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05/12/21, 15:14 Como conviver com o vírus - InfoMoney

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Especiais Infomoney / Edição 05

Economia
Como conviver com o vírus
Mesmo após a pandemia, teremos de aceitar que o Sars-CoV-2 veio para ficar. E aprender a gerenciar esse
novo risco
Por Sérgio Teixeira Jr.
05 dez 2021
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Vacinação: única rota para conter novas cepas (Getty)

Mais de metade da população global já está parcialmente imunizada contra a


covid-19. Ainda existem disparidades enormes entre países, e a demanda por
vacinas ultrapassa a capacidade de produzi-las. Ainda assim o esforço
internacional para desenvolver e distribuir os imunizantes em tão pouco
tempo é um feito e tanto.
Isso não quer dizer que o vírus esteja indo embora, e a chegada da variante
ômicron é a mostra mais recente disso. A maioria dos epidemiologistas
acredita que o Sars-CoV-2 tenha vindo para ficar. Mas tudo indica que esse
vírus não vai paralisar o planeta: uma vez foi o suficiente. O choque da
pandemia deve dar lugar a uma endemia. Vamos aprender a conviver com o
coronavírus e suas variantes.

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A revista Nature, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo,


perguntou a 119 especialistas se eles acreditam que o coronavírus continuará
circulando em bolsões da população global. Nove entre dez consultados
afirmaram que essa é uma hipótese provável ou muito provável.
Um deles afirmou que erradicar o vírus agora equivale a “planejar a
construção de uma escada até a Lua: nada realista”. O infectologista Max Igor
Lopes, do Hospital das Clínicas, concorda: “O Sars-CoV2 é hoje um vírus
humano. Está altamente adaptado e portanto não deixará de existir”.
Mais razoável é esperar que o novo coronavírus tenha um efeito parecido com
o dos nossos velhos conhecidos coronavírus que causam o resfriado.
A gripe pode ser uma doença mortal, especialmente para uma parte
vulnerável da população. Mas a imunidade adquirida com as várias infecções
— e também com a vacinação — significa um risco administrável. Não se fala
em lockdowns ou distanciamento social causados pela gripe comum. Deve
ser assim no futuro também com o coronavírus.

Praia lotada no Brasil: rumo a risco administrável (Buda Mendes / Getty Images)

Quando esse futuro vai chegar? Depende de quem estiver respondendo à


pergunta. Com as taxas de vacinação mais adiantadas do que a maioria das
cidades brasileiras, Nova York oferece algumas pistas do que esperar nessa
primeira etapa da volta à normalidade e também sobre os rumos da economia
mundial.
Do ponto de vista macroeconômico, o cenário imediato é desafiador. O
repique das maiores economias do mundo foi acompanhado por uma
tempestade perfeita: aumento no preço dos combustíveis fósseis, ruptura
global das cadeias de suprimento e focos localizados de covid em países com
baixos índices de vacinação.
A falta de carvão, principal responsável pela geração de eletricidade na China,
está afetando a produção de iPhones e uma infinidade de outros produtos. O
preço do gás natural usado no aquecimento dos países europeus quintuplicou
desde o ano passado — o que representa aumento na conta doméstica,
impacto na indústria e pressão inflacionária.
E, mesmo com a volta de certo senso de normalidade, os consumidores
continuam comprando mais coisas do que experiências — como jantares em
restaurantes ou viagens. Essa disparidade entre a demanda por bens e
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serviços reforça o problema das cadeias de suprimentos e mantém a


economia distante do equilíbrio tradicional.
A dúvida é se os choques são transitórios ou se terão impactos mais
profundos na atividade. Os investidores têm monitorado de perto a atuação
dos bancos centrais na retirada dos estímulos e também o comportamento de
empresas e trabalhadores para tentar tirar conclusões mais claras sobre o
que esperar no médio prazo (leia mais sobre perspectivas para a economia e
os investimentos).
Os questionamentos se estendem à vida nos escritórios. Manhattan é um
retrato das incertezas em relação à nova vida no trabalho. No começo de
novembro, quase 80% dos adultos da cidade já estavam imunizados.
A obrigatoriedade do uso de máscara se resume apenas ao transporte
público e a alguns lugares fechados. Estádios, cinemas e teatros funcionam
normalmente. Mas muitos prédios de escritório seguem quase vazios.

Nova York: escritórios vazios, teatros cheios (Gary Hershorn / Getty Images)

A expectativa era de uma volta gradual durante os meses do verão, mas a


variante Delta atrasou os planos, e a ômicron jogou mais um balde de água
fria. Segundo um levantamento da empresa de segurança Kastle Systems,
30% dos funcionários tinham voltado aos arranha-céus de Manhattan no final
de outubro. Estações de metrô antes movimentadíssimas, como a da Times
Square, registraram 30% do movimento em setembro em comparação com a
média de 2019.
Na BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, os funcionários começaram
a voltar a suas mesas só no início de novembro — e em período experimental.
A BlackRock criou um programa piloto chamado Future of Work. A ideia é
avaliar um novo desenho semanal, primeiro em Nova York: dois dias de
trabalho remoto e três presenciais.
Outros grandes empregadores, como a Alphabet (Google), postergaram para
o ano que vem a decisão sobre a volta de seus 135 mil funcionários. Outros
simplesmente não se comprometeram com uma data, como a Microsoft.
Do ponto de vista da saúde, a resposta é relativamente simples. Se for
permitida a volta apenas dos vacinados e o total de casos na região for baixo,
o risco de contaminação é pequeno. Mas a decisão extrapolou essa esfera.
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Há um equilíbrio delicado entre a sensação de segurança e as demandas de


flexibilidade por parte dos funcionários. Uma pesquisa da seguradora
Prudential indicou que 42% dos americanos procurariam outro emprego se
forçados a voltar ao escritório.
A vida é mais que trabalho, e no quesito entretenimento a cidade que não
dorme recupera a agitação — mediante a comprovação de vacinação, claro.
Teatros, cinemas, estádios, bares e restaurantes exigem a apresentação do
passaporte da vacina.
A experiência é tranquila, segundo o trader Alberto Muro. No fim de outubro,
ele e a mulher foram assistir à primeira apresentação pós-pandemia do
musical Jagged Little Pill, baseado no disco homônimo de Alanis Morissette,
na Broadway. “A única diferença foi a exigência de usar máscara”, afirma.
Caso todos estejam vacinados, “não há problema”, afirma Mark Mulligan,
professor de medicina na Universidade de Nova York e especialista em
vacinas. “Sem a certeza do status de vacinação de todos, é mais complicado.”
A ventilação é um fator importante. Usar máscara também pode ser uma boa
ideia.
O RISCO DAS MUTAÇÕES
Muito do curso da pandemia está além de nosso controle. A desigualdade
global na vacinação aumenta o risco do surgimento de variantes. Alguns
países já oferecem reforço para os mais vulneráveis. Em nações mais pobres,
apenas quatro pessoas de cada 100 receberam a primeira dose da vacina.

Enquanto persistir esse abismo, a sensação de segurança será ilusória, de


acordo com os especialistas. Cabe de novo a comparação com a gripe. Como
a maioria das pessoas tem algum tipo de imunidade, o risco representado
pelas novas cepas é relativamente pequeno.

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Em algum momento, e isso não acontecerá no curto prazo, ter covid-19 será
algo trivial. Além da excelente proteção oferecida pelas vacinas, pelo menos
dois remédios, um desenvolvido pela Merck e outro pela Pfizer, parecem
promissores no tratamento da doença. O risco nunca será zero, mas nada tem
risco zero na vida.
“Chegaremos a um nível de risco aceitável”, afirma Julie Downs, psicóloga da
Universidade Carnegie Melon, que estuda o componente psicológico por trás
das decisões relacionadas à saúde. Esse, sim, será o novo normal pós-
pandemia.

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Sérgio Teixeira Jr.


Jornalista colaborador do InfoMoney, radicado em Nova York

Nesta edição
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