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A matéria em análise tramita nesta Casa Legislativa por iniciativa do Vereador Moacir
Júnior Alves Aquino, sob a forma de Projeto de Lei, com objetivo de Fixa o subsídio dos Secretários
Municipais do Município de Santana do Ipanema, Alagoas, e adotar providências correlatas. Assim, o
presente projeto encontra-se nesta Procuradoria em atendimento as normas regimentais que
disciplinam sua tramitação, para que seja exarado o parecer sobre sua constitucionalidade,
legalidade e juridicidade, regimentabilidade e técnica legislativa.
Ainda, o art. 37, inciso X da Constituição da República dispõe que "a remuneração dos
servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso".
Desde a introdução da EC 19/98 1, se tem que desde o ano de 1998 não mais se aplicaria
o princípio da anterioridade à fixação dos subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários
Municipais, podendo a Câmara Municipal, por lei (Princípio da Reserva Legal 2) de sua
1
Com a redação introduzida pela EC nº 19/98 o art. 29, V, da Constituição Federal exige apenas que os subsídios do
Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais devam ser fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, todos da Carta Maior.
2
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
...
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”
Estado de Alagoas
CÂMARA MUNICIPAL DE SANTANA DO IPANEMA
Vereador Tácio Chagas Duarte
Procuradoria do Poder Legislativo
De acordo com a regra da reserva legal (em sentido amplo), o Poder Público não pode atuar
sem que exista uma norma que o autorize a tanto. Em poucas palavras, esta é a regra do “nada sem
lei”. Diferentemente do que ocorre no campo do direito privado, em que reina o princípio da
autonomia da vontade (“aos particulares se autoriza tudo o que a lei não veda”), para a
Administração Pública uma ação somente é válida quando “fundada” na Constituição, em leis ou em
atos normativos expedidos pelos próprios entes estatais.
Prudente também esclarecer que a regra da reserva não significa que a Administração possa
apenas agir na presença de uma regra autorizativa escrita e específica. A ideia de que a reserva legal
tenha a ver com competências específicas e estritas é o principal motivo pelo qual tem-se
erroneamente entendido que o princípio da legalidade administrativa é um óbice à atuação flexível
do Estado. A reserva legal em sentido estrito – ou seja, a exigência de presença de lei formal para a
atuação administrativa – não deve valer para todos os casos, senão àqueles previstos na Constituição
ou àqueles em que haja restrição significativa dos direitos fundamentais do particular pelo Estado .
Nota-se, que este é o entendimento dado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (doc.
1), em Consulta acerca do tema, dando possibilidade ao apresentado diante da conjugação do
princípio da Reserva Legal e da iniciativa privada desta Câmara:
Em outro ponto, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, em parecer (doc. 2),
cujo dilema fundava-se em tema semelhante ao analisado, sustenta-se que não haveria restrição
constitucional nenhuma:
Ademais, cabe observar a Lei Orgânica Municipal que não apresenta quaisquer restrições,
por nem sequer mencionar diretamente os Secretários Municipais, contudo ao fazer referência a Lei
Magna Brasileira, retorna-se o entendimento ao já exposto conquanto a Emenda Constitucional
mencionada alhures.
Estado de Alagoas
CÂMARA MUNICIPAL DE SANTANA DO IPANEMA
Vereador Tácio Chagas Duarte
Procuradoria do Poder Legislativo
Ainda, a revisão justifica-se pelo incontestável fato de que a inflação vem defasando os
salários de modo que tal medida busca amenizar as perdas salariais, além de valorizar os agentes
públicos. Observa-se que, o subsídio dos Secretários da municipalidade é de R$ 9.417,77 (nove mil
quatrocentos e dezessete reais e setenta e sete centavos), desde 03/07/2017, ao passo, que sua
atualização (doc. 3) alcançaria o patamar de R$ 11.729,64 (onze mil setecentos e vinte e nove reais e
sessenta e quatro centavos).
Diante disso, verifica-se que a presente proposição está dando fiel cumprimento ao que
prevê a legislação, inexistindo óbice, por ora, para sua tramitação uma vez que está de acordo com
os ditames legais e constitucionais;
É o Parecer.
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Danylo Bezerra de Carvalho
Procurador
OAB/AL 10980