Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

FACULDADE DE DIREITO “LAUDO DE CAMARGO”

AS REGRAS PROCESSUAIS INSPIRADAS PELO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO NA


CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

BEATRIZ NASCIMENTO CAETANO

CÓDIGO N.º 831049

SALA 32/B

RIBEIRÃO PRETO/SP

10/2021
BEATRIZ NASCIMENTO CAETANO

AS REGRAS PROCESSUAIS INSPIRADAS PELO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO NA


CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

Trabalho apresentado com o requisito de


substituição da avaliação parcial pelo
programa de graduação em Direito pela
Universidade de Ribeirão Preto/SP.

Matéria: Direito Processual do Trabalho


I

Professor: Dr. Marcio Bulgarelli Guedes

RIBEIRÃO PRETO
10/2021
AS REGRAS PROCESSUAIS INSPIRADAS PELO PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO NA
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

RESUMO: O presente estudo, visa a abordar o tema sobre o Princípio da Proteção ao que
relaciona-se ao Processo do Trabalho, considerando a então atualidade jurídica. Sendo assim,
será discorrido sobre suas regras em aplicabilidade e será exemplificada julgado recente ao
que pertence ao tema.

Palavras chave: Princípio da Proteção; Processo do Trabalho; Regras.

1 -INTRODUÇÃO

Considerando a atualidade, com o auge da globalização entre o capitalismo e o giro de


evolução estrutural da sociedade como um todo, trás ao Direito a missão de manter não só a
ordem da sociedade como também a garantir a integridade das pessoas dentre as relações
humanas, como é o caso do Direito do Trabalho na qual visa atender interesses da classe base
operária do país e assim a vida de todos em sentido amplo, uma vez que este garante o
sustento e sua participação na sociedade dos empregados.

Assim, embora a igualdade seja prevista pela pelo artigo 5° da Constituição Federal de
1988, sabemos que a realidade entre as relações pessoais e profissionais não são nada
equiparadas, uma vez que sempre há a parte a grosso modo chamada mais vulnerável,
considerando seu status social, cultural e econômico. Pois, a desigualdade no país é extrema,
como bem trás o artigo publicado pela CNN Brasil em 23/06/21, que informa: “O 1% mais
rico concentrou 49,6% de toda a riqueza do país, de acordo com relatório de riqueza global do
banco Credit Suisse”.

Porém, por hora essa diferença relacionada a distinção entre o mais vulnerável no
âmbito do Direito Trabalhista é conceituada como hipossuficiência, que condiz com aquelas
pessoas que não possuem condições econômicas para ter acesso a justiça sem malefício de
acesso a suas necessidades básicas. Nesse viés, com o surgimento ao desenvolver da justiça
do trabalho como jurisdição autônoma a garantir os direitos do empregado e sendo
considerado a sua condição “mais fraca”, para enquadramento aos direitos trabalhistas frente a
desigualdade dos empregadores, estes com maiores oportunidades.

Sendo assim, há o Princípio da Proteção, ou seja, um princípio que busca a igualdade


entre empregado e empregador, trazendo com ele previsões que assegurem menor
diferencição em relação as partes que pertecem a um Processo Trabalhista. Assim,
consierando a existente desigualdade brasileira na qual a concentração de renda concentra-se a
apenas uma pequena parte da população em geral, tornando em regra o empregador com
maior poder aquisitivo e econômico em relação a seu empregado, que por outro lado depende
da força de seu trabalho fornecido pelo empregador para garantir a sua sobrevivência.

Nesse sentido, considerando a grande importância desse princípio ao Processo do


Trabalho, iremos discorrer sobre o tema com sua regras processuais (gratuidade da justiça;
arquivamento; local de juizamente da ação e entre outros), com a referência a um julgado
recente sobre o tema

2 – DESEVOLVIMENTO

Uma vez disposto a temática sobre o Princípio da Proteção, em consonância a


desigualdade não só apenas a relação de empregado e empregador, mas como um todo na
sociedade brasileira. Podemo-nos considerar as regras em que esse princípio interfere e
regulariza a benefício do empregado em busca de equilibrar a relação. Além de aludir antes
seu fundamento em visão da jurista Murilo Carvalho Sampaio Oliveira:

“Pinho Pedreira relaciona como fundamentos do princípio da proteção a


subordinação jurídica – instituidora de uma hierarquia e consectária da heterodireção
– e a dependência econômica, pois a aceitação da subordinação decorre da
necessidade inafastável de sobreviver conjugada com ausência da detenção dos
meios de produção, produzindo uma dependência do trabalhador em relação ao seu
salário (meio de sobrevivência), e, por esta razão, dependência econômica. A
condição pessoal do trabalho, que é indissociável do trabalhador, transpassa a
regulação das relações de trabalho para regulação da própria condição humana.”
(pág. 126)
Neste diapasão, vamo-nos dispor das consequências que trás ao processo trabalhista em
visão ao presente princípio, como é o caso da previsibilidade e aplicabilidade de justiça
gratuita aos empregados em sua exclusividade, considerando sua em regra a hipossuficiência
como já dito e desvantagem frente ao seu empregador, sendo assim, isento de pagamentos de
custas judiciais ou despesas processuais ou honorários advocatícios com base ao art. 5°,
LXXIV da CF/88.

Assim, outra previsão relacionada a exitência do Princípio da Proteção na CLT, condiz


ao Impulso Oficial em se tratando de execuções trabalhistas, a luz do artigo 790 da CLT, na
qual apenas prevê o favorecimento ao que concerne o credor trabalhista. Este instituto é
inspirado ao Princípio da Inércia que paira sobre o impedimento do juíz em instaurar “ex
officio” no trâmite processual.

Pois bem, em casos de ausência na audiência pela reclamante gera o arquivamento do


processo trabalhista, sem demais encargos de início previstos. Outrossim, caso seja a ausência
por parte da reclamada, esta sofre com a aplicação da confissão ou mesmo da revelia,
conforme artigo 844 do Decreto Lei n° 5.452/43.

E, quando o assunto diz respeito ao depósito recursal, que condiz com o depósito pela
empresa ou empregador condenados em processos judiciais trabalhistas e que possuem a
pretenção de seguir com o processo através de recurso, assim, também é de consequência ao
princípio estudado a não obrigatoriedade desse pressuposto recursal aos trabalhadores,
também considerada sua hipossuficiência.

Por fim, outra regra processual prevista a esse instituto e um pouco não benéfico em
alguns casos, que é o caso do encargo em ajuizamento da ação apenas na localidade em que o
empregado de fato exercia a prestação de seu serviço, conforme prevê o artigo 651 da CLT.
Sendo assim, não muito interessante a aqueles trabalhadores que fazem a migração pendular.
Dessa forma, usaremo-nos a exemplo o julgado sobre o tema, na qual negou-se recurso
considerando o artigo supracitado e por sua competência improcedente:
“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO MOVIDA NO FORO DO
DOMICÍLIO DO TRABALHADOR. EXCEÇÃO ACOLHIDA COM REMESSA
DOS AUTOS AO JUÍZO SUSCITANTE. SUPERVENIENTE ARGUIÇÃO DE
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. De acordo com a legislação
vigente, a competência territorial dos órgãos da Justiça do Trabalho é definida pelo
local da prestação dos serviços (CLT, artigo 651,"caput"), admitindo-se a propositura
da ação no foro da contratação (§ 3º), como melhor convier ao trabalhador. Contudo,
esta Corte vem se posicionando no sentido de admitir apenas excepcionalmente a
superação dos parâmetros previstos no artigo 651 e §§ da CLT, nos casos em que
envolvida na disputa empresa com atuação nacional. Esse o entendimento
preconizado pelas duas Subseções Especializadas desta Corte (E-RR-20-
37.2012.5.04.0102, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, SBDI-1, DEJT
6/3/2015, SBDI-I/TST; CC-54-74.2016.5.14.0006, Redator Ministro Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, SBDI-2, DEJT 11/11/2016). Na hipótese, o trabalhador foi
admitido e prestou serviços na cidade de Anicuns-GO, que está alcançada pela
competência territorial do Juízo Suscitante, e não se fazendo presente a hipótese
excepcional de abrandamento dos critérios do art. 651 da CLT, impõe-se fixar a
competência do Juízo da Vara do Trabalho de Inhumas-GO. Conflito Negativo de
Competência improcedente.

(TST - CC: 33519220195000000, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de


Julgamento: 28/04/2020, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data
de Publicação: DEJT 30/04/2020)”

3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, conclui-se que o Princípio da Proteção ao que tange o Direito Processual do


Trabalho é um dos mais relevantes a sua usualidade em garantia da plenitude dos direitos
trabalhistas em direção aos trabalhadores, com as importantes regras em busca de equiparar as
partes da ação visto a tamanha discrepância entre ambas.

Ademais, vale-se ressaltar que apesar de ser um instituto que é previsto em todo
ordenamento jurídico como no direito civil a garantia de justiça gratuita aos hipossuficientes,
ainda este é surgiu-se sua especialidade dentre o Processo do Trabalho após a criação da
unificação da jurisdição dos Tribunais do Trabalho e que caso não seja seguida as regras
mencionadas nesse estudo, a reclamação corre o risco de ser inteiramente lesada.

4 – REFERÊNCIAS
Disponível em: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO MOVIDA NO
FORO DO DOMICÍLIO DO TRABALHADOR. EXCEÇÃO ACOLHIDA COM REMESSA
DOS AUTOS AO JUÍZO SUSCITANTE. SUPERVENIENTE ARGUIÇÃO DE CONFLITO
NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. Tribunal Superior do Trabalho TST - CONFLITO DE
COMPETENCIA : CC 3351-92.2019.5.00.0000 (jusbrasil.com.br)

Disponível em: Desigualdade no Brasil cresceu (de novo) em 2020 e foi a pior em duas
décadas | CNN Brasil

Disponível em: O princípio da proteção ao trabalhador no processo do trabalho e sua


aplicação na jurisprudência atual - Jus.com.br | Jus Navigandi

Disponível em: Mauricio_Godinho_Delgado_-_Curso_de_Direito_do_Trabalho-with-


cover-page-v2.pdf (d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net)

Disponível em: RI UFBA: (Re)pensando o princípio da proteção na contemporaneidade

Você também pode gostar