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DIREITO ADMINISTRATIVO I

AULA 04 - PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO.


USO E ABUSO DE PODER
ATENÇÃO:
A presente ficha de leitura, não tem por finalidade dispensar a leitura das obras indicadas no
plano de curso, todas as obras lá indicadas são obrigatórias e serviram de base à elaboração da
presente ficha.
Espero que com esta ficha, a leitura das obras seja facilitada, atingido um aprendizado mais
profundo por parte de todos.
Prof. Roberto Moreira
e-mail: moreiraeadv@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO
A ordem jurídica confere aos agentes públicos certas prerrogativas para que estes, em nome do Estado, persigam
a consecução dos fins públicos. Essas prerrogativas são conferidas por lei, exigem a observância dos princípios
administrativos – moralidade, impessoalidade, razoabilidade, etc. – destinam-se ao atingimento do fim maior da
Administração Pública: a satisfação do interesse público. Essas prerrogativas consubstanciam os chamados
poderes do administrador público.
Por outro lado, a lei impõe ao administrador público alguns deveres específicos e peculiares para que, ao agir
em nome do Estado e em benefício do interesse público, execute bem a sua missão. São os chamados deveres
administrativos.
Os poderes e deveres do administrador público são atribuídos à autoridade para que ela possa remover, por ato
próprio, as resistências particulares à satisfação do interesse público. Essa é a inafastável idéia: conceder à
Administração Pública certas prerrogativas para a melhor satisfação dos interesses públicos.
1.2. Deveres do Administrador Público.
Vejamos os principais deveres do administrador público:
a) Poder-dever de agir:
O poder-dever do administrador público é hoje pacificamente reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência.
Significa dizer que o poder administrativo, por ser conferido à Administração para o atingimento do fim
público, representa um dever de agir. Enquanto no Direito Privado o poder de agir é uma mera faculdade, no
Direito Administrativo é uma imposição, um dever de agir para o agente público.
Para a Administração Pública poder corresponde, ao mesmo tempo, a dever: é o chamado Poder-dever. Para o
Administrador Público há inteira subordinação do poder em relação ao dever, tanto que aquele não pode ser
exercido livremente, sujeitando-se sempre a uma finalidade específica.
O poder do administrador público, revestindo ao mesmo tempo o caráter de dever para a comunidade, é
insuscetível de renúncia pelo seu titular. Nem se compreenderia que uma autoridade pública - um Governador,
p. ex. - abrisse mão de seus poderes administrativos, deixando de praticar atos de seu dever funcional. Tal
atitude importaria fazer liberalidades com o direito alheio, e o Poder Público não é, nem pode ser, instrumento
de cortesias administrativas. A propósito, já proclamou o colendo TFR que "o vocábulo poder significa dever
quando se trata de atribuições de autoridades administrativas".
Pouca ou nenhuma liberdade sobra ao administrador público para deixar de praticar atos de sua competência
legal. Dai por que a omissão da autoridade ou o silêncio da Administração, quando deva agir ou manifestar-se,
gera responsabilidade para o agente omisso e autoriza a obtenção do ato omitido por via judicial, notadamente
por mandado de segurança, se lesivo de direito liquido e certo do interessado.
Na lição do Professor Hely Lopes Meirelles, “se para o particular o poder de agir é uma faculdade, para o
administrador público é uma obrigação de atuar, desde que se apresente o ensejo de exercitá-lo em benefício da
coletividade”.
Para ilustrar a importância desse poder-dever da Administração Pública, podemos citar duas significativas
decorrências:
1ª) os poderes administrativos são irrenunciáveis, devendo ser obrigatoriamente exercidos pelos titulares;
2ª) a omissão do agente, diante de situações que exigem sua atuação caracteriza abuso de poder, que poderá
ensejar, até mesmo responsabilidade civil da Administração.

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