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Revisão para Prova anual de Filosofia (1º ano)

Santo Agostinho: Memória e felicidade


Para o filósofo, o conhecimento estabelecido na memória dos homens
corresponde à doutrina da iluminação divina, inspirada na teoria platônica da
reminiscência. Para Platão, o conhecimento é um processo de rememoração, pois a alma
humana já contemplou diretamente a realidade no plano das ideias. Em Santo Agostinho,
as verdades eternas são comunicadas por Deus aos homens pela luz eterna da razão,
instalando-se na memória. O filósofo chama isso de Mestre Interior, Cristo, que habita nos
homens.
O conceito de felicidade é reelaborado por Santo Agostinho nos parâmetros de
uma filosofia cristã, no interior da qual a identifica como algo inscrito por Deus na memória
dos homens. É por meio da memória que se revela a profundidade da vida interior dos
homens.
Felicidade é superior ao que se chama ordinariamente de alegria, porque ela
existe somente na verdade divina. Portanto, dentro dessa linha de pensamento, a
felicidade para Agostinho é a alegria verdadeira que é totalmente diferente das alegrias
mundanas e, mais ainda, a felicidade é a alegria dos que, acima de tudo, amam a Deus e
se regulam por suas leis eternas.

Tomás de Aquino – As vias da existência de Deus


1a. via - Primeiro Motor Imóvel - Tudo o que se move é movido por alguém, é
impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos movidos, pois do
contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo há que ter um primeiro motor
que deu início ao movimento existente e que por ninguém foi movido, e um tal ser todos
entendem: é Deus.
2a. via - Causa Primeira ou Causa Eficiente - Decorre da relação "causa-e-
efeito" que se observa nas coisas criadas. É necessário afirmar uma Causa eficiente
Primeira que não tenha sido causada por ninguém. Esta Causa todos chamam Deus.
Assim se explica a causa da existência do Universo.
3a. via - Ser Necessário e Ser Contingente - Todos os seres que existem no
mundo são contingentes, isto é, aparecem, duram um tempo e depois desaparecem. Mas,
nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não existiria, alguma vez
nada teria existido, logo é preciso que haja um Ser Necessário e que fundamente a
existência dos seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum
outro ser.
4a. via - Ser Perfeito e Causa da Perfeição dos demais - Verifica-se que há
graus de perfeição nos seres, uns são mais perfeitos que outros, o universo está
ontologicamente hierarquizado - logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo
de perfeição e que é a Causa da Perfeição dos demais seres.
5a. via - Inteligência Ordenadora - Existe uma ordem admirável no Universo que
é facilmente verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência ordenadora, não se
chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o
universo na forma ordenada.

A Filosofia de Maquiavel
A originalidade da obra de Maquiavel está no prisma sob o qual a política é
investigada, que é o exercício do poder com um fim em si mesmo, promovendo assim a
separação entre duas disciplinas do conhecimento: a filosofia política e a filosofia moral
(ética).
No vocabulário da filosofia política, Estado significa o poder político
institucionalizado e exercido sobre o conjunto da população que vive em um determinado
território, sendo sua característica singular a possibilidade de uso legítimo da força, para
assegurar a obediência às leis estabelecidas e às decisões governamentais. O uso da
palavra com essa conotação difundiu-se a partir do livro “O Príncipe” de Nicolau
Maquiavel.
Para entender a obra de Maquiavel, precisamos conhecer como ele apresenta a
natureza humana. E para ele, os homens são os mesmos em todas as épocas e
sociedades, e serão ainda assim nos tempos futuros. E os homens são, por natureza,
egoístas, caprichosos, dissimulados, ambiciosos, volúveis, ingratos e interesseiros. Sob
esse ponto de vista, é possível afirmar que as relações entre os seres humanos sempre
escondem os interesses individuais, ou sendo mais direto, as amizades existem apenas
pelos interesses egoístas das partes envolvidas.
E diante disso que Maquiavel faz em seu livro a pergunta: “para o governante, é
melhor ser amada do que ser temido ou é preferível ser temido a ser amado?” O mais
certo então para o príncipe é conjugar amor com temor, ou seja, cultivar em seus súditos
o medo e o amor – especialmente o medo, e evitar o ódio e o desprezo, pois ambos são
fontes de rebeliões contra o seu poder.

Hobbes e o Estado soberano


Hobbes faz parte de um grupo de pensadores que pensa a política como uma
teoria chamada de contratualista, ou seja, tais pensadores (Hobbes, John Locke e
Rousseau) concebem a sociedade política como produto de um acordo, um pacto ou
ainda, um contrato entre os homens.
O homem em seu estado natural vive em uma constante guerra contra todos, uma
vez que se conduz em sociedade apenas por paixões, por necessidade, por egoísmo,
desejo de poder, honra e riqueza, em outras palavras, o homem pensa apenas em seu
próprio bem e em sua comodidade. O homem mais forte, beleza e prudência, por
natureza, obteria mais poder, sob a forma de riqueza, reputação e amigos.
Essa natureza do homem faz com que ele seja profundamente antissocial, onde o
seu semelhante sempre será visto como um inimigo, eis a razão da frase hoje bastante
conhecida de Hobbes: “o homem é o lobo do homem”; diante disso a sociedade política é
uma convenção estabelecida pelos homens para tornar a vida possível, superando a
condição natural insuportável de guerra contra todos. Apenas o poder absoluto do Estado
seria capaz de evitar aos homens uma existência miserável e sórdida, inibindo assim sua
natureza exclusivamente egoísta e proporcionando os vínculos sociais.
Portanto, para Hobbes, o homem através do poder absoluto do Estado sairia do
estado natural e passaria para o pacto social para garantir a manutenção da vida.

Locke e as teses do liberalismo


Segundo John Locke, a condição de natureza é definida pela igualdade entre os
seres humanos, sendo que cada indivíduo da espécie dispõe de plena liberdade para
usufruir da vida que recebeu de Deus. Livres e iguais, os homens possuem capacidade
de se conduzir por si mesmos.
Como todos os homens são iguais, não há, portanto, a necessidade de uma
hierarquia natural sobre outra pessoa, os indivíduos são efetivamente senhores de sua
vida.
Observa-se então, que diferentemente de Hobbes, Locke define uma natureza
humana sociável, sendo a família uma de suas expressões.
Importante frisar aqui que o exercício da liberdade natural jamais implica a
anulação da autonomia de outros seres humanos. Em Locke não há a ideia de uma luta
de todos contra todos. O filósofo afirma que os homens não são apenas independentes
para comportarem-se em sintonia com sua vontade, mas também para reconhecerem
idêntico direito em seus semelhantes.
Portanto, quando alguém age de forma inadequada com outro seu semelhante,
está praticando algo que provoque danos a um ser humano, está transgredindo a lei da
natureza que determina a convivência pacífica entre os homens, e o descumprimento
dessa norma natural ameaça os direitos naturais dos seres humanos individuais. Agindo
de forma inadequada, o criminoso efetua declaração de guerra ao conjunto da espécie
humana, e, na condição de natureza, todos os homens têm responsabilidade de se
dedicar à execução da lei natural, dispondo, também do poder de castigar os
transgressores sempre que necessário, aplicando punições proporcionais às infrações
cometidas.
A sociedade política é então concebida como uma forma de poder que representa
os indivíduos e tem como finalidade afastar as inconveniências da situação de natureza,
impor leis positivas que confiram formas jurídicas à lei natural e proteger as propriedades
individuais, fixando medidas racionais de teor preventivo e punitivo contra as violações
dos direitos naturais.
O Estado é definido então, como uma associação de proprietários ou, em outras
palavras, a sociedade política é uma união dos homens com o objetivo de preservar suas
propriedades individuais.

A filosofia de Rousseau
Como Hobbes, Rousseau também concebe o homem natural ao modo de um ser
que se move exclusivamente por um impulso de conservação da vida.
O filósofo faz elogios à vida natural do homem e tece várias críticas à sociedade
civilizada. É à partir de seus comentários que retiramos a expressão “o mito do bom
selvagem”, ou seja, o homem é naturalmente bom, a sociedade o corrompe.
As competições entre os homens, desprovidas de regras que enquadrem suas
ações, impedem a harmonia social e colocam sob risco a situação dos afortunados, que
mal podem usufruir da superioridade de suas riquezas ante os perigos dos levantes tão
comuns à desordem da concorrência civilizada. A procura pela paz, concebida como
fixação da desigualdade e institucionalização do domínio dos poderosos sobre os fracos,
faz com que os ricos promovam a mobilização da sociedade para a formalização de
normas pertinentes à convivência amistosa entre os homens, com a criação de um poder
ao qual todos, indistintamente, devem se submeter: o Estado.
Rousseau, porém, alerta que, sob a aparência de preocupação com o bem
comum, esse pacto social reforça as condições de desigualdade entre os homens e
legaliza a sujeição dos homens uns aos outros, eliminando qualquer vestígio de
humanidade autêntica e conferindo pretensa legitimidade ao homem fora de si da
sociedade civilizada.
Em sua filosofia se localizam dois tipos de contrato social: o primeiro é o pacto
social de fato instituído sob a aparência do bem comum, mas verdadeiramente realizado
na institucionalização do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. O segundo é o
pacto autêntico por ser fundado na natureza e realmente voltado para o bem comum.

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