A Filosofia de Maquiavel
A originalidade da obra de Maquiavel está no prisma sob o qual a política é
investigada, que é o exercício do poder com um fim em si mesmo, promovendo assim a
separação entre duas disciplinas do conhecimento: a filosofia política e a filosofia moral
(ética).
No vocabulário da filosofia política, Estado significa o poder político
institucionalizado e exercido sobre o conjunto da população que vive em um determinado
território, sendo sua característica singular a possibilidade de uso legítimo da força, para
assegurar a obediência às leis estabelecidas e às decisões governamentais. O uso da
palavra com essa conotação difundiu-se a partir do livro “O Príncipe” de Nicolau
Maquiavel.
Para entender a obra de Maquiavel, precisamos conhecer como ele apresenta a
natureza humana. E para ele, os homens são os mesmos em todas as épocas e
sociedades, e serão ainda assim nos tempos futuros. E os homens são, por natureza,
egoístas, caprichosos, dissimulados, ambiciosos, volúveis, ingratos e interesseiros. Sob
esse ponto de vista, é possível afirmar que as relações entre os seres humanos sempre
escondem os interesses individuais, ou sendo mais direto, as amizades existem apenas
pelos interesses egoístas das partes envolvidas.
E diante disso que Maquiavel faz em seu livro a pergunta: “para o governante, é
melhor ser amada do que ser temido ou é preferível ser temido a ser amado?” O mais
certo então para o príncipe é conjugar amor com temor, ou seja, cultivar em seus súditos
o medo e o amor – especialmente o medo, e evitar o ódio e o desprezo, pois ambos são
fontes de rebeliões contra o seu poder.
A filosofia de Rousseau
Como Hobbes, Rousseau também concebe o homem natural ao modo de um ser
que se move exclusivamente por um impulso de conservação da vida.
O filósofo faz elogios à vida natural do homem e tece várias críticas à sociedade
civilizada. É à partir de seus comentários que retiramos a expressão “o mito do bom
selvagem”, ou seja, o homem é naturalmente bom, a sociedade o corrompe.
As competições entre os homens, desprovidas de regras que enquadrem suas
ações, impedem a harmonia social e colocam sob risco a situação dos afortunados, que
mal podem usufruir da superioridade de suas riquezas ante os perigos dos levantes tão
comuns à desordem da concorrência civilizada. A procura pela paz, concebida como
fixação da desigualdade e institucionalização do domínio dos poderosos sobre os fracos,
faz com que os ricos promovam a mobilização da sociedade para a formalização de
normas pertinentes à convivência amistosa entre os homens, com a criação de um poder
ao qual todos, indistintamente, devem se submeter: o Estado.
Rousseau, porém, alerta que, sob a aparência de preocupação com o bem
comum, esse pacto social reforça as condições de desigualdade entre os homens e
legaliza a sujeição dos homens uns aos outros, eliminando qualquer vestígio de
humanidade autêntica e conferindo pretensa legitimidade ao homem fora de si da
sociedade civilizada.
Em sua filosofia se localizam dois tipos de contrato social: o primeiro é o pacto
social de fato instituído sob a aparência do bem comum, mas verdadeiramente realizado
na institucionalização do domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. O segundo é o
pacto autêntico por ser fundado na natureza e realmente voltado para o bem comum.