Você está na página 1de 31

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CAMPUS DE RUSSAS
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: FUNDAÇÕES

DIMENSIONAMENTO
DE SAPATAS

Profa. Mylene Melo


2021.2
Dimensionamento de Sapatas

Objetivos

• Conhecer os métodos de cálculo de capacidade de cargas de


sapatas
• Dimensionar a capacidade de cargas de sapatas pelos métodos
semi empíricos estatísticos
Dimensionamento de Sapatas

Referências bibliográficas
Introdução – NBR 6122:2019
Introdução – NBR 6122:2019
Introdução – NBR 6122:2019
Introdução – NBR 6122:2019
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

Sapatas – Capacidade de carga


No estudo da capacidade de carga de um solo, é importante ter-se de
forma clara a conceituação das tensões a ele impostas por fundações
superficiais:
Tensão de Rutura: (𝜎𝑟) – tensão que leva o solo a rutura e está
intimamente ligada ao valor da deformção na rutura.
Em geral, pesquisas apontam que a tensão de rututa é alcançada
quando os recalques (deslocamentos verticais) da sapata atingem
valores entre 10 a 30% de sua dimensão (lado menor ou diâmetro).
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

Tensão Admissível (𝜎𝑎) – ou tensão de projeto, é aquela que produz


somente recalques que a estrutura é capaz de suportar. A 𝜎𝑎, além de
não provocar a rutura do terreno de apoio não produzirá recalques
inadimissíveis na estrutura.
Para terrenos com perfil de resistência do tipo residual (crescente
com a profundidade), pode-se considerar que:

𝜎" 𝜎"
𝜎! = → 𝜎! =
𝐹# 3
Onde,
Fs – fator de segurança da ordem de 3.
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

Lei de Coulomb: 𝝉𝑹 = 𝒄 + 𝝉𝒏 − 𝝊 ∗ 𝒕𝒂𝒏𝝓


• Onde:
𝜏! - tensão resistente cisalhante (paralela a superfície de rutura)
𝑐 – coesão do solo
𝜏" - tensão normal – perpendicular à tensão cisalhante
𝜐 – pressão da água
𝑡𝑎𝑛𝜙 - tangente do ângulo de atrito

Em geral as fundações rompem por cisalhamento do solo!!


Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
P

Z ≤
f 2B

fundação entra no solo antes de romper

𝝈𝒓

𝝈𝒓
𝝈𝒂 = B
𝟑 𝝉𝒂

𝝉𝑹

𝝈𝒓 - tensão na rutura
𝝉𝒂 - tensão cisalhante atuante
O fenômeno da rutura é o cisalhamento!!! 𝝉𝒓 - tensão cisalhante resistente
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

Para dimensionar uma sapata??

• Área da sapata

• Profundidade
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

Ex. Pilar P1 = 700t – encontrar a área da sapata S1??

B
𝑷 𝟏 = 𝝈𝒂 ∗ 𝑨 → 𝑷 𝟏 = 𝝈𝒂 ∗ 𝑩 𝟐

𝑷
𝑩=
𝝈𝒂
B

Onde,
𝑷𝟏 - Carga do pilar P
𝝈𝒂 - tensão admissível
Sapata quadrada S1
B – lado da sapata quadrada
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

ESCOLHA DA PROFUNDIDADE
Solo resistente: SPT maior que 20. Ideal 25 e em alguns casos adimite-se 15
Acima do lençol freático – em condições especiais pode-se escavar abaixo do
lençol freático utilizando-se bombas submersíveis. Este procedimento encarece a
execução das fundações
Existência de terreno resistente a uma profundidade menor que 2B
As tensões admissíveis calculadas como sapata, abaixo dessa profundidade, ficarão
super-dimensionadas;
De preferência solos com alguma coesão
Pode-se escavar em areia pura, escorando-se cava das fundações, para garantir a
estabilidade da cava.
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

1. Métodos Racionais (teóricos)


• Utilizam as teorias clássicas como a de Terzaghi, Balla, Brinch
Hansen e Vésic, adicionadas a parâmetros do solo (peso específico
(𝛾), coesão (c)e ângulo de atrito (𝜙) obtidos por meio de ensaios
laboratoriais.

Brinch
Hansen - Terzaghi
Vesic

Skempton Meyerhof
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
TERZAGHI:
𝟏 𝑷
𝝈𝒓 = 𝒄 ∗ 𝑵𝒄 ∗ 𝑭𝒑 ∗ 𝑭𝑭 ∗ 𝑭𝒄 + 𝒒 ∗ 𝑵𝒒 ∗ 𝑭𝒑 ∗ 𝑭𝑭 ∗ 𝑭𝒄 + 𝜸 ∗ 𝑵𝜸 ∗ 𝑭𝒑 ∗ 𝑭𝑭 ∗ 𝑭𝒄
𝟐

Onde,
𝝈𝒓 - tensão de rutura do solo
𝒄 – coesão do solo (ensaio de cisalhamento)
𝑵𝒄 - fator de capacidade de carga (depende do ângulo de atrito)
𝑭𝒑 - fator de profundidade da sapata
𝑭𝑭 - fator de forma (ex. sapata quadrada, redonda) - tabelas
𝑭𝒄 - fator de compressibilidade do solo
𝒒 – sobrecarga (pressão geostática ou inicial ao nível da base da sapata)
𝑵𝒒 - fator de sobrecarga (depende do ângulo de atrito)
𝜸𝑷 - peso específico do solo na zona de plasticidade (abaixo da base da sapata com porfundidade igual
a “B” - lado da sapata ou na prática 5m)
𝑵𝜸 - fator de capacidade de carga (depende do ângulo de atrito)
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
P

𝒒 = 𝝈° = 𝜸 ∗ 𝒉

Onde,
𝒒 – sobrecarga B
𝝈° - tensão geostática (ou inicial) 𝝉𝒂
h=B
𝜸 – peso específico do solo
𝒉 - profundidade 𝝉𝑹

cunha de rutura
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

2. Método de prova de carga

𝝈𝒓
𝝈𝒂 =
𝟐
Onde,
Fs – fator de segurança da ordem de 2 na prova de carga.
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
2. Método de prova de carga
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019

3. Métodos semi empíricos estatísticos


Baseados no SPT, tratados estatisticamente
Calcula-se pelos vários métodos existentes:
• NBR 6122
• Berberian
• Albieiro e Cintra
• Terzaghi e Peck
• Milton Vargas
• Teixeira
• Victor de Mello
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
Ex. Projetar a sapata do pilar P3 para 72t a ser implantado no terreno com a sondagem
média abaixo representada.

N72
0 10 20 30 40 50
N72
0,0
1,0
5 argila muito arenosa amarela úmida (C6Sa5)
2,0
18
areia muito pouco argilosa branca muito úmida (S3Cb6)
N.A 3,0
20 areia muito pouco argilosa branca submerso (S3Cb9)
4,0
30 areia muito pouco argilosa branca submerso (S3Cb9)
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 01: ESCOLHA DA PROFUNDIDADE – considerando a existência de lençol freático a
3m de profundidade e solo SPT 18 a 2m, recomenda-se implantar a Sapata a 2 m.

N72
0 10 20 30 40 50 P3
N72
0,0
1,0
5 (C6Sa5)
2,0
18
(S3Cb6)
N.A 3,0 2,20 m
20 (S3Cb9)
4,0
30 (S3Cb9)
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 02: MÉTODO 1 – NBR 6122 – CAPACIDADE DE CARGA ADMISSÍVEL (𝝈𝒂 )

Solo da base da sapata:


areia muito pouco argilosa branca muito
úmida
Supondo B = 2m e SPT médio (18+20/2= 19)

𝝈𝒂 = 𝟑 𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 03: MÉTODO 2 – Prof. DICKRAN BERBERIAN (𝝈𝒂 )
𝑵𝟕𝟐
𝝈𝒂 =
𝑲𝑩
Onde,
𝑁,- - SPT do solo = 19 golpes
𝑲𝑩 - fator de solo abaixo da base da sapata
areia muito pouco argilosa branca muito úmida (S3C)

𝑲𝑩 = 𝟓, 𝟗 𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐

𝟏𝟗
𝝈𝒂 = = 𝟑, 𝟐𝟐𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐
𝟓, 𝟗
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 04: MÉTODO 3 – ALBIEIRO e CINTRA (𝝈𝒂 )

𝑵𝟕𝟐
𝝈𝒂 =
𝟓
Onde,
𝑁,- - SPT do solo = 19 golpes
5 – para qualquer solo

𝟏𝟗
𝝈𝒂 = = 𝟑, 𝟖𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐
𝟓, 𝟎
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 05: MÉTODO 4 – TERZAGHI e PECK (𝝈𝒂 )
Com B estimado igual a 2m
𝑁,- - SPT do solo = 19 golpes
Entra no ábaco (usa a curva 20)

𝝈𝒂 = 𝟐, 𝟓𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐

𝜎/ = 2,5𝑘𝑔/𝑐𝑚2
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 06: MÉTODO 5 – MILTON VARGAS (𝝈𝒂 )
𝑵𝟕𝟐
𝝈𝒂 =
Entra como tipo de solo da base da sapata: 𝑲𝑴𝑽
areia muito pouco argilosa branca muito
úmida
𝟏𝟗
𝝈𝒂 = = 𝟑, 𝟏𝟕𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐
𝑁,- - SPT do solo = 19 golpes
𝟔, 𝟎
𝑲𝑴𝑽 - 6,0 Fator Milton Vargas
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 07: MÉTODO 6 – TEIXEIRA (𝝈𝒂 )

𝑵𝟕𝟐
𝝈𝒂 =
𝟓

𝟏𝟗
𝝈𝒂 = = 𝟑, 𝟖𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐
𝟓, 𝟎

Obs. Se o SPT for maior que 20, considera-se igual a 20 e se for menor do que 5, considera-
se igual a 5.
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 08: MÉTODO 7 – VICTOR DE MELLO (𝝈𝒂 )
𝟒 ≤ 𝑵𝟕𝟐 ≤ 𝟏𝟔

𝝈𝒂 = 𝑵𝟕𝟐 − 𝟏 → 𝝈𝒂= 𝟏𝟔 − 𝟏 → 𝝈𝒂= 𝟑, 𝟗 𝒌𝒈/𝒄𝒎𝟐

Obs. Se o SPT for maior que 16, considera-se igual a 16 e se for menor do que 4, considera-
se igual a 4.
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 9: Análise dos resultados pelo critério prof. Berberian

Métodos 𝝈𝒂 (kg/cm2)
𝝈𝒂 → 𝝈𝟏𝒂 𝒆 𝝈𝟐𝒂
NBR 6122 3,0
𝝈𝟏𝒂 = 23,39/7 = 3,34 kg/cm2
Berberian 3,22
Albieiro e Cintra 3,8 DP 30% dos valores: 4,34 – 2,34
Terzaghi e Peck 2,5
𝝈𝟐𝒂 = 23,39/7 = 3,34 kg/cm2
Milton Vargas 3,17
Teixeira 3,8
Victor de Mello 3,9 𝝈𝒂 = 3,34 kg/cm2
Métodos de cálculo da capacidade de carga – NBR 6122:2019
PASSO 10: PROJETO DA SAPATA S3
N! PQ
𝑃M = 𝜎! ∗ 𝐴 → 𝐴 = → 𝐴= → 𝐴= 2,16 m2
O" M,MR

𝐵= A→𝐵 = 2,16 → 𝑩 = 𝟏, 𝟒𝟗 𝐦 → 𝐁 = 𝟏, 𝟓𝟎 𝐦.

1,50 m
S3

1,50 m Z ≤ 2,20 m
f

Você também pode gostar