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TRAGÉDIAS NATURAIS NO BRASIL

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A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos
INSTRUÇÃO

ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal


da língua portuguesa sobre o tema “Tragédias naturais no Brasil”, apresentando proposta
de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1
Desastres naturais no Brasil? (fragmento)
Quando se pensa em desastres naturais, logo vem à mente as terríveis cenas dos tsunamis, terremotos e
furacões que ocorrem quase todos os anos ao redor do mundo e faz, com que, nós brasileiros, nos sintamos
privilegiados por não termos que lidar com essas questões em nosso país.
Mas será mesmo que não ocorrem desastres naturais no Brasil? De fato, nosso país está situado numa
zona geograficamente desfavorável à ocorrência de grande parte desses desastres, entretanto, não se pode
ignorar o número cada vez mais crescente de eventos desastrosos ano após ano. Enchentes, inundações,
deslizamentos de encostas e morros são exemplos de desastres tidos como naturais e que geram, muitas
vezes, consequências tão ou mais gravosas do que os desastres de maior magnitude.
Para se ter como exemplo, em 2011 ocorreu, o que até hoje é considerado pela Defesa Civil como o
maior e mais devastador desastre pluviométrico dos últimos anos que atingiu vários estados do país, mas,
principalmente, a região serrana do Rio de Janeiro. As chuvas provocaram deslizamentos de encostas,
deixando um rastro de 300 mil pessoas afetadas e mais de 900 mortes direta e indiretamente relacionadas.
Por sua vez, no ano de 2015, em Joso, no Japão,chuvas torrenciais trazidas pelo tufão nº 18 fizeram o nível
do rio Kinugawa subir, transbordando e rompendo a barreira de contenção em dois pontos, ocasionando
uma enchente que inundou quase a totalidade da cidade. De suas consequências mais graves, houveram
duas mortes relacionadas e 15 pessoas feridas.
Por que desastres de menor magnitude no Brasil conseguem ter consequências mais graves do que os
de média a grande magnitude em outros países? Por que a responsabilização dos desastres ocorridos aqui
são na maior parte das vezes atribuídas à natureza, não havendo qualquer tipo de indenização aos afetados?
No Brasil, a concepção dominante de desastre, como fenômeno naturalístico, tende a vinculá-los a
eventos naturais desencadeadores de danos humanos, patrimoniais e extra patrimoniais e reforçando a
distinção cartesiana entre homem e natureza, concebendo desastres como eventos naturais, não habituais e
de previsibilidade e intensidade irresistíveis.
Atualmente, não há mais sentido nessa divisão, uma vez que o ser humano modifica continuamente o meio
ambiente, já não se podendo falar em desastres puramente naturais. Convergindo-se essas racionalidades
se chega numa noção distinta e separada de risco e desastre, tendo esse não apenas como fonte de medo e
resultado inexorável do progresso, mas, principalmente, como forma de prevenção e de tomada de decisão
envolvendo a sociedade como um todo, setores públicos e privados. Começa-se uma noção de integração
que antes não era vista.
Além disso, é importante pontuar que as providências, em quase totalidade dos casos na história,
costumam ser tomadas somente após a ocorrência e a concretização do desastre e a contabilização dos
danos. Os exemplos são muitos em todo o mundo, e, apesar de variarem de acordo com elementos como
a vulnerabilidade, a resiliência e a gestão de riscos, todos têm em comum a destruição, a perda e, em se
tratando de desastres ambientais, a irreversibilidade.
Nesse sentido, o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (United Nations
Office for DisasterRiskReduction – UNISDR) conceitua desastre como o resultado de eventos adversos,
naturais e/ou provocados pelo homem, sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao

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funcionamento de uma comunidade ou sociedade. O desastre envolve extensivas perdas e danos humanos,
materiais, econômicos ou ambientais, que excedem a capacidade da sociedade de lidar com o problema usando
meios próprios.
A Defesa Civil também define desastre como sendo “resultado de eventos adversos, naturais ou provocados
pelo homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e
consequentes prejuízos econômicos e sociais”.
A noção de desastres foi mudando com o passar do tempo, entretanto de uma forma ou de outra são
considerados como eventos gerados por fatores naturais, antropogênicos (humanos) ou ambos (desastres
mistos), que causam, em maior ou em menor grau a destruição da fauna, da flora, da paisagem e dos bens
materiais e imateriais.
É certo que desastres sempre ocorreram em todas as épocas da experiência humana, entretanto, o senso
comum dá uma ideia de que nos dias atuais, esses eventos têm se intensificado, tanto na sua recorrência
quanto na sua forma, cada vez mais devastadores.
Não é só o senso comum que percebe esse crescimento, no Brasil, os desastres, principalmente os
climatológicos, tendem a crescer, como demonstra o Relatório The Human Cost of Weather Related Disasters
pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR) e o Centro de Pesquisas de
Epidemiologia em Desastres (Cred), tornando os modelos de gestão de risco ainda mais complexos. Apenas,
exemplificativamente, em média, 335 desastres naturais foram registrados anualmente entre 2005 e 2014,
um aumento de 14% entre o período de 1995 a 2004 e quase o dobro da média de 1985 a 1995.
No mesmo sentido, em um estudo de estatísticas realizado sobre os desastres no Brasil, tem-se que, entres
os anos de 1980 até 2010 contabilizou-se 146 desastres, com 4.948 mortes (estimativa de 160 mortes por
ano), 47.984.677 pessoas afetadas diretamente e um prejuízo econômico de 9.226.170 dólares. Esses dados
colocam o país numa posição negativa no ranking internacional de países com maior exposição humana e
ecossistêmica a riscos. O Brasil está 8º lugar (entre 184 países) no que tange à exposição a secas; em 13º
(entre 162 países) quanto aos riscos de inundações; 14º (de 162 países) quanto a deslizamentos e 36º (de 89
países) quando o risco é de ciclones.
Assim, a ideia difundida por décadas de ser o Brasil um país imune aos desastres, e sua regulação e estudo,
consequentemente, considerados desnecessários, já começou a ser revista. Para que se possa prevenir e
mitigar, esses eventos precisam ser compreendidos numa ótica macro, levando em consideração as diversas
áreas do conhecimento, que devem atuar em conjunto, bem como buscar-se, em outros ordenamentos jurídicos,
modelos que poderiam ser adotados no Brasil no gerenciamento de riscos de desastres.
Nesse sentido, o ordenamento jurídico tem um papel central na prevenção, na resposta e na gestão
dos riscos e perigos de desastres, tendo em vista que muitas dessas lesões advêm da falta de observância
das normas de direito ambiental. O sentido do Direito nesse contexto é de regular as relações existentes e
apresentar respostas em se tratando de desastres, que são, pois, fatos jurídicos já que acarretam lesões de
órbita patrimonial e extra patrimonial.
Dessa forma é que esse estudo além de importante devido a escassa doutrina sobre o tema, é essencial para
que os desastres vivenciados possam ser prevenidos e minimizados. Fatores como resiliência, vulnerabilidade,
gestão de risco e mudanças climáticas são determinantes para que se consiga mitigar os danos causados por
esses eventos e controlar seus efeitos.
(Disponível em: http://www.justificando.com/2018/12/07/desastres-naturais-no-brasil/)

TEXTO 2
Desastres naturais: 59,4% dos municípios não têm plano de gestão de riscos
Dos 5.570 municípios brasileiros, mais da metade (59,4%) não contavam com instrumentos de planejamento
e gerenciamento de riscos em 2017. Apenas 25% tinham Plano Diretor contemplando prevenção de enchentes
e enxurradas e 23% declararam ter Lei de Uso e Ocupação do Solo prevendo essas situações.
Segundo o Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic) 2017, divulgado hoje (5) pelo IBGE, a proporção de
municípios afetados pelos desastres naturais é mais alta nas áreas urbanas, devido a construção de moradias,
rodovias e outras obras que interferem na drenagem da água das chuvas e nos processos erosivos.

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Dos municípios com mais de 500 mil habitantes, 93% foram atingidos por alagamentos e 62% por
deslizamentos. O estado do Rio de Janeiro foi o que apresentou o maior percentual de municípios atingidos
por deslizamentos (57,6%). Dos 53 municípios atingidos, 44 encontravam-se em áreas de encostas e 35 em
áreas de ocupações irregulares.
As secas foram o tipo de desastre que afetou a maior parte dos municípios brasileiros: 2.706 ou 48,6%,
seguido por alagamento (31%) e enchentes ou enxurradas (27%). A região Nordeste teve 82,6% de seus
municípios afetados, especialmente o Ceará, em que esta proporção chegou a 98%, Piauí (94%), Paraíba
(92%) e Rio Grande do Norte (91%). Os outros desastres foram mais frequentes no Sul, em que 53,9% dos
municípios foram atingidos por alagamento, 51% por enchentes ou enxurradas, 25% por deslizamentos e
24,5% por erosão acelerada.
(DIsponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/21633-desastres-naturais-59-
4-dos-municipios-nao-tem-plano-de-gestao-de-riscos)

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