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conclusão eu copia ela inteirinha o resto do trabalho não, o meu é outro material.

ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA

Como vimos, o princípio da legalidade é basilar, aplica-se a todos os ramos do Direito.


Bastava que figurasse somente nestes termos genéricos para que tivesse eficácia da
mesma forma também no âmbito tributário. A diferença seria que estaríamos defronte
de um princípio da legalidade tributária implícito. No entanto, tamanha é a importância
deste que o legislador constituinte optou por deixar expresso na Constituição o princípio
específico da legalidade para a área tributária, com o intuito de proteger o contribuinte.
(4)

"Art. 150 (...)

I - Sem prejuízo de ouras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça " (BRASIL. Constituição 1988.)

Ocorre que o sistema jurídico brasileiro é ainda mais rigoroso na matéria tributária, pois
vige o princípio da estrita legalidade tributária, pelo qual se entende lei em seu
sentido estrito, que somente lei ordinária (5)pode criar o tributo. Ou seja, não basta que,
por exemplo, o Município expeça um decreto para que o tributo esteja sob a legalidade.
O sistema brasileiro prescreve que a lei que cria ou aumenta tributo deve ser editada
somente pelo poder legislativo mediante lei ordinária. E ainda, este poder legislativo
deve ser o competente para tanto. (6)

Deve-se esclarecer precisamente o que esse princípio quer significar. O seu conteúdo
exige que a norma tributária que exige (cria) ou aumenta tributo seja detalhadamente
definida pela lei ordinária. Ou seja, devem ser descritos abstratamente "sua hipótese de
incidência, seu sujeito passivo, seu sujeito ativo, sua base de cálculo e sua alíquota.(...)
Portanto, as exigências do princípio da legalidade tributária são cumpridas quando a lei
delimita, concreta e exaustivamente, o fato tributável. " (7)
Por conseqüência, as obrigações tributárias acessórias, que são "meros deveres
instrumentais que o contribuinte deve cumprir no interesse da arrecadação ou da
(8)
fiscalização dos tributos" , não estão sujeitas ao princípio da legalidade estrita,
podendo ser estabelecidas por lei em sentido amplo.
O Princípio da Legalidade, bem como da Estrita Legalidade Tributária são garantias
decorrentes dos direitos fundamentais da pessoa humana, decorrentes do art. 5º da
Constituição Federal, especificamente do seu inciso II que determina que ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.
O Princípio da Legalidade, já de longa data instituído no ordenamento
jurídico pátrio, decorre da história do Direito Tributário, eis que a instituição de
tributos, durante muitos séculos, ficava ao arbítrio do governante, vindo o referido
princípio a limitar o poder tributante.
O professor Roque Carrazza destaca em sua obra que o Princípio da
Legalidade visa, ainda, a limitação do direito de tributar do Estado: “De fato, em nosso
ordenamento jurídico, os tributos só podem ser instituídos e arrecadados com base em
lei. Este postulado vale não só para os impostos, como para as taxas e contribuições
que, estabelecidas coercitivamente, também invadem a esfera patrimonial privada.”.
A questão proposta provoca a reflexão sobre o momento do pagamento
de tributos, se a alteração da data de vencimento traduz um fato que reclama a
regulamentação por lei para que a Fazenda possa exercer o seu direito de exigir o
pagamento do tributo.
Na alteração da data do vencimento do tributo, devemos analisar se a
legislação e o sistema constitucional tributário exige regulamentação legal para que o
sujeito ativo da obrigação tributária possa alterar a data do vencimento sem previsão
legal, mesmo que a alteração gere a antecipação da exigência.
De acordo com a questão proposta, não estamos diante da majoração ou
criação de exação, mas apenas modificação no prazo de recolhimento e se a alteração
deste prazo exige previsão legal ou pode se dar por ato normativo do Poder Executivo,
isto é, do próprio Poder Tributante.
Mas antes de ingressar no cerne da questão proposta, precisamos fazer
algumas considerações sobre a previsão constitucional e o Princípio da Estrita
Legalidade.

1. Da Previsão Constitucional
No Brasil, exceto a Constituição de 1934, todas trazem o Princípio da Legalidade em
seu conteúdo, asseverando a necessária segurança jurídica, especialmente nas relações
entre contribuintes e Azienda.

Na Constituição de 1891, encontramos o Princípio da Legalidade assim disposto:

“nenhum imposto de qualquer natureza poderá ser cobrado senão em virtude de uma lei
que o autorize (art. 72, parágrafo 30).”

Não foi diferente na Constituição Federal de 1988.

A Constituição Federal traz em seu artigo 150 o Princípio da Legalidade no Sistema


Constitucional Tributário brasileiro.

Diz o referido dispositivo:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

(...)”

Diante da previsão constitucional precisamos analisar se a alteração na data do


pagamento de tributo determina exigência ou aumento de tributo.

Segundo as palavras do mestre Hugo de Brito Machado, há necessidade de previsão


legislativa para as imposições tributárias:

“O tributo criado por lei, só por lei pode ser aumentado. Nem seria necessário que a
Constituição fosse explícita no pertinente ao aumento”.

Pelas considerações do ilustre professor Hugo de Brito, já resta claro que o Princípio em
exame está intimamente ligado à criação e aumento da tributação. O autor denomina de
‘imposições tributárias’, sendo que interpretamos esta expressão como a exigência ou
aumento da tributação.

Explica ainda o ilustre professor que a lei instituidora deve conter: “a)a descrição do
fato tributável; b) a definição da base de cálculo e da alíquota, ou outro critério a ser
utilizado para o estabelecimento do valor do tributo; c) o critério para identificação do
sujeito passivo da obrigação tributária; d) o sujeito ativo da relação tributária, se for
diverso da pessoa jurídica da qual a lei seja expressão da verdade.”

As considerações acima determinam os aspectos que devem estar disposto na lei


instituidora do tributo, sendo que a forma de recolhimento, tais como guia com a qual o
contribuinte irá recolher ou a data de vencimento ficam a cargo da legislação
regulamentar, isto é, do ato normativo de competência do ente tributante.

Na questão aqui em exame, qual seja, a simples alteração da data de recolhimento, não
reflete aumento ou criação de tributo.
Ao analisar a alteração de data de vencimento à luz do Princípio da Legalidade
Tributária, o Supremo Tribunal Federal assim decidiu a matéria:
“ICMS. FATO GERADOR. DESEMBARAÇO ADUANEIRO DAS MERCADORIAS
IMPORTADAS DO EXTERIOR. ANTECIPAÇÃO DA DATA DE
RECOLHIMENTO. LEGITIMIDADE POR MEIO DE DECRETO.

Apresenta-se sem utilidade o processamento de recurso extraordinário quando o


acórdão recorrido se harmoniza com a orientação desta Corte no sentido da
possibilidade da cobrança do ICMS quando do desembaraço aduaneiro da mercadoria
(REs 192.711, 193.817 e 194.268), bem como de não se encontrar sujeita ao princípio
da legalidade a fixação da data do recolhimento do ICMS (REs 197.948, 253.395 e
140.669) Agravo desprovido.”
A decisão do recurso acima indicado, pela corte responsável pela interpretação dos
dispositivos constitucionais denuncia que a modificação, mesmo que antecipando o
recolhimento do tributo, não gera aumento da exação, não estando, destarte, sujeita ao
princípio constitucional da legalidade.
Da Estrita Legalidade
Ao Poder Executivo não é dado inovar na tributação.
O Princípio da Estrita Legalidade está previsto no art. 97 do Código Tributário
Nacional, e determina quais as matérias tributárias exigem a previsão legal, ou seja,
quais as matérias estão subordinadas ao Princípio da Legalidade.
Luciano Amaro, na sua obra Direito Tributário Brasileiro explica que:
“Os regulamentos, portanto, embora úteis como instrumento de aplicação da lei, não
podem, obviamente, inovar em nenhuma matéria sujeita à reserva da lei.”
A Estrita Legalidade especifica as matérias que necessariamente reclamam previsão em
lei, restando dispensada da previsão legislativa as matérias que não se encontram no art.
97 do Código Tributário Nacional, consequentemente.
Diz o art. 97 do CTN:
“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,
39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto
no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus
dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de
dispensa ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que
importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste
artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.”
Analisando o disposto no artigo supra transcrito, verificamos que em nenhum momento
há necessidade de previsão legal para a alteração de data de pagamento, senão vejamos:
inciso I – a simples alteração na data de vencimento não reflete instituição de tributo; II
– a alteração na data não gera majoração do tributo ou sua redução; III – a fixação do
vencimento não é fixação do fato gerador; IV – também não se trata de fixação de
alíquota ou base de cálculo; V e VI – alteração da data não é penalidade nem mesmo
hipótese de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários.
Destarte, chegamos à conclusão de que a simples alteração na data de vencimento do
tributo não está no rol taxativo da Estrita Legalidade, e, portanto, não se sujeita ao
Princípio da Estrita Legalidade.
O art. 97 acima transcrito, determina de forma expressa que a alteração na data do
pagamento de tributo não precisa ser determinada por lei, não se sujeita ao Princípio da
Legalidade, podendo ser fixada por ato regulamentar do ente tributante.
“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA.
SITUAÇÃO CONCRETA E LEI EM TESE. DISTINÇÕES. ICMS. SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA. ESTADO DO RIO DE JANEIRO. PRAZO PARA RECOLHIMENTO
DO TRIBUTO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ESTRITA
LEGALIDADE TRIBUTÁRIA. PRECEDENTES.

1. O mandado de segurança contra lei em tese é o que tem por objeto o ato normativo
abstratamente considerado, ou seja, "...quando a impetração nada indica, em concreto,
como representativo de ameaça de lesão à esfera jurídica do impetrante" (STF, RE
99.416/SP, Primeira Turma, Min. Rafael Mayer, DJ de 22.04.1983). No caso,
entretanto, a norma impugnada constitui mero fundamento do pedido e não seu objeto,
havendo, portanto, indicação de situação individual e concreta a ser tutelada.
2. No Estado do Rio de Janeiro, o prazo para recolhimento do ICMS, previsto em ato do
Secretário de Estado da Receita, guarda consonância com a legislação estadual. Tanto a
Lei Estadual 846/85, como o Decreto 27.427/2000 autorizam que a exigência seja feita
quando da entrada, no Estado, da mercadoria tributada sob o regime de substituição
tributária.
3. Nos termos do art. 97 do CTN, o princípio da estrita legalidade tributária não se
aplica à definição da data de pagamento do crédito tributário. Precedentes do STF e do
STJ.
4. Recurso ordinário a que se nega provimento.”

Conclusão

O sistema constitucional tributário, considerado o conjunto de


princípios e normas que buscam regular a tributação e a forma como está deve ser
operacionalizada, e ainda, analisando o sistema tributário à luz da legislação infra-
constitucional e os atos regulamentares do Poder Tributante concluímos que a alteração
na data de vencimento de tributo, bem como outras obrigações acessória que não geram
aumento ou alteração na tributação, mas visam somente regular a forma como será
adimplida a obrigação tributária escapam ao Princípio da Legalidade, podendo ser
definidas por ato regulamentar do ente tributante.
Jamais uma alteração na tributação poderá se dar por ato do Poder
Executivo, em respeito ao histórico e necessário Princípio da Legalidade, cabendo aos
operadores do Direito estarem atentos aos atos normativos que por vezes podem ter
conteúdo de aumento da tributação.
Porém, respeitado o art. 150, I da Constituição Federal, bem como
o art. 97 do Código Tributário Nacional, é perfeitamente válido o ato normativo
regulamentar do Poder Tributante que altera, mesmo antecipando, a data de
recolhimento de determinado tributo.

Bibliografia

CARRAZZA, Roque Antônio. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL


TRIBUTÁRIO. 22ª Ed. Malheiros : São Paulo, 2006;
MACHADO, Hugo de Brito. CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO. 26ª Ed., Malheiros
São Paulo, 2005;
AMARO, Luciano. DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO. 4ª Ed., São Paulo :
Saraiva, 1999. Conclusão

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