atendimento do caso. Este primeiro acolhimento,
aonde quer que chegue o usuário, pode ser determinante nos
desdobramentos e na adesão ao tratamento.
D) Construção permanente da rede e da intersetorialidade: a partir da
noção de clínica ampliada e da complexidade das intervenções em saúde
mental, álcool e outras drogas, é fundamental a construção cotidiana de
uma rede de profissionais, ações e serviços para a garantia do acesso de
crianças, adolescentes e jovens aos cuidados nesta área. Neste sentido, é
imprescindível a convocação dos atores intersetoriais, sem os quais não
será possível uma resposta potente aos problemas de saúde mental, álcool
e outras drogas apresentados pela citada população.
E) Trabalho no território: trata-se de um conceito que extrapola os
sentidos meramente geográficos ou regionais, mas tem relação com as
redes de relações e afetos e com as redes sociais daquele que é cuidado,
que inclui a família, os vizinhos, a escola, a praça, o clube, os lugares de
lazer etc.
F) Avaliação das demandas e construção compartilhada das
necessidades de saúde mental: as demandas que chegam aos serviços
de saúde mental (vindas do sujeito, da família, da escola e dos serviços da
rede de saúde ou da rede intersetorial) devem ser discutidas e elaboradas
em conjunto pelas equipes, pelos familiares e pelos usuários. No imaginário
social há muitas demandas direcionadas à saúde mental, mas nem sempre
elas ajudarão a construir intervenções potentes, porque não correspondem
às necessidades reais dos usuários. Em algumas situações não existe
nenhuma evidência de efetividade para o caso concreto.
65
7.1 A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
66
UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à
urgência/pronto socorro, unidades básicas de
saúde.
Atenção Residencial Unidade de acolhimento
de Caráter Transitório Serviço de atenção em regime residencial.
Atenção Hospitalar Enfermaria especializada em hospital geral
Leitos de SM no hospital geral
Estratégias de Serviços residenciais terapêuticos
Desinstitucionalização Programa “De Volta para Casa”
Estratégias de Iniciativas de geração de trabalho e renda
Reabilitação Empreendimentos solidários e cooperativas sociais
Psicossocial
Fonte: Ministério da Saúde, 2014
8 SAÚDE DO ADOLESCENTE
Fonte: pim.saude.rs.gov.br
67
Adolescentes e jovens constituem um grupo populacional que exige novos
modos de produzir saúde. Seu ciclo de vida particularmente saudável evidencia que
os agravos em saúde decorrem, em grande medida, de modos de fazer “andar a
vida”, de hábitos e comportamentos, que, em determinadas conjunturas, os
vulnerabilizam.
As vulnerabilidades produzidas pelo contexto social e as desigualdades
resultantes dos processos históricos de exclusão e discriminação determinam os
direitos e as oportunidades de adolescentes e jovens brasileiros.
Iniciativas na Atenção Básica à Saúde devem incluir a melhoria de condições
sanitárias no ambiente físico, e a atenção às necessidades nutricionais, biológicas,
psicológicas e sociais em todas as etapas do desenvolvimento humano, dentro do
ciclo da vida. A integralidade da atenção nos serviços de Atenção Básica a Saúde é
entendida como a integração das ações de promoção da saúde, de prevenção de
agravos e enfermidades, de assistência e de controle de doenças, sempre pautada
nos determinantes e condicionantes da saúde.
68
distanciam. “Não existe somente uma cultura adolescente ou juvenil” são
culturas variadas e formas de agrupamentos e estilos de vidas
diversificados.
Fonte: saefw.blogspot.com
69
os antecedentes: perinatal, pessoal e familiar. Assim, será possível perceber como
se encontra sua adaptação sob o ponto de vista biopsicossocial.
Observar: inclui um exame físico o mais completo possível, a determinação
do estágio de desenvolvimento puberal, a obtenção de medidas antropométricas e a
identificação de alguma condição patológica. Deve-se qualificar o processo de
crescimento e desenvolvimento do adolescente, normal ou com algum distúrbio, e
diagnosticar problemas de saúde que estejam presentes. Verificar sua relação com
o grupo de pares, com a família e com adultos de referência. Identificar
vulnerabilidades, no sentido de antecipar problemas que possam ser evitados.
Avaliar, determinar ou diagnosticar: abordar, da melhor forma possível, as
questões psicossociais dos adolescentes e, se necessário, referir a serviços de maior
complexidade. Em caso de não necessitar referência, indicar ou aplicar o tratamento
correspondente e explicar como prosseguir com ele e as consequências caso não
siga as instruções adequadamente. Embora já esteja recebendo tratamento, explicar
quais são os sinais de alarme pelos quais deverá voltar ao serviço de saúde
imediatamente para reavaliação.
Tratar: Uma vez identificada uma doença ou uma situação de risco no
adolescente, é necessário iniciar o tratamento pertinente para estabilizar suas
condições antes de referi-lo para outro serviço ou hospital para o prosseguimento do
tratamento. No caso de não haver necessidade de referência para outro serviço,
indicar-se-á o tratamento correspondente e deve-se explicar claramente em que
consistem as alternativas terapêuticas. É fundamental assegurar a compreensão das
medidas terapêuticas e decidir com o adolescente as alternativas mais convenientes.
Acompanhar: de acordo com a condição identificada. Se for um adolescente
saudável, é conveniente uma avaliação, se possível, duas vezes ao ano.
Aconselhar ou orientar: escutar o adolescente e sua família em suas
inquietações, manejando-as sem preconceitos e refletindo, em conjunto, as
melhores alternativas para o melhor encaminhamento possível dos problemas
apresentados e prevenção de riscos desnecessários.
70
8.3 Caderneta de Saúde de Adolescentes
Fonte: poder360.com.br
71
física e esforço para promover o desenvolvimento de sua dimensão psicológica como
eu.
Na adolescência, a influência da família no processo de desenvolvimento
perde espaço para outras fontes de fatores de risco e fatores de proteção. Os fatores
internos (condição emocional, valores, talentos, habilidades, desejos, projetos,
autoestima, humor etc.) ganham força, assim como os fatores oriundos da
comunidade onde está inserido o jovem.
O papel da família como parte da rede de apoio de um adolescente poderá
significar mais proteção ou mais risco, dependendo do vínculo adulto
provedor/cuidador com adolescente, da capacidade de comunicação entre eles, do
estilo de parentalidade e da relação que as forças oriundas da comunidade e escola
(grupos de amigos, relações com o desempenho escolar, segurança do bairro em
que vivem, oportunidades de acesso à cultura e ao lazer etc.) intervêm no processo.
O grau de conflito entre adultos e jovens na família está relacionado em boa
parte ao estilo de relação e comunicação entre eles. Diana Baumrind (1991) propõe
uma classificação dos estilos de parentalidade, que se associam a diferenças no
comportamento social dos adolescentes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Estilos de Parentalidade: (BAUMRIND, 1991 apud MISTÉRIO DA SAÚDE,
2017)
Estilo parental predominante Comportamento social do
adolescente
Autoritário: estilo restritivo e punitivo Pouco criativo; com pouca habilidade de
no qual o adulto provedor/cuidador decidir com autonomia; poucas
persuade o adolescente a seguir suas habilidades comunicativas; ansiedade
orientações. Os limites e controles são frequente em relação às comparações
rígidos e há pouca troca comunicativa sociais.
Autoritativo: estilo que encoraja o Criativo, flexível, autoconfiante e
adolescente a ser independente e responsável; com boas habilidades
progressivamente autônomo. Os limites comunicacionais e respeito aos adultos;
e controles fazem parte da relação de capacidade de escolha com consciência
autoridade que o adolescente respeita e de seus efeitos.
reconhece em seus adultos cuidadores/
provedores. O diálogo e a negociação
72
são centrais na comunicação entre
estes adultos e jovens
Negligente: que se envolve pouco com Pouco autocontrole; dificuldade para
o processo de adolescer do jovem. lidar com a independência e pouca
Pouco interesse nas atividades e assertividade nas escolhas;
escolhas dos jovens. Há pouco ou necessidade de pertencimento a grupos
nenhum controle ou limite e a que se interessem e o ajudem a
monitoração do desenvolvimento é enfrentar o processo de adolescência.
mínima. A comunicação é muito
insuficiente
Indulgente: alto envolvimento dos Pouco autocontrole e alta frustração
adultos provedores/cuidadores com os quando contrariados, tanto por adultos
jovens, porém com poucos limites e como pelos pares; dificuldade para se
controle sobre o processo de adolescer incluírem em grupos, pouca habilidade
deles. A comunicação é pouco eficiente. comunicativa.
73
8.5 Atenção Integral à Saúde de Adolescentes no Contexto da Socioeducação
74
Direitos humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção de
violências e assistência às vítimas.
No âmbito do atendimento aos adolescentes em situação de privação de
liberdade, a atenção integral à saúde será realizada, prioritariamente, por uma
equipe da Atenção Básica. Dessa maneira, todas as unidades socioeducativas terão
como referência uma dessas equipes. As equipes de referência deverão estar em
consonância com as atribuições indicadas na Política Nacional da Atenção Básica
(BRASIL, 2011b, p. 48 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017)
O Ministério da Saúde (2017) orienta quando houver equipe de saúde dentro
da unidade socioeducativa:
75
Por matriciamento entende-se:
Discussão de casos clínicos.
Participação na elaboração do Projeto Terapêutico Singular, integrado
ao PIA.
Atendimento psicossocial com outros profissionais da unidade
socioeducativa e da rede intersetorial.
Colaboração nas intervenções terapêuticas da equipe de Atenção
Básica de referência e de outros serviços de saúde necessários.
Agenciamento dos casos de saúde mental na rede, de modo a garantir
a atenção integral à saúde.
Realização de visitas domiciliares conjuntas
Fonte: claudiabragaendocrinologia.com.br
76
representadas nos sistemas de informação para que cada setor possa ter dados
confiáveis sobre esse grupo populacional.
8.8 Crescimento
77
Fonte: pt.slideshare.net
Idade óssea:
A idade óssea ou esquelética corresponde às alterações evolutivas da
maturação óssea, que acompanham a idade cronológica no processo de
crescimento, sendo considerada como um indicador da idade biológica. Ela é
calculada por meio da comparação de radiografias de punho, de mão e de joelho
com padrões definidos de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade
óssea pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, considerando
a sua relação com a idade cronológica.
78
Composição e proporção corporal
Todos os órgãos do corpo participam do processo de crescimento da
puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura subcutânea que apresentam
um decréscimo absoluto ou relativo. Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a
puberdade, sendo que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com
o pico de velocidade do crescimento.
Desenvolvimento muscular: Na puberdade, chama atenção a hipertrofia e
a hiperplasia de células musculares, mais evidentes nos meninos. Este fato justifica
a maior força muscular no sexo masculino.
Medula óssea: Durante a puberdade, ocorre uma diminuição da cavidade da
medula óssea, mais acentuada nas meninas. Este acontecimento explica um volume
final maior da cavidade medular para os meninos, que somado à estimulação da
eritropoetina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um número
maior de células vermelhas, maior concentração de hemoglobina e ferro sérico.
Sequência do crescimento
O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma ordem invariável
que vai das extremidades para o tronco. Os diâmetros biacromial e biilíaco também
apresentam variações de crescimento durante a puberdade, sendo que o biacromial
cresce com maior intensidade no sexo masculino. Nas meninas, observa-se também
um alargamento da pelve.
Os pelos axilares aparecem, em média, dois anos após os pelos pubianos. O
pelo facial, no sexo masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar.
O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas situações, às
primeiras manifestações puberais.
Durante a puberdade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas
vocais tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este momento, mais
marcante nos meninos do que nas meninas, chamamos de muda vocal. Na maioria
dos indivíduos a mudança completa da voz se estabelece em um prazo de
aproximadamente seis meses. O crescimento dos pelos da face indica o final deste
processo, quando a muda vocal deve estar completa.
Adolescentes com uma alteração na voz, que persista por mais de 15 dias, a
Equipe de Saúde da Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(Nasf) que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma interconsulta
79
ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais visando solucionar o
problema em questão. É de suma importância que o profissional de saúde saiba
orientar os adolescentes quanto a comportamentos nocivos a sua saúde, como o
uso de tabaco.
Maturação sexual
A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos ainda não
plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal. Em
fase inicial da puberdade, o córtex cerebral transmite estímulos para receptores
hipotalâmicos, que, por meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise
anterior a secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea.
80
espermatogênese, que costuma ocorrer, É seguido do crescimento dos pelos
mais frequentemente, no estágio 4 de pubianos e pelo estirão puberal.
Tanner. A menarca acontece cerca de um ano
Avalia-se o volume testicular de forma após o máximo de velocidade de
empírica ou utilizando-se o orquímetro e crescimento, coincidindo com a fase de
orquidômetro de Prader. Estes sua desaceleração.
instrumentos contêm elipsoides de A ocorrência da menarca não significa que
volumes crescentes de 1 ml a 25 ml. O a adolescente tenha atingido o estágio de
tamanho testicular adulto situa-se entre função reprodutora completa, pois os
12 ml e 25 ml. ciclos iniciais podem ser anovulatórios.
Por outro lado, é possível acontecer
também a gravidez antes da menarca,
com um primeiro ciclo ovulatório.
Pelos pubianos: A evolução da distribuição de pelos pubianos é semelhante nos dois
sexos, de acordo com as alterações progressivas relativas à forma, espessura e
pigmentação
Fonte: Ministério da Saúde, 2017
81
Baixa estatura
Adolescentes de ambos os sexos com estatura de dois desvios padrões
abaixo da média ou abaixo do 3º percentil são considerados de baixa estatura. Deste
grupo, 20% têm baixa estatura patológica e os 80% restantes serão divididos entre
os de baixa estatura constitucional e familiar. Aqueles com estatura de três desvios
padrões abaixo da média têm baixa estatura, certamente, patológica. Os achados
das medições de altura e peso deverão ser plotados nas curvas de crescimento
encontrados nas Cadernetas do Adolescente do sexo masculino e feminino.
Regra do cálculo da estatura final de adolescentes baseado na estatura dos
pais:
Sexo masculino = AP+ (AM – 12 cm) limite ± 10
––––––––––––––––––––––––––
2
Sexo feminino = AM+ (AP – 12 cm) limite ± 9 2
––––––––––––––––––––––––––––
2
AP = Altura do pai
AM = Altura da mãe
82
Fonte: msdmanuals.com
Ginecomastia:
A ginecomastia consiste no aumento visível ou palpável da glândula mamária
do adolescente do sexo masculino. Pode ser uni ou bilateral, aparecendo em torno
dos 13 e 14 anos, durante o estirão puberal, regredindo, naturalmente, em 12 a 18
meses. Portanto, pode ser considerada uma condição frequente e normal da
puberdade, podendo ocasionar transtornos de autoimagem, com repercussões na
vida social do adolescente.
Conduta: Diferenciar de obesidade e lipoma. Nas circunstâncias em que
houver necessidade de se fazer um diagnóstico diferencial mais acurado, deve-se
referenciar para serviço especializado.
Fonte: drricardoamim.site.med.br
83
Micropênis
Considera-se micropênis sempre que, em qualquer idade, o tamanho peniano
for menor que 1,9 cm, medido da base até a ponta e esticado.
Conduta: Considerando a amplitude dos fatores etiológicos, deve-se
referenciar para serviço especializado. Oferecer suporte psicológico.
Observação: Os adolescentes de ambos os sexos que, no acompanhamento
por profissional de saúde, sejam constatadas dúvidas quanto ao processo de
crescimento e desenvolvimento devem ser referenciados a serviços de maior
complexidade para avaliação clínica e laboratorial.
84
CLASSIFICAR SEGUNDO A ESTATURA/IDADE, PESO/IDADE e SEXO
Estatura adequada Muito baixa estatura: Avaliar:
Escore-z: ≥ -2 Escore-z < -3 Risco bulimia/anorexia.
IMC adequado (Eutrofia) Baixa estatura Presença de alguma doença
Escore-z: ≥ -2 e ≤ +1 Escore-z < -2 e ≥ -3 aguda ou crônica.
Avaliar o peso e a estatura e Gravidez.
registrar nos gráficos nas Magreza: Endocrinopatia/doenças
consultas subsequentes; Escore-z < -2 e ≥ -3 genéticas.
Indicar atividades de Magreza acentuada: Edema generalizado.
promoção da saúde Escore-z <-3 Elaboração de Projeto
existentes no território. Terapêutico Singular.
Sobrepeso: Referência ao serviço
Escore-z > +1 e ≤ +2 especializado (depois de
Obesidade: discussão com a equipe).
Escore-z > +2 e ≤ +3
Obesidade grave:
Escore-z > +3
Fonte: Ministério da Saúde
Orientações:
Por que este filho não cresce igual aos meus outros filhos?
Tem a mesma idade da prima, mas ele está menor…
85
Inquietações dos adolescentes:
Avaliação da puberdade
Avaliar e classificar a maturação sexual de adolescentes entre 10 e 19 anos.
PERGUNTAR OBSERVAR AVALIAR
Antecedentes: menarca da Caracteres sexuais Estagio de Tanner (em cada
mãe, avós, tias, irmãs etc. secundários e consulta).
Idade de início dos odores características da Características da mama.
desagradáveis das axilas, genitália externa. Presença de ginecomastia.
aparecimento dos pelos Aspecto nutricional. Volume testicular,
pubianos. Sinais clínicos características do escroto,
Desenvolvimento mamário compatíveis com tamanho do pênis.
e menstruações. patologia crônica. Velocidade do crescimento.
Polução noturna. Atitude do adolescente Idade óssea (se
História nutricional. frente às mudanças necessário).
Doenças crônicas. puberais. Tempo de permanência em
Inquietações dos pais ou um determinado estágio de
responsáveis frente ao maturação (seguimento).
desenvolvimento do
adolescente (ambos os
sexos).
Inquietações do
adolescente (ambos os
sexos) sobre seu
desenvolvimento.
Fonte: Ministério da Saúde, 2017
86
Fonte: Ministério da Saúde
Não está muito cedo (muito tarde) para meu filho iniciar o seu
desenvolvimento? Meu outro filho não era assim.
Os seios dela estão crescendo e doendo… está normal?
Os seios estão de tamanho diferente, é normal?
Está com corrimento vaginal, acho que já vêm as menstruações…
Se a menstruação vier já, ela vai ficar baixinha...
87
Meus seios vão continuar crescendo?
Vou ficar igual a minha irmã ou a minha mãe?
Vou continuar crescendo depois do início das menstruações?
88
idosos. Em contrapartida consumiam menos frutas, legumes e verduras (IBGE, 2011
apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Além das informações referentes ao consumo alimentar, é muito importante
que as equipes de Atenção Básica conheçam os hábitos e o estilo de vida dos
adolescentes, principalmente daqueles de seu território, para verificar os caminhos
adequados e viáveis para intervenções individuais ou atividades coletivas de
promoção da saúde.
A infância e a adolescência são as fases em que se consolidam os hábitos
alimentares, portanto é importante que se entenda os seus fatores determinantes.
Entre os fatores relacionados à preferência alimentar individual, que começa a se
desenvolver na infância, destacam-se a experiência pessoal e a interação social.
Antropometria
Fonte: slideplayer.com.br
89
de cerca de 20% a 25% da sua estatura final e de 40% a 50% do seu peso final
nesse período.
Estes parâmetros são alcançados, em média, durante o intervalo de três a
cinco anos no estirão da puberdade. Assim, o profissional deve avaliar a
Estatura/Idade, Índice de Massa Corporal (IMC) /Idade e os Estágios Puberais de
Tanner de todos os adolescentes que comparecerem à unidade de saúde.
Avaliação antropométrica do adolescente
90
9 ATENÇÃO INTEGRAL SAÚDE DO ADOLESCENTE
9.1 Consulta
91
Sensibilizar adolescentes homens para o autocuidado e na
corresponsabilização pela saúde sexual e saúde reprodutiva sua e de
sua parceria.
Anamnese
O profissional de Saúde não deve ficar restrito a obter informações sobre o
motivo focal que levou o adolescente ao serviço de saúde, e sim conhecer o
adolescente como um todo, seguindo um roteiro de anamnese. Isto inclui a avaliação
de como ele está se sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas
quais está passando, seu relacionamento com a família e com seus pares, a forma
como usa as horas de lazer, suas vivências anteriores no serviço de saúde,
expectativas em relação ao atendimento atual e seus planos para o futuro.
92
Anamnese do adolescente
PERGUNTAR OBSERVAR ESPECIFICAR
Motivo da consulta: do Condições gerais: higiene Crescimento.
adolescente e do pessoal, aparência, tatuagem Desenvolvimento.
responsável (quando e piercings. Atitude durante a Estado emocional.
presente). consulta, rejeição/aceitação. Estado nutricional.
Antecedentes pessoais e Comunicação. Estágio puberal.
familiares. Sinais de depressão, de Acuidade visual.
Educação. ansiedade. Saúde bucal.
Trabalho. Sinais de Imunizações.
Vida social. desnutrição/obesidade. Capacidade de resiliência.
Hábitos. Satisfação com sua imagem Vulnerabilidades.
Alimentação. corporal. Patologias
Uso de álcool, tabaco e Obs. O exame físico pode ser clínicas/psicossociais.
outras substâncias realizado em mais de uma Inserção na família,
psicoativas. consulta, de acordo com a
escola, trabalho e
Acidentes. necessidade ou aceitação do
comunidade.
Sexualidade. adolescente
Situação emocional
Imagem corporal
Projeto de vida
Aparelhos e sistemas
orgânicos.
Segurança ambiental no
território.
Fonte: Ministério da Saúde
Exame físico
O exame físico é o procedimento que apresenta o mais elevado grau de
dificuldade para o profissional de Saúde pouco habilitado. Isso decorre do fato de
que, na formação do médico ou enfermeiro, não existem disciplinas que
desenvolvem essa habilidade, levando em consideração o desconforto causado ao
profissional pela necessidade de manipulação do corpo de um indivíduo em pleno
desenvolvimento físico e sexual. O adolescente tem o direito de optar pela presença
de um familiar durante a realização do exame físico. Dependendo da situação, o
93
profissional deve solicitar a presença de um componente da equipe durante o
procedimento.
94
9.2 Saúde mental
95
Adolescentes de 10 a 14 anos de idade devem ser orientados sobre os
cuidados específicos e adequados ao seu desenvolvimento psicossexual, com a
proteção integral necessária, buscando identificar se já têm atividade sexual e se as
circunstâncias apontam para violência ou para o exercício da sexualidade. Havendo
confirmação ou suspeita de violência sexual, notificar conforme os trâmites
preconizados pelo Ministério da Saúde, apoiar emocionalmente esses adolescentes
e suas famílias e referenciar para outros níveis de atenção à saúde e da rede de
garantia de direitos e de proteção.
O Ministério da Saúde (2017) orienta:
96
e uma abordagem positiva da sexualidade, incentivando a construção de relações
igualitárias e respeitosas entre as pessoas.
Na consulta individual e nas atividades de grupo, entre outros, abordar os
seguintes temas, conforme orientações do Ministério da Saúde (2017):
Promover o autoconhecimento do corpo como facilitador para o uso
dos métodos contraceptivos.
Informar e orientar sobre a interação de alguns métodos
contraceptivos com o uso de drogas lícitas e ilícitas.
Valorizar os argumentos sobre as vantagens do uso dos
preservativos que, se usados corretamente em todas as relações, pode
prolongar o prazer feminino, retardar a ejaculação e proporcionar segurança
para ambos.
Esclarecer, orientar e apoiar adolescentes que são soropositivos,
para o exercício da sexualidade e da vida reprodutiva.
Esclarecer e orientar sobre os efeitos iniciais do uso do Dispositivo
Intrauterino (DIU) e ressaltar a importância do acompanhamento e da
avaliação periódica da posição do DIU, além de sinais de infecção que
podem levar à doença inflamatória pélvica.
Informar e orientar quando é recomendada a utilização da
anticoncepção de emergência.
97
rápido de HIV/aids e de hepatites virais na rede básica como uma estratégia de
fortalecimento das UBS no cuidado à saúde da população em geral, muito importante
para os adolescentes.
Como ações complementares, mas fundamentais na proteção à saúde desse
segmento, é preciso que as equipes da Atenção Básica conheçam os riscos e as
vulnerabilidades da população adstrita e identifiquem as medidas de prevenção
viáveis no contexto de vida de cada adolescente que os procurar.
Oferecer o teste rápido e o aconselhamento também são oportunidades para
facilitar o atendimento preventivo e o início do cuidado com a saúde de adolescentes
que estejam com IST ou infectados pelo HIV.
Para qualquer situação em que o exame de HIV/aids for requerido para
menores de 18 anos, devem ser realizadas ações para detectar situações que
possam violar a dignidade sexual dessas pessoas. Os casos de violação, que é uma
violência contra a pessoa, requerem o desenvolvimento de ações já determinadas
pelo Ministério da Saúde, para as pessoas em situação de violência.
De acordo com as normativas do Ministério da Saúde, os testes rápidos para
HIV e sífilis na Atenção Básica são ofertados aos adolescentes em geral. As
adolescentes devem realizar os testes rápidos na primeira consulta de pré-natal. Se
a gestante obtiver resultado reagente em qualquer dos testes, seu parceiro também
deverá ser aconselhado à realização das testagens.
Segundo o Ministério da Saúde (2017):
98
Explicar a importância do teste e seus resultados e solicitar
o consentimento pessoal para realização
O aconselhamento pós- Valorizar a oportunidade para reforçar hábitos de prevenção
teste, com resultado para as IST, a percepção, a diminuição ou a eliminação de
negativo riscos, considerando as práticas sexuais e as práticas de uso
de álcool e de outras drogas, específicas de cada caso.
O aconselhamento pós- Compreender as necessidades e as preocupações de
teste, com resultado adolescentes relacionadas às IST/HIV/aids para reduzir seu
positivo, segundo o nível de estresse.
Aconselhamento em IST, Reduzir o impacto do diagnóstico positivo e o estresse na
HIV e Aids: diretrizes e convivência com o HIV e a aids.
procedimentos básicos, Possibilitar a percepção dos riscos e das vulnerabilidades e
preconiza que identificar medidas de prevenção positiva viáveis no contexto
de vida de cada adolescente.
Facilitar a comunicação e realização do diagnóstico para a
parceria (s) sexual (is) e parceria (s) de uso de drogas se for
o caso.
Auxiliar adolescentes e suas parcerias no processo de
adesão ao tratamento.
Fortalecer capacidades de enfrentamento das adversidades
no viver com HIV/aids e outras IST e estimular a manutenção
dos projetos de vida.
Fonte: Ministério da Saúde
99
Tradicionalmente, a ocorrência da gravidez na adolescência é enfocada como
não planejada, indesejada e decorrente do desconhecimento de métodos
anticoncepcionais. Estes aspectos nem sempre estão presentes e sinalizam que a
análise da gravidez e da maternidade nessa faixa etária não pode ser desvinculada
das motivações individuais, nem descontextualizada das condições sociais em que
as adolescentes estão inseridas, considerando-se a influência de fatores
sociopolíticos, culturais e psicológicos implicados na escolha de ser mãe.
Para a saúde pública, a gravidez na adolescência tem sido um desafio. Visto
que muitas destas gestações terminam em abortos provocados, realizados em
condições adversas, que evoluem com problemas obstétricos como hemorragia,
infecção ou perfuração uterina, contribuindo para o aumento da mortalidade materna
neste grupo etário.
Outro aspecto de destaque é a possibilidade de risco biológico dessa
gravidez, quando associada a outros fatores, como desnutrição e acompanhamento
tardio, entre outros. Se presente, esse risco não está especificamente ligado ao fato
de a gestante ser adolescente, pois pode ser minimizado por meio de um
acompanhamento pré-natal adequado e iniciado o mais cedo possível.
Outro risco apontado é o risco psicossocial, uma vez que a maternidade pode
influenciar no abandono escolar e dificultar o acesso ao mercado de trabalho. No
entanto, a análise desta questão é complexa, já que outros fatores também
participam na evasão escolar e na exclusão social de adolescentes.
100
usuária. Caso o teste seja feito na UBS o profissional de Saúde deverá agendar de
imediato a consulta para o planejamento reprodutivo ou o início do pré-natal.
É imprescindível facilitar o acesso de adolescentes ao TRG na atenção
básica, especialmente as que estão na faixa etária entre 10 a 16 anos, devido às
singularidades destas idades e por estarem em situação peculiar de
desenvolvimento, necessitando de maior apoio e proteção. O profissional deve estar
atento às situações de violência sexual, e seguir as normas técnicas do Ministério da
Saúde e legais, se for o caso.
A solicitação do teste de gravidez por adolescentes deve estar vinculada à
realização de acolhimento que faça a orientação pré-teste e informe sobre a
disponibilidade, também, dos testes rápidos para sífilis, HIV/aids e a orientação para
o planejamento reprodutivo.
Na orientação pré-teste, acolher a adolescente para que se sinta segura em
conversar sobre seus sentimentos e seja informada de que o atendimento é sigiloso
e confidencial, para que ela possa retornar à unidade independente do resultado.
É preciso verificar sempre a data da última menstruação e da última relação
sexual para avaliar a possibilidade do uso da anticoncepção de emergência e
informar que o teste rápido pode dar falso negativo na fase inicial da gravidez. No
caso de dúvida, usar o preservativo masculino ou feminino ou não ter relações
sexuais até a realização de novo exame.
No caso de TRG negativo, é importante enfatizar a necessidade de
acompanhamento de contracepção e prevenção da gravidez não planejada.
O Ministério da Saúde (2017), faz as seguintes orientações, no caso de TRG
positivo:
101
• Ofertar mediação de conflitos familiares decorrentes da gravidez não
planejada, em que o fator familiar é determinante para a não aceitação da
gravidez.
• Orientar sobre possibilidades de adoção, caso opte(m) pela continuidade
da gestação e não haja desejo ou condições de permanecer com a criança.
• Informar que a legislação brasileira permite a interrupção da gestação
para os casos previstos em lei (violência sexual, risco de morte para a
mulher, anencefalia fetal).
• Informar acerca do risco de práticas caseiras para a interrupção da
gravidez.
• Orientar sinais e sintomas de alerta, caso haja interrupção da gravidez de
modo inseguro: febre, calafrios, hemorragia, dor abdominal, dor no baixo
ventre, secreção vaginal com odor fétido, dor ao urinar. Ressaltar a
importância de procurar o hospital mais próximo caso apresente quaisquer
desses sintomas.
102
Informar sobre sintomas comuns da gravidez e orientações para as
queixas mais frequentes.
Orientar sobre sinais de alerta e o que fazer nessas situações
(sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor
abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço).
Preparar para o parto, informando sobre os sinais e sintomas do início
das contrações e do trabalho de parto.
Orientar e incentivar para o parto normal, resgatando-se, como
processos fisiológicos, a gestação, o parto, o puerpério e o aleitamento
materno.
Esclarecer à adolescente gestante em que situações é necessário o
parto cesariano, uma vez que a sua condição de adolescente, por si
só, não justifica a indicação desse procedimento.
Orientar a adolescente gestante sobre a importância do contato pele a
pele logo após o nascimento, para o recém-nascido e para a mãe,
principalmente na criação do vínculo entre ela e o bebê.
Informar sobre a importância da consulta puerperal e do recém-nascido
na primeira semana após o parto.
Orientar sobre os cuidados com o recém-nascido e sobre a importância
do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança.
Facilitar o futuro exercício da paternidade e da maternidade
adolescente, acolhendo as adolescentes grávidas e seus parceiros
adolescentes, e preparando-os para esse exercício. Envolver também
os seus familiares.
103
É fundamental monitorar no pré-natal os fatores de risco, mas que não
configuram uma gravidez de alto risco, tais como:
Idade menor do que 15 anos.
Altura menor do que 1,45 m.
Peso menor do que 45 Kg ou maior que 75 Kg.
Dependência de drogas lícitas ou ilícitas.
Baixa escolaridade (menor do que cinco anos de estudo regular).
Não aceitação da gravidez.
Situação familiar ou conjugal insegura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017
apud BRASIL, 2012b).
104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
105
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de
Ações Programáticas e Estratégicas. Proteger e Cuidar da Saúde de
Adolescentes na Atenção Básica. 1ª. ed. Brasília/DF: Ministério da Saúde, 2017.
234 p. ISBN 978-85-334-2470-8.
106
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de
2015. Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, seção 1, n.
149, p. 37, Brasília, DF. 6 ago. 2015.
SILVA, Leila Rangel da; CHRISTOFFEL, Marialda Moreira; SOUZA, Kleyde Ventura
de. História, conquistas e perspectivas no cuidado à mulher e à criança. Texto
Contexto Enferm., Out.-Dez. 2005.
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BIBLIOGRAFIA
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