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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO-

APRENDIZAGEM DO ALUNO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Antenor de Oliveira Neto1


Lúcio Marques Vieira Souza2

RESUMO: Esta pesquisa tem por objetivo relatar a importância do lúdico no


processo de ensino aprendizagem na educação especial. Para isso buscou-se
compreender de que maneira o lúdico pode auxiliar no contexto educacional. Para o
desenvolvimento deste estudo, foi feita uma revisão bibliográfica onde se buscou a
opinião de diversos autores sobre o tema estudado. As referências levantadas
tiveram por finalidade descrever sobre a importância do lúdico para o
desenvolvimento do aluno com necessidades educativas especiais, o lúdico na
educação inclusiva, a relação entre o jogo e a aprendizagem, e os jogos e
brincadeiras como recurso pedagógico. O trabalho teve como conclusão que o
lúdico é de extrema importância no processo de ensino-aprendizagem, visto que a
educação lúdica ajuda e influencia no desenvolvimento integral do aluno com
deficiência, oportuniza e facilita a aprendizagem, seu saber, seu conhecimento e sua
compreensão de mundo, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, e também os
processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

Palavras-chave: Lúdico. Educação Especial. Ensino Aprendizagem.

ABSTRAT: This research aims to report the importance of playfulness in the process
of teaching and learning in special education. For that we sought to understand how
the playful can assist in the educational context. To develop this study, a literature
review was made where it sought the opinion of several authors on the subject
studied. Raised references were intended to describe the importance of playfulness
to the development of students with special educational needs, the playful in special
education, the relationship between play and learning, and fun and games as an
educational resource. The work was completed that playfulness is very important in
the teaching-learning process, as the playful education help and influence the overall
development of students with disabilities, provides opportunities and facilitates
learning, their knowledge, their knowledge and understanding of World, personal,
social and cultural development, and also the processes of socialization,
communication, expression and construction of knowledge.

Keywords: Playful. Special Education. Learning Education.

INTRODUÇÃO
Currículo dos autores: 1 Universidade Tiradentes (UNIT), antenoneto@hotmail.com / 2 Secretaria de
Estado da Educação ,do Esporte e da Cultura (SEDUC-SE), profedf.luciomarkes@gmail.com /
A presente pesquisa tem a intenção de analisar as contribuições do lúdico no
processo de ensino e aprendizagem do aluno na Educação Especial.
Não são raros os educadores que se angustiam ao se depararem com alunos
que possuem deficiências e não sabem como agir para interferir no problema. A
cada dia fica mais claro a necessidade em considerar todas as questões que
possam envolver as deficiências.
É importante que o professor seja o principal mediador desta formação,
proporcionando aulas com materiais lúdicos diversos para que a criança aprenda
brincando.
De acordo com a pesquisa realizada por Santos (2001), as escolas,
dificilmente procuram oportunizar aos seus alunos momentos lúdicos, vindo a ter
uma grande preocupação com o desenvolvimento cognitivo dos alunos, deixando
bem claro que não possui nenhum conhecimento sobre o que o lúdico pode vir a
desenvolver no aluno com necessidades educativas especiais, quando na realidade
através da ludicidade estará desenvolvendo o conhecimento cognitivo, o
desenvolvimento sócio afetivo e muito mais.
Foi devido ao fato de as escolas dificilmente oportunizarem momentos lúdicos
a seus alunos que surgiu a problemática e o interesse pelo tema, e começou-se
desenvolver esta pesquisa, buscando as respostas para os seguintes
questionamentos: Qual a importância do lúdico como recurso pedagógico na
educação especial?
Desse modo esse artigo tem como objetivo apresentar por meio de uma
pesquisa bibliográfica os benefícios que os jogos e brincadeiras trazem para os
alunos, e também demonstrar de que maneira o lúdico pode ser trabalhado. A
pesquisa será de caráter exploratório, apresentando referências do tema em estudo.
Na pesquisa será desenvolvido 3 (três) capítulos e 1(um) subcapítulo. No
capítulo 1 (um) buscou-se apresentar a origem e a utilização do lúdico e como ele é
fundamental para o desenvolvimento físico, psíquico e emocional da criança. O
capítulo 2 (dois) aborda a importância do lúdico na educação inclusiva, visto que a
criança está construindo os seus conceitos, e assim as atividades lúdicas, ajudam a
desenvolver diversas potencialidades na criança. Já no capítulo 3 (três), discute-se a
relação entre o jogo e a aprendizagem, levando em consideração que o jogo é à

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base do desenvolvimento cognitivo e afetivo do aluno com deficiência, e o
subcapítulo aborda os jogos e brincadeiras enquanto recurso pedagógico na
educação inclusiva.
Com esta pesquisa pretende-se salientar a importância do lúdico como uma
prática na educação inclusiva, e assim oportunizar uma reflexão sobre a prática
pedagógica, levando o profissional da educação especial, a inovar sua prática
pedagógica e utilizar jogos e brincadeiras no contexto educacional, sempre
valorizando as diferenças e as particularidades de seus alunos e redescobrindo o
valor de ensinar através do lúdico com o intuito de amenizar as dificuldades
encontradas no processo ensino aprendizagem na educação.

PAPEL DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO COM


DEFICIENCIA

A palavra ‘lúdico’ tem sua origem do latim ludus e significa brincar. De acordo
com Rosa (1999, p.37) o verbete lúdico (adjetivo) significa: referente à, ou que tem
caráter de jogos, brinquedos e divertimento.
Os jogos e brincadeiras são utilizados pela sociedade desde as épocas
remotas, o brinquedo era associado à ideia de prazer. Na idade média as pessoas
ocupavam uma parte de seu tempo brincando, e através das brincadeiras se
socializavam, expressavam sentimentos e emoções, e com o passar o tempo os
jogos e brincadeiras foram mudando, mas até hoje são considerados fontes de
prazer.
A educação lúdica esteve presente em todas as épocas, povos, contextos de
inúmeros pesquisadores, formando, hoje, uma vasta rede de conhecimento não só
no campo da educação, da psicologia, filosofia, como nas demais áreas do
conhecimento (ALMEIDA, 2000, p.31).
No ato de brincar a criança da educação inclusiva é livre para criar e através
da criatividade, acaba descobrindo seu eu. De acordo com Piaget (1976), a atividade
lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança. Estas não são
apenas uma forma de entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios
que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual.

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O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício
sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à
atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e
transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.
Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos
que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que,
jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que,
sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil (PIAGET,
1976, p.160).

Sendo assim o jogo é fundamental para o desenvolvimento físico, psíquico e


emocional da criança com necessidades educativas especiais. Também em relação
à importância do ato de brincar para o desenvolvimento psíquico do ser humano,
Bettelheim afirma que,

[...] nenhuma criança brinca espontaneamente só para passar o


tempo. Sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos,
problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da
criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem
secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos
(BETTELHEIM, 1984, p. 105).

O jogo também tem função educativa, visto que oportuniza a aprendizagem


do aluno/criança, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. De
acordo com Santos,

A ludicidade como ciência se fundamenta sobre os pilares de quatro


eixos de diferentes naturezas, isto é: Sociologia, Psicologia,
Pedagogia, Epistemológica. Sociológica, porque a atividade lúdica
engloba demanda social e cultura. Psicológica, porque se relaciona
com os processos de desenvolvimento e de aprendizagem do ser
humano em qualquer idade em que se encontre. Pedagógica, porque
serve tanto da função teórica existente, como das experiências
educativas provenientes da prática docente. Epistemológica, porque
tem fonte de conhecimentos científicos que sustentam o jogo como
fator de desenvolvimento (SANTOS, 2001, p.42).

A ludicidade não deve ser observada como uma brincadeira ou diversão


qualquer, porque ela além de ser uma precisão do ser humano, ainda promove à
aprendizagem, o desenvolvimento pessoal e social, a construção do conhecimento,
a comunicação e a expressão. E ainda,
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O brincar é uma das formas privilegiadas de as crianças se
expressarem, se relacionarem, descobrirem, explorarem,
conhecerem e darem significado ao mundo, bem como de
construírem sua própria subjetividade, constituindo-se como sujeitos
humanos em determinada cultura. É, “portanto, uma das linguagens
da criança e, como as demais, aprendida social e culturalmente”
(FARIA E SALLES, 2007, p. 70).

Na Educação Especial o brincar não tem apenas função de divertir, mas


principalmente de educar socializar e construir o desenvolvimento pleno pois pode-
se considerar que o brincar em situações educacionais proporcionam não só um
meio real de aprendizagem, como também permite que os adultos perceptivos e
competentes, aprendam sobre os alunos e suas deficiências. Entretanto, para que
os jogos e brincadeiras tenham uma função pedagógica é necessário que seja
pensado e planejado dentro de uma proposta pedagógica.
De acordo com Oliveira (2002), o ato de brincar proporciona uma mudança
‘significativa’ na ‘consciência infantil’ pelo motivo de determinar das crianças um jeito
mais “complexo” de conviver com o mundo. Oliveira coloca que,

“Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades


nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre
pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz de conta e
os de alternância respectivamente. Ao brincar, a criança passa a
compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os
elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo
tempo, ao tomar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber
as diferentes perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a
elaboração do diálogo interior característicos de seu pensamento
verbal (OLIVEIRA, 2002, p. 160).”

Através do lúdico tem-se a oportunidade de desenvolver o cognitivo no qual,


brincando a criança com necessidades educativas especiais experimenta, descobre,
inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a
autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do
pensamento, da concentração e atenção.
Por ser a Educação Especial um direito assegurado às crianças com
necessidades educativas especiais, é que se deve buscar meios de consolidar esta
modalidade de ensino, despertando desde cedo na criança a sua capacidade
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criativa, desenvolvendo a sua percepção, e tornando a aprendizagem significativa.
Tudo isso justifica a inserção do lúdico no contexto da educação inclusiva, visto que
são nesta fase que a criança está construindo os seus conceitos, então trabalhar
com atividades lúdicas, ajudam a desenvolver diversas potencialidades na criança.
Em relação aos PCNs,

“O lúdico melhora a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar


progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar
contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de
adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações
atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de
constituição infantil. Nas brincadeiras, as crianças transformam os
conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais
com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado
papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas
características (BRASIL, 1998, p.29).”

Apesar de todos os benefícios que o lúdico traz, ainda há escolas que apenas
restringem as atividades das crianças aos exercícios repetitivos, e de coordenação
motora, o que de certa forma bloqueia a organização independente das crianças
para as brincadeiras. Além disso, essas práticas não estimulam a criatividade dos
alunos, e suas ações simbólicas servem apenas para explorar e facilitar ao educador
a transmissão de determinada visão do mundo, definida, a princípio, pela instituição
infantil.
Entretanto para Gomes (2004, p.47), “a ludicidade é uma dimensão da
linguagem humana, que possibilita a expressão do sujeito criador que se torna
capaz de dar significado à sua existência, ressignificar e transformar o mundo” . O
lúdico aumenta o rendimento escolar além do conhecimento, a fala, o pensamento e
o sentimento. E estes mesmos autores concluem que aplicar o lúdico no contexto da
educação especial exige atenção dos pais e dos educadores, porque por ele, é que
ocorrem experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e
seriedade. De acordo com Almeida (2000),

“Existe uma infinidade de ações de caráter lúdico que são praticadas


de modo espontâneo pelas crianças. E estas trazem grandes
benefícios. Quando se exerce uma atividade lúdica, há na criança o
desenvolvimento de habilidades cognitivas, psicomotoras e também
a afetividade é desenvolvida, o que faz surgir laços de amizade entre
as crianças envolvidas em tal ação. Neste processo, a criança
experimenta diversos sentimentos como: amor, solidariedade,
confiança, proteção e união (ALMEIDA, 2000, p. 16).”
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Ao se trabalhar com o lúdico, diversos benefícios são trazidos para as
crianças, o que de certa forma torna o processo de ensino aprendizagem mais
significativo, melhorando assim diversos aspectos na criança.
Em todo o processo educativo, mas em especial na Educação Especial, que é
onde começa a construção do conhecimento, é importante que as atividades lúdicas
sejam vistas como prioridades no delineamento das atividades pedagógicas
inseridas no planejamento escolar.
Sendo assim, é necessário entender o verdadeiro universo mágico e
encantador do lúdico em sala de aula e em consequência, entenderemos a prática
cotidiana do aluno, considerando que é na Educação Especial que as crianças
constroem a aprendizagem através do brincar, criando e imaginando situações de
representações simbólicas entre o mundo real e o mundo a ser construído com base
nas suas expectativas e anseios.

A Relação Entre o Lúdico e a Aprendizagem

É importante que os educadores reconheçam que a ludicidade é de suma


importância no cotidiano da criança no qual promove o rendimento escolar. Diante
dessa realidade a proposta que envolve a ludicidade é promover uma alfabetização
condizente e significativa no processo educacional. Porém o professor é ideal nesse
processo e através dele que a educação pode se transformar cada dia melhor
ajudando os alunos a desenvolver seu potencial.
Nesse sentido as atividades lúdicas começam a fazer parte da vida da criança
com necessidades educativas especiais bem cedo. Por ser a base do
desenvolvimento cognitivo e afetivo do ser humano é que as atividades lúdicas são
fundamentais na formação das crianças que possuem algum tipo de deficiência, pois
elas facilitam os relacionamentos e as vivências no contexto escolar, promovem a
imaginação e, principalmente, às transformações do sujeito em relação ao seu
objeto de aprendizagem.
Durante a brincadeira o aluno na educação inclusiva usa sua imaginação com
a intervenção dos adultos podendo solucionar seus problemas de maneira livre,
criativa e prazerosa.

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“Prazerosa, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de
forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. E este
aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com
forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e
euforia. As atividades lúdicas integram as várias dimensões da
personalidade: afetiva, motora e cognitiva. O ser que brinca e joga é,
também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve
(FELTRIN, 2010, p. 24).”

As atividades lúdicas são estratégias metodológicas que proporcionam uma


aprendizagem concreta por meio de atividades práticas. Diante disso as atividades
lúdicas devem ser incluídas no plano de aula do professor como recurso
pedagógico. Portanto cabe ao docente em seu planejamento proporcionar
atividades lúdicas que envolvam os conceitos matemáticos, leitura, escrita, e outros
para que a aprendizagem seja assimilada de forma prazerosa.
O papel do docente é estar acompanhando seu aluno, estipular brinquedos,
brincadeiras e jogos adequados para faixa etária de cada aluno, propiciar ambiente
com materiais pedagógicos lúdicos, levantar problemas que faça com que o aluno
pensa, cria, levanta soluções e hipóteses com o objetivo de desenvolver o
conhecimento do aluno. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais:

“O lúdico, mediante a articulação entre o conhecimento e o


imaginado, desenvolvem-se o autoconhecimento – até onde se pode
chegar – e o conhecimento dos outros – o que se pode esperar e em
que circunstâncias. Por meio das atividades lúdicas as crianças não
apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar
com símbolos e a pensar por analogia (jogos simbólicos): os
significados das coisas passam a ser imaginados por elas (BRASIL,
1998, p. 90).”

O que se percebe é que a prática pedagógica através do lúdico exerce um


fascínio nos estudantes, pois estes estão sempre prontos para jogar e brincar. E
com isso o jogo promove a motivação, e ainda uma maior participação, relação e
interação entre os alunos e o conhecimento, o que proporciona uma aprendizagem
de qualidade e adaptada a cada aluno.
De acordo com Piaget (1976, p. 5), o desenvolvimento da criança com
necessidades educacionais especiais precisa passar pela prática lúdica e seu
processo de aprendizagem deve ser harmonioso, pois “tal atividade propicia a
expressão do imaginário, a aquisição de regras e a apropriação do conhecimento” a

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modalidade lúdica deve ser explorado na escola, como recursos pedagógicos,
devido ao fato deles possibilitarem o desenvolvimento de regras de comportamento,
e também atuarem no desenvolvimento proximal, onde a criança consegue através
de uma situação de jogo realizações, que numa situação de aprendizagem formal
não conseguiria, pois o aluno não constrói significados a partir dos conteúdos de
aprendizagem sozinhos, eles necessitam de uma situação interativa.
Sendo assim os professores tem um papel importante, visto que qualquer
coisa que façam ou deixem de fazer, é o que vai determinar se o aluno com
deficiência aprende ou não de forma significativa.
Jogos E Brincadeiras Como Recurso Pedagógico

Durante muito tempo os jogos e brincadeiras tiveram um lugar limitado, pois


eram usados apenas na hora da recreação, e hoje ainda há escolas que os usam
apenas nesse espaço, o que descaracteriza a contribuição que esse recurso oferece
ao desenvolvimento dos alunos.
Os jogos e brincadeiras além de terem valor educacional intrínseco, tem sido
utilizado como recurso pedagógico no trabalho educacional com alunos que
possuem deficiências. E várias são as razões para que os professores recorram às
atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem.
Para Brougere (1998), é preciso conciliar a presença do jogo com a
necessidade da criança, já que deve ser trabalhado de maneira que prepare as suas
faculdades física, intelectual e moral, propondo atividades que lhes agrade, que
sejam alegres e que tomem gosto.
De acordo com Rosa (1999, p.5), “as atividades lúdicas têm o poder de
facilitar tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada
uma de suas funções psicológicas intelectuais e morais” o autor quando se refere ao
termo brinquedo, enfatiza a atividade, ao ato de brincar, pois caracteriza que a
criança desenvolve-se através da atividade com brinquedo, e que somente neste
sentido é que o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que
desencadeia o desenvolvimento do aluno com necessidades educativas especiais.
Sobre o brinquedo educativo, Kishimoto (2001, p. 37) faz algumas
considerações sobre as funções que ele assume. “Na função lúdica o brinquedo
propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente, e na

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função educativa o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em
seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.”
Conforme Vygotsky (1998, p.109), “todo brinquedo é educativo e pedagógico,
dependendo da maneira que lhe é atribuído”. De acordo com autor o uso do
brinquedo e do jogo para fins pedagógicos, é de grande importância para o processo
de ensino aprendizagem, e também para o desenvolvimento da criança com
dificuldades de aprendizagem, pois permite a ação intencional (afetividade), a
construção de representações mentais (cognitivo), à manipulação de objetos e
desempenho de ações sensórias motoras (físico) e a troca de interações (social),
estará contemplando as várias maneiras de representação da criança ou suas
múltiplas inteligências, assim contribuindo para a aprendizagem e para o
desenvolvimento infantil.
A prática pedagógica envolvendo a ludicidade ajuda no desenvolvimento
social e pessoal e também auxilia na construção do saber. O aprender é
fundamental para vida da criança para ter melhor convivência no meio social, sendo
assim a criança deve ser estimulada para diversas aprendizagens através do
brincar.
Quando a criança brinca, ela fica totalmente envolvida com que está fazendo,
e coloca na ação seus sentimentos e emoções. O jogo funciona como uma espécie
de elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos, sociais, e com isso
enriquece a criatividade da criança na educação especial e ajuda também na
construção de seu próprio universo.
Para o educador as atividades com jogos e brincadeiras devem ser
consideradas e reconhecidas como fonte de conhecimento e aprendizagem onde o
aluno aprende brincando.

“O professor deve criar situações e tarefas onde o brincar e o jogar


estejam presentes, o que facilita a introdução de aprender no ensino.
E é nesse espaço de confiança, de mundo “faz-de-conta”, de ilusão,
de inserção, que o aluno pode sentir prazer em brincar, em se
comunicar em seu meio social. (SILVA, 2005, p.26).”

De acordo com autor é importante que os professores reconheçam que a


ludicidade é de suma importância no cotidiano da criança no qual promove o
rendimento escolar. O trabalho com atividades lúdicas é essencial, pois é através do

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contato com o lúdico que ocorrem as experiências inteligentes e reflexivas, e a
produção do conhecimento.
Vygotsky (1998, p. 76) enfatiza esse processo ao afirmar que “a mudança de
uma criança de um estágio de desenvolvimento para outro dependerá das
necessidades que a criança apresenta e os incentivos que são eficazes para colocá-
la em ação”, sendo assim a criança satisfaz certas necessidades no brinquedo.
No entanto para que as atividades lúdicas estejam presentes no
desenvolvimento humano é necessário que o educador seja responsável construção
do conhecimento. Para Ortiz, o professor:

“É aquele que sabe mediar às experiências da criança pequena de


modo a contribuir positivamente para o seu desenvolvimento e
aprendizagem. Ele auxilia a criança a utilizar suas diferentes
linguagens para aprender sobre si mesma e sobre o mundo que a
cerca, assim como simbolizar suas experiências e expressar o que
sente sobre elas (ORTIZ, 2007, p.102).”

Sendo assim o lúdico precisa ser bem planejado para ser trabalho no dia a dia
para despertar a criança com necessidades educativas especiais para uma
aprendizagem significativa. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)
– (BRASIL, 1996) “a importância de um ensino voltado no desenvolvimento do
aluno, considerando os aspectos cognitivos, físicos, emocionais, afetivos e culturais”
nesse sentido o lúdico e essencial para ajudar nesses aspectos, no entanto o
professor precisa incentivar seus alunos a participarem de atividades lúdicas
favorecendo seu desenvolvimento no processo ensino aprendizagem.
Entretanto, é necessário que os jogos e as brincadeiras sejam praticados de
uma forma construtiva e não como uma série de atividades sem sentido, só assim
eles produzirão o desenvolvimento das capacidades físicas e intelectuais, e também
a socialização.
Imagem 1: jogos das palavras

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FONTE: https://www.google.com.br/search
Imagem 2: jogo salada de fruta

Fonte: https://www.google.com.br/search

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo confirmou que o lúdico é de fundamental importância para o


desenvolvimento da criança na educação especial, pois tem a função de favorecer a
autoestima, possibilita o desenvolvimento da linguagem oral e gestual.
A brincadeira é uma atividade da criança pautada no desenvolvimento da
imaginação e na interpretação da realidade que está a sua volta. Por meio das
atividades lúdicas os alunos na educação especial se apropriam do mundo real,
aprendem a dominar conhecimentos, se relacionam uns com os outros.
Pois, o papel da escola é ensinar aos alunos valores e atitudes para que
aprendam a ter respeito pelo próximo sem preconceito. Para que a escola realmente
exerça sua função social precisa conhecer seus alunos e promover projetos para
inserir a comunidade escolar e a família no espaço acadêmico para realizar um
trabalho de qualidade sem desigualdade social no intuito de garantir uma educação
de qualidade a todos como demanda a legislação sem discriminação.

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É também por meio do lúdico a criança desenvolve o intelecto, tornando
claras suas emoções, angústias, ansiedades, reconhecendo suas dificuldades,
proporcionando assim soluções e promovendo um enriquecimento na vida interior.
Nesse sentido educar significa ensinar o aluno a ter consciência de si mesmo, por
isso o professor é de suma importância nesse processo. É favorável a interação
professor-alunos, pois a afetividade ajuda muito no processo de enriquecer o
conhecimento, a criança precisa ter confiança no seu professor, pois a relação
amigável entre ambos ajuda a superar qualquer obstáculo na vida da criança
promovendo uma aprendizagem significativa.
Além de tudo o que foi colocado, as brincadeiras e os jogos são de
fundamental importância para que haja uma aprendizagem com divertimento, que
proporcione prazer no ato de aprender e que facilite as práticas pedagógicas em
sala de aula.
Portanto, acredita-se que diante de tudo o que foi apresentado neste artigo,
que o desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o
desenvolvimento pessoal, social e cultural, os processos de socialização,
comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Pode-se dizer que as brincadeiras e os jogos são as melhores maneiras da
criança que possui algum tipo de deficiência se expressar, e aprender a relacionar-
se com os outros, estimulando sua área sócio afetiva, motora e cognitiva. No
entanto, esta atividade precisa ser organizada na escola de forma que haja uma
sistematização de quais brincadeiras são mais apropriadas para cada faixa etária e
quais brincadeiras possibilitam maior aprendizagem.
Deste modo o estudo confirmou que é preciso haver valorização das atividades
lúdicas na educação especial, pois é a base para desenvolver a aprendizagem da
criança com necessidades educativas especiais. Merece atenção dos docentes
como direito de toda criança no exercício de sua formação com as pessoas e com o
mundo onde esta inserida sem preconceito e discriminação.

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Brasília: 1998.

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