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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

CURSO DE PSICOLOGIA

Aluno: Katharine de Oliveira Enomoto


R.A.: D494FG-3
Semestre: 9
Turno: Noite
Disciplina: Estratégias Específicas de Intervenção Psicológica
Professora: Doutora Fabiana Tavolaro Maiorino

Texto 1
MASTROIANNI, F. DE C.; STURION, F. R.; BATISTA, F. DOS S.; AMARO, K.
C.; RUIM, T. B. (Des)acolhimento institucional de crianças e adolescentes:
aspectos familiares associados. Fractal: Revista de Psicologia, v. 30, n. 2, p.
223-233, 19 jul. 2018.

Síntese
O artigo fora feito a partir de uma análise de informações processuais
relacionadas ao acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco para
identificar aspectos relacionados à dinâmica familiar desse público. Os autores
identificam vínculos familiares fragilizados pelo uso de álcool e outras drogas e
negligencia parental e de cuidados básicos com as crianças pelas famílias. Por fim, o
trabalho de reintegração social com essas crianças e adolescentes se faz necessário e
conclui-se que o investimentos em politicas publicas seja essencial para garantias de
direito à convivência social.

Principais ideias
A principio, os autores apresentam um breve historico acerca da relação entre o
Estado e as crianças e adolescentes em situação de risco. Antes da constituição de 88 e a
criação do ECA (1990), compreendia-se que ao Estado não interessava e não cabia a
importância de educação e assistência a este publico. A criança em situação de
abandono ou dificuldade era concebida como uma criança “deliquente” e se enquadrava
apenas nos interesses do Codigo Penal, sendo assim, o Estado atuava de maneira apenas
repressiva.
A Contituicao de 88 possibilitou uma mudança de paradigma, dando prioridade
absoluta a criança e adolescentes e a família recebendo maior importância no âmbito de
proteção social, cabendo ao Estado intervir para protege-la ao invés de substitui-la com
internações, de modo repressivo. O Estado deve auxiliar a família a desenvolver suas
potencialidades e ajuda-la numa recuperação quando necessário, garantindo o direito à
convivência familiar natural ou substituta. Sendo assim, as medidas de acolhimento
tornam-se aplicáveis apenas em situações provisórias e excepcionais.
Esta mudança de paradigma estimula maior autonomia e promove o
desenvolvimento humano e social, ao contrário do assistencialismo que mantinha um
Estato tutelador numa cultura da institucionalização. No entanto, é preciso ter em mente
que esta cultura ainda está viva na pratica profissional pois as politicas de proteção a
criança e ao adolescente são novas. Os autores, então, refletem sobre a dicotomia entre
as praticas e a lei na relação do Estado com a família pois, não é mais possível deixar
com que o Estado mantenha uma posição assistencialista mas também não é possível
incutir toda a responsabilidade para os pais e família pois, via de regra, as condições de
vulnerabilidade transcendem gerações e acumulam políticas de exclusão e desigualdade
social históricas do país.
Programas de apoio e acolhimento familiar são meios reconhecidos para que o
acolhimento não esteja restrito ao âmbito institucional, sendo necessária a atenção
continuada às crianças e adolescentes, dando preferencia à manutenção ou a
reintegração deles à sua família. Para isso, as instituições e profissionais da rede de
proteção que acompanham cada caso precisam estar bem articulados para que haja uma
comunicação efetiva entre as instituições e os processos jurídicos, técnicos e afetivos.

Considerações Finais:
Este estudo permitiu analisar e identificar aspectos relacionados à dinâmica
familiar que contribuem ou não para o acolhimento ou desacolhimento, enquanto
medida protetiva. Identificam o uso abusivo de álcool e outras drogas como principal
motivo de demanda de aplicação dessa medida protetiva pois compreende-se que essa
pratica promove ações protetivas e dificultam a reintegração familiar. Há outros fatores
que contribuem para o acolhimento institucional como a negligencia dos responsáveis e
falta de cuidado de si e do outro, bem como outros fatores de ordem social-econômica
que incidem sobre os sujeitos já em situação vulnerável. Tal situação indica a
necessidade de investimentos em politicas publicas e programas sociais como meio para
combater as causas que levam as crianças e adolescentes ao acolhimento institucional.
Os pesquisadores indicam que a regularidade e o interesse familiar são
fundamentais para a reintegração familiar e social, bem como o suporte e intervenções
feitas pelos profissionais para que as famílias possam reassumir suas funções. Por fim,
destacam a importância da prevenção do uso de álcool e drogas e o fortalecimento da
rede de proteção preventiva para que essas crianças e adolescentes não cheguem ao
serviço de acolhimento e sugerem novas pesquisas que aprofundem nas dificuldades e
resistências dos responsável em se engajar nos encaminhamentos sugeridos pelas
equipes técnicas.

Citações:

Os profissionais que compõem o sistema de garantia de direitos são figuras importantes


neste processo, pois é por meio deles que as famílias poderão perceber a mudança de
paradigma, de um Estado que vigiava e tutelava a sua prole, para o novo panorama,
onde a família, com auxílio de políticas públicas, é quem deve assumir o protagonismo
e desenvolver autonomia (NASCIMENTO; COUTINHO; SÁ, 2010).P. 228

Estes dados indicam a dificuldade destes pais em se engajar no mercado de trabalho


formal e a proximidade destas famílias com a violência e a criminalidade. Daí a
importância de políticas públicas específicas para garantir não só a convivência familiar
de crianças e adolescentes como também promover o fortalecimento e a proteção destas
famílias (BRASIL, 2006, 2009a). p.228

O fato de que nenhum motivo, isoladamente, possa ser apontado como a causa dos
acolhimentos, haja vista que na maioria dos registros foram encontrados mais de
um, indica que além de entrelaçados, os aspectos aqui analisados não devem ser
entendidos como identificadores ou rotulares destas famílias. Pelo contrário, a
negligência que muitas vezes se observa em relação à prole parece ser consequência de
um conjunto de vulnerabilidades em que esses pais e responsáveis se encontram
(NASCIMENTO, 2012). P. 228

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