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PRÁTICAS INCLUSIVAS NA EDUCAÇÃO

FÍSICA

Fernanda Cristina Cirico


Rodrigo Betin

RESUMO

Neste artigo temos a intenção de discutir sobre a educação inclusiva e refletir sobre os
diferentes fatores que interferem neste processo. A educação física no complexo espaço escolar
precisa dar atenção às particularidades da disciplina: aspectos metodológicos, conteúdos, valores.
Apresentar propostas de conceitos e práticas encontradas na literatura que buscam auxiliar
professores de Educação Física no processo de inclusão de estudantes com deficiências. A prática
deste projeto propiciou benefícios concretos para o desenvolvimento motor, cognitivo e
socioafetivo dos alunos com deficiência, tendo sido possível realizar sua real inclusão.

Palavras-chave: Inclusão, educação física, estudantes.

1. INTRODUÇÃO

Em uma aula de Educação Física os alunos se expõem muito, uma vez que utilizam o corpo
para se expressar, e por isso a vergonha pode ser observada. Esse sentimento deve ser estudado e
merece muita atenção quando falamos de esporte escolar, pois pode ser determinante tanto para que
o professor alcance seus objetivos, quanto para a formação do aluno. Sobre a influência da
vergonha na prática esportiva, bem como se este sentimento interfere na participação dos alunos nas
aulas e sobre práticas inclusivas na escola. Verificamos que a maioria acredita que a vergonha
interfere na frequência dos alunos nas aulas, mas que esta não limita sua atuação profissional .
Estimular a inclusão com crianças e jovens na escola tem se tornado algo cada vez mais
1 Nome dos acadêmicos
2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I –
dd/mm/aa
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importante no cenário da educação. E a educação física é uma das melhores disciplinas para
isso, pois através de atividades e brincadeiras promove a interação de todos os alunos e cria
oportunidades para as pessoas com deficiência mostrarem que também são capazes de evoluir
em conjunto.
Neste presente trabalho venho discutir sobre a inclusão na educação física escolar, visando
falar um pouco sobre as dificuldades e as ações já utilizadas para essa adaptação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A educação inclusiva pressupõe escola aberta para todos, ambiente em que todos
aprendem juntos, quaisquer que sejam as suas dificuldades. Nesse contexto, todas as
disciplinas e em especial a educação física escolar passam do processo de exclusão para um de
inclusão. Dentro do contexto escolar, já estamos acompanhando a educação inclusiva na qual
os alunos participam, tendo ou não necessidades especiais, dá mesma atividade. Existem duas
linhas na educação física quando se trata de pessoas com deficiência: a educação física
adaptada x a educação física inclusiva. As duas modalidades de atuação dependem muito mais
dos educadores que dos alunos. Na educação física adaptada, os estudantes com deficiência
praticam atividades físicas separados dos seus colegas. Já na educação física inclusiva, todos
participam das mesmas atividades propostas. Mazzotta (1982) indica que as pessoas com
necessidades educacionais especiais são aquelas que “(...) em razão de desvios acentuados, de
ordem física, intelectual, emocional ou sociocultural, apresentam necessidades educacionais que,
para serem adequadamente atendidas, requerem auxílios ou serviços especiais de educação”.
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    Para Mader (1997), existe um repertório muito amplo e variado de deficiências físicas que
têm como traço incomum a diminuição permanente ou progressiva da movimentação do corpo. Essa
dificuldade pode ser adquirida, principalmente, a partir de um trauma na medula espinhal, de uma
doença degenerativa dos músculos ou do sistema nervoso ou de uma lesão no cérebro. Essa
dificuldade pode também ser genética ou oriunda de má formação intrauterina. Entende-se que,
quando a deficiência física acompanha o sujeito desde o nascimento ou nos primeiros meses de vida
este tem diminuídas suas possibilidades de agir sobre o meio, de fazer descobertas, de construir
conceitos espaciais, temporais, corporais e de avaliar o impacto de suas ações sobre o meio.

    As pessoas com deficiência física apresentam uma significativa ausência de coordenação
dos membros o que dificulta a execução de uma série de movimentos como comer, vestir, andar,
correr, saltar, pegar/soltar e tirar/colocar. Isso porque esse tipo de deficiência acarreta em
importantes alterações no tônus muscular. Entendemos por tônus o estado natural de contração de
nossa musculatura quando estamos em repouso. Normalmente os músculos, ainda que relaxados,
conservam certa firmeza que nos permite movimentar membros, sustentar o corpo e executar
movimentos de forma harmônica e coordenada. A pessoa com deficiência física pode ter a
musculatura muito flácida (hipotônica) ou muito rígida (hipertônica), ou pode, ainda, ter um tônus
que oscile entre a hipotonia e a hipertonia, o que faz com que seus movimentos sejam pouco
harmônicos (Mader, 1994).

A EDUCAÇÃO FÍSICA PERANTE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Física como disciplina curricular não pode ficar indiferente ou neutra face a este
movimento de educação inclusiva. Fazendo parte integrante do currículo oferecido pela escola, esta
disciplina pode-se constituir como um adjuvante ou um obstáculo adicional a que a escola seja (ou
se torne) mais inclusiva. O tema da educação inclusiva em EF tem sido insuficientemente tratado no
nosso país talvez devido ao fato de se considerar que a EF não é essencial para o processo de
inclusão social ou escolar. Este assunto quando é abordado, é considerado face a um conjunto de
ideias feitas e de lugares comuns que não correspondem aos verdadeiros problemas sentidos. É
como se houvesse uma dimensão de aparências e uma dimensão de constatações.

Certamente, há aqui mais que a enigmática questão de saber por que


Joãozinho não sabe ler. Além disso, há sempre a tentação de crer que estamos tratando de
problemas específicos confinados a fronteiras históricas e nacionais, importantes somente para
os imediatamente afetados. (ARENDT, 2007, p. 222)
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Por meio da educação que os sujeitos são apresentados para o mundo. Compete então à ação
educativa possibilitar àquele que está sendo educado tornar-se de algum modo preparado para viver
no mundo em que vivemos. Talvez nesse ponto esteja a chave para compreendermos a crise na
educação como sendo de cunho político. Mas para Arendt, incorremos em grave erro quando
confundimos política com educação. Para ela são dois campos distintos e devem preservar suas
peculiaridades:
Nada é mais questionável, então como hoje em dia, do que a significação política de exemplos
retirados do campo da educação. No âmbito político tratamos unicamente com adultos que ultrapassaram
a idade da educação propriamente dita, e a política, ou o direito de participar da condução dos negócios
públicos, começa precisamente onde termina a educação. (ibid, p. 160).

Principalmente porque pautados nessa premissa, passamos a almejar que as crianças sejam
as responsáveis por um mundo novo. É o que se coloca para todas as utopias políticas: a crença de
um mundo novo a partir da inserção de novos sujeitos no mundo velho. Porém, ressalta:

O mundo no qual são introduzidas as crianças, mesmo na América, é um mundo


velho, isto é, um mundo preexistente, construído pelos vivos e pelos mortos, e só é novo para
os que acabaram de penetrar nele pela imigração. (ibid, p. 226).

Mas, o reconhecimento que aparece no campo discursivo não se efetiva no cotidiano


pedagógico. Como exemplo podemos perceber a falta de recursos metodológicos, suporte
profissional, entre outras importantes questões que são esquecidas ou ofertadas de forma deficitária,
algo que, de algum modo, denuncia que a diversidade é massificada e, consequentemente,
inexistente. Nem sempre nas escolas públicas os alunos cegos possuem o recurso do Braille,
tampouco os surdos contam com a presença do intérprete de LIBRAS. Em outras palavras, somos
essencialmente diferentes, e nossa igualdade deve ser garantida na vida pública, por meio das
relações instituídas na política. É o aparato político que nos coloca diante do mundo como cidadãos.
No entanto, ao ultrapassarmos esse âmbito, nos deparamos fundamentalmente com as diferenças em
sua crueza. E é isso que encontramos nas escolas: as diferenças.
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Os princípios da educação inclusiva

Como saber se uma prática pedagógica é, de fato, inclusiva? Ou se uma escola que se diz
inclusiva realmente garante o direito de todos à educação?

Além de uma importante ferramenta na análise do discurso e das práticas,


os princípios também representam uma referência fundamental para quem está começando. Além
disso, revisitá-los com frequência também pode ajudar educadores experientes e comprometidos
com a inclusão a não “perderem o rumo”. Os cinco princípios da educação inclusiva são:

1. Toda pessoa tem o direito de acesso à educação


2. Toda pessoa aprende

3. O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular

4. O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos

5. A educação inclusiva diz respeito a todos

Apesar do foco nas pessoas com deficiência, tendo em vista o histórico de privação da
participação desse público nas redes de ensino, o DIVERSA adota um conceito amplo de
diversidade humana para pensar a educação inclusiva, cujo público-alvo são todas as crianças.
Todas, sem exceção. Assim, o quinto princípio norteia os demais e orienta as relações humanas para
a construção de uma sociedade mais justa e participativa.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi feito através de pesquisas em sites utilizando os métodos de leituras em
pesquisas e questionários, foi feito uma pesquisa quantitativa, na pesquisa fenomenológica não se
procura uma explicação para o fenômeno interrogado, mas sim uma compreensão do mesmo, pois
este não se finda em uma única realidade, mas em tantas quantas forem suas comunicações e
interpretações. Deste modo, conforme destaca Gonçalves Junior (2003), quando o fenômeno a
estudar possui o dom da intencionalidade convém falar em compreensão (deixar que se mostre do
interior), ao invés de explicação (análise do exterior), já que o humano não é mero objeto, mas
sujeito, e, enquanto tal, expressa uma intenção e uma subjetividade, o que precisamente nos torna
humanos em essência.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse esboço percebeu-se que na antiguidade os deficientes eram totalmente excluídos da


sociedade, ao passar dos tempos essas pessoas começaram a ser mais acolhida por ela. Atualmente,
já são muitos os atores e autores que têm trabalhado a inclusão destes alunos às práticas do ensino
regular. Na modernidade é possível contemplar uma sociedade cada vez mais comprometida com a
causa das pessoas com deficiência, distendendo as discussões e ações para dissemelhantes
ambientes como o lazer, do trabalho e o espaço escolar e de modo consequente às aulas de
Educação Física. Entende-se que esses alunos deficientes mesmo que em passos lentos, estão
gradativamente próximos da inclusão no ensino frequente, isso vem acontecendo graças aos
empreendimentos de educadores que almejam ajudar e inserir alunos com deficiência física em suas
aulas, proporcionando um cenário onde o aluno não está mais excluído. Ainda assim, o professor
carece da assistência da própria instituição que deve ofertar para todos os alunos, como exemplo
matérias para uso tanto dos alunos “normais” quanto para aqueles que possuem alguma
anormalidade. Nestas circunstâncias, unindo os esforços dos educadores, escola e dos outros alunos
é possível ofertar uma Educação Física inclusiva na qual todos tenha acesso, atendendo, deste modo
os alunos com deficiência, quer seja ela física ou mental, colaborando para o seu desenvolvimento
físico, psíquico e social na tentativa de favorecer para a formação de elementos autônomos. De
acordo com a proposta dos autores, isso será de grande relevância quando todos os cursos de
formação conseguirem incluir em seus currículos de formação disciplinas que possam contemplar a
diversidade, em especial quando me refiro à educação dos diferentes. Nos diversos níveis de ensino,
tenho percebido que há uma lacuna nos cursos de formação de docentes sobre a temática da
inclusão escolar na Educação Física. Isso se torna evidente na observação de Vitalino (2007) ao
afirmar:
A inclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais (NEE), nos
diversos níveis de ensino, depende de inúmeros fatores, especialmente, da capacidade de seus
professores de promover sua aprendizagem e participação. E aí surge o questionamento: Os
professores estão preparados para assumir tal responsabilidade? Ao examinarmos essas
análises, notamos que [...], os professores que atuam nos cursos de formação de professores,
os denominados de licenciatura, também não estão preparados (p. 400).

Neste sentido, considero que para avançar e consolidar a Inclusão é fundamental que as
instâncias de poder, os sistemas de ensino, as escolas, os(as) docentes e a sociedade de modo geral
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mobilizem-se, sensibilizem-se, despojem-se dos preconceitos e estereótipos, assumindo a educação


do deficiente e de todos(as) na pluralidade e na diversidade. Ou seja, parafraseando Mantoan
(2003), virem a mesa, ou melhor, virem a cabeça.

5. CONCLUSÃO

Conclui-se, por meio dos dados coletados na pesquisa e no referencial bibliográfico, que a
pratica de atividades físicas é de suma importância na inclusão de alunos que apresentam
necessidades especiais, em turmas regulares. No âmbito escolar, a prática de atividades físicas, é
considerada fundamental para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor dos alunos,
oportunizando, também, um ambiente propício para desenvolver a coletividade, cooperação,
socialização e o respeito entre eles, independentemente de qualquer limitação física. Desta feita, por
mais adversas que possam surgir às condições de trabalho no sistema de ensino brasileiro, sua
suplantação se dará à conforme o investimento sobre a escola se eleve.
É indispensável que a autonomia profissional seja exercitada no sentido de avigorar a
autoria de projetos pedagógicos que atestem o processo de escolarização dos alunos da rede de
ensino regular. Essa junção do exercício responsável da autonomia, aliada a autoria de projetos
pedagógicos decisivos, pode apoiar a soberania profissional do professor de Educação Física no
interior da escola. A inclusão escolar de alunos que denotam necessidades especiais é, neste sentido,
um desafio que não pode ser ignorado.

REFERÊNCIAS

https://portalrevistas.ucb.br/index.php/efr/article/view/8576/5706

 MADER, G. A integração da pessoa portadora de deficiência: a vivência de um novo paradigma . São
Paulo: Memmon, 1997.
 MAZZOTTA, Marcos José da Silveira.  Fundamentos da Educação Especial. São Paulo: Pioneira, 1982.
 ___________ Educação Escolar: comum ou especial? São Paulo, Pioneira, 1987.

https://boletim.spef.pt/index.php/spef/article/viewFile/111/98

O que é educação inclusiva? - DIVERSA - Educação inclusiva na prática

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