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Judith Martins-Costa
Foi Professora de Direito Civil na Faculdade de Direito da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul entre 1992 e 2010. É Livre-Docente e Doutora em Direito pela
Universidade de São Paulo. Presidente do Instituto de Estudos Culturalistas – IEC.
Membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Membro da Societé de Legislation
Comparée e da Association Internationale de Sciences Juridiques. Advogada e
sócia fundadora de Judith Martins-Costa Advogados. Parecerista e Árbitra.
1
VILLEY, Michel. Esquisse historique sur le mot responsable. In: BOULET-SAUTEL et alii. La Responsabilité
à travers les Âges. Paris: Economica 1989. p. 75-88.
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2
JOURDAIN, Patrice. Les principes de la responsabilité civile. 5. ed. Paris. Dalloz, 2000. p. 9
3
Assim, GUÉGAN-LÉCUYER, Anne. Dommages de masse et responsabilité civile. Paris: LGDJ, 2006. p. 3.
4
Especificamente acerca da obrigação de segurança no contrato de transporte, vide CORREA, André
Rodrigues. Solidariedade e responsabilidade. O tratamento jurídico dos efeitos da criminalidade violenta
no transporte público de pessoas no Brasil. São Paulo: Saraiva – DireitoGV, 2009.
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em face desses outros institutos jurídicos está em que, pelo efeito da responsabi-
lidade, se estabelece um laço de atribuição (lien de rattachement) entre o evento
danoso, produzido por pessoa ou coisa, e alguém – o imputado como responsável
pela atividade exercida.5
A partir desse núcleo funcional básico, torna-se possível identificar a res-
ponsabilidade civil, tarefa necessária, pois a malaise com o tema, detectada por
Villey, pode ser gerada não apenas pela polissemia da expressão, atestada his-
toricamente, mas, igualmente, pela cacofonia – revelada pelo exame de nossas
doutrina e jurisprudência – que está a cercar os termos indicadores de seus pres-
supostos e dos seus mais comuns fatores de imputação, como expressei em
texto recente.6
É, por isto, extremamente bem-vindo o livro que estou a prefaciar. Não bas-
tasse a autoridade de seus autores, por todos justamente reconhecida, o livro,
integrante de obra mais vasta e abrangente de todas as searas do direito civil,7
capitaneada pelo brilho e a extraordinária energia intelectual de Gustavo Tepedino,
torna simples sem simplificar (o que é notável virtude) um dos mais complexos e
fascinantes institutos da dogmática jurídica, apanhando-o em suas transformações.
Nesta obra, começam seus autores – o maestro Tepedino, de tão funda con-
tribuição ao direito civil brasileiro,8 Gisela Sampaio da Cruz Guedes, que nos deu
já duas incontornáveis monografias em tema de responsabilidade civil,9 e Aline de
Miranda Valverde Terra, cuja contribuição ao direito das obrigações se faz crescen-
te –10 por destacar a função, os fundamentos e os elementos da responsabilidade
civil. Enfrentam a questão da summa divisio entre responsabilidade contratual
5
JOURDAIN, Patrice. Du critère de la responsabilité civile. In: FABRE-MAGNAN, Muriel; GHESTIN, Jacques;
JOURDAIN, Patrice; BORGHETTI, Jean-Sébastien (Org.). Liber Amicorum. Études offertes à Geneviève Viney.
Paris: LGDJ, 2008. p. 553-562.
6
Refiro-me a MARTINS-COSTA, Judith. A linguagem da responsabilidade civil. In: BIANCHI, Jose Flávio et alii.
Jurisdição e direito privado. Estudos em homenagem aos 20 anos da Ministra Nancy Andrighi no STJ. São
Paulo: Thompson Reuters – Revista dos Tribunais, 2020. p. 389-418.
7
TEPEDINO, Gustavo et alii. Fundamentos do direito civil. Rio de Janeiro: GEN-Forense, 2020. Coleção
Tepedino.
8
Exemplificativamente: TEPEDINO, Gustavo. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República.
Rio de Janeiro: Renovar, 2004-2014. 4 v.; TEPEDINO, Gustavo. Soluções práticas de direito. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012. 3 v.; TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. Rio de Janeiro: Renovar,
1999-2009. 3 v., tendo sido coordenador, ainda, de quase meia centena de obras jurídicas.
9
Refiro-me a GUEDES, Gisela Sampaio da Cruz. Lucros cessantes: do bom senso ao postulado normativo
da razoabilidade. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012; e GUEDES, Gisela Sampaio da Cruz. O problema
do nexo causal na responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, além da coordenação de outras
obras, entre as quais destaco – em coautoria com Aline de Miranda Valverde Terra – o recente: GUEDES,
Gisela Sampaio da Cruz; TERRA, Aline de Miranda Valverde. Inexecução das obrigações. Pressupostos,
evolução e remédios. Rio de Janeiro: Processo, 2020. v. I.
10
Entre outras obras, destaco TERRA, Aline de Miranda Valverde. Cláusula resolutiva expressa. Belo Horizonte:
Fórum, 2017; e TERRA, Aline de Miranda Valverde. Inadimplemento anterior ao termo. Rio de Janeiro:
Renovar, 2009.
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11
Na doutrina brasileira recente vide: MELO, Gustavo de Medeiros. Ação direta da vítima no seguro de
responsabilidade civil. São Paulo: Contracorrente, 2016.
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