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INTRODUÇÃO
fatores correlacionados aos abusos, tais como: Assédio moral, assédio sexual, feminicídio
e estupros. Já o quarto capítulo consistiu em um questionário referente a esse tipo de
relação, que visou transparecer seu conceito e suas causas; no qual a maioria dos
questionados foram mulheres, nas quais afirmaram ser abusadas psicologicamente. Além
disso, foi constatado um grande número de pessoas que não denunciam ou que acham
que denunciar o abuso é uma perca de tempo.
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TIPOS DE ABUSOS
violência tem vergonha, medo, tem profunda dificuldade de falar, denunciar, pedir ajuda
(Gonçalves; Dossiê: Violência contra as mulheres).
Do total de 22.918 casos de estupro registrados pelo sistema de saúde no ano
de 2016, 50,9% foram cometidos contra crianças de até 13 anos. As adolescentes de 14 a
17 anos são 17% das vítimas e 32,1% eram maiores de idade. De 2011 para 2016, houve
crescimento de 90,2% nas notificações de estupro no Brasil. Os dados fazem parte do
estudo Atlas da Violência 2018, apresentados Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). (Agência Brasil, 2018).
Segundo dados do Ministério da Saúde, 93,3% das vítimas adolescentes,
97,5% das vítimas adultas e 81,2% das vítimas crianças são do gênero feminino.
1.3- Abuso emocional
A agressão psicológica consiste em toda forma de rejeição, depreciação,
discriminação, desrespeito, cobranças exageradas, punições humilhantes e utilização da
criança ou do adolescente para atender às necessidades psíquicas do adulto.
(BIBLIOTECA DIGITAL, 2006)
O abuso emocional ou psicológico dentre os outros é o mais difícil de ser
identificado, visto que acontece de forma gradual e as marcas são emocionais e não
físicas, sendo de mais dificuldade de serem observadas e comprovadas.
Esse tipo de violência pode se exteriorizar de diferentes formas, como
ridicularização da vítima, intimidação, ameaças, controle excessivo da vida do outro, tratar
a vítima com inferioridade e controlar as finanças. (VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES:
REFLEXÕES TEÓRICAS; 2006)
Esse tipo de abuso, por interferir na saúde mental da vítima, pode causar a
baixa estima e fragilização da autoimagem, podendo serem mais propensas a quadros de
distúrbios alimentares e depressão, podendo levar muitas vezes ao suicídio.
Apesar de ser bastante frequente, ela pode levar a pessoa a se sentir
desvalorizada, sofrer de ansiedade e adoecer com facilidade, situações que se arrastam
durante muito tempo e, se agravadas, podem levar a pessoa a cometer suicídio. (Scielo-
SP, 2006)
É importante enfatizar que a violência psicológica causa, por si só, graves
problemas de natureza emocional e física. Independentemente de sua relação com a
violência física, a violência psicológica deve ser identificada, em especial pelos
profissionais que atuam nos serviços públicos, sejam estes de saúde, segurança ou
educação. Não raro, são detectadas situações graves de saúde, fruto do sofrimento
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psicológico, dentre as quais se destacam: dores crônicas (costas, cabeça, pernas, braços
etc.), síndrome do pânico, depressão, tentativa de suicídio e distúrbios alimentares. Como
já dito anteriormente, isso significa que a violência psicológica deve ser enfrentada como
um problema de saúde pública pelos profissionais que ali atuam, independentemente de
eclodir ou não a violência física. (VIOLENCIA SILENCIOSA, 2005)
O isolamento da mulher de seus ambientes sociais também é outro mecanismo
de abuso emocional. Esta pode ser considerada uma subdivisão da violência psicológica.
O isolamento social eleva a sensação de poder do agressor sobre a vítima, mas também
o protege. Se a vítima não possui contato direto com outras pessoas o agressor terá uma
probabilidade menor de ter que enfrentar repercussões legais que podem terminar a
relação.
1.4- Abuso econômico
Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340 de 2006, violência patrimonial, entendida
como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; ato de
violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos,
documentos pessoais, bens e valores. (Conselho Nacional de Justiça)
Diz-se que há abuso ou violência econômica ou financeira quando alguém faz
uso não consentido de recursos patrimoniais ou financeiros da vítima, como, por exemplo,
apossar-se total ou parcialmente de pensão, de aposentadoria ou de outros ganhos.
(Rede Capixaba de Direitos Humanos)
O abuso econômico, pode ser considerado uma subcategoria do abuso
emocional, pois causa os mesmos efeitos emocionais na vítima. Ele ocorre quando há
uma relação de dependência da mulher sob o homem financeiramente, visto que este,
priva a vítima de ter seu próprio salário. Há dois tipos de parceiros abusivos, o que
permite a mulher trabalhar, mas toma posse das economias, não a deixando administrar
seu próprio salário. Outro tipo é o parceiro que proíbe a mulher de exercer um trabalho,
dando quantias mínimas de dinheiro pra ela sobreviver, tendo que pedir mais, causando
humilhação. (Violência nas Relações Amorosas, 2008)
De acordo com a relatora da ONU, Raquel Rolnik (1956-) muitas mulheres não
conseguem romper o ciclo da violência porque não possuem alternativas
economicamente viáveis de moradia. Os salários mais baixos para a mesma atividade
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também impactam a dependência financeira que elas têm dos companheiros ou familiares
e, portanto, limitam sua autonomia. (SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO; p. 242)
Assim, este comportamento intenciona fazer com que a vítima dependa
inteiramente do parceiro abusivo para suprir suas necessidades materiais básicas como
comida, roupas e abrigo ou para suprir os meios de satisfazê-las. Cabe ainda o
esclarecimento de que o desejo de isolar a vítima das outras pessoas também pode ser
um dos motivos para o abuso econômico. Geralmente, o homem economicamente
abusivo, ao casar, toma posse das economias da mulher dizendo que vai administrar o
dinheiro.
Antigamente, as mulheres não tinham tantos direitos quanto possuem hoje em
dia, o que a tornava-as totalmente submissas ao parceiro abusivo. Hodiernamente,
mesmo com leis específicas, as mulheres tem grandes dificuldades de denunciar, visto
que há uma relação de dependência financeira entre a vítima e o parceiro abusivo.
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que elas sejam doentias. Dessa forma, a construção dos papéis de gênero e suas
respectivas funções na sociedade, além do imaginário da idealização do amor romântico
por parte das mulheres são fatores que podem corroborar com a permanência de
mulheres dentro de relacionamentos abusivos. O medo de perderem seus companheiros
e não atenderem às exigências incutidas pela sociedade fazem com que mulheres
aceitem todo tipo de abuso e, muitas vezes, se sintam responsabilizadas por serem
vítimas de violência. (Relatos Femininos De Um Relacionamento Abusivo, 2017)
2.2- Cultura do Machismo
No conceito de Arciniega et. al., (2008), o machismo é o comportamento,
expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e
deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino sobre o
feminino. Em um pensamento machista existe um "sistema hierárquico" de gêneros, onde
o masculino está sempre em posição superior ao que é feminino. Ou seja, o machismo é
a ideia errônea de que os homens são "superiores" às mulheres. (A Cultura do Machismo
e sua Influência na manutenção dos Relacionamentos Abusivos, 2017)
A violência é um problema universal que atinge milhares de mulheres, na
maioria das vezes de forma silenciosa, é vista por parte da sociedade como se fosse um
problema distante. Trata-se de um fenômeno cultural, considerando que uma parte
significativa da sociedade ainda mantenha uma tradição machista e preconceituosa, onde
pressupõe que o índice de violência contra a mulher em relacionamentos abusivos ocorra
somente entre pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social e risco. A
convivência se torna difícil quando se vive de maneira precária, sem infraestrutura, e falta
de acesso à educação e emprego. (Violência Contra as Mulheres e Medidas Protetivas,
2010)
2.3- Causas do comportamento abusivo
Embora múltiplos aspectos psicossociais estejam envolvidos na gênese da
violência, o consumo inadequado de álcool e de outras drogas é um importante
complicador. O álcool é uma substância psicoativa intimamente associada a mudanças de
comportamento que podem resultar em violência. Quanto maior a frequência dos
episódios de intoxicação por álcool, maiores serão as chances de ações violentas.
(Violência entre parceiros íntimos e álcool: prevalência e fatores associados, 2009)
Alguns comportamentos que o parceiro abusivo pode apresentar é querer
saber onde a companheira está, questionar por que ela está vestida de tal jeito ou exigir
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fotos e provas de que a mulher esteve em determinado lugar. (Nações Unidas Brasil,
2017)
Outro recente avanço contradiz crenças duradouras de muitos teóricos: um tipo
de alta autoestima produz alta agressão. Indivíduos com autoestima instável (narcisistas)
tendem a raiva e são altamente agressivos quando sua alta autoimagem é ameaçada.
(Tânia Marques, 2005)
2.4- Como proceder diante de um relacionamento abusivo
Primeiramente a pessoa deve se atentar aos sinais e excessos em relação ao
controle: possessividade, ciúmes, violência, agressividade, e questionar se tais atitudes
têm causado desconforto ou mal-estar.
Sabe-se que no Brasil mulheres jovens são as maiores vítimas de
relacionamentos abusivos. Na Pesquisa Data Senado 2013, 30% das mulheres disseram
não confiar nas leis e nas medidas formuladas para protegê-las da violência. Somado a
tudo isso, a nossa sociedade persiste na cultura da culpabilização das vítimas.
As vítimas principalmente da violência física e abuso sexual, quando relatam a
possibilidade de denunciar o parceiro, sentem medo diante de um processo que ainda é
juridicamente longo. Portanto, a dificuldade em sair de um relacionamento abusivo pode
passar por questões econômicas, emocionais e afetivas, legais e burocráticas.
Ao perceber que está sofrendo um abuso ou que está sendo abusivo é
fundamental que esse sujeito busque apoio especializado (psicológico e em determinados
casos jurídico). No Livre de Abuso, geralmente, encaminhamos todas as demandas para
clínicas com atendimento social, em localidades próximas de onde as pessoas residem.
O apoio familiar, dos amigos e conhecidos também é essencial, pois em um
momento no qual esse sujeito vem, principalmente, de uma relação desgastada, rompida,
é importante criar/fortalecer laços sociais, que o façam sentir seguro, ouvido e acolhido.
(Psicóloga Renata Barretto)
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assassinar outra mulher, no entanto, a vítima que não era alvo, vem a ser assassinada
por estar na hora errada e no lugar errado pode-se dizer. (Feminicídio no Brasil, 2012)
3.4- Estupro
O crime de estupro é definido como qualquer conduta, com emprego de
violência ou grave ameaça, que atente contra a dignidade e a liberdade sexual de
alguém. O elemento mais importante para caracterizar esse crime é a ausência de
consentimento da vítima. É importante salientar que não é preciso haver penetração para
que o crime se caracterize como estupro. Desde 2009 o Código Penal Brasileiro prevê, no
artigo 213, que o estupro acontece quando há, com violência ou grave ameaça,
“conjunção carnal ou prática de atos libidinosos”, prevendo penas que variam de seis a
dez anos de prisão, podendo ser agravadas caso o crime resulte em morte, lesões
corporais graves ou for praticado contra adolescentes. (Mapa da Violência Contra a
Mulher, 2018)
A principal forma de tortura contra as mulheres na antiguidade era sexual,
somente pela questão do gênero, elas eram vistas como objetos de prazer e punição para
os policiais repressores. Eram de todas as formas humilhadas submetidas às situações
monstruosas. Nota-se ainda que historicamente seus corpos foram violados para que
fosse mantido o poder do homem sobre a mulher, considerando que a imagem da mulher
negra foi a mais estereotipada, principalmente no que se refere aos atos sexuais, isso
afirma a nossa atual conjuntura, com altos índice de violência contra as mulheres negras,
a das mulheres brancas ocuparem menos cargos de chefia no mercado, devido a uma
construção sócio histórica de que o homem é construído para o espaço público e
considerando o “forte e viril” e a mulher é constituída com o estereótipo de “frágil e
ingênua”. (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: silêncio ou naturalização da violência sexual nas
relações conjugais, 2018)
O Brasil contabilizou mais de 66 mil casos de violência sexual em 2018, o que
corresponde a mais de 180 estupros por dia. Entre as vítimas, 54% tinham até 13 anos. É o
número mais alto desde 2009, quando houve a mudança na tipificação do crime de estupro
no Código Penal brasileiro. (Gauchazh Segurança, 2019)
A cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil, segundo dados do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgados em 2015. A violência de
gênero atinge centenas de mulheres diariamente de diversas formas: assédio, violência
doméstica, feminicídio, cultura do estupro, machismo, entre outros. Ela perpetua-se na
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sociedade e constrói um mundo cada vez mais perigoso para o gênero feminino.
(UNIFESP, 2015)
Foi realizado uma pesquisa via redes sociais sobre relacionamentos abusivos.
A amostra foi constituída por 122 pessoas, cujo 66,4% foram do sexo feminino, e 33,6%
do sexo masculino. Das 122 pessoas, 74,3% acreditam estar dentro de um
relacionamento saudável, 15,9% acreditam não estar em uma relação abusiva, mas está
perto disso e 9,7% disseram estar dentro de um relacionamento abusivo.
Questionados de já sofreram algum tipo de abuso, 57,4% disseram que nunca
sofreram nenhum tipo de abuso, 29,5% já sofreram abusos psicológicos, 6,6% já
sofreram abusos sexuais e os outros 6,6% sofreram abusos físicos.
O fato mais chocante, é que das 122 pessoas, apenas 3,3% fizeram uma
denúncia e 22,9% não denunciaram pois acreditam que é perca de tempo.
4.1- Gráficos
Você conhece alguém que sofreu/sofre algum tipo de abuso?
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CONCLUSÃO
Com essa pesquisa pode-se concluir que as mulheres são as principais vitimas
de abusos em decorrência das causas culturais e a cultura do machismo. A grande
maioria das vítimas que sofrem desse tipo de relacionamento acabam não denunciando o
parceiro abusivo por haver uma enorme culpabilização das vítimas por parte da
sociedade.
Em relação ao desenvolvimento da pesquisa, o grupo não foi 100%
colaborativo no decorrer dela. Parte dos objetivos foram concluídos, como o
esclarecimento dos tipos de violências ligadas aos relacionamentos abusivos, atitudes a
tomar quando já se está dentro desse tipo dessa relação, também como isso interfere na
vida da vítima.
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REFERÊNCIAS
Nitahara, Akemi. Atlas da violência: 50% das vítimas de estupro tem até 13 anos.
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/atlas-da-violencia-
2018-50-das-vitimas-de-estupro-tinham-ate-13-anos>
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IPEA; Ipea apresenta dados sobre Lei Maria da Penha em audiência no Senado;
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?
option=com_content&view=article&id=25248&catid=8&Itemid=6>
Nações Unidas Brasil: Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; 2016;
Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-feminicidio-brasil-quinto-maior-mundo-
diretrizes-nacionais-buscam-solucao/>
Brasil está em 7° lugar entre os países que possuem o maior número de mulheres
mortas; Alice Bianchini, 2012 Disponível em:
<https://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/121814287/brasil-esta-em-7-lugar-entre-
os-paises-que-possuem-o-maior-numero-de-mulheres-mortas>
Feminicídio no Brasil; Eloisa Botelho da Silveira Conceição, 2012; Disponível em: <
https://docplayer.com.br/79892716-Feminicidio-no-brasil-1.html>
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Brasil registra mais de 180 estupros por dia, o maior número desde 2009; Gauchazh
Segurança; 2019; Disponível em:
<https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2019/09/brasil-registra-mais-de-180-
estupros-por-dia-o-maior-numero-desde-2009-ck0ehq9wd018q01tejn1u4kmq.html>
<http://reporterunesp.jor.br/2015/08/20/psicologa-explica-relacionamentos-abusivos-o-
que-e-e-como-lidar-com-essa-situacao/>