Você está na página 1de 7

Estudando curso de:

Psicologia Analítica 70 h/a


 Data da matrícula: 19-11-2021 (Hoje)

Olá Guilherme. Após a leitura dos módulos abaixo clique em "Fazer a prova"

Fazer a prova
Voltar para meus cursos

2º Módulo: A personalidade para Jung


A personalidade total ou psique, como é chamada por Carl Gustav Jung, consiste de vários sistemas isolados, mas que atuam uns sobre os outros de
forma dinâmica.

A visão junguiana sobre a personalidade muitas vezes é comparada com a teoria psicanalítica de Freud, pela enfase que a psicologia junguiana dá ao
inconsciente. No entanto, as diferenças parecem ser maiores do que as semelhanças.

Os principais sistemas correspondem, na psicologia analítica de Jung, ao ego, ao inconsciente individual e ao inconsciente coletivo, à persona, à anima
ou animus, e à sombra. Tais elementos, como um todo, formam a personalidade total ou Si-Mesmo (em alemão Selbst, e em inglês Self).

O ego ou eu é o responsável pela identidade e continuidade, e é encarado, do ponto de vista da pessoa, como sendo o centro da personalidade. Também
é denominado mente consciente ou consciência e é constituído de percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes.

Contrapondo-se à consciência há o inconsciente, que é dividido em duas regiões: o inconsciente individual e o inconsciente coletivo.

No livro Aion, estudos sobre o simbolismo de Si-Mesmo, Jung escreve: “os conteúdos do inconsciente pessoal são aquisições da existência individual,
ao passo que os conteúdos do inconsciente coletivo são arquétipos que existem sempre e a priori”.

O inconsciente individual é uma região adjacente ao ego, e consiste de experiências que foram reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas. Tais
conteúdos são acessíveis à consciência, e há muitas trocas de conteúdos entre este e o ego.

Os conteúdos do inconsciente coletivo são arquetípicos, ou seja, são inatos, de natureza universal e são os mesmos em toda a parte e em todos os
indivíduos. O termo arquétipo não tem por finalidade denotar uma ideia herdada, mas sim um modo herdado de funcionamento psíquico.

Os arquétipos que se caracterizam mais nitidamente são aqueles que mais frequente e intensamente afetam o eu. São eles: a persona, a sombra, a
anima e o animus.

A persona é a máscara usada pelo indivíduo em resposta às solicitações da convenção e da tradição social e às suas próprias necessidades
arquetípicas internas. O conceito se refere às máscaras (persona) usadas pelos atores na Antiguidade grega, em peças ritualísticas solenes.
Corresponde como imagem representacional do arquétipo de adaptação, pois somente através da persona é que o indivíduo consegue se adaptar ao
mundo.

Uma persona mal-formada é tão limitadora quanto uma rígida demais. No último caso, o ego se confunde com a persona, assim sendo, a pessoa em
questão se identifica com a posição social que representa e somente com esta.

E no outro oposto, quando a formação do indivíduo é inadequada devido a um treino social insatisfatório ou à rejeição das formas sociais, este não
consegue ou se recusa a representar os papéis sociais que lhe são destinados.

Há um relacionamento de oposição entre a persona e a sombra. 


“A sombra – escreve Jung, no já citado livro – constitui um problema de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo”, pois a sombra
apresenta “aspectos obscuros da personalidade”.

Portanto, quanto mais clara a persona, mais escura será a sombra. Quanto mais identificação houver entre o que se representa no mundo mais
repressão haverá em relação aos elementos que não se coadunam com tal representação.

Em relação aos arquétipos da anima e do animus, Jung escreve que aparecerão personificados em sonhos, visões ou fantasias, ou seja, representarão
personalidades inconscientes com os quais o ego deverá lidar.

A anima e o animus são arquétipos daquilo que, em cada sexo, é o inteiramente oposto. A anima constitui no homem as qualidades femininas, e o
animus, na psique da mulher, as qualidades masculinas.

A anima, como imagem numinosa, ou seja, coo imagem afetiva espontaneamente produzida pela psique, representa o feminino eterno. É a mãe, irmã,
amada, destruidora, donzela, bruxa… Enfim, a anima é, para o homem, tudo o que uma mulher pode ser.

A mulher é compensada pela natureza masculina, o animus, que significa razão ou espírito.

“Como a anima corresponde ao Eros materno, o animus corresponde o Logos paterno” – escreve Jung no livro Aion.

Para se alcançar a totalidade, se faz necessário, como pré-requisito indispensável, defrontar-se com a anima ou com o animus, a fim de alcançar uma
união, um “coniunctio oppositorum”, uma unificação dos opostos.

“Embora a totalidade, à primeira vista, não pareça mais do que uma noção abstrata (como a anima e o animus), contudo é uma noção empírica,
antecipada na psique por símbolos espontâneos ou autônomos. Entre estes símbolos, podemos citar em especial os símbolos da quaternidade, de
circularidade e os que forma mandalas (formas circulares geométricas).

O processo de individuação liga todos os sistemas (ou partes) da psique até agora definidos.

No livro O eu e o inconsciente, Jung circunscreve o processo do seguinte modo: “há uma destinação, uma possível meta além das fases (ou sistemas).
Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por individualidade entendermos nossa singularidade mais íntima, última e
incomparável, significando também que nos tornamos nosso próprio Si-Mesmo. É o realizar-se do Si-Mesmo”.

A psicologia analítica de Jung, que é muitas vezes comparada com a teoria psicanalítica, tanto por suas semelhanças como por suas diferenças, só
pode ser ligada à esta na medida em que pese a influência mútua entre Jung e Freud, com a colaboração inicial e a separação posterior.

Em relação à influência de Freud, podemos pensar no método de análise de sonho, que Jung também modifica, mas que em sua essência deve muito ao
criador da psicanálise – o que Jung reconhece.

Este exemplo é só para citarmos uma influência e ao mesmo tempo uma divergência. Evidentemente, poderíamos citar muitos outros exemplos.

Embora Jung seja considerado muitas vezes um místico – por estudar os símbolos de muitas religiões – ele se auto-considerava um empirista, um
cientista que trabalhava com material psíquico produzido e que poderia ser visto, descrito e comparado.

Apesar disso, ele criticava a linguagem científica abstrata na psicologia, que “muitas vezes corteja a opinião segundo o qual suas intuições poderiam
ser substituídas por equações algébricas”.

Como vimos, o objetivo de uma terapia, na abordagem da psicologia analítica ou junguiana, é o processo de individuação, no qual o paciente
“confrontando-se” com o seu próprio inconsciente, tanto o coletivo, quanto o pessoal, chegará a ser a sua própria totalidade, chegará à plenitude, ou
seja à sua personalidade total.

Portanto, podemos concluir que o conceito de personalidade para Jung não pode ser reduzido ao termo persona (persona+lidade), pois a persona é
apenas um dos elementos que constituem a personalidade total, que, em psicologia analítica, então, só pode ser considerada se o for em sua
totalidade.

Para isso, temos que estudar todos os conceitos e a “geografia psíquica” junguiana.


 
O que é terapia junguiana?

Carl Gustav Jung nasceu em 26 de julho 1875, na Basiléia, Suíça. Ao longo de toda sua vida, foi um grande estudioso da alma humana. Interessado por
uma ampla variedade de livros desde sua infância graduou-se em medicina psiquiátrica em 1900. Rapidamente sua carreira evoluiu e iniciou seus
primeiros trabalhos de pesquisa, tendo sempre como interesse central desvendar o que se passava no espírito do doente mental. Diferente de outros
médicos de sua época tratava cada paciente com humanidade, como indivíduo e não como um diagnóstico a ser descoberto.

Após um período de estreita convivência com Freud, seguido de um rompimento abrupto, causado por diferenças básicas de posições, Jung realizou um
mergulho em seu mundo interno, mergulho este que impulsionou a realização da maior parte de sua obra. Por isso podemos dizer que a obra de Jung é
prática, pois parte das vivências com seus pacientes e do confronto com seu próprio inconsciente.

Um conceito muito utilizado na prática junguiana é o do inconsciente. O inconsciente, segundo Jung é “a totalidade de todos os fenômenos psíquicos
em que falta a qualidade da consciência” (Os arquétipos e o inconsciente coletivo, p.69). Nele está contido tudo o que um dia foi consciente e logo após
reprimido por ser doloroso demais para permanecerem na consciência, bem como lembranças rudimentares que foram perdidas por serem muito
primitivas para tornarem-se conscientes. A estes conteúdos, Jung denominou “inconsciente pessoal”, e afirmou que ele é constituído em sua maioria
por complexos.

No entanto, e é neste ponto que se encontra o diferencial da psicologia analítica, existem conteúdos do inconsciente, que jamais passaram pela
consciência. São conteúdos – instintos, funções e formas – que estão presentes em todo tempo e em todo lugar. Eles formam o que Jung denominou
de “inconsciente coletivo”, por serem universais e uniformes e não participarem da individualidade do ser humano.

No inconsciente coletivo encontram-se todos os arquétipos. Eles representam todas as situações tipificadas da nossa vida e são ativados dependendo
das situações que vivenciamos. Por exemplo: arquétipo materno e paterno – quando vivenciamos a relação com nossos pais ou nossos filhos;
arquétipo do casamento – quando nos unimos amorosamente a alguém; arquétipo do velho sábio – ao nos depararmos com uma situação de
ensino/aprendizagem; arquétipo da criança – situações que despertam o lúdico dentro de nós; e assim por diante.

Todo arquétipo possui um lado positivo e um lado negativo e dependendo das nossas vivências pessoais, valorizamos mais um ou o outro polo. Este
desequilíbrio é prejudicial à nossa saúde psíquica além de atrapalhar nossas relações sociais e pessoais. A consciência, segundo Jung “propicia um
trabalho bem ordenado de adaptação, isto é, põe freios aos instintos e, por isso, é indispensável. Só quando o homem possui a capacidade de ser
consciente é que se torna verdadeiramente homem” (Os arquétipos e o inconsciente coletivo, p.147).

Para ampliar nosso grau de consciência e promover a cura, este modelo junguiano do inconsciente atribui aos arquétipos uma energia criativa. Dessa
forma, ao acessar os conteúdos arquetípicos, iniciamos um processo criativo de transformação. Para acessarmos os arquétipos a psique se utiliza de
símbolos. Os símbolos se manifestam por meio de vivências significativas do nosso dia a dia, através dos nossos sonhos e desenhos, quando lemos
mitologia ou contos de fada. Esta é a linguagem do inconsciente. Através dos símbolos, acionamos maneiras criativas de solucionar conflitos, contidas
nos próprios arquétipos.

A função do símbolo é ser um intermediário, um “mediador” entre o consciente e o inconsciente. Uma vez que o símbolo surge do lado criativo do
arquétipo, ele vem prenhe de significado. A parte consciente da psique capta esse significado para utilizá-lo na solução de conflitos, ou no próprio
processo de amadurecimento do indivíduo.

Além disso, o símbolo também é um transformador psíquico de energia. Isto significa que ele possui um caráter de cura e restauração. É ele o
responsável pelo movimento da psique, uma vez que alivia as tensões de um conteúdo do inconsciente coletivo que quer se manifestar, dando sentido e
atingindo o consciente, evitando, desta forma a formação de novas aglomerações de energia.

Em determinados momentos de vida, torna-se difícil encontrar esta comunicação com o inconsciente por estarmos muito envolvidos com atividades
cotidianas e burocráticas, ou por termos vivenciado algum sofrimento profundo, ou porque esta comunicação nunca foi valorizada em nosso ambiente.

O terapeuta junguiano, por meio de métodos expressivos verbais e não verbais – sonhos, desenhos, sand play, mitologia, contos de fada, entre outros –
ajuda o paciente a acessar seu inconsciente, encontrando o caminho da cura. Esses métodos precisam ser utilizados justamente porque a linguagem do
inconsciente é simbólica e os dois juntos – terapeuta e paciente – vão decodificá-la, aproximando-se do inconsciente e gerando um processo de
verdadeira transformação.

9 razões para fazer terapia, segundo Jung


Uma pergunta muito comum que ouço com frequência no consultório é a respeito do fim da terapia. A avaliação de quanto tempo vai durar a terapia ou
o que a terapia vai proporcionar em termos de mudança e autoconhecimento é tão variável quanto são os indivíduos.
Quando nós acumulamos uma vasta experiência clínica, como a que tive nestes mais de oito anos atendendo pessoas de todas as idades e lugares do
Brasil e do mundo, não podemos de deixar de nos espantar como as pessoas são extremamente diferentes. Frequentemente nos esquecemos disso e
achamos que “todo homem é igual”, que “toda mulher faz ou pensa assim” ou então pensamos que existem tipos ou grupos de pessoas parecidas.

A verdade é que a individualidade é um fato. Mesmo alguém perdido, que mais imita os outros do que tem sua própria perspectiva, ainda assim tem a
sua imitação própria.

Voltando à nossa questão sobre as razões para se fazer uma terapia e – igualmente – de que modo termina ou para que fim vai, pesquisei em livros de
diversos autores. Como sou um estudioso da obra de C. G. Jung, não podia deixar de escolher um trecho de seu livro “A Psicologia e a Alquimia” (no
qual ele analisa mais de 800 sonhos de um paciente de sua clínica). Neste trecho, ele diz o seguinte:

“No processo analítico, isto é, no confronto dialético do consciente e do inconsciente constata-se um desenvolvimento, um progresso em direção a uma
certa meta ou fim cuja natureza enigmática me ocupou durante anos a fio. Os tratamentos psíquicos podem chegar a um fim em todos os estágios
possíveis do desenvolvimento, sem que por isso se tenha o sentimento de ter alcançado uma meta. Certas soluções típicas e temporárias ocorrem:

1) depois que o indivíduo recebeu um bom conselho;

2) depois de uma confissão mais ou menos completa;

3) depois de haver reconhecido um conteúdo essencial, até então inconsciente, cuja conscientização imprime um novo impulso à sua vida e às suas
atividades;

4) depois de libertar-se da psique infantil após um longo trabalho efetuado;

5) depois de conseguir uma nova adaptação racional a condições de vida talvez difíceis ou incomuns;

6) depois do desaparecimento de sintomas dolorosos;

7) depois de uma mudança positiva do destino, tais como exames, noivado, casamento, divórcio, mudança de profissão, etc;

8) depois da redescoberta de pertencer a uma crença religiosa ou de uma conversão;

9) depois de começar a erigir uma filosofia de vida (“filosofia”, no antigo sentido da palavra”). Se bem que a esta enumeração possam ser introduzidas
diversas modificações, ela define de um modo geral as principais situações em que o processo analítico ou psicoterapêutico chega a um fim provisório,
ou às vezes definitivo  (JUNG, p. 18).

Podemos notar então 9 razões e 9 fins para a terapia. Como ele mesmo menciona, poderíamos fazer modificações a respeito de cada um destes pontos.
Neste texto, pretendo comentar cada uma destas 9 razões com as minhas palavras e com a minha experiencia clínica.

RAZÃO 1: UM CONSELHO
No dia-a-dia é muito comum ouvirmos que o psicólogo pode dar um conselho que vai ajudar a resolver uma situação. A verdade é que os psicólogos não
gostam muito de falar que dão conselhos, seja porque “se conselho fosse bom, não se dava…” ou porque a ideia de aconselhar é antiga e indica uma
prática não científica. Poderíamos colocar uma outra palavra no lugar como uma dica, uma indicação, uma sugestão.

Um exemplo pessoal pode ajudar a deixar claro. Pouco antes de fazer psicologia, eu sentia dúvidas de qual faculdade fazer, pois todas pareciam muito
interessantes. Em uma única consulta de Orientação Profissional, a psicóloga me deu o seguinte “conselho”: pense em cada uma das faculdades que
você quer fazer e imagine se você gostaria de acordar pela manhã e ir trabalhar como sendo aquele profissional, digamos, psicólogo, jornalista,
historiador, professor de literatura…

Este conselho bastou para que eu visse que, embora gostasse de todas aquelas disciplinas das ciências humanas, o lado profissional era fundamental
para a minha decisão.

RAZÃO 2: UMA CONFISSÃO



Jung traz o termo confissão que era muito utilizado no contexto religioso (ainda é no meio católico). Para não misturarmos a religião aqui, podemos
dizer que o que ele quer expressar é o que chamamos de desabafo: quando passamos por uma situação difícil emocionalmente e precisamos
desabafar, ou seja, contar para alguém o que está se passando. Como em muitos casos é complicado contar para parentes ou amigos, o psicólogo pode
cumprir este papel de ouvinte de um desabafo mais ou menos completo.

Após relatar tudo o que está passando em seu relacionamento, uma de minhas pacientes sentiu um alívio imenso e pode entender uma série de
questões que a fizeram mudar o seu comportamento. De modo que ter colocado para fora (é sempre melhor para fora do que para dentro) foi
fundamental para que ela melhorasse a sua qualidade de vida naquele momento.

RAZÃO 3: CONSCIENTIZAÇÃO
O inconsciente é o desconhecido, ou seja, é o que nós não sabemos de nós mesmos, mas que, ainda assim, nos afeta diariamente e à noite nos sonhos.
Em certas ocasiões da vida, como na adolescência, na passagem para a vida adulta e na metade da vida, notamos uma atividade do inconsciente que é
maior do que outros períodos mais calmos. Isto não quer dizer que o inconsciente fique inativo por longos anos, mas apenas que os conflitos entre o
consciente e o inconsciente são maiores ou menores.

Nestes períodos, reconhecer o que está faltando no ponto de vista da consciência é fundamental para a cura. Um de meus pacientes, depois do início da
terapia, começou a conseguir conscientizar aspectos de sua personalidade que demonstravam uma grande tendência homossexual. Reconhecer este
fato – que era visto de forma desagradável – foi o que lhe possibilitou aumentar o seu autoconhecimento e tomar a decisão que mudaria a sua vida.

Outra paciente, sempre fingindo ser a “boazinha”, a pessoa perfeita, mantinha dentro de si a sua própria sombra (sua raiva, seus desejos sexuais
reprimidos, sua angústia). A tensão entre a perspectiva consciente e inconsciente estava tão grande que a estava incapacitando. Com isto, só a terapia
pode fazer com que ela reconhecesse aspectos de si mesma que só via nas outras pessoas, pejorativamente.

RAZÃO 4: LIBERTAR-SE DA INFÂNCIA


Atualmente, vemos em nossa sociedade ocidental diversas pessoas que são adultas apenas na idade. Psiquicamente são tão crianças (no melhor dos
casos adolescentes) que não assumem responsabilidades nem querer definir que rumo vão seguir. É neste sentido que Jung diz “libertar-se da psique
infantil após um longo trabalho efetuado”, ou seja, conseguir seguir o desenvolvimento psíquico normal, que exige mais cedo ou mais tarde que
rompamos a ligação simbiótica com os pais – e, mais frequentemente, com a mãe.

É muito comum vermos a diferença na maneira de lidar com o complexo familiar em uma família com 3, 4 irmãos. Alguns saem de casa rápido, casam-
se logo e desligam-se da família de forma saudável e tranquila, enquanto outros nunca vão conseguir sair. A questão aqui não é que a pessoa tem que
sair, mas a capacidade ou incapacidade de fazê-lo. Por exemplo, uma pessoa que quer ir fazer uma faculdade em outro estado (tem todas as
condições) mas não faz por medo.

RAZÃO 5: SAIR DE UMA CONDIÇÃO DIFÍCIL


Muita gente procura o consultório porque está em um momento complicado. Podemos citar aqui muitas situações que causam sofrimento como o
término de um relacionamento, o falecimento de alguém querido, mudança de cidade ou país, ou qualquer sofrimento psíquico que seja tão grande que
paralise.

Uma de minhas pacientes perdeu um filho de apenas 8 anos. O garoto sofria de uma doença grave e o seu adoecimento foi rápido e imprevisível. Neste
período, sem saber o que fazer (já que até o conforto de sua religião era indiferente), ela buscou a terapia para superar o processo de luto.

RAZÃO 6: LIVRAR-SE DE SINTOMAS INCÔMODOS


Ao ler livros de psicologia clínica, com relatos clínicos, podemos ver centenas de exemplos de sintomas estranhos, esquisitos, bizarros e até pouco
comuns. Mas no dia-a-dia do consultório os sintomas psíquicos são frequentes e parecidos. Porém, para quem está com um sintoma, o sinto-mal (como
diz Lacan) é muito ruim e atrapalha em muitas áreas, como na área profissional, de relacionamentos, área espiritual, etc.

Um sintoma comum que vemos no consultório nos dias de hoje são os pensamentos obsessivos, pensamentos repetidos e repetitivos, com os quais a
pessoa não consegue lidar nem se safar. Quando, ao fazer a terapia, a pessoa finalmente consegue se livrar destes sintomas terríveis, a terapia chega
ao seu fim.

RAZÃO 7: MUDANÇA NO DESTINO
Destino aqui não quer dizer nada místico. Podemos mudar tranquilamente para uma mudança nas condições de vida. Por exemplo, um paciente procura
a terapia porque não sabe o que quer fazer em sua profissão. Não quer continuar na carreira, está desempregado e não sabe como se reencontrar.
Quando (por uma mudança do “destino”) surge uma novíssima oportunidade – dentro da mesma carreira – mas com outras formas de atuação, a terapia
está concluída. Neste caso, não quer dizer que são situações externas que vão fazer com que o processo terapêutico acabe, mas, ao ter a sua situação
mudada, a nova possibilidade de vivência exterior acaba com a tensão interna anterior.

RAZÃO 8: ENCONTRAR OU REENCONTRAR SUA RELIGIÃO


Jung, ao contrário de muitos pesquisadores mais céticos, acreditava que todo ser humano tinha uma tendência a se encontrar espiritualmente. Falei
sobre esta questão em outro texto. Você pode ler aqui – Psicologia e Deus

Um grande problema que aparece na clínica é a respeito do sentido da vida, do sentido da existência, sobre o que acontece depois da morte e outras
perguntas do gênero. Como é a religião o âmbito que oferece respostas a tais perguntas, quando, por si mesmo, o paciente encontra ou reencontra sua
própria orientação religiosa, ele encontra o sentido para a sua vida. É muito comum, nestes momentos, vermos sintomas antigos ou que estão difíceis
de serem reparados, desaparecerem por completo.

RAZÃO 9: ENCONTRAR A PRÓPRIA FILOSOFIA


Esta última razão é muito próxima da anterior. A diferença reside que encontrar a própria filosofia faz com que a dependência de uma instituição externa
(como uma religião, um credo ou uma seita) não seja mais necessária. Pode ser que uma filosofia individual, um modo de encarar a vida e a relação
com os demais se encaixe perfeitamente em uma orientação já existente em práticas ou ensinamentos religiosos. Nem sempre é o caso e é por isso
que Jung o cita.

Por exemplo, um paciente, perdido em todos os sentidos, pode encontrar sua filosofia de vida na arte. Sendo um artista ou vivenciando a arte de outras
pessoas, ele pode encontrar um jeito, uma ética ligada à estética, que será adequada para si mesmo.

De modo que estas são as principais causas e os principais fins que vivenciamos no nosso dia-a-dia como psicólogos clínicos.

Clique no módulo abaixo que deseja estudar:

1º Módulo: A relação teórica e pessoal entre Freud e Jung

2º Módulo: A personalidade para Jung

3º Módulo: A prática da psicoterapia e o caminho de cura

4º Módulo: Tipos psicológicos e Perfil Profissional

5º Módulo: O conceito de Inconsciente Coletivo

6º Módulo: Pensar com o coração

7º Módulo: Depressão na visão da psicologia analítica de Jung

8º Módulo: A psicologia da religião para Jung

9º Módulo: Processo Criativo e Expressão Artística

10º Módulo: O conceito patologizar - James Hillman


11º Módulo: A objetividade psíquica para Jung


11 Módulo: A objetividade psíquica para Jung

Copyright © 2017-2021 - Todos os direitos reservados

 Instituto Brasil de Formação

Você também pode gostar