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Revista de Jovens e

Adultos da Convenção
Batista Fluminense
Ano 16 - n˚ 66 - Edição Especial
Apresentação

O ano de 2020 chegou trazendo Torna-se necessária uma interpre-


muitas alegrias, mas, também está tação sóbria acerca dos aconteci-
sendo marcado pela pandemia de mentos, sem perder o equilíbrio e
Covid-19. Estamos enfrentando um a visão de Reino que nos caracte-
tempo desafiador. rizam como servos de Jesus. Igual-
O céu é a nossa morada defini- mente, é importante procurar os
tiva (Fl 3.20), porém, enquanto pre- caminhos de uma espiritualidade
sentes na temporária habitação saudável, focada em dar respostas
terrena, é nosso dever cristão zelar ao momento atual e produzir uma
pela vida e jamais desistir dela, por- firme esperança no futuro que Deus
que é um presente de Deus. a nós reserva.
Nessa perspectiva, as lições Esperamos que esses estudos
desta edição especial da nossa produzam esses e muitos outros
Palavra e Vida pretendem produzir frutos em sua vida.
clareza e convicção. Em tempos de Que Deus a todos abençoe. Boa
adversidades é essencial manter leitura.
a mente sã e o espírito fortalecido.

Quem escreveu?

Lição 1 – Pr. Elildes Junio Macharete Lição 8 – Pr. Hudson Galdino da Sil-
Fonseca (PIB Cabo Frio) va (SIB Cabo Frio)
Lição 2 – Pr. Dario Francisco de Oli- Lição 9 – Pr. Marcos Lopes (PIB Vilar
veira (PIB Brasilândia) Formoso)
Lição 3 – Pr. Gelson Gonçalves Sar- Lição 10 – Pr. Felipe Pinto Lima (PIB
dinha (IB Mutondo) Peró)
Lição 4 – Pr. Matheus Dutra Rebello Lição 11 – Pr. Thiago Soares da Ro-
(PIB Bairro São João) cha (PIB Itaperuna)
Lição 5 – Pr. Carlos Henrique Soares Lição 12 – Pr. Amilton Ribeiro Var-
(PIB Arraial do Cabo) gas (CBF/PIB Universitária)
Lição 6 – Pr. Washington Roberto Lição 13 – Pr. Vanderlei Batista Ma-
Nascimento (IB Sião) rins (PIB Alcântara)
Lição 7 – Pr. Alexandro Abrantes
Santana (PIB São Pedro da Aldeia)

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Data do estudo Lição 1
Texto base: 1 Coríntios 3.9-19

Igreja
Nunca
Fecha
Por Elildes Junio Macharete Fonseca

Estamos vivendo um tempo desa- tos contrários se agigantam, a em-


fiador, em razão da pandemia de Co- barcação parece que vai ruir, mas,
vid-19. Conversando sobre essa si- está conosco aquele que “até o vento
tuação com o meu avô, Leôncio, ele e mar lhe obedecem” (Mc 4.41). Jesus
disse: “tenho 97 anos de idade, quase se importa conosco, conduzindo-
80 anos de vida cristã; é a primeira -nos à bonança.
vez que vejo fechar as igrejas”, refe- É questão de tempo. Em breve,
rindo-se aos templos. Sem dúvida, tudo voltará à normalidade e estare-
estamos diante de um fato inédito, mos juntos, sem restrições.
que mudou drasticamente a rotina
das igrejas. É claro que essa esperança mo-
tivadora não faz de nós pessoas in-
Templos fechados, cultos on-line, sensíveis, pois lamentamos profun-
atividades suspensas, agendas alte- damente as vidas ceifadas, rogando
radas, enfim, a dinâmica das igrejas a Deus pelas famílias. A solidarie-
foi imperiosamente mudada. Porém, dade fala mais alto, porém não é in-
a igreja de Jesus nunca fechou, por- compatível e não se propõe a abafar
que a igreja somos nós. Patrimônios a euforia dos corações que esperam
vazios e rotinas remodeladas, mas a no Senhor e cujas forças são renova-
igreja continua a mesma, ativa e in- das (Is 40.31).
fluente no mundo.
Por isso, nunca é demais afirmar
As ondas estão agitadas, os ven- que a igreja de Jesus nunca fecha.

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As portas do inferno não prevalecem veja e discórdias (v.3). Havia os que se
contra a igreja (Mt 16.18), muito me- declaravam de Paulo e os de Apolo
nos um vírus. Nada detém a marcha (v.4). Não focaram no fim, se perden-
do povo de Deus, mesmo em qua- do nos meios, pois Paulo e Apolo fo-
rentena. ram apenas instrumentos nas mãos
O apóstolo Paulo, na sua primei- do Senhor (v.5), o único que poderia
ra carta “à igreja de Deus em Corinto” dar crescimento à plantação iniciada
(1Co 1.2), dedicou-se a tratar as cau- por um e regada pelo outro (v.6).
sas da divisão na igreja, enfatizando Paulo os exortou à maturidade,
que o santuário de Deus são as pes- pela consciência de que somos tão
soas e não os prédios (1Co 3.16-17). somente cooperadores de Deus (v.9).
Parece obvio, mas esse entendimen- Ele usa duas imagens: lavoura e edi-
to é fundamental para a saúde dou- fício.
trinária do cristão. A ideia de estabelecer a compa-
ração entre a igreja e uma lavoura
1. Cooperação madura e é riquíssima. Lavoura nos remete a
consciente (v.9) plantação, cultivo e colheita.
A sinceridade de Paulo dá um tom Outra imagem oportuna é com-
enérgico ao início do capítulo: “não parar a igreja a um jardim. Porém,
vos pude falar como a pessoas espi- jardins são mais estáticos, lavouras
rituais, mas como a pessoas carnais” são mais dinâmicas. Um jardim é po-
(v.1). Ele acentua a diferença entre dado para manter uma imagem fixa
aqueles que compreendem as ver- de adorno. Uma lavoura é constante-
dades espirituais e aqueles que não mente cultivada para produzir.
compreendem, pois não conseguem Nós somos lavoura de Deus. Ele,
pensar além da vida terrena e física. como legítimo dono e provedor, se
Não amadurecer na fé é um pro- utiliza dos seus cooperadores (“Pau-
blema para a vida cristã. O leite pre- los” e “Apolos”) na plantação. Há
cisa ser substituído por alimentos só- plantadores e cultivadores, mas só
lidos. Isso faz parte do crescimento. há colheita porque Deus dá o cres-
Por ainda serem carnais, Paulo não cimento.
podia aprofundar seus ensinos (v.2). O crescimento é uma garantia que
Por exemplo, achar que só po- só Deus pode dar. É por isso que po-
demos servir a Deus nos templos é demos fazer a nossa parte e descan-
prova de imaturidade espiritual. Bus- sar nele. Nossa esperança está no
car manter-se fiel somente quando o Senhor.
templo está acessível é enganar-se
a si mesmo. 2. Construção adequada
Pela carnalidade que imperava, a e convicta (v.10-15)
igreja em Corinto estava mergulhada Paulo também usa a imagem de
no partidarismo, afogando-se em in-

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um edifício (v.9) e passa a falar sobre verdade de Deus. Ainda bem que o
construção. Ele fala de si como cons- que salva é o fundamento, Cristo, e
trutor, como um lançador de alicer- não as nossas obras. A salvação é
ces, pois essa era a característica do uma garantia da misericórdia divina
seu ministério. Era um missionário, e não do resultado das mãos dos
um plantador de igrejas, estava sem- construtores.
pre viajando. Estabelecia o alicerce e Os construtores que trabalharem
outro continuava a construção sobre mal, mas que forem fiéis, serão sal-
ele (v.10). vos (v.15), todavia, as suas realizações
O alerta sublimado foi: “cada um não servirão para nada, pois serão
veja como constrói” (v.10). Paulo pre- consumidas pelo fogo.
gou e ensinou sobre Jesus Cristo, o A falta de convicção espiritual é
único fundamento. Nenhum outro prova de imaturidade, diante da qual
poderia ser lançado (v.11). Cristo é o as construções serão de madeira,
fundamento da igreja. A solidez de feno ou palha. Lamentavelmente, há
uma construção está no seu fun- muitos cujas construções, embora
damento. Por isso, o apóstolo Paulo sobre o alicerce correto, não subsis-
foi tão enfático: é em Cristo que se tirão.
constrói. E não se tratar apenas de
construir, mas de construir condig- 3. Habitação protetora e
namente. sagrada (v.16-17)
A forma como se faz a construção É bem verdade que, por nós mes-
é importantíssima, porque “a obra de mos, não temos capacidade para
cada um se manifestará” (v.13). So- uma construção à altura do Evange-
bre o alicerce poderá ser construído lho. Por isso, vale a pena lembrar que
ouro, prata, pedra preciosa, madeira, “temos, porém, esse tesouro em vasos
feno ou palha (v.12). Chegará o dia de barro, para que o poder extraordi-
da avaliação, quando “o fogo testará nário seja de Deus e não nosso” (2Co
a obra de cada um” (v.13). Serão re- 4.7).
compensados aqueles cujas obras
permanecerem (v.14). As obras que Paulo levanta uma questão provo-
se queimarem evidenciarão o pre- cativa: “Não sabeis que sois santuário
juízo dos seus construtores, embora de Deus e que o seu Espírito habita em
salvos (v.15). vós?” (v.16). É como se eles ainda não
tivessem alcançado o entendimento
Paulo não está classificando como da honrosa condição de ser igreja de
construções más, e sim como inade- Cristo, ou seja, ser santuário do Altís-
quadas. Isso nos permite dizer que simo, habitação do Espírito Santo.
podemos apresentar a alguém uma
mensagem parcial do Evangelho, le- Igreja é muito mais do que templo.
vando o ouvinte a um entendimento Igreja é gente habitada pelo Espírito,
inadequado, fraco, insuficiente da por isso, a igreja nunca fecha. Pré-
dios construídos e dedicados para

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a adoração a Deus, por mais lindos Cristo, como Filho, é fiel sobre a casa
e suntuosos que sejam, podem ser de Deus, casa que somos nós, se con-
fechados e até mesmo destruídos. A servarmos firmes até o fim a nossa
igreja, jamais. confiança e a glória da esperança”
A proteção da igreja é o Senhor. (Hb 3.4-6).
Ele é o guarda de Israel (Sl 121). A
presença do fiel Protetor faz do san- Para pensar e agir
tuário algo sagrado (v.17). 1. Não é uma tarefa tão fácil ficar
Esse ensino é recorrente na car- em casa numa quarentena. É doloro-
ta: “Não sabeis que o vosso corpo é so estar impedido de participar dos
santuário do Espírito Santo, que habi- cultos coletivos presenciais e, até
ta em vós, o qual tendes da parte de mesmo, eventualmente, passar em
Deus, e que não sois de vós mesmos?” frente ao templo da igreja e vê-lo fe-
(1Co 6.10). chado em pleno domingo. Mas, e an-
A expressão “não sabeis” é utiliza- tes da pandemia? Dávamos o devido
da dez vezes em 1 Coríntios, sempre valor ao congregar? A nossa postura
para introduzir uma afirmação incon- demonstrava que, de fato, valori-
testável (3.16; 5.6; 6.2, 3, 7, 15, 16, 19; závamos o privilégio da comunhão
9.13, 24). num mesmo espaço físico?
Como Deus ama a sua igreja! Tra- 2. Somos santuário de Deus. Uma
balhar para destruí-la é chamar para vez que igreja é gente, como deve
si a disciplina divina. A Presença pro- ser o relacionamento entre os irmãos
tetora e sagrada age poderosamen- em Cristo?
te, “pois o nosso Deus é fogo que con- 3. Cristo é o alicerce, o fundamen-
some” (Hb 12.29). to. Sobre Ele, devemos erguer cons-
Na segunda carta aos coríntios, truções adequadas. Como estão as
quando o apóstolo Paulo fala sobre obras das nossas mãos?
santidade, ele volta ao assunto: “E
que acordo tem o santuário de Deus
com ídolos? Pois somos santuários do
Deus vivo, como ele disse: habitarei Leitura Diária
neles e entre eles andarei; eu serei o SEG 1 Coríntios 3.1-9
seu Deus e eles serão meu povo” (2Co
6.16). TER 1 Coríntios 3.10-17
O autor aos hebreus também QUA 1 Coríntios 12.12-31
discorre sobre o tema: “Porque toda QUI Efésios 2.19-22
casa é construída por alguém, mas
SEX Hebreus 3.4-6
quem edifica todas as coisas é Deus.
Moisés, como servo, foi fiel em toda a SÁB 1 Pedro 2.9
casa de Deus para testemunho das DOM Mateus 16.18
coisas que seriam anunciadas, mas

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