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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

Instituto de Ciências Humanas


Curso de Psicologia

PSICOPATOLOGIA

ANÁLISE DE CASO- DOM QUIXOTE DE LA MANCHA

VALERIA GOMES DOS SANTOS- RA: C64EHC-7/PS8P30

Brasília/DF
2021
ESCOLHA DA OBRA

Quando criança me lembro de assistir desenhos sobre o cavaleiro mais


valente que já existiu e “louco”, enquanto criança não entendemos o que a loucura
de fato significa, após muitos anos de estudos e leituras também chego a conclusão
se de fato sabemos o que é a LOUCURA. O que é a loucura?
A loucura é um tema bastante abordado por filósofos e estudiosos na
tentativa de entender o que seria patológico ou apenas um olhar diferente da
realidade. A obra Dom Quixote (filmes,desenhos e livro) nos traz com riqueza este
questionamento pois é repleto de falas e indagações sobre o quanto o que
decidimos ser real muitas vezes é cruel, cheio de preconceitos e doloroso.
Proponho trazer para esta análise um olhar mais profundo sobre o
personagem ( Dom Quixote) e não a visão que o autor Miguel Cervantes queria
trazer com uma crítica e sátira social ao criar esta linda obra.
Dom Quixote depois da Bíblia é o livro mais traduzido e lido em todo o
mundo (RODRÍGUEZ, 2005).
RELATO DE CASO

Alonso Quijano era um homem com 50 anos de idade, fazendeiro, não


obtinha muitas condições financeiras, um homem sem filhos ou esposa, sozinho e
triste, tinha apenas uma sobrinha.
A história se passa em 1615 na Idade Média, relata que após se sentir muito
sozinho, para lidar com solidão começou a ler livros de cavalaria, lia dia e noite,
vendeu quase todos os seus poucos bens para comprar mais livros e de tanto ler
sua “moleira afundou” e o "cérebro secou” o que hoje significaria que ele
“enlouqueceu”. Sua sobrinha preocupada pede ajuda de um padre que declara que
ele “enlouqueceu’’ por causa dos livros, após queimarem seus livros na tentativa de
resolverem o problema Alonso acredita ser obra de seu inimigo imaginário Fresto, o
feiticeiro.
Após o ocorrido decide que não podia deixar injustiças acontecerem pelo
mundo e que ele precisava sair em grandes aventuras e salvar os injustiçados e
lutar por Dulcineia, uma dama imaginária por quem tem amor eterno.
Pegou um velho cavalo que acreditava ser um belo e jovem cavalo-alado, fez
uma armadura com papelão e restos de uma velha armadura de seu avô e saiu em
em aventuras, trocando seu nome para Dom Quixote.
A história narra diversos momentos em que ele cria confrontos e lutas
imaginárias distorcendo a realidade, como quando atacou diversas ovelhas e as
feriu acreditando serem soldados inimigos, quando atacou diversos moinhos
acreditando serem gigantes e se feriu ou quando atacou guardas e soltou um grupo
de prisioneiros perigosos que os feriram e saíram cometendo mais crimes e por aí
vai.
Dom Quixote tinha ao seu lado Sancho Pança um homem que a história
relata ser alguém de pouco intelecto e grande ingenuidade que o confronta o tempo
todo lhe mostrando a realidade mas Dom Quixote o ignora diversas vezes e segue
seus delírios.
Após causar grandes confusões, estar cansado, humilhado e ferido, é vencido
e volta para sua casa, triste e deprimido adoece e no seu leito de morte toma
consciência de seus atos e pede perdão a sobrinha e Sancho Pança.
ANAMNESE

Alonso Quijano é um homem de 50 anos, não possui parentes próximos,


apenas uma sobrinha, sofre de alucinações e delírios constantes, acredita ser um
cavaleiro.
Vendeu suas terras e bens para comprar mais livros, é obcecado por leituras
de cavalaria, antes dos delírios era um fazendeiro.
Sua única rede de apoio é sua sobrinha e seu amigo Sancho Pança.
Se sentia triste e sozinho, mas após acreditar ser um cavaleiro e se chamar
Dom Quixote vive em constante mania, eufórico, feliz e com bastante energia,
mesmo sendo ferido constantemente.
Coloca constantemente sua vida e de seu amigo em perigo pois em fases de
alucinação ataca pessoas, animais e objetos.
Incapaz de tomar decisões racionais sobre si e suas finanças, vendeu parte
de suas terras para comprar livros como também foi atacado pela sociedade e
ridicularizado correndo risco de vida.
Homem inteligente e com bastante conhecimento literário. Não existem
relatos de outras crises anteriores.
Segundo Moacyr Scliar (2005) paciente se enquadrava anteriormente com
Monomania, caracterizada por ideias obsessivas e fantasiosas, um caso comum na
Europa antiga após as cruzadas.
Atualmente seria enquadrado com Transtorno bipolar tipo 1 com alucinações
e delírios constantes com comorbidade da demência por não se alimentar bem e
viver em constante sofrimento. Na idade média pelas condições de vida, 50 anos já
era considerado uma pessoa idosa pela alta carga de trabalho e pouca condições de
qualidade de vida, saneamento etc.
De acordo com o Hospital Psiquiátrico Santa Mônica (2020) os
Sintomas do Transtorno Bipolar são:
Sintomas da fase de euforia
-Aceleração do pensamento e da fala;
-Sensação de bem-estar;
-Agitação;
-Menor necessidade de sono;
-Maior energia;
-Impulsividade;
-Ideias grandiosas;
-Sensação de poder.
-Alucinação
Sintomas da fase de depressão
-Alterações no apetite;
-Perda de energia;
-Falta de interesse por atividades que antes eram prazerosas;
-Sentimento de inutilidade ou culpa;
-Pensamentos suicidas;
-Isolamento social.
BIBLIOGRAFIA

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SANTA MÔNICA, Diferença de esquizofrenia e


transtorno bipolar, 2020. Disponível em:
https://hospitalsantamonica.com.br/esquizofrenia-e-transtorno-bipolar-saiba-como-dif
erencia-los/

RODRIGUEZ, R. V. Dom Quixote: Aspectos Estratégicos, Antropológicos e Culturais.


Cidade: Editora,2005.

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