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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

RELATÓRIO 3ª PRÁTICA
INSTRUMENTAÇÃO 1

REBECA RAMOS MONTEIRO


PROFESSORA: ELIANE MEDEIROS
TURMA QC – 09/09/2019

RECIFE, 2019
1. INTRODUÇÃO

A instrumentação é um conjunto de técnicas e instrumentos usados para medir,


observar, registrar, controlar e atuar em fenômenos físicos. Também defina com
ciência que estuda, desenvolve e aplica instrumentos de medição e controle de
processos (ATIKINS, 2007).

No cotidiano de uma indústria o manuseio de instrumentos é comum, pois tem a


necessidade de determinação dos parâmetros relacionados aos processos, aos
fenômenos de transporte, como temperatura, pressão, viscosidade, densidade,
massa, condutividade entre outros.

O coeficiente de viscosidade é uma medida de fricção interna ou resistência ao


escoamento. Para considerações teóricas Poiseuille obteve a equação (1):

π r 4 Pt (1)
η=
8 VL

Onde:

P = pressão hidrostática (proporcional a densidade)

t = tempo de escoamento (s)

R = raio do tubo (cm)

L = comprimento do tubo de escoamento (cm)

V = volume do líquido (mL)

Utilizando o mesmo viscosímetro pode-se reduzir a equação (1) a (2), cuja equação
calcula a viscosidade desconhecida de um liquido em relação a um liquido de
viscosidade conhecida.
η1 d1 t 1
= (2)
η2 d2 t 2

η1 – viscosidade do líquido de referência

η2 – viscosidade do líquido estudado

d1 – massa específica do líquido de referência

d2 – massa específica do líquido estudado


t1 – tempo de escoamento do líquido de referência

t2 – tempo de escoamento do líquido estudado

Figura 1: Viscosímetro de Ostwald

Para o viscosímetro de Ostwald mostrado na figura 1, o tempo de escoamento foi


medido quando o liquido percorreu o ponto (a) ou (b). Por ter um capilar com
diâmetro pequeno, tem-se que o viscosímetro de Ostwald é utilizado apenas para
líquidos poucos viscosos.
Já para líquidos mais viscosos é utilizado o viscosímetro de Hoppler mostrado na
figura 2.

Figura 2: Viscosímetro de Hoppler


A determinação do coeficiente de viscosidade para líquidos mais viscosos utilizando
o viscosímetro de Hoppler, e a equação (3)
η=t( d s−d L ) K (3)

t – Tempo de queda da esfera (s)


K – Constante específica da esfera (mPcm3/s.g)
ds – densidade da esfera (g.cm-3)
dL – densidade do líquido (g.cm-3)

A viscosidade relativa no método de Hoppler pode ser determinada pela equação (4)
η1 (d s −d 1) t 1 (4)
=
η2 (d s −d ¿ ¿ 2) t 2 ¿

Para as medidas de condutividade utilizou-se a equação (5), cuja condutividade de


uma solução eletrolítica varia com a concentração da solução.
1000 k (5)
ꓥ=
C

Onde:
ꓥ – Condutividade molar (Scm²/mol)

k – Condutividade ou condutância específica (μS/cm)


C – Concentração da solução (mol/L)

Para eletrólitos fortes a condutância molar varia com a concentração de acordo com
a equação (6)
ꓥ= ꓥ0−b √ C (6)

ꓥ0 – Condutância molar à diluição infinita

b – uma constante

Para soluções de KCl a 25ºC a condutância molar pode ser calculada empiricamente
pela equação de Shedlowsky (7)

ꓥ=149,82−93,85 √ C+ 94,9.C . ( 1−0,2274 √ C ) (7)


O valor para condutividade molar de eletrólitos fracos à diluição infinita é alcançado
a partir de concentrações extremamente baixas. A equação (8) pode ser usada
nesses casos.
1 1 ꓥ. C (8)
= +
ꓥ ꓥ0 K . ꓥ20

2. OBJETIVOS

- Determinar o coeficiente de viscosidade de alguns líquidos utilizando o


viscosímetro de Ostwald.
- Determinar o coeficiente de viscosidade de alguns líquidos utilizando o
viscosímetro de Hopper.
- Determinar a condutância molar, à diluição infinita de um eletrólito fraco e de um
eletrólito forte.
- Determinar a densidade de alguns líquidos utilizando densímetros de diferentes
medidas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Viscosímetro de Ostwald

3.1.1. Materiais
- Álcool Etílico
- Água destilada
- Viscosímetro de Ostwald
- Pipeta volumétrica de 10 mL
- Proveta de 150 mL
- Tudo de borracha de silicone
- Cronômetro
- Densímetro

3.1.2. Procedimento
- Encheu-se o viscosímetro pelo ramo mais largo, 10 mL do líquido
- Por compressão de ar elevou-se o líquido até a marca superior
- Quando o líquido passou pelo traço (a) deu-se partida ao cronômetro e
quando estava no traço (b) travou-se o cronômetro
- Repetiu-se a medida três vezes
- A experiência foi refeita em várias concentrações do etanol (10%, 20%, 30%
e 40%)
- Com o densímetro determinou-se a densidade.

3.2. Viscosímetro de Hoppler

3.2.1. Materiais
- Sacarose
- Água destilada
- Viscosímetro de Hoppler
- Provetas de 150 mL
- Paquímetro
- Cronômetro
- Balança
- Densímetro

3.2.2. Procedimento
- Pesou-se a esfera e determinou-se o seu diâmetro.
- Colocou-se o líquido a ser estudado no viscosímetro sem deixar bolhas de
ar.
- Colocou-se a esfera no cilindro central e deixou-a cair sem formação de
bolhar de ar
- Anotou-se o tempo de queda entre os dois traços mais afastados
- Repetiu-se três vezes até que os resultados obtidos tivessem concordância
- A experiência foi realizada com concentrações de 10%, 15%, 25% e 35 %
de sacarose
-Com o densímetro, determinou-se a densidade do líquido-problema

3.3. Condutividade

3.3.1. Materiais
- Cloreto de Potássio
- Ácido Acético
- Balão Volumétrico de 100 mL
- Balão Volumétrico de 250 mL
- Béquer de 100 mL
- Béquer de 50 ml
- Pipeta volumétrica de 50 mL
- Condutivímetro

3.3.2. Procedimento
- Com a célula já calibrada preparou-se soluções de KCl usando o método de
diluição.
- Colocou-se as soluções do eletrólito forte na mesma temperatura e
determinou-se as condutividades de cada solução.
- As determinações foram feitas a partir do mais diluído para o mais
concentrado, por falta de reagente.
- O mesmo procedimento foi realizado para o ácido acético.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O experimento foi dividido em três partes, sendo duas sobre viscosidade e a outra
sobre condutividade. Na parte de viscosidade, foram estudados os comportamentos
viscosos a partir de dois modelos: Ostwald e Hoppler.

Viscosidade Ostwald

O quadro 1 mostra os valores do tempo em cada ensaio, a média dos resultados e o


desvio padrão.

Quadro 1: Tempo de escoamento para o viscosímetro de Ostwald

Amostra Tempo (s) Média (s) desvio Densidade(g/cm3)


H2O 10,29 10,17 10,24 10,23 0,0422 1
Etanol
10% 13,6 13,32 12,97 13,30 0,2178 0,98
Etanol
20% 14,99 15,26 15,47 15,24 0,1667 0,97
Etanol
30% 18,8 18,65 18,12 18,52 0,2689 0,955
Etanol
40% 20,74 20,35 20,41 20,50 0,1600 0,945

A partir dos dados obtidos é possível observar que o tempo de escoamento aumenta
à medida que a concentração do etanol aumenta, confirmando o fato de que o etanol
é mais viscoso que a água. Já para a densidade observa-se uma diminuição com o
aumento da concentração, pois sabe-se que etanol puro (99,9%) tem densidade
igual a 0,789 g/cm3 bem menos denso que a água, logo ao aumentar a concentração
de etanol na solução tem-se que a densidade da mistura diminui. As medidas de
densidade foram tiradas a partir do densímetro.

Poiseuille obteve a equação (1), a partir das suas considerações teóricas, para
determinar a viscosidade de um líquido. Entretanto, os parâmetros necessários, se
caso calculados, seriam fortes fontes de erro, pois são medidas muito precisas. Para
contornar esse problema utilizou-se a equação (2) para calcular a viscosidade
relativa das soluções, a partir da água, visto que a viscosidade da água é conhecida
e igual a 8,904 mP, para temperatura de 25 ºC.

Com isso, têm-se no quadro 2 os resultados obtidos dos valores das viscosidades.

Quadro 2: Viscosidade das amostras de Etanol para o viscosímetro de Ostwald

  Viscosidade (mP)
Etanol
10% 11,338
Etanol
20% 12,862
Etanol
30% 15,392
Etanol
40% 16,856

Com os dados do quadro 2 pode plotar o gráfico mostrado na figura 3, para


representar o comportamento da viscosidade a partir de variações na concentração
de Etanol, que trata-se de um comportamento linear crescente.
18
17
f(x) = 0.19 x + 9.34
R² = 0.99
16
Viscosidade mP

15
14
13
12
11
10
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Concentração %

Figura 3: Comportamento gráfico da viscosidade com a concentração de Etanol

Viscosidade de Hoppler
O quadro 3 mostra os valores do tempo em cada ensaio, a média dos resultados e o
desvio padrão.

Quadro 3: Tempo de escoamento para o viscosímetro de Hoppler

Amostra tempo (s) média (s) desvio Densidade (g/cm3)


0,03333
H2O 1,28 1,19 1,25 1,24 3 1
Sacarose 0,09555
10% 1,56 1,36 1,33 1,416667 6 1,037
Sacarose 0,02222
15% 1,48 1,43 1,43 1,446667 2 1,056
Sacarose 0,03555
25% 1,58 1,6 1,51 1,563333 6 1,0975
Sacarose 0,08444
35% 1,85 1,83 1,65 1,776667 4 1,21

A partir dos dados obtidos é possível observar, também, um aumento do tempo de


escoamento, entretanto neste caso, o tempo medido foi o da bolinha escoar através
do líquido, por conta do aumento da concentração de sacarose na amostra. Além
disso, observa-se também um aumento de densidade da solução. Pois tem-se que a
densidade da sacarose pura (99,9%) é igual a 1,59 g/cm 3. Maior que da água,
esperado, tendo assim a concordância em aumentando a concentração aumenta a
densidade.
Como era sabido os parâmetros experimentais, foi possível calcular a viscosidade a
partir da equação (3) utilizando K igual a 0,1292 cPcm 3/g.s, visto que o diâmetro da
bolinha foi igual a 15,56 mm. A densidade da esfera (ds) foi calculada a partir do
valor da massa medida igual a 4,352 g.
O quadro 4 mostra os valores de viscosidade absoluta, quando se utiliza a equação
(3) para o cálculo e a viscosidade relativa, quando se utiliza a equação (4) cujo
líquido de referência é a água com viscosidade igual a 8,904 mP.

Quadro 4: Viscosidade das amostras de Sacarose para o viscosímetro de Hopper

  Viscosidade absoluta (cP) Viscosidade relativa (mP)


H2O 0,193256366 8,904
Sacarose
10% 0,21401797 9,860560054
Sacarose
15% 0,214998837 9,905752085
Sacarose
25% 0,223955173 10,31840193
Sacarose
35% 0,24246509 10,53666125

Assim como feito para Ostwald, podemos plotar esses valores num gráfico para
observar o comportamento, a figura 4 mostra isso.

11.5
f(x) = 0.03 x + 9.54
9.5 R² = 0.97

7.5
Viscosidade

5.5

3.5

1.5

-0.55 10 f(x) = 0 x + 0.21


R² = 0.97 15 20 25 30 35 40
Concentração %
Absoluta Linear (Absoluta) Relativa
Linear (Relativa)

Figura 4: Comportamento gráfico da viscosidade com a concentração de Sacarose


Condutividade

Experimentalmente foram realizados dois ensaios para medição da condutividade,


para um eletrólito forte (cloreto de potássio) e para um eletrólito fraco (ácido acético)

Para ambos os valores de condutância molar foram calculados a partir da equação


(5).

No caso do Cloreto de potássio, tem-se que a relação entre a condutância molar e a


condutância molar infinita é descrita pela equação (6). Trata-se de uma relação
linear cuja curva pode ser plotada a partir dos dados calculados.

Além disso, podemos comparar os dados obtidos do cloreto de potássio com a


equação (6) que é a relação empírica de Shedlowsky.

Assim, a figura 5 mostra as curvas plotadas a partir dos dados calculados do quadro
5.

Quadro 5: Resultados obtidos para a condutividade do Cloreto de Potássio (KCl)


ꓥ (Scm²/mol) (Scm²/mol)
KCl (M) K( μS/cm) Experimental Empírica Raiz C
0,22360
0,05 6790 135,800 133,3382274 7
0,15811
0,025 3480 139,200 137,2682086 4
0,11180
0,0125 1809 144,720 140,4833417 3
0,07905
0,00625 912 145,920 142,9829681 7
0,00312 0,05590
5 460 147,200 144,8664181 2
0,03949
0,00156 226 144,872 146,2599363 7
0,00078 0,02794
1 114,8 146,991 147,2708784 6
0,00039 0,01976
1 55,2 141,321 148,0020872 4
0,00019 0,01396
5 26,5 135,897 148,5279028 4
0,00987
9,76E-05 14,83 151,947 148,9020718 9
0,00698
4,88E-05 7,9 161,885 149,1690158 6

f(x) = 0152.0
R² = 0
150.0
148.0 f(x) = − 74.56 x + 149.34
146.0 R² = 0.99
144.0
142.0
ꓥ(Scm²/mol)

140.0
138.0
136.0
134.0
132.0
130.0
128.0
126.0
124.0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
√C
Linear ()
Empírico Linear (Empírico)

Figura 5: Relação gráfica comparativa entre os valores de condutividade para o KCl

Podemos comparar o distanciamento da curva experimental da empírica a partir do


coeficiente de linearidade da regressão linear experimental. O fato do valor do
próximo a um mostra que as considerações feitas são válidas, porém de não ser tão
próximo, por exemplo, (0,99 ou 0,98) mostra que houveram erros experimentais que
nos fez se afastar da curva esperada. Esses erros podem estar ligados a amostra,
medição, manuseamento entre outros.

Com a regressão linear é possível o cálculo dos parâmetros ꓥ 0 e da constante b.


Tendo b igual ao coeficiente angular e ꓥ 0 igual ao coeficiente linear.

Para a experimental b = 74,555 e ꓥ 0 = 148,72; já para o empírico b = 71,677 e ꓥ 0 =


151,58.
Para o caso do ácido acético, tem-se que a relação entre a condutância molar à
diluição infinita é representada pela equação (8). Trata-se de uma relação linear cuja
curva pode ser plotada a partir dos dados calculados. Assim, a figura 6 mostra as
curvas plotadas a partir dos dados calculados do quadro 6.

0.2
0.18
f(x) = 0.56 x + 0.02
0.16 R² = 1
0.14
0.12
0.1
1/ꓥ

0.08
0.06
0.04
0.02
0
0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3
ꓥ.C

Figura 6: Relação gráfica comparativa entre os valores de condutividade para o Ácido Acético

Quadro 5: Resultados obtidos para a condutividade do Ácido Acético

CH3COOH
(M) K(uS/cm) ꓥ ꓥ.C 1/ꓥ
0,05 285 5,7 0,285 0,175439
0,025 194 7,76 0,194 0,128866
0,0125 136,1 10,888 0,1361 0,091844
0,00625 92 14,72 0,092 0,067935

Com a regressão linear tem-se que 1/ꓥ 0 é igual ao coeficiente linear e que ꓥ/K ꓥ 02 é
igual ao coeficiente angular.

Logo, 1/ꓥ 0 = 0,0167 então ꓥ 0 = 59,88

ꓥ/K ꓥ 02 = 0,5617 então K = 4,97x10-4

Sendo K a constante de dissociação do ácido acético, temos que seu valor na


literatura é igual a 1,8x10-5. Essa diferença entre valores está ligada a erros
experimentais cometidos, pois o coeficiente de linearidade nos dá a confiança em
relação as suposições feitas.

5. CONCLUSÃO

Com o experimento foi possível a compreensão da utilização e manuseio de alguns


instrumentos básicos que o engenheiro químico se depara ao exercer sua função.

Com os viscosímetros de Ostwald e Hoppler vimos como a viscosidade se relaciona


a variações de concentrações do soluto. Embora não possamos fazer comparações
entre um viscosímetro e outro, visto que a complexidade de ambos é distinta e que o
viscosímetro de Ostwald trata-se apesar de fluidos de baixa viscosidade, pois caso
contrário é possível um entupimento no capilar do instrumento, enquanto que o
viscosímetro de Hoppler não tem essa restrição. Entretanto, foi possível fazer
comparações da viscosidade com a água.

Além disso, o estudo da condutividade é importante para a determinação de


parâmetros importantes, por exemplo, constante de dissociação de eletrólitos fracos.

6. REFERÊNCIAS

ATKINS, Peter. Físico–Química – Fundamentos, Rio de Janeiro, 7ª ed, 2007.

Material da Disciplina de Laboratório de Engenharia Química 1.

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