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ALTO RENDIMENTO

FILOSOFIA – AULA 09

ALUNO:__________________________________________________________________________________ DATA:______/_______/_______

1. (Enem 2019) TEXTO I A divisão e a independência entre os poderes são condições


Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso
crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado). a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
TEXTO II c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições
de mim. do governo.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um
2015. governante eleito.

A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais 4. (Enem 2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se
do pensamento kantiano: devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas para
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação. descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso
b) A prioridade do juízo e importância da natureza. conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos,
c) Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica. pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão. da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo. nosso conhecimento.

2. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994
dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas (adaptado).
vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer
firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido
fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas
perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se posições filosóficas que
de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do
máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, conhecimento.
vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos
nunca sucederá. somente o ceticismo.
c) revelam a relação de interdependência entre os dados da
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: experiência e a reflexão filosófica.
Abril Cultural, 1980. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia
das ideias em relação aos objetos.
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” conhecimento e são ambas recusadas por Kant.
representada no texto
a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre 5. (Enem 2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer
discussão participativa. o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter
b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade sempre presente em mente o que é independência e o que é
da vida futura na terra. liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem,
como norma universal. não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal
d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana poder.
podem justificar os meios.
e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova
para as pessoas envolvidas. Cultural, 1997 (adaptado).

3. (Enem 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz
coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo respeito
estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: decisões por si mesmo.
o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade
crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os às leis.
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso,
independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não livre da submissão às leis.
existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido,
concomitantemente. desde que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, valores pessoais.
1979 (adaptado).
6. (Enem 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua 9. (Enem PPL 2020) Antes que a arte polisse nossas maneiras e
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a ensinasse nossas paixões a falarem a linguagem apurada, nossos
incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de costumes eram rústicos. Não era melhor, mas os homens
outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade encontravam sua segurança na facilidade para se reconhecerem
se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na reciprocamente, e essa vantagem, de cujo valor não temos mais a
falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção noção, poupava-lhes muitos vícios.
de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo:
entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a Abril Cultural, 1983 (adaptado).
covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos
homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma
condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores No presente excerto, o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
durante toda a vida. exalta uma condição que teria sido vivenciada pelo homem em qual
situação?
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: a) No sistema monástico, pela valorização da religião.
Vozes, 1985 (adaptado). b) Na existência em comunidade, pela comunhão de valores.
c) No modelo de autogestão, pela emancipação do sujeito.
Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental d) No estado de natureza, pelo exercício da liberdade.
para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. e) Na vida em sociedade, pela abundância de bens.
Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como 10. (Enem PPL 2019) TEXTO I
expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das Eu queria movimento e não um curso calmo da existência. Queria
verdades eternas. excitação e perigo e a oportunidade de sacrificar-me por meu amor.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de Sentia em mim uma superabundância de energia que não
forma heterônoma. encontrava escoadouro em nossa vida.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud KRAKAUER, J. Na natureza
falta de entendimento. selvagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias
produzidas pela própria razão.
TEXTO II
7. (Enem 2ª aplicação 2014) Numa época de revisão geral, em que
valores são contestados, reavaliados, substituídos e muitas vezes Meu lema me obrigava, mais que a qualquer outro homem, a um
recriados, a crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma enunciado mais exato da verdade; não sendo suficiente que eu lhe
das principais características das Luzes, que, recusando as verdades sacrificasse em tudo o meu interesse e as minhas simpatias, era
ditadas por autoridades submetem tudo ao crivo da crítica. preciso sacrificar-lhe também minha fraqueza e minha natureza
tímida. Era preciso ter a coragem e a força de ser sempre verdadeiro
KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da em todas as ocasiões.
Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante solitário. Porto
Alegre: L&PM, 2009.

O iluminismo tece crítica aos valores estabelecidos sob a rubrica da


autoridade e, nesse sentido, propõe Os textos de Tolstói e Rousseau retratam ideais da existência
a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que, com seus humana e defendem uma experiência
escritos, mantinham o ideário religioso. a) lógico-racional, focada na objetividade, clareza e imparcialidade.
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo, permeada pela b) místico-religiosa, ligada à sacralidade, elevação e espiritualidade.
defesa de isenção em questões políticas e sociais. c) sociopolítica, constituída por integração, solidariedade e
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica pautada em organização.
valores condizentes com a centralização política. d) naturalista-científica, marcada pela experimentação, análise e
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando vastas explicação.
esperanças de emancipação para a humanidade. e) estético-romântica, caracterizada por sinceridade, vitalidade e
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e avançando na impulsividade.
dimensão da cidadania e da ciência.
11. (Enem PPL 2016) Os ricos adquiriram uma obrigação
8. (Enem digital 2020) Princípios práticos são subjetivos, ou relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua existência ao
máximas, quando a condição é considerada pelo sujeito como ato de submissão à sua proteção e zelo, o que necessitam para
verdadeira só para a sua vontade; são, por outro lado, objetivos, viver; o Estado então fundamenta o seu direito de contribuição do
quando a condição é válida para a vontade de todo ser natural. que é deles nessa obrigação, visando a manutenção de seus
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 2008. concidadãos. Isso pode ser realizado pela imposição de um imposto
sobre a propriedade ou a atividade comercial dos cidadãos, ou pelo
estabelecimento de fundos e de uso dos juros obtidos a partir deles,
A concepção ética presente no texto defende a não para suprir as necessidades do Estado (uma vez que este é rico),
a) universalidade do dever. mas para suprir as necessidades do povo.
b) maximização da utilidade.
c) aprovação pelo sentimento. KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
d) identificação da justa medida.
e) obediência à determinação divina.
Segundo esse texto de Kant, o Estado c) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que
a) deve sustentar todas as pessoas que vivem sob seu poder, a fim outorga a cada um o que é seu.
de que a distribuição seja paritária. d) o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende
b) está autorizado a cobrar impostos dos cidadãos ricos para suprir dele para validar suas determinações.
as necessidades dos cidadãos pobres. e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do
c) dispõe de poucos recursos e, por esse motivo, é obrigado a cobrar governante, pois ele que é soberano.
impostos idênticos dos seus membros.
d) delega aos cidadãos o dever de suprir as necessidades do Estado, 15. (Enem PPL 2011) O despotismo é o governo em que o chefe do
por causa do seu elevado custo de manutenção. Estado executa arbitrariamente as leis que ele dá a si mesmo e em
e) tem a incumbência de proteger os ricos das imposições que substitui a vontade pública por sua vontade particular.
pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam mais tributos.
KANT, I. Despotismo. In: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário
12. (Enem PPL 2015) A pura lealdade na amizade, embora até o básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo
homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado
como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na ideia O conceito de despotismo elaborado pelo filósofo Immanuel Kant
de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori. pode ser aplicado na interpretação do contexto político brasileiro
posterior ao AI-5, porque descreve
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: a) o autoritarismo nas relações de poder.
Barcarolla, 2009. b) as relações democráticas de poder.
c) a usurpação do poder pelo povo.
A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela d) a sociedade sem classes sociais.
a) eficácia prática da razão empírica. e) a divisão dos poderes de Estado.
b) transvaloração dos valores judaico-cristãos.
c) recusa em fundamentar a moral pela experiência. 16. (Unesp 2021) Aquele que ousa empreender a instituição de um
d) comparação da ética a uma ciência de rigor matemático. povo deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a
e) importância dos valores democráticos nas relações de amizade. natureza humana, transformar cada indivíduo, que por si mesmo é
um todo perfeito e solitário, em parte de um todo maior, do qual
13. (Enem PPL 2012) O homem natural é tudo para si mesmo; é a de certo modo esse indivíduo recebe sua vida e seu ser; alterar a
unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo constituição do homem para fortificá-la; substituir a existência
mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma física e independente, que todos nós recebemos da natureza, por
unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está uma existência parcial e moral. Em uma palavra, é preciso que
em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas destitua o homem de suas próprias forças para lhe dar outras […]
instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, das quais não possa fazer uso sem socorro alheio.
retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e
transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular (Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.)
não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e
só seja percebido no todo.
De acordo com a teoria contratualista de Rousseau, é necessário
ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, superar a natureza humana para
1999. a) assegurar a integridade do soberano.
b) conservar as desigualdades sociais.
A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme c) evitar a guerra de todos contra todos.
expressa o texto, diz que d) promover a efetivação da vontade geral.
a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria e) garantir a preservação da vida.
natureza.
b) as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua 17. (Uema 2021) O século XVIII da história humana foi marcado por
essência natural. grandes revoluções, entre elas a francesa. Foi um século de muitas
c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições dúvidas e novas conquistas para o conhecimento humano. Nesse
sociais dependem dele. período, duas correntes de pensamento sobre o conhecimento,
d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto. denominadas racionalismo e empirismo, se colocavam como
e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o detentoras da verdade sobre o conhecimento, o que levou os
homem é um ser político. pensadores a refletirem sobre o problema.

14. (Enem PPL 2012) Um Estado é uma multidão de seres humanos Essa teoria do século XVIII que juntou racionalismo e empirismo é
submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três poderes conhecida como
dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três a) Ceticismo.
pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o b) Dogmatismo.
poder executivo na pessoa do governante (em consonância com a c) Idealismo.
lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de d) Criticismo.
acordo com a lei) na pessoa do juiz. e) Iluminismo.

KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“As maiores descobertas/invenções da humanidade”
De acordo com o texto, em um Estado de direito
a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem Um dos aspectos que diferenciam os humanos de outros
o verdadeiro poder. seres vivos é a capacidade de lidar com situações de maneira
b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação inteligente, criando meios para solucionar problemas ou para,
da vontade geral. simplesmente, compreender melhor o Universo. A busca pela
inovação/descoberta levou muitos homens e mulheres a
desenvolverem ferramentas, materiais e tecnologias tão bem- 20. (Uece 2020) Considerando a filosofia política contratualista de
sucedidas que mudaram completamente a forma de as pessoas Jean Jacques Rousseau, observe a seguinte passagem de sua obra:
viverem e verem o mundo.
“O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo
Nesse sentido, a(s) questão(ões) abordarão o eixo temático “As cercado um terreno, lembrou-se de dizer ‘isto é meu’ e encontrou
maiores descobertas/invenções da humanidade”. pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes,
guerras assassínios misérias e horrores não pouparia ao gênero
humano aquele que, arrancando as estacas, tivesse gritado aos
18. (Ucs 2021) Para Chaui, a descoberta da Filosofia ocorreu semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor’”.
“quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade,
insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, Rousseau, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, desigualdade entre os homens. São Paulo. Abril Cultural, 1978.
demonstrando que o mundo e os seres humanos, os P.259.
acontecimentos e as coisas da natureza, os acontecimentos e as
ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e que a
própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma”. A filosofia política de Rousseau
a) seguiu a tradição contratualista de Locke e Hobbes, contudo sua
Fonte: CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. ideia de pacto fundamentou-se na noção de vontade geral,
Disponível em: ponto de partida para a cidadania, construída com base nas
https://home.ufam.edu.br/andersonlfc/Economia_Etica/ vontades particulares.
Convite%20%20Filosofia%20-%20Marilena%20Chaui.pdf. Acesso b) fundamentou-se na visão absolutista de pacto originária do
em: 27 mar. 2021. (Parcial e adaptado.) pensamento de Thomas Hobbes, na qual uma sociedade livre só
seria possível se comandada de forma despótica.
c) foi fortemente influenciada pelas concepções anarquistas do
Colocando a razão no centro de suas análises, Immanuel Kant filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon, crítico severo da
pressupôs que era necessário saber o que ela é, o que ela pode ou propriedade privada.
não conhecer, quais são seus limites e suas relações com a d) tinha, a exemplo de John Locke, uma concepção positiva da
experiência, entre outros. Para além de conhecer o mundo e as propriedade como elemento fundamental na consolidação do
coisas que existem nele, seja pela razão ou pela experiência, o pacto social e da opinião geral.
filósofo queria conhecer a própria razão.
21. (Uel 2020) Leia o texto a seguir.
Sobre a filosofia de Kant, é correto afirmar que
a) a estrutura da razão é, do ponto de vista do conhecimento, Dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. [...] devo
posterior à experiência, ou seja, é uma estrutura que depende proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a
da experiência. minha máxima se torne uma lei universal.
b) os conteúdos que a razão conhece e nos quais ela pensa,
dependem da experiência, sem a qual a razão seria sempre KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes.
vazia, inoperante. Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 208-209.
c) a razão, que é gerada pela experiência, fornece a matéria (o
conteúdo) do conhecimento para o sujeito.
d) um ser existe em si mesmo, ou seja, um objeto a ser conhecido Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria kantiana do
pela razão existe independente de alguém conhecê-lo. dever, assinale a alternativa correta.
e) os conteúdos do conhecimento são inatos e a estrutura da razão a) A máxima de uma ação moral universalizável pode ter como
é adquirida pela experiência. fundamento os efeitos da ação, sendo considerada moralmente
boa uma ação cujos efeitos causam o bem.
19. (Unesp 2020) Cada um de nós põe em comum sua pessoa e b) A obrigação incondicional que a lei moral impõe advém do
todo o seu poder sob a direção suprema da vontade geral, e reconhecimento da possibilidade de universalização das
recebemos, enquanto corpo, cada membro como parte indivisível máximas da ação
do todo. [...] um corpo moral e coletivo, composto de tantos c) A mentira pode, em certas circunstâncias, ser legitimada
membros quantos são os votos da assembleia [...]. Essa pessoa moralmente quando dela resulta uma ação benéfica ou impede
pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, o prejuízo a outrem.
tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou d) A máxima incondicional de uma ação moral pode ter como
de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado fundamento a experiência, pois os costumes fornecem
[...]. elementos suficientes para ela.
e) O imperativo categórico, princípio dos imperativos do dever,
(Jean-Jacques Rousseau. Os pensadores, 1983.) escolhe, dentre os estímulos fornecidos à vontade, o que lhe é
mais adequado.

O texto, produzido no âmbito do Iluminismo francês, apresenta a 22. (Unesp 2020) Do nascimento do Estado moderno até a
doutrina política do Revolução Francesa, ou seja, do século XVI aos fins do século XVIII,
a) coletivismo, manifesto na rejeição da propriedade privada e na a filosofia política foi obrigada a reformular grande parte de suas
defesa dos programas socialistas de estatização. teses, devido às mudanças ocorridas naquele período. O que se
b) humanismo, presente no projeto liberal de valorizar o indivíduo buscou na modernidade iluminista foi fortalecer a filosofia em uma
e sua realização no trabalho. configuração contrária aos dogmas políticos que reforçavam a
c) socialismo, presente na crítica ao absolutismo monárquico e na crença em uma autoridade divina.
defesa da completa igualdade socioeconômica.
d) corporativismo, presente na proposta fascista de unir o povo em (Thiago Rodrigo Nappi. “Tradição e inovação na teoria das formas
torno da identidade e da vontade nacional. de governo: Montesquieu e a ideia de despotismo”. In: Historiæ,
e) contratualismo, manifesto na reação ao Antigo Regime e na vol. 3, no 3, 2012. Adaptado.)
defesa dos direitos de cidadania.
O filósofo iluminista Montesquieu, autor de Do espírito das leis, constante da natureza humana, razão pela qual também as
criticou o absolutismo e propôs ciências e as artes são expressões necessárias da natureza
a) a divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário. humana.
b) a restauração de critérios metafísicos para a escolha de IV. A defesa da feliz ignorância, na qual nasce cada ser humano, leva
governantes. Rousseau a legitimar formas de governo caracterizadas pelo
c) a justificativa do despotismo em nome da paz social. sacrifício da inteligência e da crítica e pela obediência a um
d) a obediência às leis costumeiras de origem feudal. poder soberano.
e) a retirada do poder político do povo.
Assinale a alternativa correta.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
Analise a figura abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

24. (Uece 2019) Atente para o seguinte trecho de um artigo de


jornal: “Segundo o coordenador do Setor de Ciências Naturais e
Sociais da Unesco no Brasil, Fabio Eon, os direitos humanos estão
sendo alvo de uma onda conservadora que trata a expressão como
algo politizado. — ‘Existe hoje uma tendência a enxergar direitos
humanos como algo ideológico, o que é um equívoco. Os direitos
humanos não são algo da esquerda ou da direita. São de todos,
independentemente de onde você nasceu ou da sua classe social. É
importante enfatizar isso para frear essa onda conservadora’ —
ressalta Eon, que sugere um remédio para o problema: —
‘Precisamos promover uma cultura de direitos humanos’”.

Disponível em: O Globo. https://oglobo.globo.com/sociedade/os-


direitos-humanosnao- sao-da-esquerda-ou-da-direita-sao-de-
todos-23088573.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela


Assembleia Geral da ONU em 1948. Já a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão foi aprovada durante a primeira fase da
Revolução Francesa, pela Assembleia Nacional Constituinte.

No que diz respeito à Declaração dos Direitos do Homem e do


23. (Uel 2020) Leia o texto a seguir.
Cidadão, é correto afirmar que
a) apesar de ser um documento revolucionário moderno, tem suas
A “Querela do luxo” foi um dos mais intensos debates do século XVIII
premissas filosóficas no pensamento político de Aristóteles.
na França e consistiu em defender o luxo como sinal do progresso
b) é de inspiração hobbesiana, tendo seus primórdios nos inícios do
da humanidade, ou em atacá-lo como signo de decadência.
Estado moderno.
Rousseau, partidário da segunda via, num dos seus textos, afirma:
c) é de inspiração iluminista e liberal, sob influência de grandes
pensadores do século XVIII, tais como Locke e Rousseau.
A vaidade e a ociosidade, que engendram nossas ciências, também
d) é de inspiração marxista, no influxo dos grandes movimentos
engendram o luxo. [...] Eis como o luxo, a dissolução e a escravidão
grevistas e reivindicatórios que aconteceram na França durante
foram [...] o castigo dos esforços orgulhosos que fizemos para sair
o século XIX.
da ignorância feliz na qual nos colocara a sabedoria eterna. [...]
Creem embaçar-me terrivelmente perguntando-me até onde se
25. (Uel 2019) Leia o texto a seguir.
deve limitar o luxo. Minha opinião é que absolutamente não se
precisa dele. Para além da necessidade física, tudo é fonte de mal.
Por que só o homem é suscetível de tornar-se imbecil? [...] O
verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as ciências e as artes.
cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou
Trad. Lourdes Santos Machado, 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural,
pessoas suficientemente simples para acreditá-lo.
1983. p.395; 341; 410.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes
Santos Machado, 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243;
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria política e
259.
antropológica de Rousseau e a compreensão do autor acerca das
ciências, das artes e do luxo, considere as afirmativas a seguir.
Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil, propriedade e
natureza humana no pensamento de Rousseau, assinale a
I. A crítica de Rousseau às ciências e às artes e, por extensão, ao
alternativa correta.
luxo, resulta da sua compreensão da natureza humana, na qual a
a) A instauração da propriedade decorre de um ato legítimo da
necessidade física é o critério decisivo sobre o que é bom para a
sociedade civil, na medida em que busca atender às
humanidade.
necessidades do homem em estado de natureza.
II. Em sua teoria política, Rousseau dirige a crítica às ciências, às
b) A instauração da propriedade e da sociedade civil cria uma
artes e ao luxo, por identificar neles a vigência de um princípio
ruptura radical do homem consigo mesmo e de distanciamento
que sacrifica a possibilidade da criação de uma sociedade
da natureza.
minimamente justa.
III. A vaidade e a ociosidade, que engendram o luxo, são uma
c) A fundação da sociedade civil é legitimada pela racionalidade e 28. (Unesp 2019) A maior violação do dever de um ser humano
pela universalidade do ato de instauração da propriedade consigo mesmo, considerado meramente como um ser moral (a
privada. humanidade em sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a
d) O sentimento mais primitivo do homem, que o leva a instituir a mentira [...]. A mentira pode ser externa [...] ou, inclusive, interna.
propriedade, é o reconhecimento da necessidade da Através de uma mentira externa, um ser humano faz de si mesmo
propriedade para garantir a subsistência. um objeto de desprezo aos olhos dos outros; através de uma
e) A sociedade civil e a propriedade são expressões da mentira interna, ele realiza o que é ainda pior: torna a si mesmo
perfectibilidade humana, ou seja, da sua capacidade de desprezível aos seus próprios olhos e viola a dignidade da
aperfeiçoamento. humanidade em sua própria pessoa [...]. Pela mentira um ser
humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como
26. (Uece 2019) No Brasil, na Argentina e em outros países da ser humano. [...] É possível que [a mentira] seja praticada
América Latina, os governos estão promovendo mudanças meramente por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que
econômicas e de políticas públicas, mudanças essas conhecidas fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente benéfico
como liberais ou neoliberais. Nessas mais recentes políticas por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim é, por sua
governamentais, o poder público transfere à economia de mercado simples forma, um crime de um ser humano contra sua própria
a satisfação de determinadas carências dos cidadãos, que devem pessoa e uma indignidade que deve torná-lo desprezível aos seus
provê-las a partir do próprio esforço individual em uma economia próprios olhos.
mais fortemente caracterizada pela concorrência entre os
indivíduos e por menos direitos sociais. Em seu tempo, o filósofo (Immanuel Kant. A metafísica dos costumes, 2010.)
contratualista Jean-Jacques Rousseau, em seu Do Contrato Social,
afirma que quanto menos felicidade a República é capaz de
proporcionar aos cidadãos, mais eles terão que buscar, Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
individualmente, a felicidade. A consequência é uma sociedade a) considera a condenação relativa e sujeita a justificativas, de
cada vez mais egoísta, desinteressada pela política e, por fim, acordo com o contexto.
agrilhoada por um déspota qualquer ou pela cobiça. b) assume que cada ser humano particular representa toda a
humanidade.
O texto acima apresenta duas opiniões conflitantes sobre a c) apresenta um pensamento desvinculado de pretensões racionais
condução das políticas públicas. Considerando essas opiniões, universalistas.
assinale a afirmação verdadeira. d) demonstra um juízo condenatório, com justificação em
a) O governo brasileiro defende uma posição socialista, que motivações religiosas.
consiste no provimento estatal daquilo que é necessário para a e) assume o pressuposto de que a razão sempre é governada pelas
felicidade geral, enquanto Rousseau apresenta uma ideia liberal paixões.
de economia e livre-iniciativa.
b) Rousseau é um contumaz representante do marxismo cultural, 29. (Uece 2019) “No Brasil, a tortura ganhou destaque durante o
que produz suas críticas ao governo Bolsonaro com o único período da ditadura militar, quando foram cometidos diversos atos
objetivo de desestabilizar o Brasil e inviabilizar as reformas de tortura contra pessoas consideradas pelo governo como uma
econômicas liberalizantes. ‘ameaça’ à ordem e à paz. Após esse período turbulento, a
c) Rousseau apresenta um argumento contrário ao individualismo Assembleia Constituinte se reuniu para elaborar a nova
liberal, uma vez que o indivíduo, despreocupado com a política Constituição, aquela que mais tarde seria considerada como a
e engajado nos ganhos econômicos, se distancia dos assuntos Constituição Cidadã, pois ressalta o respeito à dignidade da pessoa
públicos e corre risco de perder sua liberdade. humana e a garantia dos direitos essenciais”.
d) A posição do governo brasileiro, ao apresentar um menor aporte
para as universidades públicas, quando amplia a rede de TEIXEIRA, Adriano Mendes. Os crimes de tortura e o princípio
universidades privadas, é condizente com o pensamento de constitucional da dignidade da pessoa humana. Disponível em:
Rousseau, que tem em foco o bem público e não a busca https://adrianomendes2016.jusbrasil.com.br/artigos/385521311/
individualizada por felicidade. os-crimes-de-tortura-e-o-principio-constitucionalda-dignidade-da-
pessoa-humana
27. (Ufu 2019) Segundo Kant, o princípio supremo da doutrina dos
costumes é: “aja segundo uma máxima que possa valer ao mesmo
tempo como lei universal – cada máxima que não se qualifica a isso O conceito de pessoa na expressão “dignidade da pessoa humana”
é contrária à moral”. se refere ao conceito
a) jurídico de persona, no sentido hobbesiano, como indivíduo em
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. sua existência legal como membro do Estado.
Trad. MARTINS, C. A. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora b) religioso, no sentido agostiniano, da pessoa individual como
da Universidade São Francisco, 2013. p. 31. imago dei, ou seja, criado à imagem e semelhança de Deus.
c) estético-teatral, como dramatis personae, lista dos personagens
principais de uma obra teatral.
A fórmula acima é denominada por Kant como imperativo d) ético-moral, no sentido kantiano, em que o homem, como ser
categórico, diz-se que ela exige que racional, é fim em si mesmo e nunca meio.
a) nossas ações devem ser pela vontade.
b) nossas ações sejam sempre por dever.
c) as inclinações devem orientar a moral.
d) agir conforme o dever é a lei universal.
30. (Unioeste 2018) O filósofo alemão Immanuel Kant formulou, na
Crítica da Razão Pura, uma divisão do conhecimento e acesso da
razão aos fenômenos. Fenômenos não são coisas; eles nomeiam
aquilo que podemos conhecer das coisas, através das formas da
sensibilidade (Espaço e Tempo) e das categorias do entendimento
(tais como Substância, Relação, Necessidade etc.). Assim, Kant
afirma que o conhecimento humano é finito (limitado por suas
formas e categorias). Como poderia haver, então, algum
conhecimento universalmente válido? Ele afirma que tal
conhecimento se formula num “juízo sintético a priori”. Juízos são
afirmações; o adjetivo “sintéticos” significa que essas afirmações
reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua vez, indica aquilo
que é obtido sem acesso à experiência dos fenômenos, antes deles
e para que os fenômenos possam ser reunidos em um
conhecimento que tenha unidade e sentido.

Com base nisso, indique a alternativa CORRETA.


a) Para Kant, o conhecimento humano é diretamente dado pela
experiência das coisas, acessíveis pelos sentidos (visão, audição,
etc.).
b) Juízos sintéticos a priori são afirmações de conhecimento cuja
natureza é particular e que se altera caso a caso.
c) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das coisas elas
mesmas, Kant é, na Crítica da Razão Pura, um defensor da
Metafísica, e não um defensor da finitude do conhecimento.
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do entendimento
mediante as quais conhecemos os fenômenos.
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o conhecimento,
dando a ele validade universal e unicidade.
Gabarito: categorias do entendimento e no esquematismo, isto é, na sua
filosofia transcendental, ou na sua filosofia sobre as condições de
Resposta da questão 1: [E] possibilidade do próprio conhecimento.

Essa famosa formulação de Kant diz respeito tanto ao imperativo Resposta da questão 5: [B]
categórico (lei moral em mim) e ao seu conceito de fenômeno (o
céu estralado sobre mim). É certo que a liberdade da sociedade democrática é justificada pela
sua limitação designada pela constituição da lei, porém a grande
Resposta da questão 2: [C] questão passa, então, a ser: qual é o conteúdo da lei? Se a
democracia é um regime fundado sobre o valor da liberdade, então
De acordo com a ética kantiana, o indivíduo deve guiar-se de acordo como a própria lei poderia livrar-se desse condicionamento
com o imperativo categórico, segundo o qual ele deve agir de forma primordial? O que Montesquieu estabelece é a necessidade de a lei
que sua ação possa ser universalizada para todos os indivíduos. O ser a limitação da licença de se fazer tudo aquilo que não esteja de
ato de fazer uma falsa promessa de pagamento contraria esse acordo com a racionalidade do espírito da lei.
imperativo, pois, se universalizado, criaria uma situação de total
instabilidade e desconfiança. Resposta da questão 6: [A]

Resposta da questão 3: [D] Como diz Kant em Resposta à pergunta: “O que é Iluminismo?”
(1784), a palavra de ordem deste movimento de renovação cultural
A liberdade não pode ser definida como a permissão de fazer tudo, é “Sapere aude!”, isto quer dizer basicamente que os homens
mas sim apenas aquilo que se instituiu permitido através da Lei deveriam deixar sua menoridade, da qual são culpados, e
formulada por um legislador capaz. Ora, se todos pudessem fazer direcionarem seu entendimento a partir de suas próprias forças,
tudo que desejassem, pensa Montesquieu, então não haveria sem a guia de outro.
liberdade, pois todos abusariam constantemente dessa permissão (Para uma noção geral sobre o assunto:
de fazer tudo. <http://www.youtube.com/watch?v=9a9kWxpnjWk>.)
Esta posição perante o mundo possibilitou um movimento em
“A liberdade política, num cidadão, é esta tranquilidade de busca da liberdade e de um ideal de independência política,
espírito que provém da opinião que cada um possui de sua econômica e intelectual. Desta busca nasce, entre muitos outros
segurança; e, para que se tenha esta liberdade, cumpre que o movimentos, a Independência americana, a Independência haitiana
governo seja de tal modo, que um cidadão não possa temer e a Revolução francesa (esta última influenciada pelo pensamento
outro cidadão”. (B. Montesquieu. Do espírito das Leis. In do filósofo Jean-Jacques Rousseau). E sendo uma posição opositora
Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 169). dos regimes absolutistas, o Iluminismo almeja a libertação da
riqueza e de tudo mais dos mistérios divinos tão presentes no
De modo que devemos considerar necessário um equilíbrio do pensamento medieval e influentes neste tipo de Estado absoluto.
poder para que não ocorra algum abuso dele, e a disposição das Tudo passa a ser problema resolvível se o entendimento do homem
instituições deve se dar de tal maneira que os poderes se se empenhar de maneira metodológica. Nada é misterioso. Desta
balanceiem. São livres, apenas os estados moderados, pois neles os confiança na razão nasce uma reflexão sobre a riqueza e sua
poderes Legislativo, Executivo, Judiciário se contrapõem garantindo administração – Adam Smith, A riqueza das nações (1776), por
a integridade e autonomia de cada um, e a liberdade de todos os exemplo. Neste contexto Montesquieu também é importante, na
cidadãos. sua obra O Espírito das Leis temos um tratado sobre as relações do
poder administrativo e uma teorização sobre a tripartição deste
Resposta da questão 4: [A] poder (executivo, legislativo e judiciário) de modo a serem
separados, porém interdependentes.
Primeiro, distingamos entre os tipos de juízos que Kant considera
sermos capazes de fazer. Eles são três: 1) juízos analíticos (ou Resposta da questão 7: [E]
aqueles juízos nos quais já no sujeito encontramos o predicado, ou
seja, juízos tautológicos e, por conseguinte, dos quais não se obtém O iluminismo foi um movimento filosófico que valorizava a razão
nenhum tipo de conhecimento); 2) juízos sintéticos a posteriori (ou como único princípio explicativo legítimo, estabelecendo uma
aqueles juízos nos quais a experiência sensível está presente e se crítica radical aos valores vigentes. A partir desse ideário, a
faz parte decisiva do julgamento, ou seja, juízos particulares e proposta do movimento iluminista incluía a valorização do saber
contingentes); e 3) juízos sintéticos a priori (ou aqueles juízos nos racional e do cientificismo contra as superstições.
quais o predicado não está contido no sujeito e a experiência não
constitui alguma parte decisiva do conteúdo, ou seja, juízos nos Resposta da questão 8: [A]
quais se obtém conhecimento sobre algo, porém sem que a
experiência seja relevante para a conclusão obtida, o que faz desse Para Kant, todo sujeito, enquanto ser cognoscente, possui um
tipo de juízo universal e necessário). aparato cognitivo universal (existe em todos os sujeitos) que
Segundo, lembremos que Kant afirmava que a matemática e a física possibilita o uso da razão, da sensibilidade – através das formas
realizam justamente o último tipo de juízo mencionado. Ele, então, puras da intuição de espaço e tempo – e do entendimento – através
se perguntava se a metafísica também não era capaz de realizar das categorias. Ademais, para esse filósofo, é o uso autônomo da
esse tipo de juízo. Para solucionar esta questão: “é possível uma razão e a ideia de liberdade que deriva dele que, a partir desse uso,
metafísica baseada em juízos sintéticos a priori?”, o filósofo irá se articula a questão do dever. Assim, seguindo o conhecido
modificar o ponto de vista da investigação se inspirando em princípio de que, ao praticar uma ação moral, o sujeito “age só
Copérnico, isto é, considerando o objeto não através daquilo que a segundo máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se
experiência sensível expõe, porém a partir da possibilidade de a torne lei universal”, Kant estabelece que qualquer ação que negue
faculdade mesma de conhecer constituir a priori o objeto – o esse princípio recai em contradição. Nessa perspectiva, Kant
astrônomo fez algo similar quando, em vez de calcular o movimento apresenta o imperativo categórico, segundo o qual se deve agir de
dos corpos celestes através dos dados da experiência sensível, acordo com um princípio que se constitua em lei universal. Com
calculou esses movimentos através da suposição de que o próprio isso, o interesse individual é sobreposto pela moral, através do
observador (o homem sobre a Terra) se movia. Esse a priori que dever, fundamento de toda ação moral.
Kant formula se encontra nas formas da sensibilidade, nas
Resposta da questão 9: [D] veem essa Lei como restrição dos seus desejos e, por conseguinte,
uma vontade decidida por seguir a Lei Moral só pode ser motivada
No fragmento, Rousseau faz referência ao estado natural, antes do pela ideia de Dever. Hipoteticamente, se houvesse uma vontade
estabelecimento da sociedade civil. O aluno deve perceber que a divina, embora boa, não seria boa porque é motivada pela ideia de
condição exaltada é essa uma vez que ele fala em “costumes Dever, pois uma vontade divina seria livre de qualquer desejo
rústicos” e na segurança que o reconhecimento recíproco imoral. Apenas a presença dos desejos imorais, ou das ações que
proporcionada, noções cuja noção não existe mais. A própria operam independentemente da moralidade, exige a bondade da
atitude de exaltar essa condição descrita também fornece ao aluno vontade e faz da Lei Moral coerciva, isto é, faz dela constituída
um indicativo de que Rousseau se refere ao estado de natureza, essencialmente da ideia de Dever. O ato de obedecer à vontade
pois a análise de Rousseau sobre a sociedade civil apresenta a unida não provém da sua característica de vontade geral (o
ruptura do estado natural em uma perspectiva negativa. conceito “vontade geral” sequer aparece explicitamente no texto
citado: “vontade unida em geral”), mas sim da sua característica
Resposta da questão 10: [E] modelar e, por conseguinte, restritiva que reduz a ação do sujeito
deixando livres apenas aquelas que são morais, e também pela
A forma de vida defendida tanto por Rousseau quanto por Tolstói ideia de Dever que ao motivar o cumprimento da lei de direito
está vinculada a uma experiência estético-romântica, na medida mantém a multidão estável.
em que valoriza atributos como a sinceridade, a impulsividade e a
coragem. Resposta da questão 15: [A]

Resposta da questão 11: [B] O Ato Institucional número 5, imposto pelo governo militar durante
o regime ditatorial brasileiro, integrou uma série de dispositivos
A alternativa [B] é a única que está de acordo com a visão kantiana jurídicos que levaram à concentração de poderes no executivo,
do Estado. De acordo com que apresenta o texto, Kant defende a transformando as demais instâncias do poder (legislativo e
visão segundo a qual é justo o Estado cobrar impostos dos ricos judiciário) em órgãos secundários, chancelados pelo comando do
para sustentar os seus concidadãos. poder executivo. Ademais, as eleições se limitaram a alguns cargos
e a algumas regiões. Desse modo, verifica-se nessa estruturação do
Resposta da questão 12: [C] Estado, o que Kant definiu como despotismo, pois "o chefe do
Estado executa arbitrariamente as leis que ele dá a si mesmo". Com
Para Kant, o modo como a razão humana opera caracteriza o ser efeito, as relações de poder passaram a ser caracterizadas pelo
racional como ser de condição moral, ou seja, a moral kantiana se autoritarismo.
fundamenta no exercício da razão. Ademais, para o filósofo, na
mente humana existem estruturas a priori que determinam a forma Resposta da questão 16: [D]
como a razão apreende os objetos de conhecimento,
independentemente de qualquer experiência empírica. Dessa [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]
forma, como a razão se articula à moral, a mesma não se De acordo com o pensamento contratualista de Rousseau, a
fundamenta pela experiência. vontade geral é resultado de uma superação da natureza humana,
permitindo que a liberdade natural dê lugar à liberdade civil.
Resposta da questão 13: [A]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Na teoria contratualista de Rousseau, a passagem do estado natural
Somente a alternativa [A] está correta. O homem civil, segundo o para a sociedade civil acaba por “corromper” o homem, que
texto de Rousseau, corresponde àquele que, desviando de sua nasceria bom e livre. Nessa perspectiva, o contrato social seria a
própria natureza, se torna um indivíduo relacional à comunidade forma de organização civil necessária para preservar a liberdade
política. inerente à natureza do homem e, ao mesmo tempo, garantir a
segurança e a felicidade de todos. Para isso, o contratualismo
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia] político deveria ser baseado na soberania política da vontade geral,
Se fizéssemos um exercício de completa abstração e pensássemos em detrimento da vontade individual, que é particular. Sendo o
unicamente a partir do ponto de vista do “homem natural”, então bem comum do interesse de todos, a igualdade só seria possível a
poderíamos dizer que a sua “transformação” em homem civil seja partir da efetivação da vontade coletiva, baseada no contrato social
um desvio. Porém, Rousseau não dá a entender que tal passagem civil.
para a vida civil seja simplesmente um artifício, um desvio da rota
natural. Segundo um trecho de sua obra, Contrato Social, a Resposta da questão 17: [D]
passagem é inevitável para a própria conservação do homem e,
portanto, um tanto natural, isto é, ela se cria pelo movimento da A questão faz referência ao Criticismo de Kant. Diferente dos
própria natureza do homem. racionalistas e dos empiristas, que privilegiavam uma ou outra
forma de obtenção do conhecimento, Kant compreendeu que a
“Esse estado primitivo não pode mais subsistir, e o gênero humano cognição humana é resultado da interação entre os sentidos e a
pereceria se não mudasse sua maneira de ser. Ora, como é razão. De acordo com ele, conceitos sem experiências são vazios,
impossível aos homens engendrar novas forças, mas apenas unir e assim como experiências sem conceitos são cegas.
dirigir as existentes, não lhes resta outro meio para se conservarem
senão formar, por agregação, uma soma de forças que possa vencer Resposta da questão 18: [B]
a resistência, pô-los em movimento por um único móbil e fazê-los
agir em concerto”. (J-J. Rousseau. Contrato social. In Antologia de A questão pede aos estudantes a compreensão da teoria do
textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 602). conhecimento de Kant. Por mais que o filósofo considere a
racionalidade e a experiência como necessárias para compreender
Resposta da questão 14: [B] o mundo, sua síntese entre racionalismo e empirismo define que
sem o conteúdo da experiência o racionalismo seria vazio, bem
Para Kant, a boa vontade é aquela vontade cuja direção é como sem os conceitos (racionais) a experiência não faria sentido.
totalmente determinada por demandas morais ou, como ele
normalmente se refere a isso, pela Lei Moral. Os seres humanos
Resposta da questão 19: [E] Resposta da questão 24: [C]

Rousseau está entre os pensadores classificados como Os direitos estabelecidos como fundamentais para todos os
“contratualistas”, haja vista que a teoria filosófica política indivíduos foram concebidos por novas correntes filosóficas
formulada por ele se baseia no estabelecimento de um contrato surgidas no século XVIII. Estes direitos foram reconhecidos pela
social como fundamento da organização política da vida coletiva, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, no contexto da
estabelecendo os direitos e deveres dos cidadãos e a finalidade e Revolução Francesa de 1789, movimento revolucionário de base
os limites das instituições políticas. Essa produção se dá no contexto liberal e iluminista. O pensamento iluminista liberal, dos quais
histórico de reação contra o Antigo Regime, baseado nas Rousseau e Locke são importantes representantes, defende a
monarquias absolutistas modernas. garantia constitucional da dignidade humana, a partir da
determinação de direitos invioláveis que evitariam o abuso de
Resposta da questão 20: [A] poder e as injustiças cometidas contra os indivíduos.

O contratualismo de Rousseau se difere do de Locke e do de Hobbes Resposta da questão 25: [B]


pois os autores possuem diferentes compreensões da natureza
humana e diferentes interpretações da ordem social. Diferente de [A] Incorreta. A propriedade não resulta de um ato tardio da
Hobbes, Rousseau acreditava na possibilidade de uma existência sociedade civil, sendo antes o ato de inauguração da própria
pacífica sem a necessidade de um estado despótico. Diferente de sociedade civil. Além disso, a instauração da propriedade não
Locke, Rousseau compreendia que a propriedade privada é o busca satisfazer necessidades naturais, e sim busca satisfazer o
fundamento da desigualdade social e com ela dos crimes, das excesso, tudo aquilo que no humano excede o natural. Além
misérias e das guerras existentes. Assim, para Rousseau o contrato disso, estado de natureza e sociedade civil são conceitos
social é um pacto de associação entre pessoas e não um pacto de antagônicos.
submissão a um soberano, este contrato deve substituir a liberdade [B] Correta. Para Rousseau, a condição biológica e espiritual
natural, corrompida pela propriedade privada, pela liberdade civil, natural, na qual o homem existiria antes do surgimento da
que deve se pautar na vontade geral. sociedade civil, caracteriza o seu estado de natureza, no qual as
ações humanas estariam baseadas nos seus instintos de
Resposta da questão 21: [B] sobrevivência, de modo que elas não seriam nem boas nem
más, ou seja, não seriam guiadas a partir de uma moral. A
Segundo o pensamento filosófico formulado por Kant, a ação moral passagem da condição natural para a condição social, segundo
é fundamentada no dever. Seria, para ele, o uso autônomo da razão Rousseau, teria ocasionado a corrupção da pureza humana
pelo sujeito o princípio que articula a ação por dever, de modo que característica da primeira condição, levando ao surgimento de
sem a liberdade do sujeito não pode haver ação verdadeiramente novas necessidades para a manutenção da vida coletiva, como
moral. A doutrina ética proposta por Kant, baseada nesses a adequação das ações humanas a um padrão de
preceitos, segue o imperativo categórico, a partir do qual se comportamento social, vinculado à uma moral, criando uma
estabelece que a ação moral deve ser executada de acordo com a ruptura radical do indivíduo com o seu estado natural,
“máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne afastando-o do mesmo.
lei universal”. Assim, tal como apontado pelo item [B], o dever [C] Incorreta. Se para Rousseau a sociedade civil foi primitivamente
imposto pela lei moral advém do reconhecimento da possibilidade fundada na propriedade e se a fundação da propriedade é
de universalização das máximas da ação. ilegítima, resultando de astúcia, coerção ou força, o ato de
instauração da propriedade privada não é legitimado
Resposta da questão 22: [A] racionalmente. Não há legitimação racional possível de algo
fundado em arbítrio privado, razão pela qual também não é
Montesquieu, em sua obra “Do espírito das leis”, propõe a divisão possível sustentar sua suposta universalidade, tendo em vista
dos poderes no Sistema de tripartição, no qual o Poder Legislativo que as motivações são particulares.
seria a instância responsável pela elaboração, aperfeiçoamento ou [D] Incorreta. Para Rousseau, “O primeiro sentimento do homem
revogação das leis; o Poder Executivo se ocuparia da execução das foi o de sua existência, sua primeira preocupação a de sua
leis e da garantia da segurança; e o Poder Judiciário teria a conservação” (ROUSSEAU, Discurso sobre a origem e os
atribuição de fiscalizar a ordem, julgando os litígios. Para fundamentos... p. 260). Assim, a defesa incondicional e
Montesquieu, essa divisão de poderes tem como objetivo evitar a irrestrita da propriedade como um fato inerente à própria
concentração dos poderes, o que tenderia ao abuso de poder. natureza humana já expressa uma perversão da própria
compreensão da natureza humana. Antes de pensar: “isso é
Resposta da questão 23: [A] meu”, o homem sente: “eu existo”. Além disso, uma parte
significativa disso que chamamos “necessidades” resulta, não
A partir do texto apresentado pela questão o aluno obtém todas as de uma disposição natural, e sim do arbítrio, do supérfluo,
informações para responder aos itens propostos. No trecho instaurado justamente pelo excesso produzido pela
apresentado, Rousseau faz uma crítica às ciências e às artes, que propriedade privada.
seriam fundamentados na ociosidade e na vaidade, daí explicando [E] Incorreta. A perfectibilidade, a “faculdade humana de
sua crítica ao luxo, defendendo que não se faz necessária em aperfeiçoar-se” (ROUSSEAU, Discurso sobre a origem e os
nenhuma instância a sua existência, pois que nada além daquilo fundamentos..., p. 243), restringe-se a operações muito
que é fisicamente necessário é desejável. Assim, a existência do elementares, tais como “[...] querer e não querer, desejar e temer”
luxo faz parte de uma lógica que inviabiliza a formação de uma (ROUSSEAU, Discurso sobre a origem e os fundamentos..., p. 244),
sociedade justa. Rousseau, então, denuncia o luxo como um castigo as quais “serão as primeiras e quase que as únicas operações de sua
pela ignorância vigente. A partir da identificação desses elementos alma” (ROUSSEAU, Discurso sobre a origem e os fundamentos..., p.
no texto, o aluno deve assinalar os itens [I] e [II] como corretos e os 244) em estado de natureza, e é precisamente isso que a
itens [III] e [IV] como falsos. instauração da propriedade e da sociedade civil subverterão,
irremediavelmente. Portanto, a instauração da sociedade civil e da
propriedade civil não expressa a perfectibilidade humana, mas um
modo avançado de decadência.
Resposta da questão 26: [C] Resposta da questão 30: [E]

A partir do texto da questão, observa-se que Rousseau faz uma Para Kant, os juízos são estruturas que formulam o processo do
crítica ao individualismo liberal, entendendo que este leva ao conhecimento, sendo alguns juízos necessários e universais e,
afastamento da política, de modo que uma sociedade na qual a portanto, puros e a priori. Esses juízos, para ele, possibilitam o
lógica do individualismo prevalece, torna-se mais suscetível à conhecimento denominado puro, ou seja, o conhecimento que está
opressão dos déspotas. Tal ideia deve ser identificada pelo aluno no relacionado à estrutura cognitiva humana a priori,
trecho “quanto menos felicidade a República é capaz de independentemente da experiência empírica.
proporcionar aos cidadãos, mais eles terão que buscar,
individualmente, a felicidade. A consequência é uma sociedade
cada vez mais egoísta, desinteressada pela política e, por fim,
agrilhoada por um déspota qualquer”.

Resposta da questão 27: [B]

O imperativo categórico, exposto no enunciado, foi um dos mais


centrais conceitos desenvolvidos por Kant no seu estudo da ética e
da moralidade, ele expressa um mandamento geral para as ações,
que contém um fim em si mesmo. De acordo com esse imperativo,
a ação, para ser moral, deve ser capaz de funcionar, ela mesma,
como regra ou lei universal. Com isso, Kant exclui da justificativa de
uma ação moral, qualquer outra razão além da própria
sustentabilidade universal da ação. Em outros termos, as ações
morais são aquelas guiadas pelo dever de serem válidas como leis
universais.

A alternativa [D] pode confundir estudantes, mas possui na sua


formulação uma má concepção do imperativo categórico, Kant não
afirma que as pessoas devem agir conforme o dever (um dever
específico que será considerado como lei universal), mas que a
ação, para ser moral, deve ser passível de ser aplicada como lei
universal, o dever não está, portanto, em uma regra exterior, mas
na possibilidade de uma ação de ser repetida por todos, sem
prejuízo.

Resposta da questão 28: [B]

Para Kant, pensador iluminista, a filosofia moral estaria


fundamentada em princípios racionais, sendo a razão o único
fundamento que daria validade à moral humana. Com efeito, a ação
moral estaria condicionada ao sujeito epistemológico, ou seja, à
estrutura cognitiva que é universal e necessária, e não ao sujeito
subjetivo, individual. Por ser racional, portanto, o indivíduo deveria
agir segundo uma razão pura prática de validade universal, ideia
expressa na conhecida frase de Kant: “age só segundo máxima tal
que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal”.
A partir do exemplo da mentira, Kant aponta que a mesma não
poderia ser usada sem cair em uma autocontradição moral, pois o
indivíduo particular representaria uma moral geral, de toda a
humanidade, como aponta a alternativa [B].

Resposta da questão 29: [D]

A partir do conhecimento acerca da filosofia kantiana e do texto,


que indica o aspecto da constituição cidadã que destaca a dignidade
e os direitos como elementos da condição de pessoa humana, o
aluno deve identificar que o texto constitucional apresenta o
indivíduo como um fim em si mesmo. Ou seja, o reconhecimento
da dignidade e dos direitos que devem ser respeitados e garantidos
pressupõe o caráter não-pragmático, pois não se fundamenta em
um valor ou preço, da condição de pessoa, de modo que a
autonomia enquanto ser racional constitui, ela mesma, a
fundamentação para esse reconhecimento. Para Kant, a dignidade
não é concebida enquanto preço, mas como uma qualidade própria
de indivíduos racionais que, no uso da sua autonomia, exercem a
sua razão prática.

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