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A CRIAÇÃO DA TABELA DE PARÂMETROS TÉCNICOS

Definindo os conceitos didáticos/pedagógicos para a preparação da tabela de nível técnico de


dificuldades para orquestra de cordas, orquestra sinfônica e banda sinfônica
por Marcelo Jardim (UFRJ), Carla Rincón e Simone dos Santos
Maio de 2021
Ao longo das últimas décadas foi possível observar, em todo o mundo, um crescimento
quantitativo e qualitativo das atividades e dos trabalhos pedagógicos relacionados ao
desenvolvimento das metodologias aplicadas ao ensino musical, principalmente aquelas com
enfoque na prática instrumental. Inúmeros estudos, coordenados em universidades e nos
principais centros de referência, foram aprimorados e resultaram em grande produção
pedagógica, destinada ao refinamento dos processos didáticos, tanto teóricos quanto práticos.
Todos esses estudos e publicações ajudaram a produzir e organizar parâmetros técnicos para
uma melhor classificação de obras - compostas originalmente, transcritas ou arranjadas - para
as mais diversas formações musicais e destinadas aos diferentes níveis de aprendizado no
instrumento.
Muito utilizadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, as tabelas e indicadores de
classificação de parâmetros para a escrita musical mostraram-se fundamentais no auxílio aos
compositores, arranjadores e educadores musicais - que, assim, puderam direcionar esforços
para a produção de obras destinadas a atender às necessidades pedagógicas e às expectativas
artísticas. Como suporte ao professor de música, as partituras produzidas passaram a contar
com a indicação do nível técnico, o que facilitou a escolha do repertório adequado para cada
fase da condução do jovem aluno, em sua jornada pelo conhecimento musical.
O processo de amadurecimento para a classificação técnica de repertório, de igual
forma, estimulou a criação dos métodos de ensino coletivo, nos Estados Unidos, a partir da
década de 1940. Segundo Sotelo (2008), com a demanda por formação de professores mais
qualificados, pelos departamentos de música das universidades norte-americanas, inicia-se
imediatamente um processo de pesquisa e criação de novas metodologias para o ensino de
instrumentos, consequentemente atuando no surgimento dos primeiros métodos de ensino
coletivo de instrumentos de sopros e percussão, mas também para cordas.
A ideia básica que norteia estes métodos é que o processo pode ser conduzido por
um único professor, desde que esteja devidamente preparado. Esses métodos são
normalmente aplicados nas escolas primárias e secundárias do país. Muitos desses
métodos foram criados por grandes educadores musicais que conseguiram aliar a
formação técnico musical ao ensino da música (Pequeno Guia Prática para o Regente
de Banda, Funarte, Sotelo, 2008)
A pesquisa atual está em andamento - e vem recebendo importantes contribuições, a
partir das experiências diretas com inúmeros compositores envolvidos. A tabela inicial foi
organizada tomando como referencial outros sites e textos sobre o tema (Sistema K12, Sistema
Syllabus etc.), além de várias partituras preparadas com base na classificação por nível técnico,
destinadas a orquestras de cordas. Isto sem falar em conteúdo de diversos sites de associações
e universidades norte-americanas e europeias (estrutura pedagógica aplicada à prática de
orquestra). Algumas modificações conceituais ocorreram - a exemplo do nível ½ norte-
americano, que se inicia após um trabalho de musicalização e de iniciação no instrumento, com
duração aproximada de 3 anos. Isto se dá pela própria estrutura organizacional dos anos em
que o aluno fica no ensino básico e fundamental (Sistema K12). Decidiu-se, aqui, por manter o
nível inicial ½ (0,5) totalmente elementar, com o intuito de servir de motivação aos alunos dos
projetos sociais.
Durante o processo de iniciação musical no instrumento, existe também a necessidade
de iniciar o ensino da leitura musical, ou mesmo reforçá-lo, para que o aluno possa vivenciar
de forma plena a prática de conjunto. Os professores passam, então, a uma busca constante
por literatura musical adequada aos conhecimentos adquiridos pelo jovem músico, de acordo
com seu nível técnico de compreensão e de execução do instrumento. Em muitos países, as
editoras publicam as partituras de acordo com os padrões de nivelamento técnico
estabelecidos por conselhos musicais, associações de educação musical, institutos, escolas de
música de importantes universidades etc. Nas partituras é possível visualizar o nível técnico
logo na capa, com facilidade. Pronto, uma etapa é vencida logo de cara.
No Brasil não há uma definição clara dos parâmetros avaliativos para a definição de nível
de dificuldade de obras musicais, ou um volume representativo de estudos, por parte de
acadêmicos, que possam resultar na aplicação de propostas que direcionem esse tipo de
avaliação. Há também uma lacuna na produção editorial - o que conduz muitos para a
reprodução não autorizada de material sem a devida classificação como domínio público. Tal
ponto foi abordado por Sotelo no Pequeno Guia para o Regente de Banda, editado pelo Funarte
(SOTELO, 2008). A expectativa é que este estudo e esta tabela possam, juntos, contribuir para
que professores de instrumentos, educadores musicais, arranjadores, compositores, regentes
- e principalmente os alunos - possam se comunicar pedagogicamente de forma mais efetiva,
com a música brasileira totalmente inserida, tanto no processo didático de formação e de
desenvolvimento musical da orquestra jovem quanto na vida de todos.
O presente estudo foi dividido em três partes, que se estabelecem pelas formações
instrumentais para o qual se destina: a orquestra de cordas, formada pelas vozes de violinos 1
e 2, violas, violoncelos e contrabaixos; a orquestra sinfônica, formada pelas cordas, com
adicional dos sopros (madeiras e metais) e percussão; e a banda sinfônica, a qual conta com
amplo efetivo de madeiras, metais e percussão, além de contrabaixo, harpa, piano e,
eventualmente, algum instrumentos específico1.
Todas as Tabela de Parâmetros Técnicos foram preparadas no sentido de estimular a
criação de novas obras para orquestra de cordas, orquestra sinfônica, orquestra de sopros e
bandas sinfônicas, por parte de compositores brasileiros, com direcionamento artístico e forte
fundamentação pedagógica. O objetivo, aqui, é contribuir para a pesquisa na área, sintetizando
os conhecimentos já disponibilizados na literatura mundial sobre o tema, além de iniciar um
estudo para incluir e classificar características rítmicas da música brasileira.
A conciliação dos padrões de dificuldades entre as formações traz a necessidade de
adaptações, para que um determinado nível de uma formação encontre similaridades com o
de outra formação. Como exemplo temos a amplitude de tonalidades: se nas cordas, temos os
níveis mais fáceis com sustenidos, nos sopros, os níveis mais fáceis são com bemóis. Assim, é
imprescindível que se encontre uma tonalidade que esteja dentro das possibilidades técnicas
de sopros e cordas, para a boa conciliação do nível para a orquestra sinfônica.

Os parâmetros da tabela para a classificação de uma obra são:


• Indicação: a quem se direciona o determinado nível técnico e suas particularidades.
• Armadura de clave: Armadura de clave possível.
• Tonalidades: a tonalidade de uma obra interfere no nível de dificuldade da mesma.
• Métrica: a estrutura dos compassos utilizados na construção da obra.
• Tempo/andamento: o andamento de uma obra pode facilitar ou dificultar sua
execução.
• Figuras de nota e de pausa: as figuras representam a rítmica utilizada para a construção
da obra.
• Ritmo: tipos de ritmos construídos com as figuras de notas.
• Dinâmica: estrutura da dinâmica utilizada na obra.
• Articulação: articulações possíveis para o determinado nível técnico.
• Ornamentos: tipos de ornamentos que podem ser utilizados, de acordo com cada nível técnico.
• Orquestração: particularidades da orquestração para os determinados níveis.
• Duração: duração da obra. Impacto na resistência do músico e concentração.
• Extensão/Tessitura: de cada instrumento, de acordo com o nível a que se propõe a
escrita.
• Considerações: consolidação das informações, com detalhamento do que se deve
reforçar ou evitar.

1
O conceito adotado aqui para a banda sinfônica compreende, em sua instrumentação, a tradicional banda de
música, assim como nomenclaturas utilizadas regionalmente, tais como banda musical e bandas filarmônicas
(CAMPOS, M. J. A música para Orquestra de Sopros de Heitor Villa-Lobos, dissertação de mestrado, Rio de
Janeiro: UFRJ, 2007).
Orquestra de Cordas
Para a orquestra de cordas, a proposta foi a divisão em 6 níveis, com subdivisões nos
três primeiros, o que totaliza 10 níveis. Com isso, em um primeiro momento, basicamente com
escrita modal, e depois gradualmente a utilização das tonalidades e um aumento dos
elementos definidos pelos parâmetros técnicos, tais como dificuldades rítmicas, saltos,
dinâmicas, escalas, ornamentos, orquestração, entre outros. O propósito das subdivisões foi o
de dar especial atenção para o detalhamento da técnica elementar para o aluno, viabilizando
assim a produção de obras para os primeiros passos na música de conjunto e orientar ao
compositor/arranjador as sutilizas da construção do material artístico/pedagógico.
Quadro 1: Estrutura de classificação por níveis técnicos, para orquestra de cordas:
Nível ½ (0,5) Nível 1 Nível 1,5 Nível 2
Elementar | Muito fácil Muito fácil | Fácil Fácil Fácil | Intermediário
Nível 2,5 Nível 3 Nível 3,5
Fácil | Intermediário Intermediário Intermediário
Nível 4 Nível 5 Nível 6
Intermediário | Avançado Avançado Avançado | Profissional

Orquestra Sinfônica
Para a orquestra sinfônica, a proposta foi o de estabelecer 5 níveis de dificuldade,
compreendendo que o nível 1 não deve ser utilizado, não por não ser possível, mas pelas maior
quantidade de restrições (determinadas tonalidades, tessituras, notas evitadas, ritmos evitados
etc.). Assim, ficam os níveis de 2 a 6, sendo que a conciliação com a tabela das cordas se dá a
partir do nível 2, equivalente ao nível 2,5 para as cordas, e com restrições nas tonalidades, em
função dos sopros. Isso dá pelo fato de que no nível 2 das cordas, as tonalidades não são
conciliativas com os sopros, pois podem ser utilizadas armaduras de clave com até 4 sustenidos,
mas mesmo o tom de dó maior teria restrição nas tessituras dos violinos.
No nível 2,5 das cordas, as armaduras de claves podem ir de 4 sustenidos a 2 bemóis,
passando por nenhum acidente, e com isso as tonalidades possíveis são Mi maior (E), Lá maior
(A), Ré maior (D), Sol maior (G), Dó maior (C), Fá maior (F), Si bemol maior (Bb), Dó sustenido
menor (C#m), Fá sustenido menor (F#m), Si menor (Bm), Mi menor (Em), Lá menor (Am), Ré
menor (Dm), Sol menor (Gm), além das possibilidades modais (e eventualmente outras
tonalidades possíveis com as notas indicadas). Já para os sopros, o nível 2 apresenta a
possibilidade de se utilizar até 4 bemóis, ou nenhum, mas ainda não tonalidades com
sustenidos.
Na figura a seguir (fig. 1), podemos observar as armaduras de clave possíveis para
cordas, para sopros, e as elisões entre os grupos, o que concilia as armaduras de clave (e
tonalidades) para a orquestra sinfônica.

Figura 1: mapa das tonalidades para cordas e sopros.

Com isso, a conciliação para orquestra sinfônica se dá pelo nível 2,5 para cordas e 2 para
sopros, delimitando as tonalidades em Dó maior, Fá maior, Si bemol maior, Lá menor, Ré
menor, Sol menor, além das possibilidades modais. Situação similar para o nível 3 para a
sinfônica, o qual é equivalente a junção do nível 3 e 3,5 para as cordas, e segue o mesmo padrão
dos sopros, com o nível 3. Nesse caso, a delimitação das tonalidades estabelecem como
possibilidades os tons de Dó maior, Fá maior, Si bemol maior, Mi bemol, Lá menor, Ré menor,
Sol menor, Dó menor, além das possibilidades modais. No nível 3 para orquestra sinfônica ainda
não se recomenda a utilização de tonalidades com sustenidos, e no nível 4, somente 1
sustenido (tonalidade de Sol maior ou Mi menor).
Quadro 2: Estrutura de classificação por níveis técnicos, para orquestra sinfônica:
Nível 2 Nível 3
Fácil | Intermediário Intermediário
Equivale ao nível 2,5 para cordas e 2 para banda Equivale ao nível 3 e 3,5 para cordas e 3 para banda
Nível 4 Nível 5 Nível 6
Intermediário | Avançado Avançado Avançado | Profissional

Com isso, podemos definir as tonalidades para a orquestra sinfônica nos níveis iniciais como:

• Nível 2 para orquestra sinfônica: tonalidades de C, F, Bb. + menores + modais


(Nível 2,5 cordas + nível 2 sopros)

• Nível 3 para orquestra sinfônica: tonalidades de C, F, Bb, Eb + menores + modais


(Nível 3 e 3,5 cordas + nível 3 sopros)

• Nível 4 para orquestra sinfônica: tonalidades de [D], G, C, F, Bb, Eb + menores + modais


(Nível 4 cordas + nível 4 sopros)

• Nível 5 para orquestra sinfônica: tonalidades de E, A, D, G, C, F, Bb, Eb, Ab + menores +


modais (Nível 5 cordas + nível 5 sopros)

Informações adicionais:

• Recomenda-se a escrita para orquestra sinfônica, do nível 2 ao 4 com a seguinte


instrumentação: 2.2.2.2 | 4.3.3.1 | percussão | pno. (opcional) hp (opcional) | cordas

• Para os níveis 2 e 3, recomenda-se evitar solos descobertos com oboés, fagotes, e


mesmo passagens mais complexas com as quatro trompas, tendo em vista que muitas
orquestras brasileiras não terão tais instrumentos. Nesse caso, na orquestração da
obra, caso haja solos ou determinadas passagens, é aconselhável que haja
dobramentos.

• Determinados instrumentos, como o piccolo, o corne-inglês, o clarinete baixo Bb, o


contrafagote, os tímpanos, o vibrafone e a marimba, bem como piano e harpa, podem
até constar na partitura, para os níveis 2 e 3, mas sua escrita precisa ser opcional, ou
seja, não tendo esses instrumentos, suas partes são absorvidas por outros instrumentos
da orquestra. É necessário que compositores e arranjadores considerem tais
instrumentos como opcionais até o nível 4, mesmo quando considerados parte da
orquestração, caso seja planejado algum solo para algum deles, a melodia deve
funcionar como guia para outros instrumentos, possibilitando a execução da frase sem
perda de equilíbrio ou mesmo sem ausência da melodia ou harmonia.
• Ainda para os níveis 2 e 3, recomenda-se também a possibilidade de utilização da
técnica da orquestração flexível, na qual a obra para ser executada com mais de uma
possibilidade de mescla de instrumentos. São várias as possibilidades de flexionar a
orquestração, sendo uma delas manter toda a obra executável somente com as cordas,
e os sopros com dobramentos das cordas, desde dobramentos integrais de frases até
dobramentos fragmentados (pontilhismo, ADLER, 2002, p. 562). Outra forma de
orquestrar com instrumentação flexível é definir o número de vozes e fazer os
dobramentos a partir daí.

• A utilização da tonalidade de Ré maior, no nível 4 deve ser cautelosa, tendo em vista


gerar tonalidades mais difíceis para os instrumentos em Bb e F, e eventualmente em
Eb.

• A percussão pode conter os instrumentos básicos da percussão orquestral (tímpanos,


caixa, pratos, bombo, triângulo), com adicional dos instrumentos tradicionais brasileiros
(pandeiro, agogô, afoxé, ganzá, mini-ganzá, cuíca, reco-reco, atabaques, congas,
tamborim, caixi, chocalho, tambores, zabumba, surdo)

Banda Sinfônica | Banda de Música


O desenvolvimento da música para bandas no século XXI foi realmente um marco na
história recente dessa agrupação musical tão versátil e mundialmente difundida. Muito se
produziu ao longo dos séculos, mas nada se compara ao salta qualitativo na escrita pedagógica
para as bandas em todo o mundo. Recentemente na Colômbia um avanço se deu com a
utilização de um padrão de escrita orientado por parâmetros técnicos. O repertório colombiano
para banda ultrapassou as fronteiras do país e atualmente é amplamente executado nas
Américas e vários países do continente europeu.
No Brasil, a banda de música se tornou uma escola popular de música, atendendo a
comunidade na formação musical, e recebendo pessoas que tinham interesse em aprender
música e em tocar um instrumento. Com isto, a grande maioria do material escrito foi de cunho
popular, para atender às atividades festivais, religiosas, cívicas, exercidas pela banda. Nos
Estados Unidos, a proposta da banda de concerto seguiu o caminho da escola e foi integrada
as demais atividades curriculares. Com isto, a procura por novas metodologias de ensino
musical, e o próprio desenvolvimento de uma pedagogia instrumental, se tornou intrínseca na
produção musical direcionada para essa formação (CAMPOS, 2008).
Em 2008, a Funarte lançou o projeto Edições de Partituras para Banda, o qual teve a
coordenação técnica e editorial de Marcelo Jardim, e tinha por objetivo o lançamento de
repertório para bandas, de forma padronizada e com a utilização da instrumentação padrão
para a banda sinfônica, assim reconhecida em todo o mundo. Inúmeras obras, originais e
arranjos, foram publicadas e em conjunto estava o “Pequeno Guia Prático para o Regente de
Banda”, um guia que trouxe quatro artigos com abordagens distintas do universo da banda e
da escrita musical. O artigo intitulado “Tabela de parâmetros técnicos e musicais para
classificação do repertório de sopros destinado a bandas” abordou justamente a possibilidade
de adotarmos no Brasil um modelo de padronização para a escrita para banda, com
observância das dificuldades técnicas, para que o repertório tivesse ampla utilização
pedagógica. O maestro Dario Sotelo fez algumas ponderações, com base no movimento
iniciado a partir da década de 1950, nos Estados Unidos, o qual reforçou a proposta de
padronização.
Impulsionados por esse salto de qualidade artística, técnica e musical, grandes
editores mundiais que já́ atuavam com parâmetros de classificação começaram a
patrocinar a profissionalização da composição de obras originais e arranjos para os
níveis iniciantes. Esse movimento, de certa forma, forçou o estabelecimento da
Tabela Geral de Parâmetros técnico musicais para o repertório de banda. Tal tabela
estabelece seis diferentes níveis de classificação do repertório, sendo o nível 1 o
iniciante e o 6 o mais avançado; todos se ligam perfeitamente aos parâmetros
técnicos dos métodos coletivos. A tabela organizada se tornou uma das principais
ferramentas de classificação, como a grande aliada do professor e regente na
construção do planejamento pedagógico de ensino musical. Hoje estende-se ao
repertório para cordas, orquestra sinfônica, coro e formações camerísticas.

Quadro 3: Estrutura de classificação por níveis técnicos, para banda sinfônica / banda de
música:
Nível 1 Nível 2 Nível 3
Fácil Fácil | Intermediário Intermediário
Nível 4 Nível 5 Nível 6
Intermediário | Avançado Avançado Avançado | Profissional

Outras referências para a escrita para banda sinfônica, de acordo com a Tabela de Nível
Técnico de Repertório, podem ser consultadas no Pequeno Guia Prático para o Regente de
Banda, lançado pela Funarte em 2008, e que pode ser acesso pelo link:
https://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/Guia-para-o-Regente-de-
Banda.pdf
O estudo a seguir está em construção e representa a base para a preparação da Tabela
de Parâmetros Técnicos para Instrumentos de Cordas, que se direciona às obras para orquestra
de cordas. As análises e ajustes de informações foram feitas pelas professoras Simone dos
Santos e Carla Rincón, com revisão e consolidação pelo prof. Marcelo Jardim.
NÍVEL 2 – ORQUESTRA SINFÔNICA
Dificuldade: Fácil/Intermediário

Indicação: Segundo e terceiro anos de estudo. Peças musicais para grupos de alunos entre iniciantes e
intermediários, que já demonstram experiência em tocar juntos e estão já familiarizados com a
linguagem da orquestra sinfônica. Ênfase nas habilidades musicais básicas, mas já antevendo
possibilidades técnicas mais desenvolvidas.

Armadura de clave: Armadura de clave possível, com nenhum ou 1 a 2 bemóis, de acordo com as notas
indicadas para cada instrumento.

Tonalidades: maior (C, F, Bb), menor (natural, Am, Dm, Gm), modal e outras tonalidades possíveis com
as notas indicadas.

Métrica: 2/4, 3/4, 4/4, 6/8, 9/8, 12/8, 2/2 (estruturas básicas)

Tempo/andamento: Andante moderato (72 - 100), alteração agógica (accel., rit., rall.) e allegro
moderato (102 a 112), com o devido cuidado com a rítmica. Pode-se utilizar fermata e suspensão.

Figuras de nota e de pausa: variação rítmica com as síncopas, ritmos pontuados e 4 semicolcheias na
mesma nota. Colcheias ligadas em terças e semínima pontuada com colcheia. Atenção à aplicação das
figuras quando não forem notas repetidas ou graus conjuntos (intervalos de difícil digitação).

Ritmo: variações, ritmos pontuados e sincopados, com colcheia e semínimas e colcheia e semicolcheias.
Pode-se utilizar o contratempo, de forma comedida.

Dinâmica: p, mp, mf e f, cresc. e decresc. Inicio da utilização de mudanças súbitas de dinâmica, com
cuidado, e também do fp.

Articulação: Indicação de arco e pizzicatto, com sinais para baixo e para cima, cesura, stacatto, legatto,
tenuto. As indicações de articulação, com acentos e fraseado, podem ser regulares e com variedade.
Duas semínimas em grau conjunto com ligadura, com ou sem articulação. Notas duplas com dedos
apenas em uma das cordas, ou duplas em cordas soltas com semínimas, 2 colcheias ou 4 semicolcheias.
No geral: notas acentuadas, ligadas, staccato.
Ornamentos: Apoggiatura simples (de uma nota), utilização de trinados, pizzicato de mão esquerda com
corda solta.

Orquestração: Escalas e arpejos utilizados de forma mais constante, avanços com mais de uma
possibilidade de posições de dedos, para os violinos. A musicalidade e a percepção auditiva tornam-se
elementos mais importantes aqui. Linhas contrapontísticas independentes, escrita para 2 trompas.

Duração: Peças entre 2 a 5 minutos de duração; em caso de ser suíte, sugestão de 3 a 4 movimentos.
Possibilidade de estruturar outras formas, com abertura com temas contrastantes, fantasia ou rapsódia.
Pode-se utilizar o ritornello.

Extensão/Tessitura: a indicação das notas para cada instrumento apresenta o que é possível ser utilizado
para a composição das obras; isso se soma a todas as informações dispostas nos itens anteriores. É
sempre importante o compositor buscar a compreensão do aluno nesse estágio, e saber para onde esse
aluno precisa ser conduzido. Pequenas variações podem ocorrer, desde que o desafio seja discutido
com o aluno e indicado para o seu nível, e que ele saiba como poderá resolver tal questão.

Quadro 4: tessituras dos instrumentos para o nível 2 – orquestra sinfônica

Violino Viola Violoncelo Contrabaixo

Flauta Oboé Clarineta Bb Clarineta Baixo Bb

Fagote Saxofones Trompa Trompete

Trombone Bombardino Tuba

Considerações: Escrita de nível intermediário, com material musical já com pequenos desafios, em
métricas simples e compostas, tonalidades acessíveis e tempos cômodos e rápidos. A realização técnica
e a musicalidade já precisam ser aspectos importantes nesse nível. Utilizar com parcimônia as síncopas.
Nesse nível pode ser feita a utilização de cromatismo, ainda que cuidadosa. Manter, no geral, os
melhores registros (tessitura) para os instrumentos.
NÍVEL 3 – ORQUESTRA SINFÔNICA
Dificuldade: Intermediário

Indicação: Terceiro e quarto ano de estudos. Como avanço em relação ao nível anterior, as obras
musicais podem apresentar maiores desafios - e devem ser destinadas a alunos com 3 anos de
experiência ou mais. É importante lembrar que o que torna um repertório mais desafiador não é a
complexidade crescente, e sim a forma como os elementos da peça musical se comportam, quando
analisados pelo conjunto dos parâmetros de classificação. Neste nível são apresentados alguns
elementos que, isoladamente, já agregam maiores desafios, sem contudo se distanciar tanto do nível
anterior - que pode apresentar dificuldade igual, caso não haja atenção nas escolhas e nas decisões
composicionais.

Armadura de clave: Armadura de clave possível, com nenhum acidente ou até 3 bemóis, de acordo com
as notas indicadas para cada instrumento.

Tonalidades: maior (C, F, Bb, Eb), menor (natural, Am, Dm, Gm, Cm), modal e outras tonalidades
possíveis com as notas indicadas.

Métrica: 2/4, 3/4, 4/4, 6/8, 9/8, 12/8, 2/2, 5/8, 7/8 (com padrão regular, sem variação)

Tempo/andamento: Lento e adágio (52 a 71), andante moderato (72 - 100), alteração agógica (accel.,
rit., rall.) e allegro (102 a 120), desde que haja cuidado com a rítmica. Pode-se utilizar fermata e
suspensão.

Figuras de nota e de pausa: Todas as figuras de notas anteriores, com acréscimos de combinações e
variações, com síncopas, contratempo, com colcheias e semicolcheias. Cuidado na utilização das figuras
quando não forem notas repetidas ou graus conjuntos (intervalos de difícil digitação).

Ritmo: maior utilização das síncopas (com ou sem pausas), com colcheia + semínima e semicolcheia +
colcheia (por graus conjuntos ou com saltos intervalares) - e semínimas ou colcheias ligadas em
síncopas. Quiálteras (notas diferentes em semínimas e, preferencialmente, mesma nota em colcheias)
e ritmos pontuados podem ser mais utilizados também, além de 4 semicolcheias juntas com ligadura,
em notas diferentes (graus conjuntos), mas sem articulação e contratempo com colcheias.

Dinâmica: pp, p súbito, mp , mf, f, ff, cresc. e decresc. Utilização de mudanças súbitas de dinâmica e
também do fp, sfp e sf.
Articulação: Articulações dos níveis anteriores e, simultaneamente, mais de uma articulação, em naipes
diferentes. Ligaduras em grupos de 4 semicolcheias, dispostas em graus conjuntos, mas não simultânea
com stacatto. Na mudança de corda, optar pela nota grave em primeiro lugar, no tempo forte.

Ornamentos: Como acréscimo a todas as possibilidades dos níveis anteriores, pode-se utilizar trinados
em algumas notas, com finalização, mordentes e grupetos superior e inferior, além das apogiaturas
simples (de uma nota). Pode-se utilizar notas duplas gerais, acordes diversos e harmônicos naturais.
Para os sopros, trinados com notas de entrada e saída, apogiaturas de 2 ou 3 notas.

Orquestração: O material melódico e rítmico avança em relação ao nível anterior, com possibilidade de
técnicas contrapontísticas (avaliar o grau de dificuldade do contraponto inserido, caso seja realizado),
além de outras técnicas composicionais. Escalas, arpejos e padrões de dedos são expandidos aqui.
Modulações pode ocorrer com maior frequência, quando necessário, e mesmo a utilização de efeitos.
Possibilidade de se utilizar efeitos vocais como bocca chiusa, palavras faladas, pequenos trechos
cantados ou cantarolados. Cuidado com as tessituras. Para os sopros: instrumentação expandida, alguns
solos para oboé e trompa. Divisão por naipes, com maior independência. Solos com apoio. Percussão
mais exposta. Incluir piano.

Duração: Como no nível anterior, peças curtas de dois a oito minutos. A sugestão de suítes segue as
mesmas orientações dos níveis anteriores, com pequenos movimentos contrastantes. Pode-se ter aqui
obras com maior duração, de até oito minutos, possibilidade de estruturar outras formas e abertura
com temas contrastantes, fantasia ou rapsódia.

Quadro 5: tessituras dos instrumentos para o nível 3 – orquestra sinfônica

Violinos Viola Violoncelo

Contrabaixo Flauta Oboé Clarineta Bb

Clarineta Baixo Bb Fagote Saxofones Trompa

Trompete Trombone Bombardino Tuba


Considerações: Escrita de nível intermediário, mas que praticamente já possibilita a utilização dos
principais recursos técnicos, o que torna a obra um grande desafio para os músicos. Pode ter maior
apresentação de assimetrias, variedade de tonalidades e tempos mais rápidos. A realização técnica e a
musicalidade já precisam ser observadas com maior detalhamento. A utilização das síncopas ainda
merece cuidado; o mesmo vale para os compassos 5/8 e 7/8. O cromatismo pode ser utilizado como
uma técnica mais constante. Na percussão, possibilidade de se utilizar 4 tímpanos, teclados com 2
baquetas, efeitos mais exóticos, vassourinha etc.

NÍVEL 4 – ORQUESTRA SINFÔNICA


Dificuldade: Intermediário/Avançado

Indicação: Aqui temos o nível intermediário, que já permite uma escrita mais desafiadora, e pretende-
se que essa escrita tenha potencial para abranger alunos que já toquem seus instrumentos há mais de
4 anos. De modo geral, tais alunos têm idade acima de 12 anos. As peças musicais são destinadas a
alunos que demonstram ter habilidades rítmicas bem mais desenvolvidas, com vibrato bem realizado,
e que logicamente venceram as dificuldades do nível anterior.

Armadura de clave: Armadura com até 2# ou 3b, de acordo com as notas indicadas.

Tonalidades: maior ([D], G, C, F, Bb, Eb), menor (natural, [Bm], Em, Am, Dm, Gm, Cm), modal e outras
tonalidades possíveis com as notas indicadas.

Métrica: 2/4, 3/4, 4/4, 3/8, 6/8, 7/8, 8/8, 9/8, 12/8, 2/2, 5/8 e 7/8 (com maior variação entre as métricas,
mas manter as mudanças sempre em andamentos cômodos)

Tempo/andamento: Largo (40) a presto (150), com cuidado para conciliar os andamentos com a melhor
rítmica possível. Todas as alterações agógicas (accel., rit., rall.) e todos os descritores de tempo.

Figuras de nota e de pausa: Todas as figuras de notas dos níveis anteriores, com acréscimo de
combinações e variações, com síncopas, contratempo, com colcheias e semicolcheias.

Ritmo: Ritmos variados com colcheias, semicolcheias, com notas iguais e diferentes (sequencialmente,
em graus conjuntos ou com utilização de intervalos e de ligaduras; 4 semicolcheias juntas com saltos,
semicolcheias com ligaduras até 3 tempos). Síncopas e quiálteras com semicolcheia e colcheia na
mesma nota e em notas diferentes. A escrita rítmica deve ser conciliada com o andamento.
Dinâmica: pp até ff, com variações, cresc. e decresc. (com maior duração), maior utilização das
mudanças súbitas de dinâmica, de fp, sfp, sf, Sffz. Utilização de dinâmicas cruzadas entre os naipes.

Articulação: Todas as articulações dos níveis anteriores. Pode-se usar, de forma simultânea, mais de
uma articulação, em naipes diferentes. Pode-se utilizar ligaduras em grupos de 4 semicolcheias,
dispostas em graus conjuntos. Para os sopros: exigências estilísticas maiores: secco, leggiero, pesante,
portato, frulatto, uso simultâneo de 4 articulações.

Ornamentos: Trinados com apogiatura de entrada em algumas notas e apogiaturas com duas ou mais
notas. Trinado com finalização. Para os sopros: Qualquer uso de apogiaturas, trinados, grupettos e
mordentes, grupettos e mordentes escritos.

Extensão/Tessitura: a indicação das notas extremas para cada instrumento apresenta o que é
possível ser utilizado para a composição das obras; isso se soma a todas as informações
dispostas nos itens anteriores. Utilização de 3 oitavas, com mudança de posição para todos os
instrumentos.

Quadro 6: tessituras dos instrumentos para o nível 3 – orquestra sinfônica

Violinos Viola Contrabaixo

Violoncelo

Flauta Oboé Clarineta Bb Clarineta Baixo Bb

Fagote Saxofones Trompa Trompete

Trombone Bombardino Tuba


Orquestração: O material melódico e rítmico pode ser mais trabalhado, com maior utilização de técnicas
contrapontísticas, passagens solísticas e outras técnicas composicionais que exijam mais cuidado na
afinação e na execução. Maior variedade de combinações de timbres; acordes podem ser utilizados com
notas duplas gerais, e mesmo com 3 ou 4 cordas. Instrumentação completa. Partes expostas para
qualquer instrumento, maior variedade de combinações tímbricas, maior uso do piano como elemento
de cor instrumental.

Duração: Além de obras curtas, pode-se optar também por obras mais longas, de até 15 minutos, com
utilização de formas mais complexas, como aberturas, formas sonatas, fugas, tocatas, rapsódias etc.

Considerações: Escrita de nível intermediário avançado, com maiores possibilidades de utilização dos
principais recursos técnicos. As métricas irregulares e assimétricas podem ser utilizadas mais
livremente, porém mantendo regularidade. As mudanças de tonalidade podem ocorrer de forma mais
constante, e os andamentos podem ser mais rápidos também. Maior utilização das figuras sincopadas.
O cromatismo pode ser utilizado como uma técnica mais constante.

NÍVEL 5 – ORQUESTRA SINFÔNICA


Dificuldade: Avançado

Indicação: O nível Avançado permite uma escrita desafiadora, visto que os alunos apresentam
habilidades musicais sofisticadas e avançadas, com perfeitas condições de execução da grande maioria
do repertório orquestral. A abrangência da escrita para esse nível deve contemplar alunos - e músicos
profissionais - que já toquem seus instrumentos há mais de 6 anos. De modo geral, tais alunos
apresentam idade acima de 15 anos. As habilidades rítmicas também são bem mais desenvolvidas, com
vibrato bem realizado, e que logicamente venceram as dificuldades do nível anterior.

Armadura de clave: Todas as armaduras de clave, com alterações pontuais nas obras, mas com
observância para que armaduras com muitos # e b não estejam em andamentos rápidos, com passagens
virtuosísticas. As dificuldades técnicas para uma obra com muitos # ou b, dependendo dos demais
parâmetros, podem inviabilizar sua preparação em um espaço de tempo padronizado.

Tonalidades: maior (B, E, A, D, G, C, F, Bb, Eb, Ab, Db), menor (natural, G#m, C#m, F#m, Bm, Em, Am,
Dm, Gm, Cm, Fm), modal e outros sistemas (dodecafônico, serial etc.).

Métrica: Todas as possibilidades métricas e assimétricas, com variações frequentes, procurando


resguardar as conexões lógicas, que ajudam nas mudanças métricas.

Tempo/andamento: Largo (40) a presto (150), com cuidado para conciliar com a melhor rítmica possível,
mas já explorando andamentos rápidos – além de intervalos e passagens mais difíceis. Todas as
alterações agógicas (accel., rit., rall.) e todos os descritores de tempo.
Figuras de nota e de pausa: Todas as figuras de notas, com acréscimos de combinações e variações já
encontradas na grande literatura orquestral mundial, e com todas as possibilidades características da
música brasileira, o que inclui síncopas variadas, com semicolcheias com pausas e notas.

Ritmo: Ritmos variados com semicolcheias, fusas com notas iguais e diferentes, saltos, passagens
cromáticas, síncopas e quiálteras sem restrição. Mudanças de estrutura, regionalismos etc. A escrita
rítmica deve ser conciliada com o andamento.

Dinâmica: ppp até fff, com variações, cresc. e decresc. (com maior duração), maior utilização das
mudanças súbitas de dinâmica, de fp, sfp, sffz, sf. Utilização de dinâmicas cruzadas entre os naipes.

Articulação: Todas as articulações dos níveis anteriores e de forma simultânea; mais de uma articulação
em naipes diferentes. Ligaduras em todo tipo de grupos de notas, dispostas em graus conjuntos ou com
saltos, e também simultaneamente com staccato (staccato preso, com utilização de 4 a 8 semicolcheias
ligadas). Para os sopros: mudanças frequentes, golpes múltiplos de língua, várias articulações usadas
simultaneamente.

Ornamentos: Todo tipo de apogiaturas, trinados, grupetos e mordentes, da forma escrita na partitura.
Maior frequência de utilização, com maior complexidade, quando necessário.

Orquestração: O material melódico e rítmico pode conter maiores desafios, com maior utilização de
técnicas contrapontísticas e composicionais. Podem ser mais exploradas as passagens solísticas, com
virtuosidade, além de maior variedade de timbres. Acordes variados podem ser utilizados, com 3 ou 4
cordas. A ampliação da tessitura geral dos instrumentos amplia igualmente as possibilidades. Solos
múltiplos, texturas transparentes, contraponto independente. Maior exposição dos instrumentos solos
ou em passagens solísticas.

Duração: Além de obras curtas, com níveis diferenciados, de acordo com os critérios de parâmetros dos
níveis anteriores, pode-se optar também por obras mais longas, de 3 a 20 minutos, com utilização de
formas mais complexas, como aberturas, formas sonatas, fugas, tocatas, rapsódias etc.

Extensão/Tessitura: a indicação das notas extremas para cada instrumento apresenta o que é possível
ser utilizado para a composição das obras; isso se soma a todas as informações dispostas nos itens
anteriores. Utilização de 3 oitavas, com mudança de posição para todos os instrumentos.

Considerações: A escrita para o nível 5, considerado avançado, oferece maiores possibilidades de utilização
dos principais recursos técnicos e estilísticos. Métricas irregulares e assimétricas, mudanças de compassos,
mudanças de tonalidades, estilos etc. - são recursos que podem ser utilizados livremente. Este nível é,
basicamente, o que antecede uma escrita para um grupo profissional.
Quadro 7: tessituras dos instrumentos para o nível 3 – orquestra sinfônica

Violinos Viola Contrabaixo

Violoncelo

Flauta Oboé Clarineta Bb Clarineta Baixo Bb

Fagote Saxofones Trompa Trompete

Trombone Bombardino Tuba

NÍVEL 6 – ORQUESTRA SINFÔNICA


Dificuldade: Avançado/Profissional

Indicação: O nível Avançado/Profissional é o estágio que compreende todo o repertório executado pelas
orquestras profissionais, todas as grandes obras dos compositores de todos os tempos. Aqui pode-se
encontrar dificuldades no nível musical, como em uma cantata de Bach, ou dificuldade técnica musical,
como em um ballet de Stravinsky. Entende-se que, neste nível, não há uma recomendação determinada,
pois é a obra livre, com todas as questões técnicas e estilísticas presentes. De modo geral, vamos
encontrar jovens músicos com idade acima de 18 anos, e que já contabilizam mais de 6 anos de estudo
contínuo. O nível 6 requer habilidades musicais altamente sofisticadas e avançadas.

Armadura de clave: Todas as armaduras de clave.

Tonalidades: Todas as tonalidades, música modal, atonal, serial etc.


Métrica: Todas as possibilidades métricas e assimétricas, com variações frequentes.

Tempo/andamento: Todos os andamentos, agógicas, variações etc.

Figuras de nota e de pausa: Todas as figuras de notas, com acréscimos de combinações e variações já
encontradas na grande literatura orquestral mundial, e com todas as possibilidades características da
música brasileira.

Ritmo: Todas as combinações rítmicas necessárias e desejadas.

Dinâmica: ppp até fff, com todas as variações e detalhamento estilístico. Utilização de dinâmicas
cruzadas entre os naipes.

Articulação: Todas as articulações, inclusive os efeitos especiais de articulação.

Ornamentos: Todos os tipos de ornamentos: estilísticos, técnicos e efeitos de técnica estendida.

Orquestração: Liberdade total ao compositor para a organização e elaboração das texturas orquestrais.

Duração: Todos os tamanhos utilizados atualmente, de obras curtas a sinfonias, óperas e ballets, com
mais de 1 (uma) hora de duração.

Extensão/Tessitura: Tessitura indicada nos principais livros de orquestração e ainda efeitos harmônicos
definidos pelo compositor.

Considerações: Aqui encontra-se o padrão de escrita para uma orquestra profissional. A literatura
mundial é o parâmetro a ser seguido.
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