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1 - Farmacocinética
Trata das etapas que o medicamento sofre no organismo desde a administração até a sua eliminação.
Essas etapas são divididas em:
Absorção – vai da escolha da via de administração (oral, intravenosa, intramuscular, sublingual) até a
chegada na corrente sanguínea. (Efeito de primeira passagem é o processo da metabolização do fármaco pelo
fígado e pelos microrganismos intestinais).
Distribuição – é a etapa em que a droga é distribuída no corpo através da circulação chegando aos locais
onde vai atuar, sendo primeiro aos órgãos mais vascularizados (SNC, Pulmões, coração) e depois aos tecidos
menos irrigados (tecido adiposo). Sofre influência da concentração de proteínas plasmáticas no sangue que são
necessárias para formar a fração ligada do medicamento.
Excreção – processo de remoção dos compostos do organismo para o meio externo sendo a forma mais
comum a excreção por via renal.
2 – Farmacodinâmica
Tem por objetivo o estudo dos efeitos fisiológicos dos medicamentos no organismo, seus mecanismos
de ação, relação entre concentração do medicamento e os efeitos desejados e indesejados além de fatores que
interferem no efeito das medicações (alimentação, uso de álcool). Dois conceitos importantes são Afinidade
(capacidade da droga se ligar ao seu alvo) e Atividade Intrínseca (é a capacidade de uma vez ligado, a droga
promover uma ação dentro da célula).
As sinapses nervosas são divididas em químicas (comunicação entre neurônios feita por mediadores
químicos chamados neurotransmissores) ou elétricas (por passagem de íons através de junções comunicantes).
Nosso estudo tem por base conhecer os neurotransmissores afinal eles são sintetizados e armazenados pelos
próprios neurônicos dentro de vesículas e por meio de exocitose são liberados nos terminais axônicos para a
fenda sináptica e atuam nos receptores proteicos pós-sinápticos permitindo a comunicação.
Sendo assim quando o potencial de ação chega no terminal pré-sináptico os canais de Cálcio Voltagem-
Dependentes se abrem permitindo a difusão de Cálcio para o interior do terminal. Esse aumento de Cálcio
estimula a exocitose dos neurotransmissores para a fenda sináptica e os NT ligam-se de maneira reversível aos
receptores da membrana pós-sináptica causando mudanças na permeabilidade iônica celular. Essa interação
provoca uma mudança na condutância iônica da membrana celular pós-sináptica e um fluxo de íons que pode
levar a despolarização (entrada de cátions) ou hiperpolarização (entrada de ânions ou saída de cátions).
Após esse evento o sistema receptor precisa voltar ao seu estado de repouso para aguardar novas
mensagens e os mediadores químicos precisam ser inativados por mecanismos tais quais a difusão lateral,
degradação enzimática ou receptação pela membrana pré-sináptica por vias de proteínas especializadas de
transporte (essa maneira apresentando gasto energético) e lembrando que acetilcolina é o único
neurotransmissor que não sofre receptação.
Os NT agem sobre dois tipos de receptores pós-sinápticos que são os Ionotrópicos (após o NT se ligar ao
receptor acontece abertura ou fechamento de canal iônico, sendo esta uma transmissão rápida) e os
Metabotrópicos (o NT se liga ao receptor dando início a reações bioquímicas [ativa proteína reguladora G e essa
aciona a proteína efetuadora] que permitem a abertura de forma indireta de canais iônicos, sendo esta uma
reação em cascata e usando um segundo mensageiro, sendo esta uma comunicação lenta).
4 - Neurotransmissores e neuromoduladores
Quando pensamos em NT temos como características básicas que estes devem ser sintetizados pelos
neurônios pré-sinápticos, são armazenados dentro de vesículas nos terminais axônicos, são liberados por um
processo de exocitose para a fenda sináptica quando chega o potencial de ação e possuem receptores pós-
sinápticos cuja ativação causa potenciais pós-sináptico (excitatórios ou inibitórios).
Geralmente um neurônio produz apenas um tipo de NT (excitatório ou inibitorio) mas alguns secretam
também os chamados neuromoduladores, os quais tem por função regular o nível de excitabilidade da
membrana pós-sináptica (facilitam ou dificultam a deflagração do potencial de ação). Um NT pode ter vários
subtipos de receptores pós-sinápticos e por isso bastante especifico sendo importante na fabricação de
medicamentos.
A neurotransmissão pode ser afetada por substancia exógenas (fármacos, drogas ou toxinas) de forma
a se ligar especificamente a um determinado receptor e mimetizar os efeitos do NT natural (esta substancia é
chamada de Agonista) ou bloqueando o receptor sendo chamado de Antagonista.
Os neurônios colinérgicos (com provável ligação aos processos de aprendizado e vigíia) possuem a
enzima Acetilcolina Transferase que transfere um grupo acetil do acetil-CoA à colina. O neurônio também
sintetiza a enzima Acetilcolinesterase (AchE) que é secretada para a fenda sináptica e degrada o NT em colina e
ácido acético. A colina é recaptada e reutilizada para síntese de novos NT. Os inseticidas organofosforados
inibem a ação da AchE levando a exacerbação da atividade parassimpática 1 e da atividade colinérgica sobre a
musculatura esquelética (provocam lacrimejamento, miose ocular (diminuição da pupila), salivação, sudorese,
diarreia, náuseas, tremores, aumento da secreção brônquica e bradicardia).
Muitos dos efeitos colaterais dos psicofármacos se devem a atuação em tais receptores promovendo os
chamados efeitos anticolinérgicos (boca seca, mucosas secas, constipação, dificuldade para urinar, retenção
urinária, visão turva, dificuldade de acomodação cristalino, dificuldades da memória, confusão mental e
disfunção erétil.
A dopamina é produzida especialmente pela substância nigra e na área tegmental ventral e está
envolvida no controle de movimentos, aprendizado, resposta de recompensa importante no abuso e
dependência de drogas, humor, emoções, cognição e memória. A desregulação da dopamina está relacionada a
transtornos neuropsiquiátricos como Mal de Parkinson, no qual ocorre escassez na via dopaminérgica nigro-
estriatal; na esquizofrenia, no qual ocorre excesso de dopamina na via dopaminérgica mesolímbica e escassez
na via mesocortical. A dopamina na hipófise inibe a prolactina na via túbero-infundibular (na depressão pós-
parto ocorre diminuição da dopamina) e na via mesocortical a dopamina controla o apetite.
Adrenalina Receptor α Receptor β
Noradrenalina
Tipo Metabotrópico Metabotrópico
Mecanismo de Ação Proteina G; ↑AMPc Proteina G; ↓ AMPc
Abrem canais de Cálcio
Subtipos α1 / α2 β1 / β2 / β3
Agonista Fenilefrina / Clonidina Dobutamina
Antagonista Prazosin Atenolol
Dopamina Receptores
Tipo Metabotrópico
Mecanismo de Ação Proteina G, ↑ AMPc abrindo canais de Cálcio
Subtipos D1 / D2 / D3 / D4 / D5
A medicação Dopamina não atravessa a barreira hemoatoencefálica e seu
uso ocorre para aumentar contração cardíaca, hipotensão grave.
Serotonina
Serotonina
Tipo Ionotrópico Metabotrópico
Mecanismo de Canais iônicos Proteina G; AMPc
Ação
Subtipos 5HT3 5HT1A / 5HT1B / 5HT1C, 5HT1D/
5HT2 / 5HT4
AMINOÁCIDOS
Glutamato e Aspartato
Os receptores AMPA e NMDA co-existem na mesma sinapse. O neurônio pré-sináptico libera Glu e este
liga-se a receptores NMDA, mas precisa de outro NT chamado Glicina para abrir o canal. Mesmo depois de
aberto, o interior do canal está obstruído por íons Mg++ impedindo a entrada de Ca++. Como a ação do Glu no
canal AMPA é mais rápido, a entrada de cátions por essa via despolariza a membrana repelindo os íons Mg++
dos canais NMDA. Com isso, torna-se possível a entrada de Na+ e de Ca++. Em outras palavras, a ação
despolarizante do Glu depende de uma despolarização prévia, AMPA dependente. O Ca++ então funciona como
2º mensageiro intracelular, mediando a regulação da expressão gênica. Acredita-se que o glutamato atue na
memória e cognição do indivíduo, fato que pode ser relacionado à participação do receptor NMDA na
plasticidade sináptica (alteração da “força sináptica”, ou seja, da capacidade de excitação ou inibição da célula
pós-sináptica) e na indução da potencialização de longo prazo (LTP), que se refere a um aumento prolongado
(horas a dias) na magnitude de uma resposta pós-sináptica a um estímulo pré-sináptico.
Após sua atividade no receptor, glutamato é recaptado da fenda sináptica através de proteínas
transportadoras, localizadas na membrana de células gliais e no neurônio pré-sináptico, garantindo assim a
homeostase. Processa-se, então, dentro da célula glial, o início de uma via de reutilização através da conversão
do glutamato em glutamina (enzima glutamina sintetase). A glutamina é transportada através da membrana da
célula glial para o neurônio pré-sináptico e então convertida em glutamato pela enzima glutaminase para ser
estocado novamente em vesículas. A ação reversa, em condições patológicas, desses transportadores de
recaptação pode levar a uma condição conhecida por excitotoxicidade, na qual a excessiva entrada de íons na
célula pós-sináptica, notadamente íons cálcio, é capaz de ativar mecanismos apoptóticos (processo de morte
celular).
Com relação ao Aspartato este localiza-se especialmente na medula espinhal, formando um par
excitatório/inibitório, respectivamente, caracterizado por aspartato/glicina, assim como o fazem
glutamato/GABA no encéfalo. É reabsorvido pela membrana pré-sináptica após sua atividade excitatória sobre
a célula pós-sináptica e existem indícios de que esse neurotransmissor se relacione com fenômenos de
resistência ao estado de fadiga.
O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um aminoácido que não entra na síntese de proteínas e só está
presente nos neurônios gabaégicos. É o principal NT inibitório do SNC tendo os receptores GABAa: Ionotópicos
que abrem canais de Cl- (Cloreto) e hiperpolarizam a membrana; GABAb Metabotópicos que estão acoplados a
proteína G e aumentam a condutância para os íons K+, hiperpolarizando a membrana.
GLICINA
A Glicina é um NT inibitório que aumenta a condutância para o Cl- na membrana pós-sináptica dos
neurônios espinhais. A sua presença é essencial para que os receptores NMDA funcionem. A estricnina é um que
antagonizam os efeitos da Gli, causando convulsão e morte.
A bactéria Clostridium causadora do tétano possui toxinas que agem competitivamente sobre os
receptores de glicina, removendo a sua ação inibidora sobre os neurônios motores do tronco encefálico e da
medula espinhal causando rigidez muscular em todo o corpo, dificuldade para abrir a boca e engolir e espasmos
dos músculos da face além de poder atingir os músculos respiratórios.
ATP - Em adição às aminas e aminoácidos, outras moléculas menores podem servir como mensageiros. Entre
eles está o ATP, molécula chave do metabolismo: ele está concentrado em muitas sinapses do SNC e do SNP e é
liberado na fenda dependente de cálcio. Parece abrir canais catiônicos na membrana pós-sináptica.
Peptídeos Opióides - os seus receptores são estimulados por substancias opióides como a morfina. A encefalina
é encontrada nos terminais nervosos do trato gastrintestinal e modulam a sensibilidades dolorosa, agindo sobre
os canais de Ca++ voltagem-dependentes.
Oxido nítrico (NO) e monóxido de carbono (CO) - ambos são moléculas gasosas pequenas e que são sintetizadas
enzimas especificas presentes em alguns neurônios. A síntese desses gases geralmente nas sinapses excitatórias,
especialmente mediadas pelo glutamato, através de receptores do tipo NMDA. Como são voláteis não são
armazenados em vesículas e se difundem facialmente. Essas moléculas agem pós e pré-sinapticamente; neste
último caso, age facilitando a neurotransmissão por retroalimentação positiva.