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CURSO PEQUENA BARRAGEM

Engenharia Civil
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
108 pag.

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APRESENTAÇÃO

Este curso sobre Pequenas Barragens de Terra (Projeto, Dimensionamento,


Execução, Controle Tecnológico) envolvendo barramentos em solo (de superfície e
subterrâneo) para contenção de água é o resultado de uma parceria entre o Sindicato dos
engenheiros SENGE-PB e a Universidade Federal de Campina Grande - UFCG.

Ele insere-se num projeto mais amplo de apoio a capacitação técnica, atualização e
reciclagem dos profissionais da Engenharia e em particular aos associados do SENGE-PB.

Outros módulos como Planejamento e Gestão de Obras com utilização do MS Project;


Dimensionamento Hidráulico de Obras de Arte Correntes e Especiais; Capacitação em
Topografia Básica e Projetos Geométricos de Rodovias com utilização do Topograph;
AutoCAD Bidimensional e Projeto, Execução, Controle Tecnológico e Gestão de Sistemas de
Lagoas de Estabilização serão oferecidos no decorrer deste segundo semestre e no início do
próximo ano.

Em particular, este módulo sobre Barragens de Terra busca atender demanda dos
colegas Engenheiros e Técnicos da EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural da Paraíba e da SUPLAN – Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento
do Estado.

A Direção do SENGE-PB se sente feliz em poder ofertar esse curso aos colegas
Engenheiros e associados na perspectiva de que ele não é um fato episódico, mas uma ação
que nessa área se pretende permanente e diversificada.

Agradecimentos especiais ao Engenheiro e Professor Afonso Macêdo que transforma


seu discurso em fatos, ao colocar a Universidade a serviço da sociedade e dos profissionais
da Engenharia.

Finalmente, nós do SENGE e os colegas professores da UFCG não temos a veleidade


de acharmos a proposta do conteúdo programático deste curso como irretocável. Assim
agradecemos a colaboração que possa nos oferecer para aprimorá-lo.

Eng. Herculano Marcelino


Presidente do Sindicato dos Engenheiros

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O SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO

O Semi-Árido brasileiro é um dos maiores, mais populosos e também mais úmidos do


mundo. Ocupa uma área total de 940 mil km², abrangendo o norte dos Estados de Minas
Gerais e Espírito Santo, os sertões da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, Piauí e uma parte do sudeste do Maranhão. Vivem nessa região
mais de 18 milhões de pessoas, sendo 8 milhões na área rural. A precipitação pluviométrica
é de 750 milímetros anuais, em média. Em condições normais, chove mais de 1.000
milímetros. Na pior das secas, chove pelo menos 200 milímetros, o suficiente para dar água
de qualidade a uma família de cinco pessoas por um ano. A variação entre temperaturas
médias nas estações do ano é inferior a 5°C.

A chuva é má distribuída física e temporalmente. Devido às características climáticas


da região, o semi-árido nordestino possui um dos maiores índices de evaporação do Brasil, o
que torna reservatórios de água pouco profundos inúteis em épocas de seca. O déficit
Hídrico é considerável. Além disso, a água dos barreiros e açudes, baixadas onde se acumula
a chuva, é geralmente poluída e cheia de vermes. Essa água é responsável por grande parte
das doenças do sertão: amebíase, diarréia, tifo, cólera. Estas condições desfavoráveis
contribuem para o pequeno desenvolvimento da região com baixos indicadores de qualidade
de vida. A utilização de recursos rudimentares tem aumentado a degradação e o
empobrecimento da natureza, onde a desertificação é uma das modalidades mais
impactantes. Dados do IBGE de 1994 já apontavam para degradação de parte dos solos
nordestinos, onde 54% do bioma Caatinga, vegetação característica do Semi-árido,
encontrava-se em elevado estágio de antropização – modificação feita pelo homem.

Além do déficit, as reservas hídricas apresentam elevados índices de poluição,


tornando a situação ainda mais séria, porque é limitador para sustentabilidade da
sobrevivência humana e das atividades produtivas. As águas subterrâneas exploradas, em
geral mal gerenciadas, são impróprias para o consumo humano devido aos altos índices de
sais dissolvidos. A dessalinização que se apresenta como alternativa para suprir o déficit de
água potável patina entre o artesanal e o imponderável. É mais uma alternativa que se
apresenta como panacéia para o semi-árido. Durante o processo de dessalinização há
formação de rejeito concentrado devolvido ao solo causando problemas ao meio ambiente.

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INDICE
01. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 9
02. OBJETIVOS................................................................................................................................................. 12
03. ESCOLHA DO TIPO DA BARRAGEM ................................................................................................... 12
04. ESTUDOS A SEREM REALIZADOS ...................................................................................................... 13
4.1 – GENERALIDADES. ...................................................................................................................................... 13
4.2 – ESTUDOS TOPOGRÁFICOS.......................................................................................................................... 14
4.3 – ESTUDOS GEOLÓGICOS. ............................................................................................................................ 14
4.4 – ESTUDOS HIDROLÓGICOS. ......................................................................................................................... 14
4.5 – ESTUDOS GEOTÉCNICOS. ........................................................................................................................... 15
4.5.1 – Estudos de Jazidas ....................................................................................................................... 15
4.5.2 – Cálculo do Volume da Jazida...................................................................................................... 16
4.5.3 – Solos não Aproveitáveis .............................................................................................................. 16
4.5.4 – A Classificação Unificada dos Solos ........................................................................................... 17
05. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO ................................................................ 27
5.1 – ESTUDOS PRELIMINARES ............................................................................................................................ 27
5.1.1 – Pesquisa do local .......................................................................................................................... 27
5.1.2 – Escolha do Eixo da Barragem. ................................................................................................... 28
06. TIPOS DE SEÇÕES DA BARRAGEM .................................................................................................... 29
07. TIPOS DE FUNDAÇÃO............................................................................................................................. 31
7.1 – GENERALIDADES. ...................................................................................................................................... 31
7.2 – FUNDAÇÕES EM ROCHA .............................................................................................................................. 32
7.3 – FUNDAÇÕES EM SOLOS PERMEÁVEIS (SOLOS ARENOSOS E PEDREGULHOSOS)................................................ 32
7.3.1 – Valas Corta-águas (“Cutoff”) ...................................................................................................... 33
7.3.2 – Valas Corta-águas parciais. ........................................................................................................ 34
7.3.3 – Banquetas de montante .............................................................................................................. 34
7.3.4 – Estacas pranchas.......................................................................................................................... 35
7.3.5 – Injeções ......................................................................................................................................... 35
7.3.6 – Tapetes filtrantes ......................................................................................................................... 36
7.3.7 – Drenos de pé e valas drenantes ................................................................................................ 36
7.3.8 – Poços de alívio .............................................................................................................................. 37
7.4 – FUNDAÇÕES EM SOLOS IMPERMEÁVEIS. ...................................................................................................... 38
7.4.1 – Fundações em solos saturados. ................................................................................................. 38
7.4.2 – Fundações em solos relativamente secos. ............................................................................... 38
08. PROJETO DA BARRAGEM...................................................................................................................... 39
8.1 – ESCOLHA DO LOCAL E TIPO DA BARRAGEM................................................................................................. 39
8.2 – NORMALIZAÇÃO PARA O PROJETO. ............................................................................................................. 40
8.3 – HIDROLOGIA DA BACIA HIDROGRÁFICA....................................................................................................... 41
8.4 – CÁLCULO DA CAPACIDADE DO RESERVATÓRIO............................................................................................ 41
8.5 – DESCARGA DE PROJETO NA SEÇÃO DA BARRAGEM. ...................................................................................... 42
8.5.1 – Bacia Hidrográfica ........................................................................................................................ 43
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8.5.2 – Determinação do Rendimento da Bacia Hidrográfica. ............................................................ 46
8.5.3 – Cálculo da capacidade do reservatório. .................................................................................... 47
8.5.4 – Perdas d’água represada. ........................................................................................................... 48
8.5.5 – Água necessária para o consumo .............................................................................................. 49
8.6 – ALTURA DA BARRAGEM .............................................................................................................................. 49
8.7 – CÁLCULO DA DESCARGA MÁXIMA DE ENCHENTE ......................................................................................... 52
8.8 – CÁLCULO DA LARGURA DO SANGRADOURO ................................................................................................. 55
8.9 – CÁLCULO DA FOLGA ................................................................................................................................... 58
8.9.1 – Indicações do “Bureau of Reclamation” ................................................................................... 59
8.10 – CÁLCULO DA LARGURA DO COROAMENTO ................................................................................................. 60
8.11 – PROTEÇÃO DOS TALUDES ........................................................................................................................ 60
8.11.1 - Talude Montante ......................................................................................................................... 60
8.11.2 – Talude Jusante ........................................................................................................................... 62
8.11.3 – Proteção do Coroamento .......................................................................................................... 63
8.11.4 – Drenagem Superficial ................................................................................................................ 63
8.12 – FILTROS PARA DRENOS ............................................................................................................................ 64
8.12.1 – Generalidades ............................................................................................................................. 64
8.12.2 – Dimensionamento dos materiais de filtros ............................................................................. 65
09. EXECUÇÃO DE PEQUENAS BARRAGENS .......................................................................................... 65
9.1 - PROCESSO DE GARANTIA DA QUALIDADE EM GEOTECNIA............................................................................. 65
9.2 – COMPACTAÇÃO DOS SOLOS .............................................................................................................. 66
9.2.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 66
9.3 CURVAS DE COMPACTAÇÃO.......................................................................................................................... 68
9.4 – ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO ....................................................................................................................... 70
9.5 – FATORES QUE INFLUEM NO PROCESSO DE COMPACTAÇÃO DE SOLOS ........................................................... 74
9.6 - MÉTODOS DE COMPACTAÇÃO...................................................................................................................... 76
9.7 – FONTES DE ERROS NO ENSAIO................................................................................................................... 77
9.8 - CONTROLE DA COMPACTAÇÃO NO CAMPO ................................................................................................... 78
9.9 - EQUIPAMENTOS PARA COMPACTAÇÃO EM CAMPO......................................................................................... 81
9.9.1 – Introdução..................................................................................................................................... 81
9.9.2 –Compactação por Amassamento. Rolo Pata-de-cabra ou Pé-de-carneiro. ........................... 82
9.9.3 - Compactação por Pressão. Rolos Lisos e Pneumáticos........................................................... 83
9.9.4 - Compactação por Impacto. Sapo Mecânico.............................................................................. 85
9.9.5 - Compactação por Vibração. Rolos Vibratórios.......................................................................... 86
9.9.6 – Influencia do Número de Passadas do Rolo............................................................................. 87
10. BARRAGENS SUBTERRÂNEAS ............................................................................................................. 89
10.1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 89
10.2 - AS BARRAGENS SUBTERRÂNEAS................................................................................................................ 90
10.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS ................................................................................................................. 92
10.4 - PROJETO DE BARRAGEM SUBTERRÂNEA .................................................................................................... 93
10.4.1 - Estudos Preliminares .................................................................................................................. 93
10.4.2 - O Septo Impermeável ................................................................................................................ 94
10.4.3 - Descarregador de Fundo ........................................................................................................... 96
10.4.4 - Proteção do Septo de Material Compactado........................................................................... 98
10.5 - PROCESSO CONSTRUTIVO ........................................................................................................................ 98
10.5.1 - Escavação .................................................................................................................................... 99
10.6 - EXECUÇÃO DO SEPTO ............................................................................................................................ 100

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10.6.1 - Material Compactado ............................................................................................................... 100
10.6.2 - Alvenaria de Pedra ................................................................................................................... 101
10.6.3 - Diafragma com Lona Plástica.................................................................................................. 102
10.6.4 - Diafragma de Concreto ............................................................................................................ 103
10.7 CAPTAÇÃO DE ÁGUA ................................................................................................................................. 103
10.8 - SISTEMAS DE BARRAGENS SUCESSIVAS ................................................................................................... 104
10.9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................ 105
11. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................... 106

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Lista de Figuras

FIGURA 1.1 – BARRAGEM ARMANDO RIBEIRO GONÇALVES – AÇU (RN) .............................................................. 10


FIGURA 1.2 – BARRAGEM DE ORÓS – CEARÁ ......................................................................................................... 11
FIGURA 1.3 – BARRAGEM CASTANHÃO – JAGUARIBARA - CEARÁ ......................................................................... 11
FIGURA 4.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS GROSSOS PELO SUCS........................................................................... 20
FIGURA 4.2 - CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS CLASSIFICADOS CONFORME OS GRUPOS DA TABELA UNIFICADA
..................................................................................................................................................................... 21
FIGURA 4.3 - CARACTERÍSTICA REFERENTES A ATERROS E FUNDAÇÕES ............................................................... 22
FIGURA 4.4 - VALORES MÉDIOS PARA PROPRIEDADES DE ENGENHARIA, RECOMENDADOS PELO USBR – UNITED . 23
STATES BUREAU OF RECLAMATION, PARA SOLOS CLASSIFICADOS PELO SUCS. ................................................... 23

FIGURA 4.5 – CARTA DE PLASTICIDADE E CLASSIFICAÇÃO TRIANGULAR .............................................................. 24


FIGURA 6.1 – BARRAGEM HOMOGÊNEA ................................................................................................................. 29
FIGURA 6.2 – BARRAGEM HOMOGÊNEA COM FILTRO CHAMINÉ, TAPETE DRENANTE E ROCK-FILL...................... 30
FIGURA 6.3 – BARRAGEM ZONEADA OU ZONADA. ................................................................................................. 30
FIGURA 6.4 – BARRAGEM MISTA ........................................................................................................................... 31
FIGURA 7.1 – VALAS CORTA-ÁGUAS (CUT-OFF) .................................................................................................... 33
FIGURA 7.2 – VALAS CORTA-ÁGUAS PARCIAIS ...................................................................................................... 34
FIGURA 7.3 – BANQUETAS DE MONTANTE ............................................................................................................. 35
FIGURA 7.4 – TAPETES FILTRANTES DE JUSANTE ................................................................................................... 36
FIGURA 7.5 – DRENO DE PÉ COM VALA DRENANTE E TAPETE FILTRANTE. ........................................................... 37
FIGURA 7.6 – VALA DRENANTE COM ATERRO E ENROCAMENTO. ......................................................................... 37
FIGURA 8.1 – CARTA TOPOGRÁFICA NA ESCALA 1:100.000................................................................................... 45
FIGURA 8.2 – BACIA HIDROGRÁFICA COM REDE DE DRENAGEM E SEÇÃO DO BARRAMENTO................................ 46
FIGURA 8.3 – DIAGRAMA COTAS X ÁREA X VOLUME (APRESENTAÇÃO OPCIONAL) .............................................. 50
FIGURA 8.4 – DIAGRAMA COTAS X ÁREA X VOLUME (FORMA DESCRITA)............................................................. 51
FIGURA 8.5 – FORMAS VARIÁVEIS DE SOLEIRAS E CANAL EXTRAVASOR. ............................................................. 57
FIGURA 8.6 – ENROCAMENTO LANÇADO (RIP-RAP) ............................................................................................... 62
FIGURA 8.7 - PROTEÇÃO DO COROAMENTO E TALUDES ......................................................................................... 63
FIGURA 8.8 – BERMA E VALETA LONGITUDINAL ................................................................................................... 64
FIGURA 8.9 – VALETA DE PROTEÇÃO LATERAL ..................................................................................................... 64
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FIGURA 9.1 – CURVA DE COMPACTAÇÃO ............................................................................................................... 68
FIGURA 9.2 – VARIAÇÃO DA DENSIDADE COM O TEOR DE UMIDADE ..................................................................... 69
FIGURA 9.3 – CILINDRO E SOQUETE – PROCTOR NORMAL ..................................................................................... 71
FIGURA 9.4 – INFLUENCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO EM γS,MAX E HOT ......................................................... 74
FIGURA 9.5 – ENSAIO DO FRASCO DE AREIA .......................................................................................................... 80
FIGURA 9.6 – FAMÍLIA DE CURVAS DE COMPACTAÇÃO.......................................................................................... 81
FIGURA 9.7 - ROLO PÉ-DE-CARNEIRO .................................................................................................................... 83
FIGURA 9.8 - ROLO DE PNEUS (PNEUMÁTICOS)...................................................................................................... 85
FIGURA 9.9 – COMPACTADORES POR IMPACTO – SAPO MECÂNICO ........................................................................ 86
FIGURA 9.10 – ROLO LISO VIBRATÓRIO ................................................................................................................. 87
FIGURA 10.1 - PERFIL LONGITUDINAL DE UMA BARRAGEM SUBTERRÂNEA ........................................................... 91
FIGURA 10.2 - CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM SUBTERRÂNEA - ESQUEMA CLÁSSICO......................... 91
FIGURA 10.3 - PERFIL TÍPICO DE UMA BARRAGEM VERTEDOURO.......................................................................... 95
FIGURA 10.4 - SANGRADOURO DA BARRAGEM SUBTERRÂNEA DA FAZENDA OITICICA, BONSUCESSO - PB........... 96
FIGURA 10.5 - DESCARREGADOR DE FUNDO COM POÇO DE CAPTAÇÃO (BENVENUTO E POLLA, 1982). .......... 97
FIGURA 10.6 - BARRAGEM SUBTERRÂNEA COM DESCARREGADOR DE FUNDO E TANQUE DE ARMAZENAMENTO .. 97
(BRITO ET ALLI, 1989)........................................................................................................................................... 97
FIGURA 10.7 - SISTEMA DE DRENAGEM TIPO "ESPINHA DE PEIXE" ........................................................................ 98
FIGURA 10.8 - PROTEÇÃO DO SEPTO IMPERMEÁVEL .............................................................................................. 98
FIGURA 10.9 – ESCAVAÇÃO COM BOMBEAMENTO E PROTEÇÃO DOS TALUDES ..................................................... 99
FIGURA 10.10 – ABERTURA DO SEPTO E REATERRO. ........................................................................................... 102
FIGURA 10.11 – APLICAÇÃO DA LONA PLÁSTICA................................................................................................. 103
FIGURA 10.12 - POÇO AMAZONAS COM PAREDES VAZADAS (COSTA ET ALLI, 1990.)......................................... 104
FIGURA 10.13 - SISTEMA COM BARRAGEM DE CABECEIRA E BARRAGENS SUBTERRÂNEAS SUCESSIVAS (UEHARA
ET ALLI 1981) .............................................................................................................................................. 105

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Lista de Tabelas

TABELA 4.1 – MODELO DE FICHA DE RESUMO DE ENSAIOS DE SOLOS ..........................................................25


TABELA 4.2 – CLASSIFICAÇÃO VISUAL DOS SOLOS ..................................................................................26
TABELA 8.1 – COEFICIENTE DE UNIFORMIDADE DA BACIA HIDRÁULICA ........................................................47
TABELA 8.2 – MODELO DE CUBAÇÃO DA BACIA HIDRAÚLICA .....................................................................52
TABELA 8.3 – COEFICIENTES HIDROMÉTRICOS DA BACIA. ........................................................................53
TABELA 8.4 – COEFICIENTES DE “RUNOFF” PARA USO NO MÉTODO RACIONAL ...............................................54
TABELA 8.5 – VALORES DE FOLGAS NORMAL E MÍNIMA............................................................................59
TABELA 8.6 – COMPOSIÇÃO DO “RIP-RAP” DE ACORDO COM “FETCH” .............................................61
TABELA 9.1 – TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO DE SOLO..............................................................................67
TABELA 9.2 – COMPARAÇÃO ENTRE ENSAIOS DE COMPACTAÇÃO DINÂMICOS – POR IMPACTO .............................73

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PEQUENAS BARRAGENS DE TERRA
Projeto, dimensionamento, execução e controle tecnológico

Ademilson Montes Ferreira


Alcides Ferreira Machado Filho
José Afonso Gonçalves de Macedo

01. INTRODUÇÃO

DEFINIÇÃO

Barragem é toda e qualquer barreira artificial que se interpõe a um curso


hídrico para interromper o transito das águas.

As barragens de terra constituem umas das mais antigas realizações


humanas. Desde os primórdios o homem pela imprescindível necessidade de dispor de água
para sobreviver, procura habitar próximos das fontes d’águas existente ao redor do globo
terrestre.

Há notícias de enormes barragens de terra, para a época, ao longo dos rios


Tigres e Eufrates, construídas por volta do ano 3000 a.C. Mas até recentemente os métodos
que se recorria para os projetos eram empíricos havendo consequentemente um grande
número de insucessos ou de super-dimensionamento.

O desenvolvimento dos processos de estudo de fundações, o aperfeiçoamento


das técnicas de experimentações laboratoriais, os recursos das teorias de equilíbrio e
deformação, permitem a execução de projetos de barragens de terra, praticamente em
qualquer lugar, nas mais diversas condições e desenvolvimento.

Eis algumas barragens de terra com alturas superiores a 200 metros


construídas em diversos paises:
• Nurek Rússia 317 m
• Mica Canadá 242 m
• Oroville EUA 236 m

As barragens de terra são apropriadas para locais onde haja disponibilidade


de solos argilosos ou areno-siltoso/argilosos, além da facilidade de situar o vertedouro em
uma das margens utilizando o solo escavado para a sua própria construção.

O problema de suprimento d’água no Semi-árido nordestino é tão antigo


quanto a presença do homem nesta região. O represamento das águas dos rios por obras
rústicas de engenharia já era praticado desde o século XVIII, quando datam as primeiras
construções de açudes, certamente em decorrência das grandes secas de 1777 e 1792.

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Nessa época a maioria dos açudes eram construídos manualmente com terra
amontoada ou de pedra e cal. Uma técnica muito original, porém, utilizando-se um “couro de
arraste” puxado por uma junta de bois, foi se divulgando com sucesso. Essa técnica foi
substituída no inicio do século passado por outra utilizando jumentos para o transporte do
material mediante uma parelha de caixotes amarrada na cangalha, enquanto os cascos dos
animais asseguravam a compactação do material.

Grande parte do Nordeste oferece condições muito favoráveis à construção de


açudes. Tradicionalmente os açudes do Nordeste brasileiro foram construídos visando
principalmente o abastecimento das populações e dos rebanhos. Essa circunstancia
contribuiu para a manutenção de uma quadro geral de subutilização que estabelece, um vivo
contraste com o enorme volume d’água armazenado e com o potencial valorizável.

Algumas barragens de terra, executados por Empresas brasileiras e


gerenciadas por órgãos governamentais, de destaque no cenário nacional são apresentadas
a seguir:

Características

Tipo Terra
Acumulação (m3) 2.400.000.000
Altura Máxima (m) 68,00
Volume Maciço (m3) 4.610.000
Descarga Máx. Tomada D’água (m3/s) 20
Vazão do Sangradouro (m3/s) 13.200

Figura 1.1 – Barragem Armando Ribeiro Gonçalves – Açu (RN)

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Características

Tipo Zonada
Acumulação (m3) 2.100.000.000
Altura Máxima (m) 54,00
Volume Maciço (m3) 5.899.325
Descarga Máx. Tomada D’água (m3/s) 31
Vazão do Sangradouro (m3/s) 5.200

Figura 1.2 – Barragem de Orós – Ceará

Tipo Terra/CCR
Acumulação (m3) 4.450.000.000
Altura Máxima (m) 60
Extensão da Barragem (km) 3,5
Extensão do Vertedouro (m) 153
Extensão do Lago (km) 48
Vazão Regularizada (m3/s) 22
Figura 1.3 – Barragem Castanhão – Jaguaribara - Ceará

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02. OBJETIVOS

O Projeto de uma barragem deve sempre ser função intrínseca do objeto ou


objetivos a quer se propõe a obra a ser construída.

As principais finalidades a que se destinam as barragens são:

• Abastecimento humano, animal e industrial;


• Irrigação;
• Energia (hidroelétrica);
• Piscicultura;
• Controle de cheias;
• Regularização de rios;
• Navegação;
• Outros.

É importante frisar que um mesmo açude pode ter finalidades várias e que o
seu estudo deve estar perfeitamente integrado na problemática sócio-econômica do vale a
que pertence.

03. ESCOLHA DO TIPO DA BARRAGEM

A escolha do tipo da barragem a ser projetada para uma determinada seção


de um rio depende de uma série de fatores. Estes, condicionando imposições técnico-
econômicas determinam o tipo de barragem indicada para cada caso.

Alguns fatores preponderantes na escolha do tipo são:

• Forma do vale;
• Solo de fundação;
• Materiais existentes;
• Condições climáticas;
• Fatores hidráulicos;
• Meios de transporte;
• Equipamentos disponíveis;
• Posicionamento do vertedouro;
• Finalidade;
• Segurança da obra;
• Custo da obra.

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As barragens de terra, como dito, são apropriadas para locais onde haja
disponibilidade de solos argilosos ou areno-siltoso/argiloso, utilizando o solo escavado para a
própria construção da barragem sempre que possível.

Como regras básicas para identificação e aceitação do local e tipo da


barragem podem observar os seguintes tópicos:

• Possibilidade de posicionamento do vertedouro fora do corpo da barragem,


utilizando-se favoravelmente as condições topográficas para dirigir
lateralmente as águas para uma outra bacia, condição ideal;

• Facilidades de localização do vertedouro, de modo a evitar correntes de alta


velocidade ao longo dos taludes da barragem;

• Estabilidade e confiabilidade nos solos de fundação do local da barragem;

• Possibilidade para diminuição dos volumes dos materiais de construção da


barragem a ser construída no local mais estreito do rio, com seu eixo
longitudinal sempre que possível perpendicular as ombreiras;

• A montante do local da construção não deverá existir desmoronamento e,


caso existam, esses devem ser estabilizado;

• Possibilidade de espaço razoável para a construção do maciço, no caso de se


optar por sangradouros temporários nos trechos do leito do rio;

• Existindo local topográfica e geologicamente adequados, é recomendável a


construção de pequenos diques em cotas inferiores ao coroamento da
barragem para que, na ocorrência de cheias excepcionais, estes possam
romper funcionando como descarregadores auxiliares, impedindo o
transbordamento do maciço, e consequentemente sua destruição, (diques
fusíveis).

04. ESTUDOS A SEREM REALIZADOS

4.1 – Generalidades.

Ao se projetar uma barragem são necessários vários estudos que servirão de


parâmetros para definir todas as características da obra a ser projetada.

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Estes estudos tornarão possível a análise das considerações técnicas da obra,
bem como seu comportamento hidráulico, e sobre os aspectos sócio-econômico decorrente
da sua construção.

Os estudos básicos para a elaboração de um projeto são:

• Estudos topográficos;
• Estudos geológicos;
• Estudos hidrológicos;
• Estudos geotécnicos.

4.2 – Estudos Topográficos.

Analisa as características geográficas e topográficas do curso d’água a ser


estudado.

O objetivo desse estudo é o de coletar informações topográficas que


permitam descrever com precisão o perfil longitudinal do boqueirão, os estudos altimétricos
da área de implantação da obra, obtidos através de levantamento de seções transversais
desenvolvidas ao longo do eixo principal, e o levantamento altimétrico e cadastral da área de
acumulação da barragem, denominada de bacia hidráulica.

Os resultados obtidos formarão um conjunto de plantas topográficas


indispensáveis ao desenvolvimento do projeto da barragem. Desempenharão papel
preponderante desde os primeiros estudos, quando da fase exploratória, até a sua
construção.

4.3 – Estudos Geológicos.

Os trabalhos de geologia, realizados numa área onde se pretende implantar


uma barragem constam de se fazer um mapeamento geológico da área, estudos de rocha de
fundação e estudos dos materiais de construção.

Existem mapas hidrogeológicos e pedológicos para todos os estados do


Nordeste os quais podem ser obtidos através de publicações de órgãos oficiais que
disponibilizam esses dados para utilização em projetos diversos.

4.4 – Estudos hidrológicos.

Visa estudar as condições afluentes de água na bacia hidrográfica, com a


finalidade de determinar as condições de acumulação, e as condições de escoamento das
ondas de cheia para assegurar a segurança da obra.

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4.5 – Estudos geotécnicos.

Trata-se da caracterização dos solos e rochas, sob o aspecto geotécnico, para


suas aplicações. Trata-se portanto, da execução de ensaios sobre amostras em laboratório e
a realização de ensaios “in situ”.

4.5.1 – Estudos de Jazidas

4.5.1.1 - Introdução

Os materiais que serão usados na construção de uma barragem de terra


devem atender a duas condições básicas:

• Condições técnica;

• Condições econômicas.

Condições Técnicas: O Material deve atender as características técnicas pré-


selecionadas, tais como: permeabilidade, resistência ao cisalhamento e compressibilidade.

Condições econômicas: Sua localização deve sempre que possível situar-se o


mais próximo possível do local da obra, em condições de fácil acesso.

4.5.1.2 – Jazida de Solo

As informações geológicas levantadas deverão orientar a pré-seleção das


áreas de ocorrências de materiais para empréstimos.

As informações deverão ser conduzidas em duas etapas: Preliminar e


definitiva.

Etapa Preliminar: Dentro da área delimitada locam-se de 5 a 12 furos de


sondagem assim distribuídos:

a) 4 a 8 furos na periferia da jazida


b) 1 a 4 furos na zona central

Os furos deverão ser executados a trado até a profundidade em que o


material for julgado aproveitável.

Etapa Definitiva: Julgado apropriado técnica e economicamente, o


aproveitamento do material e atendida as especificações de projeto, segue-se a fase de
prospecção definitiva, que consiste de:

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a) Lançamento de um reticulado como malha de 50 metros sobre a área
delimitada;
b) Sondagem nos nós do reticulado, alternando-se furos a trado, com poços
escavados com pá-e-picareta;
c) As amostras serão coletadas e encaminhadas ao laboratório para os
ensaios especificados.

4.5.1.3 – Ensaios a serem realizados.

Deverão ser realizados obrigatoriamente os seguintes ensaios geotécnicos:

• Granulometria;
• Limite de Liquidez;
• Limite de Plasticidade;
• Compactação.

Normalmente, realizam-se ensaios complementares que permitem melhor


avaliação do comportamento do material, tais como:

• Ensaio de permeabilidade
• Ensaio de cisalhamento.

4.5.2 – Cálculo do Volume da Jazida.

Volume total da jazida é dado pelo produto da área pela profundidade média
do solo.

Vt = (A) x (hm)

Onde;
Vt – Volume total da jazida;
A – Área da jazida;
Hm – Profundidade média do material.

O volume utilizável da jazida corresponde a uma taxa de 70 a 80% do volume


total, isto deve-se ao empolamento do material e a remoção da camada superficial da jazida,
composta na maioria dos casos de solos imprestáveis para utilização no corpo da barragem
com espessura da ordem de 10 cm., que deverão ser removidos e considerá-lo como bota-
fora ou expurgo.

4.5.3 – Solos não Aproveitáveis

Como materiais cujo emprego deve ser evitado na construção de barragens


citam-se:
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a) Terra vegetal, solo superficial contendo raízes e outros materiais vegetais.
As terras contendo matéria orgânica e raízes podem dificultar os trabalhos
de compactação e/ou deixar caminhos abertos para a infiltração d’água.

b) Argila Bentonítica e as outras argilas expansivas por serem susceptíveis de


variações volumétricas com a absorção ou perda d’água e por ainda
possuírem baixa resistência ao cisalhamento diminuindo grandemente a
estabilidade da obra.

c) Argilas em torrões cujo destorroamento não seja fácil pela ação de grades
de disco e rolos, dificultando assim a compactação.

d) Terras turfosas e pantanosas;

e) Pedras maiores do que a metade da espessura das camadas de


compactação.

Os ensaios de laboratório, conduzidos sobre as amostras consideradas


representativas e obtidas nos trabalhos de prospecção, visarão a determinação da
Classificação dos Solos prospectados para utilização adequada na geometria do maciço da
barragem.

Os resultados dos ensaios realizados em uma jazida de terra serão dispostos


em fichas apropriadas para que possa, ao longo da execução das obras, servirem de
referencia no controle e acompanhamento do corpo da barragem.

4.5.4 – A Classificação Unificada dos Solos

Em 1952, o “Bureau of Reclamation” e “o Corps of Engineers”, com o


professor A. Casagrande como consultor, elaboraram uma classificação de solos, baseada
numa anterior da autoria de A. Casagrande, a que chamaram de “Classificação Unificada de
Solos”. Esta classificação é particularmente aplicável aos trabalhos de barragens de terra. É
uma classificação descritiva e de fácil aplicação, toma em consideração as propriedades dos
solos, e tem a flexibilidade de poder ser adaptável quer a ensaios de campo quer a de
laboratório.

A sua grande vantagem reside no fato de um exame visual e manual, simples,


poder permitir a classificação e eventual corroboração por análise laboratorial.

A “Classificação Unificada de Solos” é baseada no tamanho das partículas e


suas quantidades, e nas características da fração fina do solo.

Esta classificação compreende três grandes grupos:

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1) Solos com predominância de grossos;
2) Solos com predominância de finos;
3) Solos com elevada percentagem de matéria orgânica.

Os diversos tipos de solos são representados por 2 símbolos, indicativos da


sua natureza.

Assim o primeiro grupo compreende os pedregulhos (G-gravel) e as areias (S-


sand) que se podem apresentar limpos ou com baixa percentagens de finos (W-well – no
caso de bem graduado e P – poor – no caso de mal graduados) ou com certas percentagens,
já apreciáveis de finos (M, no caso de finos não plástico) e (C – clay, no caso de finos
plásticos).

O segundo grupo compreende os siltes e as areias muito finas (M), as argilas


inorgânicas (C – clay) e os siltes e argilas orgânicas (O – organic), todos se podem
apresentar com elevada (H – high) ou baixa (L – low) compressibilidade traduzida pelo valor
do limite de liquidez.

O terceiro grupo é representado pelo símbolo simples Pt (peat).


_1___ _ 32345_ _ __

Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados


como pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na
peneira 4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração
grossa passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a
depender de sua curva granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente
existente. São eles:

• Material praticamente limpo de finos, bem graduado W, (SW e GW);


• Material praticamente limpo de finos, mal graduado P, (SP e GP);
• Material com quantidades apreciáveis de finos não plásticos, M, (GM e SM);
• Material com quantidades apreciáveis de finos plásticos C, (GC ou SC)

Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos
finos é realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo,
plotados na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o
conhecimento da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material
passando na peneira 200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre
suas propriedades de engenharia.

A Carta de plasticidade dos solos foi desenvolvida por A. Casagrande de modo


a agrupar os solos finos em diversos subgrupos, a depender de suas características de
plasticidade. Conforme é apresentado na Figura 4.5, a carta de plasticidade possui três
divisores principais: A linha A (de eq. IP = 0,73(LL - 20)), a linha B (LL = 50%) e a linha U
(de eq. IP = 0,9 (LL - 8).

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Deste modo, os solos finos, que são divididos em quatro subgrupos (CL, CH,
ML e MH), são classificados de acordo com a sua posição em relação às linhas A e B.

As Figuras 4.1 a 4.5, apresentadas a seguir, retratam o Sistema Unificado de


Classificação dos Solos – SUCS e suas propriedades de engenharia.

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Figura 4.1 - Classificação dos Solos Grossos pelo SUCS.

Figura 4.1 - Classificação dos Solos Grossos pelo SUCS.


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Figura 4.2 - Características dos Materiais Classificados Conforme os Grupos da Tabela Unificada

Figura 4.2 - Características dos Materiais Classificados Conforme os Grupos da Tabela Unificada
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DIVISÕES SÍMBOLO PERMEABILIDADE CARACTERÍSTICAS DE VALOR COMO
PRINCIPAIS NOME VALOR COMO ATÊRRO
LETRA HACHURA COR CM. POR SEG. COMPACTAÇÃO FUNDAÇÃO
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) ( 10 ) ( 11 ) ( 12 )
PEDREGULHOS E MISTURAS DE PE- MUITOESTÁVEIS, ABAS* PERMEÁVEIS BOAS, TRATOR, RÔLO PNEUMÁTICO BOA CAPACIDADE MURO INTERCEP-

VERMELHO
-2
GW DREGULHO E AREIA, BEM GRADUA- k > 10 2000 — 2160
DOS, COM POUCO OU SEM FINOS DE DIQUES E BARRAGENS E RÔLO LISO DE SUPORTE TANTE**
PEDRE- PEDREGULHOS E MISTURAS DE PE- RAZOÁVELMENTE ESTÁVEIS, ABAS PER -2 BOAS, TRATOR, RÔLO PNEUMÁTICO BOA CAPACIDADE MURO INTERCEP-
GULHOS G P DREGULHO E AREIA, MAL GRADUA- k > 10 1940 — 2000
DOS, COM POUCO OU SEM FINOS MEÁVEIS DE DIQUES E BARRAGENS E RÔLO LISO DE SUPORTE TANTE
E
RAZOÁVELMENTE ESTÁVEIS, POUCO -3
SOLOS CASCALHOS SILTOSOS, MISTURAS INDICADOS PARA ABAS, PODENDO k > 10 BOAS COM CONTROLE APURADO, RÔLO BOA CAPACIDADE TRINCHEIRA DE

AMARELO
GM -6 1920 — 2150
PEDREGU- DE CASCALHO, AREIA E SILTE SER USADOS EM NÚCLEOS IMPER- a 10 PNEUMÁTICO E RÔLO PÉ-DE-CARNEIRO DE SUPORTE PÉ OU NADA

Figura 4.3 - Característica Referentes a Aterros e Fundações


MEÁVEIS E BANQUETAS
SOLOS LHOSOS MEDIANAMENTE ESTÁVEIS, PODEM -6
CASCALHOS ARGILOSOS, MISTURAS k > 10 REGULARES, RÔLO PNEUMÁTICO BOA CAPACIDADE
DE GC SER USADOS EM NÚCLEOS IMPER- -8 1840 — 2070 NENHUM
DE CASCALHO, AREIA E SILTE a 10 E RÔLO PÉ-DE-CARNEIRO DE SUPORTE
MEÁVEIS OU DIQUES
GRANU-
AREIAS E AREIAS PEDREGULHOSAS MUITO ESTÁVEIS, SEÇÕES PERMEÁ- BOA CAPACIDADE BANQUETA DE MON-

VERMELHO
-3
LAÇÃO SW BEM GRADUADAS, COM POUCO OU k > 10 BOAS, TRATOR 1760 — 2070 TANTE E DRENAGEM
SEM FINOS VEIS, NECESSÁRIA PROTEÇÃO DE TALUDE DE SUPORTE OU POÇOS, DE PÉ
GROSSA
AREIAS AREIAS E AREIAS PEDREGULHOSAS BOA A MÁ CAPACIDA- BANQUETA DE MON-
RAZOÁVELMENTE ESTÁVEIS, PODEM SER -3
1800 — 1920
E SP MAL GRADUADAS, COM POUCO OU k > 10 BOAS, TRATOR DE DE SUPORTE CON- TANTE E DRENAGEM
SEM FINOS USADOS EM DIQUES DE TALUDES SUAVES FORME A DENSIDADE OU POÇOS, DE PÉ
SOLOS -3
AREIAS SILTOSAS, MISTURAS MEDIANAMENTE ESTÁVEIS, POUCO INDICA- BOAS, COM CONTRÔLE APURADO, BOA A MÁ CAPACIDA- BANQUETA DE MON-
k > 10

AMARELO
ARENO- SM DOS PARA ABAS, PODENDO SER USADOS -6 RÔLO PNEUMÁTICO, RÔLO PÉ-DE- 1760 — 2000 DE DE SUPORTE CON- TANTE E DRENAGEM
DE AREIA E SILTE NÚCLEOS IMPERMEÁVEIS OU DIQUES a 10 CARNEIRO FORME A DENSIDADE OU POÇOS, DE PÉ
SOS
MEDIANAMENTE ESTÁVEIS, USADOS -6
AREIAS ARGILOSAS, MISTURAS k > 10 REGULARES, RÔLO PÉ-DE-CARNEIRO, BOA A MÁ CAPACI-
SC EM NÚCLEOS IMPERMEÁVEIS DE ES- -8 1670 — 2000 NENHUM
DE AREIA E ARGILA TRUTURAS CONTRA ENCHENTES a 10 RÔLO PNEUMÁTICO DADE DE SUPORTE
SILTES INORGÂNICOS E AREIAS MUITO ESTABILIDADE MÁ, PODE SER USADO -3 BOAS A MÁS, ESSENCIAL O CONTRÔLE MUITO MAU SUSCE-
FINAS, PÓ DE PEDRA, AREIAS FINAS SILTO- k > 10 TRINCHEIRA DE
ML EM ATERRO MEDIANTE CONTROLE -6 APURADO, RÔLO PNEUMÁTICO, 1520 — 1920 PTÍVEL À LIQUE-
SAS OU ARGILOSAS, E SILTES ARGILO- a 10 PÉ OU NADA
SILTES SOS POUCO PLÁSTICOS ADEQUADO RÔLO PÉ-DE-CARNEIRO FAÇÃO
E
VERDE ARGILAS INORGÂNICOS DE PLASTICIDADE -6
BAIXA OU MÉDIA, ARGILAS PEDREGULHO- ESTÁVEIS, NÚCLEOS IMPERMEÁVEIS k > 10 REGULARES A BOAS, RÔLO PÉ-DE- SUPORTE
ARGILAS CL -8 1520 — 1920 NENHUM
SAS, ARGILAS ARENOSAS, ARGILAS SILTO- E BANQUETAS a 10 CARNEIRO, RÔLO PNEUMÁTICO BOM A MAU
LL < 50 SAS, ARGILAS MAGRAS
SOLOS -4 SUPORTE REGULAR
SILTES ORGÂNICOS E SILTES E ARGILAS k > 10 REGULARES A MÁS, RÔLO PÉ-DE-
DE OL NÃO SERVEM PARA ATÊRRO -6 1260 — 1600 A MAU E NENHUM
ORGÂNICAS DE PLASTICIDADE BAIXA a 10 CARNEIRO RECALQUES
GRANU-
SILTES INORGÂNICOS, SOLOS ARENO- ESTABILIDADE MÁ, NÚCLEO DE ATÊRRO -4
MÁS A MUITO MÁS, RÔLO PÉ-DE-
LAÇÃO SOS FINOS OU SILTOSOS MICÁCEOS k > 10 1120 — 1520 SUPORTE MAU NENHUM
MH HIDRÁULICO, INDESEJÁVEIS EM ATÊRRO -6
SILTES E DIATOMÁCEOS, SOLOS ELÁSTICOS COMPACTADO C/ RÓLO PÉ-DE-CARNEIRO a 10 CARNEIRO
FINA
-6
AZUL

E ARGILAS INORGÂNICAS DE PLASTICI- ESTABILIDADE MÉDIA C/ TALUDES SUAVES k > 10 REGULARES A MÁS, RÔLO PÉ-DE- SUPORTE REGULAR
CH -8 1200 — 1500 NENHUM
ARGILAS DADE ELEVADA, ARGILAS GORDAS NÚCLEOS FINOS, BANQUETAS E DIQUES a 10 CARNEIRO A MAU
LL > 50 -6
MÁS A MUITO MÁS, RÔLO PÉ-DE- SUPORTE MUITO
ARGILAS ORGÂNICAS DE PLASTICIDADE k > 10 1040 — 1600 NENHUM
OH NÃO SERVEM PARA ATÊRRO -8
MAU
MÉDIA À ELEVADA, SILTES ORGÂNICOS a 10 CARNEIRO
JADO
RAN-

SOLOS MUITO
ALA-

TURFA E OUTROS SOLOS ALTAMENTE


Pt NÃO SÃO USADOS EM CONSTRUÇÃO COMPACTAÇÃO IMPRATICÁVEL TRATADO PARA FUNDAÇÕES
ORGÂNICOS ORGÂNICOS

NOTAS: 1 — Os valores nas colunas 7 e 11 servem apenas de orientação. O projeto deve basear-se em resultados de ensaios.
2 — Na coluna 9, os equipamentos relacionados produzirão normalmente as densidades visadas, mediante um número razoável de passadas, quando a umidade
e a espessura da camada fôrem devidamente controladas
3 — Na coluna 10, as massas específicas sêcas referem-se a solos compactados no teor de umidade ótima, correspondente ao ensaio A.A.S.H.O. (PROCTOR NORMAL)
* — Zona que envolve o núcleo
** — Positive Cut-Off

Figura 4.3 - Característica Referentes a Aterros e Fundações


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Compactação Compressibilidade endométrica % do Resistência ao cisalhamento
Proctor volume inicial (em termos de tensões efetivas)
Grupo Índice
Permeabilidade K x 10-6
do De
(cm.s-1)
Solo γs,máx hótima Vazios @ @ C’ C’sat
tg φ’
(g/cm-3) (%) 1,4kg.cm-2 3,5kg.cm-2 (kg/cm-2) (kg/cm-2)

GW > 1,90 > 13,3 (x) 27.000 ± 13.000 < 1,4 (x) (x) (x) > 0,79

GP > 1,76 > 12,4 (x) 64.000 ± 34.000 < 0,8 (x) (x) (x) > 0,74

GM > 1,82 > 14,5 (x) > 0,3 < 1,2 < 3,0 (x) (x) > 0,67
GC > 1,84 > 14,7 (x) > 0,3 < 1,2 < 2,4 (x) (x) > 0,60
1,90 ± 13,3 ± 0,37 ± 0,40 0,79 ±
SW (x) 1,4 ± (x) (x) (x)
0,08 2,5 (x) ±0,04 0,02
1,76 ± 12,4 ± 0,50 ± 0,23 ± 0,74 ±
SP > 15,0 0,8 ± 0,3 (x) (x)
0,03 1,0 0,03 0,06 0,02
1,82 ± 14,5 ± 0,48 ± 0,52 ± 0,20 0,67 ±
SM 7,5 ± 4,8 1,2 ± 0,1 3,0 ± 0,4
0,02 0,4 0,02 0,06 ±0,07 0,02
SM- 1,90 ± 12,8 ± 0,41 ± 0,51 ± 0,14 ± 0,66 ±
0,8 ± 0,6 1,4 ± 0,3 2,9 ± 1,0
SC 0,02 0,5 0,02 0,02 0,06 0,07
1,84 ± 14,7 ± 0,48 ± 0,76 ± 0,11 ± 0,60 ±
SC 0,3 ± 0,2 1,2 ± 0,2 2,4 ± 0,5
0,02 0,4 0,01 0,02 0,06 0,07
1,65 ± 19,2 ± 0,63 ± 0,68 ± 0,09 ± 0,62 ±
ML 0,59 ± 0,23 1,5 ± 0,2 2,6 ± 0,3
0,02 0,7 0,02 0,01 (x) 0,04
ML- 1,74 ± 16,8 ± 0,54 ± 0,64 ± 0,22 ± 0,62 ±
0,13 ± 0,07 1,0 ± 0,2 2,2 ± 0,0
CL 0,03 0,7 0,03 0,02 (x) 0,06
1,73 ± 17,3 ± 0,56 ± 0,88 ± 0,13 ± 0,54 ±
CL 0,08 ± 0,03 1,4 ± 0,2 2,6 ± 0,4
0,02 0,3 0,01 0,01 0,02 0,04
OL (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x)
1,31 ± 36,3 ± 1,15 ± 0,73 ± 0,20 ± 0,47 ±
MH 0,16 ± 0,10 2,0 ± 1,2 3,8 ± 0,8
0,06 3,2 0,12 0,03 0,09 0,05
1,50 ± 25,5 ± 0,80 ± 1,04 ± 0,11 ± 0,35 ±
CH 0,05 ± 0,05 2,6 ± 1,3 3,9 ± 1,5
0,03 1,2 0,04 0,03 0,06 0,09
OH (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x) (x)
± indica um limite de confiança de 90%. (x) representa número insuficiente de valores.

Figura 4.4 - Valores médios para propriedades de engenharia, recomendados pelo USBR – United
States Bureau of Reclamation, para solos classificados pelo SUCS.

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GRÁFICO DE PLASTICIDADE
60

U )
a- -8 - A 20)
iL nh 9(LL ha -
. Lin 3(LL
50 =0 . 7
IP 0
I P=
Argila
inorgânica
de alta
40
plasticidade
ÍNDICE DE PLASTICIDADE

CH
Solos arenosos e siltosos
finos, micáceos ou diatomáceos;
30
Argila siltes elásticos; siltes orgânicos,
inorgânica argilas, e argilas siltosas
de média
Argilas inorgânicas plasticidade
arenosas/siltosas de
20
baixa plasticidade OH
ou
Argilas siltosas,
siltes argilosos
e areias CL OL MH
10
ou Siltes inorgânicos e
7 orgânicos, silte argiloso
CL-ML ML
4 e areia fina argilosa ou
siltosa de baixa
ML plasticidade
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
LIMITE DE LIQUIDEZ
0 100 AR
EIA

10 90 ARGILA
TE

20 80
SIL

30 70
ARGILA
40 60
)
(%
EIA

50 50
AR

AR
G I LA

60 ARGILA ARGILA 40
(%

ARENOSA SILTOSA
)

70 30
AREIA SILTE
ARGILOSA ARGILOSO
80 20

90 AREIA SILTE 10
AREIA
SILTOSA ARENOSO SILTE
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

SILTE (%)

Figura 4.5 – Carta de Plasticidade e Classificação Triangular

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Tabela 4.1 – Modelo de Ficha de Resumo de Ensaios de Solos

PROJETO: INTERESSADO:

PROCEDÊNCIA: LOCALIZAÇÃO:

LABORATÓRIO: OPERADOR:

1 2 3 4 5
REGISTRO NO

FURO

PROFUNDIDADE
2”
1”
3/8”
N0 4
N0 10
N0 40
N0 80
N0 200

L L (%)

IP (%)
CLASSIF.
UNIFICADA
DENS.
MÁX .(kN/m3)
UMIDADE
ÓTIMA (%)

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Tabela 4.2 – Exemplo de Classificação Visual dos Solos

OBRA :
CLIENTE :
JAZIDA :
LOCALIZAÇÃO :
MUNICÍPIO :
PROFUNDIDADE
FURO (m) CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS DE JAZIDA
DE A
01 0,10 1,20 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha
02 0,10 1,30 Argila arenosa de cor vermelha
03 0,10 1,20 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha
04 0,10 1,30 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha
05 0,10 1,20 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha
06 0,10 1,00 Argila arenosa de cor vermelha
07 0,10 1,00 Argila com rocha decomposta de cor vermelha
08 0,10 1,00 Argila com rocha decomposta de cor vermelha

09 0,10 1,00 Argila arenosa de cor vermelha


10 0,10 1,20 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha
11 0,10 1,00 Argila arenosa de cor vermelha

12 0,10 1,20 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha

13 0,10 0,8 Argila arenosa de cor vermelha

14 0,10 1,00 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha

15 0,10 1,20 Argila arenosa de cor vermelha

16 0,10 1,60 Argila arenosa de cor vermelha

17 0,10 1,30 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha

18 0,10 1,30 Argila arenosa de cor vermelha

19 0,10 1,00 Argila arenosa de cor vermelha

20 0,10 1,00 Argila arenosa pedregulhosa de cor vermelha

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05. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO

5.1 – Estudos preliminares

Definidos os objetivos a atingir com a construção da barragem, ou seja, as


finalidades a que se destina, e o estudo das restrições e condicionante que do mesmo
resultam, a etapa seguinte corresponde a pesquisa do local mais adequado à satisfazer tais
objetivos.

5.1.1 – Pesquisa do local

Os fatores que, de um modo geral, influenciam na escolha do local da


barragem são:
• Finalidade a que se destina;
• Topografia do local do boqueirão;
• Condições geotécnicas;
• Condições hidrológicas;
• Materiais para sua construção disponível;
• Problemas construtivos e econômicos;
• Fatores políticos-econômicos.

Em uma primeira fase, os estudos de todas as possibilidades aparentes para a


implantação do reservatório será feita no escritório sobre a documentação disponível.

Utilizar-se-á, basicamente, fotografias aéreas, cartas topográficas em escala


adequada e mapas geológicos da região.

Analisada toda a documentação existente, seleciona-se alguns locais onde


potencialmente se poderia construir a barragem.

Para cada um dos locais selecionados procurar-se-á estimar, em princípio, os


seguintes pontos:

- Características topográficas do vale e da bacia hidrográfica;

- Morfologia do local do barramento e da bacia hidráulica;

- O eixo presumível da barragem;

- O contorno da bacia hidrográfica;

- Possíveis locais para implantação do sangradouro;

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- Idéia da hidrologia da bacia de contribuição;

- Dados meteorológicos locais.

Recolhido o máximo de informações sobre a documentação existente,


procede-se então a visita aos locais previamente escolhidos, com o objetivo de precisar e
complementar as informações gerais disponíveis.

O reconhecimento dos locais deve ser realizado por técnicos experimentado


em matéria de barragens, de preferência o próprio projetista, o qual deverá contar com o
auxilio de um geólogo. Pode ser igualmente útil a participação do topógrafo que irá
proceder, numa fase posterior, aos levantamentos topográficos do local da barragem e da
bacia hidráulica.

Nessa visita devem-se fazer observações complementares, tais como:

- Informações a respeito de cheias, que pode ser obtidas com moradores das
proximidades;
- Aspectos de indenizações e desapropriações do sítio;
- Possíveis locais para empréstimos de materiais;
- Locais de dificuldades potenciais e particulares, tais como, áreas de turfas ou
argilosas, presença de solos saturados, falhas geológicas, etc.

Essa primeira visita permite freqüentemente, ao geólogo propor ao projetista


outros locais ou tipos de obras diferentes, que possa ocasionar menos problemas que
aqueles inicialmente escolhidos a partir de critérios topográficos e hidrológicos.

5.1.2 – Escolha do Eixo da Barragem.

O estudo comparativo dos locais inventariados, tanto do ponto de vista das


características técnicas propícias a cada um deles, quanto de suas vantagens relativas,
respeito ao empreendimento projetado e a sua inserção no seu ambiente físico, permitirá
selecionar um certo número de locais, dentre os quais deve ser feita a escolha final.

Freqüentemente a decisão sobre a escolha definitiva do local necessita um


conhecimento mais preciso das características de cada local selecionado.

Um levantamento topográfico detalhado do boqueirão e bacia hidrográfica,


um estudo geológico de superfície, um estudo geotécnico simples, uma avaliação dos
deflúvios e das descargas de cheias, à partir de observações locais podem ser
indispensáveis.

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Uma avaliação sumária dos custos para cada um dos locais selecionados será,
além disso, necessária, para encerrar definitivamente o processo de escolha e reconhecer a
exeqüibilidade da obra.

Nos casos difíceis de escolha, não será possível pronunciar-se sobre a


exeqüibilidade da obra, sem se aprofundar os estudos de base, necessários à elaboração do
Ante-projeto.

06. TIPOS DE SEÇÕES DA BARRAGEM

As barragens de terra compactada podem situar-se em três classes, segundo


a sua composição:

a) Barragens homogêneas;

b) Barragens zoneadas;

c) Barragens mistas.

As barragens homogêneas são constituídas de um só material. Normalmente


decorrem da existência de um único tipo de solos da região. Figura 6.1. Quase sempre,
dependendo da permeabilidade do solo, parte do maciço sofrerá ação de descarga freática
que se dará através do maciço, advindo por conseqüência, erosão na face exposta do talude
de jusante. Daí a necessidade de se rebaixar a superfície superior da zona submetida a
descarga freática limitada pela sua superfície.

Figura 6.1 – Barragem Homogênea

Tal rebaixamento ocorre graças a introdução de dispositivos de drenagem na


parte jusante da barragem. Figura 6.2.;

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Figura 6.2 – Barragem Homogênea Com Filtro Chaminé, Tapete Drenante e Rock-Fill.

As barragens zoneadas ou zonadas são constituídas fundamentalmente de um


núcleo de terra impermeável, situado entre zonas permeáveis que emprestam estabilidade
ao conjunto.

A quantidade e a disposição das zonas podem variar de acordo com a


disponibilidade dos materiais existente no local. Normalmente a permeabilidade cresce a
partir do núcleo para os taludes, Figura 6.3.

Figura 6.3 – Barragem Zoneada ou Zonada.

As barragens zoneadas por possuírem as zonas extremas compostas de


material de maior permeabilidade, dadas as características geotécnicas, apresentam,

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normalmente um alto coeficiente de atrito. Tal fato permite a construção do maciço com
taludes mais inclinados e consequentemente uma apreciável economia de material.

Segundo o “Bureal of Reclamation”, uma barragem zoneada é dita “tipo


diafragma” quando a espessura do maciço impermeável em uma determinada cota é inferior
a 3 metros ou menor que a altura do aterro acima desta cota.

As barragens projetadas com diafragma central constituído de material sílico-


argiloso exigem filtros construídos com grande cuidado e controle rigoroso. Essas barragens
normalmente são projetadas quando a quantidade de material de baixa permeabilidade é
insuficiente para a execução de uma barragem homogênea.

Barragens mistas são aquelas em que vários tipos de materiais entram na sua
composição, tais como solo, areia, brita e blocos de pedras..

Tais projetos surgem em decorrência do dimensionamento de materiais


existente na região. São constituídas de um núcleo impermeável, um filtro de granulometria
variável, em ambas as faces do núcleo e espaldares compostos por pedras de grande
diâmetro, Figura 6.4.

Figura 6.4 – Barragem Mista

07. TIPOS DE FUNDAÇÃO

7.1 – Generalidades.

No que se refere a fundação há que se assegurar a sua estabilidade, perante


as cargas transmitidas pelo aterro e um controle efetivo das percolações.

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Pode-se dizer que é possível contruir-se uma barragem de terra em quase
todos os tipos de fundação, desde que se estudem suficientemente e desde que os projetos
se adaptem convenientemente às condições reveladas.

Sob o ponto de vista dos tratamentos necessários às fundações, estas podem


ser divididas em três grupos de acordo com suas características predominantes:

• Fundações em rocha;
• Fundações em solos permeáveis ( solos arenosos ou pedregulhosos)
• Fundações em solos impermeáveis (solos argilosos ou siltosos)

7.2 – Fundações em rocha

De um modo geral as fundações em rocha não apresentam quaisquer


problemas no que se refere a resistência.

Neste tipo de fundação, atenção especial deverá ser dada quanto as


eventuais perdas d’água e forças de percolação que podem surgir, decorrentes de fraturas
ou falhas que podem ocorrer no maciço rochoso, exigindo soluções que por vezes, se tornam
complexas.

Dado que as rochas se apresentam sempre fraturadas, em menor ou maior


grau, há muitas vezes que recorrer a tratamentos de impermeabilização (muros de concreto
ou injeções).

Nos casos em que a rocha se apresenta com apreciável grau de


intemperização, há sempre necessidade de se construir uma trincheira encravada na rocha
intemperizada, de modo a assegurar um baixo gradiente hidráulico para as descargas
através das fundações.

Utilizou-se durante algum tempo muros de concreto associado ou não a


trincheira para aumentar o caminhamento das linhas de corrente através do maciço.
Atualmente, somente em casos especiais é adotada tal solução. Isto porque os recalques e
tensões diferenciais que ocorrem nas fundações e maciço ao longo da vida útil da barragem
provocam a ruptura do concreto, perdendo assim, o muro, sua finalidade.

Por outro lado, as trincheiras preenchida com concreto além de auxiliar as


operações de injeção, permitirá cortar a infiltração nas camadas superiores da rocha alterada
que seriam pouco beneficiada com as injeções de cimento, assunto este objeto de projetos
específicos e especiais para o tratamento de fundações em rocha.

7.3 – Fundações em solos permeáveis (solos arenosos e pedregulhosos)

Estas fundações põem duas questões fundamentais: possibilidade de perdas


excessivas de água e risco de ruptura por “piping”.
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Processos gerais de tratamento:

• Valas corta-águas (“Cutoff”);


• Valas corta-águas parciais;
• Banquetas de montante;
• Estacas pranchas;
• Injeções (cimento, produtos químicos, argila ou mistura de
argila/bentonita)
• Tapetes filtrantes;
• Drenos de pé e valas drenantes;
• Poços de alívio

7.3.1 – Valas Corta-Águas (“Cutoff”)

Sempre que possível, economicamente, as infiltrações devem ser cortadas por


uma vala preenchida por material impermeável (“cutoff”) e que se prolonga até a rocha ou
até uma camada impermeável. Estas valas podem ser de faces inclinadas ou verticais.

É este o meio mais seguro de se evitar o “piping” através da fundação e o


meio mais eficaz de controlar a quantidade de água percolada.

As valas devem ser colocadas para montante do eixo da barragem, mas tendo
em atenção que a cobertura impermeável do maciço ofereça em todas as seções, uma
resistência a percolação pelo menos igual a oferecida pela própria vala.

Não se dispondo do “cutoff”, Figura 7.1, a quantidade de água que passa


através da fundação pode ser aproximadamente, dada por:

Q = K.(H/L).A

Onde;
K - coeficiente de permeabilidade do solo da fundação;
L – Largura do manto permeável;
A – Área correspondente ao fluxo percolado.

Figura 7.1 – Valas Corta-águas (Cut-off)

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7.3.2 – Valas Corta-águas parciais.

Por vezes torna-se proibitivo economicamente, aprofundar a vala corta-água


até o nível da camada impermeável. Nestas condições pode considerar-se o uso de valas
corta-águas parciais. Figura 7.2.

A redução do caudal percolado não é, no entanto, diretamente proporcional a


redução da área de escoamento.

Experiência de Creager e Turnbull, relativas a uma fundação permeável,


homogênea e isotrópica, evidenciaram, por exemplo, que uma vala aprofundada até meia
altura da camada permeável apenas reduz de 25% a quantidade de água infiltrada
correspondente a não haver qualquer vala.

Portanto esse sistema não é, por si só, totalmente eficiente.

O seu uso pode, por exemplo, ser adotado no caso de fundações


estratificadas e em que os trabalhos de prospecção indicaram a constituição de um estrato
impermeável.

Figura 7.2 – Valas Corta-águas Parciais

7.3.3 – Banquetas de montante

Quando a camada impermeável se encontra a grande profundidade, pode-se


recorrer ao uso de uma banqueta de material impermeável e que se prolonga para
montante, Figura 7.3. Também são usadas conjuntamente com valas corta-águas parciais.

Consegue-se assim aumentar o caminho de percolação, diminuindo, portanto,


o caudal percolado.

Visando a possibilidade de ocorrência de “piping”, o comprimento “L” da


banqueta poderá atender aos coeficientes de rastejamento de trechos horizontais. No
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entanto, devido a que os depósitos naturais raramente são permeavelmente isotrópicos,
existe a possibilidade prática de ocorrerem altas pressões no pé do talude de jusante.

Assim é conveniente, quando se recorre a banquetas, conjugar um outro tipo


de proteção (filtros e drenos).

Figura 7.3 – Banquetas de Montante

7.3.4 – Estacas pranchas

Por vezes tem sido usadas cortinas de estacas pranchas, associadas a valas
corta-águas parciais, com a finalidade de aumentar o caminho de percolação ou mesmo
atingir uma camada impermeável.

A escolha do tipo de estaca depende da natureza dos terrenos de fundação.


No entanto, os terrenos com abundância de pedras e matacões a cravação da estaca pode
ser muito difícil e não ser possível assegurar uma boa ligação entre as estacas, recorrendo-
se mesmo a diversos processos de ligação e injeções de colmatagem.

Nas melhores condições, poder-se-á esperar que uma cortina até uma base
impermeável, seja apenas 80 a 90% efetiva.

7.3.5 – Injeções

Na impermeabilização de fundações têm sido por vezes empregadas injeções


de argila, cimento, lama bentonítica ou de produtos químicos, tendo estes a vantagem de
serem facilmente injetáveis. Estes produtos quando se misturam no solo, originam a
formação de um agente impermeabilizante para os diversos tipos e características do solo de
fundação.

Como em qualquer processo de injeção, deve recorrer-se a técnicas


particulares havendo ainda, no caso de produtos químicos, que se estudarem
adequadamente os solos onde injetar, já que certas condições locais podem interferir nos
resultados do agente injetado.

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7.3.6 – Tapetes filtrantes

Um dos processos para evitar a ruptura por erosão interna (”piping”),


coletando ainda as águas de infiltração, consiste no recurso a tapetes filtrantes, colocados
sob o maciço de jusante. Note-se que um tapete filtrante, diminuindo o caminho de
percolação, aumentará as perdas por infiltração.

O comprimento do tapete pode ser determinado, recorrendo-se à rede de


fluxo correspondente à fundação. A espessura do tapete deve ser tal que a sua capacidade
drenante seja superior ao caudal a escoar. É normal ainda adotar-se um coeficiente de
segurança de 2.

7.3.7 – Drenos de pé e valas drenantes

É comum o emprego de drenos de pé associados a tapetes filtrantes. A sua


finalidade é a de coletar as águas escoadas pelos tapetes conduzindo-as a um ponto do rio.
Podem-se usar tubos cerâmicos, de concreto poroso, de PVC, desde que se façam
dispositivos de absorção (furos) ao longo do mesmo e até metálico utilizando o mesmo
princípio, aumentando de diâmetro desde os encontros até ao fundo do vale.

Os tubos são normalmente colocados em valas e envolvidos por material


filtrante ou manta sintética, a fim de evitar o seu entupimento ou sua colmatação.

Nas Figuras 7.5 e 7.6, apresentam-se esquemas de possíveis drenos de pé.

Figura 7.4 – Tapetes Filtrantes de Jusante

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Os drenos de pé são também por vezes usados em fundações impermeáveis e destinados a
coletar quaisquer eventuais infiltrações, de modo a evitar o empoçamento na área do pé do
talude de jusante.

Em fundações permeáveis, cobertas por uma camada impermeável não muito


espessa, podem usar-se drenos de pé, obtidos a custa de uma vala que se aprofunda até a
zona permeável (vala drenante). Estas valas destinam-se a aliviar as sub-pressões atuantes
na camada impermeável.

Figura 7.5 – Dreno de Pé Com Vala Drenante e Tapete Filtrante.

Figura 7.6 – Vala Drenante Com Aterro e Enrocamento.

7.3.8 – Poços de alívio

Em fundações estratificadas as valas drenantes perdem muito da sua eficácia,


podendo então recorrer-se a drenos verticais ou Poços de Alívio, que atravessam as camadas
a que se pretende.

No caso de haver uma camada impermeável sobrejacente, relativamente


espessa, pode ser mais econômico o recurso a poços de alívio em substituição a valas
drenantes.

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Os poços podem ser formados por tubos em que parte drenante seja
constituída por redes metálicas, tubos de concreto poroso ou por tubos perfurados de PVC,
cerâmicos ou de concreto, envolvidos por um filtro, que pode ser um sistema de camadas
drenante composto por areia e brita ou mesmo uma manta sintética.

7.4 – Fundações em solos impermeáveis.

As fundações constituídas por solos finos são suficientemente impermeáveis


para ter de se considerar qualquer tratamento relativo a percolação ou ruptura por “piping”.
Os principais problemas nesse tipo de fundação refere-se a estabilidade por ruptura, por
cisalhamento e a possibilidade de assentamentos excessivos, recalques.

Ensaios de penetração do tipo SPT e outros podem dar indicações sobre a


capacidade de resistência dos solos de fundação. No entanto os solos finos relativamente
secos poderão sofrer deformações quando saturados com excesso de recalques e quebra da
resistência. Nesses casos as indicações podem ser obtidas a partir do grau de compactação e
do desvio do teor de umidade em relação ao ótimo.

Os casos correntes de fundações em solos impermeáveis dividem-se em dois


grupos:

• Fundações saturadas;
• Fundações em solos relativamente secos.

7.4.1 – Fundações em solos saturados.

O desenvolvimento das pressões neutras provocadas pela alteração do estado


de tensões atuantes decorrentes da construção, pode provocar a ruptura das fundações.

As soluções a adotar para esses casos são:

• Remoção das camadas de solo de baixa resistência;


• Facilitar a drenagem da fundação para aumentar a resistência
disponível;
• Diminuir as inclinações dos taludes ou construir banquetas
estabilizantes reduzindo assim as tensões cisalhantes atuantes.

7.4.2 – Fundações em solos relativamente secos.

O enchimento do reservatório pode provocar assentamentos adicionais por


alteração da estrutura inicial do solo.

A execução de ensaios sobre amostras indeformadas ou intactas, visando a


determinação das características de resistência e das características de adensamento com

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uma fase de molhagem, poderá dar as indicações necessárias sobre o comportamento da
fundação.

As fundações devem ser convenientemente tratadas quando o assentamento


ocorrido durante a fase de molhagem for considerado excessivo.

As condições de ocorrência do solo, no que se refere a grau de compactação e


desvio do teor de umidade em relação a umidade ótima, dado pelo ensaio de compactação,
podem também dar indicação sobre o seu comportamento.

Nas situações que poderá ocorrer assentamentos significativos adotar-se-á as


seguintes soluções:

• Remoção da camada de solo;


• Os resultados obtidos dos ensaios mostram que uma pré-molhagem
origina o assentamento apenas durante a fase de construção, desde
que seja assegurada a drenagem durante esta fase;
• Processos que diminuam os assentamentos durante a fase
decorrentes da saturação.

08. PROJETO DA BARRAGEM

Constatou-se que grande parte dos insucessos ocorridos em barragens de


terra se refere a causa estranhas à Mecânica dos Solos. Ainda que a técnica atual permita a
construção de qualquer barragem em condições de perfeita segurança, verifica-se, no
entanto ser comum, em certos casos, a ocorrência de ruptura. Isto se dá normalmente em
pequenas barragens em que os estudos, o projeto e muito especialmente a construção não
tem merecido a devida e indispensável atenção.

8.1 – Escolha do Local e Tipo da Barragem.

Os fatores que influenciam na escolha do local e do tipo da barragem são:

• Fatores hidráulicos ( armazenamento, navegação, etc..);


• Fatores hidroelétricos (Potência a obter);
• Fatores políticos-econômicos;
• Topografia do local;
• Condições geotécnicas, geológicas e hidrológicas;
• Materiais disponíveis na região para sua construção;
• Problemas construtivos.

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8.2 – Normalização para o projeto.

Os processos atuais para elaboração de um adequado projeto de barragens


incluem:

a) Estudos das fundações e ocorrências de empréstimos de solos e jazidas;

b) Aplicação ao projeto dos resultados obtidos nos estudos realizados;

c) Planejamento cuidadoso dos métodos de construção e seus controles.

Este conjunto de operações visa a obtenção de uma estrutura segura, nas


condições mais econômicas, devendo dar-se a devida atenção ao custo de manutenção.

Em um projeto de barragem de terra devem-se atender as seguintes


exigências fundamentais:

1) Segurança contra a possibilidade de transbordamento para a máxima


cheia considerada, prevendo descarregadores de cheias – sangradouros –
com vazão suficiente. (Esta exigência está relacionada aos problemas de
hidrologia e hidráulica referente a avaliação da enchente máxima previsível
e ao dimensionamento do vertedouro para o caso de ocorrência de uma
enchente catastrófica).

2) A barragem deve ser projetada de modo a não acarretar tensões


superiores as que a fundação possa suportar.

3) Segurança contra o transbordamento por ação das ondas.

4) O talude de montante deve ser protegido contra as erosões causadas


pelos efeitos das ondas do lago.

5) O coroamento e o talude de jusante devem ser protegidos contra a erosão


devida ao vento e as chuvas.

6) Inclinação conveniente dos taludes do aterro, a fim de que haja segurança


durante a construção e em todas as fases de operação do reservatório.

7) As infiltrações de água através da fundação e dos taludes não devem


causar erosões internas nem nos locais onde emergirem.

8) As perdas de água por infiltração não devem afetar o aproveitamento da


obra.

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9) As estruturas projetadas atravessando o maciço não devem dar lugar a
planos preferenciais de percolação.

8.3 – Hidrologia da bacia hidrográfica.

A vazão de um curso d’água sofre variações no decorrer do tempo, chegando


mesmo a anular-se nos meses de estiagens, em se tratando de riacho intermitente.

Mesmo um riacho intermitente pode ser utilizado para abastecer uma cidade,
por exemplo, contanto que a sua descarga anual supere com folga o consumo anual de água
e nele seja construída uma barragem de determinada altura.

A folga a que nos referimos destina-se a contrabalançar as perdas


representadas tanto pelo volume de água que se evapora e se infiltra na bacia hidráulica,
como pelos vazamentos que ocorrem na barragem.

Portanto, a finalidade do reservatório de acumulação nada mais é do que


reter nos períodos chuvosos o excesso de água, para liberá-lo quando a vazão do curso
d’água se torna incapaz de atender a demanda.

8.4 – Cálculo da Capacidade do Reservatório.

Para o cálculo de um reservatório de acumulação, fazem-se necessários os


seguintes dados referentes a cada mês do ano:

• Descarga no curso d’água na seção prevista para a barragem;

• Perdas por evaporação, infiltração e vazamento na área da bacia


hidráulica;

• Consumo de água.

Para cada mês do ano de maior estiagem, subtraem-se da vazão do curso


d’água as perdas, obtendo-se a vazão disponível para aquela seção, que pode ser maior ou
menor que a demanda ou consumo que se pretende obter.

Entretanto, se a vazão disponível for sempre maior que a demanda não a


necessidade de construção do reservatório, pois podemos retirar essa vazão sem a
necessária acumulação. Por outro lado, se a vazão disponível for sempre menor que a
demanda, constata-se que o curso d’água não terá condições de abastecer o objetivo sem o
recurso de construção do reservatório.

Caso o volume afluente disponível seja em alguns meses superior ao consumo


e em outros meses inferior, neste caso a construção do reservatório será viável desde que a
soma dos disponíveis supere a soma dos consumos.
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Muitas vezes constroem-se reservatórios fazendo a utilização completa dos
recursos hídricos da bacia de captação (hidrográfica). Nesta hipótese procura-se utilizar todo
o potencial hidrológico da bacia, tendo como possível vantagem o uso da água para outros
fins que não o objetivo específico, como abastecimento de uma cidade, por exemplo:

Para o estudo da capacidade do reservatório utiliza-se:

1) Os anos seguidos de maior estiagem na bacia hidrográfica considerada;

2) Os anos seguidos cuja média seja aproximadamente igual à média de


todos os anos com dados de chuva disponível.

8.5 – Descarga de projeto na seção da barragem.

Na hipótese ideal de planejamento em longo prazo, os valores da vazão


mensal do curso d’água no local da barragem seriam obtidos através de observações e
medições realizadas na seção em estudo por um período de vinte a trinta anos.

As vazões consideradas para o projeto seriam aquelas que apresentassem


durante um período de estiagem as descargas mensais mais baixas.

Não se dispondo de medidas diretas de vazão, recorremos ao artifício de


determiná-la a partir dos valores das alturas de chuvas observadas na bacia hidrográfica ou
em bacias hidrográficas próximas de características semelhantes. Admite-se que os deflúvios
mensais sejam proporcionais as precipitações, o que pressupõe a constância do rendimento
da bacia hidrográfica, que seria igual, em qualquer mês, ao valor médio anual, ou seja:

Va = R.H.U.A (Fórmula do Engo. Francisco Aguiar)

Onde:
Va = volume afluente anual, em m3;
R = rendimento da bacia hidrográfica, em %;
H = altura anual de chuva, em m;
U = coeficiente de correção do tipo de bacia;
A = área da bacia hidrográfica, em m2.

O coeficiente de rendimento R é o resultado da divisão da quantidade de


chuva que se escoa numa seção de um curso d’água pela quantidade da água de chuva
precipitada na respectiva bacia contribuinte durante o mesmo período de tempo, geralmente
um mês ou um ano.

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8.5.1 – Bacia Hidrográfica

O dimensionamento de uma barragem e de seu sangradouro é fundamental


para o projeto de construção e de utilização de sua água, e consiste em compatibilizar a
capacidade do reservatório com o volume escoado no rio.

Quando se sub-dimensiona uma barragem não se aproveita toda a água


disponível, perdendo-se parte pela sangria, neste caso acontece uma vazão escoada maior e
conseqüentemente uma maior largura do sangradouro com um custo maior de construção.

Não obstantemente, se a situação for de super-dimensionamento da


barragem o custo de construção, obviamente será maior, além de inundar grandes áreas
desnecessariamente poderá ocorrer a salinização, pois o reservatório raramente atingirá a
cota de sangria, causando prejuízos para as propriedades situadas a jusante da bacia.

Segundo MOLLE, F. e CADIER, E., em seu título Manual de Pequenos Açudes


(1992), uma pesquisa abrangendo 57 pequenos açudes mostrou que 88% do total tinham
seus sangradouros sub-dimensionados. Na bacia do rio Piranhas (RN), mais de 275
pequenos açudes arrombaram somente no ano de 1984.

Toda a área que contribui para o escoamento do reservatório é chamada de


Bacia Hidrográfica de Drenagem, ou bacia de contribuição. As principais características que
devemos observar em uma bacia hidrográfica para uma avaliação preliminar são:

• Superfície total da bacia;


• Relevo e declividade;
• Tipo de solo;
• Estado de conservação da superfície (ou grau de erosão);
• Tipo de vegetação;
• Geologia e escoamento subterrâneos;
• Comprimento do riacho principal;
• Densidade de riachos, expresso em km de riacho por área.

A determinação da superfície da bacia hidrográfica (S) pode ser obtida de


várias formas, dentre algumas citamos:

• Mapa topográfico na escala de 1:25.000 e 1:100.000;


• Fotografias aéreas;
• Imagens de satélite;
• Todo e qualquer documento, estudo ou mapa, capaz de melhorar os estudos
da bacia de contribuição.
• Quando a bacia hidrográfica tem uma superfície inferior a 5 km2 deve-se usar
fotografias aéreas ou mapas topográficos mais detalhados nas escalas de
1:20.000 ou 1:10.000.

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• Quando a bacia for muito pequena, a sua delimitação nos mapas e fotos
deverá ser confirmada em campo, evitando assim a redução de riscos de erro
na determinação de sua área.
• Em todos os casos é muito arriscado e ilusório tentar delimitar e avaliar
superfície de bacias que sejam no mapa inferiores a 1cm2, nessa situação
deve-se recorrer a levantamentos de campo para sua avaliação.

Outras informações acerca das bacias de contribuição que devem ser


coletadas em campo são:

• Caso utilize mapas pedológicos, checar as informações sobre tipo de solos,


relevo, vegetação e outros dados para as aplicações inerentes a fatores
corretivos da bacia hidrográfica.
• Inspeção dos açudes eventuais situados a montante do barramento previsto,
avaliação de seus volumes, da vazão admissível nos seus sangradouros e dos
riscos de arrombamento.
• Coletar na medida do possível, informações sobre o funcionamento dos
açudes vizinhos, sua relação entre volume máximo do açude e a superfície de
captação da bacia hidrográfica;
• Localizar os açudes existentes dentro da bacia e avaliar suas respectivas áreas
de drenagem, calcular em seguida sua área ativa da bacia estudada, que
corresponde a superfície total diminuída da superfície controlada pelos açudes
existentes;
• Anos nos quais receberam água e sangraram;
• Ocorrências de arrombamento e suas razões.

Concluindo, a área da bacia hidrográfica é uma linha que passa pelos pontos
de cumeada, perpendicular as curvas de nível.

Na seqüência destaca-se parte de uma carta topográfica para determinação


da linha de contorno da bacia hidráulica e em seguida uma representação de uma bacia
hidrográfica na forma de apresentação.

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Figura 8.1 – Carta Topográfica na Escala 1:100.000

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Figura 8.2 – Bacia Hidrográfica Com Rede de Drenagem e Seção do Barramento.

8.5.2 – Determinação do Rendimento da Bacia Hidrográfica.

Quando não se dispõe de dados estatísticos do Coeficiente de Rendimento da


bacia (R), então seu valor médio anual pode ser estimado através de fórmulas empíricas
como a que segue:

H 2
− 400 H + 230 . 000
R = , (Fórmula do Engo. Aguiar)
55 . 000

Onde,
H – Altura média de chuva compreendida entre 500 e 1000mm;
R – Rendimento da bacia hidrográfica em %.

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Outro modelo da equação do Engo. Aguiar para volumes de chuvas fora do
intervalo acima:

R= 28,53 H -112,95 h2 + 301,91 H3 – 118,74 H4

Onde,
R – Rendimento anual em mm.;
H – Altura anual de chuvas em m.

Para aplicação do resultado na fórmula do volume afluente fazer:

Rmm
R% =
10 H

O coeficiente de correlação da bacia (U) é dado conforme classificação


abaixo:

Tabela 8.1 – Coeficiente de Uniformidade da Bacia Hidrográfica


TIPO BACIA HIDROGRÁFICA U

1 Pequena, íngreme e rochosa. 1,3-1,4


2 Bem acidentada e sem depressão evaporativa. 1,2
3 Média. 1
4 Ligeiramente acidentada. 0,8
5 Idem, com depressões evaporativas. 0,7
6 Quase plana, terreno argiloso. 0,65
7 Idem, terreno variável. 0,6
8 Idem, terreno arenoso. 0,5

8.5.3 – Cálculo da capacidade do reservatório.

A capacidade do reservatório (Cr) representa o que a bacia de contribuição


pode aludir a partir do Volume Afluente Anual. Para o dimensionamento de pequenos açudes
considera-se a capacidade Cr como sendo o dobro do volume afluente anual, ou seja:

Cr = 2Va;
Onde:
Cr – Capacidade disponibilizada pela bacia, em m3;
Va – Volume afluente anual.

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Essa metodologia justifica-se para a eventualidade do reservatório ser
suficiente para suprir um ano de seca, ou seja, a bacia poderá ficar 18 meses sem
realimentação pluviométrica, no caso de um ano seco.

Outro procedimento para a determinação da capacidade do reservatório pode


ser conferido pelo Método do Balanço Hídrico, que corresponde ao cálculo de volumes
afluentes com informações sobre alturas de chuva de diferentes intensidades.

O método se presta bem consistente para a região do semi-árido em que usa


parâmetros de evaporação e do déficit susceptível às retiradas e de chuvas.

8.5.4 – Perdas d’água represada.

As perdas d’água mais comuns em um reservatório são representadas pela


evaporação e infiltração na bacia hidráulica e pelos vazamentos ao longo da bacia e da
própria barragem.

A evaporação mensal é fornecida por dados estatísticos levantados mediante


observações em equipamentos apropriados denominados de Tanques Evaporímetros.

A perda mensal de água por evaporação é obtida multiplicando o valor da


evaporação mensal, geralmente expressa em milímetros, pela área da bacia hidráulica. Como
a princípio a área da bacia hidráulica é desconhecida adota-se para seu valor 5% da área da
bacia de contribuição. (Os dados estatísticos indicam um intervalo de 3 a 11%). Na hipótese
de haver grande discrepância entre o valor estimado e o valor verdadeiro, os cálculos serão
refeitos.
Perdas por evaporação = (evaporação mensal, em mm) x (área da bacia
hidráulica).
Ou,

Valor aproximado = (evaporação mensal) x (5% da área da bacia


hidrográfica)

Torna-se oportuno esclarecer que sempre trabalhamos a favor da segurança.


Tanto assim é que a superfície evaporativa, representada pelo espelho d’água só coincide
com a área da bacia hidráulica no caso de repleção do reservatório. Neste caso, o nível
d’água varia e conseqüentemente a área da bacia de acumulação.

Por outro lado as perdas por infiltração na bacia hidráulica e por vazamentos
ao longo da barragem são estimadas, para facilidade de cálculo, em função da área de
contribuição e de uma altura da ordem de 30 milímetros.

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8.5.5 – Água necessária para o consumo

O consumo de água adotado para o cálculo do reservatório refere-se


evidentemente a população limite do projeto.

Para pequenas comunidades, e simplificando os procedimentos de projeção de


população, considera-se que a população dobre a cada 20 anos.

Se dispusermos de dados referente a variação mensal de consumo, os


mesmos devem ser levados em consideração no cálculo analítico, pois conduzem a um
resultado mais preciso. Com respeito ao processo gráfico o consumo mensal é considerado
como constante.

Outros métodos podem ser adotados para determinação da vazão afluente da


bacia Hidrográfica, dentre estes podemos citar como o Método Gráfico de “Rippl” que utiliza
uma série histórica de valores das precipitações e avalia com maior rigor as perdas e déficits
ocorridos naquele período.

Ainda temos atualmente métodos bastante renovadores que contemplam


outras variáveis não consideradas nos métodos citados. Dentre os quais destacam-se o
Método da SUDENE-ORSTORM para dimensionamento de pequenos açudes e o método
“Tank Model” desenvolvido por professores e pesquisadores da Universidade Federal da
Paraíba – Campus II, atualmente Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.

8.6 – Altura da Barragem

Na planta da bacia hidráulica, obtida dos estudos topográficos, desenhada


com curvas de nível de metro em metro e já com a indicação do eixo da barragem,
determina-se as áreas correspondente a cada curva de nível até atingir com folga a possível
cota de sangria do vertedouro.

Com as áreas correspondentes a cada curva de nível monta-se uma planilha


de cotas e áreas para determinação da capacidade total de acumulação da bacia hidráulica,
Tabela 08.1, apresentada a seguir.

Num sistema de coordenadas marcam-se no eixo das ordenadas as distâncias


verticais de cada curva de nível, no eixo das abscissas inferior os valores dos volumes
constantes da tabela do mapa de cubação da bacia hidráulica, obtendo-se a curva C1. No
eixo das abscissas superior marcados da direita para esquerda, plotam-se as áreas da bacia
de acumulação, correspondentes aos volumes armazenados na tabela de cubação da bacia.

Conhecendo-se a capacidade “Cr” que deve ter o reservatório, obtido dos


estudos hidrológicos, retira-se da mesma 20% do seu valor, percentagem essa que vai
constituir a reserva intangível do reservatório, (porão do açude). Entretanto essa

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percentagem não deve representar uma altura inferior a uma altura de 3 metros da cota de
menor profundidade.

Esse volume intangível destina-se a proteção contra a poluição do açude


durante os períodos de estiagem, levados em consideração as perdas por infiltração e
evaporação. Tal reserva intangível evitará a poluição do lago, a criação de agentes
epidêmicos, tais como larvas, mosquitos, etc. Destina-se também à preservação das espécies
de peixes existentes no açude durante os períodos de grandes estiagens.

De posse da capacidade C’= porão do açude, entra-se no eixo das abscissas


inferior e determina-se a cota correspondente a altura H da barragem limitada inferiormente
pela curva de nível e superiormente pela cota da soleira do sangradouro.

A partir desse ponto prolonga-se uma linha paralela ao eixo das abscissas até
encontrar a curva cotas x área inundada da barragem para aquela cota considerada, ou seja,
definirá a área da bacia hidráulica, Figuras 8.4 e 8.5.

DIAGRAMA COTA x ÁREA x VOLUME


Soleira do Sangradouro - Cota 95,000
95 95

3 )
(m
Volume acumulado - 2.047.112 m 3

es
lum
Vo
Área inundada - 546.643 m2

) 2
90 (m 90
as
Áre

85 85

83 83
0 50 100 150 200 Volumes (x10 4 ) 250
0 100 200 300 400 500 Áreas (x10 3 ) 600

Figura 8.3 – Diagrama Cotas x Área x Volume (Apresentação opcional)

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DIAGRAMA COTA x ÁREA x VOLUME
Soleira do Sangradouro - Cota 95,000
95 95

as (m²)
Áre
Volu
mes
(m 3)

Área inundada - 546.643 m2


90 90

Volume acumulado - 2.047.112 m

85 85

83 83
0 250 Volumes (x10 4 ) 200 150 150 100 200 50 4

0 100 200 300 400 500 Áreas (x10 3 ) 600

Figura 8.4 – Diagrama Cotas x Área x Volume (Forma descrita)

A área abrangida pela curva de nível representa justamente a área da bacia


hidráulica.

Na hipótese de que algum trecho do contorno da bacia hidrográfica se


encontre em cota inferior a calculada para a soleira do sangradouro, evidentemente a altura
definida para a barragem não prevalecerá, pois redundaria no transbordamento da água
represada para uma outra bacia hidrográfica.

Algumas soluções seriam possíveis na hipótese acima, como a construção de


uma barragem auxiliar nesse ponto, a transferência do eixo da barragem principal para um
local mais a jusante, uma nova barragem de regularização complementar, um dique no
divisor de água, sendo a possibilidade mais indicada e tecnicamente correta a implantação
do sangradouro nesse ponto do divisor favorecendo a forma de sangria e minimizando
alguns componentes utilizados nos sangradouros convencionais como perfis vertedouros e
muros de proteção.

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Tabela 8.2 – Modelo de Cubação da Bacia Hidraúlica

Cotas Área Soma das Semi- Volume Parcial Volume


2 2 3
Inteiras Fracion. (m ) Áreas (m ) Distância (m ) Acumulado (m3)
480 0,31 0 0
481 0,00 2265 2265 0,34 781 781
482 0,00 7427 9692 0,50 4.846 5.627
483 0,00 24479 31906 0,50 15.953 21.580
484 0,00 93842 118321 0,50 59.161 80.741
485 0,00 177970 271812 0,50 135.906 216.647
486 0,00 254504 432474 0,50 216.237 432.884
487 0,00 344150 598654 0,50 299.327 732.211
488 0,00 457719 801869 0,50 400.935 1.133.145
489 0,00 601995 1059714 0,50 529.857 1.663.002

8.7 – Cálculo da Descarga Máxima de Enchente

As cheias máximas têm uma maior importância nos projetos de barragens,


tanto pelo que afeta a segurança das mesmas como pelas modificações prejudiciais que as
barragens podem introduzir no regime natural das cheias.

O fenômeno das cheias apresenta uma complexidade e depende de um


grande número de variáveis, cuja probabilidade de coincidência caracteriza o risco. Por isto
não é apenas recomendável, mas necessário, sempre que possível, o estudo do problema
por distintos métodos conhecidos: empíricos, diretos, estatísticos, correlação hidrológica, etc.

Em bacias hidrográficas entre 1.000 e 5.000 km2, sugere-se a aplicação de


várias metodologias, de forma a possibilitar eleger um valor intermediário compatível com a
realidade da região.

Para bacias hidrográficas de superfície superior a 500 km2, aconselha-se


utilizar a fórmula de Aguiar para o cálculo da vazão de cheia:

1150.S
Qs = ; (m3/s)
LC (120 + KLC )

Sendo,
Qs = vazão de cheia (m3/s)
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S = área da bacia hidrográfica, em Km2;
L = comprimento do riacho em Km;
K,C = coeficientes que dependem do tipo de bacia. (Tabela 8.3)
Considerando que esta fórmula deve ser aplicada apenas para bacias
hidrográficas com área superior a 500 Km2, uma vez que ela foi calibrada com dados de
bacias com áreas superiores a este valor, não deverá apresentar valores confiáveis para este
estudo cuja área da bacia é muito inferior.

Tabela 8.3 – Coeficientes Hidrométricos da Bacia.

BACIA HIDROGRÁFICA TIPO K C


Pequena, íngreme e rochosa. 1 0,10 0,85
Bem acidentada sem depressão evaporativa. 2 0,15 0,95
Média. 3 0,20 1,00
Ligeiramente acidentada. 4 0,30 1,05
Ligeiramente acidentada apresentando depressão evaporativa. 5 0,40 1,15
Quase plana, terreno argiloso. 6 0,65 1,30
Quase plana, terreno variável ou ordinário. 7 1,00 1,45
Quase plana, terreno arenoso. 8 2,50 1,60

Para pequenas bacias, principalmente as situadas na região do Nordeste


brasileiro pode-se utilizar a formula de Ryves para o cálculo da descarga máxima de projeto.

Q = C.A2/3 ; (m3/s)

Onde:
C – coeficiente que depende da natureza da bacia hidrográfica;
A – área de contribuição, em Km2.

O Método Racional pode ser utilizado para pequenas bacias com até 100
hectares ou 1 Km2. Admite-se para o cálculo da descarga de projeto, que a chuva cai
uniformemente distribuída em toda a bacia.

A descarga de pico é dada por:

C.I . A
Q= ; (m3/s)
36

Onde;
C – Coeficiente de “Runoff” ou de escoamento, já tabelado;
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I – Intensidade de chuva, em cm/h;
A – Área de contribuição, em hectares.

Para se determinar a intensidade da chuva no tempo de recorrência


estabelecido, é necessário conhecer a duração da chuva, que por sua vez pode ser
considerado igual ao tempo de concentração dado pela fórmula:

Tc = 3,27 (1,1 – C) . S-1/3 . L1/2 (min)

Onde;
C – Coeficiente de “Runoff”;
S – Declividade longitudinal, em %;
L – Extensão da linha de fundo, em m.

Tabela 8.4 – Coeficientes De “Runoff” para uso no Método Racional

COEFICIENTE DE “RUNOFF” PARA USO NO MÉTODO RACIONAL


ÁREAS RURAIS C* ÁREAS URBANAS C*
Revestimento de concreto Zona residencial mais ou
asfáltico. 0,8 - 0,9 menos plana com cerca de 0,40
30% de área impermeável
Revestimento de macadame Zona residencial mais ou
betuminoso 0,6 - 0,8 menos plana com cerca de 0,55
60% de área impermeável
Pistas e acostamento com Zona residencial
revestimento em terra 0,4 - 0,6 moderadamente íngreme com 0,65
cerca de 50% de área
impermeável
Solo sem revestimento Zona residencial
0,2 - 0,9 moderadamente íngreme com 0,80
cerca de 70% de área
impermeável
Áreas gramadas com Área comercial com cerca de
declividades até 2(H):1(V) 0,5 - 0,7 90% de área impermeável 0,90
Pradarias 0,1 - 0,4
Matas 0,1 - 0,3
Campos cultivados 0,2 - 0,4
(*) Para taludes suaves ou solo permeável, usar valores mais baixos. Para taludes íngremes ou solo
impermeável utilizar os valores mais altos.

Um método já bastante difundido para utilização em pequenos açudes e


adequado para aplicação no Semi-árido nordestino é a Metodologia da SUDENE/ORSTOM –
Manual do pequeno açude, por François Molle e Eric Cadier.

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O método da SUDENE-ORSTORM, foi desenvolvido por pesquisadores
daquelas instituições (Molle e Cadier, 1992), e teve como base uma grande base de dados
das bacias representativas do Nordeste do Brasil operada pela SUDENE. A utilização do
método consiste na aplicação das fórmulas abaixo.

Para área da bacia hidrográfica menor que 5 km2

Qx = 17.( A)
0.,80
.Fc

Para área da bacia hidrográfica maior que 5 km2

Qx = 25.( A)
0.58
.Fc
Onde:

A = área da bacia hidrográfica em km2;

Qx = vazão máxima admissível no sangradouro (vazão de pico do projeto), a


qual corresponde à vazão de pico excepcional que pode acontecer em média, a cada 100 ou
200 anos;
Fc = fator de correção que leva em consideração a forma da bacia, a forma
da rede de drenagem, o relevo, nível de degradação do solo e a região climática da bacia.

Algumas considerações suplementares acerca da metodologia da


SUDENE/ORSTORM devem ser pesquisadas, pois o método se aplica diretamente a
construção de pequenos açudes, caso do objetivo desse trabalho.

8.8 – Cálculo da Largura do Sangradouro

O dimensionamento do sangradouro consiste em definir sua largura (L), a


altura de sua lâmina máxima admissível (H) e a forma do vertedouro.

Para permitir a sangria das maiores cheias, o sangradouro deve, a princípio,


apresentar grande comprimento e grande altura, pois se a lâmina vertida for mais alta e
mais larga obviamente a vazão admissível será maior. Porém isto acarreta dois
inconvenientes:

1. Uma grande altura de lâmina vertida implica numa diferença de nível bem
maior entre a cota de sangria e do coroamento. Neste caso haverá uma
necessidade de construir uma barragem mais alta e mais onerosa.

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2. Um sangradouro também muito largo, por sua vez, não será sempre possível
devido as condições topográficas das ombreiras, provocando elevados cortes
e muros de proteção de maiores dimensões.

Logo, a escolha da melhor alternativa depende muito das características das


encostas, da extensão total da barragem e tipo de solo predominante, pois haverá
possibilidade de uso de explosivos para abertura do canal do sangradouro.

Dentre as bibliografias pesquisadas citamos duas expressões utilizadas para a


determinação da largura do sangradouro:

Para os sangradouros de soleira espessa, temos:

Qs
L =
mH (2 gH )1 / 2

Sendo:
L – Largura do vertedouro, em metros;
H – lâmina de sangria, em metros;
Qs – descarga máxima de enchente, em m3/s;
m – coeficiente igual a 0,385;
g – aceleração da gravidade, em m/s2.

Para os sangradouros de soleira delgada, temos:

Qs
L =
1,77 H H

Sendo:
L – Largura do vertedouro, em metros;
H – lâmina de sangria, em metros;
Qs – descarga máxima de enchente, em m3/s;

O método proposto pela SUDENE/ORSTORM para dimensionamento de


sangradouros de seção retangular é dado por:

Qs = C.L.(H)1,5

Onde,
L – Largura do vertedouro, em metros;
Qs = descarga máxima de enchente, em m3/s;
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H – lâmina de sangria, em metros;
C - coeficiente que depende do perfil longitudinal do sangradouro, variando de
1,4 a 1,95 conforme o tipo de perfil como segue:

• C = 1,95 para vertedouro de parede alta com perfil arredondado do


lado de jusante, tipo perfil CREAGER, para acompanhar o fluxo d’água.
Figura 8.5.
• C = 1,5, para vertedouro de soleira com arestas agudas e paredes
espessa em relação a sua altura. Figura 8.5.
• C = 1,4 para soleira espessa sem vertedouro, caso de sangradouro
com canal extravasor. Figura 8.5.

Figura 8.5 – Formas Variáveis de Soleiras e Canal Extravasor.

O canal extravasor deve permitir, no mínimo, o escoamento da vazão


admissível no sangradouro.

Deve-se dar atenção especial a parte inicial do canal, logo a jusante da


soleira, remover os obstáculos, pedras, troncos e outros elementos susceptíveis de bloquear
o fluxo natural das águas.

Nos canais extravasores faz-se necessário uma declividade mínima de acordo


com as expressões a seguir:

1,5
i% = 0 , 33
; Para um canal com fundo irregular;
(H )

0,15
i% = 0 , 33
; Para um canal revestido em concreto;
(H )

As variações do coeficiente (C) mostram, para todos os casos, a importância


da construção do perfil com forma arredondada.

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A princípio procura-se construir o vertedouro o mais largo possível, desde que
seu custo não seja muito alto. Uma vez definida a largura L, calcula-se a lâmina máxima H,
necessária para que a vazão admissível Qa seja igual a vazão de projeto Qs.

Reescrevendo a fórmula acima temos:

H = (Qs / C.L)0,67

8.9 – Cálculo da Folga

Folga, (revanche ou “freeboard”), é a distância medida na vertical, entre o


topo do aterro e o nível das águas no reservatório. Podem considerar-se dois tipos de folga:
a folga normal e a folga mínima.

A primeira refere-se ao nível de retenção normal das águas no reservatório,


enquanto que a segunda, ao nível máximo das águas, correspondente à máxima cheia
prevista para fins de projeto. A folga mínima, que corresponde a altura que a água alcança
no talude de montante da barragem, pelo efeito das ondas formadas no reservatório, foi
obtida com o emprego das fórmulas de Mallet e Pacquant.

Para o cálculo da folga desenvolveu-se uma formula empírica compilada de


expressões de Mallet e Pacquant, referentes a variáveis como velocidade e altura das ondas
e do ‘Fetch’ do espelho d’água.

h = 0,5 + 0,33 F1/2

Onde:

h = altura das ondas, em metros;


F = " Fetch" da barragem, em Km.

A velocidade da onda é dada pela expressão:

v = 1,5 + 0,66 h

Onde:

v = velocidade da onda, em m/s;


h = altura das ondas, em m.

A folga mínima é dada por:

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V2
f = 0,75h +
2g

Para um “Fetch”, que é o maior comprimento perpendicular ao talude de


montante até atingir a margem do lado, menor que 18 km, e compilando as expressões
acima com as fórmulas de Stevenson e Molitor, encontra-se a expressão para o cálculo da
folga a seguir:

f = 1,02 + 0,0232 F – 0,0362 (F)3/4 + 0,482 (F)1/2 -0,354 (F)1/4

Onde;
f = Folga mínima, em metros;
F = “Fetch” da barragem, em km.

8.9.1 – Indicações do “Bureau of Reclamation”

Para o projeto de pequenas barragens de terra, são indicadas as folgas


normais e mínimas a adotar, considerando uma proteção do paramento de montante em
enrocamento e baseadas, respectivamente, em velocidades de vento de 100 e 50 milhas por
hora.

Tabela 8.5 – Valores de Folgas Normal e Mínima


“Fetch” Folga Normal Folga Mínima
(milha) (m) (m)
<1 1,2 0,9
1 1,5 1,2
2,5 1,8 1,5
5 2,4 1,8
10 3,0 2,1

Quando o “Fetch” for menor que 2,5 milhas, em locais de clima


excessivamente frio ou excessivamente quente e seco, aumenta-se a folga, principalmente
se os solos usados em um núcleo impermeável forem do tipo CL ou CH (Classificação
Unificada dos Solos).

Para barragens com taludes muito lisos recomenda-se um aumento de 50%


nos valores tabelados da folga.

A revanche deverá existir em qualquer época após a construção da barragem.


No caso de haver recalque na crista da barragem deverá ser refeito o aterro até a cota
determinada em projeto.

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8.10 – Cálculo da Largura do Coroamento

A largura do coroamento depende de vários fatores:

• Natureza dos materiais compactados;


• Comprimento mínimo permissível de percolação através da barragem;
• Altura da obra;
• Facilidade de construção;
• Necessidade de passagem de rodovia sobre a barragem.

Visando facilitar a construção, a largura do coroamento não deve, em geral,


ser inferior a 3,00 metros.

8.10.1 – Fórmula de PREECE, KNAPPEN e do “Bureau of Reclamation”, na seqüência.

B= 1,1 H + 0,9

B= 1,65 H

B= 3,633 H − 1,50

Onde;
B – Largura do coroamento, em metros;
H – Altura da barragem, em metros.

O método da SUDENE estabelece uma expressão também em função da altura


da barragem dada por:

B = (H/5) + 3
Onde:
B – Largura do coroamento, em metros;
H – Altura da barragem, em metros.

8.11 – Proteção dos Taludes

8.11.1 - Talude Montante

O talude de montante das barragens de terra deve ser protegido contra a


erosão causada pela águas das chuvas e pela ação destrutiva das ondas na represa.
60

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Os tipos usuais de proteção do talude de montante são:

• Enrocamento lançado (“Rip-rap”);


• Enrocamento arrumado;
• Revestimento de concreto.

8.11.1.1 - “Rip-Rap”

É este o tipo mais empregado e mais resistente de proteção, ainda que


necessite de maiores volumes que o de enrocamento arrumado. Apresenta uma superfície
bastante rugosa para efeitos de dissipação da energia das ondas e adapta-se aos
assentamentos locais ou da fundação.

As pedras devem ser lançadas sobre uma camada de material que efetue a
transição granulométrica adequada para os solos do aterro, como se trata de um filtro, não
só atendendo a ação das ondas mais também a do esvaziamento do reservatório.

A forma das pedras deve ser tal que proporcione a maior dificuldade ao
movimento. Assim, são preferíveis as formas angulares às arredondadas.

8.11.1.2 – Espessura do “Rip-Rap” – “Bureal of Reclamation”

O “Bureal of Reclamation” indica, para os casos normais, uma espessura da


ordem de 1 metro. Para pequenas barragens faz depender do “Fetch” a espessura mínima
aceitável e a composição, de acordo com o quadro seguinte:

Tabela 8.6 – Composição do “Rip-Rap” de Acordo com “Fetch”


Fetch Espessura Composição: percentagem de pedras de vários pesos (kg)
(milha) (m) Dimensão máx. 25% > que 45% a 75% 25% < que
1 0,45 500 150 5-150 5
2,5 0,60 750 300 15-300 15
5 0,75 1250 500 25-500 25
10 0,90 2500 1000 50-1000 50
Obs.: A areia e o pó não devem ultrapassar 5%

8.11.1.3 – Filtro para o “Rip-rap”

O enrocamento não é colocado diretamente sobre o talude, mas sobre uma


camada drenante a fim de evitar o carreamento dos finos da barragem através dos vazios
entre as pedras. Citamos a seguir alguns critérios para o dimensionamento do filtro.

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a) A espessura da zona filtrante deve ser da ordem da metade do
enrocamento de proteção, sendo o mínimo de 15cm. Figura 08.6

b) A espessura da camada de filtro varia entre 20 a 30 cm.

c) A granulometria deve ser tal que se tenha: D85 > 2,5 cm.

d) Para ondas de altura superior a 1,50m devemos adotar D85 > 4,0 a 5,0 cm.

e) A graduação do filtro é estabelecida mais precisamente recorrendo a


estudos específicos sobre projetos de filtros e drenos.

8.11.2 – Talude Jusante

O Talude de jusante deve ser protegido contra a erosão provocada pelas


águas das chuvas.

Figura 8.6 – Enrocamento Lançado (Rip-rap)

Um tipo de proteção muito eficiente consiste na plantação de grama ou outra


vegetação rasteira. Para diminuir o percurso das águas sobre o talude deve-se projetar um
sistema de drenagem constituído basicamente de calhas de distribuição transversal ou

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diagonal, valetas de distribuição longitudinal e valetas trapezoidais de lançamento associadas
a caixas coletoras.

Nas regiões áridas onde é difícil o plantio e a conservação do revestimento


vegetal (grama), o melhor tipo de revestimento é constituído por um enrocamento, com
espessura da ordem de 30 cm.

8.11.3 – Proteção do Coroamento

É usual fazer um revestimento no coroamento da barragem para evitar a


formação de empoçamento, erosão devido às chuvas e aos ventos e a poeira produzida pelo
tráfego de veículos, quando sobre o mesmo passar uma estrada. Tal revestimento deverá
ser ancorado por banquetas premoldadas ou meios-fios graníticos, com caixas de saídas
d’água ao longo do coroamento. Figura 8.7.

Para que haja um escoamento transversal sobre o coroamento faz-se


necessário uma inclinação de 1 a 2% dependendo do tipo de revestimento utilizado.

Os revestimentos mais utilizados são camadas de materiais pedregulhosos


(piçarra), revestimento em pavimentação de paralelepípedo, placas de concreto de
espessura de 5 cm (calçada) e camada de brita ou cascalhinho, estes dois últimos quando
não há possibilidade de tráfego rodoviário sobre o coroamento.

Figura 8.7 - Proteção do Coroamento e Taludes

8.11.4 – Drenagem Superficial

O talude de jusante deve dispor de bermas, com diferenças de cotas da


ordem de 10 metros e com larguras variáveis de 1 a 6 metros. Essas bermas alem de
conferir maiores estabilidades ao talude, tem a finalidade de adequar o sistema de drenagem
superficial aceitando a chegada das calhas de descida, advinda desde as caixas coletoras do
coroamento da barragem, até as valetas dispostas ao longo da berma. Figuras 8.8 e 8.9.
63

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Figura 8.8 – Berma e Valeta Longitudinal

Figura 8.9 – Valeta de Proteção Lateral

8.12 – Filtros para drenos

8.12.1 – Generalidades

O projeto de um filtro deve ter como base fundamental a granulometria do


material a ser empregado. Esta granulometria deve ser tal que:

a) As partículas menores se acomodem nos vazios entre as partículas


maiores, de modo que o conjunto atue sempre como camada filtrante.
Quando isso ocorre, a água que surge a jusante se apresenta limpa e
isenta de material sólido.

b) O material mais fino seja retido pelo filtro evitando o carregamento de


partículas sólidas, e conseqüentemente, a formação de erosão regressiva.
(“PIPING”).
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8.12.2 – Dimensionamento dos materiais de filtros

Para um dimensionamento simplificado das características granulométricas


dos filtros, recomendam-se as seguintes normas:

a) D(15) do filtro / D(15) da base maior ou igual a 5. (O filtro não deve ter
mais de 5% de grãos passando na peneira No. 200 – diâmetro igual a
0,075mm);

b) D(15) do filtro / D(85) base menor ou igual a 5;

c) D(85) filtro / diâmetro dos furos no tubo de drenagem (ou da malha do


poço de alívio) maior ou igual a 2.

d) Estudos particulares quando utilizado manta geotextil.

09. EXECUÇÃO DE PEQUENAS BARRAGENS

9.1 - Processo de Garantia da Qualidade em Geotecnia1

A qualidade de uma obra geotécnica apesar de concentrar-se geralmente na


etapa de construção, não origina-se somente daí. Começa no planejamento, onde são
definidas as metas que serão alcançadas em relação a qualidade desejada. Em seguida vem
o projeto, onde são estabelecidos os requisitos de qualidade desejados, e finalmente, as
especificações que regulamenta as exigências para garantia da qualidade. O grau de
detalhamento exigido em cada uma das etapas do processo dependerá da vultuosidade e
importância da obra.

O controle da qualidade durante os processos construtivos, quase sempre


negligenciado é o principal responsável pelos desastres em obras de engenharia. Quando
adequadamente implantado com técnicas QC/QA2, assegura desempenho adequado do
empreendimento desde que obedecido as especificações técnicas estabelecidas em projeto.
É conduzido por especificações técnicas exigindo valores limites para as propriedades de
materiais e produtos obtidos, definindo as condições de aceitação dos serviços envolvendo,
geralmente, a geometria e a determinação de parâmetros de caracterização para o
elemento construído. As especificações particulares de cada obra devem ser obedecidas para
todas as camadas de modo a se garantir que o material usado esteja de acordo com os

1
geotecnia – ramo da engenharia que se ocupa da caracterização e do comportamento dos materiais e
terrenos da crosta terrestre para fins de engenharia; atentando para as peculiaridades dos solos com base no
entendimento dos mecanismos de comportamento.

2
QC/QA – Quality Control/Quality Assurance
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parâmetros e considerações de projeto. Neste sentido, merece destaque a qualificação do
pessoal envolvido com o processo construtivo.

O quadro de negligência não é de brinquedo. Retrata uma situação bastante


grave e é preciso mostrar, abrir os olhos da comunidade profissional sobre o desvio de
conduta que está se estabelecendo e se instalando de forma insidiosa, afastando-nos da boa
prática e com graves conseqüências, à imagem profissional da classe, que tanto se queixa de
desvalorização, sem contar o risco e a insegurança que se estabelecem com o não uso ou
uso inadequado das Normas e da tecnologia adequada.

Controle Tecnológico é o conjunto de ações determinadas no projeto, para


assegurar que a obra apresente conformidade com esse Projeto. Durante a execução,
possibilita verificar se está se atendendo às suas exigências, através da realização de uma
série de procedimentos definidos como de garantia da qualidade empregados não somente
para comprovar a qualidade da obra durante a execução, mas também, para garantir que
se manterá no uso, por toda a vida útil da obra.

Na verdade o controle de qualidade assegura que abordagem conceitual


escolhida pelo projetista para tratar o problema está sendo obedecida dentro de critérios de
confiabilidade convenientes. A cada técnica empregada deve contar com um controle de
qualidade associado ao conceito empregado. Quase sempre não convém utilizar conceitos
científicos de ponta quando não se pode assegurar sequer como determinar os parâmetros
envolvidos. Alem disso, um controle tecnológico de construção adequado reduz incertezas
quanto ao desempenho da obra.

Os ensaios de laboratório e de campo, constituem elementos muito


importantes desse processo integrado. Sem dúvida, nenhum outro ramo da engenharia civil
utiliza, na sua rotina de trabalho, as investigações em tão elevada proporção. Essa
necessidade emana da grande complexidade da constituição dos solos, de sua tremenda
variabilidade e do fato dos solos estarem totalmente fora do controle dos engenheiros, ao
contrário dos outros materiais de construção, produzidos industrialmente. Assim, somente
em cálculos preliminares ou anteprojetos, algumas informações podem ser estimadas,
usando-se dados de projetos análogos, referentes a condições semelhantes dos solos ou
correlações empíricas.

9.2 – COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

9.2.1 - INTRODUÇÃO
A utilização de solos como material de construção pressupõe a sua
densificação através de compactação. Entende-se por compactação de um solo o processo
manual ou mecânico que visa reduzir o volume de seus vazios através da expulsão de ar,
aumentando, assim, o seu peso específico e melhorando as suas propriedades como:
resistência, permeabilidade, compressibilidade e estabilidade.

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Na verdade, a compactação é um dos vários meios empregados para
estabilizar um solo. É o processo mais usado de estabilização de solos em obras do tipo
estradas, aeroportos e barragens de terra, por ser bastante simples e econômico em relação
aos outros. O objetivo principal da compactação é obter um solo, de tal maneira
estruturado, que possua e mantenha um comportamento mecânico adequado ao longo de
toda a vida útil da obra. A Tabela 9.1 apresenta os vários métodos empregados para
melhorar um solo:

Tabela 9.1 – Técnicas de Estabilização de Solo


MÉTODOS TIPOS
Confinamento (solos com atrito)
Pré-consolidação (solos finos argilosos)
Físicos
Mistura (solo + solo)
Vibroflotação
Sal
Cal
Químicos Cimento
Asfalto
etc.
Mecânicos Compactação

Muitas vezes, na prática da engenharia geotécnica, o solo de um determinado


local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser pouco resistente, muito
compressível ou apresentar características não apropriadas. Em tais circunstâncias, poderia
ser indicado, relocar a obra. Deve-se notar, contudo, que considerações outras que não
geotécnicas freqüentemente impõem a localização da estrutura e o engenheiro é forçado a
realizar o projeto com o solo que ele tem em mãos. Para resolver este problema, uma
possibilidade é adaptar a fundação da obra às condições geotécnicas do local. Uma outra
possibilidade é tentar melhorar as propriedades de engenharia do solo local. Dependendo
das circunstâncias, a segunda opção pode ser o melhor caminho a ser seguido.

A eficiência de qualquer processo de compactação depende de vários fatores


que para serem avaliados torna-se necessário dispor-se de procedimentos adequados que
reproduzam o processo de compactação de campo em laboratório. Portanto os processos de
compactação devem ser estudados tanto em campo (para obter normas de projeto) como
em laboratório, não esquecendo da importância que deve ser dada a investigação das
propriedades que é possível obter nos solos compactados.

Os fundamentos da compactação de solos são relativamente novos e vem


evoluindo muito através da tecnologia dos equipamentos de compactação no campo, através
de rolos compactadores pesados, com ações estáticas e dinâmicas. Foram desenvolvidos por
Ralph Proctor, que, na década de 30, postulou ser a compactação uma função de quatro
variáveis: a) Peso específico seco, b) Umidade, c) Energia de compactação e d) Tipo de solo
(solos grossos, solos finos, etc.).

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9.3 Curvas de Compactação

Quando se realiza a compactação de um solo, em laboratório, sob diferentes


condições de umidade e para uma determinada energia de compactação, a curva de
γS
variação dos pesos específicos secos , em função da umidade (h), tem o aspecto indicado
na Figura 9.1.

Figura 9.1 – Curva de Compactação

γ
Esta curva nos mostra que há um determinado ponto para qual S é máximo.
O teor de umidade correspondente a este ponto de peso específico aparente máximo é
h
denominada umidade ótima - ot . Para cada solo, sob uma dada energia de compactação,

existem, então, um
h ot e um γ S. max . Esse comportamento pode ser explicado
considerando-se que à medida em que cresce o teor de umidade o solo torna-se mais
γ
trabalhável, resultando em S maiores e teores de ar menores. Observa-se que, com o
aumento de umidade até determinado ponto, o solo aumenta de densidade para depois
h γ
diminuir. Neste ponto o solo está na umidade ótima ( ot ) e densidade máxima ( S. max ) –
Figura 9.2. Como, porém, não é possível expulsar todo o ar existente nos vazios do solo, a
curva de compactação não poderá nunca alcançar a curva de saturação (curva de
Var = 0 ),
γ S. max
justificando-se, assim, o ramo decrescente a partir de .

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Figura 9.2 – Variação da Densidade com o Teor de Umidade

A equação da curva de saturação pode ser estabelecida sabendo-se que:

1+ h
γ=δ γa (1)
1+ e

Estando o solo saturado (S=1) tem-se

e = h.δ (2)
donde:

1+ h
γ=δ .γ a (3)
1 + h.δ

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γS
ou, em termos de :

δ
γS = .γ a (4)
1 + h.δ

γ S (1 + h.δ ) = δ.γ a (5)

δγ a
1 + h.δ = (6)
γs

δ.γ a
h.δ = −1 (7)
γS

γ 1
h= a − (8)
γS δ

γ
Esta equação - para δ e a constantes - representa uma hipérbole eqüilátera,
que é justamente a curva de saturação, limitando, pois, uma zona onde se situam todas as
curvas de compactação. Assim, o teor de umidade necessário para saturar um solo é dado
por:

γ 1
h (% ) =  a − .100 (9)
γ 
 S δ

9.4 – Ensaios de Compactação

Originalmente proposto por Proctor, em 1933, o ensaio de compactação hoje


em dia é conhecido como ensaio Proctor Normal (ou AASHO Standard), consistindo em se
compactar uma amostra dentro de um recipiente cilíndrico, com aproximadamente 1.000
cm3, em 3 camadas sucessivas, sob a ação de 25 golpes de um soquete pesando 2,5 kg,
caindo de 30,5 cm de altura. O ensaio é repetido para diferentes teores de umidade,
determinando-se, para cada um deles, o peso específico aparente. Com os valores obtidos,

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γS
traça-se a curva x teor de umidade (h), obtendo-se, como já visto, o ponto
h γ
correspondente a ot e S. max . Para o traçado da curva é conveniente a determinação de,
pelo menos, cinco pontos, de forma a que dois deles se encontrem no ramo ascendente
(zona seca), um próximo à umidade ótima e os outros dois no ramo descendente da curva
(zona úmida).

Figura 9.3 – Cilindro e Soquete – Proctor Normal

A energia de compactação desse ensaio é de aproximadamente 5,7 kg


cm/cm3, calculada pela expressão:

P.h.N.n
E= (10)
V

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onde:
E = energia específica de compactação, por unidade de volume
P = peso do soquete (kg)
h = altura de queda do soquete (cm)
N = número de golpes por camada
n = número de camadas
V = volume do solo compactado (cm3)

Atualmente, tendo em vista o maior peso e eficiência dos equipamentos de


compactação, tornou-se necessário alterar as condições do ensaio para manter a
indispensável correlação com o esforço de compactação obtido no campo. Surgiram, assim,
o ensaio intermediário e o modificado de Proctor (ou AASHO intermediário e modificado),
com energias de compactação de 12,8 e 27,1 kg.cm/cm3, respectivamente. No Brasil existem
3 níveis de compactação padronizados: Normal, Intermediário e Modificado, caracterizados
em função do número de golpes do soquete.

Na prática rodoviária é comum utilizar-se, nos ensaios de compactação, o


mesmo molde metálico e o soquete utilizados no ensaio CBR (Índice de Suporte Califórnia),
modificando-se o número de golpes e o número de camadas para a obtenção das mesmas
energias previstas no ensaio Proctor. A comparação entre esses ensaios está mostrada na
Tabela 09.2.

Evidentemente, aumentando-se a energia de compactação obter-se-ão valores


h ot e γ S. max . Como se verifica pela Figura 9.2, ao crescer o esforço de
diferentes para
γ h
compactação o S. max aumenta e ot decresce ligeiramente.

Esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de que quanto maior for o
esforço de compactação tanto mais próximos uns dos outros se poderá forçar os grãos dos
solos a ficarem. Porém, com pequenas umidades aparecerá um atrito grão-a-grão que
dificultará o esforço de compactação, impedindo o seu entrosamento completo, de forma a
atingir grandes densidades. É o que acontece no ramo esquerdo das curvas de compactação.

Quando a umidade do solo for muito grande, esse estará quase saturado e os
grãos como que ‘boiando” em água, não oferecendo resistência à compactação, porém, as
densidades serão tanto mais baixas quanto maiores forem os teores de umidade, pois os
filmes de água em torno dos grãos crescerão de espessura à medida que as umidades
crescem. É o que acontece no ramo direito das curvas. No ponto correspondente à umidade
ótima a espessura do filme de água é próxima à estritamente necessária para saturar os
vazios correspondentes à máxima densidade possível de ser obtida com o esforço de
compactação empregado.
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Tabela 9.2 – Comparação entre Ensaios de Compactação Dinâmicos – Por Impacto

MOLDE Altura Golpes


N° de Energia
TIPO Soquete de por ca- Observação
φ H Camadas Kgf.cm/cm3
Queda madas

Proctor cilindro
Normal pequeno
4pol. 4,6pol 2,5kg 12pol. 3 25 6,00
(cilindro e soquete
pequeno) pequeno

Proctor cilindro
Interm. pequeno e
4pol. 4,6pol 4,5kg 18pol. 3 25 13,00
(cilindro soquete
pequeno) grande

Proctor cilindro
modificado pequeno e
4pol. 4,6pol 4,5kg 18pol. 5 25 27,30
(cilindro soquete
pequeno) grande

cilindro e
AASHTO soquete
normal grandes;
6pol. 7pol. 4,5kg 18pol. 5 12 6,00
(cilindro disco
CBR) espaçador
de 2,5pol.
cilindro e
AASHTO soquete
Interm. grandes;
6pol. 7pol. 4,5kg 18pol. 5 26 13,00
(cilindro disco
CBR) espaçador
de 2,5pol.
cilindro e
AASHTO soquete
modificado grandes;
6pol. 7pol. 4,5kg 18pol. 5 55 27,40
(cilindro disco
CBR) espaçador
de 2,5pol.

OBSERVAÇÃO: 1pol. = 2,54mm; 1lb = 0,4545kgf

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Figura 9.4 – Influencia da Energia de Compactação em γs,max e hot

9.5 – Fatores que Influem no Processo de Compactação de Solos

i. Natureza do solo;

ii. Método de compactação;

iii. Energia específica;

iv. Teor de umidade;

v. Maneira pela qual se varia a umidade durante o processo de compactação.

A curva obtida quando a partir do solo seco vai se adicionando água é


diferente da obtida a partir do solo úmido que vai secando a medida que o ensaio
prossegue. As pesquisas indicam que no primeiro caso se obtém pesos específicos secos
maiores para um mesmo solo com o mesmo teor de umidade. Nos laboratórios é usual se
proceder ao ensaio a partir do solo seco e vai se incorporando água deixando passar tempo
suficiente para a incorporação (24 horas ou mais) para permitir a distribuição uniforme da
água. O solo após homogeneizado deve ser colocado em dois sacos plásticos selados, após o
que amassa-se o solo com os dedos e acondiciona-se em ambiente com umidade relativa de
75% por 12 a 24 horas.

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vi. Tempo de cura – tem-se verificado que amostras de argila compactadas a
graus de saturação grandes, por métodos que induzem tensões cisalhantes consideráveis, e
resistência ao cisalhamento, se comparadas a amostras que não ficaram em repouso antes
de aplicadas as cargas. Este fenômeno é conhecido por tixotropia, e atribui-se a uma
variação progressiva do arranjo das partículas de uma estrutura dispersa a outra mais
floculada, sem variação da composição do solo. Hipóteses têm sido apresentadas para
explicar a causa do comportamento tixotrópico, uma delas é de que a energia interna e as
condições de tensão (poro pressão) um solo tixotrópico, imediatamente após o amolgamento
ou compactação, não são as de equilíbrio, devido as tensões residuais provenientes do
processo de compactação).

Tixotropia é o fenômeno da recuperação da resistência coesiva do solo,


perdida pelo efeito do amolgamento, quando este é colocado em repouso. Quando se
interfere na estrutura original de uma argila, ocorre um desequilíbrio das forças inter-
partículas. Deixando-se este solo em repouso, aos poucos vai-se recompondo parte daquelas
ligações anteriormente presentes entre as suas partículas.

Os fatores que influenciam o comportamento tixotrópico de argilas


compactadas são: estrutura inicial de solo e método de compactação. Quando o período de
cura aumenta a deformação total diminui devido ao ganho de resistência tixotrópica.

vii. O teor de umidade natural do solo – para compactação em laboratório o


teor de umidade natural possui influência marcante quanto esta é menor que a ótima,
principalmente quando se compacta logo após adição de água, pois conforme comentado no
item v, no solo originalmente seco a água adicionada produzira maior diferença de umidade
entre as partes externa e interna dos grupos com tendência a penetrar para o interior dos
grãos após algum tempo. Portanto logo que se adiciona água a pressão entre os grupos é
menor (devido a pressão neutra) e portanto menor a ligação entre os grumos fazendo com
que o processo de compactação seja mais eficiente por isso se espera que γs sejam maiores
quanto menor for o teor de umidade natural do solo. É importante também destacar que o
processo de ensaio partindo-se do lado úmido, à medida que o solo vai secando desenvolve-
se pressões capilares fazendo com que a ligação entre os grumos sejam mais fortes.
Tornando o processo de compactação menos eficiente. Portanto um mesmo teor de umidade
tem-se duas diferentes condições nos grumos. É importante também uma boa
homogeneização da umidade, recomenda-se deixar as amostras umedecidas dentro de sacos
plásticos, em câmara úmida por no mínimo 12 horas antes de executar o ensaio, para que a
água se distribua igualmente em todo solo. A câmara úmida deve estar a uma umidade
relativa de 75%.

viii. Recompactação – é prática comum usar a mesma amostra do solo para a


obtenção dos pontos da cura de compactação. Isto implica na recompactação contínua do
mesmo solo. A experiência tem demonstrado que este procedimento é inadequado porque
se obtém valores maiores do que os obtidos com amostras virgens devido as deformações
volumétricas plásticas causadas pelas sucessivas compactações. A preparação da amostra
para o ensaio de compactação deve ser feita visando-se sempre material “virgem”, ou seja,
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que ainda não sofreu compactação, e a homogeneização da umidade deve ser feita de
melhor forma possível, pois tanto o reaproveitamento de amostra quanto a não
homogeneidade da umidade são causas de erros no ensaio.

ix. Temperatura

x. Outras
i. Número e espessura da camada
ii. Número de golpes

9.6 - Métodos de Compactação

Pesquisas realizadas em solos coesivos mostram a influência dos diferentes


métodos de compactação nas propriedades dos solos devido ao arranjo das partículas e o
desenvolvimento da poro-pressão. A variação do arranjo das partículas para as diversas
umidades e pesos específicos aparentes secos da curva de compactação, tende a produzir
uma estrutura dispersa no ramo úmido, ou seja com o aumento da umidade há um
acréscimo progressivo da orientação das partículas (aumento do grau de dispersão). Para
amostras compactadas no ramo úmido da curva de compactação haverá um maior
desenvolvimento de poro-pressão devido ao aumento do grau de dispersão. Assim como
existem vários métodos de compactação em campo também devem contemplar vários
métodos para laboratório.
A partir de 1933 foram surgindo técnicas de compactação de laboratório.

• Dinâmica (por impacto);


• Estática;
• Por pisoteamento / amassamento.

Cada método de compactação produz um efeito final diferente expressa em


termos de γsmax. e hot diferentes. As deformações induzidas durante a compactação são os
principais responsáveis pela influência do método de compactação nas propriedades do solo.
Nas amostras compactadas no ramo seco todos os métodos de compactação produzem
deformações cisalhantes de pouca monta e, conseqüentemente estrutura floculada. No ramo
úmido, porém o método de compactação por amassamento (“Kneading“) causa maiores
deformações cisalhantes (maior grau de dispersão) e maiores poro-pressões, no outro
extremo situa-se a compactação estática. Nesta as deformações cisalhantes são em pequena
magnitude obtendo-se uma estrutura bem menos dispersa que a anterior. A compactação
dinâmica provoca deformações cisalhantes intermediárias entre os outros dois processos
acima citados e finalmente a compactação por vibração, apesar de não induzir deformações
cisalhantes na massa de solo, provoca uma concentração de partículas quando uma
estrutura também com tendência à dispersão.

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Cada método se aplica melhor a um certo tipo de material, por exemplo, um
material granular tipo uniforme ou brita graduada só será compactada por vibração,
enquanto um material argiloso acertará bem uma compactação estática de amassamento.

Quanto a resistência e rigidez, duas amostras preparadas com mesma


umidade e densidade, mas submetidas a processos diferentes de compactação apresentam
resistências variáveis, ou seja: aquela que tende a estrutura floculada é consideravelmente
mais resistente e seja que a outra com tendência a dispersão. Estes estudos referem-se a
aspectos de compactação em laboratório, entretanto a compactação de campo ainda carece
de informações adicionais.

Sabe-se, por exemplo, que a camada superior dos solos tropicais de origem
residual apresenta-se normalmente em baixas umidades na jazida e que sua compactação
em campo é em geral, procedidos com umidades abaixo da ótima, desta forma se os
resultados discutidos acima forem válidos também para os métodos de compactação de
campo, a estrutura gerada deveria tender ao tipo floculada. Já no caso de solos saprolíticos,
que normalmente são compactados acima de ótima, o desenvolvimento da influência dos
diferentes métodos de compactação é ainda maior, que devido à sua maior complexidade
estrutural, quer pela sua mais recente utilização.

9.7 – Fontes de Erros no Ensaio

Alguns fatores podem provocar erros na obtenção da curva de compactação


em laboratório como, por exemplo:

• destorroamento incompleto do solo durante a preparação da amostra;


• homogeneização deficiente da amostra após adição da água (absorção
incompleta e desuniforme da água pelo solo);
• reutilização do solo. Alguns solos são afetados pela recompactação,
principalmente alguns solos argilosos ou solos com concreções ferrujinosas
lateríticas, que apresentam aumento do peso específico seco máximo e
diminuição do teor de umidade ótima;
• número insuficiente de pontos para definição adequada da curva de
compactação;
• base inadequada para apoio do molde durante a compactação;
• determinação incorreta do volume interno do molde;
• fatores humanos durante a compactação: distribuição desuniforme dos golpes
sobre a superfície da camada, não verticalização do soquete, variações na

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elevação do soquete, velocidade de aplicação dos golpes, não liberação total do
soquete durante a queda;
• variação excessiva na espessura de cada camada;
• determinação do teor de umidade através de amostra não representativa; e
• calibração incorreta do soquete.

9.8 - Controle da Compactação no Campo

Para que se possa efetuar um bom controle da compactação do solo em


campo, deve-se atentar para os seguintes aspectos:

• tipo de solo
• espessura da camada
• entrosamento entre as camadas
• número de passadas
• tipo de equipamento
• umidade do solo
• grau de compactação alcançado.

Alguns cuidados devem ser tomados:

1) a espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a


espessura da camada compactada deverá ser menor que 20cm;

2) deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo


possível da umidade ótima;

3) deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se


refere à umidade quanto ao material.

Na prática, o procedimento usual de controle da compactação é o seguinte:

• coletam-se amostras de solo da área de empréstimo e efetua-se em


laboratório o ensaio de compactação. Obtêm-se a curva de compactação e
daí os valores de peso específico seco máximo e o teor de umidade ótimo
do solo;
• no campo, à proporção em que o aterro for sendo executado, deve-se
verificar, para cada camada compactada, qual o teor de umidade
empregado e compará-lo com a umidade ótima determinada em

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laboratório. Este valor deve atender a seguinte especificação: wcampo -
2% < wot < wcampo + 2%;
• determina-se também o peso específico seco do solo no campo,
comparando-o com o obtido no laboratório. Define-se então o grau de
compactação do solo, dado pela razão entre os pesos específicos secos de
campo e de laboratório (GC = gd campo / gdmax.)x100. Deve-se obter
sempre valores de grau de compactação superiores a 95%.

O controle da compactação de solos, no campo, pode ser feito através de dois


procedimentos:

• controle do teor de umidade, antes do inicio da compactação, de forma que o


solo seja compactado na umidade ótima, com uma tolerância máxima
especificada. Para esse controle, o método mais utilizado é do speedy pela sua
simplicidade e acurácia; e

• controle do peso específico aparente seco, após a compactação, através do


Grau de Compactação ( G C ) definido como a relação entre o peso específico
obtido no campo e o peso específico máximo seco obtido em laboratório:

γ (campo)
GC = S x100
γ S,max (lab)
(11)

Não sendo atingido o valor mínimo do grau de compactação especificado,


caberá a decisão de se prosseguir na compactação ou de se revolver o material e de
recompactá-lo. O processo mais utilizado para a determinação do peso específico aparente in
situ é o do frasco de areia, mostrado na Figura 9.5. Neste método utiliza-se uma areia de
peso específico aparente conhecido, determinando-se o volume do orifício escavado pela
diferença de peso antes e após a abertura o registro do frasco.

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Figura 9.5 – Ensaio do Frasco de Areia

No caso da compactação de aterros é comum utilizar-se o método da família


de curvas de compactação. Segundo esse método, para cada tipo de solo de uma
determinada ocorrência calculam-se curvas de compactação médias para uma determinada
γ
energia, grupando-se as de mesmo S. max , e calculando-se a média dos teores de umidade.
Com isso obtém-se as curvas exemplificadas na Figura 9.6.

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Figura 9.6 – Família de Curvas de Compactação

9.9 - Equipamentos para Compactação em Campo

9.9.1 – Introdução

A energia que se requer para compactar os solos no campo pode ser aplicada
mediante qualquer das quatro formas que segue, as quais se diferenciam pela natureza dos
esforços e pela duração dos mesmos.

Nos métodos de compactação de campo estão incluídos:

• Por amassamento;
• Por pressão;
• Por impacto;
• Por vibração;

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9.9.2 –Compactação por Amassamento. Rolo Pata-de-cabra ou Pé-de-carneiro.

Estes compactadores concentram seu peso sobre uma pequena superfície de


todo um conjunto de pontas de formas variadas exercendo pressões estáticas maiores nos
pontos em que as mencionadas protuberâncias penetram no solo. Conforme vão dando
passadas e o material se compactando, as pontas se aprofundam cada vez menos no solo, e
chega um momento em que já não se produz nenhuma compactação adicional.

A pressão que exerce o rolo pé-de-carneiro ao passar com suas pontas sobre
o solo não é continua, as pontas penetram exercendo pressões crescentes, as quais levam a
um máximo no instante em que a ponta está vertical e em sua máxima penetração, a partir
deste momento a pressão diminui vista que a ponta sai. Afinal, a ação do rolo é de tal forma
que faz progredir a compactação da camada do solo de baixo para cima, nas primeiras
passadas as pontas e uma parte do tambor penetram no solo, o que permite que a maior se
exerça no leito inferior da camada à compactar. Para que isto ocorra a espessura da camada
não deve ser muito maior que a altura da ponta.

Os rolos mais usados têm pontas de 20 a 25 cm de altura e se utiliza para


compactar camadas de solo solto de aproximadamente 30 % de espessura.

Em geral, se considera adequado a operação quando a ponta penetra 20 a 50


% de sua altura, o que depende da plasticidade do solo.

Com relação as passadas, podemos dizer que a porcentagem de cobrimento


que proporcionam os rolos pé-de-carneiro (das aplicações sucessivas pelo mesmo ponto) se
enquadra geralmente entre 4 a 12 %, bastante menor com relação aos outros equipamentos
de compactação. Caso se aumente o número de pontas, aumenta a porcentagem de
cobrimento, mas diminui a pressão de contato pois o número de pontas dos equipamentos
comerciais estabelece um fator de peso conveniente. Não se deve esquecer no entanto, a
necessidade de uma separação mínima das pontas, que permita conservar sempre limpo o
rolo, vista que influencia diretamente o rendimento do equipamento de compactação.

O rendimentos dos rolos pé-de-carneiro está relacionado notavelmente na


forma em que se opera o equipamento, por exemplo se as pontas penetram nos mesmos
buracos durante várias passadas sucessivas, o rendimento do equipamento se reduz. Para
evitar que isto ocorra, o operador deve procurar fazer uma ligeira variação no percurso do
rolo.

Para um equipamento de características determinadas, o máximo rendimento


possível da operação pode ser calculado aplicando a seguinte expressão:

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a⋅h⋅v
E=
10 ⋅ n
onde,

E - rendimento do compactador, em m3/h;


A - largura do rolo, em cm;
H - espessura da camada, em cm;
V - velocidade do compactador, em Km/h;
N - número de passadas do equipamento pelo mesmo ponto.

Figura 9.7 - Rolo Pé-de-Carneiro

9.9.3 - Compactação por Pressão. Rolos Lisos e Pneumáticos.

Estes se dividem em dois grupos: rebocados e autopropulsados. Os primeiros


constam geralmente de tambores montados em um marco, seu peso varia de 14 a 20
toneladas e podem ainda levar no lastro um depósito sobre o marco com água ou areia
úmida. Os autopropulsados constam de uma roda dianteira e duas traseiras, fabricam-se
com pesos de 3 a 13 toneladas. Os rolos lisos tem seu campo de aplicação circunscrito a
materiais que não requerem concentrações elevadas de pressão, geralmente são
empregados em areias e cascalhos.

O efeito da compactação dos rolos lisos se reduz consideravelmente a medida


que se aprofunda a camada compactada, e o mesmo se produz de cima para baixo, ao

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contrário do rolo pé-de-carneiro. O rendimento (E) deste rolo é expresso pela fórmula
anteriormente citada.

O tipo comum de rolo pneumático constituído de uma plataforma ou caixa


montada sobre dois eixos, um dianteiro, outro traseiro, onde estão os aros em que são
montados os pneus, em número de 4 na frente e 5 atrás. Existem rolos cujas rodas traseiras
vibram, por se encontrarem montadas no eixo com um ligeiro ângulo, constituindo o rolo de
rodas excêntricas. Esta vibração provoca o amassamento do solo, o que vem contribuir para
melhorar a compactação.

Os rolos pneumáticos podem ser rebocados ou então autopropulsores. A


pressão de enchimento dos pneus pode ser controlada, nos rolos autopropulsores modernos,
por um dispositivo de controle automático de pressão, que permite variar a pressão com o
rolo trabalhando.

A produção média de um rolo de pneumático é da ordem de 250 m3/h, de


material compactado.

De um modo geral, empregam-se esses rolos para compactar solos arenosos


ou coesivos ou com pouca coesão. Sua velocidade de operação varia de 5 a 8 km/h.
Velocidades exageradas de rolagem causam problemas, pois impedem a ação de
esmagamento necessária a boa compactação, além de desenvolver pressões neutras
prejudiciais. Experiências têm demonstrado que velocidades de 16 km/h ou mais, exigem o
dobro de passadas para se obter a mesma densidade que se conseguiria a 8 km/h, ou
menos.

A principal característica deste tipo de rolo é a pressão de enchimento dos


pneus e a área de contato entre o pneu e a superfície a compactar. O efeito da pressão de
enchimento do pneu e a carga por roda podem ser resumidas como se segue:

• A área de contato e a pressão de contato são funções da carga por


roda e da pressão de enchimento do pneu. Ambas afetam o estado da
compactação;

• Um aumento da carga por roda ou da pressão de enchimento dos


pneus produz um aumento de densidade máxima de rolagem, com um
correspondente decréscimo de umidade ótima;

• Para qualquer profundidade, um aumento de carga por roda ou da


pressão de enchimento do pneu, produz um aumento na densidade.
Observa-se, no entanto, que aumentando-se a pressão do pneu sem
aumentar-se a carga por roda proporcionalmente, existe tendência a
se produzirem grandes compactações na superfície;

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O efeito pronunciado da pressão de enchimento do pneu indica a necessidade
de emprego de um equipamento automático de controle de pressão do pneu com o rolo em
movimento. É o que se chama "Controle Automático de Pressão", que permite o aumento ou
diminuição da pressão de acordo com o solo compactado. Assim, os solos de pouca
resistência exigem pressões de contato mais baixas no início da compactação, o que se
consegue aumentando-se a área de contato, obtida pela diminuição de pressão de
enchimento; a medida que o solo vai ganhando resistência, vai-se aumentando a pressão de
enchimento do pneu, diminuindo-se, portanto, a área de contato e aumentando-se a pressão
de contato; aumento indiscriminado da pressão do pneu não terá muito significado, desde
que não venha acompanhado do tamanho do pneu e da carga por roda.

Figura 9.8 - Rolo de Pneus (Pneumáticos)

9.9.4 - Compactação por Impacto. Sapo Mecânico.

Emprega-se uma espécie de bate-estaca do tipo de combustão ou do tipo


pneumático. Usam-se também martelos automáticos que pesam cerca de 100 kgf com
rendimento reduzido. Hoje emprega-se o que se chama de Sapo Mecânico, que consta de
um cilindro que, por ação de um motor de explosão, salta sobre a camada a compactar,
caindo de uma certa altura e sendo dirigido por um homem. Recomenda-se este tipo de
compactação para solos secos e soltos, de graduação graúda com pigmentos de rocha. É
mais empregado nas compactações de pequenas áreas, encontro de pontes, locais perto de
meio-fio, etc.

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Figura 9.9 – Compactadores por Impacto – Sapo Mecânico

9.9.5 - Compactação por Vibração. Rolos Vibratórios.

Os rolos vibratórios são indicados para compactar solos granulares graúdos ou


finos, podendo ter ou não alguma porcentagem de elementos coesivos. Para compactação
com esses tipos de rolo recomenda-se um teor de umidade ligeiramente superior ao ótimo
obtido no laboratório. A velocidade de operação recomendada é entre 1,6 a 2,5 km/h.

O fenômeno de vibração é complexo. Deixando-se, por exemplo, cair um


objeto pesado de forma brusca e dando golpes na superfície do terreno, a terra absorve a
energia desenvolvida, na queda, por compressão do solo, e uma parte desta compressão
permanece em forma de depressão permanente, devido a compactação ou deslocamento do
solo, ou ambos. Uma outra parte da compressão retorna a sua posição inicial, por ser uma
deformação elástica.

Com isto, a terra empurra o objeto para cima, numa pequena distância, e
assim inicia-se um movimento oscilante que é chamado vibração. Por não haver qualquer
peça de sustentação, a vibração cessa rapidamente, devido a ação amortecedora do solo.

Na compactação vibratória, a força de sustentação é um oscilador ou vibrador


que fornece a força dinâmica de sustentação, fazendo com que as camadas debaixo do solo
respondam movendo-se com o vibrador.

O conjunto solo-vibrador, quando vibra livremente tem a tendência de vibrar


com uma certa freqüência, conhecida como freqüência natural. Quando as freqüências
produzidas pelas forças de vibração do rolo aproximadamente coincidem com a freqüência

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natural, o conjunto solo-vibrador vibra com a máxima intensidade, chamando-se a esta
freqüência de ressonância.

O rendimento máximo de um rolo vibratório é obtido quando:

a) A força estática ou peso morto produza uma pressão adequada para o tipo de solo
que está sendo compactado;

b) A freqüência da força dinâmica seja tal que a massa do solo e o vibrador estejam
em ressonância;

c) A força dinâmica seja aproximadamente igual a força estática do vibrador;

d) O teor de umidade esteja ligeiramente acima do ótimo.

Neste tipo de compactação, recomenda-se adicionar a água ao solo de uma


só vez, antes do início da compactação.

Figura 9.10 – Rolo Liso Vibratório

9.9.6 – Influencia do Número de Passadas do Rolo

Com o progresso da compactação em campo, o número de passadas do rolo


vai perdendo a sua eficiência na compactação do solo. Deste modo, a compactação dos
solos em campo é definida para um determinado número de passadas, normalmente inferior
a 10. Este número dependerá do tipo de solo a ser compactado, do tipo de equipamento
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disponível, e das condições particulares de cada caso. No caso de grandes obras, empregam-
se geralmente aterros experimentais para se determinar o número ótimo de passadas do
rolo.

Em geral, 8 a 12 passadas do rolo em uma camada de solo a ser compactada


é suficiente. Caso com 15 passadas não se atinja o valor do peso específico seco
determinado, é recomendável que se modifiquem as condições antes fixadas para a
compactação.

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10. BARRAGENS SUBTERRÂNEAS

10.1 - Introdução

O desenvolvimento das atividades agropecuária no Nordeste brasileiro é


extremamente condicionado pela má distribuição das precipitações ao longo do ano,
principalmente na zona semi-árida que constitui grande parte da região.

Normalmente, nessa região, as chuvas ocorrem durante um período de, no


máximo, três meses, seguindo-se período de elevado índice de solaridade que faz com que
tenha, em média, evaporações de 2.000 mm por ano. Assim, as obras de retenção da água
de pequeno porte não asseguram ao agricultor a manutenção da água necessária para as
suas atividades, pois antes do novo período de chuvas os açudes secam completamente.
Isto tem como conseqüência o elevado êxodo dos agricultores para as zonas urbanas, que
concorreu de forma decisiva para o grave problema social que o país atravessa.

Deve-se observar também que a grande maioria (aproximadamente 70%) das


propriedades rurais no Nordeste são constituídas de pequenas áreas, com cerca de 100 ha,
impossibilitando a construção de grandes barragens. (SANGUINETTI&CADIER,1982).

É necessário, portanto, que se forneça ao agricultor, tecnologia desenvolvida


para as pequenas propriedades existentes garantindo-lhe, assim, condições para que possa
desenvolver suas atividades agropecuárias de modo a permitir que tenha uma vida digna
dentro da sua comunidade.

Considerando que a forma tradicional de armazenamento de água, através de


barragens de superfície, não é indicada no caso dos pequenos agricultores pela extensão de
terras que ocupa, outras formas de retenção são utilizadas procurando preservar o maior
volume possível de água que permita sua utilização, com segurança, ao longo do ano,
mesmo nos períodos ditos de "seca". Dentre estas técnicas, a de barragens subterrâneas
vem sendo utilizada há mais de 100 anos com sucesso assegurado, podendo se constituir em
grande fonte de abastecimento d'água para o desenvolvimento de atividades
economicamente compensatória, conforme se depreende da bibliografia existente.
(OLIVEIRA; 1935; TIGRE; 1949; MAlA;1956; PEREIRA,1959).

A técnica de barragens subterrâneas consiste no barramento do fluxo d'água


subterrâneo, através de um septo impermeável, criando no aluvião um aqüífero que estará
protegido da elevada evaporação da região semi-árida, podendo ser utilizado para as
diversas necessidades que se imponham.

Este trabalho objetiva comentar a técnica de projeto, construção e manejo


das barragens subterrâneas, considerando os trabalhos técnicos publicados sobre o assunto
e as observações sobre barragens executadas nos diversos estados, publicadas por alguns
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especialistas, além das observações do autor em barragens subterrâneas construídas na
região do sertão do estado da Paraíba.

10.2 - As Barragens Subterrâneas

As barragens subterrâneas são constituídas pelo barramento do fluxo d'água


subterrâneo por meio de um diafragma executado com material de baixa permeabilidade,
assente sobre base impermeável, de modo a formar um aqüífero no depósito aluvionar.

Define-se como aqüífero, uma formação de acumulação de água que


possibilite a liberação desta com facilidade, em conseqüência de elevada permeabilidade.
Observe-se que estas formações acumulam água nos vazios do solo, necessitando, portanto,
de altos valores de porosidade. Enquanto isso, aluvião constitui um depósito de origem
fluvial, acumulado no leito ou calha atual de um rio, ou em superfícies de níveis mais
elevados do que a calha atual, na forma de "terraços fluviais" e que são periodicamente
encobertos, nas enchentes dos rios. (COSTA,1986).

Os aqüíferos aluvionares são recarregados através das chuvas que caem


diretamente sobre o leito aluvionar, da contribuição lateral das águas de escoamento
superficial provenientes da bacia de captação e da contribuição das surgência de águas
infiltradas na mesma bacia (MONTEIRO,1984).

A tecnologia das barragens subterrâneas é bastante simples, e não requer


elevado nível de formação para sua operação e manutenção. No entanto, como qualquer
outra tecnologia, o produtor necessita conhecer seu princípio de funcionamento para obter
maior eficiência no uso do sistema. (PORTO et allí, 1995).

Segundo PONÇANO et allí (1981), as barragens subterrâneas, bem como as


barragens submersíveis ou de acumulação de areia, vêm sendo utilizadas a nível mundial,
desde o inicio do século, especialmente na África do Norte, Saara, Namíbia e Argélia e mais
recentemente no Sudeste da África, Israel e Iran.

Deve-se ressaltar que a utilização mais comum das barragens subterrâneas


consiste na interceptação do fluxo subterrâneo no leito de um rio, porém elas podem ser
construídas barrando o fluxo subterrâneo em uma determinada área que apresente
inclinação suficiente, gerando uma área de acumulação onde poderá ser instalado um
sistema de produção.

Estudo neste sentido foi apresentado por BRITO et alli (1989), que consistiu
na construção de 3 barragens sucessivas em uma área em que o terreno apresentava
espessura de cerca de 1 m, cuja área de captação da chuva precipitada acumulava a água
formando um lençol freático. Esta área foi utilizada para plantação de feijão, milho e sorgo
que apresentaram aumento de produtividade em relação à média da região de 300, 1.140 e
629%, respectivamente. Ainda segundo os autores, o déficit hídrico ocorrido praticamente
em todas as fases de cultivo nos três anos em estudo, foi amenizado pela maior
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disponibilidade e por um período mais prolongado de água armazenada no solo que oferece
a tecnologia da barragem subterrânea, auxiliada pela baixa perda por evaporação.

No entanto, o esquema clássico dessas barragens consiste no barramento


subterrâneo do leito de um riacho, a fim de elevar o lençol freático no aluvião e manter uma
reserva de água protegida da evaporação, que pode ser captada no período de estiagem
para ser utilizada na dessedentação humana e animal e servir, eventualmente, para uma
pequena irrigação.

Nas Figuras 10.1 e 10.2 pode-se ver este esquema clássico das barragens
subterrâneas que interceptam o leito de um rio.

Figura 10.1 - Perfil Longitudinal de uma Figura 10.2 - Corte Transversal de uma
Barragem Subterrânea Barragem Subterrânea - Esquema Clássico

SILVA e RÊGO NETO (1992), analisando barragens submersíveis no semi-


árido, do Rio Grande do Norte, concluíram que é viável a exploração de algumas culturas
anuais nos aluviões à montante dessas barragens, durante o período seco, com razoável
produtividade, não sendo possível, porém, mais de uma colheita no período. Parte do
suprimento de água das culturas foi feito pelas águas subterrâneas armazenadas nas
barragens.

MEDEIROS e SILVA(1993), estudando barragens na região do Seridó, no Rio


Grande do Norte, concluíram que a construção deste tipo de barramento é tecnicamente
viável ao longo dos leitos de rios ou riachos, e que durante os três anos de
acompanhamento das barragens subterrâneas, não houve variação na salinidade das águas
subterrâneas. As poucas barragens com características salinas tinham sido construídas em
locais que, segundo os próprios proprietários, já apresentavam áreas salinizadas antes da
construção das mesmas e/ou em bacia onde a água apresentava problema de sais, como é o
caso das barragens construídas no rio Cobra, que são de péssima qualidade.

O autor, acompanhando barragens na região do sertão da Paraíba, constatou


os aspectos positivos da implantação das mesmas nas propriedades visitadas. No município
de São Mamede, a Fazenda Pernambuca é dotada de duas barragens, em seqüênda, no
mesmo riacho, sendo uma de material argiloso compactado, com cerca de 100 m de

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comprimento e outra à montante desta com cerca de 150 m, construída com diafragma de
lona plástica. O sistema fornece água para irrigação de 7.000 mangueiras e cerca de 150 pés
de limão Taiti. Segundo os administradores da fazenda, após a implantação do sistema, em
1985, os poços amazonas existentes na propriedade não mais secaram, mesmo no período
de estiagem mais severo, como ocorria anteriormente. Conforme pode-se observar no local,
houve uma completa recuperação das áreas antes desprovidas de vegetação localizadas na
bacia de acumulação do sistema, principalmente no leito maior do riacho. Há completa
satisfação com o sistema, não tendo sido constatado qualquer risco de salinização do solo.

Outra propriedade acompanhada pelo autor está localizada no município de


Bonsucesso, Fazenda Oiticica pertencente ao Sr. Antônio Abrantes. A barragem subterrânea
desta propriedade foi construída em 1919 e beneficia cerca de 10 ha, com plantação de cana
de açúcar, arroz e forrageira para o gado. O barramento é constituído de material argiloso
compactado tendo um sangradouro dotado de tubos que permite o controle do nível do
lençol freático na bacia de acumulação, a fim de garantir a possibilidade de sub-irrigação
mas assegurando a aeração das plantas. A captação d'água é feita através de poços
amazonas que funcionam durante o ano inteiro, inclusive nos períodos de estiagens mais
prolongados. Não há qualquer risco de salinização nas análises procedidas pelo proprietário
ao longo dos anos, com a água sendo classificada sempre como C1S1.

O autor visitou ainda uma terceira barragem, mais recente, construída em,
1993, em material argiloso compactado. Esta barragem está localizada na Fazenda Fechado,
de propriedade do Sr. Luiz Costa, no município de Patos. Os efeitos da barragem já são
perfeitamente notados na vegetação existente na área da bacia de acumulação, sendo que
são plantados no local forrageira para o gado e feijão, com produtividade excelente segundo
o seu proprietário. A barragem foi construída até cerca de 1,5 m acima do nível do terreno,
com 120 m de comprimento e 2,5 m de largura, possuindo um sangradouro no leito do
riacho. O seu proprietário informou que sua construção ocorreu durante a estiagem rigorosa
de 1993 e que no fim da mesma já se pode captar a água represada do fluxo subterrâneo. A
água que abastece a barragem não é considerada de boa qualidade mas, devido à forma de
construção que possibilita o alagamento da área no período de chuvas e conseqüente
lixiviação dos sais que possam ter sido depositados no solo, acredita-se que sua utilização ao
longo do tempo só trará benefícios para seu proprietário.

10.3 - Vantagens e Desvantagens

Os principais problemas decorrentes da construção das tradicionais barragens


de acumulação de águas superficiais no Nordeste, são a excessiva evaporação de água na
região (variando de 1.600 mm a 2.500 mm) e o alagamento de imensas áreas de terras
agricultáveis que passam a constituir a bacia hidráulica do reservatório. É em cima destes
pontos que as barragens subterrâneas apresentam suas maiores vantagens: pequena perda
de água por evaporação e não alagamento das terras que passam a ter o cultivo beneficiado
pela elevação do lençol freático, aproveitando o processo natural de sub-irrigação em grande
parte do ano. Outra grande vantagem das barragens subterrâneas é quanto ao pequeno
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custo de construção e manutenção, quando comparado com outros sistemas de acumulação
de água. Também os problemas decorrentes do rompimento das barragens de superfície não
existem nas barragens subterrâneas e, além disso, eventuais problemas de perda d'água que
possam vir a surgir durante o funcionamento do sistema, serão reparados mais facilmente.

Outra grande vantagem que deve ser considerada na utilização das barragens
subterrâneas consiste na menor agressão ao meio ambiente, pois o sistema passa
rapidamente a ser integrado ao mesmo, sem provocar o impacto observado nas barragens
superficiais.

A principal desvantagem do sistema de barragens subterrâneas, segundo


alguns autores, refere-se ao risco de salinização da área de acumulação de água. Isto ocorre
pela deposição de sais no solo, em conseqüência da evaporação da água acumulada na
superfície do terreno e, principalmente, pelos sais deixados pela irrigação, por isso deve-se
proceder um bom estudo da qualidade da água da bacia hidrográfica que será utilizada. No
entanto, deve-se salientar que pode-se projetar sistemas de drenagem que, mesmo em
áreas com razoável potencial de salinização, viabilizam a utilização do sistema sem aumentar
excessivamente o custo do projeto. Alguns autores consideram, ainda, que o risco de
salinização é bem maior em reservatórios de superfície que nas barragens subterrâneas,
devido à excessiva evaporação que ocorre naquelas barragens (COSTA, 1984). UEHARA et
alli (1981), também dizem que, ao contrário das barragens a céu aberto em que o grande
problema gerado pelo armazenamento é a salinização dos reservatórios devido à intensa
evaporação, a barragem subterrânea minimiza esse problema e posiciona-se como elemento
adequado para as regiões semi-áridas.

Outra desvantagem apontada na utilização das barragens subterrâneas é


quanto ao pequeno volume de acumulação nos aqüíferos superficiais, mas um sistema
integrado de algumas barragens sucessivas pode facilmente superar este problema. Deve-se
observar, no entanto, que no Nordeste algumas comunidades possuidoras de pequena
população, de até 20.000 habitantes, são abastecidas a partir de aqüíferos aluviais que
apresentam capacidade de acumulação para este fim (COSTA, 1986). Segundo MONTEIRO
(1984), embora os aqüíferos artificiais criados pelas barragens subterrâneas tenham uma
capacidade limitada, seu aproveitamento é quase total, devido às insignificantes perdas por
evaporação, atendendo de forma satisfatória as necessidades de uso doméstico ou de
pequena comunidade.

10.4 - Projeto de Barragem Subterrânea

10.4.1 - Estudos Preliminares

A construção de uma barragem subterrânea tem por finalidade a criação de


um aqüífero artificial, que possibilite à retirada de água para fins de agricultura ou de
dessentação humana e animal, devendo, portanto, assegurar ao proprietário os recursos
hídricos necessários no período de seca. Assim, deve-se proceder alguns estudos
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geotécnicos que permitam o perfeito delineamento da situação do local escolhido para a
execução da obra, a fim de se otimizar a utilização do sistema.

Inicialmente deve-se verificar se a barragem irá captar água de um curso


d'água ou se irá ser abastecida unicamente por água de precipitação, aproveitando as linhas
de drenagem natural da área. Esta informação é importante não só para definir os estudos
que devem ser efetuados para verificar a qualidade da água, no caso da fonte de
abastecimento do aqüífero ser um rio, como também para definir o volume de água que
poderá ser acumulado no depósito aluvial. A presença de elevado teor de íons de sais na
água, pode inviabilizar a execução do projeto pelo grande risco de salinização do solo.

Através de levantamentos topográficos planialtimétricos determina-se o


contorno da bacia hidrográfica bem como a geometria superficial do depósito aluvial. É,
ainda, através desse levantamento que será escolhido o eixo provável do barramento, a ser
confirmado, posteriormente, pelos estudos de sondagem.

A sondagem visa determinar a espessura do depósito aluvial, a morfologia do


embasamento deste depósito, o tipo de solo que o constitui, sua porosidade, coeficiente de
permeabilidade, o nível do lençol freático e o perfil do solo no eixo escolhido para
barramento. Com essas informações, pode-se determinar a capacidade de armazenamento,
considerando que a água será depositada nos vazios do solo (volume acumulado = volume
útil do aqüífero x porosidade).

A análise granulométrica do material do depósito aluvial além de indicar a


potencialidade do mesmo para armazenamento de água, definirá também, os cuidados que
serão adotados na construção do septo. Deve-se observar que, um elevado percentual de
material argiloso no depósito aluvial pode inviabilizar o projeto pela impossibilidade de
retirada de água do mesmo pelos métodos convencionais.

Pode-se definir como uma boa situação para a execução de barragem


subterrânea em pequenas propriedades, o local que seja abastecido por água de boa
qualidade, ombreiras estanques onde a barragem possa ser "encaixada", aluvião constituído
de material granular, apresentando boa permeabilidade e embasamento impermeável
localizado no máximo a 6 m de profundidade, no eixo do barramento.

10.4.2 - O Septo Impermeável

Como a barragem subterrânea visa interceptar o fluxo d'água, o septo ou


diafragma deve ser constituído por material que tenha baixa permeabilidade, sendo
comumente utilizado argila compactada, alvenaria de pedra e lona plástica. Qualquer que
seja o material utilizado, é extremamente importante que o septo seja assentado em
material impermeável, de preferência no leito rochoso, e estendido até ombreiras
impermeáveis, para evitar a perda d'água.

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A espessura do septo vai ser condicionada, muitas vezes, pelo processo
construtivo. Se for utilizado trator para escavação do material, a largura da lâmina definirá
essa espessura. Se o processo de escavação e execução da parede for manual, deve-se fixar
uma espessura mínima de 0,80 m, independente dos demais condicionantes do projeto.

A altura total do septo será definida levando-se em consideração o tipo do


material utilizado no mesmo, a finalidade da obra e as condições hidrogeológicas locais.
Usualmente o septo ficará a uma profundidade de cerca de 0,50 m da superfície do terreno.
Isto permitirá que, no período de chuvas, haja uma sangria por cima do mesmo que servirá
para lixiviar o sal porventura depositado no solo. Deve-se observar, no entanto, que isto
limitará a possibilidade de se promover a cultura por sub-irrigação.

Caso o leito do rio esteja muito abaixo do nível do terreno nas margens,
pode-se projetar o septo, no leito do rio, como uma barragem submersível, que permitirá a
acumulação de sedimentos, bem como proporcionará uma maior altura do lençol freático
não só no depósito aluvial, como em todo o terreno da bacia de acumulação. (Figura 10.3).
Este tipo de barramento, dentro de certo tempo poderá estar todo submerso pelo acúmulo
de solo no leito do rio. O ideal, nestes casos é ir elevando o septo conforme ocorra o
assoreamento, pois assim se terá o aluvião aumentado somente pela deposição das
partículas grossas do solo, o que garantirá sempre um elevado coeficiente de permeabilidade
para o mesmo, permitindo desse modo, a retirada da água armazenada pelos métodos
convencionais.

Figura 10.3 - Perfil Típico de uma Barragem Vertedouro.


Em alguns casos se projeta o septo, em toda a sua extensão, até uma cota
acima do nível do terreno, para permitir maior acumulação de água e um lençol freático o
mais elevado possível no período de estiagem. Este tipo de projeto deve ser condicionado,
no entanto, à situações em que se tenha sempre água de boa qualidade, sem potencial
elevado de salinização. É necessário, ainda, que se garanta um bom sangradouro que
permita o controle do nível d'água na bacia de acumulação, a fim de assegurar aeração
adequada às plantas no período de maior fluxo subterrâneo, e um sistema de captação
d'água que permita a utilização dos recursos hídricos armazenados e, em conseqüência, sua
completa renovação no período das chuvas, evitando assim a acumulação de sais.

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A barragem subterrânea existente na Fazenda Oiticica, no Município de
Bonsucesso, na Paraíba, de propriedade do Sr. Antônio Abrantes, construída em 1919,
apresenta um sangradouro no leito do rio, dotado de três tubos em PVC, de 4", distribuídos
verticalmente, que permite estabelecer o nível d'água à montante, simplesmente controlando
a abertura dos tubos. (Figura 10.4). É um bom exemplo das condicionantes locais para o
projeto de uma barragem subterrânea.

Figura 10.4 - Sangradouro da Barragem Subterrânea da Fazenda Oiticica, Bonsucesso - PB.


Pode citar também a execução do septo através da cravação de cortina de
estacas justapostas ou injeção de produtos químicos ou cimento, como alternativas de
processos construtivos de barragens subterrâneas, porém estes métodos não são facilmente
disponíveis para o pequeno produtor, além de não assegurarem a perfeita estanqueidade
que se pretende.

10.4.3 - Descarregador de Fundo

A fim de facilitar a remoção dos sais porventura depositados no solo, o que


pode ser uma das condicionantes da execução de um projeto de barragem subterrânea,
pode-se instalar descarregadores de fundo que, quando abertos no início do período de
chuvas promoverão a lixiviação dos sais, renovando então a água do depósito aluvial.

BENVENUTO e POLLA (1982), apresentaram um descarregador de fundo que


pode também servir de obra de captação de água de jusante. (Figura 10.5).

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Figura 10.5 - Descarregador de Fundo com Poço de Captação (BENVENUTO e POLLA, 1982).

BRITO et alli (1989), apresentaram um sistema de captação desenvolvido na


EMBRAPA-CPATSA, que também pode servir de descarregador de fundo. (Figura 10.6).
Deve-se ressaltar que, neste caso, as barragens não estavam localizadas em leitos de rios e
sim em locais que barravam a drenagem natural de uma área.

Figura 10.6 - Barragem Subterrânea com Descarregador de Fundo e Tanque de Armazenamento


(BRITO et alli, 1989).

A fim de se aumentar a capacidade drenante do descarregador de fundo, este


deve ser parte de um sistema de drenagem constituído por tubos drenantes instalados no
aluvião, em cota pouco superior a do descarregador de fundo, com caimento para este, no
sistema espinha de peixe, conforme pode-se observar na (Figura 10.7).

É importante também que se proteja a entrada do tubo, na parte de


montante, com material drenante, evitando assim o entupimento deste pelo material
carreado do aluvião.

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10.4.4 - Proteção do Septo de Material Compactado

Nos casos em que o aluvião apresenta granulometria muito grossa, será


necessário proteger o septo na parte de jusante para evitar carreamento de material do
mesmo, provocando a erosão interna conhecida como fenômeno de "piping". Esta proteção
pode ser feita com a execução de um filtro de transição, conforme Figura 10.8, utilizando
para isso material escavado do próprio aluvião e peneirado para a granulometria adequada.

Figura 10.7 - Sistema de Drenagem Tipo "Espinha Figura 10.8 - Proteção do Septo Impermeável
de Peixe"

10.5 - Processo Construtivo

O processo construtivo de uma barragem subterrânea consiste na escavação


da trincheira, execução do septo e instalação do sistema de captação de água.

O tipo de material a ser utilizado no diafragma impermeável, a constituição do


aluvião e a altura do lençol freático, condicionarão o processo de escavação, e definirão o
processo de execução, inclusive no que se refere às dimensões da vala.

Considerando que as maiores dificuldades que se encontrarão na execução da


barragem estão relacionadas à presença de água na escavação, define-se o final do período
de estiagem como a melhor época para a construção do sistema, pois, neste período, o nível
d'água estará no seu nível mais baixo.

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10.5.1 - Escavação

O processo mais simples e de menor custo de execução da vala consiste em


escavar manualmente o solo, sem escoramentos, promovendo diretamente a retirada da
água do fundo da cava.

Esta situação somente é possível quando se trabalha com o nível de água


próximo à superfície da camada impermeável e em aluviões de pequena espessura. Mesmo
nesta situação, deve-se proceder a escavação com taludamento de pelo menos 1:1, (H) e
(V) ou outra inclinação que permita a estabilidade das paredes da cava.

Ocorrendo um fluxo de água acentuado no pé da parede da escavação,


provocado pela retirada de água, principalmente quando se utiliza o bombeamento, deve-se
proteger os taludes por um filtro invertido que será abandonado na operação de reaterro
(Figura 10.9).

Figura 10.9 – Escavação com Bombeamento e Proteção dos Taludes

Quando ocorre a possibilidade de desmoronamento das paredes da


escavação, é necessário executar o escoramento com instalação de estroncas, processo
executivo que merece um detalhamento e acompanhamento por parte de técnico experiente,
a fim de se evitar acidentes.

Outro aspecto que deve ser chamado à atenção é quanto ao inicio da


escavação. É comum se iniciar a escavação a partir das ombreiras em direção à parte central
do leito do rio, porém, em situações em que ainda ocorre acentuado fluxo de água
subterrânea, será melhor iniciar esta escavação pela parte mais profunda do septo, pois
assim se evitará a concentração das águas neste ponto que implicará em um lençol freático
mais elevado, caso não se adote este procedimento. Esta situação foi constatada por LEITE
e OLIVEIRA (1982), acompanhando barragens subterrâneas executadas no estado do Ceará.

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Quanto à extensão da escavação, é comum se adotar a escavação total da
cava, porém pode-se programar a execução em etapas. MONTEIRO et alli (1989),
acompanhando a execução de uma barragem subterrânea no município de Morada Nova, no
Ceará, citam o caso em que a cava era aberta por uma escavadeira em trechos de 5 m, que
eram preenchidos por material argiloso, umedecido manualmente com água do lençol
freático e compactado pela própria máquina.

Outros processos de execução da escavação podem ser utilizados, como por


exemplo o emprego de lama bentonítica para manter a estabilidade das paredes,
principalmente em aluviões de grande espessura, mas nesses casos será necessário proceder
a um estudo de viabilidade econômica para avaliar a pertinência de execução do projeto,
pois o custo de execução do mesmo pode anular uma das maiores vantagens da barragem
subterrânea que é seu baixo custo.

Também, quando se pretende trabalhar muito abaixo do nível de água do


lençol freático, o simples bombeamento do fundo da cava poderá gerar situação de
instabilidade da escavação, daí ser necessário se recorrer a processos de rebaixamento do
nível d'água utilizando o sistema de ponteiras ou de poços profundos. Isto deverá provocar
um encarecimento do projeto e necessita, portanto, ser devidamente analisado
economicamente.

Qualquer que seja a programação adotada para a escavação, é fundamental


que esta sempre seja executada até a camada impermeável, onde será assentado o septo, a
fim de evitar fluxo de água por baixo do mesmo.

10.6 - Execução do Septo

O septo impermeável que garantirá o perfeito aproveitamento do sistema,


poderá ser constituído de aterro compactado (denominado popularmente de "barro batido"),
solo-cimento, solo-bentonita, alvenaria de pedra, diafragma com lona plástica ou concreto.

A escolha do material a ser utilizado na execução da obra, é função


prioritariamente da disponibilidade de material no local e das condições de trabalho (mão de
obra disponível, equipamentos, tempo de execução, etc.).

Qualquer que seja o material escolhido para a execução do septo, é


importante que se assegure uma perfeita ligação entre este e o embasamento impermeável,
seja ele em rocha ou em solo.

10.6.1 - Material Compactado

A execução do septo em material compactado (solo argiloso, solo-cimento ou


solo bentonita, com coeficiente de permeabilidade de pelo menos 10-5 cm/s), exige que se
adote algumas providências que garantam o perfeito funcionamento do sistema. Deve-se
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analisar a necessidade de estabelecer uma camada de transição entre o septo e o aluvião na
parte de jusante, a fim de evitar o fenômeno de "piping" se a camada aluvial for constituída
de material muito grosso. Esta camada de transição pode ser constituída pelo próprio
material do aluvião peneirado, para atingir a granulometria correta segundo os critérios
estabelecidos para o projeto de filtros, e não deve ter espessura inferior a 30 cm.

O reaterro da escavação deve ser executado concomitantemente com a


construção do diafragma e da zona de transição, quando esta for necessária.

Para a compactação da primeira camada do septo, deve-se promover uma


limpeza completa na superfície do embasamento. Se este for em rocha, deve-se remover
todo o material solto, eliminar as poças de água existente, promover rugosidades na
superfície rochosa com auxilio de ferramentas, de modo a assegurar uma boa ligação com o
septo. Os buracos e outras irregularidades da superfície da rocha serão cuidadosamente
cheios de terra compactada por meio de "sapos" ou outro processo equivalente, até formar
uma superfície sensivelmente horizontal. Deve-se compactar a primeira camada com
espessura reduzida, da ordem de 10 cm.

O material para continuação da construção do septo será espalhado em


camadas, umedecido e compactado por meio mecânico ou manual. A espessura de cada
camada antes da compactação será determinada em função do tipo de compactação que
será utilizada, mas mesmo quando se utilize rolo compactador, não deverá exceder de 30
cm.

No caso de existir o tubo de descarga de fundo, deve-se dedicar especial


atenção à compactação do material em volta deste, procurando sempre que possível,
executar em torno do mesmo, anéis de concreto que dificultem a percolação.

10.6.2 - Alvenaria de Pedra

A restrição que se faz à utilização do septo rígido, como no caso de alvenaria


de pedra, é quando o embasamento impermeável é constituído de material compressível,
pois poderão surgir fissuras na parede provocadas por assentamentos não uniformes, os
recalques diferenciais. Quando o embasamento é constituído de rocha, esta preocupação
não existe.

A vantagem deste tipo de construção com relação ao anterior é quanto ao


menor volume de escavação necessário para a execução da parede, pois a cava terá menor
espessura.

A parede deve ser executada com o rejuntamento completo das pedras, de


modo a impedir totalmente o fluxo d'água.

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10.6.3 - Diafragma com Lona Plástica

A execução deste tipo de barragem consiste em estender uma lona plástica


ao longo da cava, em toda sua extensão, na parte de montante e promover o reaterro da
escavação utilizando o material escavado. O material de reaterro pode ser compactado
manualmente ou com auxilio de máquina, devendo se observar que a compactação do
material neste sistema não é de grande importânda pois a lona plástica é que garantirá a
estanqueidade da obra.

Quando da colocação do material sobre a lona plástica, seja manualmente ou


por meio de máquina, deve-se adotar extremos cuidados para evitar o rompimento da lona o
que prejudicaria o funcionamento do sistema. Sempre que a lona for danificada, deve-se
promover o conserto utilizando o mesmo material plástico e seguindo as recomendações do
fabricante.

Figura 10.10 – Abertura do Septo e Reaterro.

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Figura 10.11 – Aplicação da Lona Plástica.

Algumas observações devem ser consideradas: para que a lona plástica


apresente uma vida útil longa, é necessário que a mesma permaneça enterrada, livre de
exposição aos raios solares que promoveriam o ressecamento e destruição da mesma, deve-
se assegurar, também, um bom engastamento da lona plástica no embasamento, a fim de
evitar perda d'água no encontro base/septo.

10.6.4 - Diafragma de Concreto

Este processo exige a participação de uma empresa especializada na


execução de paredes diafragmas e é utilizado em aluviões de grande espessura e que exijam
grandes rebaixamentos do lençol freático. Por apresentar custo elevado, este sistema deve
merecer uma acurada análise econômica e comparado com outras possibilidades de
acumulação de água.

10.7 Captação de Água

Os processos mais simples de captação de água dos aqüíferos aluviais no


Nordeste, sejam eles naturais ou artificiais, é através de "cacimbões" abertos no leito do
riacho no período de estiagem e através de "poços amazonas" que são escavados nas
margens do curso d'água e protegidos por paredes de alvenaria, com cerca de 3 a 5 m de
diâmetro e penetrando até uma cota inferior a alcançada pelo lençol freático no período de
estiagem.

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COSTA et alli (1990), apresentaram um projeto de poço amazonas que foi
instalado na fazenda Pernambuca, em São Mamede, Paraíba, que permite a penetração de
água não só pelo fundo do poço, como nos poços tradicionais, mas também pelas paredes
do mesmo, como visto na Figura 10.12.

Figura 10.12 - Poço Amazonas com Paredes Vazadas (COSTA et alli, 1990.)

Alguns poços amazonas construídos mais recentemente vêm utilizando o


revestimento com tubos porosos com diâmetros de cerca de 1 m, o que permite também a
captação de água através da parede dos mesmos.

A fim de aumentar à vazão dos poços, pode-se interligá-los a um sistema de


drenos em espinhas de peixe distribuído na bacia de acumulação da barragem.

Outros processos de captação de água são: poços tubulares, localizados na


bacia de acumulação da barragem, com 6 a 8" de diâmetro, cisternas localizadas à jusante
da barragem, em situações especiais, conforme se observa na Figura 10.6; captação através
do descarregador de fundo, conforme a Figura 10.5.

10.8 - Sistemas de Barragens Sucessivas

A fim de melhor aproveitar a potencialidade de uma área, pode-se construir


uma série de barragens sucessivas como no sistema sugerido por UEHARA et alli (1981),
Figura 10.13, em que os aqüíferos das barragens subterrâneas seriam recarregados pela
água de precipitação das chuvas e por descarregador do fundo da barragem superficial de

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cabeceira. Este sistema é utilizado também para o aproveitamento de áreas localizadas à
jusante de barragens superficiais que apresentam grande perda d'água pela fundação.

Figura 10.13 - Sistema com Barragem de Cabeceira e Barragens Subterrâneas Sucessivas (UEHARA et alli 1981)

10.9 - Considerações Finais

A utilização das barragens subterrâneas nas pequenas propriedades no


Nordeste, localizadas na região semi-árida e carente de recursos hídricos suficientes para o
desenvolvimento de atividades agropecuárias, é perfeitamente viável e altamente
recomendada, pelo baixo custo de investimento na construção e manutenção do sistema.
Isto pode ser comprovado em diversas propriedades da região que utilizam esta tecnologia
nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, e pelos relatos de
trabalhos técnicos existentes sobre o assunto que comprovam o aumento de produtividade
nas atividades agrícolas e na maior disponibilidade de recursos para a dessedentação
humana e animal nos períodos de estiagem prolongada.

Para que se utilize esta tecnologia com sucesso é necessário, no entanto, que
se proceda a alguns estudos preliminares, principalmente, quanto à qualidade da água dos
recursos hídricos disponíveis na bacia hidrográfica e quanto ao tipo, dimensão e espessura
do material aluvial, que definirão a capacidade de armazenamento da barragem e permitirão
a programação adequada de seu aproveitamento.

Mesmo em situações em que os recursos hídricos disponíveis não são da


melhor qualidade, pode-se utilizar esta tecnologia com benefícios para o agricultor, utilizando
as técnicas disponíveis para manejo do sistema, que promovem a drenagem necessária para
remoção dos sais, no inicio do período de chuvas, renovando a água armazenada e
melhorando, em conseqüência, a sua qualidade.

Deve-se atentar para o fato de que esta tecnologia pode ser aplicada não só
no barramento subterrâneo de leitos de cursos d'água, mas também para barramento de
linha de drenagem natural do terreno, beneficiando-se o agricultor, neste caso,
principalmente da subirrigação que aumentará sua produtividade.
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Outro ponto que deve ser ressaltado é quanto ao sucesso da utilização deste
tipo de barragens para abastecimento de pequenas comunidades conforme se constata em
diversos locais da região semi-árida nordestina.

Portanto, o uso de barragens subterrâneas, seguindo um estudo criterioso, é


perfeitamente viável, se constituindo assim em mais uma opção tecnicamente segura de que
dispõem os pequenos proprietários e as pequenas comunidades para continuar
desenvolvendo em suas terras a agropecuária típica da região semi-árida nordestina, sem a
insegurança que existe com relação aos períodos de estiagem prolongada.

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