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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) DESEMBARGADOR(a) PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Processo nº: ...

SILAS, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no


CPF sob nº ..., RG nº..., residente e domiciliado na Rua ...,
Bairro ..., nº..., no Município de ...-RS, vem à presença de
Vossa Excelência, por meio de seu procurador signatário,
ajuizar

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Em face de decisão que indeferiu o pedido de Gratuidade


de Justiça na Ação de Indenização por danos morais e
materiais por conta de cobrança indevida, nos termos do
art. 1.015, inciso V, do CPC/2015.

DO PREPARO

A agravante junta aos autos o comprovante do recolhimento do preparo, cuja


guia segue em anexo. (ART. 1007 e 1017, §1º do CPC/15).

DA TEMPESTIVIDADE

O presente Agravo de Instrumento é tempestivo considerando que foi


interposto em até 15 dias úteis conforme dispõe o art. 1003, §5º do CPC/15,
contados da data da juntada do mandado de intimação, conforme art. 231,
inciso II do CPC/15.
DO CABIMENTO

A Decisão agravada é interlocutória, cabendo assim interpor o presente


recurso com fundamento no art. 1015, inciso V do CPC/15.

Sendo assim, requer o processamento do presente recurso, sendo o


mesmo distribuído a uma das Câmaras Cíveis deste Egrégio Tribunal de
Justiça na forma do art. 1016, caput, CPC/15, para que seja submetido à
reanálise.

Respeitosamente,

Nestes termos, pede deferimento

Santa Rosa/RS, 13 de dezembro de 2021.

Advogado
OAB xxxx
RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
COLENDA CÂMARA
DOUTOS DESEMBARGADORES

AGRAVANTE: SILAS
AGRAVADA: -

PROCESSO nº: xxx

DOS FATOS E DA DECISÃO AGRAVADA

Trata-se de Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais ajuizada


em face de Antônio, sob a alegação de cobrança indevida por dívida já paga. A
agravante, na inicial do referido processo, deixou de recolher as custas e
requereu a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, considerando
que sua renda é apenas manutenção de sua própria vida e de sua família, já
que sua renda mensal é de R$3.000,00, conforme cópia da Carteira Nacional
de Trabalho, em anexo.
No entanto, o Magistrado da 4ª Vara Cível da Comarca de Santa
Rosa/RS indeferiu a gratuidade da justiça, sob o argumento de que Silas não
se enquadraria na definição de “pessoa pobre” e por estar assistido por
advogado particular. Também determinou o recolhimento das custas iniciais,
sob pena de indeferimento da inicial.

Tal decisão não merece prosperar, pelos motivos e fundamentos a


seguir expostos.

DO DIREITO
De maneira equivocada, percebe-se que o magistrado acaba por fugir
dos requisitos dispostos para que seja concedido o benefício da justiça gratuita,
pois o agravante atualmente trabalha como ..., tendo sob sua responsabilidade
a manutenção de sua família, já que é casado, pai de quatro filhos, e recebe a
importância de R$3.000,00 (três mil reais) como renda mensal, conforme cópia
de sua carteira de trabalho e certidões de nascimento de seus filhos, sendo
este o motivo pelo qual não poderia arcar com as custas processuais.
Sendo assim, ainda que seus rendimentos possam não ser
considerados para que se enquadrem em uma situação que possa ser
chamado de “pessoa pobre”, a Lei 1.060/50 estabelece que o benefício da
gratuidade da justiça será concedido mediante a simples declaração da parte
afirmando que não está com condições de pagar as custas processuais, sem
prejuízo próprio ou de sua família.
Para que o benefício seja concedido, a agravante junta a declaração de
hipossuficiência e seu comprovante de renda, a fim de demonstrar a
impossibilidade do pagamento das custas processuais sem comprometer seu
próprio sustendo, bem como de sua família, conforme o disposto no art. 99 do
CPC:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser


formulado na petição inicial, na contestação, na petição
para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte
na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não
suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver
nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Sendo assim, através da simples petição, sem que haja necessidade de


outras provas exigíveis por lei, fica claro que o agravante faz jus a concessão
do benefício da gratuidade da justiça.
Nesse sentido, a jurisprudência entende que:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – MANDADO DE


SEGURANÇA – JUSTIÇA GRATUITA. Assistência
Judiciária Indeferida. Inexistência de elementos nos
autos a indicar que o impetrante tem condições de
suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e
familiar, presumindo-se como verdadeira a afirmação
de hipossuficiência formulada nos autos principais.
Decisão reformada – Recurso provido. (TJSP; Agravo de
Instrumento 208392-7120198260000; Relator: Maria
Laura Tavares; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito
Público, Foro Central – Fazenda Pública; Data do
julgamento: 23.05.2019; Data de Registro: 23.05.2019).

Importante ressaltar que a lei não exige que seja comprovada a


miserabilidade do requerente, sendo suficiente a insuficiência de recursos para
pagar as custas, despesas processuais e honorários advocatícios, conforme o
disposto no art. 98 do CPC, motivo pelo qual o fato do agravante possuir
advogado particular não interfere na concessão do benefício.
Nessa lógica, a doutrina entende que:

Não se exige a miserabilidade, nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
rendimentos máximos. É possível que uma pessoa
natural, mesmo com boa renda mensal, seja merecedora
do benefício, e que também o seja aquele sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez.
A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de
viabilização do acesso à justiça, não se pode exigir
que, para ter acesso à justiça o sujeito tenha que
comprometer significativamente sua renda, ou tenha
que se desfazer de seus bens, liquidando-os para
angariar recursos e custear o processo.” (DIDIER JR.
Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Benefício da
Justiça Gratuita. 6ª Ed. Editora JusPodivm, 2016, p. 60).

Sendo assim, conforme a lei, os entendimentos jurisprudenciais e a


doutrina, não há a necessidade de se exigir que mais provas e nem que a
pessoa que requereu a assistência judiciária se encontre em situação de
miséria, basta que comprove e declare que sua subsistência restaria
prejudicada ao desprender tal valor para custear o processo.
Portanto, pelas razões expostas, com base no art. 5º LXXIV da
Constituição Federal, bem como o art. 98 do CPC, requer que seja reformada a
decisão a fim de que seja deferida a gratuidade da justiça ao agravante.

DOS REQUISITOS FORMAIS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Art. 1017 do CPC:

- Advogado do Agravante:
Nome do advogado, inscrito na OAB nº xxx, com endereço profissional xxx,
conforme cópia da procuração em anexo.

DOS PEDIDOS

Pelas razões expostas, requer:


a) O recebimento do presente agravo de instrumento, com seus efeitos
ativos e suspensivos, nos termos no parágrafo único do art. 995 do
CPC, a fim de que seja concedida desde logo a gratuidade da justiça;
b) A revisão de decisão agravada, para que seja concedido o benefício da
gratuidade da justiça.

Nestes termos, pede deferimento.

Santa Rosa/RS, 13 de dezembro de 2021.

Advogado
OAB nº xxx

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