Você está na página 1de 41

PARTE HISTÓRICA E ELETRIZAÇÃO

AA D
Deessccoobbeerrttaa ddaa EElleettrriicciiddaaddee

Os antigos gregos conheciam uma pedra, capaz de atrair pedaços de ferro, a que chamavam magneto, porque provinha da
Magnésia, na Tessália. Tales de Mileto (século VI a.C.) a menciona e, no diálogo Íon de Platão (século IV a.C.), Sócrates
afirma poder ligar vários anéis de ferro com o auxílio de um pedaço de magneto, comparando o fenômeno à inspiração
poética. O magneto atrai não apenas o anel de ferro que o toca, mas também todos os que se aproximam do último, assim
como o poeta inspirado suscita ao seu redor entusiasmos em cadeia. (Mais tarde, os romanos estenderam o conhecimento
empírico sobre os fenômenos relacionados com a estranha pedra.)
Gregos e romanos, no entanto, ficaram na simples constatação e na metáfora poética, não atingindo o nível da explicação
científica; quando tentavam faze-lo, permaneciam amarrados a concepções fracas e finalistas. Acreditavam que o ferro tivesse
anéis para prender pequenos ganchos dos magnetos.
A Idade Média não fugiu a essas limitações. Alexandre de Afrodísia e Averroés, por exemplo, eram de opinião que o ferro se
aproxima do ímã, a fim de encontrar uma natureza semelhante, como se fosse dirigido por sua causa final.
Esse panorama negativo seria modificado somente no século XIII, ao ser introduzida no Ocidente a bússola dos chineses, que
a conheciam pelo menos desde o século XI. O matemático e inventor Shen Kua (1030-93) refere-se ao uso do ímã como
indicador de direção, enquanto Chu Yu, em 1100, relata seu emprego na arte da navegação marítima.
Na Europa, a primeira referência à bússola encontra-se no inglês Alexander Neckan, mas é na obra "De Magnete", redigida
em 1269 pelo cruzado francês Pierre de Maricourt, que se descrevem pormenorizadamente as propriedades dos ímãs.
Revelando senso de experimentação surpreendente para a época, distinguiu claramente o fenômeno da bipolaridade e
verificou que cada um dos pólos volta-se para um dos pólos do mundo. Realizou a experiência do ímã partido, constatando a
formação de quatro pólos, que se reduzem a dois, quando o ímã é recomposto novamente.
Acreditava que a bipolaridade estivesse ligada a todo o universo, o ímã trazendo em si "a semelhança do céu". Pierre de
Maricourt permaneceu praticamente desconhecido por mais de trezentos anos. No Renascimento, a história do magnetismo
sofreu um retrocesso, enquanto explicação científica. Geronimo Cardano (1501-76), por exemplo, sustenta no "De Subtilitate"
que as pedras vivem, envelhecem e morrem e que, "envelhecida, a pedra de Hércules não mais atrai o ferro".
Não obstante as idéias erradas dos filósofos, nesse período ocorreram alguns progressos importantes, como a descoberta da
inclinação e declinação, a distinção entre atração elétrica e atração magnética e as primeiras medidas de atração e repulsão
feitas por Giovanni Battista della Porta (1535-1615), descritas no livro "Magia Naturalis".

William Gilbert (1544- 1603) - nasceu na pequena cidade de Colchester, no Essex, num dia e mês conhecidos com
exatidão - 24 de maio. Todavia, não se sabe o ano; provavelmente terá sido em 1540. Com certeza, sabe-se que foi o
primogênito dos cinco filhos de Jerome Gilbert, magistrado muito considerado na cidade. O garoto bem cedo foi estudar na
escola da localidade. Em 1558, ou no St. John's College, de Cambridge, onde prosseguiu os estudo durante onze anos,
dedicando-se mais às disciplinas científicas, nas quais revelava grande aptidão. Em 1565, foi nomeado examinador de
matemática e quatro anos mais tarde recebeu o título de doutor em medicina. Não se conhece muito dessa época de sua vida, a
não ser o êxito como estudante e uma longa viagem empreendida pelo continente europeu. Na Itália, esteve provavelmente em
Pisa, onde exerceu honrosamente a profissão de médico e conheceu alguns estudiosos, com os quais posteriormente manteve
correspondência. Em Veneza tornou-se amigo do teólogo Paolo Sarpi. Em 1573, estava novamente em Londres; inscreveu-se
no Colégio Real de Médicos, onde viria a ocupar cargos de notável importância, como os de censor, tesoureiro e presidente.
Em 1589, tornou-se membro do comitê para redação da "Pharmacopaeia Londoniensis", publicada muito depois, em. 1618. O
renome de Gilbert como médico cresceu a ponto de a rainha Elizabeth I convidá-lo para tratar exclusivamente dela. Não foi,
no entanto, como discípulo de Hipócrates que ingressaria na história da ciência; isso aconteceu com a publicação, em 1600,
da obra "De Magnete, Magneticisque Corporibus et de Magno Magnete Tellure - Physiologia Nova". O que se evidencia
logo aos primeiros capítulos do livro é a posição claramente crítica diante da obra dos antigos, que julga incapazes de
elaborar o material empírico. Gilbert ataca também acerbamente os, contemporâneos, aos quais chama de literatos bufões e
copistas, que julgam fazer filosofia quando não sabem fazer mais que remanejar e dissertar sobre os dogmas das doutrinas
vindas de Aristóteles.
O maior mérito do "De Magnete" consiste justamente em apresentar mais de seiscentas experiências, em parte feitas pelos
predecessores, outras realizadas por ele mesmo, sob orientação de informações recebidas quase sempre de homens do mar.
Retomando as idéias de Pierre de Maricourt, Gilbert foi o primeiro a chamar de pólos as extremidades de uma agulha que
ficam dirigidas para o norte e para o sul da Terra. Definiu como magnéticos os corpos que, como os ímãs, se atraem, e
descobriu as afinidades e diferenças entre corpos elétricos e corpos magnéticos. Mostra como qualquer material pode tornar-
se elétrico, ao passo que só os compostos de ferro são capazes de magnetização. Atualmente, sabe-se que isso não é correto,
pois há substâncias como o cobalto e o níquel, por exemplo, que também apresentam propriedades magnéticas. De qualquer
forma, a Gilbert cabe o mérito da distinção entre o magnetismo e a eletricidade.
Gilbert estava primeiramente interessado no magnetismo (para auxiliar os navegantes através de oceanos desconhecidos), mas
também devotou alguma atenção para a eletrificação dos corpos por fricção. Ele criou a expressão “elétricas” para designar
os materiais que tinham o poder de atrair como o âmbar (elétron em grego) ao serem atritados. Desenvolveu então o
instrumento a qual chamou de “versorium”, que era uma ponta metálica delicadamente encaixada num mancal, e pivotada
num suporte de madeira Substâncias elétricas apontava sempre para o âmbar, se o âmbar fôsse primeiro atritado com peles
(ou pêlos de animais, crina de cavalo). Muitas outras sustâncias, tais como o vidro, a porcelana, e gemas (pedras), também
fazia a ponta girar em direção a eles (atrair) quando fôssem primeiramente atritados com peles.

Especialmente importantes foram as contribuições de Gilbert a respeito do magnetismo da Terra. Servindo-se engenhosamente
de um ímã esférico - "terrella", como o chamava -, sobre cuja superfície apoiava-se uma agulha, estudou suas propriedades e
descobriu que correspondiam às da Terra. Daí concluiu ser esta um grande ímã, conseguindo explicar a direção norte - sul da
agulha magnética e sua inclinação, bem como definir o eixo de um ímã e as linhas de força da Terra. "Os raios da força
magnética distribuem-se por toda parte em zonas concêntricas, e o centro de tais orbes não fica no pólo, mas no centro da
pedra (de ímã) e da terrella. Do mesmo modo, o centro da Terra é o centro dos movimentos magnéticos. . . " Assim, o ímã
não é uma justaposição de dois centros de atração, mas uma unidade. Daí decorre que as linhas de força se estendem também
pelo interior do ímã e formam um circuito fechado. Gilbert rejeita todas as explicações mágicas, desenvolvendo uma idéia que
exercerá enorme influência sobre Kepler e Newton: os corpos atraem-se em virtude de uma força física. Que pode ser medida
e estudada. Essa força pode ser constatada nos ímãs e no ferro. A influência das novas idéias de Gilbert foi extensa e
profunda, tendo provocado grande interesse e fazendo do médico particular da Raina Elizabeth I, um homem famoso em toda a
Europa. Galileu proclamou-se fervoroso admirador do médico inglês e mesmo arístotélicos como Nicolau Cabeo e Atanasius
Kircher foram seus discípulos. O teólogo Paolo Sarpi afirmou ser ele o único escritor original da época.
Na Inglaterra, Francis Bacon elogiou-lhe o pensamento filosófico, especialmente o uso do método experimental. Embora
Bacon não aprovasse completamente as teses de Gilbert, serviu-se de alguns trechos do "De Magnete" para apoiar as próprias
idéias. A proximidade entre as concepções dos dois é particularmente evidente numa obra de Gilbert, publicada
postumamente, em 1651, e intitulada "De Mundo Nostro Sublunari Philosophia Nova". Nela é esboçado um novo sistema de
filosofia natural (como era então chamada a física), sobre as ruínas da filosofia aristotélica. Quase desconhecida, caracteriza-
se por grande originalidade de pensamento e atitude crítica diante da escolástica imperante.
O conflito com o velho espírito medieval, que impedia o surgimento de uma verdadeira ciência da natureza, não foi travado
apenas nos domínios da pesquisa pura. Em sua casa em Colchester, Gilbert costumava reunir um grupo de estudiosos para
debater todos os problemas da época. Ao transferir-se para a corte, a fim de atender à rainha, formou na residência londrina
uma vasta coleção de livros, instrumentos e minerais, sempre à disposição dos amigos apaixonados pelos mesmos interesses.
Era um grande animador de reuniões, que depois se tornaram regulares e mensais. Foram elas que levaram à formação da
Royal Society, instituição que exerceu papel fundamental no desenvolvimento da ciência inglesa. A importância dessas
reuniões é facilmente compreensível, considerando-se que cumpriam a mesma função hoje confiada a congressos, seminários
e, sobretudo, à impressão de obras. Há o registro de que Gilbert faz uma demonstação prática para a rainha Elizabeth,
tornando-se assim um dos homens mais conhecidos da Inglaterra. Elizabeth o cumulava de todas as atenções e atribuiu-lhe
uma pensão anual de 100 libras esterlinas. James I, seu sucessor, manteve-o como médico da corte, mas Gilbert sobreviveu
apenas poucos meses à sua benfeitora. Nunca se casou e não se sabe exatamente como morreu: ao que tudo indica, foi durante
uma peste, em 1603. Como legado ao Colégio dos Médicos, deixou a biblioteca e as coleções, infelizmente destruídas durante
o grande incêndio de Londres, em 1666. O novo espírito científico, no entanto, permaneceria para sempre.

Otto von Guerick ( 30.11.1602, Magdeburgo – 11.5.1686, Hamburgo, Alemanha ) - burgomestre de Magdeburgo,
Alemanha durante trinta e cinco anos, passava muito tempo fazendo experimentações. Pelo interêsse em astronomia sabendo
que os planetas se moviam no espaço vazio, inventou a bomba de vácuo por volta de 1650, para tentar reproduzir esse
ambiente na Terra. Demonstrou a existência da pressão atmosferica (em 1654) usando sua bomba de vácuo criando um vácuo
parcial entre dois hemisférios de cobre postos em contato (mas não aparafusados juntos), e mostrando que uma junta de
cavalos não conseguiam separá-los, mas que quando aberta a válvula para deixar o ar entrar, eles simplesmente se
separavam.
Também pensou que a atração gravitacional era de natureza elétrica, e em lugar da pequena terra magnética de Gilbert
(terrella), von Guericke construiu (em 1663) uma “elétrica”, isto é, uma esfera de enxofre com uma manivela em um dos lados
e colocou-a em um suporte de madeira de tal forma que podia girá-la usando esta manivela. Usando a outra mão coberta com
uma luva sobre a bola de enxofre enquanto ela era girada, pela fricção, obteve maiores quantidades de eletricidade e, a partir
daí, passa a manifestar as propriedades elétricas de atração e de repulsão.. Estava inventada a primeira máquina eletrostática
de que se tem notícia. A esfera de enxofre, quando carregada, emitia fagulhas luminosas em direção a objetos colocados a seu
redor, visíveis mesmo à luz do dia,
o que o levou a teorizar a natureza elétrica dos “meteoros luminosos”, em especial dos relâmpagos.
Quando girada e esfregada a esfera servia para atrair palha, penas, etc. Descobriu que, uma vez que uma pena tocasse o
globo de enxofre, esta era repelida, e assim erguendo o globo pela haste através do laboratório, a mantina no alto por
repulsão, e, adequadamente podia guiá-la, e levá-lo para pousar em um outro objeto pontiagudo.
Ele também observou a condução elétrica, percebendo que um fio comprido, esticado como varal de quintal e ligado ao globo
mostrava atração elétrica em sua extremidade afastada. Este tipo de máquina rapidamente se tornou a maneira padrão de
produzir eletricidade e permaneceu assim por mais de um século , a bola de enxofre substituída depois por grandes cilindros
de vidro ou esferas apoiadas em armações de madeira, e com um pedaço de couro ou outro material para fazer a fricção.
Observou o poder das pontas nos corpos eletrizados e também que a chama de uma vela podia deseletrizar um corpo metálico
carregado. Descobriu a indução elétrica, uma maneira de eletrizar um corpo sem qualquer contato com ele. Uma de suas mais
importantes descobertas foi a de que substâncias eletrizadas, além da atração, podiam sofrer repulsão. Mas foi incapaz de
explicar como uma bola carregada podia eletrizar outra por contato, ou seja, a condução ou transmissão da eletricidade.
contato. Não consta que tenha elaborado uma teoria para explicar a ocorrência dos fenômenos que observou porque, para ele,
a eletricidade fôsse uma qualidade intrínseca dos corpos e, portanto, não transmissível. Na verdade, imaginava que o
comportamento do corpo era determinado por certas "virtudes" que ele possuía.
Tempos depois, Du Fay repetiu esse experimento e propôs uma explicação para o que chamou de "virtudes” que pareciam
acompanhar a maioria dos experimentos em eletricidade. Du Fay percebeu que "a folha de ouro é atraída inicialmente pelo
globo, e adquire eletricidade se aproximando dele, e como conseqüência é repelida imediatamente. Mas se, enquanto for
sustentado no ar, for provável que ele encoste em algum outro corpo, ele perde imediatamente a eletricidade e,
conseqüentemente, é atraída novamente pelo globo, que, depois de lhe dar uma nova eletricidade, repelida pela segunda vez, o
que continua enquanto o globo mantém sua eletricidade ". O mesmo efeito foi visto e analisado um pouco mais tarde por
Benjamin Franklin.
Experimentos realizados mais tarde, passou a usar a deflexão de um corpo eletrizado dependurado na forma pendular, como
medida de sua eletrificação.

O Gerador Eletrostático
Otto von Guericke estava interessado em estudar a capacidade de um corpo sofrer
efeitos "além de seus limites". Queria saber como a Terra atraía objetos de volta
quando jogados no ar. Ele escreveu: "se a Terra tem uma força atrativa apropriada,
também terá uma força repulsiva capaz de repelir coisas que possam ser perigosas
ou desagradáveis para ela", e com esse intuito, construiu seu globo de enxofre para
provar essa idéia.
Embora fôsse uma invenção relativamente pequena, estava inserida num contexto
mais amplo que incluiu um tratado intitulado "A Natureza do Espaço e a
Possibilidade do Vazio" no qual debatia se Deus tinha uma existência material.
Ele observou que "os corpos leves são repelidos de uma esfera de enxofre que foi
esfregada com uma mão sêca, e que não são novamente atraídas até que tenham
tocado outro corpo".
Francis Hauksbee (1660 - 29.4.1713) – Inicialmente aprendiz em 1678 junto de seu irmão mais velho como um
experimentalista, Hauksbee tornou-se assistente de laboratório de Isaac Newton. Em 1703, ele foi nomeado curador,
fabricante de instrumentos e experimentalista da Royal Society pelo próprio Newton, que recentemente se tornou presidente
da sociedade e desejava ressuscitar as manifestações semanais da Royal Society.
Até 1705, a maioria desses experimentos eram experiências de bomba de ar de natureza mundana, mas Hauksbee então se
voltou para investigar a luminosidade do mercúrio, que era conhecido por emitir um brilho sob condições de vácuo
barométrico. Ainda em 1705, Hauksbee descobriu que, se ele colocasse uma pequena quantidade de mercúrio no interior da
esfera de vidro, - de sua versão modificada do gerador de Otto von Guericke com a esfera de enxôfre - evacuou o ar dela
para criar um vácuo suave e esfregou a bola para produzir uma carga elétrica. Dentro da esfera de vidro, começou a se
formar uma estranha luz etérea, brilhante, visível quando ele colocava a mão no lado de fora. A luz dançava marcando o
contôrno da mão, e depois percorrendo a bola. Uma luz jamais vista, de belo brilho azul. Esta descoberta notável não teve
precedentes na época. A luz era brilhante o suficiente para se ler no escuro. Parecia ser semelhante ao Fogo de São Elmo.
Este efeito tornou-se a base da lâmpada de descarga de gás, que levou às lâmpadas de néon e de vapor de mercúrio.
Em 1706, ele produziu uma "Máquina de Influência" para gerar esse efeito, sendo eleito membro da Royal Society nesse
mesmo ano.
Em 1708, descobriu de maneira independente a lei de gases de Charles, que afirma que, para uma determinada massa de gás a
uma pressão constante, o volume do gás é proporcional à sua temperatura.

Stephen Gray (1666 - 1736) - nasceu possivelmente em Canterbury na Inglaterra, em 1666. Não há nenhuma fonte, ao
menos conhecida, que explicite a data e o local exato do nascimento de Gray. Com base em suas próprias citações e em alguns
documentos, conjectura-se que ele pode ter
nascido em 1666, na cidade de Canterbury. Seguiu a profissão de seu pai que era tintureiro – atividade não muito lucrativa.
Conjectura-se que Gray teve uma boa educação, visto que seu irmão mais velho fora prefeito e ele um cientista eminente,
ainda que não muito mencionado. Em 1732, foi eleito membro da Royal Society, sendo o primeiro a receber desta sociedade a
medalha Copley, devido às suas pesquisas em eletricidade. Seus estudos foram, principalmente, desenvolvidos na área da
astronomia e da eletricidade. Todavia, ao longo de suas 23 publicações, Gray discorreu também sobre instrumentação
científica e óptica. Mesmo antes de se tornar membro da Royal Society, Gray havia enviado cartas de suas pesquisas a esta
instituição. Muitas de suas primeiras experiências podem ter sido inspiradas pelas leituras que fazia dos trabalhos publicados
na Philosophical Transactions. Devido à sua condição financeira, Gray não comprava livros e periódicos, dependia da
generosidade de pessoas como Henry Hunt (funcionário da Royal Society) e Hans Sloane (secretário e, posteriormente,
presidente da Royal Society). Suspeita-se que Hunt começou a enviar exemplares da Philosophical Transactions para Gray em
1692. Muitos dos trabalhos de Gray foram inspirados no que ele lia nas revistas que recebia. As cartas enviadas para a
Society até 1703 mostram uma grande variedade de assuntos. As primeiras cartas já mostram seu interesse pelo"método
científico" e indicam seu talento para utilizar seus limitados aparatos experimentais. As primeiras cartas de Gray para Hunt e
Sloane evidenciavam um ‘prodígio’. Gray, com então trinta anos, já mostrava ter desenvolvido, além de uma paixão pela
investigação científica, uma habilidade expressiva na realização de experimentos e em observações meticulosas
A primeira área de pesquisa em que Gray trabalhou foi a astronomia. Ele realizou observações de eclipses do sol e da lua, de
eclipses dos satélites de Júpiter, e de manchas solares. Em 4 de maio de 1700, Gray escreveu de Canterbury para a Royal
Society sobre seu trabalho em astronomia.14 Nesta carta ele descreve, entre outras coisas, que utilizava um relógio de pêndulo
para cronometrar o progresso dos eclipses, e que calibrou este relógio pela passagem meridiana do Sol. A primeira breve
menção das manchas solares foi feita em 24 de junho de 1703, de Canterbury, a John Flamsteed, em uma carta não publicada.
Entre novembro e dezembro de 1703, Gray escreve para Sloane descrevendo com detalhes a drástica mudança na forma das
manchas solares que ocorre em poucas horas, e a mudança da superfície do Sol que ocorre em poucos dias. Em 3 de abril de
1704 e 5 de fevereiro de 1704/5,15 Gray escreveu de Canterbury para a Royal Society sobre seus cálculos do tempo de rotação
do Sol sobre seu próprio eixo e da inclinação do eixo da eclíptica, feitos por meio das observações das manchas solares.
Nenhuma dessas cartas foi publicada. As observações astronômicas sobre as manchas solares realizadas entre 1703 e 1705
têm, atualmente, considerável interesse científico.
Na época, o demonstrador de experimentos da Royal Society era Hauksbee, que já havia apresentado algumas de suas
experiências sobre eletricidade. Possivelmente, Gray leu esses estudos. Em 1707-8 Gray enviou uma carta à Royal Society
anunciando algumas de suas ‘descobertas’ em eletricidade; no entanto, a mesma não foi publicada. “A Inglaterra utilizou o
calendário juliano até 1752; dessa forma, até 1752 o ano-novo inglês começava em 25 de março. Entretanto, ‘grande parte da
Europa já havia adotado o calendário gregoriano’. Por isso, para citar datas até o dia 25 de março utilizava-se uma indicação
de ano que contemplava os dois calendários, na qual colocavam-se dois números para expressar o último dígito, como 1707-8.
O primeiro número indicava o ano no calendário juliano e o segundo indicava o ano no calendário gregoriano. Após 25 de
março utilizava-se somente o ano comum a ambos os calendários”.
A carta provavelmente foi repassada à Hauksbee para que o mesmo desse seu parecer, visto que era ele o mais envolvido com
os fenômenos e os estudos elétricos. Hauksbee foi capaz de suprimir a publicação da carta de Gray; mas pouco depois,
aparentemente, sentiu-se à vontade para publicar muitas das novidades de Gray como sendo suas, como o pairar de uma pena
acima de um bastão de vidro eletrizado.
Tudo indica que Gray passou mais de onze anos sem submeter uma correspondência à Philosophical Transactions.
Supostamente, ele pode ter sido desencorajado pela falta de interesse da Royal Society, pela ausência de prestígio na
sociedade devido a sua condição financeira ou ainda pela posse de Newton como presidente da Instituição. Havia um
confronto entre Newton e John Flamsteed (astrônomo, membro da Royal Society e amigo de Gray), e isso pode tê-lo
prejudicado. “Se não bastasse a falta de reconhecimento, Gray teve de conviver com plágios”. Em 1721-2, Gray publica um
artigo sobre diferentes materiais que, quando atritados, conseguiam atrair uma pena presa em uma espécie de pêndulo.
Em 1731, Gray retoma suas publicações, divulgando suas maiores descobertas reportando à Sociedade Real Britânica ter
encontrado a habilidade para produzir o efeito que o âmbar transmitia para algumas substâncias. Descreveu que alguns
corpos tinha a capacidade de conduzir o eflúvio elétrico, ou a virtude elétrica, enquanto que outras sustâncias não permitiam
a passagem desse eflúvio. Denominou estas substâncias como “elétricas”, se destacando as pedras de azeviche, o diamante, a
sêda, etc.. . Hoje sabemos que estas substâncias diferentes dos metais, não permitem a eletricidade fluir através delas.
Chamamos estes materiais de isolantes. Para as substâncias “não-elétricas” colocou todos os metais, diversos tipos de
madeiras, a magnetita (imã natural), a água, o corpo humano, etc.. , e as denominou condutores. Com isso perdeu sentido a
antiga denominação de Gilbert de substâncias elétricas e não-elétricas, passando para isolante e condutor, respectivamente.

Dada a dimensão da atividade científica, instituições como a Royal Society “financiadas pelas monarquias da época,
facilitaram uma intensa troca de informações científicas”. Foi como membro dessa instituição que Du Fay toma conhecimento
dos estudos de Gray acêrca das substâncias que incluíam metais e eram chamados de condutores. As observações de Gray
foram explicadas e generalizadas por Du Fay, que reconheceu e distinguiu os materiais como compostos de condutores e
isoladores.

Charles François de Cisternay du Fay (Paris, 1698-1739) - foi um físico francês, superintendente do Jardin du
Roy.Proeminente família com influência militar e na igreja, seu pai conseguiu-lhe a nomeação de assistente de farmácia na
Académie des Sciences. Mesmo sem um passado científico Du Fay logo se destacou em suas experiências sobre a electricidade
quando soube do trabalho de Stephen Gray , dedicou sua vida ao estudo dos fenômenos elétricos que, baseando-se na
descoberta da atração entre uma folha de ouro eletrizada por uma barra de vidro e uma peça de âmbar eletrizada, formulou a
teoria da existência de duas eletricidades, que designou por "vitreous". As observações de Du Fay em eletricidade foram
escritas em dezembro de 1733 e, em seguida, impresso no Volume 38 das “Philosophical Transactions” da Sociedade Real em
1734 onde consta que os objetos eletrificados ou carregados às vezes se atraíam e às vezes se repugnavam. Ele propôs, então,
dois tipos de eletricidade: a vítrea, encontrada em vidro (referida hoje como carga positiva ) que tinha sido esfregado com
sêda e a resinosa (referida hoje como carga negativa), encontrada em âmbar que tinha sido esfregado com peles. Mais tarde,
as teorias de Du Fay foram reformuladas em termos de dois tipos de fluidos. Cada forma de eletricidade, vítrea e resinosa, foi
considerada como consistente de um fluido contínuo e invisível. Quando o âmbar foi esfregado com pele, dizia-se que o fluido
resinoso fluía para o âmbar. O âmbar havia adquirido uma "carga" elétrica. Gradualmente, o âmbar perdia a habilidade de
atrair a palha, e essa perda foi explicada se dizendo que o fluido invisível havia vazado, perdendo a “carga”.

Franz Maria Ulrich Theodor Hoch Äpinus - Dec. 13.12.1724, Rostock, Mecklenburg-Schwerin (Germany) - 10.8.1802,
Dorpat, (Russia), physicist who discovered (1756) pyroelectricity in the mineral tourmaline and published (1759) the first
mathematical theory of electric and magnetic phenomena.
Aepinus studied medicine and briefly taught mathematics at the University of Rostock, where his father was a professor of
theology. In 1755 he became director of the astronomical observatory in Berlin and a member of the Berlin Academy of
Sciences. In 1757 he moved to Russia, where he was appointed a full member of the Imperial Academy of Sciences (now the
Russian Academy of Sciences) in St. Petersburg. After retiring in 1798, he settled in Dorpat.
In Tentamen theoriae electricitatis et magnetismi (1759; “An Attempt at a Theory of Electricity and Magnetism”), Aepinus
described known electric and magnetic effects on the basis of a mathematical assumption analogous to that of Newton’s law of
gravitation—i.e., that attractive and repulsive forces between charges act at a distance and decrease in proportion to the
inverse square of the distance between charged bodies. Following and improving on Benjamin Franklin’s theories of
electricity, Aepinus assumed that just one electric (and one magnetic) “fluid” is normally present in all material bodies and
that the relative abundance or deficiency of fluid is manifested as positive or negative electric charges, respectively.
Aepinus also contributed to the invention of the parallel-plate capacitor, made important improvements in the microscope, and
demonstrated the effects of parallax during the transit of Venus across the Sun’s disk in 1764. His later years were devoted to
government service at the court of Catherine II of Russia.
A Garrafa de Leyden - Em 11 de outubro de 1745, Ewald Jürgen von
Kleist (1700?-1748), bispo da Pomerânia (Germânia) e experimentalista,
descobriu por acidente quando usava a garrafa de vidro de medicamentos,
tapada com uma rôlha de cortiça, e na qual tinha um prego atravessado e
colocava este prego em contato com o gerador eletrostático de atrito,
segurando a garrafa com uma mão e tocando no prego com a outra, levava um
choque considerável, bem mais intenso do que aqueles que se sentia em
contato com corpos comuns que costumava eletrizar. Repetindo a experiência,
agora com a garrafa cheia de água, o choque foi ainda maior.
Embora não entendia como tinha funcionado, ele tinha descoberto que o
prego e a garrafa eram capazes de armazenar cargas temporariamente.
Cunhou, então, o termo condensador para a garrafa, - acreditava estar
condensando o fluido elétrico, - que na verdade hoje em dia se considera o
primeiro capacitor construído.
Von Kleist pode ter sido o primeiro, mas ele é quase esquecido hoje em dia,
porque o crédito para a garrafa de Leyden usualmente é dado ao físico e
matemático, Duque Pieter van Musschenbroeck, de Leiden, Holanda que em
1745-46 repetiu as experiências de Von Kleist, cujo relato fora lido na
Academia Francesa de Ciências, enquanto as observações do clérigo Kleist
foram apenas enviadas a um amigo em Berlin.
Assim, o mérito da descoberta acabou ficando com o holandês, e o
condensador ficou conhecido como garrafa de Leyden em homenagem à
cidade
Musschenbroeck usou uma jarra de água que era ligada por uma corrente a
uma barra metálica; seu assistente Andreas Cuneaus (1712-1788) que leva o
crédito de a ter inventado, girava uma esfera de vidro com as mãos (para
transferir cargas para a garrafa contendo água através da corrente). Uma carga
considerável era acumulada na água e outra nas mãos do assistente. Nada
parecia acontecer, mas quando o assistente, tocava a corrente, recebia um
tremendo choque elétrico. Van Musschenbroeck teve a sorte que a nova
descoberta se espalhou rapidamente pela Europa, e ao redor do mundo.
Quando retirada do suporte de carregamento pelo gerador elétrico de atrito, a
garrafa por ser compacta, se tornava fácil de ser transportada.
Se encostando uma ponta da varinha no corpo metálico da garrafa e se aproximando a outra ponta da bola metálica do topo da
garrafa, centelhas era
vista sair.
A garrafa de Leyden tornou-se um importante assunto de pesquisa e sua elucidação ocupou não só Äpinus, como também a
Benjamin Franklin, que se interessou pela eletricidade após uma demonstração pública em Boston, em 1746.
Benjamin Franklin (17 de janeiro de 1706, Boston, Massachusetts - 17 de abril de 1790, Filadélfia, Pensilvânia) –
em 1752 retomando os estudos de Du Fay, formulou uma teoria segundo a qual os fenômenos elétricos eram produzidos pela
existência de um único fluido elétrico que estaria presente em todos os corpos (hoje, sabemos que esse fluido não existe) e que
eletrificação, ou carga, é uma redistribuição desse fluido. Os corpos, normalmente, teriam quantidades iguais desses fluidos
(vítreo e resinoso), por isso eram eletricamente neutros. Quando eletrizados, haveria a transferência de fluido de um para
outro e essas quantidades deixariam de ser iguais. A eletricidade de um corpo corresponderia à do fluido que ele contivesse
em excesso. Por outro lado, se para um mesmo corpo fosse fornecido a mesma quantidade de fluido vítreo e resinoso, o corpo
não manifestaria propriedades elétricas, os fluidos se neutralizariam. Tudo se passava como se os fluidos se somassem
algebricamente. Daí, Franklin, passou a chamar a carga elétrica vítrea de positiva e a resinosa de negativa. Estes termos
correspondem à eletricidade vítrea e resinosa de Du Fay. Sendo assim, para Franklin, não haveria criação nem destruição de
cargas elétricas, mas apenas transferência de eletricidade (fluido elétrico) de um corpo para outro, isto é, a quantidade total
de fluido elétrico permanecia constante. A partir dessa conclusão ele enunciou o “Princípio da Conservação das Cargas
Elétricas”.
Franklin descobriu ainda que quando se eletriza um corpo de material condutor que possua uma cavidade, as cargas elétricas
em excesso se distribuem apenas na superfície do mesmo; na superfície interna da cavidade não são encontradas cargas
elétricas, isto é, o seu interior é eletricamente neutro. Outra descoberta de Franklin foi de que corpos em forma de ponta
permitiam o “vazamento” da eletricidade. Através de saliências pontiagudas, um corpo podia perder ou adquirir eletricidade.
De acôrdo com essa linha de raciocínio, Benjamin Franklin estava tentando somente provar a natureza elétrica dos ráios. No
seu experimento, em que ele empina uma pipa em uma tempestade, e prova que existia carga elétrica acumulada no ar. No
caso, ele usou uma pipa de papel amarrada com uma linha de seda e uma chave de metal amarrada no rabo dessa pipa,
argumentando que pulariam faíscas para sua mão, caso o objeto metálico fosse eletrizado pelas nuvens carregadas. Benjamin
observou que a carga elétrica contida no ar fazia as fibras da linha de seda ficarem em pé e, de fato, tocando a chave ele
sentiu a carga elétrica acumulada nela, provando assim sua teoria, que o raio era a eletricidade. A perigosa experiência,
realizada em 15 de junho de 1752, junto com o filho, comprovou à comunidade científica da época que o raio é apenas uma
corrente elétrica de grandes proporções. Como cientista voltado à praticidade e à utilidade de suas descobertas, Franklin
demonstrou ainda que hastes de ferro ligadas à terra e posicionadas sobre ou ao lado de edificações serviriam de condutores
de descargas elétricas atmosféricas. Estava inventado o para-raios.
Eletroscópio e Eletrômetro – O termo eletroscópio é dado a instrumentos os quais servem dois propósitos básicos:

1. determinar se um corpo está eletrificado, e


2. determinar a natureza da eletrificação.

Um eletrômetro por outro lado, é uma forma especializada de eletroscópio que inclui uma escala calibrada para leitura das
intensidades das cargas. Deve ser reparado aqui que esta distinção é de construção moderna, até o século XVIII os autores se
referiam a seus dispositivos como eletrômetros.

O primeiro eletroscópio foi o dispositivo denominado “versorium”


desenvolvido em 1600 por William Gilbert, e era uma simples agulha
de metal, equilibrada na horizontal, e disposta para girar livremente
sobre um pedestal. A agulha metálica seria atraída para corpos
carregados quando estivesse nas proximidades.
Versorium de Gilbert

Stephen Gray introduziu em 1731, um corpo metálico na forma de uma esfera suspensa por um fio isolante como num pêndulo
simples (que ficou denominado como linha pendular "pendulous thread". A esfera era atraída por qualquer corpo carregado
que se aproximasse.

Em 1753 John Canton aperfeiçoou o eletroscopio por adicionar duas pequenas bolas suspensas por fios isolantes finos. As
extremidades superiores dos fios foram presas dentro de uma caixa de madeira. Quando colocados na presença de um corpo
carregado, as duas bolas ficariam carregadas de forma semelhante, e uma vez que as cargas se repeliam, as bolas se separariam.
O grau de separação foi um indicador aproximado da quantidade de carga.
William Henley - Em 1770, desenvolveu o primeiro eletrômetro com escala graduada para medição de valores de cargas. A
data às vezes é referenciada como 1772, uma vez que foi a primeira vez que a invenção foi posta a público. O dispositivo que
não é considerado detector, mas medidor de cargas, consistia em um pequeno pêndulo elétrico na forma de uma barra de
madeira tendo uma esfera metálica em sua extremidade, e ficando livre para se mover sobre um eixo, fixado no suporte. Uma
escala circuar graduada, de marfim ou de bronze, é fixada também neste suporte. Ocorrência de carga elétrica na esfera resulta
em uma deflexão do eixo em um ângulo o qual depende da intensidade da carga aplicada

In 1779 Tiberius Cavallo (1749-1809) designed an improved electroscope, his "pocket electrometer" (see figure 1). The
device included several improvements including, for the first time, enclosing the strings and corks inside a glass enclosure to
reduce the effect of air currents

Eletroscópio de bolso de Tiberius Cavallo


Horace Bénédict de Saussure (Conches, 1740 - Genebra, 1799) – naturalista e físico suiço desenvolveu em 1766 um
dos primeiros eletrômetros, para medição elétrica (capaz de medir o que hoje conhecemos o potencial elétrico dos corpos
carregados). Cabe também destacar o vínculo que Alexander Volta estabeleceu com H. B. de Saussure a quem enviou uma
carta em 20 de agosto de 1778: “Há muito tempo me propondo a trabalhar em uma obra sobre Eletricidade, em que eu
reduziria a maior parte dos fenômenos que estudei da atmosfera elétrica, mas, muitas outras ocupações, e as buscas de gêneros
diversos me colocaram distante dessa proposta, mas não distante do meu pensamento”. Nessa correspondência Volta apresenta
um estudo sobre a capacidade (em acumular cargas) dos condutores elétricos.
De Saussure inventou ainda diversos instrumentos de medida, entre eles un anemômetro (instrumento capaz de medir a
velocidade do vento) e um higrômetro de cabelo em 1783 (instrumento que mede a umidade relativa do ar e experiência cumum
de ensino escolar). Este seu famoso instrumento consistia em um fio de cabelo estendido sobre uma estrutura de latão, e
enrolado por uma roldana, indicando, pelas variações de comprimento do fio, o grau de umidade relativa do ar numa escala
cuidadosamente calibrada. Preconizou assim a sua utilização em toda a Europa para comparações das medidas. Dois destes
aparelhos foram utilizados no topo do “Mont-Blanc” (em 1787), sendo um colocado à sombra e o outro ao sol. A ele tamém é
atribuído a invenção do cianômetro e o diafanômetro, destinados a comparar os graus de transparência do ar em diferentes
altitudes. Empregou o primeiro uso específico do manômetro (medidor de pressão) se baseando no projeto nos mesmos
princípios que caracterizam as condições de equilíbrio entre fuidos de densidades diferentes no interior de um sistema de vasos
comunicantes.

O eletroscópio que Horace Benedict de Saussure inventou em 1779


para estudar a eletricidade atmosferica, principalmente para suas
medições ao subir o Mont-Blanc em 1787, foi o primeiro
verdadeiramente funcional. Mediu pela primeira vez a carga
induzida em um condutor imerso na atmosfera. Seu istrumento
cosistia em observar a separação entre duas esferas suspensas lada
a lado por fios finos e isolantes. Com isso descobriu uma variação
anual da eletrificação nas condições de tempo bom e cheio de
nuvens, além da variação conforme a altitude. Acreditava que
essas alterações poderiam ser eplicadas ao assumir que o ar da
atmsfera continha uma carga positiva.
O aparelho possuía quatro pares de tiras metálicas caracteristicas,
internas e externas, e colocou as cordinhas e as bolas dentro de
uma jarra de vidro invertida. Não há evidências que alguma escala
foi adicionada, tal que o ângulo entre as bolas pudesse ser
mensurado quando de suas repulsões elétricas. Porém descobriu
que a distância entre as bolas não se relacionava de forma linear
com a quantidade de cargas nelas (lei do inverso do quadrado
estabelecida por Augustin Charles de Coulomb em seus
experimentos de 1784).

Abraham Bennet (1750 - 1799) – clérigo e inventor inglês, descobriu que finas folhas de ouro era muito mais sensitiva
para efeitos de repulsão em vez de outras tecnicas e materiais então utilizados nos eletroscópios. Descreveu o instrumento na “
Philosophical Transactions” in 1787. Seu eletroscópio consistia de um par de folas fininhas de ouro dependuradas de uma barra
condutora circundada por uma caixa, ou redoma de vidro. A barra se estendia para fora da caixa, de forma que quando um
experimentalista colocava um corpo eletrificado próximo a ela, a barra adquiria carga via indução. A carga então fluía para
baixo para as lâminas de ouro e eventualmente se distribuía sore suas superfícies. Uma vez eletrificadas, as lâminas se
afastavam devido a ter suas cargas similares provocando a repulsão. Alguns eletroscópio possuem uma esfera no topo da barra
para melhor captar a aproximação do corpo carregado. Prêsas ao suporte, e conectadas ao vidro da caixa na parte interna e
externa, também se pode reparar tiras metálicas de aterramento, que era para proteger as lâminas de ouro do resto do dispositivo
do acúmulo das cargas estáticas. Era dito que realmte melhoravam a precisão do aparelho.
Eletroscópios de folhas são os mais sensíveis construídos. Os de lâminas de ouro são os melhores e encontrados em muitas
aplicações, e ainda foi utilizado em pesquisas de raios cósmicos até pouco antes da II Guerra Mundial.
O ELETRÓFORO E A PILHA DE VOLTA

Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (18.2.1745 – 05.3.1827) - nasceu em Como, na Lombardia (atual
Itália), numa época em que o nível de vida de sua família havia diminuído. Ao contrário do que se esperava o jovem Alessandro
não seguiu a carreira eclesiástica. Quando jovem, não mostrou ser um menino prodígio. Começou a falar apenas aos quatro
anos de idade e sua família estava convencida de que ele possuía problemas mentais. Entretanto, aos sete anos, quando do
falecimento de seu pai, alcançava o nível de perspicácia para crianças de sua idade. A partir de então, Alessandro começou a
progredir intelectualmente. Estudou boa parte de sua vida no colégio dos jesuítas, mas, aos 16 anos, o abandonou para estudar
por conta própria, apenas com a assistência do cônego jesuíta Giulio Cesare Gattoni (Como, 12.3.1741 – Como, 30.5. 1809)
que além de lhe ensinar os princípios básicos de Física, também lhe forneceu alguns aparelhos necessários para suas
experimentações.
Apesar de seu tio o incentivar a estudar Direito, ele estava decido a estudar Física. E, incrivelmente, Volta aprendeu sozinho
Física, Matemática, Latim, Francês, Alemão e Inglês. E mesmo não possuindo um diploma ou não tendo defendido uma tese,
conseguiu com a ajuda do governador da Lombardia austríaca, Carlo di Firmian, um emprego como professor no State
Gymnasium, em Como. Com o tempo ele passou de professor-substituto a professor-regente. Além disso, também conseguiu a
cátedra de professor de Física Experimental nas escolas da cidade. Foi contemporâneo de Bennet e aos dezoito anos inicia por
si só, e inspirado nas obras de Musschenbroek, Nollet e Beccaria, seus estudos sobre eletricidade.
Após ler um ensaio de Benjamin Franklin sobre o "ar inflamável", estudou a química de gases entre 1776 e 1778, se interesando
na busca desse tipo de ar nos locais pantanosos. Em novembro de 1776, encontrou o ar no Lago Maior, e dois anos depois, em
1778 foi o primeiro a isolar o gás metano, descoberta que aumentou ainda mais a sua fama, tanto que ele foi escolhido para
lecionar na Universidade de Pávia, em 1779, cargo que ocupou por 25 anos e onde continuou com suas pesquisas e seus
trabalhos em eletricidade da qual posteriormente se tornou o reitor.
É neste período, em 1777 que ele desenvolve a lâmpada de hidrogênio ficando muito popular porque ela mostrava a formação
de uma chama quando a lâmpada sofria ignição. Na verdade, o hidrogênio gasoso era formado pela reação do zinco metálico
com o ácido sulfúrico.
Inventou outros dispositivos que envolvem eletricidade estática e recebeu a medalha de Copley da Sociedade Real, onde foi
nomeado membro em 1791. Em 1794, casou-se com Teresa Peregrini, filha do conde Ludovico Peregrini. O casal teve três
filhos.
Seu feito principal, no entanto, não foi na eletricidade estática e sim na eletricidade dinâmica, mais precisamente em relação à
corrente elétrica.
Em 1769 publica sua primeira obra, “De vi attractiva ignis electrici ac phaenomenis inde pendentibus” relatando a atração de
corpos segundo a teoria de Franklin e os experimentos de Beccaria. Posteriormente, em 1775, Volta publica sobre o seu
primeiro instrumento elétrico: “eletroforo perpetuo”. O eletróforo de Volta tinha como pressuposto a eletricidade enquanto
fluido e parecia fornecer eletricidade indefinidamente, contribuindo para estudos posteriores sobre eletrização. Na carta
endereçada a Joseph Priestley em 1775, relata todo o princípio de funcionamento de seu eletróforo tentando desconstruir a ideia
de Beccaria de alguém vindicar (reclamar como sua) a eletricidade dos corpos. A idéia já era conhecida por experiências em
uma primeira versão do instrumento pelo professor Johan Carl Wilcke, na Suécia, alguns anos antes (1762), mas Volta
popularizou o instrumento de forma a torná-lo mais prático.
A figura abaixo ilustra os dispositivos e procedimentos de demonstração para o eletróforus construído por Volta.

Figura ilustrativa do documento original, provavelmente redesenhado, mostrando


dispositivos de demonstração para o eletróforus construído por Volta.
O "eletrophorous" (ou "Eletróforo Perpétuo") era Demonstração simples do funcionamento do eletróforo.
um dispositivo que acumula cargas (ou
condensador de eletricidade) por combinar o
entendimento observado que a resina (âmbar)
retinha sua eletricidade por mais tempo que o
vidro, associado com o fato que, um isolante
carregado e uma placa de metal podem gerar
muitas faíscas, sem descarregar substancialmente
o isolante. Após muitos experimentos, Volta
elaborou seu isolante constituído de três partes de
terebentina, (solvente vegetal, obtido da
destilação de resinas da árvore de pinus sendo
usado como solvente tradicional das tintas a óleo,
e limpador pincéis), duas partes de resinas (breu
ou espécie de piche), e uma parte de cêra. Seu
eletrofórus consistia de um disco de metal sobre
um suporte aterrado, contendo o dielétrico
disposto em sua parte superior, e um disco fino de
madeira móvel coberto com uma lâmina metálica,
lámina essa alisada para eliminar os efeitos das
pontas. Uma barra de vidro, prêsa na face do topo
desse disco de madeira, servia como um cabo
para poder ser transportado. O dielétrico foi
primeiro carregado por processo de fricção, então
o disco móvel é aproximado, provocando cargas
induzidas na parte metálica, e colocado em
contato com o dielétrico. Quando tocado na borda
com um dedo para provocar o aterramento, há o
escoamento da carga elétrica induzida de mesma
polaridade que a contida no dielétrico. Quando o
disco era separado e afastado, Volta verificou que
este ficava carregado, as cargas podendo ser
transferidas para a garrafa de Leyden. Repetindo
o procedimento, se notava que o dielétrico
aparentemente não se descarregava, servindo
sempre para provocar o surgimento das cargas
induzidas. A garrafa de Leyden podia ser
moderadamente carregada por repetir o processo
diversas vezes.
Volta passou, então, a ser conhecido por sua invenção e pelo resultado.
A neurofisiologia começou por uma série de observações simples feitas por muitos naturalistas com respeito à "eletricidade
animal". Sabia-se, por exemplo, que certos animais, tais como a enguia e o torpedo (raia elétrica) eram capazes de dar choques
quando tocados, os quais eram muito similares aos efeitos de outros choques elétricos (dados pela garrafa de Leyden quando
carregada, por exemplo). Então, estava claro que animais eram capazes de gerar eletricidade em seus corpos.

Alessandro Volta repetiu os experimentos de Galvani na


Universidade de Pávia, e obteve os mesmos resultados.
Entretanto, ele não estava convencido da explicação dada por
Galvani. Ele notou que apenas o contato dos eletrôdos
bimetálicos nos nervos que conduziam aos músculos da perna
do sapo já era suficiente para causar uma contração. Portanto,
o modêlo de "garrafinhas de Leyden" proposto por Galvani
não podia ser verdadeiro, e uma longa controvérsia foi
iniciada. Volta propôs que a hipótese alternativa (e que
realmente era a correta para os primeiros experimentos feitos
por Galvani) era a de que a eletricidade externa era gerada
pelo contato entre dois tipos de metal. Ele argumentou que o
músculo do sapo funcionava (se retraindo ou se expandindo)
somente como um detector de pequenas diferenças de
intensidades de cargas elétricas externa, como um tipo
orgânico de eletroscópio, e que nada evidenciava haver a
"eletricidade animal" (gerada ou acumulada) postulada por
Galvani.
Tentando provar sua hipótese, em 1800 partiu de um
pressuposto diferente do de Galvani: o de que a eletricidade
tinha origem nos metais. Como físico, Volta tentava provar
que só existia um tipo de eletricidade, aquela estudada pelos
físicos. Por isso, trocou os tecidos de organismos vivos por
ferro, cobre e tecido molhado. Variando os metais usados,
rapidamente se convenceu de que seu raciocínio fazia sentido.
Construiu assim um equipamento capaz de produzir corrente
elétrica continuamente empilhando alternadamente discos de
zinco e de cobre, separando-os por pedaços de tecido
embebidos em solução de ácido sulfúrico. A pilha de Volta,
como ficou conhecida, produzia energia elétrica sempre que
um fio condutor era ligado aos discos de zinco e de cobre,
colocados na extremidade da pilha. O método ainda é a base
de todas as baterias de célula úmida modernas, Esta foi uma
descoberta científica tremendamente importante, pois pela
primeira vez havia a geração de uma corrente elétrica
contínua, não só por descargas que variavam. Entretanto,
com respeito aos experiementos biológicos de Galvani, Volta
rejeitou efetivamente a idéia de um "fluido elétrico animal".

Foi chamado à França por Napoleão Bonaparte em setembro de 1801 para demonstrar as características de seu invento de
geração de corrente elétrica com sua bateria (pilha de Volta). Sua apresentação, segundo o Imperador, foi um triunfo no
Institut de France.
Na linha do tempo contribuiu decididamente para a eletroquímica (passagem da corrente elétrica pelas substâncias),
desenvolvida no biênio 1807-08, por Sir Humphry Davy que a utilizou para isolar vários elementos químicos, incluindo
potássio, sódio, cálcio, estrôncio, bário e cloro, além da primeira descoberta do alumínio.
Volta recebeu medalhas e condecorações, incluindo a Honra da Legião, e em 1810 foi senador do reino da Lombardia, então
tomada militarmente da região de Savóia, na Itália. Em honra ao seu trabalho no campo de electricidade, Napoleão
Bonaparte o nomeou com o título de conde em 1810. Após a queda de Napoleão e com a Áustria dominando a Itália, Volta
ainda conseguiu se manter em evidência. Em 1815, o Imperador da Áustria o nomeou professor de Filosofia na Universidade
de Pádua.
Entretanto, a maior honra que Alessandro Volta recebeu foi de seus amigos e colegas cientistas, quando da definição de
unidade fundamental de força eletromotriz. Esta unidade recebe o nome de volt [V].
Luigi Galvani (1737 - 1798) - anatomista e médico italiano, foi um dos primeiros a investigar experimentalmente o fenômeno
chamado "bioeletrogênese". Em uma série de experimentos iniciados por volta de 1780, Galvani, trabalhando na Universidade
da Bolonha, Itália, descobriu que a corrente elétrica liberada ( por uma garrafa de Leyden ou um gerador eletrostático rotatório)
causava a contração dos músculos na perna de um sapo e muitos outros animais, tanto ao aplicar a carga no músculo quanto no
nervo.
Tentando provar que os raios na atmosfera nada mais eram do que uma faísca elétrica, como Benjamin Franklin tinha proposto,
Galvani notou que os músculos se contraíam não apenas quando a faísca aparecia, mas também quando elas estavam ausentes.
A contração muscular aparecia quando a preparação do músculo era colocada em contato com dois metais diferentes,
estivessem eles ao ar livre ou dentro do laboratório. Como neste caso, nenhuma eletricidade externa estava sendo aplicada aos
músculos, Galvani chegou à conclusão que os músculos do sapo estavam gerando eletricidade por si próprios. Em outras
palavras, para ele estava claro que certos tecidos orgânicos eram capazes de gerar e possuir "eletricidade animal", um termo
cunhado por ele, como um tipo de energia vital, a qual ele pensava que era similar, mas algo diferente da eletricidade "natural"
gerada por máquinas ou em raios na atmosfera. Ele comparou o músculo a uma pequena garrafa de Leyden, carregada com
eletricidade. Quando uma carga externa era aplicada aos músculos, cargas elétricas opostas da superfície interna e externa se
atrairiam, causando a contração muscular. Suas conclusões foram publicadas em 1791, em um ensaio intitulado "De Viribus
Electricitatis in Motu Musculari Commentarius" (Comentário sobre o Efeito da Eletricidade no Movimento Muscuular.
Posteriormente, Galvani e seu primo, Giovanni Aldini (1762-1834), foram capazes de demonstrar que a eletricidade animal
estava presente quando apenas um metal era usado (uma piscina de mercúrio). Ele também conseguiu contrações ao tocar o
músculo exposto de um sapo com o nervo de outro. Desta forma, ele foi o primeiro a estabelecer com segurança a existência da
eletricidade gerada organicamente. No entanto, ele publicou isto somente em 1794, no suplemento de um livro anônimo
intitulado "Dell'uso e Dell'attività Dell'arco Conduttore Nella Contrazione dei Muscoli" ("Sobre o Uso e Atividade do Arco
Condutivo na Contração dos Músculos"). Em todos estes experimentos feitos por Galvani, Volta sempre tentava refutar que
eles seriam demonstrações da existência da eletricidade animal, usando a sua teoria da geração externa da eletricidade. A
evidência experimental definitiva para essa dúvida foi proporcionada pelo naturalista alemão Alexander von Humboldt , in
1797, que foi capaz de descobrir dois fenômenos separados e genuínos: eletricidade bimetálica e eletricidadee animal e apontar
onde Galvani e Volta estavam certos e onde eles estavam errados.
O Gerador van de Graaf – Tem como princípio de funcionamennto a eletricidade estática. Os materiais da polia do motor
e o da correia que estarão em contato vai determinar o tipo de carga que se queira no coletor esférico. A série triboelétrica
fornece uma relaçao de alguns materiais em termos de sua capacidade de se tornar eletricamente positivo ou negativo nos
processos de eletrização. Após ligar o motor, a polia inferior adquire carga por atrito com a correia, e carga elétrica oposta se
acumula na correia. Na Fig. tem-se que o a polia é positivamete carregada (+) e a correia é negativa (-). A área da correia é
considerada muito maior que a área da polia, e devido a isso há um acúmulo maior de cargas (+) na polia; isso por sua vez
induz o aparecimento de carga iônica no ar, a de sinal oposta (-) é atraída pela polia, enquanto a de mesmo sinal (+) escoa para
a terra via escova metálica inferior. A quantidade de carga depende dos materiais envolvidos e da área superficial de contato.
Deve ser notado aqui, que todas as superfícies apresentam certa rugosidade, o que diminui a área superficial de contato,
diminuindo a diferença de cargas. A umidade também contribui para diminuir a diferença de cargas, e isso ocorre porque a
água do ar recobre a superfície dos materiais, resultando em um caminho de baixa resistência elétrica, assim permitindo que as
cargas se recombinem, havendo então mais neutralizção. Baixa unidade pode levar o carregamento atingir valores
relativamente altos.
A correia, agora carregada negativamente devido à ionização do ar, sobe impulsionada pelo motor, até atingir a escôva metálica
superior que, em contato com a correia, recolhe as cargas para o coletor. Isto acontece porque as cargas sentem que há uma
área maior para sua repulsão no coletor do que na própria área da correia. A correia agora é atritada pela polia superior, ficando
neutra ou carregada, dependendo do material da polia superior., e desce para repetir o ciclo. O processo continua até a repulsão
entre as cargas contidas na área do coletor, ser mais intensa que a repulsão das cargas contidas na polia.

Mais
positivas

Zero

Mais
negativas

Fig. – Esquema de um gerador van de Graaf. A polaridade da carga elétrica no coletor depende dos
materiais utilizados nas polias e correia, e sua intensidade depende da área do eletrôdo esférico. Ao lado
a série triboelétrica de materiais mais propensos a adquirir carga elétrica nos processos de eletrização.
Robert Jemison Van de Graaff, 20.12.190 ( Tuscaloosa, Alabama – 16.1.1967, Boston, Massachusetts) - Robert freqüentou
as escolas públicas de Tuscaloosa e depois frequentou a Universidade do Alabama, onde obteve um diploma de Bacharel em
Ciências em 1922 e um grau de Mestre em Ciências em 1923. Ambos em engenharia mecânica.Formado, trabalhou para a
Alabama Power Company por um ano como assistente de pesquisa. Estudou na Sorbonne em Paris de 1924 a 1925 e, enquanto
esteve lá, participou de palestras que Marie Curie minnistrou sobre a radiação. Em 1925, foi para a Oxford University, na
Inglaterra onde fêz Bacharelado em Física em 1926 e um Ph.D. em 1928. Foi em Oxford, que ele teve contato com
experimentalistas nucleares como Ernest Rutherford, e que as partículas poderiam algum dia ser aceleradas a velocidades
suficientes para desintegrar núcleos atômicos, e assim aprender sobre a natureza dos átomos individuais. Foi com essas idéias
que Robert Van de Graaff viu a necessidade de um acelerador de partículas.
Em 1929, voltou aos Estados Unidos para se juntar ao Laboratório de Física da Universidade de Princeton e no outono daquele
ano construiu o primeiro modelo de seu acelerador eletrostático que atingiu 80.000 volts. Foram feitas melhorias no projeto
básico e, em novembro de 1931, num jantar inaugural do Instituto Americano de Física, exibiu um modelo de demonstração
que produziu mais de 1.000.000 de volts.
Quando Karl T. Compton tornou-se presidente do Massachusetts Institute of Technology, Van de Graaff foi convidado a vir
para o MIT como um associado de pesquisa. Ali construiu sua primeira grande máquina em um hangar de aeronaves em South
Dartmouth, Massachusetts. A máquina usava duas esferas de alumínio polido, cada uma com 5 m de diâmetro, montadas em
colunas isolantes de 8 m de altura, com 2 m de diâmetro. As colunas foram montadas em trilhos que impulsionavam as esferas
a 14 m acima do nível do solo. A máquina teve sua estréia em 28 de novembro de 1933 e conseguiu produzir 7.000.000 de
volts. Esta conquista foi relatada no New York Times em 29 de novembro de 1933 em uma história intitulada "Man Hurls Bolt
of 7,000,000 volts". Em 1937, a máquina foi movida para uma cabine pressurizada no MIT.
John D. Cockcroft e Ernest Walton do Laboratório Cavendish na Inglaterra construíram um acelerador de partículas bem
sucedido em 1932. Esta máquina usou circuitos de multiplicador de tensão para produzir as altas voltagens necessárias para
aceleração de partículas. Era volumoso e complicado e limitado em sua capacidade de voltagem. Em contraste com a máquina
Cockcroft-Walton, a máquina Van de Graaff era simples e compacta e era mais fácil de regular e capaz de produzir tensões
mais elevadas e, portanto, maiores acelerações.
Em 1935, Van de Graaff recebeu uma patente pela sua invenção. Ele foi orientado na preparação do pedido de patente por Karl
T. Compton e Vannevar Bush, que era vice-presidente do MIT.
Em 1936, Van de Graaff casou-se com Catherine Boyden. Eles tiveram dois filhos, John e William.
Após a guerra, em 1945, recebeu uma bolsa da Fundação Rockefeller para o desenvolvimento de um acelerador melhorado no
MIT.
Em 1947, recebeu a Medalha Duddel da Sociedade Física da Grã-Bretanha.
Van de Graaff permaneceu como professor associado de física no MIT até 1960, e em 1966, foi premiado com o Prêmio Tom
W. Bonner por sua contribuição e desenvolvimento contínuo do acelerador eletrostático, "um dispositivo que tem uma física
nuclear avançada imensamente" pela American Physical Society. O prêmio foi nomeado para um cientista que usou o
acelerador de partículas Van de Graaff para alcançar os resultados de sua pesquisa fundamental.
Robert J. Van de Graaff morreu na manhã do dia 16 de janeiro de 1967, em Boston, aos 65 anos de idade. Na época da morte,
havia mais de 500 aceleradores de partículas Van de Graaff em uso em mais de 30 países.
ELETRIZAÇÃO - A Eletrização teve seu princípio de observação pela vez relatada pelo filósofo grego Tales de
Mileto que, ao esfregar um âmbar a um pedaço de pele de carneiro, observou que pedaços de palhas e fragmentos
de madeira começaram a ser atraídas pelo próprio âmbar (élektron em grego) surgindo daí o nome eletricidade.
Tales de Mileto, provavelmente descendente de fenícios, nasceu na antiga colônia grega Mileto, região da Jônia,
atual Turquia, por volta de 623 ou 624 a.C. Na cidade de Mileto, foi fundador da mais antiga escola filosófica a
"Escola Jônica", ou "Escola de Mileto" (Milésima), sendo os Milesianos, o nome da categoria dos pensadores
adeptos a essa filosofia, pautada em deuses antropomórficos (atribui-se aspectos humanos aos Deuses) e aos
fenômenos naturais de onde seus pensadores buscavam explicações cosmológicas, ou seja, por meio da natureza e
através das observações. Destacam-se Anaximandro, Anaxímenes e Pitágoras como seus discípulos. Viajou para o
Egito onde se diz que foi convidado a descobrir a altura da pirâmide de Quéops. Diante disso, surgiu o “Teorema
de Tales” donde as retas paralelas e transversais formam segmentos proporcionais. Também visitou a Babilônia
aprofundando e difundindo seus conhecimentos. Veio a falecer aproximadamente em 556 ou 558 a.C.
No século XVII foram iniciados estudos sistemáticos sobre a eletrificação por atrito, graças a Otto von Guericke.
Em 1672, Otto inventa uma maquina geradora de cargas elétricas onde uma esfera de enxofre gira constantemente
atritando-se em terra seca. Meio século depois, Stephen Gray faz a primeira distinção entre condutores e isolantes
elétricos.

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO - O processo de suprir ou de desprover um corpo de carga elétrica é chamado


de carregamento. Equilíbrio eletrostático ocorre quando após um rearranjo de natureza elétrica das cargas no
material do corpo, e provido pela lei da atração e repulsão destas, não ocorre mais a sua movimentação. Materiais
não-condutores, ou isolantes, pela sua própria definição, quando em processo de carregamento não permitem que as
cargas se movimentem, e automaticamente atingem o equilírio eletrostático. Sob condições apropriadas, o
processo de carregamento é feito basicamente por três métodos distintos.

CARREGAMENTO POR FRICÇÃO – ocorre quando um corpo, de material condutor, é atritado sobre outro, e neste
caso, há uma transferência de carga de um para o outro. Nesta transferência um dos objetos perde carga (que pode
ser positiva ou negativa), e o outro objeto aceita essa carga. Portanto, o corpo que gera torna-se carregado com
sinal contrário àquela carga gerada, e o corpo que aceita se torna carregado com o mesmo sinal da carga gerada. A
carga obtida nos dois corpos é chamada de carga de fricção, e o método de carregamento é denominado de
eletrificação por fricção.

++ -
++ + ----
sêda + - - -
- --
+ + - - --- -
---
+ + --- -
ebonite + + + -- -
+
+ + +
++
+

Antes de serem atritados Após serem atritados e separados

Dois corpos de materiais e características elétricas diferentes são atritados. Um dos corpos vai doar carga elétrica e
o outro vai receber. A ebonite que é uma resina de borracha com excesso de enxofre, quando atritada com a sêda,
adquire carga negativa e a sêda recebe carga positiva. O vidro atritado com a sêda adquire carga positiva, e a sêda
recebe carga negativa.
Quando um mesmo corpo se eletriza por atrito com outros corpos, ele não adquire sempre eletricidade positiva, ou
sempre negativa. Pode se eletrizar positiva ou negativamente, de acordo com o outro corpo com o qual é atritado. A
seguir damos alguns exemplos:
sêda(+) _ebonite(-) ; vidro(+) _ sêda(-) ; pele de gato(+) _vidro polido(-) ; marfim(+) _ lã(-) ; penas(+) _ madeira(-)
; papel(+) _ seda(-) ; goma laca(+) _ vidro despolido(-).

Carregamento por Condução – ocorre quando um corpo de material condutor, não-carregado, é colocado em
contato com outro corpo carregado, isto é um corpo que tem um número desigual de cargas positivas e negativas.
Neste método, o excesso de carga no corpo carregado tem uma parte transferida para o outro corpo descarregado.
Durante o contato, ambos os corpos formam uma só estrutura, e o arranjo das cargas pode depender do tipo de
material e da forma geométrica, de forma que a cargas distribuídas devido à repulsão entre elas se arranjam até
atingir o equilíbrio eletrostático. A estrutura pode então ser separada, desfazendo o contato, e cada uma das partes
retém a porção adequada de carga elétrica, advindas do equilíbrio, ficando assim os dois corpos, agora, eletrizados
com cargas distintas.
+ +
++ + +
+ + + + + +
+ + + +
+ + + + +
+ + + + + + + +
+ + +
+

+
+ +

+ + +
+ + + +
++ - - -+ + ++ + + - - - -+ + + + + - -
++ -- + + + -- + +
+ - -
+ - + + - + +
+ - + + + - + - -
+ - +
++
- + + - ++ + + - -
- + - + -
+ + -- + + - + ++ - --

CARREGAMENTO POR INDUÇÃO – o processo ocorre quando um corpo de material condutor, não-carregado é posto
próximo, sem tocar, de outro que está carregado com alguma carga. A carga contida no corpo carregado atraem
cargas de sinais opostos e repelem aquelas cargas de mesmo sinal, havendo então uma distinta separação entre elas.
A atração terá seu máximo na região do corpo que está mais próxima do corpo eletrizado, enquanto que o oposto
ocorrerá na repulsão, tudo regido pelo equilíbrio eletrostático, pois as cargas induzidas de mesmo sinal também
sofrem os efeitos de se repelirem.
Se o corpo não-carregado estiver em conexão à um outro corpo condutor de dimensão bem maior em comparação,
essa conexão permite que qualquer carga elétrica que surge nêle seja escoada, ou espalhada, devido à repulsão,
ocupando a estrutura tôda (como no caso do carregamento por condução). É afirmado que o corpo não-carregado
está aterrado, quando todas as prováveis cargas que esse corpo tenha, seja escoada devido à repulsão entre elas,
totalmente para o corpo de maior dimensão.
No caso em questão, do carregamento por indução, apenas as cargas de mesmo mesmo sinal daquela do corpo
eletrizado será escoada, pois estas encontram um caminho livre para se repelirem ainda mais, se afastando por
completo do corpo eletrizado. Com isso, a carga induzida agora se justifica apenas como um desequilíbrio
eletrostático, e resulta numa carga de sinal oposto a aquela do corpo eletrizado mantido ainda próximo. Quando este
é afastado, o corpo fica também eletrizado, de forma permanente, com carga de sinal oposto espalhada em sua
estrutura de forma a satisfazer a condição de equilíbrio eletrostático.

Geometrias de superfícies em forma de cascas condutoras exibindo seu lado interno e externo. A carga induzida na
superfície interna é igual a –Q, enquanto que na superfície externa o valor é +Q. O saldo total de cargas induzidas
deve ser sempre zero.
A aproximação do corpo carregado induz o aparecimento das cargas induzidas em um corpo de material condutor.
Analisando melhor essa aproximação, vê-se que a distância que o corpo carregado está do corpo condutor não-
carregado não pode ser qualquer. Para grandes distâncias (comparadas às dimensões dos corpos envolvidos) não se
nota o surgimento das cargas induzidas, ou elas são difíceis de serem detectadas. Dizer que a carga induzida tem a
mesma magnitude da carga contida no corpo carregado só é válida quando a indução é promovida, e isto depende de
estudos mais severos, que aqui nesta etapa ainda não dispomos. Veremos isso com o Experimento da Lei de Força
Elétrica com os trabalhos de Coulomb, Cavendish e seus ajudantes. Por hora basta definir que “o corpo carregado
se aproxima de um corpo de material condutor não-carregado, sendo que essa aproximação se traduz numa
distância comparável aos dos corpos envolvidos”.

No diagrama abaio, temos superfícies fechadas com aberturas para acesso ao interior. Idealmente, as superfíciea
devem estar completamente fechadas, mas, como uma questão prática, uma porta de acesso faz pouca diferença
para o resultado.
A distribuição das cargas induzidas, tanto na superfície interna quanto na externa, deve obedecer o princípio do
equilíbrio eletrostático o qual estabelece que as cargas estão em repouso, e assim não pode haver qualquer
perturbação advinda do arranjo que o contrarie, mesmo quando a esferazinha carregada positivamente tiver sua
posição alterada, para cima ou para baixo, ou pra esquerda ou direita da parte central, sem no entanto tocar a parte
interna deve-se aguardar o tempo necessário para o equilíbrio eletrostático ser atingido, o que ocorre de forma quase
instantânea.
Deve ser reparado que o efeito das pontas, no entanto, atua no sentido de acumular mais cargas nas partes mais
estreitas, deixando o arranjo como mostrado nas ilustrações. Este efeito das pontas (bem como dos cantos) é a
capacidade dos corpos eletrizados de se descarregarem nestas regiões pontiagudas, até porque, devido a maior
concentração delas por ali, tende a aumentar a repulsão, e criar as condições apropriadas para estas deixarem o
corpo. O fenômeno é denominado Efeito Corona, e estabelece que a maior intensidade de concentração de cargas
ocorre na superfície onde a curvatura é mais estreita, e é o princípio utilizado por Franklin em seus experimentos do
pára-raio. Distribuição simétrica simples ocorre na esfera ôca, por exemplo, que exibe alto grau de simetria.
Quando se insere a esfera carregada dentro da superfície ôca, condutora, e aproximamos da superfície interna, a
carga positiva no corpo da esfera fica distorcida, pois atrai o surgimento de uma carga negativa na superfície
condutora, enquanto que uma carga positiva então se espalha uniformemente sobre sua superfície externa.
Este processo de eletrização é totalmente baseado no princípio da atração e repulsão, já que a eletrização ocorre
apenas com a aproximação de um corpo eletrizado (indutor) a um corpo neutro (induzido).
O processo é dividido em três etapas:
a.) uma esfera carregada é inserida na cavidade da superfície de material condutor, e cargas elétricas são induzidas;
b.) se faz o aterramento da superfície externa, promovendo dessa forma o escoamento da carga induzida nesta
superfície;
c.) se desfaz o aterramento, e se retira a esfera carregada, a carga outrora induzida na superfície interna, agora se
repele, e como o corpo é de material condutor que permite a passagem de cargas elétricas, estas vão migrar para
a superfície externa, onde a repulsão é menor. Elas se espalham, até o equilíbrio eletrostático ser atingido.

Distribuição de cargas elétricas numa


superfície condutora irregular. As cargas A carga elétrica da nuvem carregada atrai cargas para as pontas do
tendem a se acumular nas partes mais pára-raio que deve estar aterrado. Sob condições apropriadas ocorre
estreitas, de cantos, e de pontas o descarregamento na forma de faíscas.

O Efeito Corona, também conhecido como fogo-de-santelmo, é um fenômeno relativamente comum em linhas de transmissão
com sobrecarga onde as partículas de ar que envolvem os condutores tornam-se ionizadas e, como consequência, emitem luz
pela formação do plasma atmosferico.
A primeira referência escrita à luminosidade hoje conhecida como fogo-de-santelmo é, possivelmente, a que aparece nos
«Hinos Homéricos», uma colectânea de poemas no estilo de Homero escrita por vários autores desconhecidos. Referem-se aí
os gémeos mitológicos «Castor e Pólux, filhos de Zeus e Leda. Por ocasião das tempestades, diz-se que os marinheiros apelam
a esses gêmeos para imediatamente suavizar as rajadas dos ventos e acalmar as ondas. Para os gregos, o fenômeno da
luminosidade nas pontas dos mastros que se via em momentos tempestuosos era associada a Helena , a irmã de Castor e
Pólux. Mas essa luminosidade era um sinal de bom augúrio quando tinha duas pontas, caso em que a associavam aos dois
gémeos mitológicos. Segundo a lenda, estes tinham poder sobre as forças tempestuosas e eram pois considerados protectores
dos marinheiros. Séculos mais tarde, já na era cristã, os navegadores do Mediterrâneo viam neste lume misterioso o sinal da
intervenção do Corpo Santo através de Santo Erasmo, um bispo italiano assassinado em 303 d.C. também conhecido por Santo
Elmo ou Sant’Elmo.
A descarga de corona tem inúmeras aplicações comerciais e industriais: remoção de cargas elétricas indesejáveis da
superfície de uma aeronave em vôo e com isto evitando o efeito prejudicial de pulsos elétricos descontrolados durante a
atuação dos sistemas aviônicos; fabricação de ozônio; limpeza de partículas do ar em sistema de condicionamento de ar;
tratamento da superfície de filmes poliméricos para aumentar sua compatibilidade com adesivos ou tintas impressão;
fotocópia; fotografia Kirlian a qual alguns acreditar ser uma visualização da aura; propulsão iônica; laser Nitrogênio;
fabricação de eletretos.

BALANÇA DE TORÇÃO

John Michell (Nottinghamshire, 25.12.1724 — Yorkshire, 29.4.1793) - inglês naturalista e geólogo, que trabalhou muitos
temas, da astronomia à geologia, óptica e gravitação. Ele foi o primeiro a colocar em hipótese a existência de estrelas
compactas e de massa tão superior a ponto de criar uma força gravitacional tão forte que até a luz não poderia escapar de sua
ação. Essa hipótese surgiu no ano de 1783 baseado na física de Newton.

Michell foi eleito para a Royal Society em 1760 - o mesmo ano que Henry Cavendish - e se tornou o professor Woodwardian
de geologia em Cambridge dois anos depois. Ele é mais conhecido por ter inventado a balança de torção – uma parte essencial
de seu aparato gravitacional - e por ter sido "o pai da sismologia" (termo criado por Isaac Asimov) como resultado de seu
estudo sobre os terremotos. Ele também escreveu um tratado sobre "ímãs artificiais", que explicou como fazer ímãs que eram
mais fortes do que os encontrados na natureza, algo que era conhecido por fabricantes de magnetos, mas aparentemente não
haviam sido publicados anteriormente.
Não está claro exatamente quando Michell realizou sua experiência gravitacional, mas talvez tenha sido no início da década de
1780. Cavendish, escrevendo em 1798, diz que foi "há muitos anos", embora Michell não tenha completado sua aparelhagem
até "pouco tempo antes de sua morte", que foi em 1793.

Henry Cavendish fez uso de muitos instrumentos científicos da época, mas não chegou a inventar nenhum. Era tarefa de
Watson, providenciar.

Sir William Watson (3 April 1715 – 10 May 1787) - foi um físico britânico, selecionado por Isaac Newton para ser o
experimentalista da Royal Society quando este assumiu a presidência,, e era assim o experimentalista elétrico com quem Lord
Charles Cavendish trabalhou mais proximamente, considerado o principal eletricista britânico antes de Franklin. Chegou a
trabalhar com Henry Cavendish (o filho de Charles). Em 1746, mostrou que a capacidade da Garrafa de Leyden podia ser
aumentada revestindo-a por dentro e por fora com folha de chumbo. No mesmo ano, ele propôs que os dois tipos de
eletricidade - vítrea e resinosa postuladas por DuFay, - fossem realmente um superávit (uma carga positiva) e uma deficiência
(uma carga negativa) de um único fluido que ele chamou de éter elétrico e que a quantidade de carga elétrica era conservada.
Ele reconheceu que a mesma teoria tinha sido desenvolvida de forma independente, e ao mesmo tempo por Benjamin
Franklin. Os dois tornaram-se aliados tanto em questões científicas quanto em questões políticas da época.

Lado Inglês - A experiência de Cavendish foi projetada pouco antes de 1783 pelo Reverendo John Michell, que construiu uma
balança de torção para isso. Michell morreu em 1793 sem completar seu trabalho de uso da balança, e após sua morte, o
aparelho foi passado para Francis John Hyde Wollaston, e daí para Henry Cavendish, que remodedou o aparelho, tendo o
cuidado de manter próximo do plano original de Michell.
O dispositivo era uma balança de torção, feita de um bastão de madeira com 2 braças, (1,8 m) de comprimento suspenso por
um fio, e a cada extremidade foi colocada uma esfera de chumbo com um diâmetro de 2 polegadas (51 mm) e peso de 1,61
libras (0,73 kg). Próximo a cada esfera foram posicionados duas bolas de chumbo de 12 polegadas (300 mm) e 348 libras (158
kg), a uma distância cerca de 9 polegadas (230 mm), e fixado no lugar com um sistema de suspensão independente. O
experimento permitiria medir a fraca atração gravitacional entre as esferas pequenas e as maiores. Cavendish, fez várias
medições com o equipamento, e em 1797–98 sendo a primeira experiência capaz de medir a força gravitacional entre massas
no laboratório, e a primeira capaz de conseguir valores acurados para a constante gravitacional e para a massa da Terra.
Para conseguir medir o momento de torção da fibra, Cavendish teria de saber o ângulo de rotação da mesma. Para tal, fixou
verticalmente um espelho sobre a fibra, o qual refletia um feixe de luz sobre uma escala. Assim, quando a fibra rodava sobre si
própria, o feixe de luz era desviado ao longo da escala, indicando o seu ângulo de rotação. Tendo sido construída para poder
medir uma interacção tão fraca como a gravitacional, a balança de torção de Cavendish era extraordinariamente sensível, o
que originou alguns problemas. Para que as suas medições não fossem afetadas por correntes de ar, forças magnéticas ou
mudanças de temperatura, Cavendish teria colocado o seu aparelho numa caixa de madeira cúbica, de 27 m3 e 0,61 m de
espessura e observado o movimento de torção da fibra através de dois orifícios, usando telescópios, controlando o sistema
externamente. Através de relatos de vizinhos do físico inglês, sabe-se que todas estas observações e medições tendo sido
efetuadas num anexo, construído no jardim da casa de Cavendish.
Porém, o objetivo de Cavendish era saber o valor da densidade da Terra, que foi o que foi reportado no Philosophical
Transactions of the Royal Society em 1798 onde consta que a densidade da Terra foi 5,448 ± 0,033 vezes a da água (devido a
um erro de aritmética simples, encontrados em 1821 por F. Baily, o valor errado 5,48 ± 0,038 aparece na publicação de
Cavendish). O valor encontrado pelo cientista - 5,48 - é praticamente preciso, considerando-se que as mais recentes
determinações fixam em 5,5 a densidade média do planeta.

Para conseguir medir o momento de torção da fibra, Cavendish teria de saber o ângulo de rotação da mesma. Para tal, fixou
verticalmente um espelho sobre a fibra, o qual reflectia um feixe de luz sobre uma escala. Assim, quando a fibra rodava sobre
si própria, o feixe de luz era desviado ao longo da escala, indicando o seu ângulo de rotação. Tendo sido construída para
poder medir uma interacção tão fraca como a gravitacional, a balança de torção de Cavendish era extraordinariamente
sensível, o que originou alguns problemas. Para que as suas medições não fossem afectadas por correntes de ar, forças
magnéticas ou mudanças de temperatura, Cavendish terá colocado o seu aparelho numa caixa de madeira cúbica, de 27 m3 e
0,61 m de espessura. Cavendish terá observado o movimento de torção da fibra através de dois orifícios, usando telescópios,
controlando o sistema externamente. Através de relatos de vizinhos do físico inglês, sabe-se que todas estas observações e
medições terão sido efectuadas num anexo construído no jardim de sua casa. Cavendish foi o primeiro a determinar a
densidade da Terra, embora lhe tenham sido erradamente atribuídas as determinações da massa da Terra e da Constante de
Gravitação Universal. Cavendish terá chegado à conclusão que a densidade da Terra era 5,48 vezes superior à densidade da
água. Porém, John Henry Poynting descobriu um erro aritmético cometido por Cavendish, determinando, a partir dos mesmos
dados experimentais, a densidade da Terra como 5,448 vezes superior à da água. Este valor difere apenas em cerca de 2% do
valor conhecido hoje (5,53).

Compararando a precisão de resultados de como esses resultados foram melhorados:


1798 5.45 1.3 % menor que H. Cavendish
1838 5.49 0.5 % menor que F. Reich
1842 5.67 2.7 % maior queF. Baily
1852 5.58 1.1 % maior queF. Reich
1883 5.56 0.8 % maior queA. Cornu and J. Baille
1895 5.53 0.2 % maior queC. V. Boys

Lado Francês - Em 1785, Charles Augustin de Coulomb projetou sua balança de torção para medir a natureza da força
elétrica em 1785, que além desses experimentos, também desenvolveu o método experimental com base na medição dos
períodos de oscilação das agulhas suspensas na rosca de torção. Este foi o método que ele empregou depois, para calibrar os
fios utilizados na balança de torção. Para que os experimentos funcionassem bem, tudo teve que ser isolado por uma cúpula de
vidro, e o interior da qual teve que ser mantido em estado bem seco. Um prato de cal anidra foi utilizado para este fim.

A maioria das referências dá a Michell e Coulomb o mesmo crédito por a ter inventado, separadamente .

Henry Cavendish (10.10.1731, Nice – 24.2.1810, Londres) - filho mais velho do “Lord Charles Cavendish e de Lady
Anne Grey”.
No início do século XVIII, surge entre os químicos, uma teoria que procurava, dentre outros, explicar os fenômenos associados
ao fogo. Ficou conhecida como teoria do flogisto. Esse termo vem do grego e quer dizer inflamado.” O grande responsável
por esta teoria foi o médico alemão Georg Ernst Stahl. A partir das idéias da obra de Johann Becher, “Physica Subterrânea”,
Stahl vislumbrou a ampliação do papel da “terra pinguis”, considerada o elemento “que dá a substância material suas
qualidades oleosas e combustíveis” para além da simples combustão, levando-a para um ramo que iniciava seu
desenvolvimento teórico: a mineração. A “terra pinguis” operava da seguinte maneira: um pedaço de madeira compõe-se
originalmente de cinza e terra pinguis; quando é queimado, a terra pinguis é liberada, deixando a cinza”. Ou seja, a terra
pinguis era para Becher, o princípio da inflamabilidade. Para Stahl, a combustão e as técnicas de fundição presentes no
processo final da mineração eram processos opostos. Então, na combustão um material quando queimado liberaria seu
flogisto, restando apenas as suas cinzas, ou seja, a terra presente nos corpos, enquanto na fundição o minério absorvia flogisto
do material para se transformar em metal.
O flogisto seria uma substância imperceptível aos olhos dos homens e impossível de ser isolada, apenas a luz e o calor
percebidos durante a queima das substâncias eram as únicas manifestações sensíveis desse princípio do fogo. A teoria do
flogisto funcionava como um grande princípio unificador, isto é, era uma teoria que explicava diversos fenômenos da química.
Entretanto, algumas questões confrontavam a teoria do flogisto gerando conflitos,

- se para haver combustão a presença de ar no processo era essencial, por que ele não era o componente fundamental na
queima, ao invés de um inexprimível flogisto (se espremida, porque a substância não fazia o flogisto pingar)?
- Por que um enferrujamento, era semelhante ao processo de combustão numa velocidade muito mais lenta, não produzia
nenhuma chama ou calor?
- Como explicar que em algumas calcinações e combustões (como a de metais), a massa dos corpos aumentava, embora o
flogisto fosse liberado?

Um professor de medicina e química, de renome, Hermann Boerhaave (1668- 1738), acreditava, como Boyle anteriormente,
que em certas circunstâncias o ar tomava parte na combustão. Considerava que o fogo era uma substância que tinha peso.
Seria ele constituído de partículas muito pequenas que podiam penetrar nos materiais e alterar a força de atração entre suas
partículas constituintes. Esta absorção das partículas de fogo dependia da afinidade delas com as partículas do material.
Assim, na calcinação, o aumento de peso que se observava seria devido ao fogo absorvido. Boerhaave acreditava que, além
do fogo, o calor também era um tipo de substância. As idéias de Boerhaave apresentavam grande influência da filosofia
mecanicista de Isaac Newton, considerando que as modificações que a Química realiza nos corpos seriam meras trocas em
relação aos movimentos.
Joseph Priestley, responsável pela coleta e isolamento de um grande número de “ares” e seu contemporâneo francês Antoine
Laurent Lavoisier realizaram experimentos semelhantes de calcinação de óxidos com interpretações completamente distintas.
Enquanto Priestley, adepto à filosofia de Stahl (teoria do flogisto), considerou que o “ar” obtido liberava flogisto na produção
do metal, Lavoisier interpretou que este “ar” estaria combinado com o metal para formar o óxido e que por aquecimento seria
liberado e, de modo inverso, ao reagir com o metal, este ar combinava-se com o mesmo produzindo o óxido. Lavoisier
chamou este “ar” de oxigênio e, considerou-o composto de um princípio oxigênio (que seria a matéria incorporada ao metal
durante a combustão) e pelo calórico, um fluido elástico que seria a causa do calor ou luz produzidos na combustão.
A teoria dos quatro elementos que ultrapassou mais de 20 séculos sendo defendida pelos aristotélicos e combatida pelos não-
aristotélicos foi sendo abandonada em fins do século XVIII, após a aceitação, junto à comunidade científica, das pesquisas de
Lavoisier para a explicação de vários tipos de reação, inclusive a combustão.

Particularmente, fluidos foram postulados existirem para eletricidade, magnetismo, luz e calor, que possuíam a principal
característica do flogisto de Boerhaave: eram corpos "suigeneris, não criáveis ou produzíveis". De modo geral, em meados do
século dezoito na Grã-Bretanha, o progresso na compreensão exata da eletricidade e do calor dependesse do conceito
relacionado a fluidos específicos, de quantidade fixa.

Watson era o experimentalista elétrico com quem Lord Charles Cavendish trabalhou mais próximamente, e foi o principal
eletricista britânico antes de Franklin. Henry Cavendish (o filho de Charles), não aceitava que calor era um fluido, mas
aceitava o fluido elétrico, detalhes sobre os quais ele se baseou nos trabalhos de Watson e Franklin. Watson, por sua vez,
continuou a ser considerado um dos principais eletricistas da Royal Society até mesmo no período das pesquisas do filho de
Charles Cavendish, vinte anos depois. A teoria de Watson para a eletricidade de 1748 baseava-se em um fluido elétrico que
permeava todos os corpos, que não se manifestava quando o "grau de densidade" era igual em todos os lugares, mas quando
havia uma desigualdade local, os efeitos elétricos se manifestavam como se o fluido elétrico se movesse para ajustar sua
densidade ao mesmo "patamar". O fluido de Watson matematizou a eletricidade, e fôsse ele um matemático, poderia ter
reconhecido que duas quantidades devem ser especificadas para caracterizar os fenômenos elétricos.

Em sua “History of Electricity” de 1767, Priestley diz que os eletricistas ingleses e também os estrangeiros adotaram a teoria de
Franklin de eletricidade positiva e negativa. Franklin definiu um corpo estar "positivamente" eletrificado se tiver mais que
sua quantidade "normal" de fluido elétrico, e eletrificado "negativamente" se tem menos. A utilidade da sua terminologia é
evidente em sua análise da garrafa de Leyden: um lado da jarra é eletrificado positivamente na proporção exata, já que o outro
lado está eletrificado negativamente. A própria teoria exige que a quantidade de fluido que entra em um lado deve fluir para
fora do outro, a análise de Franklin gira sobre as quantidades de fluido elétrico, e embora a quantidade sozinha seja insuficiente
para explicar todos os fenômenos elétricos, ele ainda oferece uma compreensão razoável da garrafa de Leyden e da maioria dos
casos de atração e repulsão de corpos eletrificados.
Henry Cavendish escreveu “Pensamentos sobre a eletricidade" que é considerada sua primeira teoria elétrica e posterior a de
“Electricity” de Priestley publicada no ano de 1767 onde é citado. Cavendish rejeitou a idéia comum de "atmosferas" elétricas
que cercam os corpos, um elemento importante na teoria de Franklin e passa a adotar o conceito de "compressão" ou "pressão"
do fluido elétrico (que Maxell observou significando o mesmo que o atual "potencial" moderno). A idéia da pressão é um
conceito emprestado da pneumática, e nela Cavendish usou os termos de Franklin de "positivo" e "negativo", associando-os não
com a quantidade de eletricidade, mas com seu novo conceito de compressão: chamou um corpo "positivamente" ou
"negativamente" eletrificado de acordo com o fato de, o fluido estar mais ou menos comprimido do que no seu estado natural.
Como reconheceu a necessidade de dois conceitos quantitativos, ele apresentou outro par de termos opostos: um corpo está
"sobrecarregado" ou "subcarregado" se contiver mais ou menos fluido do que o seu estado natural.
Dois corpos sobrecarregados repelem um ao outro, assim como dois corpos subcarregados. Cavendish refinaria sua teoria, mas
já tinha a base teórica para o seu projeto de experiências elétricas: a relação entre os dois conceitos quantitativos, pressão ou
grau de eletrificação de um corpo e sua carga.
Para explicar a atração e a repulsão de corpos eletrificados, Cavendish introduziu concentrações locais ou deficiências de fluido
elétrico em um espaço inicialmente preenchido com fluido elétrico de densidade uniforme, e então mostrou que, em sua
hipótese, duas regiões localizadas com mais de sua quantidade normal de fluido "apareceriam" se repelindo mutuamente. Um se
afasta do outro, assim como um corpo de maior densidade que a água "tende a descer nela". Nessa primeira versão sobre a
eletricidade, alega que a única verdade (e oposta à aparente) é que a força elétrica é uma força expansiva do elétrico. A teoria
publicada de 1771 foi baseada novamente em um fluido elétrico expansivo, mas teve uma maior complexidade de forças.
Cavendish diz que começou com uma "hipótese", que diz: "existe uma substância, que eu chamo de fluido elétrico, partículas
que se repelem e atraem as partículas de qualquer outra matéria com uma força inversamente variando com um pouco menos da
distância do que o cubo; as partículas de todas as demais matérias também se repelem e atraem as do fluido elétrico, com uma
força que varia de acordo com a mesmo potência da distância.

Um século após os trabalhos de Cavendish em Cambridge, outro experimento com esferas ôcas, e agora usando um
eletrômetro capaz de detectar uma carga milhares de vezes menor que o utilizado por Cavendish concluiu que a força
elétrica varia inversamente com alguma potencia da distância entre 2  (1 21600 ) e 2  (1 21600 ) .
Se a força elétrica for variável com alguma potencia da distância inferior ao cubo, então a força atua em distâncias sensíveis.
Cavendish tinha motivos para pensar que a força varia inversamente com o quadrado da distância, como a gravitação; mas os
fenômenos conhecidos não foram conclusivos sobre este ponto, e ele não completou suas próprias experiências para decidir
sobre isso. Assim como Newton apelou para as observações dos planetas. Cavendish apelou para observações sobre eletricidade
para decidir entre as reais possibilidades alternativas para a dependência da força com a distância.
Cavendish apresentou sua teoria elétrica sob a forma de demonstração euclidiana. Este modelo rigorosamente dedutivo foi
alargado da geometria dos antigos às ciências: na antiguidade de Arquimedes e, nos últimos tempos, por Galileu e Newton
usando a matemática moderna, para autores científicos britânicos no século XVIII. O Principia de Newton era o padrão da
exposição científica, e foi naturalmente adotado por Cavendish, que desenvolveu sua teoria elétrica por definições, proposições,
lemas, corolários, problemas, casos e observações. Com essas categorias ele analisou o conteúdo elétrico de corpos
matematicamente tratáveis, como esferas, discos e placas paralelas, e ele considerou sistemas complicados de corpos em
equilíbrio elétrico, conectando-os com "canais" (ou fios de matéria) através dos quais o fluido elétrico pode se mover
livremente. A teoria de Cavendish sobre o fluido elétrico foi um ensaio original na então difícil e ainda rudimental mecânica de
fluidos.

Figura _. – Aparelhagem utilizada por Cavendish


para estabelecer a lei do inverso quadrado na
eletrostática. O globo interno medindo 12 polegadas
(307 mm) de diâmetro foi fixado em um suporte
isolante. Os dois hemisférios de papelão oco,
ligeiramente maiores que o globo, foram montados
em prateleiras de madeira com duas barras
transversais de vidro, respectivamente. As
prateleiras foram fixadas com dobradiças para abrir
e fechar facilmente os hemisférios. Quando as
prateleiras de madeira estavam fechadas, o globo e
os hemisférios formavam esferas concêntricas
isoladas. Tanto o globo como os hemisférios foram
cobertos com 53S para torná-los melhores
condutores de eletricidade.

Aparato de Cavendish

A Medida de G
Qualquer experiência comum com a gravidade se relaciona com o peso das coisas. Se mm é a massa de uma maçã, e MT a
massa da Terra, então o peso da maçã é
mm M T MT
Pm  G  mm .g ; com g G
RT2 RT2
sendo RT o raio da Terra e g a aceleração da gravidade.
A questão é: as quantidades MT e G podem ser medidas com facilidade com qual precisão?
Assim, se pudesse medir MT ; se poderia determinar G, ou vice-versa. É claramente impossível medir MT como se faz para
coisas comuns, ou seja, por comparação direta com um peso padrão em uma balança. O único recurso que resta é medir
diretamente a força que a Terra exerce sobre um corpo de teste. Se o raio da Terra é RT , e sua densidade é T , de modo que
4 RT3 4 mm RT T
MT  T . Então, se encontra que, Pm  G
3 3
Para se ter uma idéia das dificuldades práticas que devem ser superadas nas medidas, pode-se estimar a proporção da força
entre uma bola de chumbo e um pequeno corpo de teste na sua superfície, e a força da gravidade da Terra sobre o corpo de
teste. O raio da terra é 6,371x108 cm. Pode-se usar o valor de Cavendish para a densidade média da Terra, isto é 5,48 g/cm3. Se
o raio da esfera metálica (de teste) é 3,0 cm e sua densidade for 11,3 g/cm3, então a proporção de forças é de 10-8.
Assim, deve-se medir uma força sobre um corpo de teste que seja cerca de cem milionésimo de seu peso.
Um diagrama esquemático utilizado por Cavendish, na
situação de equilíbrio quando da torção do fio, é aquele
exibido abaixo, o qual é constituído por uma barra
metálica horizontal tendo nas extremidades esferas
metálicas cada uma de massa m separadas por uma
distância l entre seus centros, como mostrado. A barra
está suspensa em seu ponto de equilíbrio por um fio fino
que permite que a barra gire em torno de um eixo
vertical, sujeito a um torque de restauração proporcional
ao deslocamento angular, θ, do feixe a partir da sua
posição de equilíbrio. A idéia do experimento é medir a
torção angular Δθ do fio quando duas grandes bolas de
chumbo, cada uma de massa M, são colocadas próximas
das esferas metálicas devido à atração gravitacional entre
elas. Se r é a distância entre o centro da esfera metálica
ao centro da esfera de chumbo mais próxima nas
configurações 1 e 2, então a torção angular é dada por
2GMm l
  F . l  k . →  
r2 

onde κ é a constante de torção do fio utilizado para suspender a barra metálica. A medição dessa constante de torção é feita via
equação de movimento do pêndulo, que é

d 2 d 
2
   0
dt dt I
Com I sendo o momento de inércia do pêndulo (formado pela barra e as duas esferas), e β sendo o coeficiente de
amortecimento viscoso. Com as condições iniciais  (t  0)   0  0 a solução da equuação diferencial é,

 (t )   0 exp(  t 2) sen( t )
Com

 2
 
I 4
O pêndulo descreve um movimento harmônico amortecido sobre a posição de equilíbrio com um período T=2π/ω; e um tempo
de amortecimento característico de 2/β. Em uma configuração experimental típica, este tempo de amortecimento é mais que
duas vezes o período de modo que uma boa aproximação é   I 2 T 2 . Se a barra metálica for considerada ser leve em
comparação com as esferas metálicas, o momento de inércia é dado com precisão pela fórmula I  ml 2 2 .
Finalmente, se pode determinar o deslocamento angular causado pela aproximação das esferas de chumbo, se medindo a
deformação angular   2 de um raio de luz refletido a partir de um espelho montado na barra do pêndulo de torção.
Substituindo estas quantidades, e rearranjando, se obtém uma expressão para G em termos de quantidades mensuráveis o qual é
2
r 2 l  2 
G   
8M  T 
Deve ser observado que o resultado é independente do valor de m.
Na prática se usa um fio metálico com um diâmetro de 1/1000 de polegada. Tanto o fio quanto a barra ficam contidos dentro de
um encanamento de cobre para protegê-los de eventuais correntes de ar e forças elétricas devido a cargas estáticas. Mesmo o
furo onde passa o raio de luz é coberto com uma fina malha dentro de um vidro. A distância entre as esferas metálicas é da
ordem de 20 polegadas ( ≈ 50 cm).
Charles Augustin de Coulomb -14.6.1736 (Angoulême, França) - 23.8.1806 (Paris, França) – filho de Henry Coulomb e
Catherine Bajet ambas famílias abastadas e bem conhecidas em suas regiões de origem. Seu pai era pessoa importante na
atuação jurídica e administrativa da região de Languedoc. Charles, depois de ser educado em Angoulême, capital de
Angoumois, no sudoeste da França, se mudou com a família para Paris, ingressando no Collège Mazarin, onde recebeu uma
forte formação clássica em linguagem, literatura e filosofia, e recebendo o melhor disponível à época em matemática,
astronomia, química e botânica. Nesta sua fase de educação, apesar da boa reputação paterna, ocorreu uma crise financeira
familiar devido a especulações financeiras mal sucedidas de seu pai que perdeu todo o dinheiro investido, e o obrigando a se
mudar de Paris para Montpellier. Sua mãe permaneceu em Paris, e Charles teve um desacordo com ela sobre os rumos que sua
carreira deveria seguir saindo, então também de Paris, indo a Montpellier para morar com o pai. Foi nesta fase que os interesses
de Coulomb foram despertados, principalmente em matemática e astronomia e, em Montpellier, se juntou à “Société de la
science” (Sociedade das Ciências) em março de 1757 onde fazia a leitura de vários artigos sobre esses assuntos para a
Sociedade. Era de seu interêsse ingressar na “École du Génie” (Escola de Engenharia) em Mézières, mas sabia que, para ser
aprovado nos exames de admissão, precisava de um tutor. Assim, em outubro de 1758 esteve em Paris com Camus - (Charles
Étienne Louis Camus) que havia sido nomeado examinador das escolas de artilharia desde 1755, - para este ser seu tutor de
curso de matemática. Se submeteu aos exames estabelecidos por Camus conseguindo o ingresso na “École du Génie” em
Mézières em fevereiro de 1760. Formou uma série de importantes amizades nesta época, principalmente com Bossut (Charles
Bossut), seu professor em Mézières, e com Borda (Jean-Charles de Borda), que se tornariam personagens importantes em sua
jornada científica. Coulomb se formou em novembro de 1761.
Sendo agora um engenheiro militar, foi indicado para o cargo de tenente no “Corps du Génie”. Ao longo dos próximos vinte
anos, foi enviado a uma variedade de diferentes lugares onde ele esteve envolvido em engenharia de projeto estrutural,
fortificações, mecânica dos solos, e muitas outras áreas. Sua primeira publicação foi em sua estadia em Brest em fevereiro de
1764, sendo após designado para a Martinica nas Antilhas, ou Índias Ocidentais numa convocação de emergência como o único
engenheiro prontamente disponível quando um colega lá adoeceu compor a equipe de engenheiros militares designados de
protegerem a ilha onde número de mortes por doenças oscilava dentro dos 60% a 70%, do corpo militar. A Martinica havia
caído sob a soberania da França durante o reinado de Luís XIV, em 1658. No entanto, a Martinica foi atacada por frotas
estrangeiras ao longo dos anos seguintes. Os holandeses a atacaram em 1674, mas foram expulsos, assim como os inglêses em
1693, e novamente os inglêses em 1759. A Martinica foi finalmente capturada pels inglêses em 1762, mas sendo devolvida à
França, nos termos do Tratado de Paris de 1763. A França tratou, em seguida de assegurar sua soberania através da construção
de uma nova fortificação.
Coulomb, jovem e inexperiente acabou encarregado de construir o novo Fort Bourbon, com outros 1200 homens e a um custo
de 6 milhões libras (seu salário como estudante tinha sido de 600 libras, a sua pensão após se aposentar de 2240 libras), e esta
tarefa o ocupou até junho de 1772. Foi um período em que ele mostrou o seu lado prático sendo necessário para organizar a
construção, mas as experiências adquiridas iriam desempenhar importante papel nas memórias teóricas (ou memoriais) que ele
escreveu sobre a mecânica. Sua saúde no entanto, se deteriorou nesses anos difíceis, as doenças que ele contraiu enquanto sua
estadia na Martinica, o deixou com sequelas para o resto de sua vida.
A experiência prática que Coulomb ganhou na Martinica formou a base de grande parte de seu trabalho posterior em Mecânica
Aplicada, incluindo o primeiro memorial que ele enviou para a “Academie Royale des Sciences” em seu retorno à França em
1773. Neste trabalho, “Sur une application des regles, de maximis et minimis à quelque problemes de statique relatifs a
l'architecture”, passou a discutir a teoria da ruptura abrangente de pilares de alvenaria, o desenho de arcos abobadados e a
teoria da pressão terrestre. Por último, desenvolveu uma teoria de cunhagem deslizante generalizada que muitas vezes é
considerado ter colocado as bases da Mecânica do Solo, ao investigar os problemas de fricção e coesão, e desenvolver uma
teoria da flexão de vigas, e da ruptura e cisalhamento de materiais que permanece em uso até hoje na prática básica de
engenharia. Forneceu métodos de determinação da estabilidade, mas não definiu regras, e não produziu nenhuma das tabelas
prontas que eram a base habitual para qualquer projeto. Uma razão, talvez, pela negligência relativa desta parcela do trabalho
de Coulomb foi que ele buscava demonstrar o uso do cálculo variacional na formulação de métodos de abordagem para
problemas fundamentais na mecânica estrutural em vez de dar soluções numéricas a problemas específicos. Muitas vezes, o uso
sofisticado da matemática em uma aplicação em uma área onde a maioria tem menos sofisticação matemática, dá ao trabalho
valores a longo prazo que não são freqüentemente vistos no momento. O trabalho de Coulomb estava em consonância com o de
outros matemáticos do século XVIII envolvidos em problemas de engenharia, como Leonhard Euler e Daniel Bernoulli, e o
memorial foi altamente avaliado pela “Académie des Sciences” porque o levou a ser nomeado como correspondente de Charles
Bossut em 6 de julho de 1774 permitindo-lhe dar ciência das notícias científicas, e seus próprios resultados de pesquisas para a
“Académie”, tendo contato com os acadêmicos, e sempre que visitava Paris podia apresentar seus trabalhos em pessoa.
De Bouchain, Coulomb foi enviado para Cherbourg.

A “Academie Royale des Sciences” foi o modelo para muitas das academias dedicada ao avanço da ciência e tecnologia que
surgiram no século XVIII. Elas existiam em uma relação complementar com as faculdades e universidades. Fundada em 1666
por Luís XIV, a “Academie” foi, desde o primeiro momento, destinada a ser um instrumento do Estado na pesquisa, validação e
promoção das ciências e tecnologias úteis. A adesão foi limitada a 44 membros, todos os quais tiveram que residir em Paris e
eram convocados para participar de duas reuniões por semana, em cada uma das quais dois membros apresentariam trabalhos
originais. No entanto, apenas os membros mais antigos, os pensionistas, normalmente recebiam um salário, e o apoio às
despesas de investigação também era limitado; acadêmicos precisavam de alguma outra renda, e ganhar isso muitas vezes
reduzia sua produção em pesquisa. Os Associados da “Academie” tinham prestígio, influências e acesso a uma comunidade
unida de cientistas, e foi visando a esta adesão que Coulomb começou a progredir, seguindo os conselhos de Bussot em ganhar
uma competição de prémios. Competições a prémios eram uma característica do trabalho das academias voltadas para o
avanço da ciência, e os prémios concedidos pela “Academie Royale” eram consideráveis, equivalente a cerca de um ano de
salário de um dos seus pensionistas. As questões levantadas para fazer jus ao prêmio eram ajustadas frequentemente para
avançar o desenvolvimento do assunto de interêsse, e um item se ajustou desde a década de 1740 e vinha se reforçando que era
sobre ação elétrica e magnética da Terra sobre uma agulha de bússola.
Em 1773, a Academie Royale des Sciences”, anunciou que atribuia um prêmio para 1775 para quem solucionasse da melhor
forma a pergunta: "Qual é a melhor maneira de construir agulhas imantadas, de suspendê-las, de garantir que elas estejam no
verdadeiro meridiano magnético terrestre e, finalmente, de contabilizar suas variações diárias regulares”. Nenhum vencedor
foi escolhido em 1775, - Van Swinden recebeu uma menção honrosa, mas não em dinheiro pela sua participação em 1775, -
e o concurso foi ajustado novamente para 1777.
O prêmio 1777 foi para “uma explicação da variação diurna da força magnética da Terra, com agulhas melhoradas de
bússolas para detecção”. Desta vez, nove artigos foram submetidos para esta segunda rodada. Alguns deles foram tratados
como triviais, mas dois se destacaram como excelentes. O prêmio foi dividido entre Jan Hendrik Van Swinden perito
estabelecido, conhecido por ter dedicado dez anos de sua vida para medir a variação magnética a cada hora de cada dia do ano,
e Charles de Coulomb, que receberam cada um 1.600 libras como parte dessa primeira premiação. Monsieur de Magny recebeu
uma menção honrosa. Magny, era um fabricante de instrumentos, não apresentou artigo regular, mas recebeu 800 libras pela
participação e introdução de uma de suas bússolas.
Ainda em Cherbourg, Coulomb escreveu seu memorial famoso sobre a bússola magnética o qual apresentou como concorrente
para o Grande Prêmio e continha seu primeiro trabalho sobre a balança de torção: - ... sua solução simples e elegante para o
problema da torção em cilindros finos e seu uso no equilíbrio de torção para aplicações físicas foram importantes para uso de
numerosos experimentos físicos nos anos seguintes. ... .
A participação de Van Swinden em 1777 foi com um imenso trabalho em forma de livro, de mais de 500 páginas. Neste livro,
"Investigações de agulhas magnéticas e suas variações regulares", Van Swinden resumiu suas pesquisas magnéticas
consideráveis, e incluiu tabelas de mais de 40.000 observações das variações magnéticas no decorrer do dia. Apesar de sua
grande quantidade de informações, o trabalho de Van Swinden não ofereceu avanço notável sobre a teoria, ou o no projeto de
agulhas magnéticas. Ele incluiu um resumo histórico das observações da variação diurna, comparações dos próprios dados de
Van Swinden com os de outros experimentalistas, e críticas consideráveis a projetos anteriores de agulhas magnéticas
suportadas por pivôs. Era um memorial que, obviamente, representou vários anos de trabalho árduo - um grande resumo do
método ortodoxo de observações magnéticas que corrigiu inúmeras pequenas falhas no projeto de bússolas, mas de modo
algum, no entanto, o trabalho de Van Swinden foi visto como uma grande inovação na ciência do magnetismo.
O mérito do trabalho de Coulomb foi reconhecido por aqueles que estavam profundamente preocupados com a ciência do
magnetismo, membros do comitê de premiação da Academia, e homens interessados com o desenvolvimento e uso de bússolas
magnéticas para a ciência e navegação. O memorial discutiu as teorias atuais do magnetismo, e delineou e apresentou novos
métodos de construção, tanto do tradicional suporte de pivôs, quanto as novas agulhas magnéticas suspensas. Aqui, ele foi o
primeiro a mostrar como a torção devido a suspensão poderia fornecer aos experimentalistas um método para se medir com
precisão forças extremamente pequenas, desde que não perturbadas pelos efeitos do atrito e da resistência nas correntes de ar.
Embora já existisse um tradicional trabalho experimental, meticuloso, de Musschenbroek que realizou experimentos com a
oscilação das agulhas da bússola em analogia com pêndulo simples. A agulha seria desviada e, em seguida, as oscilações
resultantes seriam cronometradas até ocorrer um amortecimento completo. Desta forma, as forças relativas de várias agulhas
eam comparadas. Esse método de bússola suspensa é mencionado na literatura por volta de 1686, mas o movimento periódico
nunca foi conectado com a teoria da torção. As experiências foram projetadas principalmente para eliminar o atrito entre a
agulha e seu pivô (ou mancal de apoio). As dificuldades práticas na concepção de uma bússola suspensa, se mantinham como
trabalho de desenvolvimento. Van Swinden escreveu que havia dois métodos de construção de bússolas regulares. O primeiro
envolvia uma agulha numa superfície plana feita para descansar cuidadosamente em um pivô de ponta bem afiada. O segundo
método era semelhante ao primeiro, exceto que um furo era feito no centro da agulha para que ela pudesse repousar com mais
segurança nesse pivô pontiagudo. Van Swinden relata que mesmo que este último método de apoio fosse muito pior que o
primeiro, era "o quase universalmente adotado".
Os principais problemas a serem superados no design da bússola magnética eram o atrito do pivô, a instabilidade mecânica
geral de todo o dispositivo, e o design geométrico geral da própria agulha.
Havia excelentes razões práticas para que a Academia Francesa anunciasse uma concorrência para o melhor projeto de uma
bússola magnética. Condorcet, Borda, Le Roy, Le Monnier e Bossut compuseram o Comitê de Prêmios da Academia 1775 (e
1777). Desse grupo, Borda, Le Roy e Le Monnier estavam diretamente preocupados com o design e a melhoria das bússolas.
Os principais objetivos para o designer de compassos marinhos foram aumentar a força magnética de uma determinada agulha e
alcançar um projeto de montagem que daria uma boa estabilidade quando sob movimento a bordo de embarcações. Os
requisitos para bússolas terrestres utilizados em medições científicas incluíam poderosas agulhas e bases estáveis, mas o
requisito principal era de outra ordem. Sabia-se que o campo magnético da Terra sofria perturbações de uma ordem superior, e
um período mais curto do que as mudanças quase estacionárias ao longo dos anos. As tempestades magnéticas, acompanhadas
de exibições aurorais, produziam frequentes flutuações, frequentemente de curto período. Além disso, parecia haver pequenas
variações diurnas e sazonais. Le Monnier, Père Cotte e outros tentaram há anos medir isso, mas seus resultados eram confusos.
A força produzida na variação diurna era tão pequena que estava abaixo da magnitude ou da mesma ordem que a força
necessária para superar o atrito do pivô da bússola. Não havia maneira de medir esses pequenos efeitos de atrito do pivô da
bússola e, portanto, não havia maneira de calcular as menores forças magnéticas. Além disso, os efeitos dessa fricção pareciam
erráticos. Uma mudança microscópica no posicionamento da agulha no pivô mudaria drasticamente as flutuações observadas.
Até que o projeto de Coulomb fosse o adotado em 1780, o Observatório de Paris usou as agulhas tradicionais de suporte
giratório de Le Monnicr para suas observações magnéticas. Instrumentos similares de pivô apoiados eram utilizados em outros
observatórios europeus. Não é inútel citar que não havia uma padronização real possível, de compração, por exemplo, entre
uma bússola em Londres e uma outra em Paris.
Havia a suspeita de que o sol fosse a causa das variações magnéticas diurnas da Terra, e tinha uma clara correlação com as
perturbações aurorais. Coulomb ofereceu uma hipótese para isso. O calor do sol deveria reduzir o campo magnético terrestre,
da mesma maneira que o aquecimento de um ímã era conhecido por destruir seu magnetismo. Na hipótese de Coulomb, o sol
era o responsável, mas não o seu calor gerado. Se o mecanismo fosse uma perda de magnetismo terrestre devido ao calor solar,
então o campo terrestre deveria ter sido esgotado com o passar do tempo. Em vez disso, Coulomb enxergou uma atmosfera
solar que modulava o campo magnético da Terra. As variações diurnas têm uma correlação óbvia com o sol, disse ele, e "o sol
atua no globo terrestre semelhante como um ímã age sobre outro ímã. ... É provável que seja a mesma causa que sustente o
magnetismo da Terra, e produza as declinações e as variações anuais e diurnas.”
Assim, elaborou a primeira balança de torção (magnética) apresentada no memorial do prêmio de 1777. O memorial era de
estensão moderada, mas resolvia os problemas das tradicionais bússolas suportadas por pivô, desde uma teoria das variações
magnéticas diurnas terrestres e, o mais importante, introduziu um novo instrumento para medição quantitativo preciso. Embora
o concurso era chamado apenas para o desenvolvimento de uma melhor bússola magnética, Coulomb foi além, e sugeriu
algumas das aplicações do equilíbrio da torção: o estudo da elasticidade e rigidez dos materiais, e seu uso para medir pequenas
forças magnéticas e forças de resistência dos fluidos. Em memoriais posteriores, Coulomb estenderia consideravelmente as
aplicações do equilíbrio de torção à Física.

No trabalho, conduziu diretamente a sua experiência na atração eletrostática, resolvendo o problema usual da fricção nos
mancais e suspendendo a agulha por uma linha. Isso tinha sido tentado anteriormente, mas não havia nenhuma teoria
estabelecida sobre sua ação ou confiabilidade. O papel de Coulomb foi quase inteiramente experimental em sua abordagem e
dependia de seu conhecimento sobre magnetismo da longa dissertação de Musschenbroek em 1729, talvez atraído pela
cuidadosa descrição do fenômeno, e o descarte hipóteses sobre as causas, se concentrando assim no estabelecimento da teoria
de seu sistema de suspensão proposto desde Musschenbroek. A partir de seu conhecimento de fios suspensos, Coulomb
percebeu que, usando um fio de seda fino, a força de torção pode ser considerada insignificante em comparação com a força
magnética. Grande parte do trabalho é dedicado a experimentos que demonstram que, dentro de um limite elástico, a oscilação
da agulha suspensa tinha um período que era independente da amplitude de oscilação. Coulomb inferiu que o movimento era
harmônico simples, com uma força de torção proporcional ao ângulo de torção. Mostrou que, para pequenos ângulos
envolvidos em medições de variação, o segmento iria oferecer muito pouca resistência às forças de variação, se a agulha fôsse
alinhada com o meridiano magnético normal de início.
Coulomb prossseguiu este trabalho, em 1784, com um memorial substancial sobre a torção e a elasticidade de fios metálicos, na
esperança de encontrar um substituto de condutor para o fio de seda em seu instrumento, que estava apresentando problemas de
eletrificação. Ele parece ter sido a primeira pessoa a firmar uma lei correta de torção e mostrar experimentalmente como a
suspensão de corpos por fios torcidos poderia fornecer aos experimentalistas um método para medir com precisão forças
extremamente diminutas, e também que um determinado material sólido tem uma constante elástica intrínseca, independente da
espécie e da densidade desse sólido.
Outro episódio interessante ocorreu durante o tempo que Coulomb gastou em Cherbourg. Robert-Jacques Turgot foi nomeado
inspetor geral por Louis XVI em 24 de agosto de 1774.
Ele começou a se sentir ameaçado por seus oponentes políticos em 1775 e começou uma série de reformas. Entre estas foi a
reforma do “Corps du Génie” e Turgot pediu um memorial sobre sua possível reorganização.
Coulomb apresentou seu memorial dando suas idéias e aqui se tem a oportunidade fascinante para entender suas opiniões
políticas. Coulomb queria que o estado e o indivíduo desempenhassem papéis iguais. Ele propôs que o “Corps du Génie” em
particular, e todo o serviço público em geral, reconhecessem os talentos de seus membros individuais na promoção dentro da
organização.
Em 1779, Coulomb foi enviado a Rochefort para colaborar com o Marquês de Montalembert na construção de um forte feito
inteiramente de madeira perto de “Ile d'Aix” (Ilha de Aix). Como Coulomb, o marquês de Montalembert tinha uma reputação
como engenheiro militar que projetava fortificações, mas seu trabalho inovador tinha sido criticado por muitos engenheiros
franceses. Durante este tempo em Rochefort, Coulomb continuou sua pesquisa em mecânica, em particular usando os estaleiros
navais em Rochefort como laboratórios para suas experiências. Seus estudos de fricção em Rochefort levaram ao principal
trabalho de Coulomb sobre a fricção “Théorie des machines simples” que lhe lhe fêz conquistar pela segunda vez o Grande
Prêmio da “Académie Royale des Sciences” em 1781. Neste memorial Coulomb investigou o atrito estático e dinâmico de
superfícies deslizantes e fricção em dobras de cordas e em rolamentos. A partir do exame de muitos parâmetros físicos, ele
desenvolveu uma série de equações de dois termos, o primeiro termo uma constante e o segundo termo variando com o tempo,
força normal, velocidade ou outros parâmetros. Por causa desse trabalho premiado, autores o descrevem com “contribuições de
Coulomb para a ciência do atrito” podendo-se dizer que ele criou essa ciência. Na verdade, esse memorial de 1781 mudou a
vida de Coulomb. Como resultado deste trabalho, se mudou para Paris, sendo eleito para a Seção de Mecânica da “Académie
Royale des Sciences” e Engenheiro de Manutenção para a Bastilha.
Ao mesmo tempo, que continuou sua posição no “Corps du Genie”, era também o engenheiro residente nominal na Bastilha
quando esta foi invadida em 14 de julho de 1789.
Escreveu sete tratados importantes sobre eletricidade e magnetismo que os submeteu à “Académie des Sciences” entre 1785 e
1791. Nesses artigos são discutidos resultados notáveis sobre o método de equilíbrio de torção de fios, a lei de atração e
repulsão magnética e no caso elétrico, distribuição de eletricidade na superfície de corpos carregados, e outros.
Demonstrou a lei de força elétrica, que carrega o seu nome, e passou a examinar os condutores e os dielétricos. Sugeriu que
não havia dielétrico perfeito, propondo que cada substância tivesse um limite acima do qual ele conduzirá eletricidade.
A experiência da Lei de Força Elétrica de Coulomb à época, não "provou" a lei ser do inverso do quadrado, mas tornou a
analogia entre a eletrostática e a gravitação visível e demonstrável pela medição, e ainda pela subsequente definição de carga
elétrica. Ele apelou para os matemáticos da “Academie”, especialmente Pierre-Simon Laplace que estendera recentemente uma
reformulação da teoria gravitacional, e agora a poderia aplicar para o caso da eletricidade também. A abordagem experimental
de Coulomb, que não fez nenhuma tentativa de explicar os mecanismos das forças, foi aceita e reforçada pela publicação à
época, de um excelente resumo da teoria do “Ensaio de Aepinus” realizada por seu colega Abbé René Just Haüy em 1787, e
por suas próprias investigações sobre a distribuição de carga em condutores de várias formas.
Mesmo que Haüy tenha deixado claro em sua introdução que, como Coulomb, ele preferia as alternativas de dois fluidos às
doutrinas de Aepinus , é apresentado um relato muito fiel do que este último havia feito. O livro, portanto, serviu para tornar as
idéias de Aepinus muito mais acessíveis aos leitores franceses do que jamais haviam sido antes. Significativamente, quando a
“Académie Royale des Sciences” montou uma comissão para relatar o livro de Haüy, nenhum dos eletricistas de estilo antigo
foi incluído. Em vez disso, o Comitê - consistindo de Coulomb, Laplace, e os matemáticos Legendre e Cousin - tinham um
forte apêlo matemático. Coulomb partiu em uma visita à Inglaterra logo depois, de modo que não conseguiu anexar sua
assinatura ao relatório do Comitê. Não há dúvida, no entanto, que concordava inteiramente com os sentimentos expressos por
seus colegas, que escreveram em termos do maior elogio quanto a realização de Aepinus, afirmando, de fato, que seu livro
constituía uma verdadeira “época na história das ciências”.
Depois disso, a posição de Aepinus aos olhos da comunidade de física francesa parecia estar segura. No entanto quando, em
agosto de 1787, surgiu uma vaga nas seletas fileiras dos Associados Estrangeiros da “Académie Royale des Sciences”, o nome
de Aepinus foi um dos trazidos pelos comissários para preparar as nomeações. Quando o assunto foi posto à votação, porém,
Sir Joseph Banks foi eleito, com Joseph Black como segunda escolha. No entanto, o simples fato de que o nome de Aepinus foi
apresentado em tal companhia augusta, é evidência da estima em que ele possuía por este tempo. Coulomb foi um dos
comissários de nomeação nesta ocasião, e não se pode deixar de suspeitar que foi ele quem sugeriu Aepinus como um
candidato adequado. Uma outra vaga ocorreu em 1789, Coulomb não era um comissário desta vez, e o nome de Aepinus não
foi levado adiante. No entanto, após a morte de Franklin em 1790, quando Coulomb foi novamente nomeado comissário, o
nome de Aepinus reapareceu na lista. Sua candidatura não foi mais bem-sucedida desta vez, no entanto, e que como na ocasião
anterior; o naturalista P. S. Pallas foi nomeado em seu lugar.

Muitas instituições foram reorganizadas, nem todas ao gosto de Coulomb, que se retirou do “Corps du Genie” quando esta foi
reorganizada em 1791 com a patente de Tenente-Coronel, titular da Croix de St Louis (Ordem da Cruz de São Luís). Seus
relatórios para a “Academie Royale” continuou inabalável até que esta foi dissolvida em 1793, e, juntamente com seu amigo
Lavoisier, tiveram os cargos extinguidos da Comissão de pesos e medidas em dezembro desse mesmo ano quando o Comitê foi
extinto. A “Académie Royale des Sciencies” foi substituída em 1793 pelo “Institut de France” tendo o Chefe de Estado como
seu benemérito protetor, e Coulomb voltou a Paris quando foi eleito para este Instituto em dezembro de 1795.
Coulomb se aposesentou com 31 anos de serviços prestados e uma pensão de 2240 libras por ano juntamente com seu amigo
Jean-Charles de Borda e foi residir em uma casa que tinha adquirido de Lavoisier perto de Blois.
Por volta de 1801, Coulomb não só resistiu a revolução francesa, mas também se estabeleceu em casa com uma moça 30 anos
mais nova. Seu primeiro filho nascera em 26 de fevereiro de 1790 e um segundo em 30 de julho de 1797, quando finalmente se
casou com a mãe deles, Louise Françoise Le Proust Desormeaux em 1802.
Em 26 de fevereiro de 1790, nascera seu primeiro filho e o segundo em 30 de julho de 1797. Finalmente 1802, se casou com
Louise Françoise LeProust Desormeaux, a mãe dos seus dois filhos, moça 30 anos mais nova.
Entre suas últimas atividades para o Estado, foi como Inspector-Geral de instruções públicas, desempenhando papel significante
na criação do sistema de “Lycéus” (Escolas Secundaristas) em toda a França.
Coulomb faleceu em 23 de agosto de 1806, deixando seu material cientifico nas mãos de Jean-Baptiste Biot e Pierre-Symon
Laplace proteger e auxiliar no desenvolvimento matemático da eletrostática.
Suas contribuições científicas estavam começando a ser reconhecida fora da França, tendo provocado grande atenção pela
primeira vez pelo artigo de Robinson sobre Eletrostática na elaboração da Enciclopédia Britannica em 1801, depois
popularizado na Grã-Bretanha por Thomas Young em 1807. Duas coisas definem o valor da aceitação dos trabalhos de
Coulomb. O primeiro foi a teoria de 1811 do Potencial Elétrico elaborado por Siméon-Denis Poisson (1781-1840) que uniu sua
lei do inverso do quadrado e medidas da distribuição de cargas, com os métodos matemáticos de Laplace e a função potencial.
O segundo avanço foi o desenvolvimento de sua instrumentação científica.
O século XIX viu uma proliferação de galvanômetros e magnetômetros com base no princípio da torção de fios. Em particular,
a campanha internacional de Karl Friedrich Gauss (1777 - 1855) e Wilhelm Eduard Weber (1804 – 1891) na década de 1830
para medir o magnetismo terrestre em todo o mundo incorporando instrumentos de torção padrão na Física Aplicada.

.
BALANÇA DE TORÇÃO
John Mitchell tinha já sugerido o uso dde uma balança de torção, e ela tinha sido utilizada para investigar a relação do inverso
do quadrado da distância para a ação magnética na década de 1670 por Tobias Mayer em Göttingen.
O estudo da Eletricidade tinha prosperado desde a década 1740 após a invenção da Garrafa de Leyden. Várias tentativas foram
previamente feitas para medir e formular as leis da atração e repulsão eletrostática, se tendo a dificuldade em relacionar as
forças macroscópicas observadas em situações reais com uma teoria de como as forças microscópicas subjacentes operavam.
Com poucas evidências se a carga era localizada ou extendida, a eletrificação era geralmente pensada ser devido a qualquer
coisa de um ou de dois fluidos, e a ação entre os corpos eletrificados possivelmente devido à atmosferas eletrizadas. O
instrumento eletrômetro, sem dúvida, forneceu algum tipo de medida da eletrificação que um corpo possuía, mas não esclarecia,
nem relacionava a outras medidas, tais como o número de voltas que uma máquina elétrica dava para carregá-lo, ou o tamanho
da faísca obtida a partir dele. Apesar de muitas medições, tudo era incerto. Em 1756 Aepinus inventou o condensador (hoje em
dia visto como o capacitor de duas placas planas e paralelas) de ar que minou a explicação de atmosferas eletrizadas terem
provocado o curto-circuito do condensador. A solução proposta por Aepinus foi newtoniana e instrumental, ou seja admitir as
forças de atração e repulsão e não se preocupar em tentar explicar o seu mecanismo. Seu trabalho teve pouco impacto enquanto
durou os sete anos de guerra para o estudo da eletricidade, mas reviveu e se tornou um tema quente no final da década de 1770
após a invenção de Alessandro Volta do eletrosfóro condensador, que demonstrava a existência de eletricidade na atmosfera.
Em 1782 Volta visitou Paris pessoalmente para divulgar seu trabalho. Dirigiu-se à “Académie Royale des Sciences” por duas
vezes, e trabalhou com Laplace e Lavoisier sobre a eletricidade em de gases. Volta, que havia então abandonado recentemente
tentativas de descobrir as forças microscópicas da eletrização a favor de uma quantificação macroscópica mais promissora,
confiando no trabalho de Aepinus, formulando uma lei relativa da quantidade de eletricidade Q (onde Q era conhecida como a
“ação de eletricidade”) para a capacidade C de um corpo, Q = CT , sendo T a “intensidade”, ou tensão elétrica.
Volta deu um relato claro de sua lei em suas palestras de 1782, “quantidade é a soma de todas as elétricas contidas em todos os
pontos que fazem a superfície do corpo ser eletrificado. Intensidade é a força exercida por cada um destes pontos...” , e
observou que a ação elétrica era sentida em distâncias muito maiores do que a possível extensão de atmosferas elétricas.
Seria surpreendente Coulomb, recém eleito para a Comunidade da Academia Real não saber do trabalho de Volta, e também se
pode presumir ter conhecido algo da abordagem de Aepinus, pois além das palestras de Volta, ele já tinha usado o método de
Aepinus nos estudos da magnetização de agulhas em 1777.
Muitos eletricistas estavam incentivados pelo sucesso da Lei de Newton da Gravitação (publicada em 1687) para procurar, ou
mesmo supor, leis similares para outras forças atrativas incluindo o caso eletrostático. Aepinus tinha suposto uma lei do inverso
do quadrado; Charles Stanhope (Lord Mahon), tinha dada uma demonstração falha, mas amplamente aceita em 1779 dessa lei,
que foi traduzida para o francês e promovida por Needham em 1781; Joseph Priestley tinha seguido a observação de Franklin
que uma esfera isolada dentro de um copo carregado não estava sujeita à nenhuma força elétrica e inferiu uma lei inversa do
quadrado por analogia com a gravidade; e Henry Cavendish e John Robinson tinham ambos dado demonstrações válidas, que,
no entanto, não foram publicadas até o século XIX dessa mesma lei.
Uma dependência do inverso do quadrado da distância parece ter sido amplamente aceita, pelo menos entre os Newtonianos,
mesmo antes do trabalho de Coulomb. Nenhum destes assuntos era aparente como fundo de conhecimento por Coulomb (um
novato em matéria elétrica) quando em junho de 1785, descreveu a sua balança de torção em um breve artigo inteiramente
instrumental e notável por sua total falta de qualquer referência externa, exceto pela sua própria lei de torção de fios.
Aqui dividimos o trabalho e os resultados com a balança de torção por Coulomb em três seções,
- o primeiro descrevendo a construção do aparelho e a situação do equilíbrio;
- o segundo descrevendo o seu uso na medição da dependência com a distância da força repulsiva entre dois corpos de carga
semelhante, e;
- o terceiro concluindo observações esboçando precauções tomadas e potenciais utilizações da balança.
O aparato de Coulomb é mostrado em Fig 1. ABCD era um cilindro de vidro com 32 cm de diâmetro × 32 cm de altura) coberto
por uma placa de vidro com dois furos nela, cada um com 4,5 cm de diâmetro sendo um deles no centro da placa, acoplado
neste furo central tinha um tubo de vidro de 65 cm de altura, no topo do qual havia um micrômetro de torção explicitado na
Fig. 2. Suspenso desde o micrômetro havia um fio de prata de 76 cm de comprimento e de 0,4 mm de diâmetro, na parte
inferior do qual uma agulha isolante feita de um fio de seda, embebido em cera e revestido por fora por uma haste cilíndrica de
goma-laca, foi fixada. Uma esfera medindo 0,5 cm de diâmetro foi anexada a uma extremidade da agulha, e um contrapeso na
forma de um pedaço de papel vertical que também amorteceu as oscilações foi fixado ao outro, Fig. 3. O segundo orifício na
placa de cobertura foi usado para inserir uma segunda esfera, com o mesmo diâmetro da primeira, presa à extremidade inferior
de um pequeno cilindro feito de goma-laca, Fig. 4. Esta ocupava a mesma posição que a esfera móvel quando o fio era torcido.
Uma tira de papel, dividida em 360˚, foi fiada em torno do cilindro de vidro na altura da agulha.
Primeiro, a esfera fixa foi carregada por contato com um condutor carregado, que foi então removido. Desde que as duas
esferas estavam em contato, a esfera móvel tornou-se similarmente carregada e as esferas se repeliram. Assim que as oscilações
pararam a leitura da posição da esfera móvel foi iniciada, o ângulo de deflexão sendo uma medida aproximadamente direta da
distância entre seus centros (Coulomb trabalhou com pequenas amplituedes angulares).
Então a torção da linha foi aumentada, forçando as duas esferas para trás, e outra vez a posição da esfera móvel foi lida. Os
cálculos dependeram de equilibrar a força de torção contra a repulsão eletrostática.
Coulomb anotou os seguintes resultados:
- Primeira torção. Tendo eletrizado as duas esferas por meio da cabeça do pino e quando o marcador do micrômetro apontava a
marca 0, a esfera fixa é separada da esfera móvel na agulha por 36˚;
- Segunda torção. Torcendo o fio suspenso através de um ângulo de 126˚ como anotado pelo ponteiro do micrômetro, as duas
esferas se aproximaram e se fixaram a 18˚ de distância
- Terceira torção. Ao torcer o fio de suspensão através de 567˚ as duas esferas se aproximaram a uma distância de 8,5˚.
- Tendo estabelecido que a força necessária para torcer o fio através de 360˚ foi 1/340 graus (1.53 × 10-6 N), Coulomb
calculou que a força repulsiva inicial, que tinha defletido a esfera para 36˚ foi 1/3400 graus;
- Que para reduzir pela metade a distância entre as esferas, isto é, a 18˚, era necessário quatro vezes a força inicial (18˚ mais
torcer o fio através de 126˚, dando um total de 144˚ = 4 × 36˚);
- E para reduzir pela metade aproximadamente a distância outra vez a 8,5˚ exigia quatro vezes a força precedente (isto é 9˚ mais
torcer o fio através de 567˚ perfazendo 576˚ = 4 × 144˚).

Coulomb concluiu então, como resultado destes três testes que a ação repulsiva que as duas esferas exercem entre si quando são
eletrizadas similarmente está na relação inversa do quadrado das distâncias. Estes três últimos itens foram os únicos dados que
Coulomb deu como prova da lei. O experimento exigia grande destreza manual e o aparato era notoriamente instável, mas
concordava com a teoria.

Utilização de um factor de conversão 1 livre = 9216 graus (força) = 480 200 dyn. Isto difere do factor de conversão dado
geralmente para graus a newtons de 1 grau (força) ≈ 6,35 × 10−5 N como o grau francês era menor do que o grau britânico
(imperial). A definição francesa de período igual a π radianos (isto é, metade do período inglês 2π).

USO DA BALANÇA DE TORÇÃO NO CASO MAGNÉTICO


Coulomb primeiro observou que havia um efeito insignificante da torção em um fio de seda ou de cabelo, e que isso poderia ser
negligenciado, em comparação com a intensidade da força magnética tendendo a orientar a agulha da bússola quando
submetida ao campo magnético terrestre. Em seguida, ele investigou essas forças de torção diminutas, e mostrou que, através de
qualquer ângulo moderado, o desvio da agulha fazia o pêndulo de torção oscilar em movimento harmônico simples. Examinou
então os parâmetros que relacionam o ângulo de torção com o comprimento, o diâmetro e as propriedades elásticas intrínsecas
do fio. A elasticidade do fio resultava em movimento harmônico simples de uma agulha, ou de um cilindro, preso em sua
extremidade. Com base nisso, Coulomb mostrou que a força de torção era proporcional ao ângulo através do qual o fio estava
sendo torcido mas não estava absolutamente seguro acêrca do diâmetro do fio (parâmetro D na equação), devido a dificuldade à
época de se fazer a medição precisa de um fio de cabelo, ou fio de seda muito fininho, e assim se assegurar que ele era
homogêneo e reto ao longo de seu comprimento, pois produzia variações grandes nos resultados. Apesar disso, ele propôs a
hipótese de que a torção era proporcional ao ângulo, e determinou que a lei da torção em um fio fino e cilíndrico era,

D3
 
l
onde Γ é o torque (momento da força de torção), μ o coeficiente que depende das propriedades intrínsecas de cada material do
fio que é utilizado, D e l sendo o diâmetro e o comprimento, respectivamente, e θ o ângulo de torção. Ele experimentou muitos
outros fios (além da seda, e do cabêlo) de diferentes materiais, diâmetros e comprimentos,
O método de torcer fios por suspensão aperfeiçoado por Coulomb mudou todo o futuro das medição a partr de então, e gerou
possibilidades para a utilização de sua balança de torção na medição de inúmeras outras forças de intensidades diminutas. Em
seu premiado memorial de 1777 ele discute o projeto da construção de sua balança e todas as dificuldades surgidas e
resolvidas, como a geometria da agulha de medição, a resistência do ar, o atrito do mancal, mas a parte central foi a introdução
da balança magnética de torção.
Se o fio de suspensão de metal fosse perfeitamente elástico e se o dispositivo de torção operasse no vácuo, as oscilações
continuariam indefinidamente, sem amortecimento. Coulomb supôs que o amortecimento, no estado de equilíbrio da torção, era
devido a esses dois fatores: a "imperfeição" da elasticidade e a resistência do ar. Se a resistência do ar fosse considerada nas
equações,as alterações na força elástica de torção poderiam ser determinadas.
Expressa em notação moderna, Coulomb estabeleceu que o torque da equação de torção é igual a    , onde κ é uma
constante e θ é o ângulo de torção. Ele também mostrou que a equação de movimento é equivalente a,

d 2
I  
dt 2
Onde I é o momento de inércia do corpo que oscila preso na extremidade do fio.
Em seu memorial de torção de 1784 e em seus estudos subsequentes usando a balança de torção, Coulomb apresentou a análise
da reação mecânica da torção, da seguinte maneira:
Dada um balança de torção como ilustrado na Figura, deixe o cilindro B ser girado através do ângulo ACM = A. Após um
tempo t deixe este ângulo de torção A ser reduzido pela quantidade MCm = S para a resultante ACm. Portanto,
ACM  ACm  ACm  ( A  S ) .
Experimentos preliminares mostraram que a balança de torção oscila com período constante. Portanto, pode-se supor que o
torquesea proporcional ao ângulo de torção.. O torque (momento da força) será, então
( A  S )
Onde κ é um coeficiente constante que depende do
comprimento, espessura e material do fio sob torção.
Seja v a velocidade de qualquer massa pontual p no raio
r desde o centro do disco cilindrico suspenso na balança
da Fig. (repare que ele usa a letra π no esquema angular).
No tempo t, quando o ângulo de torção é
ACm  ( A  S ) tem-se, igualando os momentos
angulares,

 ( A  S )dt 
 prdv
Agora, seja CA  a igual ao raio do disco, e seja a
velocidade de um ponto A sobre a borda do disco no
tempo t, ser u. Então, v  ru a , e

pr 2
 ( A  S )dt   a
du

ds u
Agora,  , e combinando com a equação anterior,
dt a
e integrando com respeito a S, fornece

u2
 ( 2 AS  S 2 )   pr
2
a2
Coulomb então resolveu para dt e obteve,
1/ 2
 pr 2 
dt  ds
 pr 2

ds 

 
 .
 (2 AS  S 2 ) (2 AS  S )   
2
 

Agora, a função ds (2 AS  S 2 ) é igual a zero quando S  0 ; e é igual a  2 quando S  2 A .


Coulomb emprega a definição francesa de período igual a π radianos (isto é, metade do período inglês 2π). Expresso desta
maneira o periodo será:
 pr
2

T 

E comparou este período com aquele de um pêndulo simples onde, se l é o compprimento e g a constante de gravidade,

l
T 
g
Para o caso do disco cilindrico utilizado, o momnto de inércia é igual a Ma 2 2 , onde M é a massa do disco e a seu raio. Dessa
forma,

Ma 2
T  .
2
Portanto a constante κ pode ser obtida experimentalmente. Para os testes foi usado o ferro (cordas de cravo) e fios de latão.
Ele relacionou completamente os detalhes de cada experimento e deu todas as dimensões, ângulos e medições de tempo. Ao
contrário de muitos relatórios anteriores de experiências físicas, a apresentação de Coulomb permitiria repetir os mesmos
procedimentos.
Como os dados experimentais mostraram que as oscilações são isócronas (de mesmo período) através de uma ampla gama de
ângulos, considerou aperfeiçoar esta última no que tange a constate de torção, κ. Em seus experimentos, procurou determinar o
efeito do comprimento e do diâmetro do fio de torção, e da tensão que lhe foi imposta pelo peso suspenso. Verificou que as
cargas de tração variáveis impostas ao fio, têm pouco ou nenhum efeito no período de torção. A partir disto Coulomb concluiu:
"… que a tensão, de maior ou menor quantidade, não influencia sensivelmente a força de reação da torção".
Passou a examinar o efeito do comprimento do fio de torção. Suas experiências mostraram que o período de oscilação variava
com a raiz quadrada do comprimento do fio. Portanto, a força de reação da torção variou inversamente com o comprimento do
fio. Da mesma forma, ele determinou o efeito do diâmetro do fio, e concluiu que a força de torção era proporcional à quarta
potência do diâmetro do fio
Combinando estas relações, e incluindo um “coeficiente constante μ, que depende da rigidez natural de cada metal", Coulomb
obteve a seguinte equação geral para o torque da reação de torção ou, como ele o chamou, momento da força de torção,

D4
 
l
Coulomb obteve um valor numérico para μ (o coeficiente Lamé de rigibilidade) para um dado fio de ferro de
  7,63  1011 dynas/cm3, o qual comparado ao valor dos dias atuais 7,50 a 8,00  1011 dynas/cm3 para o ferro forjado. Para o
latão, entretanto os dados divergem para o valor de μ 2,78  1011 dynas/cm3 para o valor que é aceito de 3,53  1011 dynas/cm3.
TORÇÃO

ELASTICIDADE DE MATERIAIS - é um resultado interessante e bem conhecido da teoria da elasticidade que apenas duas
grandezas, denominadas módulo de Young E e módulo de cisalhamento G, são suficientes para especificar de forma completa
as propriedades elásticas de um material sólido e isotrópico. No caso geral de um corpo elástico, mas anisotrópico, seria
necessária a especificação de 21 grandezas similares (componentes do “tensor de elasticidade”).
Para compreender o significado do módulo de Young e do módulo de cisalhamento, considere um prisma reto (inicialmente não
deformado) feito do material em questão, e suponha que o mesmo seja fixado a uma superfície plana horizontal, um piso, por
exemplo, do qual não possa ser removido (veja a figura abaixo). Suponha que uma força vertical é aplicada na face livre do
prisma, paralela ao piso, de forma que o prisma experimenta uma tração ou uma compressão. O módulo de Young E diz
respeito a uma deformação longitudinal (isto é, paralela ao eixo do prisma), a variação fracional da altura do prisma, sendo
definido como
F L
= E
A L
onde F é a magnitude da força aplicada na face de área A e L é a magnitude da variação da altura do prisma, de valor inicial L.
Suponha agora, em outra situação e tendo o prisma inicialmente não deformado, que uma força horizontal seja aplicada à face
superior do prisma (portanto paralelamente a esta). O módulo de cisalhamento G diz respeito a uma deformação transversal
(isto é, perpendicular à direção inicial do eixo do prisma), o deslocamento angular experimentado pelo eixo do prisma, sendo
definido como
F L
= G
A L
onde F é a magnitude da força aplicada na face de área A, L é a magnitude do deslocamento relativo entre as superfícies
inferior e superior da altura L do prisma. A Fig. 1 procura ilustrar as situações acima descritas.

F
F L
L

-F -F

Tração (E) Cisalhamento (G)

Definições dos esforços de tração e cisalhamento (correspondentes aos módulos E e G, respectivamente).

Considerando uma barra cilindrica (que frequentemente são fios) de comprimento L e raio R, e se a extremidade superior é
mantida fixa e um torque  é aplicado na extremidade inferior através
de um ângulo de torção , a barra será torcida por um ângulo ( ângulo de
cisalhament). Como consequência de tal torsão, qualquer segmento na
superfície da barra é posta em tensão simples, através do ângulo de
cisalhamento,
R
 
L
Se examinarmos uma casca cilindrica de raio r e de espessura dr, então
sua área seccional é
dA  2rdr
A tensão de cisalhamento atuando na base da casca é
dFt 1 dFt
St  
dA 2 r dr
Para relacionar o torque sobre a barra à força tangencial dFt atuando sobre a
casca, devemos nos referir figura ao lado, que mostra a torsão de um cilindro
fino fixado na extremidade superior, resultado da aplicação de um torque em
sua base. Com isso, uma pequena área retangular, sobre a superfície do
cilindro é cisalhada ( tensionada) por um ângulo . O torque atuando sobre a
base do cilindro é equivalente às forças tangenciais agindo nas bases das
cascas cilindricas de espessura dr .
Notemos que a força é sempre perpendicular ao raio e uniformemente
distribuída na periferia. Assim
d  r dFt  r ( S t 2 r dr )

onde fizemos uso da Eq.(2.3). Desde que o ângulo de cisalhamento, , está


relacionado à tensão de cisalhamento através de
St
 ( Lei de Hook )

onde  é denominado o módulo de cisalhamento. Podemos expressar o
torque sobre o material como
 2 
d    2  r 2 dr  r 3 dr
L
O torque total é obtido por somar as contribuições de todas as cascas
na barra desde r = 0 a r = R:
 2  R 4
   d   r 3 dr   
L 2L
Isto é, o ângulo de torsão θ é proporcional ao torque externo aplicado,
=() . O coeficiente
R 4
K
2L
mede o grau de retorno que o material oferece quando se tenta torcê-lo, e é denominado como constante de torsão. A medida
do período de oscilação de um pêndulo de torsão fornece uma determinação precisa do módulo de cisalhamento  do material.
PÊNDULO DE TORSÃO – Este tipo de oscilador se caracteriza pela força restauradora que aparece quando se torce um
determinado material. Não vem aqui ao caso analisar a estrutura do que se entenda por torsão, que na verdade envolve módulos
de cisalhamento e tensões nos materiais que só podem ser descritos numa forma tensorial e que está fora do propósito destas
notas. De qualquer forma, vimos na secção anterior uma breve introdução deste assunto.

Seja um corpo de massa M e momento de inércia I ser suspenso ( através de seu centro de massa CM) por um fio fino:

Quando giramos o sistema (sobre um eixo coincidindo com o fio) por um ângulo ,
o fio exerce uma força restauradora que é proporcional a esse deslocamento.
Fio de comprimento L
raio R, e módulo
A constante de proporcionalidade κ entre o ângulo de cisalhamento  e o torque
de cisalhamento . restaurador pode ser obtido das propriedades do fio.

d 2
  I  I  K 
dt 2
ou

d 2 K
  0
dt 2 I
Corpo material de
momento de inércia I
com a solução geral

K
   0 sen ( 0t   ) ; 0 
I
onde  é o ângulo de fase. O período sendo dado por:

2 I 2 L
T  2   I
 K  R4
Deve ser reparado aqui, que ao contrário de outros tipos de osciladores, nenhuma aproximação parapequenos ângulos é
necessária para se conseguir um MHS ( desde que se respeite o limite elástico do material). Este é o motivo ( além de sua
grande sensibilidade ) que tais osciladores é utilizado como balança de torsão, um instrumento que foi crucial na determinação
das leis de força gravitacional e elétrica.

Fim da Eletrização e da Parte Histórica

Você também pode gostar