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Os Autos de Devassa da Inconfidência Mineira constituem,
indiscutivelmente, a principal fonte de pesquisa para os
que estudam a história daquele levante.
Belo Horizonte
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
2016
© 2016, Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
Este livro ou parte dele, incluídos textos e imagens, pode ser reproduzido por qualquer meio, desde
que a fonte seja corretamente citada.
Secretaria
Cristiano Felix dos Santos Silva
Diretor-geral
Carlos Eduardo Ribeiro de Navarro
Secretário-geral da Mesa
ISBN 978-85-85157-51-7
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho
CEP: 30190-921 – Belo Horizonte – Minas Gerais – Telefone: +55 31 2108 7000
Edição facsimilar.
ISBN 978-85-85157-51-7 (v.1)
Nesse texto do final do século XVIII estão colhidos os testemunhos diretos do acon-
tecimento que, ocorrido em solo mineiro, antecipa o final da colonização portuguesa
na América.
O grande mérito dos autos é ter gerado várias e decisivas interpretações desse sig-
nificativo ato de irredentismo mineiro com suas marcas nacionalista e republicana,
despertando o interesse não só de nossos historiadores mas também de brasilianis-
tas da importância de Kenneth Maxwell, que, com base nesse conteúdo, procurou
explicar as circunstâncias que conduziram o próprio desenvolvimento histórico do
País.
No texto dos Autos de Devassa, os depoimentos traduzem uma ideia definitiva sobre
a personalidade e o ânimo de Tiradentes. Assim, para uma das testemunhas, José
Joaquim da Rocha, “o dito oficial era um louco de Minas que andava naquela cidade
dizendo que havia de fazer aquela terra feliz”. Já no relato de Vicente Vieira da Mota,
“foi saindo o dito alferes, dizendo que não encontrava senão homens vis, e baixos,
incapazes de uma ação heroica; porém, que havia de armar uma meada tal, que em
cem anos se não havia de desenredar”.
(...) (Ninguém que proteste! /Se fossem como ele, a alto sonho entregue!)”.
A dimensão que a leitura e o estudo deste documento representam pode ser tam-
bém percebida na observação do historiador econômico João Antônio de Paula:
“Os ‘Autos’ deixam claro que os inconfidentes tinham um projeto de nação, queriam
a independência do Brasil e pretendiam implantar o desenvolvimento das manufa-
turas, como fábricas de pólvora, tecidos e ferro, além de criar uma universidade que
seria a primeira do país”.
Portanto, a Assembleia mineira vem permitir que os fatos históricos fixados nesta
notável peça jurídica mostrem-se novamente acessíveis em páginas impressas, na
expectativa de que novas leituras e interpretações da Inconfidência se produzam.
VI
Introdução
Durante muito tempo pouco se conhecia sobre Inconfidência Mineira. Durante qua-
se todo o Império esse tema praticamente não foi abordado pelos historiadores ou
era tratado muito superficialmente.
Márcio Jardim, em A Inconfidência Mineira – Uma síntese factual (p.19), relata que
a obra de Joaquim Norberto foi um trabalho quase “encomendado” para diminuir
os impulsos republicanos crescentes na segunda metade do século XIX. Tinha o
claro objetivo preconcebido de demonstrar que Tiradentes não era o líder do movi-
mento, era um idiota e sua presença física era “repelente”.
Fez enorme sucesso o referido livro de Joaquim Norberto. Era o primeiro escrito
exclusivamente sobre o tema, já que o autor foi o único que até então teve acesso
a toda coleção original dos Autos de Devassa. Era um livro completo, com todo o
relato factual do episódio e foi festejado pela elite intelectual da época. Para se ter
VIII
uma ideia da influência negativa dessa obra basta lembrar que até os nossos dias o
livro é um dos mais conhecidos sobre a Inconfidência. Muitos autores, principalmen-
te de artigos de jornais que atingem grande público, repetem velhas falsidades nele
difundidas. Vários escritores repetiram que a Inconfidência “era um sonho de uma
noite de verão, de poetas afastados da realidade, que Tiradentes foi morto porque
era o mais pobre e sem cultura, um inocente útil”.
Na leitura dos Autos é importante ter em conta que nos interrogatórios estão sendo
ouvidos homens arrasados, tentando fazer o possível para salvarem-se a si mesmos
de uma morte cruel – esmagamento dos ossos com o réu vivo –, de acordo com a
legislação da época, como acontecera no processo recente dos revoltosos contra
Pombal.
X
Os inconfidentes conseguiram escamotear até o fim informações completas so-
bre o movimento. O processo, que durou três anos, jamais conseguiu desvendar a
real extensão da Conjura, cujas repercussões o poder temeu e procurou minimizar.
A Conjura e a Repressão
Minas Gerais, na primeira metade do século XVIII, atingiu tal grau de progresso urba-
no que poderia ser considerada uma das sociedades mais evoluídas do mundo.
O ouro fornecido pelo Brasil entre 1700 e 1770 foi o equivalente a toda a produção
de ouro do resto da América entre 1493 e 1850, e alcançou a metade do que o
resto do mundo produziu nos séculos XVI, XVII e XVIII.
Esse era o ambiente em que viviam os conjurados. Era mais que natural pensar em
um movimento libertário, que ganhou força sobretudo após a independência dos
XII
Brasil que recebera de Vendek, contendo as linhas gerais do plano de guerra dos
insurgentes e revelando o teor de toda conversa ao seu superior, o secretário de
Estado John Jay.
O plano elaborado pelo Cônego Luís Vieira da Silva contava com a ocorrência de um
fato que abalasse profundamente o povo. A ocasião seria o lançamento da Derrama
– cobrança imediata e única dos impostos sobre a extração do ouro, atrasados e
acumulados por décadas. O débito calculado era de oito toneladas, ou 21 gramas
de ouro per capita. O volume era injusto, o sistema era injusto, e os devedores eram,
em sua esmagadora maioria, inocentes. A Derrama não foi, portanto, a causa da In-
confidência, mas sim o elemento catalisador capaz de superar o temor da repressão.
O autor da estratégia militar foi o Cônego Luís Vieira da Silva. O plano era a guer-
ra de guerrilha, o mesmo usado inicialmente na Revolução Norte-Americana. O
comando-geral ficaria a cargo do Ten. Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada,
que seria declarado marechal. Tiradentes, em sua última viagem ao Rio, encarregou
diversos tropeiros de trazerem para Minas toda a pólvora e o sal que conseguissem.
O levante se daria tão logo se lançasse o decreto da Derrama. A Derrama era con-
dição essencial para o início da rebelião. Tiradentes, com um pequeno número de
militares, iria ao Palácio de Cachoeira do Campo, fracamente defendido, renderia
a guarda e prenderia o governador e sua família. Ali mesmo o Visconde de Barba-
cena seria decapitado, e sua cabeça seria mostrada ao povo em praça pública, em
Vila Rica. Nesse mesmo dia deveriam ter vindo do interior, das diversas comarcas,
os líderes com suas tropas, previamente avisados por carta enviada pelo Ten. Cel.
Freire de Andrade com a senha “Tal é o dia do batizado”. Esperar-se-ia a eclosão
do movimento no Rio de Janeiro e nas outras capitanias. A bandeira, criada por Tira-
dentes, continha três triângulos concêntricos com as cores azul, branco e vermelho
XIV
e era adornada com o dístico Libertas Quae Sera Tamen, sugerido por Alvarenga
Peixoto, em latim capenga.
No Rio de Janeiro, Tiradentes falou a diversos oficiais e reuniu-se várias vezes com
partidários do levante. No final de abril ou início de maio, Joaquim Silvério dos Reis
foi ao Rio repetir a denúncia ao vice-rei, por ordem do governador Visconde de
Barbacena.
Na primeira semana de maio, Tiradentes percebe que está sendo seguido por milita-
res disfarçados e resolve fugir, voltando para Minas. Antes, procurou pessoalmente
o vice-rei para saber o motivo pelo qual estava sendo seguido. Pela resposta saberia
da gravidade do motivo. Intimamente ainda acreditava que a conspiração continua-
va em segredo.
Pediria ao vice-rei autorização para retornar a Minas. Por precaução com a possi-
bilidade de negativa, mandou dois escravos ao Rio Piabanha, onde atravessaria de
canoa as serras limítrofes de Minas e Rio. Cometeu, porém, o erro de ter revelado
isso ao próprio Silvério dos Reis.
O vice-rei desconversou. Elogiou Tiradentes, dizendo que ele era querido no Rio e
que ficasse sem sobressaltos. Mas continuou a mandar seguir seus passos, agora
de maneira visível. Tiradentes conseguiu despistar seus seguidores e, desesperado,
se deu conta da situação. Sem sua presença em Minas, era bem provável que o Ten.
Cel. Francisco de Paula não tivesse ânimo de deflagar a revolta. Escondendo-se
de casa em casa, dizia a si mesmo repetidamente “ah! se eu me apanhasse em
Minas!”.
Tiradentes consegue abrigo numa casa, por intermédio do Padre Inácio Nogueira
XVI
Lima, em 7 de maio. No dia 8, acuado e sem ponto de contato, pediu ao Padre Iná-
cio que fosse procurar alguém para obter informações sobre a situação. Para isso,
indicou o amigo Silvério dos Reis. Padre Inácio desconfia de Silvério e não lhe dá o
endereço onde estava Tiradentes. Em 10 de maio, o Padre Inácio foi preso e levado
ao vice-rei. Nega conhecer o paradeiro de Tiradentes, mas violentamente torturado,
indica então a casa onde ele se escondia.
Tiradentes foi preso no dia 10 de maio de 1789, num quarto de sótão, com um
bacamarte carregado de chumbo e com a escova pronta para o disparo. No dia
seguinte sofreu o primeiro de 11 interrogatórios. Visivelmente surpreendido, foi aca-
reado com seu colega de conspiração Silvério dos Reis e então soube o que tinha
acontecido.
Três anos durou o processo e a prisão dos inconfidentes. No dia 19 de abril de 1792
foi lida para eles a sentença condenando à forca Tiradentes, Freire de Andrada, Álva-
res Maciel, Alvarenga Peixoto, Abreu Vieira, Oliveira Lopes e Luiz Vaz, que deveriam
ser esquartejados após o enforcamento. A Amaral Gurgel, os Rezende Costa, pai e
filho, e Domingos Vidal seria dada apenas a forca, permitido o sepultamento. Aos
demais, o degredo. Vitoriano Veloso, além do degredo perpétuo, ganhou a pena
adicional de dar três voltas ao redor da forca porque era mulato. Todos tiveram
declarados infames filhos e netos, incluindo Cláudio Manoel, que já morrera. Contra
os religiosos nada se leu, pois a ordem era manter secretas suas penas.
Tiradentes recebeu com serenidade a sua sentença. Deu parabéns aos outros com
“ar sincero e moderado”. Ao seu padre e confessor disse “que agora morreria cheio
de prazer, pois não levava consigo tantos infelizes a quem contaminara. Que isso
mesmo intentara sempre que levado à presença dos ministros, pois sempre lhes
pedira que fizessem dele só a vítima da lei”.
Entre 8 e 9 horas da manhã partiu da cadeia pública a pé, ladeado por nove padres
e a tropa do vice-rei, sob os olhares da população, para execução no Largo da Lam-
padosa, onde hoje é o Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.
XVIII
AUTOS DE
DEVASSA DA
INCONFIDÊNCIA
MINEIRA
.J
C Â M A R A D O S D E P U TA D O S
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
A U T O S D E D E VA S S A
DA
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Volume 1
Aí fomos criados.
— 12 —
Era dever do Poder Legislativo, portanto, comemorar
seu Sesquicentenário e o da Independência com a memória
de suas origens. Em linguagem vulgar, sem dúvida, pois nos
compete falar como povo, pelo povo. Os Autos de Devassa
GD,QFRQ¿GrQFLD0LQHLUDQRVDSUHVHQWDPj1DomR
É com orgulho, pois, que nos associamos ao Governo de
Minas Gerais para dar ao Povo Brasileiro esta edição do do-
cumento mais importante da formação cultural do país: o
testemunho da liberdade no cárcere, selado com as partes
GH 7LUDGHQWHV ¿QFDGDV HP &HERODV %DUEDFHQD 4XHOX] H 9DU
ginha do Lourenço. A cabeça heróica engaiolada na Praça de
Vila Rica. O coração e entranhas enterrados na capital do
Estado do Brasil.
Mas o ideal que surge, semeado em cada coração, ul-
WUDSDVVD IURQWHLUDV )RL p H VHUi VRQKR 6RQKR TXH GLJQL¿FD
as lutas, que perdoa os que não têm forças para os grandes sa-
crifícios, mas sobretudo exalta os que, pelo acerto das con-
vicções, merecem o reconhecimento da História.
Brasília, 1974.
FLÁVIO MARCÍLIO
Presidente da Câmara dos Deputados
III — VIGÍLIA CÍVICA
RONDON PACHECO
IV — INTRODUÇÃO HISTÓRICA
1 — Origens da iniciativa
2 — A Conjuração Mineira
A importância da Conjuração Mineira no processo de
preparação de nossa emancipação política não pode mais
ser contestada. Infelizmente ainda se encontra de vez em
quando quem procure subestimar o movimento de 1789, qua-
lificando-o de simples “conspiração de poetas”.
6 — Novos Volumes
7 — Seqüestros
8 — Agradecimentos
7UDQVFULWD GD O HGLomR UHDOL]DGD SHOR 0LQLVWpULR GH (GXFDomR H 6D~GH
VHQGR0LQLVWURR'U*XVWDYR&DSDQHPD
&XPSUH REVHUYDU TXH WDPEpP D HGLomR GH QmR REHGHFH DR ³QH
FHVViULR PpWRGR FURQROyJLFR´ $ 'HYDVVD GH 0LQDV *HUDLV SRU H[HPSOR
iniciada em junho de 1789 precede a do Rio de Janeiro que se originou da
Portaria de 7 de maio do referido ano, assinada pelo Vice-Rei Luís de
9DVFRQFHORVH6RXVD+*0
— 68 —
destacar as figuras principais do grande quadro, dar-lhes
maior relevo em prejuízo das outras, que foram relegadas
para planos inferiores.
Sem embargo das deficiências apontadas, não se pode
deixar de reconhecer o bom préstimo de tais documentos
para aqueles estudiosos que, por quaisquer circunstâncias,
estiveram privados da consulta aos arquivos onde se encon-
tram os originais. Por esse serviço bem mereceram os edi-
tores o agradecimento de quantos até hoje tiveram de tratar
em livros, conferências ou artigos de jornais desse magno
tema, que é a malograda conjuração de Vila Rica.
Dos documentos das devassas instauradas para conhe-
cer do levante projetado, acham-se no Arquivo Nacional
sete códices, cuja matéria está assim distribuída:
2 $UTXLYR 1DFLRQDO WHP VHXV GRFXPHQWRV VRE D GHQRPLQDomR GH &yGLFH Q
HQFDGHUQDGRV HP YROXPHV 1D %LEOLRWHFD 1DFLRQDO H[LVWH DSHQDV R
SULPHLUR GRV FyGLFHV FLWDGRV 2 VHJXQGR TXH FRQWpP DV ~OWLPDV SHoDV
processuais, com os documentos originais em que se incluem os acórdãos
GH $OoDGD H D GHIHVD GRV UpXV IRL WUDQVIHULGR SDUD R 0XVHX GD ,QFRQ¿
GrQFLDRQGHVHHQFRQWUDH[SRVWR+*0
— 69 —
qualquer encarecimento, e sua publicação completa é uma
necessidade que há muito se impõe, não só para poupá-los
aos insultos do tempo, como principalmente para levá-los
ao conhecimento dos brasileiros estudiosos da História Pátria.
É, neste sentido, uma obra de cultura e de esclarecido patrio-
tismo, essa que em boa hora entendeu de executar o ilus-
trado Sr. Dr. Gustavo Capanema, Digníssimo Ministro da
Educação e Saúde Pública, encarregando-a à Biblioteca Na-
cional do Rio de Janeiro.
Conterá a coleção de oito a dez volumes, de cerca de
quinhentas páginas cada um, com os “fac-similes” de alguns
documentos e de assinaturas que forem necessários- Da cópia
SDOHRJUi¿FD LQFXPELUVHi R HPpULWR SDOHyJUDIR 6U 0DQXHO
$OYHV GH 6RXVD TXH FRQWD HP VHX H¿FLHQWH DWLYR PXLWR PDLV
de uma centena de trabalhos do gênero (1).
O presente volume encerra toda a matéria do primeiro
códice original da devassa, que se divide em três partes.
Da primeira constam as denúncias: de Joaquim Silvério dos
Reis, Coronel de Cavalaria dos Campos Gerais; de Basílio
de Brito Malheiro do Lago, Tenente-Coronel do l.º Regi-
mento de Paracatu; de Inácio Correia Pamplona, Mestre-de-
-Campo Regente; de Francisco de Paula Freire de Andra-
de (2) Coronel de São João del-Rei; e de Domingos de
Abreu Vieira, Tenente-Coronel. Nela se encontram também
DOJXPDV FDUWDV H RXWURV SDSpLV DSUHHQGLGRV DRV ,QFRQ¿GHQWHV
ofícios do Visconde de Barbacena, com as ordens para ins-
tauração e marcha do processo, e os termos de inquirição
de setenta e oito testemunhas, entre as quais se contam
alguns dos delatores.
(1) 2 DXWRU GR SUHIiFLR HQJDQRXVH QD SUHYLVmR SRLV D REUD VDLX DSHQDV HP
YROXPHVQHQKXPGRVTXDLVDWLQJLXSiJLQDV+*0
(2) Francisco de Paula Freire de Andrada, e não Andrade como foi publicado,
QmR HUD &RURQHO GH 6mR -RmR GHO5HL &RPDQGDYD R 5HJLPHQWR GH &DYDODULD
3DJD RX GH /LQKD GD &DSLWDQLD GH 0LQDV *HUDLV (P YHUGDGH SRU ODSVR
WLSRJUi¿FR VDOWDUDP R WtWXOR GH )UHLUH GH $QGUDGD H R QRPH GH )UDQFLVFR
$QW{QLR GH 2OLYHLUD /RSHV HVWH VLP &RURQHO GH 6mR -RmR GHO5HL +*0 ²
TJBO)
— 70 —
A segunda parte é constituída pelos autos de seqües-
tros feitos aos denunciados: terras de cultura, sesmarias,
lavras minerais, escravos, instrumentos agrícolas e minera-
ção, engenhos, utensílios de fabrico de açúcar e aguardente,
carros, animais de tração, louças, prataria e toda espécie de
objetos mesmo de uso pessoal dos acusados. A Salvador
Carvalho do Amaral Gurgel foi apreendido seu estojo da
arte de cirurgia, de que usava, e que reclamou nas vésperas
de seu embarque para o degredo, alegando que lhe era ne-
cessário “para socorro de sua sustentação, usar da mesma
arte, visto que vai para uma terra estranha”. Entre esses
autos se acham os de seqüestro das livrarias do Cônego da
Sé de Mariana Luís Vieira da Silva, que constava de 270
obras, com perto de 1.000 volumes; e de Inácio José de Alva-
renga, 61 obras, em l04 volumes. O catálogo dos livros se-
qüestrados ao Cônego Vieira da Silva foi publicado pelo
Barão Homem de Mello na “Revista do Instituto Histórico,
tomo LXIV, parte 1.ª, pág. 154/158”; mas há nesse catálogo,
além de diversos títulos incompletos de obras, omissão de
8 obras em 14 volumes, bem como a falta dos preços da
DYDOLDomR QR LWHP ¿QDO GR LQYHQWiULR TXH PHQFLRQD
“vinte quatro livros ingleses, vinte quatro volumes em oita-
vo”, o barão reduziu de um o número desses livros.
Finalmente, a terceira parte da devassa é formada
pelos “traslados dos seqüestros” que de mais acresceram,
para servirem de adicionamento aos autos respectivos, que
foram apensos à devassa (1).
¬V SV GR SUHVHQWH YROXPH R HVFULYmR FHUWL¿FD
que estão apensos à devassa os autos de perguntas feitas
ao Tenente-Coronel Domingos de Abreu Vieira, ao Coronel
Francisco Antônio de Oliveira Lopes, ao Sargento-Mor Luís
t 2V VHTHVWURV IRUDP WUDVODGDGRV SDUD MXQWDGD jV 'HYDVVDV 2V $XWRV
de Execução dos Seqüestros tiveram encaminhamento independentes e a maior
SDUWH GHOHV VH HQFRQWUD QR DUTXLYR GR ,QVWLWXWR +LVWyULFR H *HRJUi¿FR %UDVL
leiro, no Rio de Janeiro (HGM)
— 71 —
Vaz de Toledo Piza, ao Bacharel Cláudio Manuel da Costa (1)
e ao irlandês Nicolau Jorge, aos escravos Alexandre pardo,
Francisco crioulo, e Joaquim nagô, os quais não ocorrem no
SULPHLUR YROXPH GD LQTXLULomR ² 'HYDVVD GD ,QFRQ¿GrQFLD
O mesmo acontece com o auto de testemunhas familiares
da casa do Desembargador Thomás Antônio Gonzaga e com
os autos de confrontação das testemunhas João Dias da Motta,
Joaquim José dos Passos, Padre José Lopes de Oliveira e
Coronel José Ayres Gomes, e desse Coronel com o Padre
0DQRHO 5RGULJXHV GD &RVWD 1D PHVPD FHUWLGmR D¿UPDVH
estar junta aos Autos uma “carta ou informação do Sargen-
to-Mor Antônio José Coelho com os seus respectivos documen-
tos inclusos”. Tais papéis também não são encontrados no
citado volume primeiro da devassa.
2 ³$XWR GH 3HUJXQWDV IHLWDV DR %DFKDUHO &OiXGLR 0DQXHO GD &RVWD´ TXH
¿JXUDYD HP DSHQVR QD 'HYDVVD GH 0LQDV *HUDLV VRE R Q GHVDSDUH
FHX EHP FRPR R YROXPH LQWLWXODGR ³5HFXHLO GHV /R\ &RQVWLWXWLYHV GHV
Colonies Angloises confèdèrèes sous la dènomination D’ÉTATS-UNIS d’Amèri-
TXH 6HSWHQWULRQDWH´ LPSUHVVR QD 6XtoD (VWH OLYUR IRL GRDGR j %LEOLRWHFD GD
Cidade do Desterro (Florianópolis), em Santa Catarina, pelo historiador
$OH[DQGUH GH 0HOR 0RUDLV 6DOYRXVH FRQWXGR D WUDQVFULomR GR GHSRLPHQWR
do poeta por ter sido publicado pelo próprio Melo Morais e — também na
LQWURGXomR jV 2EUDV &RPSOHWDV GH &OiXGLR 0DQRHO GD &RVWD RUJDQL]DGD SRU
-RmR5LEHLUR+*0
— 72 —
a continuar ali a outra devassa que tinha sido iniciada no
Rio de Janeiro? ( 1 )
Outros documentos enumerados na aludida certidão
não se encontram do mesmo modo neste volume, como, por
exemplo, os autos de acareação de testemunhas, uma certi-
dão por onde consta o falecimento de Francisco José de Melo
e o sumário de testemunhas a que se procedeu para averi-
guação desse fato.
Documentos referentes aos padres inconfidentes, que
deviam constar do processo, muitos deles não se encontram
apensos aos autos: teriam sido avocados ao juízo eclesiásti-
co, como se deduz do fato de não existirem nos mesmos
autos os papéis que o escrivão menciona como apensos ( 2 ) .
Com a publicação dos volumes subseqüentes esses fatos
serão melhor esclarecidos ( 3 ) .
Rodolfo de Garcia
Diretor
9LHUDPTXDVHWRGRVGHIDWRQRVYROXPHVSXEOLFDGRVDVHJXLU+*0
$ FRQFOXVmR D TXH VH FKHJD r TXH R 'LUHWRU GD %LEOLRWHFD 1DFLRQDO QmR WLQKD
ao iniciar-se a publicação dos Autos de Devassa, uma visão de conjunto do
PDWHULDOTXHGHYHULDVHULPSUHVVR+*0
ESCLARECIMENTO
Resolve:
23UHVLGHQWHGD5HS~EOLFDGHFUHWD
$UW²5HYRJDPVHDVGLVSRVLo}HVHPFRQWUiULR
5LR GH -DQHLUR GH GH]HPEUR GH GD ,Q
GHSHQGrQFLDHGD5HS~EOLFD
Getúlio Vargas
Gustavo Capanema
'LiULR2¿FLDOGHGHGH]HPEURGHS
ATA DA CERIMÔNIA DE DEPOSIÇÃO DOS
DESPOJOS DOS INCONFIDENTES
$RV YLQWH H XP GLDV GR PrV GH DEULO GR DQR GR
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil novecen-
tos e quarenta e dois (1942), às quatorze horas (14), no Mu-
VHX GD ,QFRQ¿GrQFLD HP VDOD HVSHFLDOPHQWH SUHSDUDGD H
HP VROHQLGDGH SUHVLGLGD SRU 6XD ([FHOrQFLD 5HYHUHQGtVVL
ma o Senhor Dom Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo
de Mariana, foram, após sua trasladação da Matriz de
Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, depostas nos
MD]LJRV GH¿QLWLYRV TXH OKHV IRUDP GHVWLQDGRV DV XUQDV FRQ
WHQGR RV GHVSRMRV UHSDWULDGRV GH ÈIULFD GRV ,QFRQ¿GHQWHV
José Álvares Maciel, Francisco de Paula Freire de Andra-
GD ,QiFLR -RVp GH $OYDUHQJD 3HL[RWR )UDQFLVFR $QW{QLR GH
Oliveira Lopes, Luís Vaz de Toledo Pisa, Domingos de Abreu
9LHLUD 7RPiV $QW{QLR *RQ]DJD 6DOYDGRU GR $PDUDO *XU
gel, José Aires Gomes, Antônio de Oliveira Lopes, Vicente
Vieira da Mota, João da Costa Rodrigues e Vitoriano Gon-
oDOYHV 9HORVR 'R TXH SDUD FRQVWDU HX %ROLYDU 'XDUWH (V
FULYmR GH 3D] H 2¿FLDO GR 5HJLVWUR &LYLO GD ]RQD GH $QW{QLR
'LDV VHJXQGD GD &LGDGH GH 2XUR 3UHWR ODYUHL D SUH
sente ata que, depois de lida em voz alta, vai por todos
DVVLQDGD
DECLARAÇÃO
23UHVLGHQWHGD5HS~EOLFD
H . Castelo Branco
Juracy Magalhães
Paulo Bosísio
Arthur da Costa e Silva
Octávio Bulhões
Newton Tornagui
N e y Braga
Flávio Lacerda
Eduardo Gomes
Raymundo Brito
Walter Peracchi Barcellos
Mauro Thibau
Roberto de Oliveira Campos
Oswaldo Cordeiro de Farias
'LiULR2¿FLDOGHGHGH]HPEURGH
'(&5(721GHGHDEULOGH
H . Castelo Branco
Mem de Sá
AUTOS DE DEVASSA
DA
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
A) CORPO DE DELITO
Escrivão
(1) O Bacharel José Caetano César Manitti fora nomeado para exercer a ouvidoria
GH 6DEDUi SRU GHFUHWR GD 5DLQKD ' 0DULD , GH GH IHYHUHLUR GH
1R PHVPR GRFXPHQWR FRQVWDYD D QRPHDomR GH 7RPiV $QW{QLR *RQ]DJD
SDUD D RXYLGRULD GH 9LOD 5LFD 9LDMDUDP MXQWRV GH /LVERD SDUD R 5LR
GH -DQHLUR 'HL[DUDP DTXHOD FLGDGH QR QDYLR 'LDQD D GH DJRVWR GH
H FKHJDUDP DR 5LR GH -DQHLUR D GH RXWXEUR GR PHVPR DQR 7RPiV
Antônio Gonzaga tomou posse do cargo, em Vila Rica, a 12 de dezembro
GH+*0
2 — AUTO DE CORPO DE DELITO (1)
(P GDWDV SRVWHULRUHV D HVWH $XWR IRUDP MXQWDGDV RXWUDV FDUWDV GH GHQ~QFLD
¿UPDGDV SRU 7WH&HO )UDQFLVFR GH 3DXOD )UHLUH GH $QGUDGD 9LOD 5LFD
GH PDLR GH &RURQHO )UDQFLVFR $QW{QLR GH 2OLYHLUD /RSHV GH
PDLR GH 7WH&HO 'RPLQJRV GH $EUHX 9LHLUD 9LOD 5LFD GH
PDLR GH )ORUrQFLR -RVp )HUUHLUD GH MXQKR GH $QW{QLR GH
$IRQVHFD 3HVWDQD 9LOD GH 6mR -RVp GH MXQKR GH -RVp GH 5HVHQGH
&RVWD ² SDL H ¿OKR &DPSRV *HUDLV GD /DMH GH MXQKR GH 'RPLQ
JRV 9LGDO GH %DUERVD /DMH 9LOD 5LFD GH MXQKR GH $OIHUHV
-HU{QLPR GH &DVWUR H 6RXVD GH PDLR GH (VVH ~OWLPR HUD VROGDGR
HP MDQHLUR GH TXDQGR -RDTXLP -RVp GD 6LOYD ;DYLHU Mi HUD $OIHUHV
SRVWR DOLiV HP TXH HVWH KDYLD VHQWDGR SUDoD HP GH GH]HPEUR GH +*0
— 90 —
VH MXQWDPHQWH QHODV DOJXQV GRV F~PSOLFHV TXH LQWHUYLQKDP
QD UHIHULGD FRQIHGHUDomR DV TXDLV FDUWDV H PDLV SDSpLV MXQWRV
¿FDP VHUYLQGR GH FRUSR GH GHOLWR TXH QDV PHVPDV VH IH] SDUD
a Devassa a que manda proceder o dito Ilustríssimo e Exce-
lentíssimo Senhor General pela sua Portaria ao diante jun-
WD GDWDGD GH GR]H GR FRUUHQWH PrV GR TXH WXGR SDUD DVVLP
constar, mandou ele referido Ministro formar este auto, em
que assinou comigo o Bacharel José Caetano César Manitti, Es-
FULYmRQRPHDGRTXHRHVFUHYLHDVVLQHL
,OPRH([PR6U9LVFRQGHGH%DUEDFHQD
%RUGDGR&DPSRGHDEULOGH
,OPRH([PR6U9LVFRQGH*HQHUDO
-RVp -RDTXLP GD 5RFKD DOpP GH QRWiYHO FDUWyJUDIR IRL R DXWRU GH DOJXPDV
PRQRJUD¿DV VREUH D &DSLWDQLD GH 0LQDV *HUDLV HQWUH HODV D 0HPyULD +LV
WyULFD GD &DSLWDQLD GH 0LQDV *HUDLV 5$30 -- 5RFKD DSDUHFH
nos Autos como tendo assistido, na ópera do Rio de Janeiro, a uma assuada
de descontentamento contra Tiradentes, por seus projetos de abastecimento de
iJXD H WDPEpP FRPR IRUQHFHGRU GH LQIRUPDo}HV HVWDWtVWLFDV VREUH D &DSL
WDQLD GDV TXDLV 7LUDGHQWHV VH YDOLD HP VXD SURSDJDQGD GD ,QFRQ¿GrQFLD
6HULD D UHIHULGD 0HPyULD UHGLJLGD HP -RVp -RDTXLP GD 5RFKD R
velho) nasceu em Portugal em 1749, vindo para Minas em 1770 aproxima-
GDPHQWH (P HUD FDER GR 5HJLPHQWR GH &DYDODULD 5HJXODU QR TXDO
7LUDGHQWHV HUD R¿FLDO DOIHUHV 1R DQR VHJXLQWH QDVFLD VHX KRP{QLPR -RVp
-RDTXLP GD 5RFKD R PRoR ¿OKR GH ' /XtVD 0DFLHO GD &RVWD ,, HP
0DULDQD KRPHP TXH VH GHVWDFDULD QD ,QGHSHQGrQFLD H KRQUDULD VREUHPRGR D
GLSORPDFLDEUDVLOHLUDQR,PSpULR7-%2
,QYHUVmRGHQRPHPXLWRFRPXPPHVPRHQWUHHVWXGLRVRVGRDVVXQWR+*0
— 97 —
PHX kQLPR PDV Oi HVWi D PmR GH 'HXV´ ² H VH ¿FDYD H
depois me disse o Morais, à porta do tal Rocha indo eu
SDVVDQGR GH FDPLQKR HVWDV SDODYUDV ³R 7LUDGHQWHV DQGD
PRUWR SRU ID]HU XP OHYDQWH´ H FRPR HX Mi OHYR GLWR TXH
GHVFRQ¿DYD GR 7LUDGHQWHV H SRUTXH GH QDWXUH]D DERPLQR
tudo o que é traição, seja contra quem for, quanto mais em
matéria tão circunstancial, repreendi o Morais, e lhe disse
que semelhantes palavras ninguém as proferia, que eu as
QmR TXHULD RXYLU VXVSHQGHXVH R 0RUDLV H HX IXL DQGDQGR H
QmR VRXEH PDLV FRXVD DOJXPD PDV ¿TXHL FRP XPD GHVFRQ
¿DQoD PXLWR JUDQGH PDLRUPHQWH SRUTXH VHPSUH FRQKHFL
desde que vim para a América, nos nacionais dela, interno
GHVHMR GH VH VDFXGLUHP IRUD GD REHGLrQFLD TXH GHYHP SUHVWDU
os seus legítimos Soberanos, mas antes patenteiam uma in-
WHULRU YRQWDGH GH ID]HUHP GR %UDVLO XPD UHS~EOLFD OLYUH
DVVLP FRPR ¿]HUDP RV $PHULFDQRV ,QJOHVHV HP FXMD
PDWpULD Mi FRQYHUVDP FRP PXLWR SRXFD FDXWHOD DOJXPDV
pessoas mal intencionadas e que desejam dar princípio a
XPD VHGLomR GD TXDO GHVFRQ¿HL PDLV GDt D SRXFRV GLDV GH
SRLV TXH R 0RUDLV PH GHFODURX R TXH Mi GLVVH SRU GL]HUPH
WDPEpP R 'RXWRU -RmR GH $UD~MR PRUDGRU QR 5LR GDV
0RUWHV PRVWUDQGRVH PDO DIHWR D 9 ([FLD GL]HQGR HX DR
dito doutor, por ter alguma amizade com ele, que nunca
era bom queixar-se ninguém do governador, principalmente
nestas conquistas onde o Rei lhes dava amplos poderes, me
respondeu com bastante paixão que este havia de ser o go-
YHUQDGRU PDLV GHVJUDoDGR TXH WHP YLQGR jV 0LQDV H PR
UHSHWLX GXDV RX WUrV YH]HV H GLVIDUoDQGR HX TXH QmR HQ
tendia porque ele o dizia, lhe respondi genericamente que um
(1) $ UHS~EOLFD GRV (VWDGRV 8QLGRV GD $PpULFD 6HWHQWULRQDO UHFRQKHFLGD SHOD
,QJODWHUUD HP IRL LJXDOPHQWH UHFRQKHFLGD SRU 3RUWXJDO HP
Não obstante, ainda continuou a ser conhecida como América Inglesa nos
DQRVVXEVHTHQWHV7-%2
(2) %DFKDUHO -RmR GH $UD~MR H 2OLYHLUD Q 3RUWXJDO GLSORPDGR HP /HLV
QD 8QLYHUVLGDGH GH &RLPEUD HP DSUR[ UHVLGLD HP 6mR -RmR GHO5HL
onde advogava, tinha fazenda e servia de cobrador de um dos contratos da
-XQWD GD 5HDO )D]HQGD )RL SUHVR H UHPHWLGR SDUD 9LOD 5LFD HP
SHOR 7HQ $QW{QLR -RVp 'LDV &RHOKR (VFDSRX j LQFULPLQDomR GH ,QFRQ
¿GHQWH7-%2
— 98 —
governador das Capitanias do Brasil nada tinha que temer,
SRUTXH HO5HL RV PDQGDYD SDUD Fi SDUD ID]HUHP DV VXDV YH]HV
e que se uma pessoa sem alguma instrução dissesse isso, me
não admirava, mas a ele, que lhe estranhava muito dizer se-
PHOKDQWH ORXFXUD H FRPR YLX HX QmR UHFHEL JRVWRVR D VXD
H[SUHVVmR GLVIDUoRX FRP SUHWH[WRV PXLWR IUtYRORV FRP LVWR
PDLV PH FDSDFLWHL TXH Mi D VHGLomR GR 7LUDGHQWHV DQGDYD
por muitas mãos, do que com facilidade me desenganei
SRUTXH Mi VH RXYLD jV SHVVRDV GD ~OWLPD FODVVH GD JHQWH
desta terra, como são os negros e mulatos, que estava para
KDYHU XP OHYDQWH GH IRUPD TXH HQWUDQGR HX HP XPD
noite, seriam dez horas, pela porta da sala da Estalagem das
Cabeças onde assisto, logo assim que entrei, estando a sala
FRP EDVWDQWH JHQWH PH GLVVH XP PRoR TXH HVWi QD PHVPD
estalagem, o qual tinha vindo do Rio das Mortes para sen-
íar praça de soldado de cavalo e se chama José Joaquim de
2OLYHLUD IRUPDLV SDODYUDV ³6DEH TXH PDLV 6HQKRU
7HQHQWH&RURQHO DTXL GLVVHUDP KRMH TXH HVWi SDUD KDYHU XP
OHYDQWH QDV 0LQDV´ EHP FRQKHFL HX TXH DTXHOH PRoR R
dizia materialmente, por o fazer sem cautela alguma, mas
FRPR D PLQKD GHVFRQ¿DQoD Mi HUD PXLWR JUDQGH QmR OKH
UHVSRQGL PDLV GR TXH ³6y VH IRU XP OHYDQWH GH SXWDV´ H
fui entrando para o meu quarto e nunca mais lhe perguntei
SRU VHPHOKDQWH PDWpULD 'HSRLV GLVWR WDPEpP RXYL QD
mesma Estalagem, andando a passear na varanda, dela, a um
mulato do Serro Frio chamado Crispiano (3) que estava con-
versando com outro mulato por nome Raimundo Correia
(4) que é major do Regimento dos Pardos do Tejuco e lhe
(2) José Joaquim de Oliveira foi inquirido a 25-0G-1789 em Vila Rica, como
WHVWHPXQKD7-%2
(4) 5DLPXQGR &RUUHLD /RER DFDUHDGR FRP 6DOYDGRU & $ *XUJHO QD &DGHLD GH
9LOD5LFDHP7-%2
— 99 —
GLVVH R WDO &ULVSLDQR TXH Mi GHVWD 9LOD VH WLQKD HVFULWR SDUD
6 3DXOR SDUD TXH Oi VH OHYDQWDVVHP H QmR SDJDVVHP RV
Gt]LPRV H FRPR HX IXJLD GH VHPHOKDQWHV FRQYHUVDV QmR DYH
ULJXHL PDLV FLUFXQVWkQFLD DOJXPD H FRPR YLD IDODU WDLV
FRXVDV Mi FRP HVWD OLEHUGDGH SDUHFLDPH LPSRVVtYHO TXH 9
([FLD R QmR VRXEHVVH PDV FRPR QmR YLD GHPRQVWUDomR DO
gumas vezes ao falar nos meus particulares, disfarçada-
mente dizia ao Ajudante de Ordens, o Tenente-Coronel Fran-
cisco Antônio Rebelo (1), que as Minas não estavam boas, que
HUD SUHFLVR 6XD ([FLD LQIRUPDUVH H TXH Vy FRP DJUDGRV
QmR VH JRYHUQDYDP RV SRYRV GH 0LQDV (X MXOJDYD TXH R GLWR
Ajudante muito bem me percebia, mas disfarçava dizendo-
PH ³GHL[H HVWDU R 6HQKRU 9LVFRQGH TXH PXLWRV VH HQJDQDP
FRP HOH JXDUGHVH DOJXP TXH HOH OKH QmR VHQWH D HVSDGD´
0DV FDGD YH] GHVFRQ¿DYD HX PDLV TXH LD WRPDQGR PDLRU FRU
po o congresso: porque ouvi dizer, mais de uma vez, ao
&RURQHO ,QiFLR -RVp GH $OYDUHQJD HP FDVD GR 7HQHQWH&RUR
QHO -RVp 3HUHLUD 0DUTXHV IDODQGRVH GD GHFDGrQFLD GDV
9LFHQWH 9LHLUD GD 0RWD Q 3RUWR I 5LR GH 6HQD DSUR[
FDL[HLUR GH -RmR 5RGULJXHV GH 0DFHGR H FDSLWmR GH DX[LOLDUHV /DUJD
mente relacionado por força de seu cargo, é franco disseminador dos ideais
LQFRQ¿GHQWHV HQFREULQGR D ¿JXUD GR FRQWUDWDGRU 6y IRL SUHVR SRU RUGHP
GD $OoDGD HP DR 'HV 0DQLWWL 6HJXLX FRP *RQ]DJD SDUD 0R
oDPELTXH QDX 3ULQFHVD GH 3RUWXJDO 6HUYLUD GXUDQWH RQ]H
DQRVD-RmR5RGULJXHVGH0DFHGR7-%2
&{QHJR /XtV 9LHLUD GD 6LOYD Q 6ROHGDGH DWXDO /RER /HLWH 0*
RQGH SURYDYHOPHQWH IDOHFHX REVFXUDPHQWH GHSRLV GH +DELOLWRXVH GH
JrQHUH QR 6HPLQiULR GH 0DULDQD (VWXGRX FRP RV -HVXtWDV
)LORVR¿D H 7HRORJLD 0RUDO 6mR 3DXOR 2UGHQRXVH HP 0DULDQD
RQGH OHFLRQRX ¿ORVR¿D GH D 6iELR H JUDQGH RUDGRU VDFUR
3UHVR HP 0DULDQD FRPR ,QFRQ¿GHQWH HP IRL WUDQVIHULGR SDUD
VHJUHGR QD &DVD GRV &RQWRV HP (IHWXRX D SULVmR R $MXGDQWH GH
2UGHQV $QW{QLR ;DYLHU GH 5HVHQGH 7UDQVIHULGR SDUD R 5LR VRE HVFROWD GR
7HQ 0LJXHO 1XQHV 9LGLJDO HP FKHJDQGR DR GHVWLQR D
FRP 'RPLQJRV GH $EUHX 9LHLUD H /XtV 9D] GH 7ROHGR )RL VHQWHQFLDGR D
GHJUHGR SHUSpWXR H FRQ¿VFR WRWDO SDUWLQGR SDUD /LVERD FRP RV GHPDLV HFOHVLiV
WLFRV IUDJDWD *RO¿QKR /LEHUWDGR HP UHJUHVVRX DR %UDVLO
morrendo pouco tempo depois (1806-1807), supostamente em Angra dos
5HLV RX 3DUDWL 7-%2 2 $OPDQDFN GH /LVERD ² UHJLVWUD HP 3RUWXJDO
XP KRP{QLPR DR TXH SDUHFH SRLV R ,QFRQ¿GHQWH FRQWDULD HQWmR DQRV GH
LGDGH+*0
— 101 —
TXH QyV IDODUHPRV´ 3DVVRX DOJXP WHPSR H LQGR HX SDUD
IDODU FRP 9RVVD ([FHOrQFLD QDV PHVPDV GHSHQGrQFLDV DQWHV
de lhe falar, falou comigo Francisco Antônio Rebelo e me
GLVVH TXH 9RVVD ([FHOrQFLD ORJR PH YLQKD IDODU H TXH DQWHV
de eu lhe falar nos meus particulares, que lhe declarasse tudo
R TXH VRXEHVVH HP PDWpULD GH UHEHOLmR R TXH HX DVVLP ¿]
GHFODUDQGR D 9RVVD ([FHOrQFLD SRXFR PDLV RX PHQRV WXGR R
TXH H[SRQKR QHVWH SDSHO H SHUJXQWDQGRPH 9RVVD ([FH
OrQFLD VH HX GHVFRQ¿DYD GH PDLV DOJXPDV SHVVRDV TXH DSH
teciam a revolta, se eu sabia onde se ajuntavam a conversar
QHVVDV FRLVDV UHVSRQGL D 9RVVD ([FHOrQFLD TXH WRGRV RV QD
cionais desta terra a desejavam, e que também se lhes uni-
UDP DOJXQV ¿OKRV GH 3RUWXJDO GHVWHV TXH QmR WHP PRGR GH
YLGD H TXH PH SDUHFLD RQGH ID]LDP RV VHXV DMXQWDPHQWRV
D IDODU QD PDWpULD HUD HP FDVD GR 'U &OiXGLR 0DQRHO GD
&RVWD H GR 'U 7RPiV $QW{QLR *RQ]DJD TXH IRL RXYLGRU
GHVWD &RPDUFD H SHUJXQWDQGRPH PDLV 9RVVD ([FHOrQFLD
se eu, por casa deles, não lhes tinha pescado alguma coisa,
OKH UHVSRQGL TXH VHQGR HX DPLJR GR &OiXGLR GHVWD YH]
que vim a Vila Rica inda não tinha ido à casa dele, porque
ORJR GHVFRQ¿HL GHVWDV FRLVDV H TXH DQWHV HX DQGDYD IXJLQGR
GH WRGRV QHVWD 9LOD HQWmR 9RVVD ([FHOrQFLD PH GLVVH TXH
GLVIDUoDGDPHQWH SURFXUDVVH HX IDODU FRP R &OiXGLR H TXH
REVHUYDVVH R TXH DOFDQoDYD GHOH VHP TXH PH SHUFHEHVVH H
que depois passasse à Cidade de Mariana como a negócio
PHX H TXH PH ¿]HVVH HQFRQWUDGR FRP R &{QHJR /XtV 9LHLUD
SDUD YHU VH OKH H[WRUTXLD DOJXPD FRLVD 'HVWD IRUPD HVWDQGR
HX Mi VHJXUR TXH QmR GHVFRQ¿DYD GD PLQKD ¿GHOLGDGH IDOHL
FRP R &OiXGLR 3HUJXQWRXPH SHORV PHXV SDUWLFXODUHV TXHL
[HLPH DOJXPD FRLVD GH 9RVVD ([FHOrQFLD DR TXH PH UHV
pondeu que nas Minas não havia gente, que os Americanos
,QJOHVHV IRUDP EHP VXFHGLGRV SRUTXH DFKDUDP Vy WUrV KR
mens capazes para a campanha, e que nas Minas não havia
(UD DPLJR GH &OiXGLR H LQLPLJR GHFODUDGR GH 7RPiV $QW{QLR *RQ]DJD TXH
o prendera, por precatória do Intendente dos Diamantes, por ter sido con-
denado a degredo para Angola como contrabandista e por crime de morte
no Tejuco, sentença que Fanfarrão Minésio não só tornou sem efeito, mas
DLQGDGHXVDOYRFRQGXWRDRUpXSDUDOLYUHWUkQVLWRQD&DSLWDQLD+*0
— 102 —
XP Vy H TXH Vy R 7LUDGHQWHV DQGDYD IHLWR FRUWDYHQWR PDV TXH
LQGD OKH KDYLDP GH FRUWDU D FDEHoD D HOH H QXQFD PH GLVVH
TXH WLQKD HQWUDGR HP FRQVHOKR )DODQGR GHSRLV FRP R
Cônego Luís Vieira, este não encobre a paixão que tem de
YHU R %UDVLO IHLWR XPD UHS~EOLFD DERQRX R 7LUDGHQWHV GH
um homem animoso e que, se houvesse muitos como ele, que
R %UDVLO HUD XPD UHS~EOLFD ÀRUHQWH H TXH XP SUtQFLSH HXUR
SHX QmR SRGLD WHU QDGD FRP D $PpULFD TXH p XP SDLV OLYUH
e que El-Rei de Portugal nada gastou nesta conquista, que
RV QDFLRQDLV Mi D WLUDUDP GRV KRODQGHVHV ID]HQGR D JXHUUD j
sua custa sem El-Rei contribuir com dinheiro algum para
HOD GHSRLV GLVWR RV IUDQFHVHV WRPDUDP R 5LR GH -DQHLUR TXH RV
KDELWDGRUHV GD FLGDGH OKD FRPSUDUDP FRP R VHX GLQKHLUR H
ultimamente concluiu que esta terra não pode estar muito
tempo sujeita a El-Rei de Portugal, porque os nacionais dela
TXHUHP WDPEpP ID]HU FRUSR GH UHS~EOLFD H RXWUDV FRLVDV VH
PHOKDQWHV TXH WRGDV VH HQFDPLQKDP DR ¿P GD OLEHUGDGH
4XH VH TXHU ID]HU UHYROWD p VHP G~YLGD D IRUPD FRPR D
WrPWUDoDGRQmRDVHL
1RWDVH D SUHRFXSDomR GH QmR HQYROYHU &OiXGLR 0DQRHO GD &RVWD VHJXLQGR
o exemplo de Joaquim Silvério dos Reis que tinha no poeta o seu advogado,
FRQVWLWXtGR SRU SURFXUDomR GH GH MDQHLUR GH SDUD GHIHQGrOR QRV
LQWHUHVVHV OLJDGRV j DGPLQLVWUDomR GR FRQWUDWR GH (QWUDGDV GH GH MDQHLUR
GHDGHGH]HPEURGH+*0
— 103 —
Lembro-me mais: Que um moço (1) do Rio das Mortes,
digo das Congonhas do Campo, que andou em Coimbra e diz
TXH HVWi SDUD LU SDUD 3RUWXJDO D OHU QR 'HVHPEDUJR GR 3DoR
SDUD VH GHVSDFKDU FXMR PRoR p ¿OKR GR *0 GDV &RQJRQKDV
do Campo Manuel José de tal, a este moço ouvi dizer que um
moço chamado Claro de tal, ou fulano Claro (2), o qual é
VREULQKR GR 3H &DUORV &RUUHLD YLJiULR GH 6mR -RVp GR
Rio das Mortes, e mora em Taubaté na Capitania de São
3DXOR R WDO &ODUR GLVVH R RXWUR TXH DSDQKDUD R &{QHJR /XtV
9LHLUD R &RURQHO $OYDUHQJD R 'U &OiXGLR R 'U *RQ]DJD
R 7LUDGHQWHV H RXWURV D IDODU HP XP OHYDQWH TXH HVWi SDUD
VH ID]HU QDV 0LQDV H R &ODUR Mi IRL SDUD 7DXEDWp H MXOJR
TXH R PDQGDULDP RV WDLV SDUD HOH QmR IDODU DOJXPD FRLVD
e o outro das Congonhas viu o Tiradentes, e eu tam-
bém vi e julgo que viu a maior parte da gente de Vila Rica, com
uma lista de todas as almas que tem esta Capitania, que o
7LUDGHQWHV WUD]LD QD DOJLEHLUD H D PRVWUDYD VHP WHPRU (
era perto de quatrocentas mil pessoas divididas pelas suas
UHVSHFWLYDV FODVVHV EUDQFRV SDUGRV H QHJURV PDFKRV H Ir
PHDV HVWD OLVWD SDUHFHPH TXH OKD GHX R 6DUJHQWR0RU -RVp
-RDTXLP GD 5RFKD H TXDQGR R 7LUDGHQWHV D PRVWUDYD GL]LD
DÀLWR ³2UD DTXL WHP WRGR HVWH SRYR DoRLWDGR SRU XP Vy
KRPHP H QyV D FKRUDUPRV FRPR RV QHJURV DL DL H GH WUrV
HP WUrV DQRV YHP XP H OHYD XP PLOKmR H RV FULDGRV OHYDP
(1) /XFDV $QW{QLR 0RQWHLUR GH %DUURV ¿OKR GH *XDUGD0RU 0DQXHO -RVp
0RQWHLUR GH %DUURV IDOHFLGR 1 &RQJRQKDV GLSORPDGR HP /HLV QD
8QLY &RLPEUD +DELOLWRXVH QR 'HVHPEDUJR GR 3DoR HP /LVERD
(1789), servindo como juiz-de-fora nos Açores (1790-3) e outros postos da
FDUUHLUD MXGLFLiULD LQFOXVLYH 2XYLGRU GH 9LOD 5LFD ,QWHQGHQWH
do Ouro no Rio de Janeiro, Ministro da Relação da Bahia, chegando a Pre-
VLGHQWH GR 6XSUHPR 7ULEXQDO GHSRLV GD ,QGHSHQGrQFLD $JUDFLDGR QR
,PSpULR FRP RV WtWXORV GH %DUmR H 9LVFRQGH GH &RQJRQKDV GR &DPSR
)DOHFHX QR 5LR HP $ )D]HQGD %RD (VSHUDQoD HP %HOR 9DOH
0* IRL DGTXLULGD SHOR *RYHUQR GR (VWDGR GH 0LQDV 3HUWHQFHXOKH SRU KHUDQoD
SDWHUQD e XP GRV PDLV EHORV H[HPSORV GR EDUURFR UXUDO PLQHLUR
(TJBO)
(2) &ODUR -RVp GD 0RWD 1mR FKHJRX D VHU SUHVR DSHVDU GD FDUWD TXH QHVVH
sentido, dirigiu o Visconde de Barbacena ao Governador de São Paulo,
Bernardo José de Lorena, futuro Conde de Sarzedas e sucessor do Visconde
no governo da Capitania de Minas Gerais, de que tomou posse a 9 de
DJRVWRGH+*0
— 104 —
RXWUR WDQWR H FRPR KmR GH SDVVDU RV SREUHV ¿OKRV GD $Pp
ULFD" 6H IRVVH RXWUD QDomR Mi VH WLQKD OHYDQWDGR´ D LVWR
GLVVH R WDO PRoR GDV &RQJRQKDV ³9RVPHFr IDOD DVVLP HP
levante? Se fosse em Portugal, Deus nos livre que tal se
VRXEHVVH´ DR TXH R 7LUDGHQWHV UHVSRQGHX FKHLR GH SDL[mR
³1mR GLJD OHYDQWDU p UHVWDXUDU´ H UHSHWLX XPDV SRXFDV GH
YH]HVHVWDVSDODYUDVHXPHVPRDVRXYL
Também, logo assim que cheguei a Vila Rica, havia
SRXFR WHPSR TXH 9RVVD ([FHOrQFLD WLQKD FKHJDGR FRP D
([FHOHQWtVVLPD 6HQKRUD 9LVFRQGHVVD TXDQGR YLQKD GR
6HUUR HQFRQWUHL HP FDPLQKR R LQJOrV 1LFRODX -RUJH TXH R
Fiscal dos Diamantes Luís Beltrão (2) trouxe consigo de
/LVERD SDUD R 6HUUR )ULR H GL]HQGR HX DR &DSLWmR 9LFHQWH
9LHLUD GD 0RWD TXH HQFRQWUDUD R LQJOrV TXH LD SDUD R 6HUUR
GLVVHPH R WDO 0RWD ³3RLV YDL SDUD Oi XPD ERD ID]HQGD
Andava por aqui falando em que o Brasil podia fazer como a
$PpULFD ,QJOHVD´ ( TXH R mesmo inglês) perguntara a
HOH GLWR 0RWD SRU HVWDV SDODYUDV ³9RVVD 0HUFr VH RV QD
FLRQDLV GR %UDVLO ¿]HUHP XPD UHS~EOLFD TXDO SDUWLGR Ki GH
VHJXLU" 2 GH UHDOLVWD RX R GH UHSXEOLFDQR"´ $R TXH R GLWR
9LFHQWH 9LHLUD OKH UHVSRQGHUD ³(X VHPSUH KHL GH VHU SHOR
PHX5HL´
,VWR GR LQJOrV PH FRQWRX ² FRPR OHYR GLWR ² R
&DS 9LFHQWH 9LHLUD GD 0RWD 2 &OiXGLR WDPEpP PH GLVVH
uma vez, não estou certo a que respeito se falava em Vossa
([FHOrQFLD ² ³)H] EHP GH WUD]HU D PXOKHU H RV ¿OKRV TXH
VHRVQmRWURX[HVVH´H¿FRXVH
2 &{Q /XtV 9LHLUD GD 6LOYD WDPEpP OKH RXYL GL]HU
TXH ³Mi VH DSDQKDUD XPD SDUDGD GH 9 ([FLD TXH PDQGDYD
,VWR p HP RXWXEUR SRLV R 9LVFRQGH GH %DUEDFHQD IRUD QRV ~OWLPRV GLDV
de setembro buscar a família que vinha do Rio, esperando-a no Registro
GH 3DUDLEXQD $FRPSDQKDQGRD WDPEpP FKHJDYD D 0LQDV R MRYHP 'U
-RVpÈOYDUHV0DFLHO7-%2
/XtV %HOWUmR GH *RXYHLD H $OPHLGD )LVFDO H PDLV WDUGH ,QWHQGHQWH GRV
'LDPDQWHV 2IHUHFHX HP DR 9LVFRQGH GH $QDGLD XPD ³0HPyULD
VREUHDLQÀXrQFLDGDFRQTXLVWDGH%XHQRV$LUHVSHORVLQJOHVHVHPWRGDD$PpULFDHPHLRVGHSUH-
YHQLURVVHXVHIHLWRV´+*0
— 105 —
SDUD R 5LR GH -DQHLUR´ H TXH 9 ([FLD WLUDUD GRV FRIUHV
TXDUHQWD PLO FUX]DGRV ² TXH p R VROGR GH WUrV DQRV ² H TXH
RV PDQGDUD SDUD 3RUWXJDO ,VWR Mi VH IDODYD TXDVH S~EOLFR
TXH LVWR QDV 0LQDV p JHQWH GR 'LDER ( DV VHPHQWHV TXH
WrP HVSDOKDGR SDUD ID]HU 9 ([FLD RGLRVR FRP R SRYR VmR
TXH 9 ([FLD WURX[HUD LQVWUXomR GH 0DUWLQKR GH 0HOR SDUD
TXH ¿]HVVH R JRYHUQR GH IRUPD TXH QmR GHL[DVVH FULDU D
KRPHP DOJXP GH 0LQDV PDLV TXH GH] PLO FUX]DGRV H VH
não tivesse por onde lhes pegar, que os prendesse por incon-
¿GHQWHVHRVPDQGDVVHSDUDOi
Também me parece que algumas pessoas, que devem
JUDQGHV VRPDV j )D]HQGD 5HDO H FRP GLQKHLUR GHVWD WrP IHLWR
um grande estabelecimento, de boa vontade entrarão em al-
gum partido mau só por se verem desoneradas de pagarem a
(O5HLH¿FDUHPFRPFDVDVRSXOHQWDV
Também ouvi que, na Cidade de Mariana, se tinham
SRVWR XQV HGLWDLV RX SDVTXLQV TXH GL]LDP ² ³7XGR R TXH
IRU KRPHP GR 5HLQR Ki GH PRUUHU ( Vy ¿FDUmR DOJXP YHOKR
H FOpULJRV´ ( TXH LVWR IRUD SRVWR HP QRPH GRV FDOKDPERODV
6HpDVVLPRXQmRHXRQmRVHL
'HQRPLQDomRDUFDLFDGHTXLORPERODV+*0
— 106 —
SROtWLFR PXLWR JUDQGH DR TXH R GLWR $OYDUHQJD PH UHVSRQ
GLD ³$QGDVH HQVDLDQGR SDUD HPEDL[DGRU PDV QXQFD R
KiGHVHU´
E a Luís Vieira também lhe ouvi o mesmo pelas mesmas
SDODYUDVFRPRDFLPD