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REVOLUÇÃO FRANCESA

No desenvolver do século XVIII existem dois importantes fatos históricos que


marcaram esse período. De um lado temos a ascensão dos ideais iluministas,
que pregavam a liberdade econômica e o fim das amarras políticas
estabelecidas pelo poder monárquico. Além disso, esse mesmo século assistiu
uma nova etapa da economia mundial com a ascensão do capitalismo
industrial.

Nesse contexto, a França conviveu com uma interessante contradição. Ao


mesmo tempo em que abrigou importantes personagens do pensamento
iluminista, contava com um estado monárquico centralizado e ainda marcado
por diversos costumes atrelados a diversas tradições feudais. A sociedade
francesa estava dividia em classes sócias distintas pela condição econômica e
os privilégios usufruídos junto ao Estado.

De um lado, tínhamos a nobreza e o alto clero usufruindo da posse das terras e


a isenção dos impostos. Além disso, devemos salientar a família real que
desfrutava de privilégios e vivia à custa dos impostos recolhidos pelo governo.
No meio urbano, havia uma classe burguesa desprovida de qualquer auxilio
governamental e submetida a uma pesada carga tributária que restringia o
desenvolvimento de suas atividades comerciais.

A classe proletária francesa também vivia uma situação penosa. No campo, os


camponeses eram sujeitos ao poder econômico dos senhores feudais e viviam
em condições mínimas. Muitos deles acabavam por ocupar os centros urbanos,
que já se entupiam de um amplo grupo de desempregados e miseráveis
excluídos por uma economia que não se alinhava às necessidades do nascente
capitalismo industrial.

Somados a todos estes fatores, a derrota francesa em alguns conflitos militares


e as péssimas colheitas do final do século XVIII, contribuíram para que a crise
econômica, e a desordem social se instalassem de vez na França. Desse modo,
a década de 1780 veio carregada das contradições, anseios e problemas de
uma nação que não dava mais crédito a suas autoridades. Temos assim, os
preparativos da chamada Revolução Francesa.

CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA

As causas da Revolução Francesa são alvo de um intenso debate sobre como


foi possível a mobilização de uma população diversa em torno da queda do
poder monárquico. Em termos gerais, os estudos desta revolução apontam um
grupo de razões considerando motivações de ordem ideológica e econômica.

Por um lado, os pensadores iluministas propunham a vigência de um estado


laico e representativo. O governo, de acordo com o iluminismo, deveria basear-
se em instituições legitimadas por toda a população. Os cidadãos deveriam
desfrutar de igualdade jurídica e tributária. Igualdade e liberdade deveriam ser
as bases de um Estado apto para atender as necessidades de seu povo.

Ao mesmo tempo, o insucesso administrativo da monarquia francesa, os


interesses da burguesia e a crise agrícola davam conta do contexto francês no
final do século XVIII. Nesse período, a França era um país predominantemente
agrário. Dos aproximadamente 25 milhões de habitantes do país, cerca de três
quartos viviam no meio rural. Os camponeses estavam atrelados aos costumes
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feudais, pelos quais a nobreza agrária detinha a posse e o direito de
exploração das terras.

Muitos dos camponeses, não suportando as condições de vida no campo


buscavam a cidade de Paris à procura de outras opções do trabalho. Naquele
período, Paris não apresentava condições próprias para abrigar esse novo
contingente populacional. Dessa maneira, as ruas parisienses ficavam
abarrotadas de desempregados e miseráveis protagonistas de mais um traço
da crise francesa.

Como se não bastasse o próprio desgaste das relações de trabalho rural da


época, uma série de más colheitas no final do século XVIII provocou uma crise
na economia agrária que se refletiu na alta dos alimentos consumidos nas
cidades. As taxas inflacionárias sobre o preço do pão, por exemplo, sinalizavam
o total colapso vivido pela economia francesa naquela época.

Enquanto todo esse empobrecimento da população era observado, uma


parcela da sociedade francesa tinha plenos interesses na reestruturação da
economia nacional por meio da mudança do jogo político francês. A burguesia,
que despontava no ramo da economia mercantil, tinha na excessiva cobrança
de impostos e na ausência de políticas públicas um entrave limitador de seus
interesses econômicos.

Em meio aos diversos grupos sociais insatisfeitos com a situação do país o


clero, a realeza e a nobreza feudal desfrutavam da isenção de tributos e se
sustentavam por meio do controle das forças produtivas e do uso
indiscriminado do dinheiro público. A vida de luxo e conforto desfrutada por
tais grupos criou um forte clima de hostilidades em território francês. Aquela
sociedade constituída pelo privilégio de uma minoria e que tinha seu poder
legitimado pela crença religiosa, corria grandes riscos.

Na década de 1780, esse conjunto de problemas chegou a seu ápice entre os


anos de 1786 e 1787. Nesses dois anos, a crise da indústria francesa e a alta
dos produtos agrícolas atingiram seus níveis mais alarmantes. Além disso, os
gastos na Guerra de Independência dos Estados Unidos pioraram ainda mais a
situação financeira da monarquia francesa.
Mediante o impasse e a pressão da sociedade, o rei Luis XVI convocou os
“Estados-Gerais” visando a reforma das leis nacionais. É nesse momento em
que temos reunidas as condições vigentes para a deflagração do processo
revolucionário francês

ASSEMBLEIA NACIONAL

A mobilização de toda França em torno das mudanças, com a convocação dos


Estados-gerais, abriu portas para o início das reformas políticas. A resistência
monárquica acabou radicalizando esse processo com a queda da Bastilha e as
diversas revoltas que se espalharam pelo território francês. O amplo apoio
popular deu condições para que uma nova constituição fosse redigida por uma
Assembléia Nacional.

A Assembléia Nacional, estabelecida entre 1789 e 1792, aboliu o voto por


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estamento e deu condições para que novas práticas fossem fixadas ao
contexto político francês. Contando com a intensa participação da burguesia e
dos camponeses, a Revolução ganhava força nas ruas, campos e instituições
francesas. As leis que garantiam os privilégios nobiliárquicos foram abolidas,
trazendo maior igualdade de direitos entre os franceses.

Em 26 de agosto de 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


deu fim a qualquer dispositivo legal que diferenciava juridicamente as classes
sociais francesas. Inspirada na Declaração de Independência dos Estados
Unidos, o documento francês primava pela defesa da igualdade e da
fraternidade. Apesar disso, a declaração ainda assegurava o direito de
propriedade que preservou as posses da nobreza provincial.

Resistente às transformações, o rei Luís XVI negou-se a aprovar os termos da


Declaração. Tal recusa provocou uma temerosa reação dos populares que
tomaram o Palácio de Versalhes, forçando o rei a se mudar para o Palácio das
Tulherias. No ano de 1790 o clero teve sua situação alterada com a
Constituição Civil do Clero. Através deste documento, os clérigos
transformaram-se em funcionários públicos subordinados ao Estado. Além
disso, as terras clericais foram confiscadas e serviram de lastro para a criação
de uma nova moeda, as assignats.

Em 1791, uma nova constituição começou a vigorar na França. De acordo com


seus termos, o governo passaria a ser comandado por uma monarquia
constitucional. O poder passou a ser exercido pelos três poderes: legislativo,
executivo e judiciário. Apesar de limitar os poderes reais e abolir os privilégios,
o novo governo foi dominado por um processo de aburguesamento das
instituições, garantido por meio do voto censtário. A antiga união de interesses
do Terceiro Estado agora não seria mais a mesma.

Os integrantes da assembléia antes mobilizados em torno do Terceiro Estado,


agora se dividiam em dois novos grupos. Os jacobinos eram integrados por
setores da pequena e média burguesia. Politicamente tinham uma posição
mais radical que os girondinos, compostos por integrantes da alta burguesia
que comandaram as reformas da nova monarquia constitucional.

Nas ruas os sans-cullotes promoviam a agitação dos centros urbanos e


defendiam a adoção de medidas de caráter puramente popular. Desprovidos
de um projeto político mais amplo mobilizavam-se em torno de reivindicações
imediatistas como o tabelamento do preço dos alimentos. Tornando-se com
grande poder de mobilização política, os sans-cullotes receberam o apoio
político dos jacobinos.

O fim da antiga configuração sócio-política da França colocou a nobreza e a


monarquia em situação desfavorável. Muitos senhores de terras abandonaram
o país temendo a radicalização da revolução. As demais monarquias européias,
temendo a expansão do ideal revolucionário, já ensaiavam uma contra-
revolução. Objetivando buscar apoio de outras monarquias nacionais, o rei Luís
XVI tentou fugir do país, sendo descoberto na cidade de Vernnes.

Esperando a invasão de outras nações européias, os revolucionários formaram


um grande exército popular. Ao mesmo tempo, o insucesso da política
econômica do novo governo potencializava as alas mais radicais. A invasão dos
impérios austríacos e prussianos, em 1792, motivou a convocação do povo às
armas. Liderados por Danton, Robespierre e Marat, o exército popular ordenou
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a execução de membros da nobreza.

Na Batalha de Valmy, de 20 de setembro de 1792, os exércitos contra-


revolucionários foram vencidos pelo povo francês. Um inflamado sentimento
nacionalista tomou conta dos participantes da revolução. Tomando as
instituições de assalto, um novo governo tomou conta do país. A república foi
instituída com a criação da chamada Convenção Nacional. Os jacobinos
ganharam grande apoio político e o rei Luís XVI, considerado traidor, foi
condenado à morte.

OS ESTADOS GERAIS
A gravidade da crise econômica sofrida na França, na década de 1780,
conduziu o país à emergência de uma reforma política. Ao longo desta década,
vários ministros tentaram ampliar a cobrança de impostos para assim
reverterem o quadro critico do país. No entanto, o conservadorismo das
autoridades reais e a conivência de grande parte da nobreza e do clero
impediam a realização dessas mudanças.

Somente em 1789, durante o mandato do ministro Necker, que as autoridades


reais abriram portas para o movimento reformista. Em maio daquele ano, os
Estados-gerais foram convocados para a formação de uma assembléia que
deveria mudar o conjunto de leis da França. Nesta assembléia, dividia-se a
população francesa em três grandes classes sociais, cada uma representando
um estado.

O primeiro estado era dominado pelo clero. Ele contava com cerca de 120 mil
religiosos divididos em: alto clero (composto por bispos e abades, muitos
destes, proprietários de terras) e o baixo clero (formado por padres, monges e
abades de pouca condição). Logo em seguida, vinha o segundo estado
integrado pelos membros da nobreza. Entre os nobres existiam aqueles
integrantes da nobreza provincial (proprietária de terras) e a nobreza de toga
(composta por burgueses que compravam títulos de nobreza da Coroa).

Por último, havia um terceiro estado composto pela esmagadora maioria da


população francesa. Em seu topo localizava-se a burguesia, subdividida em
três outras categorias. A primeira delas era a alta burguesia formada por
banqueiros, agiotas e grandes empresários. Logo em seguida, vinha a média
burguesia composta por empresários, professores, profissionais liberais e
advogados. Por último a pequena burguesia formada por artesãos, lojistas e
pequenos comerciantes.

Na base do terceiro estado encontrava-se toda a classe trabalhadora francesa.


Proletários, aprendizes, pequenos artesãos, e os camponeses livres e semi-
livres. Desta maneira, notamos que dentro do terceiro estado existia uma
heterogenia de classes que, algumas vezes, chegavam a ter interesses
completamente antagônicos. Além de formar um estado misto, somente os
integrantes do terceiro estado arcavam com as taxas e impostos que
sustentavam a monarquia francesa.

Na contagem dos representantes de cada estado, o primeiro estado contava


com 291 membros, o segundo com 270 e o terceiro estado dispunha de 578
membros votantes. Apesar da maioria absoluta, a forma de voto da Assembléia
Geral impedia a hegemonia dos interesses do terceiro estado. Conforme

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previsto, os votos eram dados por estados, com isso a aliança de interesses
entre o clero e a nobreza impedia a aprovação de leis mais transformadoras.

Inconformados com tal diferença, os integrantes fizeram enorme pressão


exigindo a adoção do voto por cabeça. Desta forma, contando com o paio de
alguns integrantes dos demais estados, o terceiro estado garantiria um amplo
conjunto de reformas político- administrativas. Impassível ao fluxo das
urgentes mudanças, o rei Luís XVI ameaçou dissolver os Estados gerais. Unidos
em rebelião, os membros do terceiro estado refugiaram-se na sala do Jogo da
Péla. Reclusos nesse cômodo do palácio monárquico resistiram até a
convocação de uma Assembléia Nacional.

Sem ter mais opções, o rei Luís XVI decidiu aceitar o estabelecimento de uma
Assembléia Nacional. Os membros desta juraram em sessão não interromper a
reunião até formularem uma nova constituição para a França. Tentando ainda
que reverter a situação, o rei Luís demitiu Necker do quadro ministerial. Em
resposta, a burguesia formou uma milícia armada, a Guarda Nacional,
incumbida de proteger a assembléia das tropas reais.

O clima de tensão e conflito político instaurado não só se observou nos salões


e prédios da monarquia francesa. Os populares começavam a se mobilizar
contra a insuportável situação econômica vivida. No dia 14 de julho de 1789,
uma grande multidão invadiu a Bastilha e libertaram todos aqueles que eram
considerados inimigos da realeza. Esse foi o principio de um conjunto de
revoltas que se alastraram pelas cidades e campos, era o início do chamado
Grande Medo e o fim dos Estados-gerais.

CONVENÇÃO NACIONAL

A mobilização dos exércitos populares gerou uma nova etapa na Revolução


Francesa. Dispondo das armas e favoráveis à radicalização do processo
revolucionário, os sans-cullotes tornaram-se maioria nas sessões da
assembléia francesa. Em conseqüência ao predomínio das alas radicais, o novo
governo ordenou a execução de Luís XVI em janeiro de 1793. Assustados com
a radicalização do processo, os países absolutistas resolveram se mobilizar
contra a revolução.

A Inglaterra, que temia a concorrência comercial de uma fortalecida burguesia


francesa, financiou os exércitos da Primeira Coligação. Formado por tropas,
espanholas, austríacas, prussianas e holandesas um exército internacional se
juntou contra a revolução. Ao mesmo tempo em que esses exércitos se
organizavam, a instabilidade política e econômica tomava o país de assalto.

Em junho de 1793 os jacobinos impeliram os sans-culottes a perseguir e


prender os girondinos. Com isso, Marat, Hébert, Danton e Robespierre
formaram a chamada Convenção Montanhesa ou Jacobina. Nessa nova etapa, a
Convenção passou a contar com uma série de comitês responsáveis por
diferentes tarefas.

O Comitê de Salvação Nacional era responsável por conter as revoltas internas.


O Comitê de Salvação Publica comandava os exércitos e administrava as
finanças públicas. Por último, o Tribunal Revolucionário prendia e julgava os
traidores da revolução.
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A instabilidade política e o clima de desordem pioraram entre 1793 e 1794.
Sob o mando de Robespierre o chamado Terror se instalou nas ruas de Paris.
Várias pessoas, consideradas traidoras do ideal revolucionário, foram julgadas
e executadas sumariamente. Várias leis de forte apelo popular foram
instauradas.

O tabelamento dos preços, estabelecido pela Lei do Preço Máximo, tentava


controlar o processo inflacionário da economia. Vários bens da Igreja e da
nobreza foram vendidos em leilões públicos. O ensino público gratuito também
foi outra grande medida dos revolucionários jacobinos. No plano exterior,
ordenaram o fim da escravidão colonial incentivando novos processos de
independência no continente americano.

A onda de prisões e assassinatos, a pressão das forças militares externas e o


enfraquecimento da economia causaram a desorientação dos radicais. A
desordem chegou a tal ponto que os próprios jacobinos foram vitimas de
perseguição política. Perdidos no calor dos problemas que afligiam a revolução
os jacobinos pereceram frente ao golpe político organizado pela burguesia.

Em 27 de julho de 1794, os girondinos retiraram Robespierre do comando da


Convenção. Com a volta do projeto político da alta burguesia, as leis populares
foram revogadas e uma nova constituição elaborada. Os setores populares
foram excluídos dos quadros políticos. O novo governo seria exercido por um
diretório escolhido por cinco membros escolhidos pelos deputados.

O DIRETORIO

A fase jacobina da Revolução Francesa marcou um período de grande


instabilidade dentro do país. Os exércitos contra-revolucionários, a crise
econômica e a perseguição política ameaçavam o sucesso revolucionário. Não
conseguindo contornar os desafios do momento, as alas moderadas do cenário
político francês tomaram a frente no governo. Os girondinos, representantes da
alta burguesia, iniciaram uma nova fase revolucionária.

Em agosto de 1795, criaram uma nova constituição nacional. Nela, todos os


direitos de propriedade revogados pelos jacobinos foram revalidados. Dessa
forma, a burguesia voltava a ter o controle sobre seus bens e negócios. Além
disso, o governo seria controlado por um diretório composto por cinco
deputados. Inconformados, os radicais jacobinos tentaram reverter o cenário
político. No ano de 1796, sob o comando de “Graco” Babeuf, golpistas
tentaram acabar com o Diretório

Impedidos pelos girondinos, os participantes da Conspiração dos Iguais não


concretizaram a reviravolta jacobina. Além de sofrer pressão das alas mais
inflamadas da revolução, o Diretório ainda enfrentou um golpe realista no ano
seguinte. Esse último episódio forçou o Diretório girondino a reforçar os
exércitos sobre a ameaça do fim da revolução.

No plano econômico, o novo governo resolveu anular as assignats e criar uma


nova moeda: o franco. O processo de revitalização econômico era de extrema

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importância para que os exércitos da revolução pudessem combater seus
opositores. É nesse contexto que surge a figura de Napoleão Bonaparte. Exímio
estrategista, Napoleão garantiu importantes vitórias contra as tropas
monarquistas que lutavam contra a revolução.

Se no plano externo as tropas francesas pareciam garantir a vitória


revolucionária, internamente o Diretório temia por uma nova radicalização
política em solo francês. Para impedir, talvez, um novo “Terror” os girondinos
apoiaram um golpe militar encabeçado por Napoleão Bonaparte. Tendo ele
grande prestigio entre seus comandados, Bonaparte logo tomou posse do
governo pela força, em novembro de 1799, no conhecido golpe de 18 de
Brumário.

O Consulado passou a ser o novo órgão máximo político francês. Nele, três
membros tomavam as principais político-admininstrativas. Entre seus
integrantes, que no total chegavam a três, estava Napoleão com o cargo de
primeiro-cônsul. Uma nova constituição fora redigida. Em seu texto vários
mecanismos deram condições para a ascensão política de Napoleão. Este
último, que ganhava ares de herói nacional e principal condutor do processo
revolucionário francês.

CONSULADO
No Consulado, buscou-se alcançar o equilíbrio entre as conquistas militares e
questões que afligiam internamente a França. No plano econômico a primeira
medida consistiu na criação de um banco nacional (Banco da França) que
deveria controlar a emissão de moeda e financiar os negócios da burguesia.
Dessa forma, o projeto industrialista francês contaria com a participação direta
do Estado.

Para tranqüilizar os conflitos entre os populares e o clero, Napoleão reatou as


relações com a Igreja em 1801. Tal reaproximação enfraquecia os motins
contra as igrejas e templos religiosos da França. Buscando ampliar seu poder,
Napoleão ainda estendeu seu mandato por mais dez anos e rebaixou os
demais cônsules à meras funções consultivas. A partir desta medida, o
primeiro cônsul teve condições para nomear os ministros ao seu próprio gosto.

A centralização política observada no período deu poderes para que Bonaparte


controlasse o país de maneira absoluta. No plano educacional estipulou que o
ensino seria uma obrigação a ser cumprida pelo Estado. Diversos internatos
escolares, chamados liceus, foram criados nessa época. Além disso,
instituições de ensino superior foram criadas para suprir a demanda por
funcionários públicos e oficiais do Exército.

No ano de 1804 foi criado o Código Civil Napoleônico. Nele, todos os anseios da
burguesia foram garantidos por meio da defesa do direito a propriedade. Em
âmbitos mais gerais, a nova constituição ainda defendeu o principio de
igualdade e liberdade a todos os cidadãos franceses. Nas colônias, o pacto
colonial fora restabelecido visando claramente fomentar o desenvolvimento da
economia francesa.

Um dos mais importantes pontos da constituição, no entanto, tratava do poder


designado a Napoleão Bonaparte. De acordo com a nova lei, ele passou a ser
considerado cônsul vitalício. Com tal medida, abriram-se portas para que

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Bonaparte assumisse poderes de imperador. Naquele mesmo ano foi feito um
plebiscito que o promoveu ao cargo de imperador com o título de Napoleão I.

Nesse momento, a população francesa fazia de Napoleão uma verdadeira


unanimidade política. Sua origem popular e sua habilidade militar
personificaram o ideal revolucionário francês. Mediante as autoridades políticas
e religiosas, Napoleão legitimou seu poder com sua auto-coroação. Era o início
do Império Napoleônico.

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