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1 FARMACOGNOSIA 2: unidade 3. Complementar.

Profª Sâmia Andrícia Souza da Silva

Fenólicos simples e seus glicosídeos


Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. OS ÁCIDOS FENÓLICOS E OS DERIVADOS DO ÁCIDO CINÂMICO ...................................... 2
2.1 DERIVADOS DO ÁCIDO BENZOICO (C6-C1)................................................................ 2
2.2 DERIVADOS DO ÁCIDO CINÂMICO (C6-C3) ............................................................... 3
2.3 ÉSTERES E HETEROSÍDEOS DE ÁCIDO FENÓLICOS E DO ÁCIDO CINÂMICO. ............. 4
3. BIOGÊNESE ........................................................................................................................ 5
4.DISTRIBUIÇÃO E QUIMIOTAXONOMIA................................................................................... 6
5.PROPRIEDADES GERAIS .......................................................................................................... 7
6. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS ................................................................................................. 7
7. EMPREGO FARMACÊUTICO ................................................................................................... 8
8. DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS .............................................................................................. 9
8.1 ALCACHOFRA ................................................................................................................... 9
8.2 CÁPSICO......................................................................................................................... 10
8.3 UVA -URSINA ................................................................................................................. 11

1. INTRODUÇÃO

Compostos fenólicos pertencem a uma classe de compostos que inclui


uma grande diversidade de estruturas, simples e complexas, que possuem
pelo menos um anel aromático no qual, ao menos, um hidrogênio é
substituído por um grupamento hidroxila. Estão amplamente distribuídos no
reino vegetal e nos microrganismos, fazendo também parte do metabolismo
animal. No entanto, os animais, em princípio, são incapazes de sintetizar o
anel aromático, e os compostos fenólicos produzidos em pequenas
quantidades pelos mesmos, utilizam o anel benzênico de substâncias
presentes na dieta alimentar. Por outro lado, os vegetais e a maioria dos
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microrganismos têm a capacidade de sintetizar o anel benzênico, e, a partir


dele, principalmente, compostos fenólicos.

Dentre os compostos fenólicos pertencentes ao metabolismo


secundário dos vegetais são encontradas estruturas tão variadas quanto a
dos ácidos fenólicos, dos derivados de cumarina, dos pigmentos
hidrossolúveis das flores, dos frutos, e das folhas. Além disso, essa classe de
compostos abrange as ligninas e os taninos, polímeros com importantes
funções nos vegetais.

2. OS ÁCIDOS FENÓLICOS E OS DERIVADOS DO ÁCIDO CINÂMICO

São os fenóis simples e ácidos fenilcarboxílicos, especificamente aqueles


derivados formalmente do ácido benzoico (C6-C1) e do ácido cinâmico (C6-
C3), considerando suas propriedades químicas, aspectos analíticos e interesse
farmacológico. Esses compostos citados serão apresentados em conjunto por
possuírem propriedades químicas e analíticas semelhante, assim como
algumas ações biológicas comuns.

2.1 DERIVADOS DO ÁCIDO BENZOICO (C6-C1)

As estruturas dos ácidos p-hidroxi-benzoico [1], ácido salicílico [2], ácido


protocatéquico [3], ácido vanílico [4], ácido gentísico [5], ácido gálico [6] e
ácido siríngico [7] são apresentados abaixo.

O OH O OH O OH

OH

1
R
OH OH
[1] ácido p-hidroxibenzoico [2] ácido salicílico [3] R1 = H ácido protocatéquico
[4] R1 = CH3 ácido vanílico

O OH O OH

OH [6] R1 = H ácido gálico


1 1
[7] R1 = CH 3 ácido siringico
HO R R
OH
[5] ácido gentísico
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Os ácidos p-hidróxi-benzóico, vanílico e siríngico são obtidos após hidrólise


ácida de folhas de gimnospermas e angiospermas, possuindo estreita relação
com a composição e o ácido gálico é encontrado mais frequentemente na
natureza na forma de seu dímero de condensação - o ácido elágico [8]. Os
ácidos gálicos e elágico são constituintes dos taninos hidrolisáveis, do qual
são liberados por hidrolise ácida. São encontrados em diversas ordens das
dicotiledôneas, estando ausente nas monocotiledôneas, gimnospermas e
pteridófitas.

Existem outros ácidos com estrutura semelhante, mas de distribuição


restrita. Podem ser citados os ácidos metoxilados: ácidos p-metóxi-benzóico
(ácido anísico), ácido 3,4-dimetóxi-benzóico (ácido verátrico) e ácido 3,4,5-
trimetoxi-benzoico.

O aldeído p-hidroxí–benzoico e aqueles derivados do ácido vanílico e


siríngico são encontrados em coníferas e estão muito relacionados com a
lignina, na qual são obtidos após hidrolise alcalina.

2.2 DERIVADOS DO ÁCIDO CINÂMICO (C6-C3)

Quatro derivados do ácido cinâmico são amplamente distribuídos no reino


vegetal: ácido p-cumarico [9], ácido caféico [10], ácido ferúlico [11] e ácido
sinápico [12]. Praticamente todos os tecidos vegetais possuem ao menos um
dentre esses ácidos.

O ácido o-cumárico [13] tem distribuição restrita, mas é importante por


originar facilmente, através de ciclização, a cumarina, que é um constituinte
frequentemente responsável pelo odor nos vegetais.

Esses ácidos, que têm uma ligação dupla, podem existir sob duas formas
isoméricas, por exemplo, ácido cis-cinâmico (isômero Z) e ácido trans-
cinâmico (isômero E). Os derivados do ácido cinâmico mais encontrados na
natureza possuem conformação trans e são os mais estáveis. No entanto,
esses dois isômeros se transformam um no outro pela influência da luz em
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meio aquoso. Esses isômeros podem ser separados através de CCD usando
como eluente ácidos orgânicos diluídos, como ácido acético.

OH
O O OH
O O
OH HO
OH
HO O O HO HO
OH
[8] ácido elágico [9] ácido p-cumárico [10] ácido cafeico

O O O
O O
OH OH OH

HO HO OH
O
[11] ácido ferúlico [12] ácido sinápico [13] ácido o-cumárico

2.3 ÉSTERES E HETEROSÍDEOS DE ÁCIDO FENÓLICOS E DO ÁCIDO CINÂMICO.

Esse grupo de substâncias, também referido como derivados do ácido


fenilacrílico, apresenta ampla distribuição no reino vegetal, sendo encontrado
na forma de ésteres, glicosídeos e amidas. Nesse grupo destacam-se os
derivados do ácido caféico. O primeiro composto conhecido dessa série foi o
ácido clorogênico [14], obtido de grãos de café por Payen em 1846.
Posteriorrmente, essa substância foi identificada como o ácido 3-0-
cafeoilquinico, éster do ácido 3,4-di-hidroxi-cinâmico, denominado ácido
caféico, e ácido quínico, através da esterificação da hidroxila em C3 desse
último.

O ácido 1,3-O-dicafeoilquínico [15], frequentemente encontrado em


Asteraceae, é conhecido como cinarina, a qual possui interesse farmacêutico,
sendo componente da alcachofra.

Os outros tipos de ésteres também são de ampla distribuição em plantas


destacando-se os derivados do ácido tartárico, como o ácido 2,3-O-
dicafeoiltartárico e do ácido rosmarinico [16], de ampla ocorrência na –família
Lamiaceae, por exemplo no alecrim, sálvia, melissa e orégano. Da mesma
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forma, são conhecidos ésteres derivados do ácido p-cumárico e do ácido


ferúlco com o ácido quínico.

Ainda de ampla distribuição são os derivados fenilacrílicos, encontrados


na forma de glicosídeos, como 1-cafeoilglicose, o melitosídeo e 3-
cafeoilglicose, esse último encontrado, entre muitos outros, na batata-inglesa.
Ao contrário dos ésteres e heterosídeos do ácido gálico, o qual é constituinte
básico dos hidrolisáveis, há relatos da ocorrência de certos ácidos na forma
heterosídica, como os ácidos p-hidróxi-benzóico, protocatéquico e vanílico.

A participação desses compostos na constituição de ligninas é importante.


Existe uma estreita relação entre a presença de ligninas em plantas lenhosas
e a ocorrência de ácidos fenólicos em suas folhas. Assim, pteridófitos contêm
lignina e ácido p-hidróxi-benzoíco e vanílico. Por outro lado, todas as
bactérias, fungos e algas e a maioria das briófitas não possuem tecidos
lignificados e portanto, não possuem ácido fenólicos.

3. BIOGÊNESE

Os compostos fenólicos podem ser formados através de duas rotas


biogenéticas: pela via do ácido chiquímico a partir de carboidratos, ou pela
via do acetato-polimalato que inicia com acetil-coezima A e malonil-coenzima
A. A origem biogenética determina o padrão de substituição dos compostos
fenólico resultante. Dessa maneira, pela via do ácido chiquímico obtém-se
composto com grupos hidroxilas em posições orto, que se formam a partir
do ácido cinâmico. Por outro lado, a via do acetato–polimalato origina
compostos com grupos hidroxilas dispostos em meta.

Outra característica importante é a possibilidade de ocorrerem


acoplamento, oxidativos que originam ligações C-C ou C-O intramoleculares
com formação de anéis, e intermoleculares com formação de polímeros.
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4.DISTRIBUIÇÃO E QUIMIOTAXONOMIA

A maioria dos fenóis simples são de distribuição restrita,sendo uma das


exceções a hidroquinona [17], que é encontrada em representantes de
diversas famílias.

OH
OH
O OH
[14] ácido clorogênico
HO
[15] cinarina
OH
O
O O
HO O O
O
OH HO
OH O OH
OH OH
HO

OH
O OH OH
O OH

O
HO
OH
OH [17] hidroquinona
[16] ácido rosmarínico

Os derivados do ácido benzóico são amplamente encontrados tanto nas


angiospermas como nas gimnospermas o ácido gálico ocorre,
preferencialmente, em plantas lignificadas, na forma solúvel ou como tanino
hidrolisável. Seu produto de dimerização e derivados, como o ácido elágico,
são amplamente distribuídos. Diferentes aldeídos aromáticos são comuns nos
óleos voláteis, como o anisaldeído e a vanilina. Esses compostos são
encontrados nos vegetais tanto na forma livre, como combinados na forma
de ésteres ou heterosídeos. Os compostos fenólicos são raramente
encontrados em bactérias, algas e fungos, no entanto, é importante
mencionar que os líquens - a forma associativa entre algas e fungos-
produzem compostos fenólicos e seus depsídeos que são característicos de
seu metabolismo e possuem interessantes propriedades farmacológicas.

Dentre os compostos mencionados, os ésteres do ácido caféico parecem


ter importância taxonômica na família Lamiaceae. Ainda que o ácido caféico
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e outros derivados do ácido cinâmico apresentem ampla distribuição nos


vegetais, alguns desses ésteres têm ocorrência restrita em alguns gêneros.

5.PROPRIEDADES GERAIS
A maior parte dos compostos fenólicos não é encontrada no estado livre
na natureza, mas sob a forma de ésteres ou de heterosídeos sendo, portanto,
solúveis em água e em solvente orgânico polares. Por serem fenólicos, esses
compostos são muito reativos quimicamente e isso não deve ser esquecido
quando do seu isolamento dos vegetais. Assim, possuem, em geral,
características ácidas, e podem ser isolados através da sua solubilidade em
soluções fracamente básicas.

Outra característica importante é a propriedade de complexação dos


fenóis com metais, sendo que muitos desses quelatos metálicos são
importantes em diversos sistemas biológicos.

6. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS

Os compostos fenólicos contribuem para o sabor, odor e coloração de


diversos vegetais, sendo muitos desses economicamente importantes pela
utilização como flavorizantes e corantes de alimentos e bebidas.

Muitos dos compostos fenólicos são constituintes de óleos voláteis e


alguns são aromatizantes tradicionais como o aldeído cinâmico e a vanilina,
de amplo emprego na indústria de alimentos. Em ecologia química, é
ressaltada a participação de fenóis como a hidroquinona, o ácido elágico e
ésteres do ácido gálico na defesa das plantas, além de participarem na inter-
relação entre animais e vegetais, com marcantes supressores do apetite de
insetos.

De interesse farmacológico, tem sido apontada a atividade antibacteriana


e antiviral de ésteres do ácido caféico, destacando-se o equinocosídeo de
Plantago major L. Alguns glicosídeos do ácido caféico apresentaram seletiva
inibição da 5-lipoxigenase, que está relacionada com a biogênese dos
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leucotrienos e estes, por sua, estão envolvidos na imunorregulação. Ésteres


do ácido caféico são considerados as substâncias ativas na alcachofra.

7. EMPREGO FARMACÊUTICO

O guaiacol, inicialmente utilizado como expectorante, originou a


guaifenesina, o seu éter glicerínico, um dos fármacos de maior utilização
como expectorante atualmente. A hidroquinona é utilizada em preparações
dermatológicas pela sua inibidora da síntese da melanina. Por isso, é
preconizada ser irregular, recomenda-se o tratamento de pequenas áreas,
evitando tratamentos prolongados e a exposição solar.

As folhas da alcachofra caracterizam-se pela sua composição em ácidos


fenólicos, aos quais são atribuídas ações colerética e hipocolesterolêmica.
Apesar de vários estudos terem sido realizados, os resultados são
controversos, sendo necessários estudos adicionais para estabelecer o
benefício da alcachofra como um redutor de lipídios e colesterol, assim como,
hepatoestimulante e hepatoprotetor.

A capsaicina é obtida das sementes de algumas espécies de Capsicum da


família Solanaceae, utilizada como analgésico tópico. A aplicação tópica de
creme com capsaicina tem sido utilizada no tratamento de neuralgia pós-
hepática, sendo considerada, nesse caso, como um tratamento alternativo
seguro.

Alguns compostos fenólicos são, ainda amplamente utilizados


industrialmente na fabricação de resina, corantes e explosivos, como matéria-
prima na indústria farmacêutica, como reveladores fotográficos, na indústria
de tintas e corante, e na indústria de tintas e corantes e na indústria de
alimentos como antioxidantes.
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8. DROGAS VEGETAIS CLÁSSICAS

8.1 ALCACHOFRA

Nome científico: Cynara scolymus L

Família botânica: Asteraceae

Parte utilizada: Folha

Monografia farmacopéicas: F.Bras.III e Ph.Franç.X

A alcachofra é originária da região mediterrânea, onde é também


cultivada. As folhas são amplamente utilizadas em preparações fitoterápicas,
com indicação principal para problemas hepáticos.

Os componentes químicos principais são: ácidos fenólicos, como ácido


caféico, ácido clorogênico e cinarina; flavonoides, e óleos voláteis. A
composição do extrato vegetal, em ácido fenólicos, depende da forma de
secagem das folhas e do seu processo extrativo, devido à possibilidade de
hidrolise e transesterificações que podem ocorrer em meio aquoso. Assim, a
cinarina, citada usualmente como o componente principal pode não ser
detectada.

Dados farmacológicos: A atividade colerética tem sido atribuída


principalmente aos derivados cafeoilquinicos. Estudos em animais indicaram
atividade hipocolesterolêmica dos extratos purificado e bruto de alcachofra
em ratos.No entanto ,ensaio clinico em pacientes com hiperlipoproteinemia
em que a cinarina foi administrada 15 minutos antes das refeições na dose
de 250mg a 750mg.

A ocorrência de dermatite de contato alérgico foi relatada para


alcachofra. Essa ação é atribuída à presença de lactonas sesquiterpênicas
como a cinaropicrina. Por essa razão adverte-se que, indivíduos com história
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de sensibilidade a outras plantas da família Asteraceae, podem desenvolver


reação alérgica a alcachofra.

8.2 CÁPSICO

Nome cientifico: Capsicum spp.

Família botânica: Solanaceae

Parte utilizada: fruto

Monagrafias farmacopéicas :DAB 10,OAB 1990,JP1991 e Farmacopéia da


Hungria 1986.

Espécies de Capsicum são conhecidas popularmente como: tili,


pimenta-quente, páprica e pimenta-vermelha. Essas espécies são bastante
utilizadas na alimentação como temperos e como corantes e aromatizantes
na indústria.

Dados químicos: os componentes principais, responsáveis pelo sabor picante


e pelas principais atividades biológicas atribuídas à droga, são os
capsaicinoides, destacando-se ainda o teor em carotenoides, responsáveis
pela sua coloração vermelha, e presença de ácido ascórbico.

A droga é caracterizada pelo sabor picante, perceptível em diluições


extremas. No trato gastrintestinal estimula a secreção gástrica e o
peristaltismo; em aplicações tópicas provoca hiperemia através da
estimulação de receptores térmicos.

A aplicação tópica de creme com capsaicina na concentração de


0,025% ou 0,075%, 3 a 5 vezes ao dia no período mínimo de 4 semanas, é
considerada efetiva no tratamento de neuralgia pós-hepatica. É indicada
topicamente para o alívio temporário de neuralgias periféricas. O mecanismo
de ação está relacionado com seu efeito sobre a substância P, um
undecapeptídeo endógeno que ocorre nas fibras sensoriais aferentes. Esse
peptídeo é um neurotransmissor da dor e demonstrou-se que a aplicação
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local de capsaicina diminui inibe a acumulação dessa substância dentro do


neurônio.

8.3 UVA -URSINA

Nome cientifico: Arctostaphylos uva-ursi (L)Spreng.

Família botânica: Ericaceae

Parte utilizada: folhas

Monografia farmacopéicas: Ph.Bras.I,Ph.Eur.III

A droga é constituída pelas folhas que, após a colheita, devem ser


secadas imediatamente para evitar a redução do teor em componentes
fenólicos. É utilizada na medicina tradicional desde a Idade Média. Tem sido
empregada tradicionalmente para o tratamento de infecções das vias
urinárias. A atividade antibacteriana é atribuída aos derivados da
hidroquinonas, eliminados por via renal, que liberam na urina alcalina a
hidroquinina.

Dados químicos: Compostos fenólicos livres são encontrados


raramente na natureza, enquanto seus derivados O-alquilados são
frequentemente encontrados em óleos voláteis e alguns glicosídeos são de
ocorrência frequente em plantas da família Ericaceae. A droga vegetal uva-
ursina destaca-se pelo teor elevado em glicosídeos de fenóis simples. O
principal componentes é a arbutina 19, que é um beta–O-glicosídeo da
hidroquinona, cujo teor varia de 6 a 10%. A metilarbutina, dependendo da
origem, alcança teor significativo de até 2,5%.

Foi demonstrado que o extrato bruto é mais efetivo como adstringente


e antisséptico do que a arbutina isolada. Isso pode estar relacionado aos
outros derivados da hidroquinona além da arbutina. Além disso, foi
demonstrado que a presença de ácido gálico no extrato bruto pode prevenir
a ação da beta-glucosidase sobre a arbutina no trato gastrintestinal,
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aumentando, dessa forma, a absorção dessa última e, logo a quantidade de


hidroquinona liberada durante a excreção renal.

Este material é uma cópia da fonte:


https://profluiscarloscarvalho.comunidades.net/compostos-fenolicos

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