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SÃO PAULO
2004
AJUSTES CARDIOVASCULARES E RESPIRATÓRIOS DO MERGULHO EM
APNÉIA
FERRETTI & COSTA, 2003). Devido ao fato do mergulho muitas vezes representar um
prática de mergulho segura, que o mergulhador tenha um bom conhecimento dos efeitos
estado de saúde, tenha uma boa consciência corporal e realize o mergulho através de
rios e lagos no interior, realizamos esta revisão da literatura buscando trazer um maior
revistas e livros didáticos sobre fisiologia, bem como de artigos em revistas eletrônicas e
informações em sítios (sites) da internet. Primeiramente, buscou-se caracterizar as
apnéia, uma vez que consideramos que a compreensão destes ajustes fisiológicos é
mergulho.
Além disso, a compreensão dos ajustes fisiológicos do mergulho tem sido de muito
interesse por atletas de outras modalidades como surfistas, nadadores, jogadores de pólo
aquático e nado sincronizado, uma vez que os ajustes fisiológicos e prática de técnicas de
técnicas. Deste modo, o conhecimento dos ajustes fisiológicos auxilia na pratica segura
desta atividade. Muitos casos de óbitos são registrados nesta atividade, devidos
mergulho (BOVE & DAVIS, 1990; CRAIG, 1976; EDMONDS & WALKER, 1999). Por
bom nível de relaxamento e estar bastante ciente e concentrado nos ajustes que o seu corpo
respiratórios do mergulho em apnéia possa ser usada como material de estudo por alunos e
contained underwater breathing apparatus) utiliza gás pressurizado para que o indivíduo
havia poucas diferenças. Descendo auxiliados por pesos, e subindo com o auxílio de
cordas. As técnicas eram similares às dos dias atuais, levando em consideração a evolução
inimigas realizando ataques nos portos durante o cerco de Tyre (333 a.C.) e Syracuse (415
Segundo PIPIN (2004),o fato que realmente marcou o início dos mergulhos em
Statti. Em 1911, próximo à ilha de Karphatos no Mar Egeu, um barco da marinha italiana
chamado Regina Marguerita foi atingido por forte tempestade, arrastando a âncora do
barco, rompendo a corrente e quebrando o mastro do barco. A âncora ficou perdida a ~77
metros. Depois de dias tentando recuperar a âncora sem êxito, o capitão do barco resolveu
Dentre os mergulhadores estava Yorgos Haggi Statti, que garantia que conseguia
mergulhar até 100 metros e prender a respiração por 7 minutos. Ele se ofereceu pelo
trabalho em troca de 5 libras esterlinas e a permissão para pescar com dinamite (algo
mergulhar. Concluíram que Yorgos Haggi Statti tinha enfisema pulmonar e que ele não
Contrariando as recomendações ele mergulhou 3 vezes no dia para ~77m, onde teve
de localizar a âncora, amarrá-la à corda e finalizar o trabalho, sendo puxado pela tripulação
ao final de cada mergulho. Além de tudo, Yorgos Haggi Statti criou a técnica de descida
com os pés primeiro, sendo esta técnica utilizada nos dias de hoje.
também, muitos fisiologistas vêm estudando estes atletas com o intuito de melhor
extremas.
apneístas, um francês chamado Jacques Mayol superou a barreira dos 100 metros de
profundidade descendo com a cabeça voltada para baixo na categoria no limits, marcando a
recreativos (com o forte advento do turismo ecológico), profissionais (pescadores por todo
de nado sincronizado).
diferente.
depois a subida auxiliada por corda sendo puxado por pessoas em barcos é um costume
no fundo.
que auxiliam no deslocamento na água. As máscaras que cobrem os olhos e o nariz são
de algodão. Mas, nos dias de hoje são utilizadas roupas de neoprene bastante tecnológicas
(revestidas de Titânio, finas ou grossas, adequadas para a temperatura da água a ser
enfrentada) que são isolantes térmicos muito eficientes para água gelada.
1) apnéia estática – o atleta deve ficar com o corpo e face submersos em apnéia pelo maior
em piscinas;
realizada em piscinas;
deve realizar toda a prova com o próprio peso (sem utilização de lastros);
5) lastro constante sem nadadeiras – consiste na descida até uma profundidade previamente
anunciada e retorno até a superfície, sem utilizar nadadeiras, e, o mergulhador deve realizar
retorno até a superfície, sem utilizar nadadeiras, e, o mergulhador deve realizar toda a
prova com peso constante (sem utilização de lastros), porém, ele pode utilizar um cabo
7) lastro variável – consiste na descida até uma profundidade previamente anunciada com
guia;
> PENDENTE Tom SIETAS 8'47" 11/06/2004 Piscina Hamburg Processo do doping
< (Alemanha) (Alemanha) positivo em progresso
CATEGORIA : DISCIPLINAS DINÂMICAS
Apnéia Renate DE BRUYN 104m 25/04/2004 25m Huy AIDA
Dinâmica (Holanda) Piscina (Bélgica)
sem nadadeiras
Feminino
Apnéia Stig Aavall SEVERINSEN 166m 19/07/2003 25m Aarhus AIDA
Dinâmica (Dinamarca) Piscina (Dinamarca)
sem nadadeiras
Masculino
Apnéia Johanna NORDBLAD 158m 14/06/2004 50m Limassol AIDA
Dinâmica (Finlândia) Piscina (Chipre)
com nadadeiras
Feminino
Apnéia Peter PEDERSEN 200m 18/07/2003 50m Randers AIDA
Dinâmica (Dinamarca) Piscina (Dinamarca)
com nadadeiras
Masculino
DISCIPLINAS DE
CATEGORIA : PROFUNDIDADE
Lastro Mandy-Rae CRUICKSHANK -78m 21/03/2004 Mar Grand Cayman AIDA
Constante (Canadá) (Ilhas Caiman)
Feminino
Lastro Martin STEPANEK -103m 10/09/2004 Mar Spetses Island AIDA
Constante (Republica Tcheca) (Grécia)
Masculino
Lastro Mandy-Rae CRUICKSHANK -41m 01/09/2003 Mar Vancouver, BC AIDA
Constante sem (Canadá) (Canadá)
nadadeiras
Feminino
Lastro Herbert NITSCH -66m 12/09/2004 Sea Spetses Island AIDA
Constante sem (Austria) (Grécia)
nadadeiras
Masculino
Imersão Livre Annabel BRISENO -71m 15/11/2003 Mar Kona, Hawaii AIDA
Feminino (EUA) (EUA)
Imersão Livre Martin STEPANEK -102m 23/03/2004 Mar Grand Cayman AIDA
Masculino (República Tcheca) (Ilhas Caiman)
Lastro Variável Tanya STREETER -122m 19/07/2003 Mar Providenciales AIDA
Feminino (EUA) (Turks e Caicos)
Lastro Variável Patrick MUSIMU -120m 12/11/2002 Mar Playa del AIDA
Masculino (Bélgica) Carmen
(México)
No limits Tanya STREETER -160m 17/08/2002 Mar Providenciales AIDA
Feminino (EUA) (Turks e Caicos)
No limits Loïc LEFERME -162m 20/10/2002 Mar Nice AIDA
Masculino (França) (França)
2. 1. 2 Descidas de cabeça para baixo e para cima
Um fator muito importante que ajudou muito o mergulhador grego Yorgos Haggi
Statti a realizar o seu feito foi a técnica que utilizou descendo com a cabeça para cima.
pressão é súbito. Uma descida a 100 metros demora ~2 minutos, sendo que o tempo não é
O método tradicional da Europa era a descida com a cabeça para baixo, mas esta
cabeça para baixo e fatores positivos das descidas de cabeça para cima. Pipin é um exímio
mergulhador cubano ex-recordista mundial que realizava descidas com a cabeça para baixo
na categoria no limits.
categoria no limits com um equipamento que proporcionava descidas com a cabeça para
cima, e lembrou o que tinha lido sobre o feito de Yorgos Haggi Statti descendo com a
equipamento para fazer um teste, e depois de muita insistência cederam uma oportunidade
de teste a Pipin.
Uma das muitas práticas explicações de PIPIN (2004) da causa da descida ter sido
tão fácil é que o ser humano foi designado e programado perfeitamente a realizar todas
suas funções importantes na posição vertical de cabeça para cima. E, ~70% da vida nesta
posição, podendo considerar que até mesmo nos sonhos, ~90% das ações estão
PIPIN (2004) fez uma relação da posição que boxeadores, judocas e caçadores
submarinos com a posição vertical de cabeça para cima , e, estes sempre tentam manter
Outra boa razão para a preferência de descida para cima está na velha filosofia
yoguica. Filosofia esta que diz que a melhor energia positiva (Yang) vem de cima e penetra
pela cabeça, Yang está flutuando no céu e é transferido pelo Sol. A energia negativa (Inn)
está localizada abaixo do corpo, é grossa, pesada e escura. Então, no mergulho em apnéia
deve-se descer com a cabeça para cima para levar vantagem das energias positivas (PIPIN,
2004).
maior parte do plasma do sangue circulante está nas pernas e causa a mudança ou
(PIPIN, 2004).
posição invertida, até mesmo para os yogis que passam certo tempo estudando o coração e
A descida com a cabeça para cima foi uma das razões que Yorgos Haggi Statti conseguiu
realizar o mergulho a ~77 metros em 1911 sem nenhum auxílio, sendo algo aceitável e
entendível.
Descida: categoria imersão livre Subida: categoria imersão livre
Fig. 1 – Subidas e descidas nas categorias: imersão livre e no limits (RUMOAOABISMO, 2004)
2.2 Física do mergulho em apnéia
Os humanos são animais terrestres que não têm como característica principal
adaptação ao meio líquido, ao mergulhar o contato com a água é total. Segundo BOVE &
3) Água tem grau de condutividade do calor ~25 vezes maior que do ar, e este valor
Os indivíduos têm que saber lidar com essas diferenças dos meios ajustando corpo
e mente para que haja uma melhor interação com o meio líquido.
2.2.1 Pressão
Pode ser definida como quantidade de força por unidade de área. Uma atmosfera
atm, já que a água do mar possui maior densidade que a doce, profundidades pouco
menores são necessárias para atingir uma pressão de 760 mmHg no mergulhador. Assim,
Assim, fica evidenciado que um mergulho pode expor o corpo humano a elevadas
pressões, o que tem efeitos importantes sobre suas funções cardiovasculares e respiratórias.
Além disso, as mudanças podem ser muito bruscas dificultando o organismo de realizar
ajustes adequados.
Segundo McARDLE, KATCH & KATCH (1998), no corpo humano a maioria dos
respiratórias, seios da face e espaços do ouvido médio) que são facilmente modificados,
Algo que pode ser ressaltado é a ocorrência de mergulhos em lugares não situados
até mesmo induzir problemas fisiológicos, médicos e sensoriais (HUEY & EGUSKITZA,
2001).
Sendo assim, o sujeito precisa estar bastante treinado e aclimatado para suportar
carbono (0,033%) e outros gases inertes, sendo muito importantes no mergulho em apnéia.
É importante citar o gás monóxido de carbono (CO), extremamente tóxico, que é letal
1) Lei de Boyle
onde, o produto da pressão pelo volume é sempre constante (PV = K). Então, à temperatura
2) Lei de Charles
A lei geral dos gases é uma combinação das Leis de Boyle e Charles predizendo o
comportamento de uma dada quantidade de gás quando mudanças podem ser esperadas em
alguma ou todas as variáveis (BOVE & DAVIS, 1990). A fórmula da lei geral dos gases
“A uma temperatura dada, a pressão absoluta de uma mistura gasosa é igual à soma
das pressões parciais que teriam cada um dos gases se eles ocupassem sozinhos o volume
total".
mmHg de dióxido de carbono e outros gases, quando somados atingem 760 mmHg (1 atm).
O fato de não ter somente um gás, mas sim uma mistura (dois, três ou mais gases),
momentos do mergulho.
Esta Lei define que a pressão parcial de um gás é igual à pressão absoluta
Desta forma, a análise da ação individual dos gases de uma mistura em função de
sua pressão parcial torna-se necessário, pois, a aparição de sua toxicidade indica seu limite
de emprego.
4) Lei de Henry
dos gases no corpo. Além disso, a solubilidade dos gases também é importante, pois, para
quantidade de gás dissolvido no líquido também aumenta. Ao se fazer uma analogia com o
o mergulhador vai mais fundo desde que a pressão do ar no corpo e a pressão parcial do
difundido nos tecidos. O tempo do mergulho também tem forte influência na dissolução de
relativamente curto, e, o tempo acaba não sendo tão influente na dissolução do N2.
Quando o mergulhador sobe, o nitrogênio extra nos tecidos deve ser removido via sangue e
pulmões. Se o mergulhador sobe muito rápido, bolhas se formam nos tecidos e nas
forçado para cima (força de empuxo) por uma força igual ao peso do líquido deslocado
uma força de flutuação maior (maior densidade) no mergulhador comparado à água doce.
Assim, mergulhadores fixam mais lastro (peso que facilita submersão) ao corpo no mar.
a densidade do corpo do mergulhador fica mais baixa que o meio (água) fazendo com que
seu corpo flutue facilmente. No fundo a situação é inversa, a alta pressão comprime os
gases do corpo do mergulhador e a densidade do corpo do mergulhador fica mais baixa que
superfície está sofrendo ação da flutuação positiva porque os gases no corpo estão
expandidos, e, há um certo gasto até atingir a flutuação negativa (gases comprimidos) para
afundar rapidamente.
Ao chegar no fundo, com flutuação negativa após ter descido muitos metros, o
mergulhador não gasta mais energia para aumentar a profundidade, porém, tem de gastar
negativa.
De outra forma, após ter conseguido subir com muito esforço superando a flutuação
dos gases, e, o trabalho do mergulhador é relativamente baixo para subir poupando gasto
energético.
mergulhador realiza trabalho extra para se manter numa mesma profundidade e evitar o
afundamento.
No corpo humano há espaços ocupados por ar que são afetados por mudanças na
pressão. Os três espaços importantes para mergulhadores são os seios da face, ouvidos e
Os seios da face formam espaços aéreos que diminuem o peso da cabeça, e servem
para esquentar e umidificar o ar inspirado, além de secretarem muco para proteger o corpo
da ação de germes. Os canais que ligam os seios da face às passagens nasais normalmente
estão abertos, mas, se estiverem congestionados podem causar problemas. Quando os seios
da face estão congestionados com muco e o indivíduo vai mergulhar, ocorre uma grande
diferença de pressão entre um seio da face e o meio, gerando uma diferença de pressão
entre os seios impedindo a equalização da pressão entre eles causando fortes dores no
crânio.
com o coração na cavidade torácica, cercados lateralmente pelas costelas e abaixo pelo
diafragma que separa a cavidade torácica do abdômen. Este órgão consiste de muitos
bronquíolos e alvéolos, veias sanguíneas e capilares, e tecido elástico. Sua função principal
contidos nos pulmões sofrem alterações afetando diretamente a forma deste órgão.
Nos ouvidos, há um espaço aéreo atrás dos tímpanos chamado ouvido médio. A
pressão no ouvido médio precisa ser igual à do ouvido externo para os tímpanos se
proporcionam esta equalização de pressão do ouvido médio com o externo. Se não ocorrer
a equalização da pressão nestes espaços pode haver lesão nos tímpanos chamada
Eustáquio se abrem nas laterais da faringe. A faringe termina no esôfago ou tubo guia do
estômago. E, a laringe, que contém as cordas vocais, epiglote e músculos necessários para
respiratório. Quando alimento ou água entra em contato com a epiglote, uma ação reflexa
nos pulmões.
face, portanto, é possível sentir dores dentais em condições de alta pressão. Após a
culpa do diferencial de pressão entre o meio externo e o espaço deixado no dente em razão
pressão nos espaços ocupados por ar deve ser igualada à pressão ambiente. Assim,
Similarmente, a expansão dos gases presos causa o barotrauma de expansão, que pode
ocorrer na ascensão.
com indivíduos com trompas de Eustáquio perfeitas e que nunca tiveram problemas com
equalização;
2) Manobra de Valsalva (Antonio Valsalva, 1700)
Ao fechar as narinas com os dedos, se faz uma pressão no tórax. Isto é, depois de
fechar as narinas com os dedos, os músculos da face (região da bochecha) devem estar
Esta técnica é a mais utilizada, e muitas pessoas a realizam sem saber para que serve.
As narinas são fechadas com os dedos e um esforço é feito para realizar um som
gutural (“guh”). Fazendo isso, ocorre a elevação do 1/3 posterior da língua e o palato mole
Esta manobra pode ser praticada olhando o palato mole se mover com o auxílio de
um espelho. E, esta técnica pode ser feita até mesmo durante o ciclo respiratório a qualquer
hora e não inibe o retorno venoso. Pode ser repetida várias vezes seguidas;
Esta técnica consiste no fechamento das narinas com os dedos enquanto engole. Os
recomendada para rápida descida, como não há margem de erro se as trompas de Eustáquio
Esta é uma difícil técnica e poucas pessoas são aptas a fazê-la. Consiste na
Esta técnica é similar à técnica de abertura voluntária do tubo, porém, ela possui
realizar estes passos metade da técnica está feita. A segunda parte é tencionar os músculos
da língua de tal forma a causar uma sensação de estalo de ocorrência da abertura das
trompas de Eustáquio. Até mesmo o deslocamento da mandíbula pode ajudar para que está
8) Técnica de Lowry
Frenzel) com o engolimento. Coordenação e prática são requeridos para fechar as narinas
com os dedos, realizar uma pressão e engolir ao mesmo tempo, mas, com todos estas
9) Contorção
Esta técnica de combinação é efetiva para alguns, e envolve fechamento das narinas
com os dedos com uma leve pressão (manobras de Valsalva ou Frenzel) na região posterior
Segundo McARDLE, KATCH & KATCH (1998), o princípio físico que explica a
pulmões.
respiratória.
A zona condutora pode ser chamada de espaço morto anatômico por não conter
diretamente para os bronquíolos terminais, na zona transacional rumo aos alvéolos para
O espaço morto pode ser aumentado de 160-170mL com o uso de tubo respiratório
sujeitos usando snorkel com e sem válvula que evita a inspiração do ar expirado durante o
repouso e exercício. Concluiu-se que o uso de snorkel sem válvula causa inspiração de ar
valores são aumentados causando maior trabalho respiratório (TOKLU et al., 2003).
Respirar com snorkel sem válvula causa aumento na ventilação e trabalho
(VCO2) aumentarem. Ao respirar com uso de snorkel sem válvula em meio líquido, a
imersão na água causa um efeito no trabalho respiratório aumentando ainda mais o gasto
McARDLE, KATCH & KATCH (1998), uma permuta gasosa adequada entre os alvéolos e
o sangue requer uma respiração que corresponda à quantidade de sangue que perfunde os
capilares pulmonares (chamado espaço morto fisiológico). Havendo assim, uma relação
ar inspirado.
possuem esses músculos bem condicionados estão mais acostumados a suportar o estresse
vivência prática no meio líquido é essencial para rápida e não problemática ambientação
com esta modalidade. Assim, nadadores, surfistas, jogadores de pólo aquático, nado
elevação das costelas e abaixamento do diafragma, causando uma diferença entre a pressão
da espinha.
Fig. 7 – Ações do diafragma e costelas na respiração (McARDLE, KATCH & KATCH, 1998)
pessoas não estão a par da viagem do ar pelas narinas, descendo as partes oral e nasal da
(YOGA, 2004):
1) Inalação ou inspiração;
2) A pausa, curta ou longa, entre inalação e exalação, chamada de pausa retentiva e fase de
reajuste;
3) Exalação ou expiração;
4) A pausa, curta ou longa, entre exalação e inalação, chamada de pausa extensiva e fase
de reajuste.
As duas pausas podem ou não ser repousantes desde todo sistema respiratório,
incluindo seus sistemas muscular e mecânico nervoso, podendo passar por mudanças de
direção e grande número de adaptações por minuto quando ocorre alguma mudança. Todos
expansão está na parte do topo, meio ou fundo do tórax e pulmões, e a junção das 3 na
estar atentos com a aplicação correta da respiração e seus efeitos. Antes de importantes
yoguica completa, que é a união de formas parciais de respiração. Segundo AGUDELO &
Fig. 8 – Inspiração (E) e expiração (D) yoguicas profundas (AGUDELO & GIL, 1999)
Segundo SPICUZZA et al. (2000), a respiração yoguica diminui as respostas
indivíduo altamente treinado em yoga que realizou um ciclo respiratório por minuto
durante uma hora. Concluindo que este sujeito é capaz de suportar condições de baixa pO2
quimiosensibilidade a hipercapnia.
(yoguicas) estão mais aptas a tolerar as condições como hipóxia e hipercapnia, muito
ambiente é composto ao nível do mar de 20,93% de O2 (159 mmHg), 0,03% de CO2 (0,2
Ao inspirar o ar ambiente, este fica saturado com vapor de água ao passar pelas
cavidades nasais e boca, a pressão das moléculas de água no ar umedecido se torna de ~47
penetra continuamente nos alvéolos, enquanto o O2 deixa os alvéolos pulmonares para ser
ar alveolar fica composto ao nível do mar de 14,5% de O2 (103 mmHg), 5,5% de CO2 (39
mmHg), 80% de N2 (571 mmHg) e 47 mmHg de vapor de água (McARDLE, KATCH &
KATCH, 1998).
A troca gasosa ocorrente nos pulmões, sangue e tecidos é causada pelo processo de
difusão passiva. Isto é, a troca gasosa ocorre sempre na direção do compartimento de maior
pressão parcial de um gás para o compartimento que possui menor pressão parcial do
mesmo gás.
Quando o indivíduo está em repouso, a PO2 nos alvéolos pulmonares (100 mmHg)
é bem maior que a PO2 no sangue (40 mmHg), assim, o O2 se dissolve e se difunde através
da membrana alveolar para dentro do sangue. O CO2 se encontra com uma pressão parcial
maior no sangue venoso (46 mmHg) comparado à pressão parcial nos alvéolos (40 mmHg),
destes gases podem diferir consideravelmente das pressões no sangue arterial. Em repouso,
com uma PO2 de ~40 mmHg no líquido que circunda as células musculares, e PCO2
celular de 46 mmHg. Enquanto que na atividade física intensa, a PO2 muscular pode cair
para 0 mmHg, e a PCO2 é de ~90 mmHg (McARDLE, KATCH & KATCH, 1998).
O O2 então é metabolizado nos tecidos, e o CO2 vai para o sangue venoso que tem sentido
metabolismo utilizado pelo corpo. A fim de suprir as necessidades dos tecidos fazendo
formado por uma bomba (coração), com circuito de distribuição de alta pressão (artérias e
(veias e vênulas). Sendo que ~60% do sangue fica nas artérias, arteríolas, vênulas, veias e
órgão é formado pelo músculo cardíaco, ou miocárdio. Suas fibras musculares são
do miocárdio por todas as células, fazendo o órgão funcionar como uma unidade.
As artérias são tubos de alta pressão que conduzem o sangue rico em O2 para os
Os vasos arteriais são os vasos mais calibrosos, que recebem o sangue do coração e
transformam energia cinética do sangue sobre a parede dos vasos em energia potencial
elástica. Quando o sangue entre em contato com o vaso, este fica alargado e espreme
material elástico, havendo troca de tecido elástico para tecido muscular liso. As
ramificações das arteríolas são vasos menos calibrosos e com menor quantidade de tecidos
capilares são vasos microscópicos formados por uma única camada de células endoteliais,
Após a passagem por vasos calibrosos o sangue pode seguir inúmeros caminhos
com as muitas ramificações dos capilares, assim, a densidade dos capilares tem que ser
hemácia de cada vez, facilitando a troca gasosa do capilar com o tecido adjacente. Porque
trazer o sangue de volta ao coração. Porém, a pressão nesses vasos é muito baixa, sendo
Nestes vasos ocorre a substituição de tecido elástico para tecido muscular liso.
pela cavidade torácica com a respiração. A presença de válvulas é essencial para o bom
Nota-se que o fluxo sanguíneo é dado pela pressão que o coração imprime no
sangue, pelo distanciamento do sangue em relação ao coração e pelos materiais das paredes
dos vasos.
2.5.1 Pressão arterial
periféricos de menor calibre não permitem o fluxo sanguíneo para o sistema arterial com a
mesma pressão de saída do coração, a resistência vascular tem grande influência na pressão
arterial.
Fig. 11 – Esquema elaborado de fatores que afetam a pressão sanguínea (ARNOLD, 2004)
2.5.2 Regulação cardiovascular
tecidos do corpo. Sendo que o coração é responsável pelo bombeamento do sangue através
dos vasos. Assim, ocorre a interação contínua dos mecanismos complexos para ocorrência
equilíbrio dinâmico entre pressão sistêmica e fluxo sanguíneo para os tecidos em condições
diversificadas.
permite o controle rápido do coração sobre a distribuição eficaz do sangue por todo corpo.
metabólicas e fisiológicas.
(ramos distintos que transmitem o impulso 6 vezes mais rápido que a velocidade de
Nódulo S-A – Átrios – Nódulo A-V – Feixe A-V (fibras de Purkinje) – Ventrículos
A mudança na frequência cardíaca pode ser dada pela ação de nervos ligados ao
1998).
hormônio acetilcolina, que retarda o ritmo da descarga sinusal e torna o coração mais lento.
Este efeito é mediado essencialmente pela ação do par de nervos vagos, cujos
únicos nervos cranianos que deixam a região da cabeça e pescoço e penetram no tórax e
regiões abdominais. Segundo McARDLE, KATCH & KATCH (1998), os nervos vagos
água. A maioria dos mergulhadores que praticam o mergulho em apnéia fica mais tempo
respirando flutuando na superfície do que totalmente submersos na água. Os
Quando uma pessoa está envolvida por ar, a pressão sobre o seu corpo não difere de
uma região à outra sendo igual à pressão intrapulmonar. Na imersão em água até o
pescoço, a parte submersa sofre ação da pressão atmosférica (1 atm) somado à pressão
sobre o corpo não é uniforme como no ar. Como o sujeito fica com a cabeça fora da água e
Fig. 12 – Distribuição de pressão ao redor de um homem imerso no ar (A) e imerso em água até o pescoço
(B). A densidade dos pontos reflete a magnitude da pressão. As linhas pontilhadas no tórax e abaixo do
diafragma (B) representam posições da parede torácica e diafragma imerso no ar (BOVE & DAVIS, 1990)
aumenta (entre 300 mL e 700 mL) porque ocorre a ação da pressão hidrostática
comprimindo as veias prejudicando o retorno venoso, aumentando a pressão sanguínea
central. Como a água tem uma densidade similar à dos tecidos humanos, a parte submersa
homogêneo da perfusão sanguínea nos pulmões (LIN, 1988; BOVE & DAVIS, 1990;
(BOVE & DAVIS, 1990), e isso acaba gerando uma diminuição de 5% a 10% na
capacidade vital (LIN, 1988) . Como conseqüência dos sucessivos mergulhos em um curto
Um fato bastante importante que ocorre quando o mergulhador está imerso em água
face.
Este reflexo tem como ação principal a ativação do nervo vago combinada com
certos órgãos (realizando vasoconstrição periférica para que o sangue fique nos órgãos
arterial (BUTLER & WOAKES, 1987; LIN, 1988; HAYASHY et al, 1997; HOLM et al.,
1998; ANDERSSON, SCHAGATAY, GISLÉN & HOLM, 2000; FERRETTI, 2001;
interessante o estudo mais aprofundado dos ajustes ocorrentes nestes animais para
reflexo de imersão, isto implica na escolha da máscara, que deve cobrir a menor área
Outros fatores são capazes de influenciar a bradicardia, tais como: fatores neurais
(imersão do corpo em água), e fatores químicos (PO2 e PCO2) (BOVE & DAVIS, 1990).
Fig. 13 – Modelo esquemático dos fatores que afetam a bradicardia: + indica potenciação; - indica
atenuação das respostas bradicardicas; triângulo simboliza os diferentes tipos de estímulos que modificam a
reflexo mais pronunciado em um tempo maior de apnéia. As apnéias foram feitas no seco e
respeito da saturação de Hemoglobina (Hb) por O2, encontrou-se que a Hb arterial estava
mais saturada após apnéias com imersão da face, onde o reflexo é mais pronunciado. Nas
utilizado. Assim, notou-se que a conservação de O2 ocorre nos humanos como nos
o mergulho em apnéia promovendo diversos ajustes que são fundamentais para um menor
com imersão da face em água fria. Concluindo que os idosos mergulhadores e idosos não-
ajustes fisiológicos que cada sexo possui. Os autores WATENPAUGH et al. (2000)
água.
mulheres.
Este estudo é um bastante específico, mas, fica evidente que nem todos ajustes
fisiológicos são semelhantes para homens e mulheres quando imersos em água, devendo
2.7 Apnéia
(caso da imersão subaquática sem equipamento de ar), ou involuntária, sendo neste caso de
natureza patológica.
Muitas pessoas podem ficar em apnéia por um certo tempo, mas em geral, em
algum momento durante a tentativa, ocorre desejo da inspiração, este se torna tão intenso
demanda é assinalada pelo centro respiratório (bulbo), respondendo ao aumento dos níveis
de dióxido de carbono (hipercapnia) e ácidos no sangue, provocados pela correspondente
queda do teor de oxigênio em função do consumo pelos tecidos (McARDLE, KATCH &
KATCH, 1998).
Esta bradicardia ocorre com certa demora para atingir o menor ponto de frequência
cardíaca, e, pode ocorrer tanto em repouso quanto durante exercício, podendo chegar a
Tab. 2 – Composição do gás alveolar ao final de apnéias máximas no repouso (FERRETTI, 2001)
Tab. 3 – Troca gasosa alveolar ao final de apnéias máximas no repouso. (OVLO2 é o volume de O2
absorvido pelos pulmões, OVLCO2 volume de O2 somado aos pulmões durante as apnéias, e R é a taxa
Segundo LIN (2004), o curso do tempo da apnéia pode ser descrito como:
ruptura fisiológico.
voluntária, e, por fatores até mesmo subjetivos decide terminar a apnéia. Esta subjetividade
contribui para uma grande variabilidade no tempo de apnéia que desafia a predição
músculo inativo ou em baixa atividade, até acontecerem contrações fortes que chegam ao
mergulhadores.
um mesmo dia provocam melhora significante nos aumentos distintos de tempo de apnéia
apnéia na água e no ar, notou-se que na água o resultado nos ganhos é maior em um
também é causado pela apnéia, chega a ser forte o bastante que supera a taquicardia
reflexo de imersão.
A depleção dos depósitos de O2 e dos depósitos de energia local são por sua vez
ditados por uma redução da entrega de O2 para os músculos utilizados como conseqüência
depois. Continua sendo transferido O2 dos pulmões ao sangue, mesmo com a diminuição
porque a PCO2 alveolar está baixa, e ela sobe rapidamente para se igualar à PCO2
sanguínea ou se aproximar. Isso deveria ocorrer até haver uma maior PCO2 alveolar em
sangue aos pulmões, chegando a parar ou a mudar de direção (LIN, 1988; FERRETTI,
apnéia.
2.8 Frio
que precisam lidar continuamente com a carga fisiológica de manter a temperatura corporal
abaixo de 37ºC, a função fisiológica se altera. Alterações maiores, entretanto, podem trazer
atinja um equilíbrio entre as taxas de aumento e perda de calor. Segundo PATE (1997), a
A = M R C Cv – E
E = perda de calor por evaporação (conversão de líquido a vapor sem mudar temperatura)
calor corporal por meio da combinação dos efeitos da radiação, condução, convecção e
Sob estas condições, o organismo perde o calor armazenado, fazendo com que a
temperatura corporal diminua. Se temperatura corpórea precisa ser mantida no frio, devem
No repouso, não há dados que a boa forma física contribua na tolerância ao frio.
quanto melhor a forma física, mais o indivíduo irá trabalhar esquentando o corpo (pois o
2) Vento
Movimentos rápidos do ar aumentam a perda de calor por convecção. Quanto mais rápido
3) Espessura cutânea
4) Sexo
1998).
corporal imersos em água fria em repouso. Os autores concluíram que homens e mulheres
A perda de calor na água é muito maior que no ar (~25 vezes), assim, o organismo
resultante do tremor, resposta fisiológica que aumenta a taxa metabólica. E, toda energia do
e interna. A constrição dos vasos sanguíneos cutâneos provoca uma diminuição do seu
fluxo à pele, reduzindo o envio de calor para a pele e aumentando os efeito isolante dos
tecidos corporais.
onde as veias mais profundas dos membros estão mais próximas e paralelas às artérias.
à circulação central.
temperaturas mais frias do que outros indivíduos. Isto ocorre porque são mais aclimatados
a suportar o frio.
O mergulho em apnéia é uma atividade exercida faz muitos anos, em locais quentes
Segundo FERRETTI & COSTA (2003), as mergulhadoras Ama do Japão não estão
mamíferos marinhos.
A temperatura mínima que um humano pode ficar imerso em água por 3 horas sem
tremer é definida como “temperatura crítica na água” (TCA), uma condição que a perfusão
COSTA, 2003). Assim, aqueles que conseguem ficar por 3 horas em menor temperatura
temperatura baixa por 3 horas. Implicando na elevação do limiar de tremor associado com
calor pelos membros em dado fluxo sanguíneo nos membros e melhores respostas
vasomotoras das mãos para o esfriamento local (FERRETTI & COSTA, 2003).
mergulhadoras coreanas que estão habituadas à prolongada imersão em água fria. Este
ajuste ocorre para que ocorra menor gasto energético através da perda do calor por causa
do tamanho da fibra, e, para irrigar as áreas mais expostas ao frio com sangue quente.
sofrem as conseqüências das baixas temperaturas, não se aclimatando ao frio. Com certeza,
o lado positivo do uso de neoprene é de ficar mais tempo realizando mergulhos com
Com a imersão em água fria, o calor perdido por radiação não é significante quando
comparado ao perdido por convecção e condução. A água transfere ~25 vezes mais calor
que o ar. A convecção ocorre devido ao movimento da água sobre o corpo resultado da
atividade muscular e das correntes da água. Transpiração passiva ocorre e transfere algum
calor, porém, a evaporação não é relevante. Além de se perder muito calor pela urina em
mergulhos longos.
Segundo BOVE & DAVIS (1990), a perda de calor direta do corpo na água é
limitada grandemente pelo isolamento dos tecidos do corpo (centro para pele), e não pelo
coeficiente de transferência da pele para água. O fator limitante no fluxo de calor do corpo
para o meio externo é dado pela taxa de movimento de calor do centro para superfície da
A questão da gordura subcutânea não é fator ocorrente nos dias de hoje, que é dado
um grande valor à estética e existem roupas isotérmicas (neoprene) leves, flexíveis e com
diferentes espessuras que são bons protetores. Mas, há pessoas que apresentam uma
pele e VO2 de mergulhadoras apneístas antes e durante seu trabalho de mergulho no verão
algodão (desprotegidos).
principalmente inverno. Além disso, o VO2 ao final do trabalho foi maior em mergulhos
aclimatado.
aumento da taxa respiratória causa uma queda da PCO2 (alcalose sanguínea), hipocalcemia
isotérmicas promove o menor gasto energético por causa do frio. No meio esportivo, os
bastante alto.
iatismo, rafting, canoagem de corredeiras, etc.) utilizam neoprene como forma de isolante
et al. (2000), quando ocorre a estimulação com água fria de receptores localizados na
região superior da face, inervados pelo ramo oftálmico do nervo trigêmio ocorre a
devido ao aumento da atividade parassimpática via nervos vagos que inibe o marca-passo
afirmam que a estimulação de água fria das extremidades (antebraço) causa inibição da
pressão sanguínea.
realizaram apnéia e imersão da face em água fria ou imersão das extremidades (antebraço),
(estimulação com frio do antebraço, estimulação com frio na face, e apnéia), (i é a inibição, + aumento, e –
estimulação de água fria na face respirando, ENDO et al. (2003) analisaram o VO2
dinâmica do VO2 não foi alterada pela bradicardia antes e depois do início do exercício
apesar de claro retardo e diminuição da frequência cardíaca. Então, este fato pode implicar
não haja problemas no funcionamento que podem ocasionar a morte. Estas alterações são
extremamente necessárias para que o mergulhador consiga evitar prejuízos e até mesmo
experimentada até que a posição de máxima expiração seja alcançada, com o volume de ar
aéreas. E, além desse ponto, continuando a descida pode ocorrer a congestão pulmonar,
(CPT) não poderia ser comprimida abaixo do volume residual (VR). Assim, a razão entre
apresentaria o valor da razão CPT/VR igual a 7, concluindo que ele poderia descer até uma
profundidade máxima de 70 m de profundidade e sua CPT ainda seria maior que seu VR
(FERRETTI, 2001).
que o volume pulmonar não era limitante na profundidade máxima do mergulho em apnéia.
A literatura mais recente (BOVE & DAVIS, 1990; FERRETTI, 2001; SOMERS,
2004) sugere que durante descidas em grande profundidade o sangue das extremidades é
volume residual.
uma redução no volume pulmonar, elevação do diafragma, aumento das veias sanguíneas
Estes ajustes são similares aos que ocorrem em apnéia sem imersão, e, o
1º- A baixa frequência respiratória e o largo volume de troca gasosa, que reduz o gasto de
treinados e experientes;
superfície e repouso;
Após citar as variáveis que influenciam o sistema respiratório, pode-se dizer que as
níveis de CO2.
2.9.1 Troca gasosa alveolar no mergulho em apnéia
Existe uma grande diferença entre a troca gasosa alveolar no mergulho em apnéia e
simples apnéia no ar. Essa diferença ocorre no mergulho devido à ocorrência de aumento
estudados.
(79,1% de N2, 20,9% de O2, 0,033% de CO2). Segundo BOVE & DAVIS (1990), no
função da profundidade.
concentração alveolar de N2 chega a ser maior do que antes da descida porque o N2 tem
que ser removido dos alvéolos para o sangue. E, a difusão de O2 e CO2 é mais rápida que
Como a PO2 do gás alveolar é alta no fundo devido à alta pressão, fica garantida a
passagem de O2 para o sangue. Assim, todo tempo que o mergulhador estiver no fundo
haverá gradiente de PO2 entre alvéolos e sangue, garantindo a difusão para o sangue.
O CO2 é transferido normalmente do sangue aos pulmões, porém, esta situação de
fluxo de difusão se reverte no mergulho em apnéia (BOVE & DAVIS, 1990), assim como
LINNARSSON, 2002).
faz com que a PCO2 alveolar seja maior que a sanguínea, assim, grandes quantidades de
CO2 ficam retidas no sangue resultando no aumento da PCO2 sanguínea. Este aumento da
PCO2 sanguínea que dá o sinal para o mergulhador subir (BOVE & DAVIS, 1990).
reverso é muito menor em apnéia quando comparado a durante o mergulho em apnéia com
compressão torácica.
Na superfície, depois de voltar do fundo, a PO2 alveolar tem valores similares com
a PO2 sanguínea, indicando que não há considerável gradiente de difusão entre alvéolos e
O mesmo estado de mudança de direção do fluxo de difusão que ocorre com o CO2
pode acontecer com o O2, mas isso só é possível se o mergulhador ficar mais tempo no
fundo, e imediatamente após o retorno à superfície (acima à direita). É notável uma redução progressiva no
volume pulmonar em conjunto com o aumento da pressão dos gases na descida, que são revertidos durante a
Tab. 4 – Composição do gás alveolar ao final de mergulhos em apnéia profundos (FERRETTI, 2001)
Tab. 5 – Troca gasosa alveolar ao final de mergulhos em apnéia ([La]b concentração do lactato sanguíneo ao
porque acreditam que esta técnica possibilita um maior tempo de mergulho em apnéia. De
& DAVIS (1990); CRAIG (1976); EDMONDS & WALKER (1999) relataram que os
casos de óbitos mais frequentes ocorrem por afogamento de mergulhadores que realizaram
Segundo BOVE & DAVIS (1990), isto se explica porque a hiperventilação provoca
do sangue porque a hemoglobina se satura 100% durante ventilação normal, com PO2
arterial a 100 mmHg. E, a taxa de queda da PO2 sanguínea é a mesma realizando-se ou não
a hiperventilação.
voltar para a superfície e respirar é dada quase unicamente pelo aumento de PCO2
sanguínea, desde que a PO2 é mantida alta por culpa da compressão dos gases. Até que a
PCO2 atinja um nível crítico o mergulhador fica no fundo consumindo O2. Mesmo assim,
indicado pela baixa PO2 alveolar no final do mergulho (BOVE & DAVIS, 1990).
PO2 é pouco aumentado, e, o mergulhador consegue ficar maior tempo no fundo até a
corpo influenciam muito nesta fase. Como o mergulhador que realizou hiperventilação
antes do mergulho está com alta PCO2 sanguínea e baixa PO2 sanguínea, na fase de
muito importante é que o nível da PCO2 no ponto de ruptura da apnéia é mais alto durante
do corpo.
mergulho é pequena, não há problema de DD. Porém, segundo BOVE & DAVIS (1990), é
mesmo que pequeno o acúmulo de N2 no organismo, o aumento da PN2 nos tecidos pode
uma doença chamada de “taravana” (tara, to fall, ficar ou cair/ vana, crazily, na loucura). A
podem causar vertigem, náusea, paralisia parcial ou total, inconsciência temporária e até
cardíaca é alta, mas basta ocorrer a imersão na água que é iniciada a bradicardia reflexa. Na
da água termoneutra (35ºC) e fria (25ºC). E constataram uma redução severa na frequência
cardíaca, especialmente na água fria, até mesmo causando arritmias. FERRETTI (2001),
SOMERS (2004), relatam quedas de até 8-10 batimentos por minuto durante o mergulho.
Fig. 17 – Mudanças na frequência cardíaca e profundidade do mergulho em função do tempo em mergulhos
em apnéia profundos no mar. Os símbolos achurados se referem a FC, e os símbolos brancos se referem a
utilização de O2:
1) Alterações hemodinâmicas
Assim como ocorre com a frequência cardíaca, o débito cardíaco é maior na fase
Fig. 18 – Volume sistólico, débito cardíaco e profundidade X tempo durante mergulhos em apnéia para 50 m.
mergulho. A realização de apnéia e imersão da face elevam a pressão, mas não atinge
sangue para ser usado quase exclusivamente na perfusão do coração e cérebro (SOMERS,
2004).
(SOMERS, 2004).
10 s. Foram gravados durante a fase descendente, em correspondência com os valores de mais alta pressão
sanguínea. Logo, os valores de débito cardíaco (CO) e a frequência cardíaca (fH) não são os menores valores
observados durante o mergulho. O valor do Lactato (La) é o maior do período de recuperação depois do
mergulho. Resistência total periférica (TPR) foi estimada. Q é o volume sistólico; Psys e Pdiast são as
3)Alterações morfológicas
2004).
Segundo BAKOVIC et al. (2003), o baço sofre uma diminuição durante mergulhos
que durante os mergulhos em apnéia o baço não é parte da periferia com redução de fluxo
sanguíneo.
BAKOVIC et al. (2003) relataram que a contração do baço ocorre logo no início da
(BAKOVIC, 2003).
Fig. 19 – Comparação do fluxo sanguíneo na artéria esplênica em função do tempo entre mergulhadores em
Fig. 20 – Comparação do volume relativo do baço em função do tempo entre mergulhadores e não-
descidas de cabeça para cima é uma técnica fundamental contra a altíssima pressão
hidrostática, principalmente porque nesta categoria o fator limitante não é o tempo, mas
sim, a pressão (o atual recordista mundial é capaz de suportar 17 atm nesta categoria).
Todos mergulhadores devem estar cientes dos aspectos físicos da água, que
envolvem o mergulho. Tais como: pressão (quanto maior a profundidade maior a pressão),
a porcentagem dos gases na água (79,1% de N2, 20,9% de O2, 0,033% de CO2) e as leis
dos gases (Lei de Boyle, Lei de Charles, Lei de Dalton e Lei de Henry), e o princípio de
influência das leis dos gases nos espaços afetados por essas leis (seios da face, ouvidos,
para igualar a pressão interna com a ambiente e evitar a ruptura dos tímpanos.
apnéia, dado que a prática da modalidade exige grande trabalho deste sistema, que tem de
desempenho.
porque qualquer alteração deixa o corpo propenso a riscos. Indivíduos com problemas
imersão em água (maior parte do tempo o mergulhador fica imerso em água - 60% do
vasoconstrição periférica para que o sangue fique nos órgãos vitais), diminuir do débito
cardíaco (redução da frequência cardíaca) e aumento da pressão arterial. Isto tem como
fatores químicos (PO2 e PCO2). Pode ser atenuada ou potencializada em função destes
fatores.
ponto de ruptura da apnéia (tempo de apnéia) é influenciado por alguns fatores: volume
altitude.
metabolismo anaeróbio.
(diminuição da perda de calor). Indivíduos que mergulham sem roupas isotérmicas são
mais aclimatados que os indivíduos que utilizam roupas de neoprene. É importante lembrar
que na água a troca de calor é ~25 vezes maior que no ar a uma mesma temperatura.
taquicardia.
então, o organismo possui formas de se ajustar contra a alta pressão, melhorar a qualidade
cada indivíduo, ajustes que tornam o organismo menos responsivo aos efeitos da hipóxia e
em apnéia, porque ocorre a ação da pressão hidrostática sobre os gases. Deve-se tomar
cuidado com a realização de mergulhos repetidos em curto espaço de tempo por causa da
doença descompressiva, e não realizar hiperventilação antes do mergulho para não sofrer
sanguíneo para órgãos vitais). Funções anaeróbicas dos tecidos não-vitais, alterações
Fica evidente que diversas alterações são realizadas para que os mergulhadores
consigam ficar por maior tempo em apnéia diminuindo o gasto energético, protegendo o
conseguirão ajustes específicos ao mergulho que, em certo ponto, podem ser muito úteis
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