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Estado de Alagoas

CÂMARA MUNICIPAL DE SANTANA DO IPANEMA


Vereador Tácio Chagas Duarte
Procuradoria do Poder Legislativo

PARECER JURÍDICO Nº XX/2021

PROJETO DE LEI Nº XX/2021


DATA: 02/12/2021
AUTOR: MOACIR JÚNIOR ALVES AQUINO.
EMENTA: FIXA O SUBSÍDIO DOS SECRETÁRIOS MUNICIPAIS DO MUNICÍPIO DE SANTANA DO
IPANEMA, ALAGOAS, E ADOTAR PROVIDÊNCIAS CORRELATAS.

A matéria em análise tramita nesta Casa Legislativa por iniciativa do Vereador Moacir
Júnior Alves Aquino, sob a forma de Projeto de Lei, com objetivo de Fixa o subsídio dos Secretários
Municipais do Município de Santana do Ipanema, Alagoas, e adotar providências correlatas. Assim, o
presente projeto encontra-se nesta Procuradoria em atendimento as normas regimentais que
disciplinam sua tramitação, para que seja exarado o parecer sobre sua constitucionalidade,
legalidade e juridicidade, regimentabilidade e técnica legislativa.

Cumpre mencionar, preliminarmente, que o presente projeto sobre os subsídios dos


Agentes Políticos do Poder Executivo, os quais, nos termos do Art. 29, V da CF não se
adstringem ao princípio da anterioridade, e sim unicamente ao princípio da
reserva legal. Entretanto, a Constituição autoriza que os subsídios dos Agentes
Políticos do Poder Executivo, mediante iniciativa da Câmara Municipal, sejam
REFIXADOS a qualquer momento.

“Art. 29. (...)


omissis
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;”

Ainda, o art. 37, inciso X da Constituição da República dispõe que "a remuneração dos
servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso".

Desde a introdução da EC 19/98 1, se tem que desde o ano de 1998 não mais se aplicaria
o princípio da anterioridade à fixação dos subsídios do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários
Municipais, podendo a Câmara Municipal, por lei (Princípio da Reserva Legal 2) de sua

1
Com a redação introduzida pela EC nº 19/98 o art. 29, V, da Constituição Federal exige apenas que os subsídios do
Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais devam ser fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, todos da Carta Maior.
2
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
...
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices”
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Vereador Tácio Chagas Duarte
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iniciativa, fixar, a qualquer tempo, os subsídios dos agentes políticos do Poder


Executivo.

De acordo com a regra da reserva legal (em sentido amplo), o Poder Público não pode atuar
sem que exista uma norma que o autorize a tanto. Em poucas palavras, esta é a regra do “nada sem
lei”. Diferentemente do que ocorre no campo do direito privado, em que reina o princípio da
autonomia da vontade (“aos particulares se autoriza tudo o que a lei não veda”), para a
Administração Pública uma ação somente é válida quando “fundada” na Constituição, em leis ou em
atos normativos expedidos pelos próprios entes estatais.

Prudente também esclarecer que a regra da reserva não significa que a Administração possa
apenas agir na presença de uma regra autorizativa escrita e específica.  A ideia de que a reserva legal
tenha a ver com competências específicas e estritas é o principal motivo pelo qual tem-se
erroneamente entendido que o princípio da legalidade administrativa é um óbice à atuação flexível
do Estado. A reserva legal em sentido estrito – ou seja, a exigência de presença de lei formal para a
atuação administrativa – não deve valer para todos os casos, senão àqueles previstos na Constituição
ou àqueles em que haja restrição significativa dos direitos fundamentais do particular pelo Estado .

Nota-se, que este é o entendimento dado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (doc.
1), em Consulta acerca do tema, dando possibilidade ao apresentado diante da conjugação do
princípio da Reserva Legal e da iniciativa privada desta Câmara:

É possível fixar, no curso da legislatura, os subsídios do Prefeito Municipal?


Sim, atendido ao princípio da Reserva Legal e a iniciativa privativa da
Câmara Municipal, o subsídio do Prefeito Municipal poderá ser FIXADO e/ou
REFIXADO a qualquer tempo. – Acórdão n.º 465/12 – Tribunal Pleno.

Em outro ponto, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, em parecer (doc. 2),
cujo dilema fundava-se em tema semelhante ao analisado, sustenta-se que não haveria restrição
constitucional nenhuma:

impende ser registrado que não foram alvos de impugnação os dispositivos


da lei em relevo que fixam os subsídios dos cargos de secretário municipal -
artigos 8º, 9º, 10 e 11 - porquanto não são destinatários da restrição
constitucional antes delineada, na medida em que o dispositivo
constitucional gaúcho que trata da anterioridade na fixação dos subsídios
não faz menção aos secretários municipais, o que conduz à conclusão de que
o texto constitucional da Província não determina a observância do princípio
da anterioridade para fixação da remuneração desses agentes políticos, que
não se constituem em agentes políticos em sentido estrito, mas servidores
públicos comissionados. (g.n).

Ademais, cabe observar a Lei Orgânica Municipal que não apresenta quaisquer restrições,
por nem sequer mencionar diretamente os Secretários Municipais, contudo ao fazer referência a Lei
Magna Brasileira, retorna-se o entendimento ao já exposto conquanto a Emenda Constitucional
mencionada alhures.
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Ainda, a revisão justifica-se pelo incontestável fato de que a inflação vem defasando os
salários de modo que tal medida busca amenizar as perdas salariais, além de valorizar os agentes
públicos. Observa-se que, o subsídio dos Secretários da municipalidade é de R$ 9.417,77 (nove mil
quatrocentos e dezessete reais e setenta e sete centavos), desde 03/07/2017, ao passo, que sua
atualização (doc. 3) alcançaria o patamar de R$ 11.729,64 (onze mil setecentos e vinte e nove reais e
sessenta e quatro centavos).

Diante disso, verifica-se que a presente proposição está dando fiel cumprimento ao que
prevê a legislação, inexistindo óbice, por ora, para sua tramitação uma vez que está de acordo com
os ditames legais e constitucionais;

Considerando os fundamentos expostos, como também ou fundamentos legais e


constitucionais, esta Procuradoria resolve exarar Parecer de forma FAVORÁVEL à tramitação e
aprovação da matéria apresentada.

É o Parecer.

Santana do Ipanema, 02 de dezembro de 2021.

_______________________________
Danylo Bezerra de Carvalho
Procurador
OAB/AL 10980

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