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Módulo 2
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO
CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR - CDC
2019 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer
meio, salvo com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala
542 – Brasília, DF, CEP 70.964-900.
Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
O conteúdo deste curso foi adaptado a partir da obra produzida pelos Consultores Leonardo R. Bessa, Walter J. F.
Moura. Manual de Direito do Consumidor. 2014, Brasília/DF: Escola Nacional de Defesa do Consumidor – ENDC,
4ª edição.
Apoio Técnico
Ana Cláudia Sant’Ana Menezes
Curso desenvolvido no âmbito do Termo de Execução Descentralizada nº 1/2015 celebrado entre a Secretaria
Nacional do Consumidor (Senacon) e a Fundação Universidade de Brasília, por intermédio do Centro de
Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (FUB/CDT).
Sumário
APRESENTAÇÃO............................................................................................................. 4
APRESENTAÇÃO
Vamos lá?
Bom estudo!
Olá! Seja
bem-vindo(a) ao
Módulo 2.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
1. PRINCÍPIOS DO CDC
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
produzir bens de consumo, o que era feito em pequena escala e de modo rudimentar, para fabricá-
los a partir de máquinas, aumentando consideravelmente a oferta destes bens no mercado. Antes,
as relações entre comerciantes e seus compradores eram pessoais e estes últimos detinham maior
poder de decisão quanto à escolha, forma de pagamento, técnica adotada para a feitura do bem
e correta identificação do comerciante e seu domicílio, fatores que lhes permitiam exercer não
apenas uma negociação segura, mas também confiável.
DESTAQUE
Atenção! A palavra ‘mercado’ tem vários sentidos. Pode designar um espaço físico onde comerciantes
se reúnem para oferecer bens de consumo (ex.: Mercado Municipal de uma cidade); pode indicar um
ramo específico de certa atividade empresarial (ex.: o mercado de automóveis importados cresceu
muito depois que o dólar baixou); ou, em seu significado amplo, mercado de consumo é todo o conjunto
de atividades econômicas (de toda natureza e forma, inclusive por meios eletrônicos, fora e dentro
dos estabelecimentos comerciais, bancárias, securitárias, financeiras e creditórias) envolvendo o
fornecimento de produtos e serviços.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
MERCADO
PROMOÇÃO
compre 1
leve 2
M M M Significado amplo –
E Espaço físico onde Pode indicar um ramo E
E Mercado de Consumo =
R comerciantes se R específico de certa R conjunto de atividades
C reúnem para oferecer C atividade empresarial C
A econômicas envolvendo
bens de consumo - A – Mercado de A
D D o fornecimento de
Ex: Supermercado. D automóveis.
O O O produtos e serviços.
Nesse contexto de relações massificadas concluídas, com cada vez mais agilidade, verifica-
se que os contratos de adesão são a realidade do mercado de consumo brasileiro. Basta observar
que lojas de departamento e eletrodomésticos, bancos ofertando linhas de crédito e o acesso aos
serviços de água, luz, telefone e energia elétrica, estão presentes tanto em grandes quanto em
pequenos municípios.
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
SAIBA MAIS
O Contrato de Adesão é o contrato padrão cujas cláusulas são estabelecidas unilateral-
mente pelo fornecedor de produtos e serviços.
As relações de consumo
Com a produção em larga
passam a ser massificadas e
escala marcada pelo
o consumidor deixou de ter
Fordismo, o comércio se
livre escolha, passando a
despersonalizou.
ser submetido às condições
Observa-se, em algumas
gerais do mercado.
áreas, a imposição de
condições mais vantajosas
para o fornecedor.
Não há dúvidas de
que o Código de Defesa
do Consumidor aplica-se
integralmente aos contratos de
adesão e às relações massificadas,
desde que sejam considerados
um patamar mínimo para o
estabelecimento das
relações comerciais.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
LEGISLAÇÃO
“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade
e desempenho.
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção
do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os
princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da Constituição Federal), sempre com base na
boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores”. (...)
O CDC instituiu o Princípio da proteção da confiança do consumidor, tendo como um dos seus
aspectos “a proteção da confiança na prestação contratual, que dará origem às normas cogentes
do CDC, que procuram garantir ao consumidor a adequação do produto ou serviço adquirido, assim
como evitar riscos e prejuízos oriundos destes produtos e serviços¹”.
¹ MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. RT, 3a ed., 1999, p. 126 e 127.
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Nossa! Ele
ultrapassou! Que
perigo corremos!
Por ‘vulnerabilidade’, deve-se entender o princípio mais importante do CDC, pois a partir
dele é reconhecido que os consumidores são sujeitos que precisam da proteção especial do Estado
quando se relacionam com os fornecedores, pois sem este auxílio, não ficam em pé de igualdade
e passam a sofrer vários prejuízos pessoais e econômicos. Com efeito, uma vez caracterizada a
vulnerabilidade do consumidor (esta é marca de diferença), o Estado se viu obrigado a intervir no
mercado a partir da lei para garantir aos consumidores o restabelecimento de igualdade e respeito
à sua existência digna. Processo histórico parecido aconteceu com as Leis Trabalhistas.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
A presença do Estado nas relações de consumo dá-se pelo dever de ação governamental
(art. 4º, inciso II, CDC), repetindo a já referida norma constitucional dirigida ao Estado de promover
a defesa do consumidor na forma da lei, art. 5º, inciso XXXII, CF.
Para Valério Dal Pai Moraes, vulnerabilidade, sob o enfoque jurídico, é, então, o princípio
pelo qual o sistema jurídico positivado brasileiro reconhece a qualidade ou condição daquele(s)
sujeito(s) mais fraco(s) na relação de consumo, tendo em vista a possibilidade de que venha(m) a ser
ofendido(s) ou ferido(s), na sua incolumidade física ou psíquica, bem como no âmbito econômico,
por parte do(s) sujeito(s) mais potente(s) da mesma relação² .
² MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da vulnerabilidade no contrato, na publicidade nas demais
prátícas comerciais: interpretação sistemátíca do direito. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 125.
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SAIBA MAIS
Isso posto, pode-se dividir a vulnerabilidade em três³ âmbitos de forma clássica para doutrina
brasileira: a técnica, a jurídica e a fática. A reformulação dada pela Professora Cláudia Lima
Marques ao conceito insere a ideia de vulnerabilidade informacional , a qual ganha especial
relevância nos dias atuais.
A vulnerabilidade técnica é a mais fácil de se identificar. Basicamente, pode-se resumir na
ideia de que o consumidor não tem conhecimentos específicos sobre o produto ou serviço
adquirido, conhecimento este que, em geral, o fornecedor possui. Para Bruno Miragem, o
exemplo típico de relação é aquela do médico e paciente. Um outro exemplo seria o do con-
sumidor que, ao adquirir um medicamento, não pode identificar se o remédio que ele comprou
possui os elementos químicos constantes na bula ou se está adquirindo uma simples pílula
de farinha.
Por outro lado, a vulnerabilidade jurídica é aquela em que o consumidor não entende quais
as consequências de firmar um contrato ou estabelecer uma relação de consumo. Para Clau-
dia Lima Marques, estaria incluída aqui a vulnerabilidade, além de jurídica, também a contábil
e a econômica. Em linhas gerais, verifica-se quando é marcante que, enquanto o fornecedor
trabalha frequentemente com seu ramo econômico, contando com assessoramento jurídico
especializado, habitualmente defendendo causas semelhantes, o consumidor que precisa
com ele litigar (defender- se ou ajuizar ação judicial), terá, em contraste, poucos recursos.
Obviamente, a experiência, os argumentos, os documentos e provas nestes assuntos já es-
tão previamente organizados pelo fornecedor.
A vulnerabilidade fática é mais abrangente, e é reconhecida no caso concreto. É espécie
importante, pois além de ser uma ideia/conceito genérica de vulnerabilidade, é aqui que
se estabelecem casos de dupla vulnerabilidade do consumidor idoso e criança.
Por fim, a vulnerabilidade informacional constitui-se no reflexo da sociedade em que vive-
mos, a qual se caracteriza pelo surgimento de blocos econômicos e pela globalização, pela
acessibilidade, rapidez e fluidez do acesso à informação . Nesse contexto, o dever de infor-
mar ganha contornos importantíssimos e fundamentais nos tempos atuais, seja no direito civil
ou no direito do consumidor, onde sua importância é ainda maior, refletindo-se na proteção
legal da vulnerabilidade do consumidor, nos termos do art. 4º, Inciso III, do CDC.
³De outro modo, Paulo Valério Dal Pai Moraes escreve que haveria, além dos três conceitos clássicos, outras espécies de vulnerabilidade: política ou
legislativa, neuropsicológica, econômica e social, ambiental e tributária.
“O princípio da vulnerabilidade é o princípio básico que fundamenta a existência e aplicação do direito do consumidor [...] e constitui presunção
legal absoluta [...] A doutrina e jurisprudência vêm distinguindo diversas espécies de vulnerabilidade. Entre nós, é conhecida a lição de Cláudia
Lima Marques que distingue a vulnerabilidade em três grandes espécies: vulnerabilidade técnica, vulnerabilidade jurídica e vulnerabilidade fática.
E recentemente identifica a autora gaúcha numa quarta espécie de vulnerabilidade: a vulnerabilidade informacional.” (MIRAGEM, 2008, p. 61-64).
MIRAGEM, Bruno Nunes. Direito do consumidor: fundamentos do direito do consumidor; direito material e processual do consumidor; proteção
administrativa do consumidor; direito penal do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 63.
Neste sentido, vide o Manual de Direito do Consumidor: MARQUES et al (2009, p. 76-77) afirmam: “Resta analisar a vulnerabilidade informacional,
que é a vulnerabilidade básica do consumidor, intrínseca e característica deste papel na sociedade. Hoje merece ela uma menção especial, pois na
sociedade atual, é de grande importância a aparência, a confiança, a comunicação e a informação. Nosso mundo de consumo é cada vez mais visual,
rápido e de risco, daí a importância da confiança”.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
Pagamento
somente em
Dinheiro
DESTAQUE
Atenção! A partir de todos estes critérios de visualização da vulnerabilidade, é importante observar
que eles são apenas critérios didáticos que auxiliam na identificação do ponto de fragilidade do
consumidor. Na prática, a demonstração da vulnerabilidade é presumida pela própria lei. As espécies de
vulnerabilidade (técnica, fática, jurídica e informacional) não precisam se somar para que o consumidor
seja reconhecido. Basta uma!
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Deveres Gerais
• Transparência.
• Honestidade.
• Ética.
• Confiança.
• Lealdade.
Na prática, significa que não são permitidas táticas ou estratégias de mercado elaboradas
pelos fornecedores com a finalidade de enganar e ludibriar os consumidores. A boa-fé pode ser ex-
traída dos usos e costumes do local, assim como a partir das experiências das pessoas envolvidas,
fazendo-se necessária para permitir ou recuperar a legítima expectativa do consumidor que, a mais
das vezes, contrata uma coisa pensando noutra.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
A harmonização dos interesses, a boa-fé e o equilíbrio nas relações de consumo estão pre-
vistas no art.4°, inciso III, do CDC:
LEGISLAÇÃO
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
(...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da
proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre
com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
Imagine você,
assegurado da
Operadora Viva+, sendo
convidado a se retirar da
UTI, pois seu prazo de
permanência foi
limitado a 10 dias.
DO OR O que vocês
ITO ID estão fazendo é
I RE SUM
D N
CO uma prática
abusiva e o CDC a
repudia. O Princípio
da boa-fé (previsto
no CDC) garante a
permanência na
UTI pelo tempo que
for necessário.
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu, como exemplo de concretização das regras gerais
da boa-fé, que as operadoras de planos de saúde não podem limitar o prazo de cobertura para
pacientes que se internam em Unidade de Terapia Intensiva – UTI, o que significa dizer que esta
exigência contratual é totalmente contrária à legítima expectativa dos pacientes que, quando
buscaram este tipo de serviço, não tiveram condições ou mesmo oportunidade de avaliar a
malfadada exigência contratual (Súmula nº 302, do STJ; no mesmo sentido, Portaria 7, de 3 de
setembro de 2003 - SDE ).
LEGISLAÇÃO
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
(...)
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de
produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
LEGISLAÇÃO
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,
a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios:
(...)
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com
vistas à melhoria do mercado de consumo;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
Por fim, a referida Política ainda preza pela constante racionalização e melhoria dos serviços
públicos, devendo os órgãos de proteção e defesa do consumidor acompanhar e repensar formas
de otimização e evolução dos serviços públicos disponibilizados aos cidadãos.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
Política
Nacional das
Relações de
Consumo –
PNRC
Atendimento às
necessidades dos
Consumidores.
Transparência e
harmonia das
relações de consumo.
Racionalização e
Melhoria dos
Serviços Públicos.
Respeito à
Dignidade.
Proteção de seus
interesses
econômicos.
Saúde e Segurança.
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Assim, nota-se que, entre os objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo, estão
o respeito à dignidade, o atendimento à saúde e segurança dos consumidores, a proteção dos
interesses econômicos e a transparência e harmonia nas relações de consumo por intermédio do
reconhecimento do Princípio da Vulnerabilidade.
Mas, de antemão, é importante realçar que o CDC não é uma lei que protege o consumidor
a todo e qualquer custo. Não é sempre verdadeiro o ditado de que o consumidor tem sempre
razão. O CDC veio para restabelecer uma situação de equilíbrio entre consumidor e fornecedor.
É exatamente o que estabelece a meta de harmonização das relações de consumo. Logo, o
consumidor deve pagar um preço justo e agir de boa-fé.
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PDF Curso PDB - Módulo 2
2. ENCERRAMENTO DO MÓDULO
Chegamos ao final
deste módulo!
Parabéns! Agora vamos
fazer as atividades
avaliativas e avançar
para o último módulo?
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
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PDF Curso PDB - Módulo 2
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Realização:
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