Você está na página 1de 5

Nova síndrome viral, causada pelo vírus SARS-CoV-2, que veio a se

chamar Covid-19. A doença se espalhou rapidamente e em março de 2020, a


OMS declarou a instalação de uma pandemia (KONIG et al., 2021).
Suspensão dos serviços de rotina, remanejamento de pessoal para
funções diferentes do habitual, demandas crescentes, superlotação, e muitas
vezes, recursos limitados (DENNING et al., 2020).
Estressores para os profissionais de saúde, como o aumento da carga
de trabalho, adaptação ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs),
remanejamento de função, além das preocupações em relação ao vírus, como
sua alta morbimortalidade, ausência de tratamento eficaz e do impacto das
medidas de distanciamento e isolamento social (GEMINE et al., 2021;
ELGHAZALLY et al., 2021).
Ao longo da história, eventos traumáticos e condições adversas durante
desastres naturais, conflitos e pandemias, causaram graves sequelas
psicológicas nas pessoas (DENNING et al., 2020). Em experiências de outros
surtos virais, como a SARS, foi evidente que as circunstâncias caóticas
afetaram o bem estar físico e psicológico dos profissionais de saúde, com
sequelas que perduraram mesmo após a resolução da situação. A experiência
com a Covid-19 vem seguindo o mesmo padrão, inclusive de forma mais
acentuada, devido à proporção que tomou a doença em todo o mundo
(HAWARI et al., 2020). = Tópico: Experiência com outros surtos virais;
A pandemia exacerbou um problema já existente no âmbito dos
sistemas de saúde previamente sobrecarregados, que há muito tempo
submetem profissionais à más condições de trabalho.
Cargas de trabalho pesadas e cansaço físico e emocional são fatores de
risco para a síndrome de burnout (SB) (GEMINE et al., 2021).
Estudos anteriores já relatavam alta prevalência desta entre profissionais
de saúde (ELGHAZALLY et al., 2021).
SB - Classificação Internacional de Doenças (CID-11), aprovada pela
72ª Assembleia Mundial da Organização Mundial de Saúde. Esta doença
compreende três aspectos básicos: I-exaustão emocional; II-
Despersonalização, aumento do distanciamento mental da própria obra ou
sentimentos de negativismo e cinismo em relação à própria obra; e III –
redução da eficácia profissional (OMS, 2019).
Escala - Maslach Burnout Inventory (MBI), criada em 1981, (MASLACH
e JACKSON, 1981).

2 Objetivos:

2.1 Objetivo geral


Analisar o comportamento da síndrome de Burnout em profissionais da
saúde durante a pandemia de Covid-19.

2.2 Objetivos específicos


Descrever o perfil epidemiológico de maior vulnerabilidade dentre os
profissionais de saúde que desenvolveram a síndrome de Burnout.
Identificar quais profissões evidenciaram maior acometimento da
síndrome de Burnout dentre as da área da saúde.
Identificar os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da
doença nos profissionais de saúde.

Além das características que definem a síndrome, encontram-se


manifestações como falta de atenção, impaciência, insônia, fadiga, dores de
cabeça, entre outros (PERNICIOTTI et al., 2020).
Estudos associam a SB com o aumento do abuso ou dependência de
álcool, depressão, ansiedade, elevação do risco de doença cardiovascular e
obesidade (GEMINE et al., 2021; SERRÃO et al., 2021).
A literatura aponta que a etiologia da SB é multifatorial, pressupondo
uma combinação de aspectos individuais atrelados às condições e relações no
trabalho.
A avaliação da presença da síndrome é feita a partir da escala Maslach
Burnout Inventory (MBI), constando de 22 itens, cada um pontuando 0 a 6 com
base na frequência autorreferida do sentimento tratado em cada item. Em
relação à EE, são nove itens pontuando 0-54. Já DP são cinco itens pontuando
0-30. E RP são oito itens, indo de 0-48. Dessa forma, escores resultando em
27 ou mais de EE, 10 ou mais de DP, e 33 ou menos de RP são fortes
indicadores de burnout (WEST, DYRBYE e SHANAFELT, 2018).

METODOLOGIA

O presente estudo foi elaborado sob a forma de revisão sistemática,


acerca da Síndrome de burnout nos profissionais de saúde durante a pandemia
de Covid-19. O estudo seguiu as etapas definidas pelo “Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses” – PRISMA, instrumento
utilizado como guia para elaboração dessa variedade de estudo.
A busca foi realizada nas bases de dados Medical Literature Analyses
and Retrial System Online (MEDLINE) e Literatura latino-americana e do caribe
em ciências da saúde (LILACS), via plataforma da Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS). A pesquisa foi realizada em 02 de Julho de 2021.
A estratégia de pesquisa utilizada foi a combinação dos descritores a
partir das ferramentas MESH (Medical Subject Headings) e DeCs (Descritores
em ciências da saúde): (Burnout Syndrome) and (Health providers) and (Covid-
19 pandemic).
A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pelo JBI – Critical
Appraisal Checklist for Analytical Cross Sectional Studies, ferramenta utilizada
em revisões sistemáticas que abarcam estudos observacionais transversais
(MA et al., 2020).
Fluxograma

RESULTADOS

Os artigos foram publicados entre 22 de junho de 2020 e 18 de maio de


2021, e as amostras variaram de 110 a 1961 participantes, gerando ao todo
3411 indivíduos analisados. A população estudada foi de profissionais de
saúde que trabalharam em serviços com ou sem contato direto com os
pacientes portadores de Covid-19, durante a pandemia, como detalhado na
tabela 1. Os estudos analisados foram desenvolvidos em diferentes centros de
várias partes do mundo. Todas as pesquisas foram de caráter observacional
transversal, como o proposto por essa revisão

A prevalência da síndrome apresentou variações entre os


diferentes estudos, sendo de 6% em Elghazally et al., 31,4% em Matsuo
et al., 43,4% em Torrente et al. e superior a 50% em Orrú et al. Os demais
estudos não quantificaram a prevalência da síndrome na população
estudada.
Na tabela 2, foi realizada a descrição quantitativa em porcentagem
de profissionais que pontuaram nas categorias de sintomas da escala
MBI nos estudos de Orrú et al., Torrente et al., Lasalvia et al. e Elghazally
et al. Os estudos de Matsuo et al. e Zerbini et al. não quantificaram esses
valores. O primeiro apenas apresentou a prevalência, enquanto o
segundo utilizou a escala MBI para correlacionar a síndrome de Burnout
com os fatores de risco e outros transtornos como ansiedade e
depressão através de análise estatística de dispersão. ACHO MELHOR
COLOCAR A TABELA DAS SUBS. COMO FIZEMOS E COLOCA NO SLIDE
OS NÚMEROS DE PREVALÊNCIA DOS QUE TEM, AÍ A GENTE EXPLICA.
Torrente et al.
trabalhadores da linha de frente (EE 71,4%, DP 69% e RP 61%),
outros serviços (EE 28,6%, DP 31% e RP 39%).

Um fator de risco importante de quase unanimidade entre os estudos, foi


o sexo feminino. Orrú et al., Torrente et al., Lasalvia et al. e Matsuo et al.
observaram maior prevalência de SB nessa população, enquanto os demais
não detectaram diferenças significativas entre os sexos.
(Torrente, et al., Lasalvia, et al., Zerbini, et al.) o medo de ser infectado
era um fato de provável importância no aumento do estresse no trabalho.
Lasalvia et al., 64,9% tinham medo de infectar seus familiares ao voltar
para casa. os profissionais de saúde que decidiram se mudar de casa para
proteger outros membros da família de um possível contágio apresentaram
altos níveis de exaustão (EE 46,5%). Torrente et al., observou que 60% dos
profissionais pesquisados tinham medo de se infectar no trabalho, 83% tinham
medo de aumentar o risco de infecção para suas famílias.
Alguns estudos também observaram a maior prevalência da síndrome
em profissionais mais jovens e com menos anos de experiência (Torrente, et
al., Matsuo, et al., Orru, et al., Elghazally, et al.). Matsuo et al. também
observou como fator de risco a menor quantidade de dias de folga por mês,
menos horas de sono em relação ao período pré-pandêmico e necessidade de
reduzir a carga de trabalho.
Um fator destacado por Orrú, et al., foi que trabalhadores em países com
políticas mais rígidas de distanciamento social exibiram maiores taxas de
cinismo o e menor realização pessoal.
Em quatro dos seis artigos (Torrente et al., Lasalvia et al., Zerbini et al.,
Matsuo et al.) foi demonstrado uma predominância da SB em enfermeiros que
trabalhavam com pacientes com COVID-19. No espaço amostral de Elghazally
et al., só houve profissionais médicos, e Orrú et al. não comparou as classes
profissionais analisadas. Torrente et al. demostrou que médicos e enfermeiros
possuem o dobro de risco de desenvolver síndrome de esgotamento em
comparação com demais profissionais.
Lasalvia et al. demonstrou maior prevalência em médicos residentes,
com predomínio do fator de baixa eficácia profissional e o cinismo, seguido de
enfermeiros, predominando o esgotamento emocional. Nesse estudo,
enfermeiros demonstraram maior risco de exaustão emocional do que médicos.
O risco de alto cinismo foi maior para residentes e enfermeiros.
Zerbini et al. observou que enfermeiros que trabalhavam em enfermarias
de pacientes com Covid-19 relataram níveis mais elevados de esgotamento
emocional e níveis mais baixos de realização em comparação com colegas
trabalhando nas enfermarias regulares. No questionário aberto do trabalho, foi
constatado que 55% dos enfermeiros na enfermaria Covid-19 queixaram-se de
tensão no trabalho, enquanto apenas 12,5% na enfermaria regular. Matsuo et
al. demonstrou que a prevalência de burnout foi significativamente maior entre
enfermeiros, seguido de biomédicos, técnicos radiologistas e farmacêuticos.

Você também pode gostar