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RESUMO
O crime de difamação vem estabelecido no artigo 139 do Código Penal Brasileiro, tratando-se,
em termos de gravidade objetiva, da modalidade intermediária entre os três delitos contra a
honra.
O núcleo do tipo é único, consistindo em difamar alguém, conduta comissiva cujos elementos
vêm descritos no próprio enunciado do caput do referido artigo, consistente na imputação de fato
ofensivo à reputação da vítima.
O agente, portanto, atinge a reputação de terceiro, atribuindo-lhe uma conduta não criminosa,
porém ética e moralmente reprovável, e fazendo com que tal imputação venha a ser conhecida
ao menos por terceira pessoa.
Diferentemente do que ocorre com a calúnia, não é mister que a atribuição do fato seja falsa,
não obstante a falsidade da imputação seja sintomática da intenção do ofensor em de fato
conspurcar a honra da vítima.
Considerando que ao atingir a reputação da vítima tem-se como vulnerada sua honra objetiva —
portanto sua imagem perante a sociedade —, o delito de difamação se consuma quando a falsa
imputação da prática de crime ganhar publicidade. A noção de publicidade, in casu, não demanda
que a difamação alcance o conhecimento de um número expressivo de pessoas, sendo bastante
que uma única pessoa dela tome conhecimento para a consumação do delito.
O tipo penal não estabelece a forma como deve ser concretizada a conduta do agente, podendo
a difamação ser perpetrada verbalmente, por escrito, por meios eletrônicos etc., bastando que
os meios sejam aptos a divulgar a imputação.
Tipo subjetivo
O dolo exigido pela difamação é o genérico, consistente na vontade livre e consciente de praticar
o tipo penal.
O dolo específico consiste na especial finalidade na prática do delito que, na espécie, é o animus
difamandi, ou seja, o propósito específico de conspurcar a honra da vítima.
Tal exigência, embora possa, aprioristicamente, mostrar-se evidente, fica mais clara a partir da
consideração de que intenções diversas são aptas a descontruir o elemento subjetivo do delito.
Assim, v.g., a difamação proferida com intuito de mera pilhéria (animus jocandi) entre amigos,
não se acomoda com o intuito de ofender a reputação, afastando, portanto o animus difamandi.
Da mesma forma, a testemunha que presta depoimento, em sede do que descreve fato
objetivamente ofensivo não comete difamação por atuar com animus narrandi (intenção de narrar
um fato).
Exceção da verdade
Embora a difamação, diferentemente da calúnia, não exija a falsidade da imputação que se faça
à vítima, o legislador também previu — de forma bastante restritiva — a possibilidade da exceção
da verdade (artigo 139, parágrafo único).
Com efeito, no caso da difamação, a exceção da verdade somente será admitida quando esta
for proferida em desfavor de funcionário público e quando esta recaia sobre suas funções. A
exceção se justifica, na espécie, por haver interesse da administração pública envolvido,
consistente em apurar a prática de algum fato de seu agente que de alguma forma atinja o
Estado.
Classificação
Trata-se de crime comum, comissivo, de forma livre, formal, instantâneo, de dano, unissubjetivo,
unissubsistente ou plurissubsistente.
LEITURA COMPLEMENTAR
[...] o homem é o mais afortunado dos seres vivos e, consequentemente, merecedor de toda
admiração; do que pode ser a condição na hierarquia dos seres que lhe são atribuídos, que atrai
sobre si a inveja, não dos brutos sozinho, mas dos seres astrais e as inteligências que habitam
além dos confins do mundo. Uma coisa superando crença e ferir a alma com admiração. Ainda
assim, como poderia ser de outra forma? Pois é por este motivo que o homem é, com justiça
completa, considerada e chamou um grande milagre e um ser digno de toda a admiração.
JURISPRUDÊNCIA