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ANÁLISE DE SISTEMAS

ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Universidade Federal do Ceará – UFC


Engenharia Elétrica – Campus Sobral
Prof. Juan Carlos Peqqueña Suni
EMENTA

Explanação sobre Sistemas de Potência; o Sistema


Elétrico Brasileiro; Modelos;
Formulação Matemática do Fluxo de Carga;
Métodos de Solução; Cálculos dos Fluxos,
Perdas e Potências Geradas; Cálculo de Curto-
Circuito: Componentes Simétricas; CC Fase-Terra;
CC Trifásico, CC Fase-Fase; CC Fase-Fase-Terra.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
1. Grainger, Jonh J. And Stevenson, W. D. Jr. Power System Analysis, NY
McGraw-hill, 1994.
2. Kindermann, Geraldo, Curto-circuito, EEL/UFSC, 3ª edição, 2003. ISBN:
85-900853-3-3
3. Oliveira, C. C. B., Schimidt, H. O., Kagan, N., Robba, E. J., Introdução a
Sistemas Elétricos de Potência – Componentes Simétricos, Editora
Edgard Blucher, 1996.
4. Kusic, George. Computer Aided Power Systems Analysis. CRC Press.
2009, 399pp. CRC Press. ISBN 978-1-4200-6106-2.
5. Anderson, Paul. Analysis of Faulted Power Systems, Iowa: The Iowa
State University Press, 2001.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. Computer Aided Power Systems Analysis. George Kusic. 2009, 399pp. CRC Press.
ISBN 978-1-4200-6106-2
2. Electric Systems Analysis and Operation. Antonio Gomez-Exposito, Antonio J. Conejo
and Claudio Canizares. 2009, 684pp. CRC Press. ISBN 978-1-4200-6106-2
3. Electric Power System Applications of Optimization. James A. Momoh. 2009, 602pp.
CRC Press. ISBN 978-1-4200-6586-2.
4. Robba, E. J., Introdução a Sistemas Elétricos de Potência, Editora Edgard Blucher,
1977.
5. Monticelli, a. J. Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica, SP, Edgard Blucher,
1983.
6. Bosela, Theodore R., Introduction to Electrical Power System Technology, Prentice
Hall, 1997, ISBN 0-13-186537-4.
AVALIAÇÃO
 Avaliação Parcial
 Trabalhos (Exercícios).

MA = 0,7 ∑ AP + 0,3 ∑ T

MA – Média de avaliações
AP – Nota de avaliação parcial (AP)
T – nota de trabalhos
N – N° de Aps
M – N° de Trabalhos
1
MF = MA + AF
2
 MF – Média final ≥ 7,0  Aprovado por nota
 MF – Média final < 7,0  AF
 MF – Média final ≤ 4,0  Reprovado por nota
 AF – Nota de AF (prova de avaliação final) ≥ 5,0 Aprovado
1. INTRODUÇÃO AO SISTEMAS ELÉTRICOS DE
POTÊNCIA (SEP)
Os sistemas elétricos de potência apresentam as características básicas:
• são compostos de equipamentos que funcionam em corrente alternada
(CA) e que operam essencialmente em tensão e frequência constantes;
• para o adequado funcionamento, dependem do comando, controle e
proteção realizados por meio de dispositivos com essa finalidade;
• usam essencialmente máquinas síncronas para geração de eletricidade,
as quais, por meio de suas turbinas permitem a conversão de energia,
originária de fontes primárias (fóssil, nuclear, hidráulica, biomassa, eólica),
em energia mecânica.
• possibilitam a transmissão de blocos de energia a consumidores
espalhados nas mais diversas áreas, considerando longas distâncias. Este
procedimento só é possível graças a um sistema de transmissão,
compreendendo subsistemas operando em diferentes níveis de tensão
É uma prática comum se dividir a rede elétrica relativa ao transporte de energia nos
seguintes subsistemas:

• Sistema de transmissão: interconecta todos os grandes centros de geração e aos


principais centros de carga. Forma a parte por onde circula grandes blocos de
potência e opera com os níveis de tensão mais elevados. Tipicamente, com tensões
maiores ou iguais a 230 kV.
• Sistema de sub-transmissão: permite a transmissão de potência em blocos mais
reduzidos, a partir das subestações de transmissão, para as subestações de
distribuição. Grandes cargas industriais podem ser supridas diretamente por um
sistema de subtransmissão. Em alguns sistemas, não há uma dinstinção clara entre
sistemas de transmissão e de subtransmissão, sendo ambos um só.
• Sistema de distribuição: representa o estágio final envolvendo a transferência de
energia para os consumidores individuais. A tensão primária de distribuição (a
denominada alta tensão do sistema de distribuição) é compreendida na faixa entre
1 e 34,5 kV.
Pequenas centrais geradoras podem ser conectadas diretamente ao sistema de
subtransmissão ou ao sistema de distribuição. A tendência é que se tenha mais e
mais a inserção de pequenas fontes de energia ao sistema de distribuição (a gás, a
óleo, biomassa, solar, entre outras) - a denominada geração distribuída.
Para o caso brasileiro, embora essa diversificação seja benéfica, não eliminará a
forte dependência de geração hidráulica existente.
Portanto, o sistema elétrico, como um todo, consiste de múltiplas fontes de geração
que são utilizadas para atender aos centros de carga, processo esse que é feito por
complexos sistemas de transmissão.

Do exposto, para manter esse complexo sistema operando


adequadamente, com padrões de qualidade e de
segurança mínimos, é necessário monitorá-lo e controlá-lo
permanentemente.
1.2 CONTROLE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE
POTÊNCIA
A energia geralmente não é consumida diretamente na forma elétrica. Ela é antes convertida em
outro tipo, tal como calor, luz, energia mecânica, entre outros. A vantagem da forma elétrica é
que pode ser transmitida e controlada com elevado grau de eficiência e confiabilidade.
Consequentemente, um sistema elétrico adequadamente operado e controlado deve atender a
alguns requisitos fundamentais:
1. O sistema deve ser capaz de suprir continuamente as variações de carga, tanto sob o ponto de
vista de potência ativa quanto de reativa. Diferentemente de outras formas de energia, a
elétrica não pode ser armazenada em grandes quantidades. Então, uma reserva "girante" deve
ser prevista e controlada permanentemente.
2. O sistema deve suprir energia com um baixo custo e com um mínimo impacto ecológico.
3. A qualidade da energia suprida deve atender alguns critérios mínimos com relação aos
seguintes fatores:
 frequência constante;
 tensão constante ou parâmetro próximo; e
 confiabilidade.
1.2.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM SISTEMA
ELÉTRICO DE POTÊNCIA
 geradores;
 linhas de transmissão;
 transformadores de potência;
 capacitores em derivação (shunt) e em série;
 reatores em derivação;
 sistemas de transmissão CA flexíveis - flexible AC transmission systems (FACTS);
 compensadores síncronos.
Não seria possível operar o sistema sem os equipamentos de proteção, de redução de medidas para instrumentos, de
manobra e de proteção, tais como:
 transformadores de potencial (TPs);
 transformadores de corrente;
 chaves, seccionadoras, disjuntores;
 relés de proteção, filtros;
 para-raios.
1.2.2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DE UM SEP

No modelo antigo, as empresas de energia elétrica apresentavam uma estrutura


verticalizada, englobando, na maioria dos casos, os segmentos de geração,
transmissão, distribuição e comercialização juntas. Nesse caso, as empresas recebiam
uma concessão para o fornecimento de energia a uma determinada região do país e
atendiam essa demanda utilizando a energia gerada no seu próprio sistema, ou
adquirida de empresas vizinhas através de contratos.
Em alguns sistemas, tais contratos de fornecimento de energia entre empresas não
diretamente conectadas eletricamente podiam existir, exigindo a transferência de
energia através do sistema de transmissão de uma terceira empresa.
O modelo era fortemente regulamentado, não existindo a possibilidade de uma
empresa comercializar energia diretamente aos consumidores fora de sua área de
concessão. Assim, sob o ponto de vista econômico, o sistema operava como um
monopólio regulado.
As principais características desse modelo são:

 Geração, transmissão, distribuição e comercialização integradas em uma


mesma empresa;
 A cada empresa associa-se uma área de concessão onde todos os
consumidores são cativos (monopólio);
 A troca de energia entre empresas é realizada somente através de contratos
bilaterais de médio ou longo prazo;
 O custo final da energia inclui todos os custos diretos e indiretos da empresa
verticalizada.
Em função da necessidade de otimização de recursos, de operar o sistema
com níveis mais elevados de carregamento, da introdução de diversos novos
participantes, foi necessário se repensar e a estrutura tradicional de um SEP.
Um novo modelo passou a existir, concebido a partir de desregulamentação
específica para o setor elétrico.
Nessa nova estrutura, ocorre a separação do transporte (transmissão e
distribuição) da produção (geração) e da comercialização. Além disso, é
introduzida a competição nos segmentos de geração e comercialização,
bem como verifica-se a preservação da transmissão e distribuição como
monopólios naturais.
Porém, com livre acesso a esses segmentos por parte de geradores e
comercializadores. A separação dos segmentos de geração e transmissão
suscitou dúvidas no início dos estudos de reestruturação do setor elétrico.
2. MODELOS DOS COMPONENTES DO SEP
2.2 LINHA DE TRANSMISSÃO
A linha de transmissão é modelada conhecendo-se
os seus parâmetros elétricos por fase e o seu
comprimento.
É usual dividi-la em curta (até cerca de 80 km),
média (entre 80 e 200 km) e longa (acima de 200
km).
A representação é feito por um circuito monofásico
equivalente, por fase. Supõe-se que a linha opere
em regime permanente, a uma frequência, que no
Brasil é igual a 60 Hz.
A linha tem quatro parâmetros característicos: uma
condutância, G; uma resistência, R; uma reatância,
X =wL, sendo L a indutância da linha; e uma
susceptância, Y =wC, onde C é a capacitância da
linha.
O primeiro dos parâmetros é desprezível para a Figura 2.1 Modelo de linha curta
faixa usual de frequência dos estudos em regime
permanente e de análise de estabilidade em baixas
frequências. Assim, considerar-se-á G = 0 para fins
de modelagem.
As linhas médias são representadas por um
circuito π-equivalente, contendo além da
resistência série, R, e da reatância indutiva série,
X, mais a susceptância capacitiva, Y, a qual é
ligada de uma fase para a referência. A
susceptância é dividida em duas partes, sendo a
metade alocada em cada terminal da linha. A
Figura 2.2 exibe o circuito equivalente.

Figura 2.2 Modelo de linha média


O modelo de linha longa considera a abordagem 𝑅 + 𝑗ω𝐿
𝑍 =
por parâmetros distribuídos. O seu modelo é 𝑗ω𝐶
semelhante ao de uma linha média. No entanto, ao
invés de se ter uma impedância série, formada pela 𝛾= 𝑅 + 𝑗ω𝐿 𝑗ω𝐶
composição série da resistência R com a reatância
X, tem se simplesmente uma impedância definida
como Ze e uma susceptância Ye, cujos cálculos são
efetuados conforme as expressões a seguir.

onde l é o comprimento da linha e as constantes Zc


e γ são definidas como:

Figura 2.3 Modelo de linha longa


O elemento em derivação (shunt) do modelo de uma linha longa
é representado pelo termo:

EXEMPLO 2.1
Uma linha que opera com frequência industrial igual a 60 Hz e com tensão nominal de
linha igual a 500 kV apresenta os seguintes parâmetros: L = 8,84×10−4 H/km, C = 13,12
nF/km e R=0,0222 W/km. Calcule a impedância de surto, bem como o SIL dessa linha.
SOLUÇÃO
A impedância de surto e o SIL não dependem do comprimento da linha. Assim,

Considerando que a tensão nominal da linha é igual a 500 kV (tensão fase-fase), então
a potência de SIL será
EXEMPLO 2.2
Considere que uma linha tenha 350 km de comprimento. Suponha que uma tensão
fase-neutro igual a 288,67 kV seja aplicada ao terminal de entrada da linha. Calcule a
tensão fase-neutro e de linha no terminal de saída da linha, considerando:
a) um modelo de linha média;
b) um modelo de linha longa.

Resolver em casa.
SOLUÇÃO
a) O módulo da tensão na entrada da linha é igual a 288,67 kV. Considere a fase da
tensão na entrada da linha como a referência angular. Assim, faz-se :
.
Inicialmente, é necessário calcular os parâmetros do circuito equivalente, conforme
Figura 2.3.
A reatância total da linha é:
A susceptância total da linha é:
A resistência total da linha é: R = 0,0222×350 = 7,77 .

Por conveniência, deve-se converter a susceptância capacitiva Y em reatância


capacitiva para que seja calculada a corrente que circula por esse elemento do
circuito equivalente.

Lembrar que XCap = 1/Y. Porém, na forma de impedância:


A corrente Io, em kA, no circuito equivalente da Figura 2.3 é:

A tensão nos terminais de saída da linha é:

Por tanto, a intensidade da tensão fase-fase no terminal de saída da linha é:


𝟎

Esse resultado está coerente, porque a linha é longa e está descarregada. Portanto, há
uma elevada parcela de potência reativa gerada pela linha, fazendo com que a
tensão fique acima da nominal no terminal de saída, quando o terminal de entrada é
alimentado com tensão nominal.
b) Considerar-se-á agora a situação em
que a linha é modelada por circuito
equivalente para linha longa. O
procedimento de cálculo a ser
realizado é semelhante ao
apresentado no item a). É necessário
calcular os parâmetros : 𝑍 e 𝑌 . Os
parâmetros são os seguintes para ω=
2π60 = 377 rad/s:

A magnitude da tensão fase-fase


nesse caso é:
𝑽𝟎 = 𝟑𝟐𝟎, 𝟓 𝟑 = 𝟓𝟓𝟓, 𝟏 𝒌𝑽

Observa-se, deste modo, que embora a


linha seja longa, a utilização de um
modelo a parâmetros concentrado para
realização dos cálculos gera desvios
pouco significativos em relação aos
resultados em que se considerou modelo
a parâmetros distribuídos.
Evidentemente, para comprimentos
superiores, os resultados poderão ser
bastante diferentes.
2.3 DISTRIBUIÇÃO DOS FLUXOS DE POTÊNCIA EM UMA
LINHA

Figura 2.4 Distribuição de fluxo de potência em


uma linha de transmissão
EXEMPLO 2.3:

Considere o diagrama unifilar mostrado na Figura 2.5 como representativa de um sistema elétrico
equivalente formado pelas barras k e m, as quais são interligadas por meio de uma linha de transmissão.
Ambas as barras são caracterizadas como de 230 kV de tensão nominal.

Figura 2.5 Linha interligando as barras k e m


Considerando que as tensões nas duas barras sejam conhecidas, determinar os fluxos de potência ativo e
reativo na interligação e no circuito equivalente. Suponha que a linha seja representada por seu modelo
p-equivalente, para linha média, cujos parâmetros em pu são os seguintes: R = 0,017, X = 0,1224, Y =
0,22. O valor de Y corresponde à susceptância total da linha. Ou seja, Y = wC, onde C é a capacitância da
linha. Nesse sistema, as tensões nas duas barras são: = 1,022 23,3° e = 1,037 11,8°.
SOLUÇÃO
As correntes nas duas extremidades da linha são, portanto, 𝐼 e𝐼 .
Elas serão calculadas como segue:
Figura 2.6 Procedimento de cálculo executado no Matlab
 Dos resultados anteriores, é possível fazer a seguinte análise. Da barra k, na tensão de
1,022 pu (ou, considerando uma base de 230 kV, 1,022×230 ≈ 235 kV), 1,70 pu de
potência ativa é enviado para a barra m.
 Considerando que a base de potência é igual a 100MVA, resulta no envio de 170MW.
Em relação à potência reativa, ocorre absorção de aproximadamente 0,303 pu.
 Istocorresponde a absorção de 30,3 MVar de potência reativa na barra k. Com relação
à barra m, a sua tensão é igual a 1,037 pu (ou 1,037×230=238,5 kV). Nessa condição,
a barra absorve 1,65 pu ou 165 MW. Verifica-se, portanto, que houve perda ativa de 5
MW na interligação.
 Quanto à potência reativa, a barra gera 0,41 pu. Desse modo, 41 MVar é gerado e
enviado para a linha.
Figura 2.7 Distribuição final de fluxos
Com relação ao balanço de potência de reativo nas extremidades da linha, são constatadas as seguintes
observações:

 Se a barra k recebe 30,3 MVar e ocorre geração de 11,5 MVar devido ao capacitor da linha nessa extremidade,
então, 18,8 MVar são provenientes da linha e que há excesso de potência reativa sendo gerado na barra m.
 Na barra m, há geração de 41,0 MVar e mais 11,8 MVar por parte do capacitor da linha. Isto implica dizer que
52,8 MVar estão sendo liberados para a outra extremidade da linha.
 A perda reativa na linha (consumo da reatância indutiva da linha) será Qperda = 52,8−18,8 = 34 MVar.
EXERCÍCIO
Considere que a um dos terminais de uma linha de transmissão CA é conectado um gerador síncrono,
cuja magnitude da tensão gerada é igual a 10 kV. A linha de transmissão pode ser representada por
seu circuito π-equivalente, cujos parâmetros são:
r = 0,02 𝛀/km, c = 100 nF/km e l = 0,1 mH/km. A frequência do sistema é igual a 60 Hz. A partir dessas
informações e considerando base de tensão igual a 10 kV, de potência igual a 100 MVA, e
comprimento da linha igual a 100 km, calcule, em pu:

a) Para a condição do outro terminal da linha à vazio.


a.1) a corrente que é fornecida pelo gerador e a tensão nos terminais da linha;
a.2) as potências ativa e reativa que são geradas pelo gerador;
a.3) as perdas ativa e reativa na linha.

b) para a condição de carga igual a 10 MW e 3 MVar indutivo conectada ao outro


terminal,
b.1) a corrente que é fornecida pelo gerador e a tensão na carga;
b.2) as potências ativa e reativa que são geradas pelo gerador;
b.3) as perdas ativa e reativa na linha.
Resolver em casa.
2.4 TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA
 Os transformadores de potência possibilitam a utilização de diversos níveis de tensão em
um sistema elétrico. Do ponto de vista de eficiência e de transferência de potência, a
tensão de transmissão deve ser elevada, porém não é usual se gerar ou consumir
energia nesse mesmo nível de tensão.
 Em sistemas elétricos modernos, desde a geração até os centros de consumo, a tensão
pode passar por até uns cinco estágios de transformação. Além de permitir a
transformação de tensões, os transformadores são frequentemente usados para:
Controle de tensão e de fluxo de potência reativa.
 Portanto, praticamente todos os transformadores utilizados nos sistemas de transmissão e
na entrada dos alimentadores de sistemas de distribuição apresentam taps.
 A variação de taps permite compensar variações de tensões no sistema.
 Dois tipos de componentes para variação de taps são encontrados: o que permite a
variação sem carga (off-load) e o sob carga (under-load tap changing) (ULTC), ou on-
load tap changing (OLTC), ou simplesmente load tap changing (LTC). Para alteração na
relação do primeiro tipo, é necessário que o transformador seja desenergizado. São
usados quando a relação de taps precisa ser alterada somente após longos períodos.
 O LTC é utilizado quando há necessidade de alterações frequentes na relação de
transformação. Por exemplo, para acompanhar as mudanças diárias de carga. Os
taps normalmente permitem uma variação na relação de transformação.
 Os transformadores podem ser unidades trifásicas ou três unidades monofásicas
constituindo um banco trifásico. A última opção é preferida para sistemas em
extra-alta tensão e sistemas de distribuição. Quando a relação de transformação
é pequena (por exemplo 500 kV para 230 kV), a melhor opção é utilizar
autotransformadores.
 Em sistemas interligados, algumas vezes torna-se necessário efetuar conexões que
formam circuitos em malhas em um ou mais subsistemas. A fim de controlar o fluxo
de potência ativa e prevenir sobrecarga em algumas linhas, são introduzidos os
chamados transformadores defasadores. Em certos casos, além da transformação
de fase, é necessário realizar também transformação do módulo de tensão, via
uso de taps.
2.4.1 MODELO DO TRANSFORMADOR
 O modelo do transformador de potência depende da presença ou não de taps. O
modelo convencional é composto de um transformador ideal e de uma
impedância série. A relação de transformação de tensão no transformador ideal,
em pu, é 1 : a, onde a é o tap em pu.
 A impedância série é formada pela reatância do transformador, em geral,
desprezando-se as resistências dos enrolamentos. Ou seja, ZT = jXT . A Figura 2.8
ilustra a inserção desses elementos em um diagrama unifilar, substituindo-se, por
conveniência, ZT , por uma admitância ykm, ficticiamente ligada entre as barras p e
m. Por essa convenção, supõe-se que o transfomador possua tap, em pu, somente
do lado da barra m, embora fisicamente ele possa ter tap em ambos os lados.
 O tap a pode ser um número real ou complexo, dependendo do tipo de
transformador. Na situação na qual se diz que as tensões Vk e Vm estão em fase,
diz-se que a "relação de tap está em fase".
 Quando a é um número complexo, o transformador, além da transformação das
magnitudes da tensão, como no caso em fase, proporciona também a
transformação da fase. Na dedução que se segue, considerar-se-á somente a
situação na qual a constante a representa uma grandeza real .
Figura 2.8 Modelo do transformador com tap

 A dedução das equações do transformador com tap é baseada nas equações do trans-
formador ideal e no cálculo das correntes que fluem no equipamento. O objetivo é se de-
terminar um circuito elétrico equivalente semelhante ao que foi apresentado para o caso
da linha de transmissão CA. Assume-se que seja possível calcular as constantes A B e C do
circuito elétrico mostrado na Figura 2.9. Todas essas constantes estão calculadas na forma
de admitâncias.
 O circuito forma um quadripolo, no qual pode-se imaginar o terminal de entrada como
do lado d a barra k e o terminal de saída como do lado da barra m.
Figura 2.9 Transformador equivalente com tap em pu do lado da barra m

 No circuito da Figura 2.9 as relações entre as correntes de entrada e as tensões de saída são dadas pelas
expressões a seguir.
Ikm = (A+B)Vk−AVm (2.6)
Imk = −AVk+(A+C)Vm (2.7)
 Deve-se calcular os parâmetros do circuito em função dos parâmetros do transformador.
 Considere o transformador ideal entre as barras (nós) k e p. Algumas relações para esse elemento são as
seguintes:
 Conservação da potência no transformador ideal: a potência de
entrada é igual à potência de saída. Em pu, isto significa que a
potência no nó k é a mesma no nó p, a menos do sinal, isto é,
Skm+Smk = 0;
 Relação de transformação de tensão: a relação de tensão, em pu,
entre o nó p e o nó k é:
V p = aVk.
EXEMPLO 2.3
Considere que o diagrama unifilar de um transformador com tap em fase seja o
mesmo indicado na Figura 2.8. Os valores nominais de tensão do lado das barras k
e m são 13,8 kV e 230 kV, respectivamente (tensões equivalentes a 1 pu em cada
lado do transformador). Na condição nominal, a reatância do transformador é
igual a 0,1 pu.
Determinar um modelo equivalente do transformador, em pu, para a condição de tap
em fase, no qual a = 1,10 pu.

SOLUÇÃO

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