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Para os Venezuelanos:
Uma trocha, na Venezuela é um caminho ou estrada improvisada, quase sempre nos
campos.
Para o autor:
Uma palavra desconhecida, repetida centenas de vezes pelos refugiados na fronteira do
Brasil com a Venezuela.
O autor preferiu manter a grafia equivocada da palavra por haver registrado a obra com
este nome, na Biblioteca Nacional, por isto sempre escrita entre aspas: “ATROCHA”.
Apresentação - A história que originou a estória.
Afetado pelas histórias as quais vivenciou, buscou uma outra forma de contar a
extensão e os detalhes deste drama. Firme nesse propósito lançou-se a escrever um
roteiro de série para TV denominada “ATROTCHA – Baseado em fatos reais”.
Diferente do livro que é auto biográfico, a série é baseada em fatos reais, onde
diversos elementos foram alterados como licença poética. Entretanto o pano de fundo
político que causou o cenário migratório caótico, os elementos fundamentais da trama
e suas crises são reais.
Logline
Desempregado, aos 49 anos, deixou a esposa grávida e viajou para
Venezuela buscando a fama como jornalista em zonas de conflito. Terminou
como piloto de fuga para contrabandistas na fronteira.
Design narrativo proposto:
Archplot de ação e aventura, abordando a temática da busca da fama e do sucesso sob
a ótica de um personagem, tendo como pano de fundo um cenário geopolítico real e
profundamente caótico. Um drama clássico, serializado, com uma narrativa
arquitetada dentro de uma temporada com 10 episódios de 40 minutos cada.
Sinopse longa da primeira temporada
Carlos já havia abandonado a faculdade de jornalismo a bastante tempo. Casado pela
segunda vez, agora aos 49 anos e depois de tantos fracassos na vida, parece estar
vivendo seu melhor momento. O trauma de ser um derrotado como seu pai parece ter
ficado para traz. Trabalhando a dois anos como técnico mecânico na famosa companhia
canadense Cirque Du Soleil, o circo mais famoso do mundo, seus amigos o veem com
aquela “aura da fama”. Porém, a turnê na América Latina chega ao fim e a companhia
não providenciou seu visto para o próximo país. Carlos não terá seu contrato renovado.
Agora desempregado, Carlos sente falta do glamour de trabalhar em uma grande
empresa. Rejeita outras ofertas de trabalho e tem a ideia de retomar seu curso de
jornalismo para se aproximar dos conflitos na fronteira entre o Brasil e a Venezuela
buscando a fama como jornalista independente. Seu irmão que viveu 24 anos naquele
país e agora vive no Brasil, conhece profundamente a história e as origens da crise
humanitária da Venezuela e abastece Carlos com centenas de histórias de crimes e
perseguições que podem gerar grandes matérias se alguém tiver a coragem de conta-
las. Parece ser uma ótima pauta para buscar alguma fama como jornalista em zonas de
conflito. Carlos faz seus contatos e confirma que, de fato, estando na fronteira poderia
conseguir algum material que pudesse ser publicado. Carlos faz seus preparativos e
parte para a fronteira prometendo a sua jovem esposa que “serão apenas 10 dias”.
Marcela, sua esposa, está grávida no sétimo mês, mas mesmo isso não impede Carlos
de lançar-se na aventura: “Dez dias, amor! Logo estarei de volta!”. Carlos chega à cidade
de Pacaraima, Roraima, mas os conflitos cessaram e a calma reina no local. No entanto,
o fluxo de imigrantes ainda é intenso e Carlos busca gravar imagens relevantes para sua
pauta jornalística. Na TV e na internet este tema está bombando. Porém, sem
experiência e com dificuldades para gravar apenas com seu celular, Carlos logo percebe
que a missão não será tão simples. Com a ideia de aumentar a equipe, liga para suas
amigas espanholas, Vanessa e Chimena, que trabalham como documentaristas
profissionais na Espanha, e as convida para cobrirem sua história. Relutantes devido aos
altos custos da viagem, Vanessa e Chimena afirmam que só irão quando Carlos tiver
provas de uma pauta realmente interessante. Todos os dias então, Carlos vai para as
trilhas buscando gravar algum assunto de interesse, mas nada acontece. Finalmente, em
uma manhã tórrida do verão amazônico, por fim tem seu primeiro contato com um
grupo de refugiados. Corre de encontro ao grupo para gravar sua primeira matéria, mas
se atrapalha todo com a câmera do celular. Nervoso com o aparelho, Carlos escuta um
grito vindo do grupo de refugiados: é uma jovem grávida em trabalho de parto, ali
mesmo na trilha empoeirada. Carlos hesita, pensa, e por fim deixa de lado a gravação
da sua matéria e se envolve no parto ajudando a jovem mãe a dar à luz ao seu bebê. Os
refugiados se exaltam e dão graças a Deus por haver aparecido um “jornalista” de bom
coração. No calor do momento chegam alguns militares brasileiros e uma equipe de TV
que registra todo o ocorrido. Carlos trêmulo e emocionado depois de haver terminado
o parto, passa mal, vomita e desmaia em cima do seu próprio vômito. A atitude altruísta
de Carlos o torna conhecido entre os refugiados e o aproxima do Coronel Antônio
Valmilton, comandante da base militar brasileira na fronteira e chefe da Operação
Acolhida, em Pacaraima. Conquistando a amizade do Coronel, Carlos é convidado a ficar
hospedado nas instalações do Exército Brasileiro e logo os militares o parabenizam por
ele ter ficado famoso, pois sua ajuda no parto acabou saindo nas notícias do horário
nobre. Carlos se frustra e lamenta por haver perdido a chance de gravar sua primeira
matéria. No entanto, Carlos tem a chance de compartilhar essa história com suas amigas
espanholas e consegue convence-las a embarcarem para o Brasil e ajuda-lo na cobertura
dos eventos. Enquanto suas amigas não chegam, Carlos conhece um venezuelano de
nome Pexito, que ganha a vida como guia pelas atrotchas. Carlos não o reconhece, mas
Pexito afirma tê-lo ajudado no parto e oferece mais ajuda, caso queira conseguir
histórias mais intensas para suas matérias. Carlos pergunta como isso seria possível e
Pexito aponta para uma série de veículo 4x4 abarrotados de mercadorias e diz que esse
é o caminho para as melhores histórias. Carlos aceita e logo os dois estão envolvidos
com os comerciantes que traficam mercadorias pelos caminhos alternativos, já que as
fronteiras estão fechadas. Carlos e Pexito passam a trabalhar como motorista e
mecânico para os contrabandistas, mas na primeira viagem Carlos e Pexito são parados
pela Guarda Bolivariana e o veículo fica retido com toda a carga. Em dívida de morte
com os contrabandistas, Carlos afirma ter um plano. Marcela, sua esposa já está aflita
pois já se vai um mês e nada de seu marido retornar a casa: “Amor, tive uns problemas
aqui. Ficarei mais uns dias”. Carlos usa suas habilidades de excelente mecânico e faz um
acordo com os contrabandistas: Usando partes de outros veículos 4x4, ele constrói um
super potente veículo off road, e promete retornar para as trilhas e recuperar o veículo
retido juntamente com as mercadorias. Seu veículo de fato é imparável. Com uma
potência e ruído impressionante, rompe por caminhos que nenhum outro 4x4 poderia
passar. Carlos cria fama com sua criação e chama a atenção dos Generais do Cartel del
Soles que lhe entregam um telefone satelital e o obrigam a contrabandear ouro e pedras
preciosas da Venezuela para o Brasil, usando seu veículo agora conhecido como “La
ATROTCHA”. Relutante Carlos aceita, mas jornalistas locais o denunciam como o
“brasileiro que chefia o bando” e a notícia se espalha pela internet. Para provar sua
inocência Carlos concorda em levar a esposa de um jornalista e sua filha para o Brasil.
Acriança padece de leucemia e precisa de tratamento urgente. Na viagem de retorno,
Carlos é perseguido e, temendo por sua vida usa o telefone satelital para chamar sua
esposa. No calor da perseguição, Marcela chora e diz estar no hospital, em trabalho de
parto. Carlos pede perdão e promete voltar. Na fuga, em alta velocidade, uma peça da
suspenção quebra, o veículo gira com violência no ar, bate em um barranco enquanto
sua filha vem ao mundo no Brasil em um doce choro de bebê. Tristemente, a filha do
jornalista, perde a vida sem conseguir chegar ao Brasil. Carlos e a mãe da criança
escapam com vida, e são alcançados pelo exército Bolivariano que, com brutalidade
capturam todos sob ameaças de tortura e morte. Carlos e seu veículo destroçado são
salvos de serem detido graças à intervenção de uma patrulha do exército brasileiro que
invadiu o território venezuelano para salvá-lo dos perseguidores venezuelanos, porém
o declaram detido na base militar brasileira da fronteira. Toda a ação foi filmada por
Vanessa e Chimena que já estavam na fronteira. Ameaçando publicar as imagens da
ação ilegal do exército brasileiro, Vanessa e Chimena logram libertar Carlos, mas esse se
recusa a sair e deixar seu veículo retido em poder do exército brasileiro. Vanessa se
enfurece com Carlos e pergunta o porquê de tal comportamento. Carlos,
profundamente consternado pela morte da menina, mostra a Vanessa o ouro e as
pedras preciosas que estavam escondidas no veículo e jura provar que não é o traficante
que toda a mídia o acusa de ser. Vanessa vê a chance de uma grande história e o grupo
então se mobiliza para denunciar os crimes do Cartel del Soles. Buscando contato com
jornalistas venezuelanos que lutam contra o governo de Nicolás Maduro, Carlos e seu
grupo logram estabelecer conexões com políticos da oposição. Em contato com
assessores de Juan Guaidó, Carlos afirma possuir provas de que o General Yolman
comanda uma rede de tráfico de ouro e pedras preciosas na fronteira aplicando uma
política de terror e ameaças em toda a região da fronteira com o Brasil, impedindo a
entrada da ajuda humanitária para o povo venezuelano. A história de Carlos ganha
relevância e chega até uma importante jornalista venezuelana que vive nos Estados
Unidos, jornalista ativista Renéz de La Carmona. Com importantes conexões na CNN,
Renéz vaza essa história para seus contatos no governo americano que se mobiliza para
investigar os fatos. Em Pacaraima, o telefone satelital de Carlos toca e uma voz em inglês
pergunta: “Are you Carlos Binhares?”. Carlos treme e se dá conta que sua história
ganhou relevância geopolítica. Forças desconhecidas se unem para articular uma missão
maior para Carlos: Retornar para a Venezuela e encontrar o político Juan Guaidó, aliado
dos Estados Unidos, entregar as provas dos crimes do General Yolman e seus pares do
Cartel del Soles, buscando aumentar as chances de Guaidó de fato assumir o poder
como presidente da Venezuela. Para ter livre acesso nas barreiras do exército
Bolivariano, Carlos promete deletar o General Yolman para o próprio Cartel del Soles
como o General que rouba para si próprio e não para o Cartel. Na capital Carácas, dois
grupos antagônicos aguardam ansiosos pela chegada de Carlos e seu grupo: os
assessores do auto declarado presidente Juan Guaidó, e os Generais do Cartel del Soles
que ordenaram que ninguém toque em Carlos, seu veículo ou em seus amigos até que
ele chegue com as provas da traição do General Yolman. Como prova de amizade, o
Coronel Valmilton ordena que o veículo de Carlos seja concertado pelo exército
brasileiro. O ouro e as pedras preciosas são escondidos em um compartimento oculto
no veículo. Nas últimas ameaças do General Yolman residem os principais temores de
Carlos: “Tu mujer e tu hija... las voy a matar!”. Na sede do poder, em Carácas, entre
baforadas de charutos cubanos, os Generais do Cartel del Soles ordenam que ninguém
aborde Carlos e seu comboio. Entre os jornalistas da comunidade internacional essa
história ganha contornos de boato fantástico. Carlos agora está as portas de um país
corrupto e narcotraficante, com passe livre para entrar e tentar o improvável:
desequilibrar a balança do poder e da corrupção.
Com suas ações em solo venezuelano, Carlos conquistou uma fama inesperada e
maldita: ser conhecido como “o brasileiro que trabalha para o Cartel Del Soles”.
Com o peso da morte trágica de uma criança inocente sobre suas costas e sob
acusações de ter participação nos crimes do Cartel Del Soles, Carlos reúne seus
companheiros e parte em direção a Carácas para provar que é inocente.
Com grandes dificuldades, desavenças entre seu grupo e problemas em seu veículo
4x4, Carlos e seus amigos chegam a cidade de Santa Helena de Uairén e fazem
contatos com jornalistas dentro e fora do país. Uma rede de jornalistas se forma para
pedir auxílio ao corpo diplomático dos Estados Unidos da América e Carlos ganha
aliados poderosos. Os Generais do Cartel del Soles percebem a ameaça e contra
tacam.
Com a crescente fama de Carlos e com os boatos deque ele tem contatos estreitos
com os norte-americanos, Carlos passa a ser chantageado com ameaças a vida de
sua esposa. Seu irmão parte para convencer Carlos a voltar para casa mas é
sequestrado em Pacaraima. Carlos retorna em uma desesperada jornada para
localizar seu irmão e tentar resgatá-lo das mãos do Cartel del Soles.
Enquanto Carlos retorna para a fronteira para localizar seu irmão, Vanessa e
Chimena logram concluir um importante documentário que aponta os nomes mais
fortes do Cartel del Soles e conseguem enviar o material para Espanha. Carlos é
reconhecido internacionalmente como um bem feitor que busca apresentar a
verdade sobre a corrupção na Venezuela. Ainda na Venezuela e próximo a fronteira
Carlos consegue contato com seu irmão, mas seu veículo é destruído em um
acidente e Carlos perde a vida antes de chegar ao Brasil.
TERCEIRA TEMPORADA: O Arco Narrativo
Durante sua fuga para o Brasil, na tentativa de localizar seu irmão, Carlos sofre um
acidente com seu veículo e perde a vida nas trilhas da fronteira.
Gustavo havia logrado escapar dos sequestradores que trabalhavam para o Cartel
del Soles e agora aguardava Carlos para tentar traze-lo de volta ao Brasil. Enquanto
se dirigia ao encontro de Carlos, nas planícies da fronteira, Gustavo é testemunha
do acidente que tirou a vida de seu irmão. Decidido a levar o legado de seu irmão
adiante, Gustavo assume a responsabilidade de mostrar para a comunidade
internacional as verdadeiras raízes da corrupção na Venezuela.
Vanessa, Chimena e Pexito estão agora em Santa Elena de Uairén, protegidos pela
anistia internacional e a comunidade de jornalistas internacionais que recebem seus
materiais em vídeo, documentando os horrores da corrupção do governo de Nicolás
Maduro. As denúncias de Carlos e as provas apresentadas a mídia internacional,
causaram um racha entre os corruptos. Outros generais do Cartel buscam um acordo
com Vanessa e Chimena para que as acusações recaiam somente sobre o General
Yolman. A promessa é que a morte de Carlos seja vingada punindo apenas um
integrante do Cartel del Soles. A proposta chega a Gustavo Binhares, que aceita e
rompe relações com Vanessa.
O veículo off road usado pelo personagem é um modelo inspirado nas versões de
“carros para o fim do mundo”, em geral construídos com sucata:
“Se quiser ser um grande jornalista, você tem que ir para um lugar louco”
Alpaccino para Jay Bahadur no filme “Piratas da Somália – Dabka”, 2017.
Fotos:
Irapuã
Pires.
Tônus e estilo
Show Cross
A inspiração para o projeto vem da história de Jay Bahadur, um jornalista amador autor
da obra "The Pirates of Somalia", livro que inspirou o filme "DABKA", "Piratas da
Somália", título em português. Ambas obras contam a história de um jovem que sonhava
em ser um grande jornalista. O destino levou Jay Bahadur a entrar em contato com os
piratas somalis que sequestraram o cargueiro Maersk Alabama, evento que inspirou o
filme Capitão Philips e diversos outros livros.
A obra “ATROCHA” é em essência uma trama clássica de ação e aventura com um pano
de fundo político atual: as ameaças a liberdade e as escolhas equivocadas.