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Sumário
Introdução _____________________________________________________ 5

01 – O Eu Interior_______________________________________________ 6

02 – Como se Constrói o Pensamento? _____________________________ 8

03 - Breve Histórico da Terapia Cognitiva_________________________ 12

04 – O Que é Terapia Cognitivo Comportamental?_________________ 14

05 – Transtornos Tratados Pela Terapia Cognitivo Comportamental?__ 16

06 - Príncipios Básicos do Tratamento_____________________________ 18

07- Papel do Terapeuta__________________________________________ 20

08 - Relação Paciente - Terapeuta_________________________________ 22

10 - Avaliação da Sessão_________________________________________ 25

11 - Etapas da Sessão____________________________________________ 27

12 - FEEDBACK_______________________________________________ 29

13 - Manutenção em Casa_______________________________________ 30

14 - Crenças e Pensamentos Automáticos__________________________ 32

15 - Emoções: Identificando e Modificando Comportamentos_______ 34

16 – Transtornos Psiquiátricos e Transtornos Psicológicos____________ 36

17 – Depressão_________________________________________________ 39

18 - Ansiedade_________________________________________________ 42

19 – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH_____ 44

20 - TCC em Crianças e Adolescentes_____________________________ 48

21- Intervenções de Tratamento: Meditação, Mindfulness___________ 50

22 - Estudos de Caso____________________________________________ 52

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23 - Aceitação__________________________________________________ 54

Conclusão_____________________________________________________ 55

Referências Bibliográficas _______________________________________ 56

Links e Artigos Para Ampliar Conhecimento:______________________ 57

Sobre a Autora_________________________________________________ 58

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Introdução

Estamos inseridos numa sociedade que nos exige de forma exa-


gerada tanto no social quanto no profissional e todas estas exigências e
cobranças interferem diretamente em nossos pensamentos e ações.

Desde quando nascemos somos “cobrados” a manter padrões cul-


turais e familiares: alguns são positivos e nos impulsionam para o sucesso
profissional, social e pessoal. Porém, os padrões negativos podem gerar
crenças disfuncionais, ou seja, aquelas que nos impedem de ter uma qua-
lidade de vida mais tranquila e com mais êxito.

Muitas crenças que são adquiridas em nossa infância e na adoles-


cência perpetuam na vida adulta e trazem prejuízos que influenciam di-
retamente no relacionamento amoroso, no emprego e até na solução dos
problemas que enfrentamos no dia a dia, causando prejuízos.

Em contrapartida, procuramos ajuda ou alguém que nos impulsio-


na a buscar ajuda.

Há muitas contribuições na área da Psicologia, Psiquiatria e Médica


que validam a eficiência de terapias. Uma delas é a Terapia Cognitivo-
Comportamental que tem evidências científicas de sua eficácia.

Neste material, percorreremos um caminho sobre a descoberta do


nosso eu, dos pensamentos e de nossas ações.

É um guia prático para não apenas especialistas da área, mas tam-


bém para as pessoas que queiram conhecer um pouco mais de seus pen-
samentos, suas crenças e suas ações.

O objetivo fundamental é que o paciente torne-se seu próprio tera-


peuta.

Boa leitura!

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01 – O Eu Interior

Antes de iniciarmos um aprofundamento sobre a Terapia Cognitiva


Comportamental é necessário que todos reflitam sobre alguns pontos de
nosso dia a dia.

Independente da profissão que atua pare e pense durante alguns


segundos, quem é você? Ao olhar-se num espelho você pode gostar do
que vê ou não.

Em quais aspectos você precisa melhorar e se aprimorar interna-


mente?

Seu tempo está sendo gasto a seu favor ou você é do tipo de pessoa
que procrastina e depois se frustra?

Na grande maioria, estamos acostumados a achar que o problema


está no outro, na escola, na família, no emprego. Acredita-se que não so-
mos compreendidos e assumimos um papel de vitimismo.

Como você acorda? Cansado, parece que nem dormiu?

Como você lida com as situações simples do dia a dia: trânsito, filas,
estresse do trabalho, família, filhos?

Estes pontos serão discutidos ao decorrer desta obra e, como pode-


mos mudar a imagem que temos de uma situação? Como através da Te-
rapia Cognitivo- Comportamental é possível mudar nossos pensamentos
e controlar nossas ações?

Para atuar como terapeuta cognitivo-comportamental é necessário


que o profissional tenha formação acadêmica. Este material trará para
você, em linhas gerais e didáticas, a atuação nesta área e mesmo que você
não seja psicólogo, com certeza, se colocará ora no papel de terapeuta e
ora no papel de paciente.

Não tem como não olhar para a terapia cognitivo-comportamental


(TCC) sem se colocar no lugar do outro e em como nossos pensamentos
atuam diretamente nas nossas ações.

É necessário que o profissional se coloque também no papel de


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aprendiz, pois cada paciente que entra em seu consultório trará novas in-
formações e novas aprendizagens. É fundamental que você esteja prepa-
rado para aprender sempre. Contudo, cada vez que o terapeuta atende
um paciente e consegue estabelecer as estratégias adequadas, mais segu-
rança terá para fazer as intervenções com mais eficácia e eficiência.

Dentro do nosso eu interior temos que ter duas certezas: uma que a
situação irá passar e a outra é na forma em que enxergamos esta situação
ou porblema.

Este é o primeiro passo da Terapia Cognitivo-Comportamental,


compreender que não é a situação e sim como lidamos com ela.

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02 – Como se Constrói o Pensamento?

Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos.
Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo.”

Siddhartha Gautama

Você consegue descrever o que é um pensamento? Ou o ato de pen-


sar?

Muitas vezes, nossos pensamentos invadem nossa mente sem pedir


licença, estamos sempre envolvidos no “piloto automático”.

Observe estas imagens e, se possível, anote o que lhe vêm à mente


ao observar cada uma.

Imagem 01

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Imagem 02

A primeira imagem para alguns pode remeter ao medo enquanto


para outros não fez nenhuma diferença. Já na segunda imagem, prova-
velmente, você teve uma sensação boa, de paz, tranquilidade.

Desde a Antiguidade grandes filósofos buscavam respostas para a


formação do pensamento e da mente. Hipócrates já retratava que o cére-
bro é a sede das sensações, o órgão dos movimentos e dos juízos.

Se voltarmos na história encontraremos desde Aristóteles, Freud,


Descartes e Nietzsche buscando explicações para os pensamentos e sua
origem. Alguns filósofos defendiam que a mente era separada do corpo.

René Descartes, filósofo e matemático, em sua obra Discours de la


Méthode / “O Discurso do Método”, publicada em 1637, em Leiden, Ho-
landa já tratava do pensamento “Penso, logo existo!”

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Nosso pensamento está relacionado com nossa memória e o que
construímos ao longo da vida, porém não é possível mensurar nossos
pensamentos.

Se eu pedir para você pensar agora numa casa vermelha, não terei
certeza se pensou ou não, mesmo se eu abrir seu crânio e analisar.

Já tem muitos estudos recentes em Neurociência sobre a formação


do nosso consciente, inconsciente e sobre a teoria da mente.

Aaron Beck, que veremos um pouco mais a frente, psicanalista, cria-


dor da TCC ( Terapia Cognitivo-Comportamental), em recente entrevista
já coloca as contribuições da Neurociência para avançar nos tratamentos
terapêuticos .

Quase não temos controle sobre nossos pensamentos, quando digo


quase é que muitos chegam à nossa mente sem pedir licença e invadem,
transbordando através das emoções. São as emoções que darão pistas so-
bre nossos pensamentos.

A memória é muito importante no contexto para a compreensão


dos nossos pensamentos.

Mente e cérebro estão muito mais ligados do que pensamos. Então,


como o pensamento funciona?

Tudo começa no ambiente externo, suas percepções, os estímulos,


todas as informações chegam ao seu cérebro através das sensações tá-
teis, visuais, auditivas, olfativas e gustativas. Estas informações chegam ao
nosso cérebro e são registradas em nossa memória de trabalho, que vai
processar conscientemente os estímulos recebidos, junto com a memória
a longo prazo. Envolve realidade, regras, problemas e crenças.

Quando você se depara com um problema, essa informação che-


ga à memória de trabalho ou operacional e depois cabe ao pensamento
encontrar estratégias para solucioná-lo, para isso vamos precisar buscar
informações e experiências anteriores que nos ajudarão a resolver a situ-
ação em que está à frente.

Pensamento consciente te ajuda a resolver os problemas.

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Quando você tem um problema novo, ele pode ter proporções gi-
gantescas, pois não sabemos como resolvê-lo, não temos em nossa me-
mória experiências parecidas e com isso, ficamos sem saber como agir e
como encontrar possíveis estratégias de solução.

O pensamento é único não importa se ele é verdadeiro ou não,


cada um tem seus próprios pensamentos de acordo com suas vivências ou
experiências. O que importa é o prejuízo ou benefícios que ele causa na
pessoa.

Por exemplo: um aluno tira 5,0 está muito feliz porque conseguiu
a média, enquanto o que tirou, 9,5 chora porque não atingiu a nota má-
xima.

O que um pensamento significa para você e sobre você são pontos


para identificar as crenças funcionais e suas emoções.

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03 - Breve Histórico da Terapia Cognitiva

As terapias cognitivas começaram a surgir por volta de 1960, devido


a uma insatisfação com alguns modelos que desconsideravam o aspecto
cognitivo nos processos terapêuticos. Inclusive pelo fato de não ter valida-
ção médica, isto gerou uma corrente pela busca de evidências científicas
que comprovassem sua eficácia, sendo validada pelo psicanalista Dr. Aa-
ron Beck.

“Aaron T. Beck, MD, é mundialmente reconhecido como o pai da terapia


cognitiva (TC) e um dos principais pesquisadores do mundo em psicopa-
tologia. Ele foi creditado por moldar a face da psiquiatria americana, e
The American Psychologist o chamou de “um dos cinco psicoterapeutas
mais influentes de todos os tempos”.

(informação disponível em: https://beckinstitute.org/team/dr-aaron-t-beck/ Acesso em 15/01/2021, às


10h13)

Ao mesmo tempo que surgiam muitas evidências que alguns mode-


los de terapia não eram eficazes, inicia-se uma busca para compreender
melhor o comportamento humano através dos aspectos cognitivos, ou
seja o cognitivo interfere diretamente no comportamento do indivíduo.

Segundo o artigo publicado na Revista Brasileira de Terapias Cog-


nitivas, em 2017, destaca-se as diferenças entre as terapias cognitivas com-
portamentais e as construtivistas.

“Os modelos cognitivo-comportamentais têm origem mais clara nas tera-


pias comportamentais, que incluem as estratégias de solução de problemas.
Foram desenvolvidos por teóricos com treinamento comportamental, tais
como Meichenbaum (1997), Barlow (Barlow & Cerny, 1999), Lineham
(1993), entre outros, os quais conceituam o pensamento de forma mais
concreta, ou seja, como um conjunto de autoenunciados encobertos que
também podem ser influenciados pelas mesmas leis do condicionamento.
Sua tarefa consiste em ensinar habilidades cognitivas específicas (Hollon
& Beck, 1994, citado por Caro Gabalda, 1997).

Os modelos construtivistas, representados por Guidano & Liotti (1983),


Mahoney (1998), e Neimeyer (1997), partem do pressuposto de que os
seres humanos são participantes proativos (e não passivos de forma reati-
va) em suas experiências (percepção, memória e conhecimento). Assim, o
conhecimento humano é: interpessoal, evolutivo e proativo; opera em ní-

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veis tácitos; a experiência humana e o desenvolvimento pessoal refletem
processos individualizados, auto-organizadores, que favorecem a manu-
tenção dos padrões experienciais (Caro Gabalda, 1997).”

(Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2017, Bernard Pimentel Rangé; Eliane Mary de Oliveira
Falcone; Aline Sardinha)

Dr. Aaron Beck, um psicanalista, busca a validação e inicia pesqui-


sas sobre a eficácia das terapias. Dentro deste contexto, iniciou sua busca
com pacientes depressivos, no qual começa a percorrer um novo caminho
entre o cognitivo e o comportamento. Começou a pesquisar os sonhos
destes pacientes em depressão e percebe uma semelhança e uma relação
entre os sonhos e quando o paciente estava acordado. Investigou o fracas-
so, as perdas e os pensamentos.

Através desta investigação e amplo trabalho para modificar os pen-


samentos destes pacientes, consegue validar a eficácia o que denominou
como Terapia Cognitivo-Comportamental, sendo que seus pacientes co-
meçam a ter melhoras significativas sem o uso da medicação.

“Como resultado de suas descobertas, o Dr. Beck começou a procurar


outras maneiras de conceituar a depressão. Ele descobriu que pacientes
deprimidos experimentavam fluxos de pensamentos negativos que pare-
ciam surgir espontaneamente. Ele chamou essas cognições de “pensa-
mentos automáticos”. Ele descobriu que os pensamentos automáticos dos
pacientes se enquadravam em três categorias. Os pacientes tinham ideias
negativas sobre si, o mundo e / ou o futuro”

(disponível em: https://beckinstitute.org/about-beck/history-of-cognitive-therapy/ Acesso em


14/02/2021, às 9h19)

Atualmente é uma das teorias mais pesquisadas, onde demonstra sua


eficácia em diversos transtornos que podem ser encontrados no DSM5,
que é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª
edição feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como
é feito o diagnóstico de transtornos mentais. Este Manual é utilizado por
muitos especialistas da área médica, psicólogos, entre outros.

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04 – O Que é Terapia Cognitivo Comportamental?

É uma das poucas formas de tratamento psicoterápico baseado em


evidências. Hoje ela é reconhecida como uma das melhores formas de
tratamento para transtornos psiquiátricos, inclusive o que necessitam de
remédios.

Aaron Beck, iniciou esta forma de tratamento baseado nas crenças


e pensamentos de cada paciente, assim como seus padrões de comporta-
mento.

Esta terapia trata não a situação e sim o modo como o paciente en-
xerga a situação, é uma forma de perceber o que é um prejuízo para o
paciente que passa a avaliar seus próprios pensamentos

Para Judith Beck (2019), filha do Dr. Aaron Beck, existem muitas
formas de terapia cognitiva-comportamental que compartilham caracte-
rísticas de Aaron Beck como:

a) Racional- emotiva
b) Dialética
c) Solução de problemas
d) Exposição
e) Aceitação e compromisso
f) Processamento Cognitivo
g) Ativação comportamental
h) Sistema de psicoterapia de análise cognitivo-comportamental

Você relaciona-se com o mundo seja positivo e negativo e forma


suas próprias crenças, que iniciam nos primeiros anos de vida e são forta-
lecidas no decorrer de todo o desenvolvimento. Temos crenças funcionais
ou disfuncionais.

a) Crenças funcionais: são aquelas que não trazem prejuízos em


nosso dia a dia e em nosso comportamento. Elas nos ajudam e nos im-
pulsionam para o sucesso social, profissional e pessoal. São fortalecidas,
inclusive pela nossa família e pela escola.

b) Crenças disfuncionais: são aquelas que causam prejuízos e os pen-


samentos negativos chegam à nossa mente de forma automática gerando
insegurança, baixa autoestima e incapacidade de ações.

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Muitas crenças disfuncionais são construídas na infância e, que em
sua grande maioria podem não ser verdadeiras. E no cognitivo estas cren-
ças podem ser minimizadas com a TCC e serem substituídas por crenças
verdadeiras, além de trabalhar para que o paciente possa enfrentar seus
pensamentos automáticos evitando as recaídas, o paciente torna-se seu
próprio terapeuta.

Identificar estas crenças é o primeiro passo para chegar ao cogni-


tivo, isto se deve principalmente pela relação de confiança estabelecida
entre paciente e terapeuta.

Beck (2019), relata em sua obra que “quando as pessoas aprendem a


avaliar seus pensamentos de forma mais realista e adaptativa, elas obtém uma me-
lhora em seu estado emocional e no comportamento.” (p.23)

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05 – Transtornos Tratados Pela Terapia Cognitivo
Comportamental?

A Terapia Cognitivo-Comportamental tem apresentado muitas evi-


dências de sucesso em seu tratamento em diversos transtornos, sendo que
os resultados obtidos demonstram sua eficácia em todas as idades.

A lista descrita abaixo foi extraída da obra de Judith Beck (2019, p.


24).

Transtornos Psiquiátricos

• Transtorno depressivo maior


• Depressão e/ou ansiedade geriátrica
• Transtorno de ansiedade generalizada
• Transtorno de pânico
• Agorafobia
• Fobia social
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
• Transtorno de conduta
• Abuso de substância
• Transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade
• Ansiedade pela saúde
• Transtorno dismórfico corporal: A pessoa acredita que tem algum
defeito físico, que na verdade não existe ou é muito superficial.
• Agressores sexuais
• Transtornos alimentares
• Transtornos de personalidade
• Transtorno bipolar
• Ansiedade pela saúde
• Agressores sexuais
• Transtorno bipolar (com medicação)
• Esquizofrenia (com medicação)

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Problemas Psicológicos

• Problemas conjugais
• Problemas familiares
• Jogo patológico
• Luto complicado
• Angústia do cuidador
• Raiva e hostilidade

Problemas médicos com componentes psicológicos

• Dor lombar crônica


• Crises de dor da anemia
• Enxaqueca
• Dor de câncer
• Transtornos somatoformes
• Síndrome do intestino irritável
• Síndrome da fadiga crônica
• Dor de doença reumática
• Disfunção erétil
• Insônia
• Obesidade
• Vulvodínea
• Hipertensão

Atualmente não pode ser descartada as contribuições da Neuroci-


ência e da Psiquiatria para os tratamentos dos transtornos.

Também é necessário compreender que houve um aumento signifi-


cativo de transtornos de depressão e ansiedade no que se refere à pande-
mia que acometeu as pessoas e o mundo devido ao Covid-19. O isolamen-
to social, a perda de emprego, a perda de um ente querido foram fatores
que contribuíram para este aumento.

A Organização Mundial da Saúde, em 13 de maio de 2020, a ONU


publicou um relatório alertando os governos do mundo para que adotem
medidas para reduzir o possível impacto da pandemia de covid-19, sobre
a saúde psíquica da população. “A saúde mental e o bem-estar de sociedades
inteiras foram severamente afetados por essa crise e são uma prioridade que deve
ser tratada com urgência”, informa o documento.

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06 - Príncipios Básicos do Tratamento

Existem princípios que fazem parte da Terapia Cognitivo-Compor-


tamental, a seguir destaco estes princípios:

Princípio 1: A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em


contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos
cognitivos.

Conforme acontece as sessões e quanto mais o terapeuta conhece


seu paciente, mais informações ele recebe e pode aprimorar cada sessão.
Isto pode ser incluído num processo também de avaliação constante.

Princípio 2: A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica


segura.

A relação paciente e terapeuta é fundamental para a eficácia do tra-


tamento, mas para que isto aconteça é necessário estabelecer um vínculo
através de uma relação de confiança e empatia entre ambos.

Princípio 3: A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e participa-


ção ativa.

A colaboração e a participação do paciente e do terapeuta são fun-


damentais e, à medida que o paciente vai progredindo no tratamento, o
terapeuta estimula uma participação mais ativa não apenas do paciente,
mas também de si próprio. Desta forma, o terapeuta vai dando mais au-
tonomia ao paciente, inclusive realizando algumas tarefas de casa.

Princípio 4: A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada


em problemas

Este é um dos pontos mais importantes da TCC, pois os objetivos, as


metas alcançadas e as que o paciente pretende alcançar devem ser traça-
das logo no início do tratamento. O terapeuta encoraja e o ajuda a buscar
estratégias para que isto seja efetivado.

Princípio 5: A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente

Todos os princípios são fundamentais para a eficácia do tratamento,


porém inicialmente é importante enfatizar no presente, pois o paciente
tende muito a voltar no passado e nas crenças da infância. O terapeuta
volta ao passado quando o paciente corre perigos de suicídio, por exem-

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plo, ou quando as crenças da infância podem ajudar no tratamento das
mudanças dos pensamentos.

Princípio 6: A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o pacien-


te a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção da recaída

O terapeuta deixa claro ao paciente o seu transtorno, suas conse-


quências e como evitar as recaídas. Neste caso, o terapeuta ensina e con-
duz o paciente a ser seu próprio terapeuta. Assim, ele aprende sobre seu
transtorno e como modificar seus pensamentos disfuncionais.

Princípio 7: A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado

Se o terapeuta tem a função de conduzir o paciente a ser seu pró-


prio terapeuta e lidar com seu transtorno, evitando as recaídas, as sessões
são limitadas, geralmente entre 6 a 15 sessões, salvo exceções de doenças
crônicas e podem chegar a 20/22 sessões.

Princípio 8: As sessões de terapia cognitiva são estruturadas


As sessões devem ser estruturadas, independente do transtorno. As
etapas de uma sessão serão aprofundadas nos próximos capítulos. Cada
sessão deve ter as seguintes partes:

a) Parte introdutória
b) Intermediária
c) Finalização através do feedback

Princípio 9: A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar,


avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais

Como o objetivo da TCC é fazer com que o paciente identifique seus


pensamentos disfuncionais e consiga verificar se é verdadeiro ou não, o
terapeuta constrói com o paciente as respostas para ele possa distinguir o
que é realidade ou não. O terapeuta não tem esta informação, porém fará
estas descobertas em conjunto.

Princípio 10: A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técni-


cas para mudar pensamento, humor e comportamento

Há inúmeras estratégias que o terapeuta utiliza com o paciente


como: as estratégias socráticas, descoberta orientada inspiradas em psico-
dinâmicas são muito eficazes. Em alguns casos como transtornos alimen-
tares ou dependência química podem exigir outros tipos de tratamento

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também em conjunto com outros especialistas e com o uso de medicação.

07- Papel do Terapeuta

Para quem está iniciando como terapeuta cognitivo-comportamen-


tal pode surgir momentos de insegurança e muitas dúvidas:

Que tipo de atitude o profissional deve assumir? Deve se defender?


Evitar o contato? Evitar o conflito? Evitar se expor?

Se você está iniciando como terapeuta é fundamental perceber que


tem que estar em constante aprendizado, como algo novo. Com o passar
do tempo muitas habilidades já ficam mais incorporadas e você passa a ter
um olhar mais apurado.

Um ponto que destaco como uma orientação é buscar sempre se


aprimorar com cursos complementares e também com uma supervisão
de um terapeuta mais experiente.

Dr. Aaron Beck propõe um cartão de enfrentamento para ajudar o


terapeuta neste processo e diminuir a ansiedade.

O MEU OBJETIVO NÃO É CURAR O PACIENTE HOJE.

NINGUÉM ESPERA QUE FAÇA ISSO.

O MEU OBJETIVO É DESENVOLVER UMA BOA ALIANÇA


DE TRABALHO, SE POSSÍVEL, RESOLVER ALGUM PROBLEMA E
APRIMORAR AS MINHAS HABILIDADES DE TERAPEUTA.

( Beck, 2019, p. 36)

Algumas sugestões descritas, a seguir, ajudam muito o terapeuta


que inicia este caminho como:

a) Traçar objetivos menores e bem definidos, possíveis de serem


realizados;

b) Valorizar os pequenos avanços tanto do paciente quanto do tera-


peuta;

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c) Evitar comparar-se com terapeutas mais experientes, porém bus-
car supervisão e troca de conhecimento sobre determinado paciente po-
dem ajudar muito;

d) O próprio terapeuta pode experimentar a terapia eliminando


seus pensamentos disfuncionais e suas próprias crenças. Anote seus pen-
samentos e compare com seu paciente;

e) O registro é necessário tanto das emoções quanto as alterações de


humor. Planilhas de avanços são importantes para estabelecer os avanços;

f) Gravas as sessões e depois compartilhar com algum terapeuta


mais experiente são fundamentais. Não esqueça de ter uma autorização
do paciente por escrito sobre este procedimento.

g) Aprimore seu conhecimento, faça cursos, participe de palestras...

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08 - Relação Paciente - Terapeuta

Acreditar que não vai dar certo é um caminho extremamente peri-


goso, mesmo o terapeuta sendo iniciante ou não é preciso traçar objetivos
e metas bem definidas e acreditar nos pequenos ganhos.

Quando você estabelece metas e objetivos definidos é possível verifi-


car e mensurar os avanços do paciente. Mas para que tudo isto seja efetivo
a relação terapeuta e paciente podem trazer os resultados positivos na
terapia.

Como já descrito no princípio 02, “a terapia cognitivo-comporta-


mental requer uma aliança terapêutica sólida”, criar uma relação de em-
patia e confiança favorece um vínculo positivo entre ambos.

A) Relação empática entre paciente e terapeuta

B) Escolha das palavras: ter cuidado ao falar com o paciente, algu-


mas palavras podem favorecer o tratamento, incentivar, cooperar e com-
partilhar dos pensamentos automáticos são fundamentais. Assim como
palavras ríspidas que não compreendem a realidade do paciente podem
trazer problemas e até o abandono do tratamento.

C) Tom de voz: palavras ditas com tom de voz agressivo, sem pa-
ciência e sem relação empática também podem prejudicar a eficácia do
tratamento. Lembre-se que a realidade do paciente pode não ser verda-
deira, mas o terapeuta não tem esta certeza.

D) Expressões faciais e linguagem corporal: você deve ter ouvido


a expressão: “o corpo fala” , através da postura do terapeuta pode mos-
trar ao paciente que o mesmo está interessado em seus problemas e que
demonstra segurança em suas ações, é preciso mostrar compromisso e
compreensão no que o paciente traz para o consultório.

E) Demonstre que você valoriza o paciente e quer ajudá-lo, inclu-


sive que já teve pacientes com os mesmos problemas/transtornos e se ne-
cessário compartilhe o tratamento.

F) Explique ao paciente o plano e veja se realmente compreendeu


pedindo um feedback.

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G) Solicite sempre a participação e colaboração do paciente.

H) Esteja atento ao feedback e as reações do paciente. Desta forma,


você consegue verificar o que o mesmo está achando das sessões e se é
necessário modificar alguma estratégia.

I) Monitore o tempo, muitas vezes as intervenções do terapeuta são


necessárias para não mudar o objetivo inicial.

Kanfer e Phillips (1975) relatam “que os fatores de relacionamento


são muitas vezes determinantes da mudança de comportamento duran-
te a terapia, assim o conjunto de variáveis que é o terapeuta, pode “au-
mentar ou diminuir a eficácia das técnicas comportamentais, através do
impacto de suas características pessoais e da interação” com o cliente. Na
situação ambiental da terapia comportamental, o terapeuta e sua pessoa
operam, portanto, como:

— o reforçador social por excelência;


— o modelo;
— o estímulo discriminativo para certos comportamentos;
— o observador-participante que irá colaborar no desenvolvimento
do programa de tratamento junto com o cliente.

A este ponto, pergunta-se:

Como o terapeuta poderá se tornar esta variável importante de con-


texto nas terapias comportamentais?

Quais seriam as características pessoais do terapeuta que o torna-


riam mais eficiente?

Qual seria o papel social do terapeuta na terapia?

Qual seria o seu envolvimento no desenvolvimento da interação


com o cliente?

Qual seria a função da “confiança” ou “expectativa” do cliente com


relação à capacidade ou competência do terapeuta?”

Partindo das respostas destas questões, o terapeuta conseguirá ter


uma relação mais positiva com o paciente e o objetivo principal das ses-
sões é efetivado.

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09 – Sessões Terapêuticas

As sessões terapêuticas devem ser muito bem planejadas e organi-


zadas antes mesmo do paciente entrar no consultório, mesmo que haja
alguma mudança no decorrer da sessão conforme o paciente traz as in-
formações. Aconselhamos que a sessão deve durar em média de 45 a 50
minutos, com intervalos semanais. Conforme o paciente melhora é pos-
sível espaçar as sessões para quinzenalmente até o paciente conseguir ter
autonomia.

O terapeuta tem de ter em mente qual seu papel e não ficar pen-
sando se o paciente não vai gostar e que as estratégias não irão funcionar.

a) Verificar os registros e suas anotações.

b) Planejar a sessão com antecedência retomando a avaliação inicial


e também a tarefa de casa.

c) Cada sessão deve passar pelas três partes: inicial, intermediária e


final.

d) Retome e estabeleça a relação com paciente e terapeuta.

e) Registrar todas as sessões ou gravar para que possa depois verifi-


car o avanço do paciente.

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10 - Avaliação da Sessão

A avaliação é fundamental para o processo de terapia cognitivo-


-comportamental, porém o terapeuta tem que perceber que a avaliação
não acontece em um único encontro, conforme o paciente participa das
sessões traz informações adicionais que constituirá seu registro.

Uma avaliação inicia-se já no primeiro contato mesmo que seja pelo


telefone, quando o paciente busca informações sobre a TCC. Neste mo-
mento, algumas informações são importantes para compor sua avaliação.
Caso seja uma criança ou adolescente, a família já traz informações pelo
motivo da procura da TCC.

O objetivo é melhorar o humor do paciente e para isto deve-se criar


um plano de tratamento para que ele se sinta melhor, consiga agir e sen-
tir-se bem durante a semana.

O primeiro ponto a ser preenchido pelo terapeuta é uma ficha de


anamnese, sendo que há coleta de dados do maior número de informa-
ções. Numa ficha de anamnese deve conter:

1. Dados pessoais
2. Dados familiares
3. Ficha de saúde
4. Histórico familiar, escolar e social
5. Histórico de tratamentos anteriores: caso haja solicite relatórios
de outros especialistas.
6. Descreva a rotina diária do paciente.
7. Qual a queixa inicial e problemas atuais.
8. Descreva o que o paciente faz nas horas livres.
9. Histórico da infância (caso em crianças, conversar com a família
sobre o desenvolvimento de linguagem, motor, social...)
10. Verificar a interação do paciente com a família.
11. Pontos importantes para serem complementados.

Durante o primeiro contato, verifique se um familiar pode acom-


panhar o paciente, que trará informações importantes. A princípio, no
caso do adulto, este familiar poderá ficar na sala de espera e depois, com
a permissão do paciente, entra no consultório. Este procedimento pode
trazer informações complementares não abordadas pelo paciente.

25
Durante a avaliação, explique o que é a Terapia Cognitivo-Com-
portamental, como acontecerá as sessões, deixe que o paciente sinta-se à
vontade, porém faça perguntas e, se necessário, interrompa-o para que
possa coletar mais informações.

Aborde a importância de entrar em contato com especialistas ante-


riores e ao final demonstre que conseguirá ajudá-lo e que já teve outros
pacientes com as mesmas características.

26
11 - Etapas da Sessão

Antes de iniciar a sessão, retome os registros e a avaliação, estabele-


ça um plano e verifique a tarefa de casa. Lembre-se que o foco é enfatizar
no positivo e fazer com que o paciente sinta-se melhor a cada sessão. Te-
nha em mente os seguintes pontos:

1. Seu objetivo é fazer com que o paciente avalie seus pensamentos


automáticos.

2. Ajude-o a pensar em soluções e novas habilidades durante a


sessão.

3. Registre as sessões, pois muitas vezes o paciente esquece do que


foi acordado.

As estruturas das sessões são bem parecidas para quase todos os


transtornos, porém são distribuídas em três partes:

a) Introdução: restabeleça a relação paciente e terapeuta e avalie


o humor do paciente. Verifique se teve melhora ou piora que pode ser
feito por testes ou inventários. A cada item deste primeiro momento, você
pode fazer perguntas pontuando de 0 a 10 o quanto está seu nível de an-
siedade, por exemplo. E, assim estabeleça um gráfico e compare com as
sessões anteriores.

- Questione como foi a semana do paciente, peça que nomeie ainda


quais problemas ele quer resolver naquela próxima semana ou na sessão.

- Elabore com o paciente a agenda da sessão e já questione a tarefa


de casa: se foi fácil ou difícil, se foi realizada e o motivo pelo qual deixou
de ser cumprida.

- Elenque os tópicos mais importantes tanto para o paciente quanto


para o terapeuta. Separe uns dois itens que são mais urgentes para serem
trabalhados.

- Acolha o paciente.

b) Parte intermediária: Selecione um item da agenda para ser tra-


balhada nesta sessão, trabalhe em cima desta agenda e, se caso o paciente
27
desviar o assunto, interrompa e retome a queixa inicial. É fundamental
que as metas sejam específicas e realistas, caso contrário o paciente pode-
rá ficar frustrado.

- Procure entender a situação: pensamento, as estratégias que serão


feitas e buscar algumas soluções para os pensamentos disfuncionais.

- Faça um resumo do plano de ação e apresente para o paciente.

- Avalia-se a efetividade e a importância do objetivo que foi selecio-


nado, analise o resumo e estabeleça como o paciente pode organizar sua
semana.

- Registre possíveis problemas que possam surgir durante a semana


e auxilie o paciente como ele pode lidar com estes pensamentos.

c) Parte final:

- Faça um resumo da sessão e estabeleça um plano de ação para a


próxima semana.

- Solicite um feedback do paciente para saber como ele se sentiu, o


que poderia mudar. Inclusive retomar o próximo exercício de casa. Em
alguns momentos você tem que interromper o paciente de forma delica-
da e eficaz.

- Registre o que foi acordado e dê uma cópia para o paciente.

28
12 - FEEDBACK

Apesar de estar concentrado na parte final da sessão, o fee-


dback é tão importante quanto todas as outras partes, pois é neste mo-
mento que o terapeuta consegue perceber como o paciente sente-se em
relação ao tratamento e se está mais confiante.

O feedback pode ser verbal ou o paciente pode preencher um rela-


tório baseado na Terapia Cognitivo-Comportamental descrito por Aaron
Beck e Judith Beck.

Durante o feedback verifique como o paciente sentiu-se em relação


à sessão e sobre a tarefa de casa. Estabeleça e fortaleça a autoconfiança e
autocontrole. Reveja a sessão e focalize as partes mais positivas da sessão.

29
13 - Manutenção em Casa

Muitos terapeutas não dão valor as tarefas de casa, mas é funda-


mental para que o paciente possa aprender e manter depois do tratamen-
to suas reações.

As tarefas de casa e a manutenção tem a função de evitar que o pa-


ciente tenha recaídas e também que possa controlar seus pensamentos
disfuncionais.

Durante a execução das tarefas de casa, é aconselhável que:

a) Tenha uma planilha para o paciente anotar as tarefas e o humor


da semana;

b) Peça para que o paciente leia em voz alta as tarefas tendo a certe-
za da compreensão das mesmas;

c) Quando o paciente formula suas próprias tarefas, a chance de


realizá-las é maior.

d) Tanto na formulação da tarefa de casa quanto na verificação é


preciso focar no problema que foi definido, caso o paciente mude o as-
sunto, interrompa-o e retome o objetivo inicial.

e) Estabeleça o nome da tarefa, adolescentes e crianças não gostam


da palavra “tarefa de casa”, pois associam à escola.

f) Veja as características do paciente para definir a tarefa de casa.


(personalidade, suas habilidades, preferências).

g) Ative e incentive a mudança de comportamento (sair da cama,


entregar currículo, ligar para alguém...)

h) Ajude o paciente a encontrar soluções para seus problemas.

i) Ensine novas habilidades e estratégias ao paciente.

j) Os pacientes que tomam medicação devem entrar nesta tarefa de


casa, ver se realmente ingeriram.

30
k) Ensine estratégias para que o paciente não esqueça das tarefas:
aplicativos de celular, bilhetes na geladeira.

l) Faça ensaios com o paciente com uma situação e veja como ele
consegue cumprir o que foi estabelecido, caso contrário mude a tarefa
para pontos menores.

Quando não deu certo a tarefa de casa:

1. Veja se foi o problema não foi bem definido


2. Se a quantidade não foi exagerada.
3. Se o foco realmente foi a situação
4. Sugerir que o paciente envie uma mensagem para o terapeuta
quando ele concluir uma tarefa.
5. Se o paciente não fez a tarefa, demande mais tempo na próxima
sessão para compreender o que falhou.

31
14 - Crenças e Pensamentos Automáticos

Você já parou para pensar como os pensamentos invadem sua men-


te? Entram sem pedir licença, são automáticos. Sem perceber você já está
de novo tendo um pensamento negativo, aquele que te deixa triste, inse-
guro e, que não sai da sua cabeça.

As crenças que estão sempre te acompanhando podem ser positivas


ou negativas de acordo com nossas experiências. Elas são representações
de ideias que você ouviu, vivenciou e acabou concluindo que são verda-
deiras.

Nossa forma de pensar e agir está relacionado com os sentimentos


que os pais, a escola e as pessoas que estão ao nosso redor vão transmitin-
do e vamos interpretando cada um de uma forma. Assim, formam nossas
crenças.

Crenças como “ o dinheiro não traz felicidade”, “somente quem é


magro é feliz”, “ homem não chora”, são crenças muito comuns que po-
dem trazer prejuízo no dia a dia das pessoas.

Há vários tipos de crenças:

a) Crenças sociais: são crenças impostas pela sociedade e pela mídia.


Atualmente as redes sociais contribuem muito para a formação de cren-
ças, principalmente entre os adolescentes.

b) Crenças hereditárias: são crenças representadas pela família,


como traições, ausência ou excesso de regras, comparação entre irmãos...,
muitas vezes transmitidas pelos próprios pais.

c) Crenças pessoais: são crenças que de acordo com sua experiência


individual, podem ter origem na família, porém tornam-se verdadeiras
na vida adulta. Por exemplo: ser demitido do emprego, o término de um
namoro, pode representar que você não é tão bom o suficiente para con-
tinuar no emprego ou tão carinhoso para manter o relacionamento.

Na Terapia Cognitivo-Comportamental destaca-se as crenças cen-


trais sobre si mesmo como: desamparo, desamor e desvalor. Estas crenças
geram pensamentos automáticos que impedem a pessoa de ter sucesso
profissional, pessoal ou social.

32
A seguir destaco alguns pensamentos automáticos destas crenças
centrais na visão de Judith Beck.

PENSAMENTO AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESAMPARO


* Sou incompetente;
* Eu sou muito frágil;
* Sou fraco, descontrolado;
* Eu não consigo mudar;
* Eu não tenho atitude;
* Não sou objetivo;
* Sou uma vítima;
* Sou vulnerável, fraco, sem recursos, passível de maus tratos;
* Sou inferior, um fracasso, um perdedor;
* Não sou bom o suficiente;
* Não sou igual aos outros.

PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESAMOR


* Sou diferente, indesejável, feio, monótono, não tenho nada a oferecer;
* Não sou amado, querido, sou negligenciado;
* Sempre serei rejeitado, abandonado, sempre estarei sozinho;
* Sou diferente, imperfeito, não sou bom o suficiente para ser amado.

PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS DA CRENÇA DE DESVALOR


* Não tenho valor;
* Sou inaceitável;
* Sou mau, louco, derrotado;
* Sou um nada mesmo, sou um lixo.
* Sou cruel, perigosos, venenoso, maligno;
* Não mereço viver.

33
15 - Emoções: Identificando e Modificando
Comportamentos

Saber diferenciar emoções e sentimentos é o primeiro passo para


compreender os pensamentos e comportamentos.

Emoção é uma reação que temos de forma momentânea como rai-


va, choro, vergonha, medo, ansiedade, é uma consequência de uma ação
externa. Por exemplo: você acabou de bater o dedo na porta, então esbra-
veja, grita, mas logo que passar a dor também passa esta reação.

Para Goleman (2011), “todas as emoções são, em essência, impul-


sos, legados pela evolução, para uma ação imediata, para planejamentos
instantâneos que visam lidar com a vida. A própria raiz da palavra emo-
ção é do latim movere — “mover” — acrescida do prefixo “e-”, que deno-
ta “afastar-se”, o que indica que em qualquer emoção está implícita uma
propensão para um agir imediato. Essa relação entre emoção e ação ime-
diata fica bem clara quando observamos animais ou crianças; é somente
em adultos “civilizados” que tantas vezes detectamos a grande anomalia
no reino animal: as emoções — impulsos arraigados para agir.”

As experiências que temos são armazenadas e influenciam direta-


mente nas ações e no sentimento. Um sentimento pode surgir das nossas
emoções e das nossas crenças.

As emoções são importantes para o ser humano em diversos aspec-


tos, sentir raiva, nojo, tristeza, medo fazem parte do dia a dia e até mesmo
para a preservação da espécie. O grande problema é quando esse senti-
mento se instala e ultrapassa a curva dentro de uma normalidade, passa
a fazer parte dos pensamentos disfuncionais e interferem em nosso dia a
dia causando prejuízo social, profissional e pessoal.

Goleman e Senge (2015), demonstram que estudos realizados mos-


tram que nossa mente “ divaga cerca de 50% do tempo, em média (...)”
Em exercícios realizados na Universidade Emory, “voluntários foram ins-
truídos a manter a atenção em uma única coisa, e é claro que a mente
divagou (...). Cada vez que trazemos a mente de volta é como executar
uma flexão de tríceps- mas na ginástica mental você está fortalecendo os
circuitos ao procurar foco e ênfase e ignorar as distrações.”

Estudos da Neurociência e da Psicologia relatam que os pensamen-

34
tos e sentimentos localizam-se no Sistema Límbico, localizado no cérebro
e que diante de uma emoção, migram para o córtex frontal, influencian-
do diretamente em nossas ações, na memória, na capacidade de planeja-
mento e até na criatividade.

É neste ponto que a Terapia Cognitivo-Comportamental irá atuar.


Os pensamentos automáticos existem e não é possível eliminar, mas atra-
vés da TCC a pessoa consegue melhorar seu foco e modificá-los.

A TCC ensinará estratégias e ferramentas para que o paciente possa


lidar com estes pensamentos que geram e desencadeiam os transtornos.
Muitas vezes, o paciente não identifica quais pensamentos disfuncionais
chegam à sua mente, mas conseguirá evitar que atuem diretamente em
seu comportamento, ele passa a lidar e reagir.

Como a TCC é projetada para trabalhar em cima do momento pre-


sente, irá atuar na verificação se os pensamentos são reais ou não, como o
paciente encara a situação e como modificar as crenças, além de explorar
mais as suas qualidades, mostrando que a modificação é possível.

Existem pessoas que acreditam que mesmo que algo bom aconteça
tem sempre um lado negativo. Por exemplo, receber um elogio, acredita
que os outros querem se aproveitar, que o elogio não é verdadeiro.

Pensamentos que não somos capazes de executar algo


CRENÇAS BAIXA IGNORA O AFETA POSTURA
CENTRAIS AUTOESTIMA POSITIVO CORPORAL
DEPRESSÃO

Os pensamentos que não somos capazes de executar algo, reavive


as crenças centrais como desamor, desvalor ou desamparo, gerando baixa
autoestima, ignoramos o lado positivo que afeta até mesmo nossa postura
corporal. Isto pode desencadear o Transtorno de Depressão.

A TCC auxilia o paciente a ser seu próprio terapeuta, a melhorar a


autoestima e autoconfiança.

35
16 – Transtornos Psiquiátricos
e Transtornos Psicológicos

Numa sociedade moderna, repleta de aspectos que desencadeiam


inúmeras emoções, como stress, nível de ansiedade alto, trânsito, pande-
mia (pelo Covid-19), excesso de trabalho, má-alimentação, entre outros,
nosso corpo e nossa mente dão sinais de que algo está errado.

A vida social, pessoal e profissional acaba sendo afetada por inúme-


ros fatores e, ainda inclui o fato de problemas que surgem e nos invade
sem pedir licença: uma perda de um ente querido, divórcio, perda de
emprego, uma doença na família...

A grande pergunta é o que faz parte da vida e conseguimos lidar


com os problemas e o que foge do nosso controle, desencadeando trans-
tornos mentais e até distúrbios alimentares.

Como já vimos nos capítulos anteriores, muitos transtornos podem


ter início na infância, manter na adolescência e permanecer na vida adul-
ta.

Os transtornos interferem diretamente na rotina e no dia a dia do


indivíduo e precisam ser identificados por um profissional de forma rápi-
da para que se possa iniciar um tratamento mais eficaz.

É muito comum, na cultura popular, acreditarem que os transtor-


nos são fases da vida, que vai passar e até que a pessoa quer “chamar a
atenção”. Isto é muito prejudicial tanto no diagnóstico quanto no trata-
mento.

As causas dos transtornos podem ser internas ou externas e em sua


grande maioria, é necessário um acompanhamento com terapia e/ou me-
dicamentosa.

A diferença entre os transtornos psicológicos e psiquiátricos está na


formação do profissional e no tratamento medicamentoso, que é o caso
dos psiquiatras. Bons resultados em transtornos é a união destes dois pro-
fissionais, pois há alguns transtornos que somente o terapeuta cognitivo-
-comportamental não conseguirá ajudar o paciente.

Lembrando que a postura do terapeuta é acompanhar o paciente e

36
psicoeducá-lo no tratamento para possa compreender seu transtorno e a
controlar as emoções mudando o foco do problema e buscando estraté-
gias para a resolução.

É fundamental que o terapeuta cognitivo-comportamental perceba


que algumas vezes, não conseguirá resolver os problemas do paciente,
mas irá ajudá-lo

Além da depressão e da ansiedade, já discutidos nos capítulos ante-


riores, há uma lista de transtornos classificados do DSM 5 (Manual Diag-
nóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

De acordo com este Manual, destacaremos alguns transtornos que


a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar no tratamento.

1. Esquizofrenia: “Outros transtornos psicóticos inclui esquizofre-


nia e transtorno (da personalidade) esquizotípica. Esses transtornos são
definidos por anormalidades em um ou mais dos cinco domínios a se-
guir: delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado, com-
portamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo
catatonia) e sintomas negativos.” (DSM5-p.128).

2. Transtornos alimentares como: Anorexia que é uma preocupação


exagerada pelo peso, a pessoa fica muito abaixo do peso e em sua visão
acredita que não está adequada aos padrões de beleza, a Bulimia, geral-
mente a pessoa tem uma compulsão por comer, porém tem muito medo
de ganhar peso e por isso acaba provocando vômitos, após as refeições,
Ortorexia, que é a preocupação excessiva por comer alimentos saudáveis,
a Vigorexia, que é a obsessão pelo corpo musculoso, ou a compulsão ali-
mentar.

3. Estresse pós traumático: luto, assalto, ameaça de morte, divór-


cio...

4. Transtorno obsessivo compulsivo: é um distúrbio mental em que


a pessoa possui ações repetitivas de forma compulsiva, causando prejuí-
zo na vida e no cotidiano. Manias de limpeza, verificar se fechou a porta
inúmeras vezes.

5. Síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade que pode


paralisar o paciente frente a alguma situação de desconforto, a pessoa
fica estática, pode ter crises como palpitação, taquicardia, náuseas, medo

37
intenso, sudorese, sensação de falta de ar são alguns sintomas durante o
“ataque”.

Há ainda outros transtornos que a TCC traz grandes benefícios e


eficácia entre eles:

• Fobia social;
• Transtorno de conduta;
• Abuso de substância;
• Problemas conjugais;
• Problemas familiares;
• Transtorno de personalidade;
• Abusos sexuais;
• Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (este transtor-
no será abordado no próximo capítulo 19)

38
17 – Depressão

Cury (2010), coloca que a “mente humana é um terreno inóspito,


sinuoso e cheio de segredos, um espaço infinito e ao mesmo tempo tão
pequeno que cabe dentro de um cérebro, um fenômeno tão concreto e ao
mesmo tempo tão impalpável (...) Os sintomas psicossomáticos, como do-
res de cabeça, gastrite, nó na garganta, são sintomas de insolvência da sua
empresa psíquica. (...) Somos lentos para agir, frágeis para mudar nosso
estilo de vida.”

Talvez em muitos momentos, como terapeuta ou até mesmo no dia


a dia tenha momentos que acredite ter sinais depressivos. Todos nós já
passamos por momentos de tristeza que descrevemos como sintomas da
depressão.

O transtorno depressivo é muito trabalhado na TCC com amplo


sucesso no tratamento. Dr. Aaron Beck trouxe muitas contribuições sobre
este transtorno, pois foi o início dos estudos em Terapia Cognitivo-Com-
portamental.

É muito comum uma oscilação de humor, o que nos preocupa é


quando isto permanece e afeta a vida profissional, a vida pessoal e fami-
liar.

A depressão é um transtorno mental que está no DSM-5 (Manual de


Diagnóstico de Transtornos Mentais- 5ª edição), classificado como CID-
10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde), ou seja, a depressão é uma doença e precisa ser tratada por me-
dicamentos e/ou terapias dependendo do grau em que a pessoa se en-
contra. Há pessoas depressivas que correm risco de suicídio. Neste caso,
apenas a TCC não será suficiente, é necessário um trabalho em conjunto
com a área da Psiquiatria.

Infelizmente, ainda a depressão é confundida como um descaso,


preguiça ou até falta de atividades. Escutamos com frequência que de-
pressão não existe. Isto não é verdade.

Segundo Goleman (2015), “a virada do milênio iniciou uma Era da


Melancolia, do mesmo modo como o século XX se tornou a Era da Ansie-
dade. Dados internacionais mostram uma espécie de epidemia moderna
de depressão, que se espalha de mãos dadas com a adoção, em todo o

39
mundo, de modos modernos. Desde o início do século XXI, cada nova
geração tem vivido sob maior risco que aquela que a antecedeu de sofrer
uma depressão grave — não a mera tristeza, mas uma paralisante apa-
tia, desânimo e autopiedade — no transcorrer da vida. E esses episódios
estão começando cada vez mais cedo. A depressão na infância, antes pra-
ticamente desconhecida (ou, pelo menos, não reconhecida), surge como
um dado do panorama moderno.”

A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo


e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima-se que mais de
300 milhões de pessoas sofram com este transtorno. E cerca de 800 mil
pessoas, entre 15 e 29 anos, morrem de suicídio a cada ano.

Há inúmeros estudos sobre o Transtorno Depressivo, mas ainda


não há uma única definição sobre as causas, as possíveis podem estar re-
lacionadas ao estresse, luto, problemas de relacionamentos e as crenças
da infância que perpetuam na adolescência e na vida adulta.

Segundo dados, as mulheres são mais afetadas que os homens.

O transtorno depressivo está relacionado ao humor, as funções cog-


nitivas e fisiológicas.

Há muitas contribuições também da Neurociência sobre depressão,


sendo que há alterações nas estruturas do Hipocampo, Amígdala e no
córtex frontal (ver imagem).

(Imagem disponível https://www.ndig.com.br/item/2013/01/cientistas-identificam-regio-do-crebro-


-que-nos-torna-egostas. Acesso em: 09/02/2021, às 16h)

40
Pessoas que têm depressão tem uma mudança na comunicação dos
neurônios e no comportamento que são afetados pela falta de hormônio
como serotonina, dopamina, noradrenalina. Hormônios que regulam o
humor, a motivação, a felicidade e o bem-estar.

Para iniciar um diagnóstico correto é preciso que a pessoa esteja


apresentando alguns destes sintomas no mínimo por duas semanas:

- Alterações de peso (aumento ou perda)

- Sono (presença ou falta)

- Agitação ou lentidão motora

- Perda de funções executivas (memória, flexibilidade cognitiva,


atenção, planejamento, controle inibitório)

- Ter pensamentos suicidas

A tristeza, dificulta um pouco o diagnóstico, pois pode ser apenas


uma reação normal ou estar relacionado com a doença. O que caracteriza
o transtorno depressivo é a intensidade e a frequência desta tristeza, aco-
metendo o dia a dia. Para alguns esta tristeza profunda e duradoura pode
levar aos pensamentos suicidas. O paciente fica preso nos pensamentos
automáticos e muitas vezes, tem vergonha de procurar ajuda ou aceitar
que tem depressão.

A Terapia Cognitivo-Comportamental busca estratégias para que a


pessoa possa trabalhar com seus pensamentos disfuncionais e suas cren-
ças através de uma reorganização destes pensamentos, uma formulação
dos problemas e um reforçamento positivo.

41
18 - Ansiedade

O transtorno de ansiedade generalizado também está inserido no


DSM-5 e é destacado alguns critérios para diagnósticos:

A - Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva),


ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos
eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).

B - O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.

C - A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais)


dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na
maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é exigido
para crianças. 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da
pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de
“branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação
do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfató-
rio e inquieto).

D - A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam so-


frimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

E - A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma subs-


tância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica
(p. ex., hipertireoidismo).

F - A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno


mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânico
no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade
social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno ob-
sessivo-compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de an-
siedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno
de estresse pós-traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas
físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na
aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no
transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantes
na esquizofrenia ou transtorno delirante)

(DSM-5. P. 222-223)

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Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou daquela
ansiedade que é necessário e faz parte do nosso dia a dia. Aquele famoso
“frio na barriga” quando temos que apresentar um trabalho em público
não é prejudicial.

Em crises de ansiedade podem surgir sintomas, além deste “frio na


barriga”. Isto que desperta sinal de alerta como:
• tremores; • Enxergar perigo em tudo;
• cansaço • Apetite desregulado;
• sensação de falta de ar ou asfixia; • Alterações de sono;
• coração acelerado; • Tensão Muscular;
• suor excessivo; • Medo de falar em público;
• mãos frias e suadas; • Preocupações em excesso;
• boca seca, tontura; • Ficar sempre próximo de ataques
• náuseas; de nervos;
• diarreia; • Medos irracionais;
• desconforto abdominal; • Inquietação constante;
• ondas de calor; • Sintomas físicos;
• calafrios; • Pensamentos obsessivos;
• micção frequente; • Perfeccionismo;
• dificuldade para engolir ou sen- • Problemas digestivos.
sação de engasgo. • Dificuldade de concentração
O que diferencia medo da ansiedade é a reação. Medo é uma emo-
ção negativa numa reação imediata. Ansiedade é uma emoção negativa
numa reação do futuro.

A Terapia Cognitivo-Comportamental trata com eficácia este trans-


torno através de diversas estratégias como fazer com que o paciente te-
nha mais autonomia. Quanto mais autonomia, maior a possibilidade de
prevenir de situações negativas e pensamentos disfuncionais e ampliar as
possibilidades de escolhas para resolução dos problemas de forma mais
eficiente na tomada de decisões.

Outras estratégias que são benéficas é o uso de uma agenda e a prá-


tica de imagens mentais. A agenda física para registrar as atividades é me-
lhor do que a mental. Nela o paciente estabelece as metas e as conquistas,
além de anotar as possíveis soluções para o problema.

Fazer uma imagem mental sobre a situação e como o paciente pode-


rá encontrar estratégias funciona muito bem.

É claro que atividades de lazer, atividades físicas, horas regulares de


sono e alimentação saudável fazem parte do tratamento.

43
19 – Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade - TDAH

É muito frequente ouvir que a criança é agitada, não para nunca e


se distrai com muita facilidade, principalmente no âmbito escolar. Logo,
a família é convidada para ir até a escola e levar para um especialista. Não
demora muito, é vem o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção
e Hiperatividade.

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um


transtorno neurocomportamental, caracterizado por déficit de atenção,
hiperatividade e impulsividade.

Na infância percebe-se com muita nitidez as características de quem


tem TDAH, pois da criança é exigido que ela permaneça sentada, realize
as tarefas em silêncio e mantenha a concentração.

Quando a família recebe este diagnóstico e procura a Terapia Cog-


nitivo-Comportamental é preciso ter clareza que a terapia não envolve
apenas a criança, mas também toda a família.

Retomo um trecho de própria autoria Aguilar (2021), sobre TDHA:

“Existem alguns sintomas que podem ser levados em consideração duran-


te uma avaliação de suspeita de TDA. Para o diagnóstico é fundamental
que a criança apresente pelo menos seis destes sintomas e precisam ocorrer
em vários ambientes como em casa e na escola, e também, é necessária
uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, e não somente a listagem de
sintomas. Está disponível na Associação Brasileira de Déficit de Atenção
(www.tdah.org.br) em questionário denominado SNAP-IV que foi cons-
truído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística – IV
Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiátrica.”

Afirmo que o preenchimento deste questionário não deve ser utili-


zado como único para o diagnóstico. É necessária uma avaliação multidis-
ciplinar para ser comprovado o diagnóstico.

44
Nem um Só um Bastante Demais
pouco pouco
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete
erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou ativi-
dades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente
com ele.
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de
escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tare-
fas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinque-
dos, deveres da escola, lápis ou livros).
8. Distrai-se com estímulos externos.
9. É esquecido em atividades do dia a dia.
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em
que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas
em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em ativi-
dades de lazer de forma calma.
14. Não para ou frequentemente está a “mil por hora”.
15. Fala em excesso.
16. Responde às perguntas de forma precipitada antes
delas terem sido terminadas.
17. Tem dificuldade de esperar sua vez.
18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se
nas conversas / jogos).
Versão em Português validada por Mattos P et al, 2005

45
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, a avaliação
deve ser feita da seguinte forma:

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou


“DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o espera-
do numa criança ou adolescente.

2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou


“DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e im-
pulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.

O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos


critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios
que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas


com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes


dos 7 anos de idade.

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima


em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na
vida social e em casa).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou


familiar por conta dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão,


deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos
exclusivamente a ele.

Muitos estudos relevam a eficácia da Terapia Cognitivo-Comporta-


mental em casos de TDAH, mesmo que a criança ou adolescente esteja
fazendo uso da medicação e/ou a combinação de várias terapias.

46
“A maioria dos casos de TDAH exige uma combinação de tratamentos,
incluindo medicação, capacitação para os pais e adaptações psicoeduca-
cionais.

✔Os tratamentos combinados têm a maior probabilidade de controlar


os sintomas não apenas do TDAH, mas de suas condições co-mórbidas.

✔Os tratamentos combinados também podem levar a uma necessidade


ou dose menor do medicamento.

✔ Entre as crianças que apresentam uma boa resposta a estimulantes, a


adição de tratamentos psicossociais de intensidade baixa a moderada pa-
rece acrescentar poucos benefícios para o controle dos sintomas. Todavia,
entre 15 e 25% das crianças não respondem a estimulantes e dependem
exclusivamente de tratamentos psicossociais.

✔A adição de tratamentos psicossociais a tratamentos médicos também


pode auxiliar a proporcionar cobertura em momentos do dia nos quais os
medicamentos não mais surtem efeitos ou quando não podem ser admi-
nistrados.

✔ O tratamento de crianças e adolescentes portadores de TDAH é uma


questão complexa e certamente de maior duração do que antes se acredi-
tava ser necessário. Visto atualmente como um transtorno crônico para a
maioria das crianças, o TDAH exige tratamentos que devem ser combi-
nados e mantidos para que tenham um impacto de longa duração sobre a
qualidade de vida e sobre o desenvolvimento dessas crianças

( Barkley, 2008, p. 701)

47
20 - TCC em Crianças e Adolescentes

A terapia com crianças e adolescentes tem que ter um enfoque di-


ferente do adulto, caso contrário não haverá resultados nos pensamentos
disfuncionais e nas crenças. Este público, na grande maioria, não conse-
gue identificar as crenças e os pensamentos, apenas agem de acordo com
as ações externas e os conflitos internos.

É muito provável que as crenças foram construídas pela família ou


pela escola, é não é possível aplicar a TCC sem um apoio e colaboração
de ambos.

Após ter sido levantado os pontos a serem trabalhados na avaliação


na TCC, salvo a importância do relato de familiares e professores que con-
tribuem para a coleta das informações, é fundamental que as estratégias
sejam mais lúdicas, que envolvam jogos e também atividades divertidas.

Para um melhor aproveitamento destaco aspectos que devem ser


levados em consideração pelo terapeuta:

1. Tarefas de casa não funcionam muito bem. O adolescente e a


criança associam com as tarefas escolares e passa a ter um efeito negativo.

2. Envolva a família na terapia.

3. Utilize atividades com baralhos, emojis, cartas.

4. Utilize balões de gibis para registrar os pensamentos automáticos.

5. Histórias com fábulas, super heróis e fantoches além de agradar


desperta curiosidade e estimula habilidades como memória, atenção e
planejamento.

6. Utilize recursos com vídeos e aplicativos socioemocionais.

48
Bunge (2012), destaca alguns pontos para o fracasso terapêutico
com crianças e adolescentes, entre eles:

01. Não tenha interesse pelos gostos da criança;

02. Seja entediante e não se divirta com ela;

03. Obrigue-o a vir;

04. Não o faça participar;

05. Não defina ou esqueça os objetivos da criança;

06. Trabalhe somente com a criança;

07. Dedique-se somente a brincar com ele;

08. Exclua o contexto da criança. Pais, irmãos e escola não influenciam;

09. Responsabilize os pais; mas não dê soluções;

10. Repita o que não funcionou;

11. Ignore alterantivas médicas e os guias de prática clínica;

12. Faça com que a criança se adapte ao tratamento no lugar de adaptar


o tratamento a ela;

13. Concentre-se em marcar apenas os erros.

49
21- Intervenções de Tratamento:
Meditação, Mindfulness

Pare agora e responda onde está seu pensamento neste exato mo-
mento? Está concentrado na leitura ou há pensamentos automáticos que
invadem sua mente na leitura do livro?

Dentre muitas estratégias de tratamento, duas trazem excelentes


resultados não apenas para quem participa da TCC, mas para todos: a
meditação e o mindfulness.

Há muitas confusões entre ambos, acreditando que são semelhan-


tes.

Roemer (2010) relata que “um dos aspectos mais benéficos da TCC é que
ela pode ser usada para ensinar o cliente a desenvolver e aperfeiçoar habilida-
des de vida a serem aplicadas em uma grande variedade de esferas. Treinamento
de habilidades é um termo amplo empregado para descrever métodos que ajudam
o cliente a resolver problemas, manejar interações sociais/interpessoais, tornar-se
mais assertivo e lidar com as emoções. Técnicas de aceitação e mindfulness podem
ser facilmente integradas ao treinamento de habilidades. Depois que o cliente iden-
tificou direções valorizadas, ele vai perceber os obstáculos internos e externos que o
impedem de se empenhar em atividades valorizadas. Os obstáculos internos costu-
mam ser pensamentos, sentimentos, imagens e sensações físicas que o cliente deseja
evitar, e podem ser tratados com mé¬todos clínicos que aumentam a aceitação, o
mindfulness e a disposição. As barreiras externas à busca de atividades consistentes
com as direções valorizadas em geral incluem déficits em recursos e habilidades.”

E, agora onde está sua atenção? Está na leitura? Ou está no passa-


do? Ou em situações que virão. Qual minha atenção? Onde quero estar?

Mindfulness é um estado mental de atenção e é fundamental que


o aplicador tenha conhecimento desta técnica e nem sempre o terapeuta
está apto a realizar. O terapeuta percebe a necessidade do paciente, po-
rém faz a indicação para um especialista que conheça muito bem a técnica
do mindfulness.

Já a meditação inclui inúmeras práticas. Tem práticas de meditação


religiosa, espiritual, com focos específicos, mas nem todas elas tem o obje-
tivo de aumentar nossa capacidade de atenção.

50
O objetivo principal de Mindfulness não é técnica de respiração,
não é técnica de relaxamento, não trata ansiedade, mas pode ajudar
como um efeito de sua prática, não é o objetivo principal.

Na prática de Mindfulness, você tem toda a atenção para aquilo que


está fazendo no presente, naquele exato momento. Exemplo: ao tomar
banho, sua atenção está concentrada na temperatura da água, nos movi-
mentos, no cheiro do sabonete...

Os resultados da prática de Mindfulness e Meditação aliados à Te-


rapia Cognitivo-Comportamental são tão eficazes que o paciente, mesmo
após o término da TCC continua com essa prática.

51
22 - Estudos de Caso

Para iniciar qualquer estudo de caso é imprescindível reafirmar a


importância do vínculo entre paciente e terapeuta e um contrato tera-
pêutico. Fundamenta-se também a importância de utilizar os protocolos
da Terapia Cognitivo-Comportamental.

CASO 01

Julia, possui Transtorno Depressivo Maior, 31 anos, solteira, que


mora com os pais e é professora de adolescentes entre 14 e 15 anos. A
queixa inicial se pontuava em sua insegurança e na cobrança da família
por ainda morar com os pais e não ter casado, como seus irmãos.

Ela deixou de ter prazer pelas atividades que gostava e relatava que
só trabalhava por questões financeiras, mas sua vontade era ficar deitada
e chorar.

Relata na infância problemas de relacionamento e o fato de ter so-


frido bullyng por ser obesa, fato que mudou quando entrou na adoles-
cência, onde teve seu primeiro namorado, porém o mesmo a traiu com
sua amiga. Deste momento em diante não teve nenhum relacionamento
duradouro.

Tempo de avaliação: 3 sessões


Realizava as tarefas de casa com frequência
Teve melhoras a partir da 4ª sessão
Teve recaída na 10ª sessão
Duração da TCC: 20 sessões

Julia foi avaliada de acordo com os seguintes critérios:

• Entrevista e anamnese;
• Realização do Inventário Beck de Depressão (BDI-II);
• Verificação de humor;
• Verificação da presença dos sintomas de acordo com o DSM-5

52
CASO 02

João, 14 anos, foi encaminhado por outra psicóloga com a queixa


de distração e não ter bons resultados na escola. Segundo a mãe, João se
isola dos amigos e permanece a maior parte do tempo trancado no quar-
to.

A mãe trabalha muito e é divorciada, apesar de ter um bom relacio-


namento com o pai, João evita falar sobre ele.

Para João os problemas descritos pela mãe e pela escola não exis-
tem, acredita que está tudo bem e não precisa de terapia.

Foi realizado terapia e orientação tanto para o João quanto para


que a mãe mudasse as reações e condutas com o filho.

Apesar do João acreditar que não precisa de terapia, foi diagnóstico


um transtorno de déficit de atenção, além da não aceitação dos problemas
que foram abordados.

Tempo de avaliação: 2 sessões


Realizava as tarefas de casa com frequência
Teve melhoras a partir da 8ª sessão
Teve recaída na 15ª sessão
Duração da TCC: 25 sessões

João foi avaliado de acordo com os seguintes critérios:

• Entrevista e anamnese;
• Relatórios da psicóloga anterior e da escola;
• Vverificação de humor;
• Verificação da presença dos sintomas de acordo com o DSM-5

53
23 - Aceitação

Aceitar não tem relação com se conformar com as situações. Muitas


vezes, ouvimos que temos que aceitar as dificuldades e se conformar com
o sofrimento.

Aceitação, significa em ter a certeza que as situações e os proble-


mas acontecem e acontecerão, é um reconhecimento dos sentimentos,
das emoções e da variação do humor, que da mesma forma que chegam
também irão embora.

Já é sabido que nossas crenças e pensamentos disfuncionais alteram


nosso comportamento e influenciam em nossas ações. A aceitação pode
ser externa e interna, é um olhar diferente para o problema ou para a
situação em si.

No artigo publicado na Revista Brasileira de Terapia Cognitiva,


VOL. 9 Nº 2 - JUL. / DEZ. DE 2013, os autores Luc Vandenberghe e Val-
quíria César Valadão citam os autores Hayes e colaboradores (2012) que
“descrevem a aceitação como o consentimento em acolher pensamentos e emoções,
mesmo quando se apresentam de forma dolorosa. A definem como uma abertura in-
tencional para a vivência interior. A pessoa escolhe relacionar-se de forma tolerante
com seus conteúdos psicológicos, sem tentar fugir do que lhe é desagradável, e, ao
mesmo tempo, lembra que seus pensamentos e sentimentos são nada mais que suas
próprias produções e produtos da sua história e do seu contexto, não assumindo que
representam o mundo real. Essa aceitação ajudará o indivíduo a reduzir a energia
que investe na luta contra as emoções negativas e a engajar-se mais em ações cons-
trutivas. Ela o permite investir em um redirecionamento da sua vida, uma vez que
não está mais refém da luta com as emoções difíceis.”

Para Lizabeth Roemer & Susan M. Orsillo (2010) “Aceitação é en-


trar ativamente na realidade do que existe, em vez de nos apegarmos a
como desejaríamos que as coisas fossem ou a quanto gostamos ou não
dessa realidade.”

54
Conclusão

Desde os tempos mais primórdios, o homem busca a felicidade.


Acredita que para ser feliz é necessário sucesso profissional, pessoal ou
até mesmo que “dinheiro não traz felicidade”. Seja qual for seu conceito
de felicidade, temos que buscar primeiramente um autoconhecimento e
gestão das emoções.

Buscar a solução em terapias também não trará a famosa “felici-


dade”. Os problemas existem e todos temos seja financeiro, de saúde ou
relacionamento. O que temos que buscar é libertar os pensamentos auto-
máticos disfuncionais, aqueles que nos impedem de crescimento pessoal
e bem-estar.

Cortella (2019) já relata que “ a felicidade é um desejo permanente,


mas é uma circunstância provisória. Nenhum e nenhuma de nós é feliz o
tempo todo.”

Conhecer a Terapia Cognitivo-Comportamental e a história do Dr.


Aaron Beck é mergulhar em nossos pensamentos e crenças. É acreditar
que os problemas não estão no mundo e sim na forma como enxergamos
e lidamos com as situações inesperadas. É buscar um autoconhecimento,
evitando os “gatilhos”, aqueles que desencadeiam pensamentos disfun-
cionais.

A Terapia Cognitivo-Comportamental é para todos!

55
Referências Bibliográficas

AGUILAR, R. Neurociência aplicada à educação. Editora Edicon,


3ª. Edição. São Paulo. 2021.

BARKLEY R.A, Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.


Editora Artmed.Porto Alegre. 2008.

BUNGE, E. Terapia cognitiva com crianças e adolescentes. 2ª. Edi-


ção- São Paulo. Casa do Psicólogo, 2012.

CORTELLA & KARNAL&PONDÉ. Felicidade:modos de usar.


Editora Planeta. São Paulo. 2019

CURY, A. O código da inteligência e a excelência emocional. Edito-


ra Agir. Rio de Janeiro. 2010.

FRIEDBERG, R. M., J. GARCIA, J. H. Técnicas de terapia cogniti-


va para crianças e adolescentes . Editora Artmed. Porto Alegre. 2009.

GOLEMAN, D. E SENGE, P. O foco triplo: uma nova abordagem


para a educação. Editora Objetiva. Rio de Janeiro. 2015

GOLEMAN, D. Inteligência emocional [recurso eletrônico] / Daniel


Goleman ; tradução Marcos Santarrita. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2011.
recurso digital

ROEMER, L.A prática da terapia cognitivo-comportamental base-


ada em mindjulness e aceitação [recurso eletrônico] / Lizabeth Roemer,
Susan M. Orsillo ; tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese ; revisão
técnica: Armando Ribeiro das Neves Neto. — Dados eletrônicos. — Porto
Alegre : Artmed, 2010.

WILLIAMS, M.. Atenção plena [recurso eletrônico] / Mark Williams,


Danny Penman [tradução de Ivo Korytowski]; Rio de Janeiro: Sextante,
2015. Recurso digital

IMAGEM 01: https://www.triadedaaprovacao.com.br/tecnica-do-


-cachorro-bravo-ou-da-dupla-lista/ Acesso em 07/02/2021, às 14h38

IMAGEM 02: https://meuestilo.r7.com/fotos/conheca-o-boo-o-lulu-


-da-pomerania-mais-fofo-do-facebook-24082019#!/foto/1 às 14h56.

56
Links e Artigos Para Ampliar Conhecimento:

1. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas. versão impressa ISSN


1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

2. História e panorama atual das terapias cognitivas no Bra-


sil. Bernard Pimentel Rangé; Eliane Mary de Oliveira Falcone; Aline
Sardinha. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1808-56872007000200006

3. A relação terapeuta - cliente sob o enfoque comportamen-


tal. Thereza Pontual de Lemos Mettel. https://doi.org/10.1590/S1414-
98931987000100009

4. Terapia Cognitivo-Comportamental para depressão: um caso clí-


nico. Jéssica Camargo; Ilana Andretta. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1983-34822013000100004

5. Aceitação, validação e mindfulness na psicoterapia cognitivo-com-


portamental contemporânea. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas
2013•9(2)•pp.126-135. Luc Vandenberghe. Valquíria César Valadão 2

57
Sobre a Autora

Renata Aguilar, Mestranda em Intervenção Psicológica do Desen-


volvimento e da Educação, Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga clínica
e institucional e palestrante educacional. Com atuação há mais de 25 anos
no âmbito escolar e clínico. Autora de vários artigos em revistas e sites
sobre educação e autora com mais de 10 livros publicados para formação
dos professores, incluindo Educação 5.0 com Gestão das emoções e Com-
petências Socioemocionais.

@ellocursospsicologia @ellocursospsicologia

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